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CADERNO DIGITADO DE DIREITO PENAL IV - 2022.2
DOCENTE: GAMIL FOPPEL.
DISCENTE: VÍVIANN ROBERTA.
Indicações de leitura
● A Teoria dos Jogos Aplicada ao Processo Penal - Alexandre Moraes da Rosa.
● Luigi Ferrajoli.
● Juarez Cirino dos Santos.
UNIDADE I
O QUE ESTUDA O DIREITO PENAL IV?
● É o estudo dos crimes em espécie. São crimes listado, categorizados e tipificados
pelo ordenamento jurídico.
Relembrando:
1. Bem jurídico
● O bem jurídico é imaterial, incorpóreo e intangível. O objeto é a exteriorização
material do bem jurídico.
● O bem jurídico pode fixar COMPETÊNCIA (estadual e federal) do crime.
● O bem jurídico determina o que pode ser CONSENTIDO. Não deve ser consentido
um bem intangível, como à vida.
● O bem jurídico também repercute para o princípio da insignificância.
● O código é organizado com base no bem jurídico. É por isso que o primeiro bem
tutelado por ele é a vida.
QUESTÃO: O bem jurídico, também, vai ser fundamental para diferenciar um
crime do outro!
Ex.: Aqui, o professor usou o exemplo da falsificação de moeda. Imaginemos que
uma pessoa falsifique uma cédula e essa falsificação tem grande probabilidade de
enganar muitas pessoas, o crime, nesse caso é o de falsificação de moeda (A
falsificação, para caracterizar o delito de moeda falsa, deve ter capacidade de
enganar um número indeterminado de pessoas. Imaginemos agora, que a
falsificação da moeda seja um tanto quanto grosseira e só consiga enganar uma
pessoa específica, sendo assim o crime é de estelionato contra o patrimônio da
pessoa.
2. Tipicidade
● Objetivo: é saber o alcance de cada palavra do crime. Ex.: para os penalistas,
domicílio é qualquer compartimento habitado que não seja de ocupação coletiva à
quarto de motel.
● Subjetivo: É a análise de dolo ou culpa
OBS: O crime culposo é uma exceção que deve respeito a legalidade, ou seja, deve
haver previsão legal explicita.
● Dolo específico: intenção de agir para uma finalidade especifica.
● Dolo genérico: Cobra-se a vontade de agir.
OBS: Não se define um crime somente pelo seu resultado, um homicídio doloso e
ou culposo tem o mesmo resultado. O elemento que diferencia é a vontade de
fazê-lo.
3. Sujeitos
● Ativo: É o que pode cometer um crime.
● Ex.: o homicídio do art. 121 do código pode ser praticado por qualquer pessoa, mas
não pode ser sofrido por qualquer pessoa. Se o presidente da república for
assassinado ele não sofre com o 121 e sim com o crime da lei 7.170/83.
4. Consumação e Tentativa
● Se o crime admite tentativa, ele admite arrependimento eficaz e desistência
voluntária.
● Para consumação: morte, por exemplo, só quando há morte cerebral.
5. Classificação doutrinária (classificação vista em direito penal I)
● É importante para os reflexos práticos. Crime material deixa vestígio, resultado,
faz-se prova dele através de perícia. É a repercussão prática desta classificação que
precisa ser observada. Se um crime é de conduta vinculada, ele só pode ser
praticado da forma que a lei prevê.
6. Notas de confronto
● É saber diferenciar um crime do outro. São o diagnóstico do crime.
7. Questões especiais
● São os aspectos mais importantes de cada assunto. Saber se há súmula, se há
conflito aparente de normas, se há algum projeto de lei a respeito daquilo, julgados
importantes, etc.
● Ex.: quando a gente falar sobre aborto, trataremos sobre aborto de fetos anencéfalos,
pois é uma questão especial. Na vida prática os questionamentos são sempre sobre
questões especiais ou notas de confronto.
HOMICÍDIO
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
● Bem jurídico: vida → indisponível (não comporta consentimento).
● A vida é considerada indisponível, apesar de não ser exatamente um bem jurídico
absoluto (previsão da CF de pena de morte para casos de crimes praticados por
militares em tempos de guerra).
● A lesão deve ser extrauterina (se for intrauterina é aborto).
● Eutanásia pode ser homicídio qualificado por motivo torpe. Ex.: desligar os
equipamentos de alguém porque vai receber sua herança.
● No homicídio se protege a vida, mas há uma proteção delimitada por marcos
temporais. A proteção começa a partir do nascimento com vida (no início do parto).
Isto porque antes do inicio do parto trata-se de abortamento. A proteção vai até a
ocorrência de morte cerebral (expede-se a certidão de óbito, no Brasil).
OBS.: A Constituição Federal prevê que compete ao Tribunal do Júri julgar os
crimes dolosos contra a vida e os crimes a ele conexo. O crime culposo não vai a
júri.
● Demonstra o dolo (matar alguém). Alguém – pessoa certa e determinada, qualquer
pessoa.
● Vítima: qualquer pessoa, exceto (art. 15 – Lei 7.170/83) Presidente da República, do
Senado Federal, da Câmara e do STF.
● O homicídio do é um crime doloso marcado pelo animus necandi, a intenção de
matar é um crime material (conduta separada de resultado e este é naturalístico),
portanto faz-se perícia (que pode ser inclusive a perícia indireta – laudo pericial
indireto – este ocorre quando o corpo perece), de ação livre (de qualquer forma,
entretanto a depender do meio pode incidir uma qualificadora), plurisubsistente
(execução fracionável, admite tentativa, desistência voluntária e arrependimento
eficaz), crime unissubjetivo (pode ser praticado por uma única pessoa), instantâneo
com efeitos permanentes.
OBS.: O homicídio do caput é chamado homicídio simples, ele não é hediondo. Há
apenas uma hipótese de o crime simples ser tratado como hediondo, quando for
praticado como atividade de grupo de extermínio.
OBS.: Homicídio ≠ Genocídio (intenção do agente) – dolo específico, ou seja, deve
haver a intenção de matar (extinguir) um determinado grupo, raça, classe de pessoas.
OBS.: Crimes hediondos (Lei 8.072/1990) - A expressão crime hediondo classifica,
segundo a CF, crimes que não cabem anistia, graça e indulto.
Caso de diminuição de pena
§1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
● Homicídio "privilegiado" ou minorado - fundamento é o motivo.
● Relevante interesse social: um crime que a sociedade clama que seja feito ou que
não reprovaria quem o fizesse. Ex.: Matar um tirano.
● Relevante interesse moral: um crime de interesse particular que a sociedade pouco
reprovaria. Ex.: vingança por estupro.
● O privilégio pode se dar porque o sujeito agiu sob o domínio de violenta emoção,
logo após injusta provocação da vítima. Diferentemente, se ele age depois de injusta
agressão trata-se de legítima defesa.
OBS.: “Logo após” é o tempo mínimo para reagir sem interrupções.
● É imperativo diferenciar domínio de violenta emoção de influência. A diferença é
de grau. O domínio quase que retira o grau de discernimento, influência é uma
orientação.
Homicídio qualificado
● Este é crime hediondo desde o dia 6 de setembro de 1994.
● Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
● I e II - Qualificadoras por motivo.
● III e IV - Qualificadoras por meios de execução.
● V - Qualificadora por conexão.
● NÃO EXISTE homicídio duplamente qualificado (pode se cobrar na denúncia mais
de uma qualificadora, porém, não na sentença de mérito).
● No momento do oferecimento da denúncia, caso seja promotor, você deve colocar
todas as qualificadoras porque cada uma delas é objeto de um quesito para os
jurados. Então, pelo princípio da eventualidade, faz-se necessária a descrição de
todas as qualificadoras quando da denúncia. Na fase de pronúncia também é
necessário que sejam colocadas todas as qualificadoras. No momento posterior à
quesitação, após o acolhimento de uma qualificadora, as outras urnas nem são
abertas (das outras qualificadoras). Nada impede que as demais circunstâncias
sejam aplicadas como causas de aumento ou agravantes.
● Pode se ter homicídio privilegiado e qualificado? Sim, desde que seja objetivo, ou
seja, a qualificadora não tenhacomo fundamento motivo.
OBS.: No júri, o quesito sobre o privilégio antecede o quesito da qualificadora. Se
acolherem o privilégio você só quesita as qualificadoras que não são de motivo.
● Homicídio qualificado e privilegiado juntos são crime hediondo? Não. Razões: não
cabimento da interpretação in malam partem, vez que a lei de crimes hediondos não
fala de homicídio privilegiado qualificado. O direito penal segue a regra da
legalidade estrita, a partir da taxatividade. Por fim, os motivos são tidos como
preponderantes, então, no concurso, seguindo o art. 67, o privilégio deveria
prevalecer.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
● Homicídio mercenário se aloca ao executor somente e não ao mandante. De
acordo com o entendimento dominante, essa qualificadora só vale para o executor
material (mediante paga ou promessa de recompensa). Isto porque, o mandante
pode até ter um motivo nobre. Vingança não é necessariamente um motivo torpe.
● Torpe é motivo repugnante, asqueroso, atrelado ao ódio.
OBS.: Não se confunde analogia (existe uma lacuna e não pode tapar o buraco com lei
parecida) e interpretação extensiva (faz uma gradação e de acordo com a doutrina faz
uma “norma de fechamento" - pois o Código coloca termos indeterminados, em respeito
ao princípio da fragmentariedade).
Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação da analogia para suprir lacunas, de
modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in malam partem), sob pena
de violação ao princípio constitucional da estrita legalidade. (STF, HC 97261, j.
12/04/2011). A analogia in malam partem é admitida no DIREITO PROCESSUAL
PENAL. Pois, a lei aplicada ao caso omisso é prejudicial ao réu.
II - por motivo fútil;
● Fútil é motivo de somenos e nonada, ou seja, pequeno, vil e mesquinho. Atrelado a
mesquinharia. Obs.: Pouca importa o momento da execução.
● Ex.: Mata-se candidato que está a sua frente na classificação de concurso.
● A aparente ausência de motivo não é motivo fútil. Normas penais incriminadoras
seguem o princípio da taxatividade e não há, dentre as qualificadoras a “ausência de
motivo”.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
● Veneno é analisado subjetivamente. Ex.: Açúcar é veneno para diabético. Ex.: para
uma pessoa que tem alergia a AAS, este é um veneno
● PORÉM, é preciso que seja dado às escondidas, ou seja, sem conhecimento da
vítima.
● A tortura qualificada pelo homicídio é um crime preterdoloso, ou seja, há dolo no
antecedente, e culpa no consequente. Tortura qualificada por homicídio (intenção é
torturar) X Homicídio qualificado por tortura (intenção é matar). Sendo analisado
objetivamente.
● Insidioso (fraudulento).
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
● Traição é a quebra do ato de dever de confiança, em que no Direito Penal, esse
dever se comprova e não se presume. Ex.: Empregada responsável por realizar
comida e coloca veneno para matar os chefes é traição.
● Emboscada é crime arquitetado e planejado. Ex.: Tiro pelas costas é crime
arquitetado, porém tiro nas costas não é, pois, pode ter resultado devido a uma
briga.
● Na dissimulação o agente esconde a sua real vontade, o seu real intento. Há um
ardil, um artificio, uma ilusão. Não basta para isso que o autor do fato seja
dissimulado, vez que se trata de direito penal do fato e não do autor.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
● O homicídio ainda é qualificado quando há conexão, ou seja, quando um crime está
ligado a outro. Há dois tipos de conexão: a teleológica e a conexão consequencial. A
1ª se dá quando o homicídio é praticado para praticar um outro crime, a finalidade é
o outro crime. Já na 2ª, o homicídio é praticado para assegurar crime já praticado.
● Caso haja desistência voluntária ou arrependimento eficaz você pode afastar a
qualificadora com base no art. 15.
● Nesta qualificadora os crimes conexos não precisam ser praticados pelo próprio
autor do homicídio.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino;
§ 2º Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher
● Feminicídio pode ser em contexto de violência doméstica e familiar, se houver
desprezo ou discriminação por ser mulher (não é biológico).
● Feminicídio é quando a mulher morre por ser mulher. Se uma mulher morre no
curso normal de um homicídio não é feminicídio e sim femicídio.
● Entre os penalistas prevalece o entendimento de que mulher é um elemento objetivo
do tipo e, portanto, invariável. Ou seja, mulher é quem nasce mulher. Trata-se aqui
de um tipo penal incriminador e por isso ele tem que ser interpretado de forma
taxativa, restritiva. Com base nesse entendimento, mulher que faz cirurgia para virar
homem continua sendo protegida.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
● Homicídio contra agente de segurança é chamado de homicídio funcional, portanto
essa qualificadora só incide se o sujeito for morto em razão da sua função. Ex.: Se
um sujeito mata outro ignorando que este é policial, não incide a qualificadora há
erro de tipo na qualificadora. Tanto é funcional que ela protege também a família do
policial. A qualificadora não é intuito personae, é pelo motivo.
● Só haverá esse homicídio funcional se o homicídio se der em razão das funções.
Ex.: se um sujeito mata um policial porque ele estava pegando a mulher dele não
incide a qualificadora. Também se protege nessa qualificadora, os cônjuges,
companheiros ou parentes consanguíneos de até 3º grau se a morte se deveu em
razão das funções.
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido; VETADO
● O conceito de armas está previsto no Estatuto do Desarmamento.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
● É uma exceção que deve respeito ao princípio da legalidade estrita, ou seja, tem que
estar previsto em lei.
● Exs.: Crimes contra meio ambiente pode ser culposo (menino que caí em planta
ornamental). Lesão corporal seguida de morte (crime preterdoloso - não cabe
tentativa, com a mesma definição do crime culposo).
AUMENTO DE PENA, INDUZIMENTO A SUÍCIDIO E INFANTICÍDIO.
IMPORTANTE
● OBS.: São 4 os crimes dolosos contra a vida: homicídio, induzimento ao suicídio,
infanticídio e aborto.
Aumento de pena
§4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço)
se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.
● Quando tiver uma fração é aumento de pena e tem que estar previsto em lei.
● No homicídio doloso:
o A pena será aumentada se tiver menos de 14 anos ou mais de 60 anos.
o Uma pessoa que mata um homem e não sabe que ele tem mais de 60 anos
pode ter aumento de pena? Não, porque é configurado como erro de tipo.
o Erro de tipo na causa de aumento de pena – a pessoa não sabe o que está
fazendo.
o Erro de proibição – ele sabe o que está fazendo, mas não sabe que é errado.
Sendo diferente de desconhecimento de norma (desconhecimento técnico),
contudo, nos bens jurídicos consolidados funciona a esfera o profano do
injusto (noção de certo e errado– exemplo bater é errado) e nos bens
jurídicos mais novos só se conhece a proibição se conhecer a norma (logo
erro de proibição deriva do desconhecimento da norma – CD pirata e insider
trading).
● No homicídio culposo:
o No caso do homicídio culposo a pena vai ser aumentada se o agente não
busca minimizar as consequências do seu ato. Ex.: foge sem prestar socorro.
O socorro não precisa necessariamente ser praticado pessoalmente por quem
causou o dano. Ex.: você está indo em direção da pessoa socorrê-la, chega
alguém antes que diz que vai cuidar porque é medica, se você sai e deixa ela
cuidando não incide o aumento de pena.
o Ademais, o aumento de pena só incide se for possível prestar socorro e sem
risco ao autor. Ex.: a pessoa morreu instantaneamente, então não há
aumento.
§5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária.
● Perdão judicial para homicídio culposo é sempre que a lei autoriza.
● Cabe perdão judicial sempre que a lei autorizar. A sentença que aplica perdão
judicial é declaratória pra o STJ (súmula 18) e condenatória para o STF. A sentença
do perdão judicial não cabe para efeito de reincidência (art. 120 CP).
§ 6º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
§7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III
do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe
auxílio material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
● Tentativa de suicídio não é crime porque o Código não pune autolesão.
● O termo “Alguém” é pessoa certa e determinada. Que crime comete aquele que
escreve uma musica enaltecendo o suicídio? Crime algum.
● Este alguém precisa ter discernimento, porque se não tiver trata-se de homicídio.
● A vítima tem que ter capacidade de discernimento. Ex.: Criança pergunta se a roupa
do superman funciona e adulto diz que sim, criança se joga da janela, é homicídio.
● O crime é de ação livre, doloso. Induzir é dar a ideia, sugerir. Instigar é reforçar.
Auxiliar é uma conduta material, é quem dá o instrumento para o crime.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima, nos termos dos § 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
● Para esse crime não se aplica o art. 14, CP (crime de tentativa).
● OBS.: este crime só existe se houver ao menos lesão corporal de natureza grave.
Ex.: uma pessoa quer se matar e tem pessoas mandando ela pular do prédio, se ela
desistir não há aplicação do 122.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
● “Menor” é entre 14-18 anos.
● A pena vai ser aumentada se o crime for praticado por motivo egoístico. Ex.:
estimular alguém ao suicídio para receber a herança e ainda vai ser aumentada se a
vítima for menor de 18 e acima de 14. Abaixo dos 14 anos é homicídio.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de
computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
● O jogo “baleia azul” induzia alguéns certos e determinados.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede
virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza
gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo
crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze)
anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de
homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
● É uma modalidade de homicídio privilegiada. O fundamento do privilégio é a
existência de estado puerperal. Delito exceptum (crime de exceção).
● Sendo um tipo especial de homicídio que se difere do art. 121 devido ao princípio
da especialidade.
● O “parto” começa na dilatação no parto normal e no início da cirurgia no parto
cesáreo para a medicina legal e o “logo após” seria até quando durar o estado
puerperal (2 horas a 2 semanas – medicina legal).
● Psicose puerperal X estado puerperal. Não confundir estado puerperal com psicose
puerperal. Na psicose puerperal a culpabilidade fica afastada em razão de uma
doença psiquiátrica, há apenas medida de segurança.
● Se houver erro sobre a pessoa, a pessoa assume o caráter da vítima pretendida. Ex.:
Mulher mata bebê errado achando que era seu filho.
● CONCURSO DE PESSOAS EM INFANTICÍDIO:
o Estado puerperal é um elementar (elemento que estrutura o tipo; sem ela, o
tipo é descaracterizado) e de acordo com o art. 30 (supra) se comunicam –
vale mesmo para quem não tem – e por isso quem comete esse delito em
participação ou coautoria com a gestante também responde por infanticídio.
Apesar de não ser justo, o estado puerperal se comunica com o
codelinquente. Para que isso não ocorresse o legislador deveria ter feito o
infanticídio como uma causa de diminuição de pena do homicídio. O estado
puerperal passaria a ser uma circunstância pessoal e não um elementar.
o Nelson Hungria chegou a dizer que o estado puerperal era um elementar
personalíssima que não é tratada no artigo 30.
o Caso 1: a mãe e o terceiro juntos matam → infanticídio para os dois
(coautores) (teoria monista do concurso de pessoas – art. 29).
Caso 2: a mãe mata e o terceiro auxilia → o 3º é partícipe de infanticídio,
art. 29, acessoriedade da participação e comunicabilidade dos elementares.
Caso 3: o terceiro mata e a mãe auxilia → o terceiro responde por
homicídio, isso é inquestionável. Não se pode comunicar a elementar do
partícipe para o autor. Respeitando a comunicabilidade dos elementares, a
teoria monista e outra coisa → ela é partícipe de homicídio. Para Cézar
Roberto Bittencourt ela é partícipe de homicídio mas deve ser reconhecida
para ela a regra do desvio subjetivo de condutas – acorda praticar o crime
menos grave, então ele responde por este.
ABORTO
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
● No abortamento protege-se a vida viável.
● Gravidez viável é toda aquela em que, sem riscos para a gestante, vai ser
desenvolvida uma criança com sobrevida. É por isso que não há crime na chamada
gravidez tubária (quando o embrião se implanta na trompa) e na chamada gravidez
molar (há uma divisão anormal das células, não há a formação de uma criança).
Estes dois casos podem gerar a morte da mulher se a gravidez não for interrompida.
3 modalidadesdolosos (consciência e vontade) / não existe aborto culposo.
● A expectativa de vida é considerada um bem jurídico autônomo e que não é
disponível pela gestante.
● A proteção ao abortamento começa a partir da nidação.
● A proteção deste crime vai até o início do parto, porque uma vez o parto iniciado há
infanticídio ou homicídio.
● O aborto tem 3 modalidades, todas elas dolosas. Não existe aborto culposo, sendo
assim, precisa haver consciência e vontade.
● Aborto é caracterizado por uma lesão intrauterina, ou seja, haverá crime de
abortamento consumado desde que a lesão seja intrauterina porque se considera
praticado um crime ao tempo da conduta e não do resultado. Ex.: imagine que uma
mulher está grávida do 8o mês, você dá um chute para matar o bebê, o bebê morre
na sequência, já fora do corpo da mãe é abortamento.
● Aborto é crime material, plurisubsistente, ou seja, admite tentativa, é crime
instantâneo e de ação livre.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
● Autoaborto – art. 124
o Pena menor que o aborto consentido – não comporta coautoria.
● Aborto consentido – art. 124 c/c art. 126
o Consentimento válida → Agente capaz.
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
● A 3º modalidade de aborto, que é o aborto sem o consentimento e neste a pena é
muito maior porque não é só crime contra a expectativa de vida, mas também contra
a liberdade da gestante.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se,
em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
sobrevém a morte.
● Art. 127 – Aumento de pena de abortamento
o Se houver morte da gestante ou se houver lesão corporal grave da gestante.
A diferença se dá na intenção.
OBS.: O art. 127 é preterdoloso (dolo + culpa). Não há aumento de pena se
da tentativa de abortamento resultar má formação do feto.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal.
● O art. 128 cuida das hipóteses de aborto chamada terapêutico ou medicinal e ainda
do aborto humanitário ou piedoso.
● No aborto terapêutico a gestação é interrompida porque não há outra forma de
salvar a vida da gestante. É uma hipótese evidente de conflito de deveres e por
motivos óbvios não é necessária a concordância da gestante (nem de 3º) até porque
o médico é garantidor.
UNIDADE II
LESÃO CORPORAL
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
● Na lesão corporal o legislador protege a integridade física. Integridade física é um
conceito amplo que engloba, inclusive, a integridade psíquica.
● Para diferencias as qualificadoras é preciso compreender o desvalor do
resultado, existindo uma relação de subsidiariedade (se não é grave ou gravíssima é
leve).
● Caput - lesões leves.
● §1º - lesões graves.
● §2º - lesões gravíssimas.
● Este crime é marcado pelo animus laedendi, a intenção de lesar. OU seja, a
finalidade do crime de lesão corporal é lesionar.
● Há graus de lesão corporal: leve, grave, gravíssima e seguida de morte e
ordinariamente é um crime doloso, mas excepcionalmente existe lesão corporal
culposa.
● As lesões esportivas (lesão inerente ao esporte), as lesões cirúrgicas (inerentes à
atividade médica) e dos pais em relação aos filhos com a intenção de corrigir e
moderadamente não são criminosas.
● Lesão dos pais em relação aos filhos: Se houver a pretexto de corrigir e houver
excesso é crime de maus tratos. Se a intenção do agente for causa sofrimento
psíquico e físico é Tortura.
OBS.: A lesão corporal difere da contravenção de vias de fato porque a lesão corporal
deixa vestígios. Vias de fato são contatos corporais que não deixam vestígios.
Lesão Corporal por médico para resguardar vida (teses de defesa)
● Atipicidade, de acordo com a Teoria da Tipicidade Conglobante (Zaffaroni) - A
tipicidade conglobante é a antinormatividade aliada à tipicidade material. A
tipicidade material significa que não basta que a conduta do agente se amolde ao
tipo legal. Essa teoria basicamente entende que não se pode considerar como típica
uma conduta que é fomentada ou tolerada pelo próprio Estado, ou seja, tem que a
conduta ser contrária ao ordenamento jurídico em geral (conglobado) e não apenas
ao ordenamento penal.
● Teoria da Imputação Objetiva - filtro para relação de causalidade para evitar um
regresso ao infinito (art. 13). Esta teoria determina que não há imputação objetiva
quando o risco criado é permitido, devendo o agente responder penalmente apenas
se ele criou ou incrementou um risco proibido relevante.
● Teoria dos Elementos negativos do tipo - Para esta teoria, o tipo penal é composto
de elementos positivos (expressos) aos quais se somam elementos negativos
(implícitos), quais sejam, causas excludentes de ilicitude. Para que o
comportamento do agente seja típico não basta realizar os elementos positivos
expressos no tipo, mas não pode configurar qualquer dos elementos negativos. O
crime de Lesão Corporal deverá ser lido: “Ofender a integridade corporal ou a saúde
de outrem (elemento positivo expresso), desde que não esteja presente uma
excludente de ilicitude (elemento negativo implícito)”.
● Exclusão de ilicitude:
o Estado de necessidade de terceiro.
o Exercício regular de um direito.
o Estrito cumprimento de um dever legal.
● Inexigibilidade de conduta adversa - exclui a culpabilidade. Quando não se pode
exigir do agente, em determinadas circunstâncias e com base nos padrões sociais
vigentes, diferente ação ou omissão.
Lesões médicas
● Intervenção médico-cirúrgica - Quando for consentida, exclui a ilicitude pelo
exercício regular de direito. Ausente o consentimento, poderá caracterizar-se o
estado de necessidade em favor de terceiro (CP, art. 146, § 3º, I). É possível
sustentar que a intervenção médico-cirúrgica consentida configura fato atípico por
influência da teoria da imputação objetiva.
● Transplante de órgãos - De acordo com a doutrina, constitui exercício regular de
direito a intervenção cirúrgica realizada em razão da disposição gratuita de órgãos,
tecidos ou partes do corpo vivo de pessoa “juridicamente capaz” animada por
finalidade de viabilizar em favor de outrem a realização de transplantes ou de
terapia (art. 9º da Lei n. 9.434/97 – trata sobre transplante de órgão). Por outro lado,
o fato também é atípico, visto que adequado, lícito e normal, em face do novo
ordenamento.
Lesões esportivas
● Todas as lesões ocorridas dentro do esporte e de acordo com as regras desse esporte
derivam de riscos permitidos (mesmo no boxe, morrendo um dos boxeadores, não
há que se falar em delito). O boxeador que mata o adversário com um golpe mortal,
produz danos (danifica a vida alheia). Mas esses danos não se transformam em lesão
jurídica, justamente porque foram produzidos num contexto de risco permitido. Se o
ataque foi produzido fora das regras do esporte, o agente cria risco proibido e
responde por ele.
● Tradicionalmente, configura fato típico, mas não ilícito. A ilicitude é excluída pela
descriminante do exercício regular de direito. Fernando Capez entende que o fato é
atípico, pelo fato da teoria da imputação objetiva.
● Decerto:
I. se a agressão foi cometida dentro dos limites do esporte ou de seus desdobramentos
previsíveis;
II. se o participante consentiu validamente na sua prática;
III. se a atividade não for contrária à ordem pública, à moral, aos postulados éticos que
derivam do senso comum das pessoas normais, nem aos bons costumes, não haverácrime.
Lesão corporal leve
129, caput – é uma ação penal pública condicionada a representação (ou seja, não tem
rigores formais, não precisa ser um advogado; ao contrário da “queixa” que necessita um
processo penal formado por sérios rigores formais que exige procuração com poderes
especiais). A jurisprudência é pacífica no sentido de que o comparecimento na delegacia e
pede providência já é representação.
● Isso foi decidido pela LEI 9.099/95 (Lei dos Juizados) em que a transformou em
ação pública condicionada.
● Contudo, a Lei 11.340/06 declara que para casos de Violência doméstica contra a
mulher se torna uma ação pública incondicionada (ou seja, a mulher somente retrata
a denúncia perante juízo, se o crime permitir isso), pois para esses casos não se
aplica a LEI DOS JUIZADOS.
● O crime do caput é de menor potencial ofensivo e por isso vai para os juizados
especiais criminais.
o Assim, vão para os juizados especiais criminais (de acordo com a LEI
9.099/95) os crimes que tem pena máxima até 2 anos. Porém, isso não se
aplica nos casos de Violência doméstica.
o Na lei 9.099/95, trouxe a figura da suspensão condicional do processo em
que a pena mínima não pode ser superior a 1 ano, ou seja, se aplica a todos
os crimes, não só de menor potencial ofensivo. Entretanto, como não se
aplica a lei 9.099/95 nos casos de Maria da Penha, logo não se admite a
suspensão condicional do processo
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
● A lesão corporal grave é aquela da qual resulta a incapacidade para as ocupações
habituais por mais de trinta dias.
Nesta qualificadora, haverá dois laudos periciais:
1. O primeiro para provar a lesão;
2. Segundo (que é chamado de laudo complementar) é para provar que a
pessoa não pode retornar às suas atividades.
● Outra lesão corporal grave é se houver perigo de vida - este perigo precisa ser
comprovado.
● Existe outra qualificadora, que ocorre quando há debilidade permanente de membro,
sentido ou função. Esta lesão não se confunde com a lesão gravíssima pela perda ou
inutilização de membro, sentido ou função. Devido que debilidade é uma redução
da capacidade funcional. Quer dizer, continua funcionando, mas funciona mal.
Perda é o destacamento corporal.
Ex.: A perda de um olho reduz sua capacidade visual, porém não inutiliza a mesma
já que tem outro olho.
Lesão Gravíssima
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
● Existe uma lesão gravíssima se o sujeito fica incapacitado permanentemente para o
trabalho.
● Se torna inutilização quando esse fica imprestável ou seja não serve para mais nada.
● A deformidade não precisa ser necessariamente aparente. Sendo que a qualificadora
vai existir mesmo que a deformidade possa ser camuflada, escondida ou até mesmo
disfarçada. Assim, é aquela que não tem como ser reintegrada sem intervenções
cirúrgicas.
● Enfermidade incurável – deve ser avaliada pelo atual estágio da ciência - Tempus
regit actum (os atos jurídicos se regem pela lei da época em que ocorreram).
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado,
nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
● No parágrafo 3º foi prevista uma lesão corporal seguida de morte, que é um tipo
preterdoloso por excelência. Lembrar que o importante é verificar a intenção do
agente.
Diminuição de pena – Lesão corporal privilegiada
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
● No parágrafo 4º existe uma diminuição de pena idêntica ao parágrafo primeiro do
homicídio.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
● No parágrafo 5º existe uma hipótese especial de fixação de penas alternativas, que
somente será cabível quando a lesão corporal for leve.
● Cabe a aplicação da multa tanto na lesão corporal privilegiada quanto na lesão
recíproca.
Lesão Corporal culposa §6º
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
 Pena - detenção, de dois meses a um ano.
● Não há gradação de leve, grave e gravíssima na lesão corporal culposa.
● Só existe crime culposo quando estar previsto na lei.
Violência Doméstica
 § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
 Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
 § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as
indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
 § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime
for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é
aumentada de um a dois terços. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
● Primeiro, é preciso compreender que a lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) alterou o
Código de Processo Penal e a Lei dos Juizados Especiais com alterações
relacionadas ao gênero, ou seja, a vítima é mulher. Porém, em relação ao Código
Penal ela alterou o art. 129, §9º a 11 a violência doméstica, em que se aplica à
homem também.
● Lesão corporal é a mesma para homem ou mulher. Contudo, relembrando que no
caso da mulher como vítima esta só poderá retratar em juízo sua denúncia.
● Não vai para os juizados especiais os casos de violência doméstica contra homem
devido a pena máxima ser de 3 anos. E para os casos da mulher NÃO se aplica da
Lei dos Juizados.
● Lembrando que para a Lei 11.340/06 o importante é a vítima ser mulher sendo
independente o gênero do infrator. *Mulher trans está sendo abarcado?
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino,
nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). 
● §13º - Tutela de Gênero, em que não precisa se ter vínculo afetivo, ou seja, não
precisa ter a circunstância da violência doméstica, diferente do feminicídio que
incide nas duas circunstâncias: condição de mulher ou convívio doméstico.
O susci do art. 77 do Código Penal (suspensão condicional da pena) foi a única
coisa referente à afastar a tipicidade e a pena que a Lei Maria da Penha não retirou
dos casos de violência contra a mulher, pois afastou princípio da insignificância,
penas alternativas, retirar a representação etc.
CRIMES CONTRA A HONRA
Honra objetiva – diz respeito ao juízo que uma pessoa tem de uma outra. Está relacionada a
fatos, portanto se relaciona a com o crime de calúnia e difamação.
Honra subjetiva – juízo que se faz de si próprio. Se relacionacom predicativos, com
qualidades, portanto se relaciona com o crime de injúria.
NÃO VAI HAVER CRIME SE TIVER:
1. Animus narrandi – a intenção é narrar fatos sem fazer juízo de valor.
2. Animus jocandi – a intenção é de brincar.
3. Animus retorquendi – intenção é retrucar uma ofensa.
4. Animus corrigendi – a intenção é corrigir.
Em qualquer hipótese, não pode haver excessos.
Se o crime contra honra for praticado com finalidade eleitoral este será regido pelo Código
Eleitoral e não o Penal.
Calúnia
 Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
 § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propaga ou divulga.
 § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
● É um a imputação FALSA feita a ALGUEM de um CRIME. Ex.: Dizer que João
roubou a carteira (sendo que ele não roubou).
● Qualquer outro fato que não seja criminoso é difamação.
OBS.: Precisa ser de um fato determinado, mas não precisa de rigor de detalhes.
● Menor pode ser vítima de calúnia desde que esse possa ter praticado o crime
(lembrando que ato infracional é considerado crime).
● Pessoa jurídica pode sofrer calúnia somente em relação a crimes ambientais.
● Criminoso pode sofrer calúnia em relação a outro crime que não seja ao qual
está condenado.
OBS.: Na calúnia a EXCEÇÃO DA VERDADE é a regra, ou seja, tem que o fato ser
falso. Só não cabe exceção da verdade quando a lei proibir expressamente.
● Denunciação caluniosa – provoca-se o Poder Público de que uma pessoa
cometeu determinado crime, sabendo que ela não cometeu. Ex.: Estupro de
vulnerável cometido por padrasto, mas foi dito pela mãe da menor, que sabia
quem era o real criminoso, que tinha sido o pai biológico da criança.
Exceção da verdade calúnia
 § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
 I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
 II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
 III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
● Exceção de verdade é ação que permite ao acusado por crime de calúnia ou
difamação provar o fato atribuído à pessoa que se julga ofendida. Ex.: Provar que
João roubou mesmo a carteira (calúnia).
● A lei proíbe exceção da verdade em 3 hipóteses:
i. Se o fato é atribuído a chefe de governo estrangeiro ou presidente da
República;
ii. Se o crime atribuído for de ação penal pública e o sujeito já foi absolvido
iii. Se o crime atribuído for de ação penal privada (promovida por vítima ou
seus representantes legais), há menos que o sujeito tenha sido condenado.
Difamação
 Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
● Na difamação não se exige que a imputação seja falsa, a exceção da verdade é
excepcional em apenas no caso descrito abaixo.
Exceção da verdade difamação
 Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
● A vítima é funcionário público no exercício de suas funções. Ex.: Delegado é
chamado de bêbado enquanto trabalha, é preciso provar que o mesmo se encontra
neste estado.
Injúria
 Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro:
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
 § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
 I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
 II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
● Esta imputação precisa ser sobre QUALIDADE. Ex.: João é o diabo.
● Não tem exceção da verdade, porque você não cabe provar que João é o diabo,
burro, etc.
§2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo
meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à
violência.
● Injúria Real – praticada através de contato físico. Ex.: Cuspir na cara X Lesão
Corporal Leve (aqui a intenção é lesionar, na outra é ofender a honra).
Absorve o crime de lesão corporal leve, mas as de grave e gravíssima gera
cumulação de penas.
§3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
Pena - reclusão de um a três anos e multa
● §3º Injúria qualificadora se houver preconceito de raça, cor, etnia ou religião (injúria
preconceituosa em que se ofende uma pessoa determinada através do preconceito)
X Racismo (crime contra a coletividade, vítima não personificada). Exs.: Placa que
diz “aqui não entra nordestino” (Racismo), agora se no restaurante a pessoa diz
“burro desse jeito, só podia ser nordestino” (injúria).
 Casos de aumento de pena
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer
dos crimes é cometido:
 I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
 II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do
Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal; 
 III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou da injúria.
 IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou pessoa com
deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste Código. 
 § 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a
pena em dobro. 
 § 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais
da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena.
● Se o crime for cometido contra servidor público fora do exercício das funções não
se incide o aumento de pena.
● Desacato (se for na presença do servidor público; se for contra a imagem da
administração; exemplo: burro do jeito que você é não sei como passou no
concurso) X Crime contra honra de servidor público (se for na ausência; se for
contra o servidor, pessoa certa e determinada).
 Imunidade nos crimes contra honra
 Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
 I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
 II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
 III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
 Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação
quem lhe dá publicidade.
● Não existe imunidade para CALÚNIA!
● I – IMUNIDADE JUDICIÁRIA - Ofensa feita em juízo na discussão da causa pela
parte ou seu procurador. Ex.: dizer a juíza foi arbitrária na decisão.
OBS.: O Ministério Público só goza de imunidade quando for parte, ou seja, o MP
não tem imunidade quando é fiscal da lei.
OBS.: Juízes e juízas não gozam de imunidade.
● II – crítica literária, artística ou científica, salvo se ficar claro a intenção de ofender.
Ex.: o livro tal é ruim.
● III – opinião desfavorável emitida por funcionário público no exercício das funções.
Retratação
 Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da
difamação, fica isento de pena.
 Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a
difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o
ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. 
● É admissível na calúnia e na difamação. Ou seja, NÃO EXISTE na injúria.
● Retratação é se desdizer algo de formacabal e incondicional (não tem condições),
de forma linear e reta. Ex.: Chegar em juízo e falar que está retirando que falou que
ele roubou a carteira – Eu disse que ele furtou a carteira e agora retiro essa fala.
● Também precisa ser proporcional, ou seja, se a ofensa foi feita na imprensa precisa
ser desfeita na imprensa.
● OBS.: só admite retratação os crimes de ação penal privada (promovida por vítima
ou seus representantes legais).
● Não se confunde com a refutação da autoria (exemplo: eu não falei que ele estava
roubando a carteira).
● Na retração não se exige a concordância da parte supostamente ofendida. Porque
quem está abrindo a mão do direito de punir é o Estado. Não se pergunta a vítima se
ela aceita a retratação!
● A retratação só pode ser feita até a sentença.
Interpelação Criminal
 Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria,
quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou,
a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
● Também chamado de pedido de explicações em juízo.
● Ela serve para poder questionar o teor de uma fala que não é muito nítida se gerou
uma ofensa ou não. Ela é normalmente para o outro parar de falar (GAMIL).
● Interpelação é uma providência dispensável e que, portanto, não suspende e não
interrompe o prazo para oferecimento da denúncia ou queixa.
Ação penal nos crimes contra honra
 Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa,
salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
 Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do
inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso
do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
● Via de regra a ação penal é privada e se processa mediante queixa.
● Ela será condicionada a requisição do Ministro da Justiça se o ofendido for
Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro.
● Na injúria preconceituosa ou racial – a ação penal é condicionada a representação.
● Na injúria real – a ação penal vai ser fixada pelo tipo de lesão corporal. Se for leve
vai ser condicionada (precisa da participação da vítima para sua proposição da
Ação Penal pelo Ministério Público) a representação, se for grave ou gravíssima
ou seguida de morte vai ser ação incondicionada.
● Se o ofendido for funcionário público, de acordo com o Código Penal, ela é
condicionada a representação, porém o Supremo estabeleceu o enunciado de
súmula 714 e existe aí portanto dupla legitimação concorrente (via queixa crime).
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Patrimônio
● São coisas e bens LÍCITOS que possam ser valoradas economicamente.
● Patrimônio sentimental não é objeto de crime.
Furto
 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
● Subtração de coisa móvel é o que pode ser movido.
● Sujeito passivo - Proprietário, o possuidor (detém a coisa em nome próprio) ou o
detentor (detém em nome de terceiro).
● Coisa Móvel - Tem que ter valor econômico se for insignificante afasta a tipicidade
(Princípio da Insignificância.
● Direito Penal não protege a coisa abandonada (Res Derelicta). Porém pune por
apropriação indébita (art. 169 – coisa perdida – res deperdita).
● Res nullius (coisa que não tem dono) – exemplo é fruta em praça. X res publica
(coisa pública) – exemplo são as lixeiras da sala da UFBA.
● A característica do furto é animus furandi (intenção de se apropriar da coisa em
caráter definitivo), é por isso que o chamado furto de uso é fato atípico (quando o
sujeito pega a coisa em um breve espaço de tempo sem permissão e tem a intenção
de devolver e devolve), pois falta a tipicidade objetiva, a intenção de se apropriar.
● Obs.: O decreto 201/67 prevê que furto de uso praticado por PREFEITOS é crime.
O Código Penal Militar pune furto de uso praticado por militar também.
● Há poucos anos o STJ pacificou o entendimento de que o furto se consuma no
mesmo momento que o roubo, ou seja, não se exige a posse mansa e pacífica,
bastaria que a coisa fosse retirada da esfera de disponibilidade da vítima.
● O furto do caput é chamado de “furto simples” para o qual cabe suspensão
condicional do processo.
Furto não se confunde com:
● Peculato - se protege um bem público e a conduta só pode ser praticada por
funcionário público
● Roubo – é subtração com violência, grave ameaça ou depois de haver reduzido a
vítima a impossibilidade de resistência, sendo que essa impossibilidade foi gerada
pelo sujeito ativo. OU SEJA, a diferença está nos meios e modos de execução. Ex.:
Furto em pessoa que se embebedou, roubo se foi drogada pelo agente para se
cometer o crime.
● Apropriação indébita – o autor tem a posse não vigiada da coisa e o sujeito ativo age
como se proprietário fosse sendo diferente de mora que considera o proprietário
original. No furto a possa é vigiada.
● Estelionato – Induz a vítima em erro para fazer com que ela me entregue a coisa.
Ex.: Venda de camisa falsificada.
Furto é quando o sujeito ativo apreende a coisa para si pode ser com fraude
(exemplo é a encenação com vendedor enquanto outros furtam).
 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
● Se o furto for praticando o repouso noturno, não se confunde com noite, pois é o
horário em que as pessoas de um determinado lugar habitualmente se recolhem.
Obs.: Para que a causa de aumento incida é necessário que o fato seja praticado em
um local fechado destinado ao repouso.
Obs.: O aumento vai incidir ainda que a casa não esteja ocupada. Haverá o aumento
de pena ainda se eventualmente a casa estiver ocupada e com moradores acordados.
 § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.
● Furto mínimo (§2º) - coisa de pequeno valor. Para o Supremo é aquilo inferior a um
salário mínimo (valor de mercado).
Furto qualificado
 § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
 III - com emprego de chave falsa;
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
● I – precisa ser exterior a coisa.
● II - Se houver destreza (qualidade prestidigitador, tenha especial habilidade e
aplique no caso concreto). Ex.: Tirar o celular do bolso sem a vítima sentir. Se
houver escalada (é o acesso a coisa por via anormal, pulando o muro ou cavando um
túnel). Ex.: Assalto ao banco central através de túnel.
● III – qualquer instrumento que permita a abertura de uma porta sem precisar
desmontar ou arrebentar a porta. Ex.: Cartão.
● IV – Conta até inimputáveis. Ex.: Cometeu o crime com 2 adolescentes de 17 anos.
Pode ter o concurso de pessoas em conjunto com associação criminosa?
Tecnicamente falando esta qualificadora não deveria incidir com o crime de
associação criminosa (existe estabilidade de permanência), mas para o STJ pode ter.
 § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum
● Este é o único furto hediondo. 
 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
● Não admite tentativa.
● Só vai ser aplicado quando ultrapassar a divisa.
 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da
subtração. 
● Semovente é animal.
● Ex.:Roubo de gado.
Furto de coisa comum
 Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum:
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
 § 1º - Somente se procede mediante representação.
 § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a
quota a que tem direito o agente.
● Se tem copropriedade.
Obs.: Empresa não tem dono, tem sócios.
 Roubo
 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade
de resistência:
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
● Crime pluriofensivo e complexo (formado pela junção de 2 crimes). O roubo é uma
subtração com emprego de violência ou de grave ameaça ou após o agente ter
reduzido a vítima a impossibilidade de resistência.
● É um crime comum que comporta dupla sujeição passiva, ou seja, pode haver um
único crime com duas vítimas. Ex.: Aponta o revólver na cabeça do filho para
roubar a bolsa da mãe.
Obs.: Roubo é crime contra patrimônio, então se roubasse o brinquedo do filho e a
bolsa da mãe são dois roubos.
● Não admite princípio da insignificância.
Roubo X Extorsão
● No roubo o proveito patrimonial existe mesmo que a vítima manifeste oposição, é
indiferente a concordância da vítima.
● Na extorsão o proveito patrimonial somente vai existir se a vítima concordar.
● Súmula 196 STJ – extorsão é crime formal (no momento que a exigência é feita, ou
seja, independe do resultado). No roubo é crime material (necessita do resultado).
Roubo impróprio
 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa para si ou para terceiro.
● Não se admite tentativa.
● É um furto que se transforma em roubo. Ou seja, existe primeiro uma subtração e
somente no segundo momento é que se emprega a violência ou grave ameaça.
Roubo majorado (mas chamam de qualificado)
 § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: 
 II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
 III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
 IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
 V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
 VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; 
● Para o STJ na súmula 442 – É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo
concurso de agentes, a majorante do roubo.
● III – serviço de transporte de valores é qualquer um mesmo que rudimentar.
● V – quando a vítima for de roubo, a vítima não precisa concordar e se restringe sua
liberdade para garantir o roubo. Ex.: Invade casa e prende moradores em banheiro
enquanto rouba os pertences.
*Sequestro relâmpago - é um crime no qual uma vítima, geralmente sequestrada
em seu próprio veículo, é mantida por um curto espaço de tempo — frequentemente
por poucas horas — sob controle de criminosos que lhe roubam dinheiro, cheques,
automóvel, cartões de crédito, celulares e demais pertences. Até 2009 era extorsão
mediante sequestro, porém atualmente é previsto no art. 158 §3º.
 § 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
 I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
 II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum.
● A Terceira Seção do Egrégio Superior Tribunal de Justiça cancelou
definitivamente a Súmula 174 STJ - No crime de roubo, a intimidação feita com
arma de brinquedo autoriza o aumento da pena.
Artigo sobre súmula 174 STJ - GOMES, Luiz Flávio. STJ cancela súmula 174::
arma de brinquedo não agrava o roubo. Revista Jus Navigandi, ISSN
1518-4862, Teresina, ano 7, n. 53, 1 jan. 2002. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/2561. Acesso em: 26 nov. 2022.
● Na HC 96099 / RS o Supremo entendeu que:
II - Lesividade do instrumento que se encontra in re ipsa. III - A qualificadora do
art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pode ser evidenciada por qualquer meio de
prova, em especial pela palavra da vítima - reduzida à impossibilidade de
resistência pelo agente - ou pelo depoimento de testemunha presencial. IV - Se o
acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência de potencial lesivo da arma
empregada para intimidar a vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos
termos do art. 156 do Código de Processo Penal.
● Assim, o Supremo entendeu que a perícia é desnecessária e é o réu que deve
provar que não tinha potencial lesivo a arma. Tem que ter prova incontroversa
(tiro), mas STF acredita em testemunha e vídeo.
● II – se houver emprego de explosivo é crime hediondo.
Roubo qualificado
§ 3º Se da violência resulta: 
 I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa; 
 II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
● Qualificado por resultado – dolo + dolo ou dolo + culpa (preterdoloso) / Ainda tem
culpa + culpa, mas é raro.
Obs.: Para que incida o §3º é necessário que a morte esteja no mesmo contexto de
tempo e no mesmo contexto de furto e tempo do roubo, se assim não for não se
tratará de roubo qualificado e sim de roubo em concurso com homicídio.
● Latrocínio (roubo seguido de morte) não vai a júri, porque não é crime contra a vida
e sim contra o patrimônio. Sendo somente hediondo quando o roubo resulta em
morte.
Haverá um único latrocínio mesmo que morra + de uma vítima.
● Vai se configurar §3º independente da qualidade da vítima. Ex.: Assalto em banco,
atira para o alto e acerta o faxineiro sem querer.
● Morte tentada x Lesão corporal consumada: diferencia pela intenção. Culposa não
admite tentativa.
● Apesar de latrocínio ser o crime contra o patrimônio, o Supremo firmou
entendimento de que consumada a morte, consumado está o latrocínio.
Extorsão
 Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
 § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
 § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior. 
● Na extorsão, se o proveito patrimonial existir, é porque a vítima concordou.
● A promessa de mal costuma ser futura.
● É crime formal e se consuma no exato momento em que a exigência é feita, ainda
que a vítima não entregue a coisa.
● No § 1º foram previstas causas de aumento de pena para a extorsão. No roubo há
cinco causas de aumento; na extorsão há apenas duas: emprego de arma e concurso
de pessoas. No caso da arma valem os mesmos comentários feitos para o roubo.
● No § 2º foi prevista a extorsão qualificada pelo resultado morte e pela lesão
corporal. Valem aqui os mesmos comentários feitos ao § 3º do roubo.
● §3o – Sequestro relâmpago.
 Extorsão mediante sequestro
 Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate: 
 Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
● É crime hediondo em todas as modalidades!
● Esse crime só existe se for sequestro de pessoa. Sequestro de cachorro é somente
extorsão (art. 158).
Obs.: Neste não se exige 24 horas.
● O sequestro precisaser real. Ex.: Pede dinheiro por falso sequestro.
● Precisa ser exigência de vantagem patrimonial, afinal é um crime contra
patrimônio.]
● Esse crime se consuma no momento do sequestro, mesmo que não ocorra o
pagamento do resgaste.
Qualificadoras
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor
de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos
Colaboração premiada (delação premiada)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,
facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
● Lei 12.850/13 no §4º regrou o procedimento.
● O CP se tornou subsidiário a lei devido que nela pode se conseguir perdão judicila
ou redução de 2/3 da pena e no Código só se prevê a redução.
● Requisitos: Ser o 1º a delatar e não ser o líder.
Apropriação indébita
 Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
● O sujeito recebe a coisa de forma legítima, mais incerte o título da posse e passa a
agir como se proprietário fosse. Ex.: Raul empresta livro a João, ao pedir de volta
João diz ser o dono do objeto.
● O dolo é superveniente. No estelionato e dolo antecedente.
● Na apropriação o dono tem a expectativa de que a coisa vai ser devolvida, sendo a
sua posse vigiada.
 Aumento de pena
 § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
 I - em depósito necessário;
 II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou
depositário judicial;
 III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Apropriação indébita previdenciária 
 Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos
contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Estelionato
 Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de
réis
● Estelionato é um crime patrimonial indissociavelmente ligado à fraude.
● A relação do estelionato com a falsidade é regida e resolvida pela súmula 17 do
STJ: quando o falsum se exaure no estelionato sem maior potencial lesivo, fica por
ele absorvido. Essa súmula permite concluir duas coisas: se a única lesão que a
fraude trouxer for patrimonial, a falsidade fica absorvida pelo estelionato. Se a
falsidade puder lesionar um outro bem além do patrimônio há estelionato em
concurso com falsidade.
Ex.: faço um capacete e digo que era de Airton Senna e falsifico o certificado de
autenticidade há só estelionato porque não há nenhum outro bem jurídico a ser
resguardado.
● Vítima do estelionato: qualquer pessoa com capacidade de discernimento. Se a
pessoa não tiver discernimento há abuso de incapaz (art. 174).
Ex.: você dá 5 reais para um menino para que de a ele 10 balas. Você devolve 5
balas e 50 centavos é abuso de incapaz.
● Haverá crime de estelionato mesmo a vítima esteja de má-fé. Ex.: golpe do bilhete
premiado.
● Estelionato é crime material, ou seja, precisa ser feita a apropriação, o resultado.
● Sujeito passivo do estelionato é pessoa certa e determinada porque se o crime for
contra a coletividade vai ser crime ou contra a economia popular ou contra as
relações de consumo ou eventualmente até contra a saúde pública.
Ex.: quando num posto você paga por 90 litros e ele só coloca 60 há aqui crime
contra a economia popular.
● O legislador pune o chamado estelionato silencioso, é quando a vítima se apresenta
em erro sendo a obrigação o autor do fato adverti-lo do erro. Ex.: você vai pagar
uma conta de 50 reais e você deu, sem perceber, 2 cédulas de 50. Se o sujeito pega
os 100 reais e sabe que você está em erro há aqui estelionato.
● Estelionato não se confunde com o crime de moeda falsa porque moeda falsa é
crime contra a fé pública da união. A diferença em termos práticos é que na moeda
falsa existe a possibilidade de lesionar um número indefinido de pessoas e no
estelionato somente se lesionam pessoas pouco observadoras. OU seja, na moeda
falsa tem que iludir a maioria das pessoas.

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