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CADERNO DIGITADO DE DIREITO PENAL IV - 2022.2 DOCENTE: GAMIL FOPPEL. DISCENTE: VÍVIANN ROBERTA. Indicações de leitura ● A Teoria dos Jogos Aplicada ao Processo Penal - Alexandre Moraes da Rosa. ● Luigi Ferrajoli. ● Juarez Cirino dos Santos. UNIDADE I O QUE ESTUDA O DIREITO PENAL IV? ● É o estudo dos crimes em espécie. São crimes listado, categorizados e tipificados pelo ordenamento jurídico. Relembrando: 1. Bem jurídico ● O bem jurídico é imaterial, incorpóreo e intangível. O objeto é a exteriorização material do bem jurídico. ● O bem jurídico pode fixar COMPETÊNCIA (estadual e federal) do crime. ● O bem jurídico determina o que pode ser CONSENTIDO. Não deve ser consentido um bem intangível, como à vida. ● O bem jurídico também repercute para o princípio da insignificância. ● O código é organizado com base no bem jurídico. É por isso que o primeiro bem tutelado por ele é a vida. QUESTÃO: O bem jurídico, também, vai ser fundamental para diferenciar um crime do outro! Ex.: Aqui, o professor usou o exemplo da falsificação de moeda. Imaginemos que uma pessoa falsifique uma cédula e essa falsificação tem grande probabilidade de enganar muitas pessoas, o crime, nesse caso é o de falsificação de moeda (A falsificação, para caracterizar o delito de moeda falsa, deve ter capacidade de enganar um número indeterminado de pessoas. Imaginemos agora, que a falsificação da moeda seja um tanto quanto grosseira e só consiga enganar uma pessoa específica, sendo assim o crime é de estelionato contra o patrimônio da pessoa. 2. Tipicidade ● Objetivo: é saber o alcance de cada palavra do crime. Ex.: para os penalistas, domicílio é qualquer compartimento habitado que não seja de ocupação coletiva à quarto de motel. ● Subjetivo: É a análise de dolo ou culpa OBS: O crime culposo é uma exceção que deve respeito a legalidade, ou seja, deve haver previsão legal explicita. ● Dolo específico: intenção de agir para uma finalidade especifica. ● Dolo genérico: Cobra-se a vontade de agir. OBS: Não se define um crime somente pelo seu resultado, um homicídio doloso e ou culposo tem o mesmo resultado. O elemento que diferencia é a vontade de fazê-lo. 3. Sujeitos ● Ativo: É o que pode cometer um crime. ● Ex.: o homicídio do art. 121 do código pode ser praticado por qualquer pessoa, mas não pode ser sofrido por qualquer pessoa. Se o presidente da república for assassinado ele não sofre com o 121 e sim com o crime da lei 7.170/83. 4. Consumação e Tentativa ● Se o crime admite tentativa, ele admite arrependimento eficaz e desistência voluntária. ● Para consumação: morte, por exemplo, só quando há morte cerebral. 5. Classificação doutrinária (classificação vista em direito penal I) ● É importante para os reflexos práticos. Crime material deixa vestígio, resultado, faz-se prova dele através de perícia. É a repercussão prática desta classificação que precisa ser observada. Se um crime é de conduta vinculada, ele só pode ser praticado da forma que a lei prevê. 6. Notas de confronto ● É saber diferenciar um crime do outro. São o diagnóstico do crime. 7. Questões especiais ● São os aspectos mais importantes de cada assunto. Saber se há súmula, se há conflito aparente de normas, se há algum projeto de lei a respeito daquilo, julgados importantes, etc. ● Ex.: quando a gente falar sobre aborto, trataremos sobre aborto de fetos anencéfalos, pois é uma questão especial. Na vida prática os questionamentos são sempre sobre questões especiais ou notas de confronto. HOMICÍDIO Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ● Bem jurídico: vida → indisponível (não comporta consentimento). ● A vida é considerada indisponível, apesar de não ser exatamente um bem jurídico absoluto (previsão da CF de pena de morte para casos de crimes praticados por militares em tempos de guerra). ● A lesão deve ser extrauterina (se for intrauterina é aborto). ● Eutanásia pode ser homicídio qualificado por motivo torpe. Ex.: desligar os equipamentos de alguém porque vai receber sua herança. ● No homicídio se protege a vida, mas há uma proteção delimitada por marcos temporais. A proteção começa a partir do nascimento com vida (no início do parto). Isto porque antes do inicio do parto trata-se de abortamento. A proteção vai até a ocorrência de morte cerebral (expede-se a certidão de óbito, no Brasil). OBS.: A Constituição Federal prevê que compete ao Tribunal do Júri julgar os crimes dolosos contra a vida e os crimes a ele conexo. O crime culposo não vai a júri. ● Demonstra o dolo (matar alguém). Alguém – pessoa certa e determinada, qualquer pessoa. ● Vítima: qualquer pessoa, exceto (art. 15 – Lei 7.170/83) Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara e do STF. ● O homicídio do é um crime doloso marcado pelo animus necandi, a intenção de matar é um crime material (conduta separada de resultado e este é naturalístico), portanto faz-se perícia (que pode ser inclusive a perícia indireta – laudo pericial indireto – este ocorre quando o corpo perece), de ação livre (de qualquer forma, entretanto a depender do meio pode incidir uma qualificadora), plurisubsistente (execução fracionável, admite tentativa, desistência voluntária e arrependimento eficaz), crime unissubjetivo (pode ser praticado por uma única pessoa), instantâneo com efeitos permanentes. OBS.: O homicídio do caput é chamado homicídio simples, ele não é hediondo. Há apenas uma hipótese de o crime simples ser tratado como hediondo, quando for praticado como atividade de grupo de extermínio. OBS.: Homicídio ≠ Genocídio (intenção do agente) – dolo específico, ou seja, deve haver a intenção de matar (extinguir) um determinado grupo, raça, classe de pessoas. OBS.: Crimes hediondos (Lei 8.072/1990) - A expressão crime hediondo classifica, segundo a CF, crimes que não cabem anistia, graça e indulto. Caso de diminuição de pena §1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. ● Homicídio "privilegiado" ou minorado - fundamento é o motivo. ● Relevante interesse social: um crime que a sociedade clama que seja feito ou que não reprovaria quem o fizesse. Ex.: Matar um tirano. ● Relevante interesse moral: um crime de interesse particular que a sociedade pouco reprovaria. Ex.: vingança por estupro. ● O privilégio pode se dar porque o sujeito agiu sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima. Diferentemente, se ele age depois de injusta agressão trata-se de legítima defesa. OBS.: “Logo após” é o tempo mínimo para reagir sem interrupções. ● É imperativo diferenciar domínio de violenta emoção de influência. A diferença é de grau. O domínio quase que retira o grau de discernimento, influência é uma orientação. Homicídio qualificado ● Este é crime hediondo desde o dia 6 de setembro de 1994. ● Pena - reclusão, de doze a trinta anos. ● I e II - Qualificadoras por motivo. ● III e IV - Qualificadoras por meios de execução. ● V - Qualificadora por conexão. ● NÃO EXISTE homicídio duplamente qualificado (pode se cobrar na denúncia mais de uma qualificadora, porém, não na sentença de mérito). ● No momento do oferecimento da denúncia, caso seja promotor, você deve colocar todas as qualificadoras porque cada uma delas é objeto de um quesito para os jurados. Então, pelo princípio da eventualidade, faz-se necessária a descrição de todas as qualificadoras quando da denúncia. Na fase de pronúncia também é necessário que sejam colocadas todas as qualificadoras. No momento posterior à quesitação, após o acolhimento de uma qualificadora, as outras urnas nem são abertas (das outras qualificadoras). Nada impede que as demais circunstâncias sejam aplicadas como causas de aumento ou agravantes. ● Pode se ter homicídio privilegiado e qualificado? Sim, desde que seja objetivo, ou seja, a qualificadora não tenhacomo fundamento motivo. OBS.: No júri, o quesito sobre o privilégio antecede o quesito da qualificadora. Se acolherem o privilégio você só quesita as qualificadoras que não são de motivo. ● Homicídio qualificado e privilegiado juntos são crime hediondo? Não. Razões: não cabimento da interpretação in malam partem, vez que a lei de crimes hediondos não fala de homicídio privilegiado qualificado. O direito penal segue a regra da legalidade estrita, a partir da taxatividade. Por fim, os motivos são tidos como preponderantes, então, no concurso, seguindo o art. 67, o privilégio deveria prevalecer. § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; ● Homicídio mercenário se aloca ao executor somente e não ao mandante. De acordo com o entendimento dominante, essa qualificadora só vale para o executor material (mediante paga ou promessa de recompensa). Isto porque, o mandante pode até ter um motivo nobre. Vingança não é necessariamente um motivo torpe. ● Torpe é motivo repugnante, asqueroso, atrelado ao ódio. OBS.: Não se confunde analogia (existe uma lacuna e não pode tapar o buraco com lei parecida) e interpretação extensiva (faz uma gradação e de acordo com a doutrina faz uma “norma de fechamento" - pois o Código coloca termos indeterminados, em respeito ao princípio da fragmentariedade). Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in malam partem), sob pena de violação ao princípio constitucional da estrita legalidade. (STF, HC 97261, j. 12/04/2011). A analogia in malam partem é admitida no DIREITO PROCESSUAL PENAL. Pois, a lei aplicada ao caso omisso é prejudicial ao réu. II - por motivo fútil; ● Fútil é motivo de somenos e nonada, ou seja, pequeno, vil e mesquinho. Atrelado a mesquinharia. Obs.: Pouca importa o momento da execução. ● Ex.: Mata-se candidato que está a sua frente na classificação de concurso. ● A aparente ausência de motivo não é motivo fútil. Normas penais incriminadoras seguem o princípio da taxatividade e não há, dentre as qualificadoras a “ausência de motivo”. III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; ● Veneno é analisado subjetivamente. Ex.: Açúcar é veneno para diabético. Ex.: para uma pessoa que tem alergia a AAS, este é um veneno ● PORÉM, é preciso que seja dado às escondidas, ou seja, sem conhecimento da vítima. ● A tortura qualificada pelo homicídio é um crime preterdoloso, ou seja, há dolo no antecedente, e culpa no consequente. Tortura qualificada por homicídio (intenção é torturar) X Homicídio qualificado por tortura (intenção é matar). Sendo analisado objetivamente. ● Insidioso (fraudulento). IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; ● Traição é a quebra do ato de dever de confiança, em que no Direito Penal, esse dever se comprova e não se presume. Ex.: Empregada responsável por realizar comida e coloca veneno para matar os chefes é traição. ● Emboscada é crime arquitetado e planejado. Ex.: Tiro pelas costas é crime arquitetado, porém tiro nas costas não é, pois, pode ter resultado devido a uma briga. ● Na dissimulação o agente esconde a sua real vontade, o seu real intento. Há um ardil, um artificio, uma ilusão. Não basta para isso que o autor do fato seja dissimulado, vez que se trata de direito penal do fato e não do autor. V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. ● O homicídio ainda é qualificado quando há conexão, ou seja, quando um crime está ligado a outro. Há dois tipos de conexão: a teleológica e a conexão consequencial. A 1ª se dá quando o homicídio é praticado para praticar um outro crime, a finalidade é o outro crime. Já na 2ª, o homicídio é praticado para assegurar crime já praticado. ● Caso haja desistência voluntária ou arrependimento eficaz você pode afastar a qualificadora com base no art. 15. ● Nesta qualificadora os crimes conexos não precisam ser praticados pelo próprio autor do homicídio. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; § 2º Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher ● Feminicídio pode ser em contexto de violência doméstica e familiar, se houver desprezo ou discriminação por ser mulher (não é biológico). ● Feminicídio é quando a mulher morre por ser mulher. Se uma mulher morre no curso normal de um homicídio não é feminicídio e sim femicídio. ● Entre os penalistas prevalece o entendimento de que mulher é um elemento objetivo do tipo e, portanto, invariável. Ou seja, mulher é quem nasce mulher. Trata-se aqui de um tipo penal incriminador e por isso ele tem que ser interpretado de forma taxativa, restritiva. Com base nesse entendimento, mulher que faz cirurgia para virar homem continua sendo protegida. VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; ● Homicídio contra agente de segurança é chamado de homicídio funcional, portanto essa qualificadora só incide se o sujeito for morto em razão da sua função. Ex.: Se um sujeito mata outro ignorando que este é policial, não incide a qualificadora há erro de tipo na qualificadora. Tanto é funcional que ela protege também a família do policial. A qualificadora não é intuito personae, é pelo motivo. ● Só haverá esse homicídio funcional se o homicídio se der em razão das funções. Ex.: se um sujeito mata um policial porque ele estava pegando a mulher dele não incide a qualificadora. Também se protege nessa qualificadora, os cônjuges, companheiros ou parentes consanguíneos de até 3º grau se a morte se deveu em razão das funções. VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido; VETADO ● O conceito de armas está previsto no Estatuto do Desarmamento. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. ● É uma exceção que deve respeito ao princípio da legalidade estrita, ou seja, tem que estar previsto em lei. ● Exs.: Crimes contra meio ambiente pode ser culposo (menino que caí em planta ornamental). Lesão corporal seguida de morte (crime preterdoloso - não cabe tentativa, com a mesma definição do crime culposo). AUMENTO DE PENA, INDUZIMENTO A SUÍCIDIO E INFANTICÍDIO. IMPORTANTE ● OBS.: São 4 os crimes dolosos contra a vida: homicídio, induzimento ao suicídio, infanticídio e aborto. Aumento de pena §4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ● Quando tiver uma fração é aumento de pena e tem que estar previsto em lei. ● No homicídio doloso: o A pena será aumentada se tiver menos de 14 anos ou mais de 60 anos. o Uma pessoa que mata um homem e não sabe que ele tem mais de 60 anos pode ter aumento de pena? Não, porque é configurado como erro de tipo. o Erro de tipo na causa de aumento de pena – a pessoa não sabe o que está fazendo. o Erro de proibição – ele sabe o que está fazendo, mas não sabe que é errado. Sendo diferente de desconhecimento de norma (desconhecimento técnico), contudo, nos bens jurídicos consolidados funciona a esfera o profano do injusto (noção de certo e errado– exemplo bater é errado) e nos bens jurídicos mais novos só se conhece a proibição se conhecer a norma (logo erro de proibição deriva do desconhecimento da norma – CD pirata e insider trading). ● No homicídio culposo: o No caso do homicídio culposo a pena vai ser aumentada se o agente não busca minimizar as consequências do seu ato. Ex.: foge sem prestar socorro. O socorro não precisa necessariamente ser praticado pessoalmente por quem causou o dano. Ex.: você está indo em direção da pessoa socorrê-la, chega alguém antes que diz que vai cuidar porque é medica, se você sai e deixa ela cuidando não incide o aumento de pena. o Ademais, o aumento de pena só incide se for possível prestar socorro e sem risco ao autor. Ex.: a pessoa morreu instantaneamente, então não há aumento. §5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. ● Perdão judicial para homicídio culposo é sempre que a lei autoriza. ● Cabe perdão judicial sempre que a lei autorizar. A sentença que aplica perdão judicial é declaratória pra o STJ (súmula 18) e condenatória para o STF. A sentença do perdão judicial não cabe para efeito de reincidência (art. 120 CP). § 6º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. §7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. ● Tentativa de suicídio não é crime porque o Código não pune autolesão. ● O termo “Alguém” é pessoa certa e determinada. Que crime comete aquele que escreve uma musica enaltecendo o suicídio? Crime algum. ● Este alguém precisa ter discernimento, porque se não tiver trata-se de homicídio. ● A vítima tem que ter capacidade de discernimento. Ex.: Criança pergunta se a roupa do superman funciona e adulto diz que sim, criança se joga da janela, é homicídio. ● O crime é de ação livre, doloso. Induzir é dar a ideia, sugerir. Instigar é reforçar. Auxiliar é uma conduta material, é quem dá o instrumento para o crime. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos § 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. ● Para esse crime não se aplica o art. 14, CP (crime de tentativa). ● OBS.: este crime só existe se houver ao menos lesão corporal de natureza grave. Ex.: uma pessoa quer se matar e tem pessoas mandando ela pular do prédio, se ela desistir não há aplicação do 122. § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 3º A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. ● “Menor” é entre 14-18 anos. ● A pena vai ser aumentada se o crime for praticado por motivo egoístico. Ex.: estimular alguém ao suicídio para receber a herança e ainda vai ser aumentada se a vítima for menor de 18 e acima de 14. Abaixo dos 14 anos é homicídio. § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. ● O jogo “baleia azul” induzia alguéns certos e determinados. § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. ● É uma modalidade de homicídio privilegiada. O fundamento do privilégio é a existência de estado puerperal. Delito exceptum (crime de exceção). ● Sendo um tipo especial de homicídio que se difere do art. 121 devido ao princípio da especialidade. ● O “parto” começa na dilatação no parto normal e no início da cirurgia no parto cesáreo para a medicina legal e o “logo após” seria até quando durar o estado puerperal (2 horas a 2 semanas – medicina legal). ● Psicose puerperal X estado puerperal. Não confundir estado puerperal com psicose puerperal. Na psicose puerperal a culpabilidade fica afastada em razão de uma doença psiquiátrica, há apenas medida de segurança. ● Se houver erro sobre a pessoa, a pessoa assume o caráter da vítima pretendida. Ex.: Mulher mata bebê errado achando que era seu filho. ● CONCURSO DE PESSOAS EM INFANTICÍDIO: o Estado puerperal é um elementar (elemento que estrutura o tipo; sem ela, o tipo é descaracterizado) e de acordo com o art. 30 (supra) se comunicam – vale mesmo para quem não tem – e por isso quem comete esse delito em participação ou coautoria com a gestante também responde por infanticídio. Apesar de não ser justo, o estado puerperal se comunica com o codelinquente. Para que isso não ocorresse o legislador deveria ter feito o infanticídio como uma causa de diminuição de pena do homicídio. O estado puerperal passaria a ser uma circunstância pessoal e não um elementar. o Nelson Hungria chegou a dizer que o estado puerperal era um elementar personalíssima que não é tratada no artigo 30. o Caso 1: a mãe e o terceiro juntos matam → infanticídio para os dois (coautores) (teoria monista do concurso de pessoas – art. 29). Caso 2: a mãe mata e o terceiro auxilia → o 3º é partícipe de infanticídio, art. 29, acessoriedade da participação e comunicabilidade dos elementares. Caso 3: o terceiro mata e a mãe auxilia → o terceiro responde por homicídio, isso é inquestionável. Não se pode comunicar a elementar do partícipe para o autor. Respeitando a comunicabilidade dos elementares, a teoria monista e outra coisa → ela é partícipe de homicídio. Para Cézar Roberto Bittencourt ela é partícipe de homicídio mas deve ser reconhecida para ela a regra do desvio subjetivo de condutas – acorda praticar o crime menos grave, então ele responde por este. ABORTO Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: Pena - detenção, de um a três anos. ● No abortamento protege-se a vida viável. ● Gravidez viável é toda aquela em que, sem riscos para a gestante, vai ser desenvolvida uma criança com sobrevida. É por isso que não há crime na chamada gravidez tubária (quando o embrião se implanta na trompa) e na chamada gravidez molar (há uma divisão anormal das células, não há a formação de uma criança). Estes dois casos podem gerar a morte da mulher se a gravidez não for interrompida. 3 modalidadesdolosos (consciência e vontade) / não existe aborto culposo. ● A expectativa de vida é considerada um bem jurídico autônomo e que não é disponível pela gestante. ● A proteção ao abortamento começa a partir da nidação. ● A proteção deste crime vai até o início do parto, porque uma vez o parto iniciado há infanticídio ou homicídio. ● O aborto tem 3 modalidades, todas elas dolosas. Não existe aborto culposo, sendo assim, precisa haver consciência e vontade. ● Aborto é caracterizado por uma lesão intrauterina, ou seja, haverá crime de abortamento consumado desde que a lesão seja intrauterina porque se considera praticado um crime ao tempo da conduta e não do resultado. Ex.: imagine que uma mulher está grávida do 8o mês, você dá um chute para matar o bebê, o bebê morre na sequência, já fora do corpo da mãe é abortamento. ● Aborto é crime material, plurisubsistente, ou seja, admite tentativa, é crime instantâneo e de ação livre. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. ● Autoaborto – art. 124 o Pena menor que o aborto consentido – não comporta coautoria. ● Aborto consentido – art. 124 c/c art. 126 o Consentimento válida → Agente capaz. Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. ● A 3º modalidade de aborto, que é o aborto sem o consentimento e neste a pena é muito maior porque não é só crime contra a expectativa de vida, mas também contra a liberdade da gestante. Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. ● Art. 127 – Aumento de pena de abortamento o Se houver morte da gestante ou se houver lesão corporal grave da gestante. A diferença se dá na intenção. OBS.: O art. 127 é preterdoloso (dolo + culpa). Não há aumento de pena se da tentativa de abortamento resultar má formação do feto. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. ● O art. 128 cuida das hipóteses de aborto chamada terapêutico ou medicinal e ainda do aborto humanitário ou piedoso. ● No aborto terapêutico a gestação é interrompida porque não há outra forma de salvar a vida da gestante. É uma hipótese evidente de conflito de deveres e por motivos óbvios não é necessária a concordância da gestante (nem de 3º) até porque o médico é garantidor. UNIDADE II LESÃO CORPORAL Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. ● Na lesão corporal o legislador protege a integridade física. Integridade física é um conceito amplo que engloba, inclusive, a integridade psíquica. ● Para diferencias as qualificadoras é preciso compreender o desvalor do resultado, existindo uma relação de subsidiariedade (se não é grave ou gravíssima é leve). ● Caput - lesões leves. ● §1º - lesões graves. ● §2º - lesões gravíssimas. ● Este crime é marcado pelo animus laedendi, a intenção de lesar. OU seja, a finalidade do crime de lesão corporal é lesionar. ● Há graus de lesão corporal: leve, grave, gravíssima e seguida de morte e ordinariamente é um crime doloso, mas excepcionalmente existe lesão corporal culposa. ● As lesões esportivas (lesão inerente ao esporte), as lesões cirúrgicas (inerentes à atividade médica) e dos pais em relação aos filhos com a intenção de corrigir e moderadamente não são criminosas. ● Lesão dos pais em relação aos filhos: Se houver a pretexto de corrigir e houver excesso é crime de maus tratos. Se a intenção do agente for causa sofrimento psíquico e físico é Tortura. OBS.: A lesão corporal difere da contravenção de vias de fato porque a lesão corporal deixa vestígios. Vias de fato são contatos corporais que não deixam vestígios. Lesão Corporal por médico para resguardar vida (teses de defesa) ● Atipicidade, de acordo com a Teoria da Tipicidade Conglobante (Zaffaroni) - A tipicidade conglobante é a antinormatividade aliada à tipicidade material. A tipicidade material significa que não basta que a conduta do agente se amolde ao tipo legal. Essa teoria basicamente entende que não se pode considerar como típica uma conduta que é fomentada ou tolerada pelo próprio Estado, ou seja, tem que a conduta ser contrária ao ordenamento jurídico em geral (conglobado) e não apenas ao ordenamento penal. ● Teoria da Imputação Objetiva - filtro para relação de causalidade para evitar um regresso ao infinito (art. 13). Esta teoria determina que não há imputação objetiva quando o risco criado é permitido, devendo o agente responder penalmente apenas se ele criou ou incrementou um risco proibido relevante. ● Teoria dos Elementos negativos do tipo - Para esta teoria, o tipo penal é composto de elementos positivos (expressos) aos quais se somam elementos negativos (implícitos), quais sejam, causas excludentes de ilicitude. Para que o comportamento do agente seja típico não basta realizar os elementos positivos expressos no tipo, mas não pode configurar qualquer dos elementos negativos. O crime de Lesão Corporal deverá ser lido: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem (elemento positivo expresso), desde que não esteja presente uma excludente de ilicitude (elemento negativo implícito)”. ● Exclusão de ilicitude: o Estado de necessidade de terceiro. o Exercício regular de um direito. o Estrito cumprimento de um dever legal. ● Inexigibilidade de conduta adversa - exclui a culpabilidade. Quando não se pode exigir do agente, em determinadas circunstâncias e com base nos padrões sociais vigentes, diferente ação ou omissão. Lesões médicas ● Intervenção médico-cirúrgica - Quando for consentida, exclui a ilicitude pelo exercício regular de direito. Ausente o consentimento, poderá caracterizar-se o estado de necessidade em favor de terceiro (CP, art. 146, § 3º, I). É possível sustentar que a intervenção médico-cirúrgica consentida configura fato atípico por influência da teoria da imputação objetiva. ● Transplante de órgãos - De acordo com a doutrina, constitui exercício regular de direito a intervenção cirúrgica realizada em razão da disposição gratuita de órgãos, tecidos ou partes do corpo vivo de pessoa “juridicamente capaz” animada por finalidade de viabilizar em favor de outrem a realização de transplantes ou de terapia (art. 9º da Lei n. 9.434/97 – trata sobre transplante de órgão). Por outro lado, o fato também é atípico, visto que adequado, lícito e normal, em face do novo ordenamento. Lesões esportivas ● Todas as lesões ocorridas dentro do esporte e de acordo com as regras desse esporte derivam de riscos permitidos (mesmo no boxe, morrendo um dos boxeadores, não há que se falar em delito). O boxeador que mata o adversário com um golpe mortal, produz danos (danifica a vida alheia). Mas esses danos não se transformam em lesão jurídica, justamente porque foram produzidos num contexto de risco permitido. Se o ataque foi produzido fora das regras do esporte, o agente cria risco proibido e responde por ele. ● Tradicionalmente, configura fato típico, mas não ilícito. A ilicitude é excluída pela descriminante do exercício regular de direito. Fernando Capez entende que o fato é atípico, pelo fato da teoria da imputação objetiva. ● Decerto: I. se a agressão foi cometida dentro dos limites do esporte ou de seus desdobramentos previsíveis; II. se o participante consentiu validamente na sua prática; III. se a atividade não for contrária à ordem pública, à moral, aos postulados éticos que derivam do senso comum das pessoas normais, nem aos bons costumes, não haverácrime. Lesão corporal leve 129, caput – é uma ação penal pública condicionada a representação (ou seja, não tem rigores formais, não precisa ser um advogado; ao contrário da “queixa” que necessita um processo penal formado por sérios rigores formais que exige procuração com poderes especiais). A jurisprudência é pacífica no sentido de que o comparecimento na delegacia e pede providência já é representação. ● Isso foi decidido pela LEI 9.099/95 (Lei dos Juizados) em que a transformou em ação pública condicionada. ● Contudo, a Lei 11.340/06 declara que para casos de Violência doméstica contra a mulher se torna uma ação pública incondicionada (ou seja, a mulher somente retrata a denúncia perante juízo, se o crime permitir isso), pois para esses casos não se aplica a LEI DOS JUIZADOS. ● O crime do caput é de menor potencial ofensivo e por isso vai para os juizados especiais criminais. o Assim, vão para os juizados especiais criminais (de acordo com a LEI 9.099/95) os crimes que tem pena máxima até 2 anos. Porém, isso não se aplica nos casos de Violência doméstica. o Na lei 9.099/95, trouxe a figura da suspensão condicional do processo em que a pena mínima não pode ser superior a 1 ano, ou seja, se aplica a todos os crimes, não só de menor potencial ofensivo. Entretanto, como não se aplica a lei 9.099/95 nos casos de Maria da Penha, logo não se admite a suspensão condicional do processo Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. ● A lesão corporal grave é aquela da qual resulta a incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias. Nesta qualificadora, haverá dois laudos periciais: 1. O primeiro para provar a lesão; 2. Segundo (que é chamado de laudo complementar) é para provar que a pessoa não pode retornar às suas atividades. ● Outra lesão corporal grave é se houver perigo de vida - este perigo precisa ser comprovado. ● Existe outra qualificadora, que ocorre quando há debilidade permanente de membro, sentido ou função. Esta lesão não se confunde com a lesão gravíssima pela perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Devido que debilidade é uma redução da capacidade funcional. Quer dizer, continua funcionando, mas funciona mal. Perda é o destacamento corporal. Ex.: A perda de um olho reduz sua capacidade visual, porém não inutiliza a mesma já que tem outro olho. Lesão Gravíssima § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. ● Existe uma lesão gravíssima se o sujeito fica incapacitado permanentemente para o trabalho. ● Se torna inutilização quando esse fica imprestável ou seja não serve para mais nada. ● A deformidade não precisa ser necessariamente aparente. Sendo que a qualificadora vai existir mesmo que a deformidade possa ser camuflada, escondida ou até mesmo disfarçada. Assim, é aquela que não tem como ser reintegrada sem intervenções cirúrgicas. ● Enfermidade incurável – deve ser avaliada pelo atual estágio da ciência - Tempus regit actum (os atos jurídicos se regem pela lei da época em que ocorreram). Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. ● No parágrafo 3º foi prevista uma lesão corporal seguida de morte, que é um tipo preterdoloso por excelência. Lembrar que o importante é verificar a intenção do agente. Diminuição de pena – Lesão corporal privilegiada § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. ● No parágrafo 4º existe uma diminuição de pena idêntica ao parágrafo primeiro do homicídio. Substituição da pena § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as lesões são recíprocas. ● No parágrafo 5º existe uma hipótese especial de fixação de penas alternativas, que somente será cabível quando a lesão corporal for leve. ● Cabe a aplicação da multa tanto na lesão corporal privilegiada quanto na lesão recíproca. Lesão Corporal culposa §6º § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de dois meses a um ano. ● Não há gradação de leve, grave e gravíssima na lesão corporal culposa. ● Só existe crime culposo quando estar previsto na lei. Violência Doméstica § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 ● Primeiro, é preciso compreender que a lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) alterou o Código de Processo Penal e a Lei dos Juizados Especiais com alterações relacionadas ao gênero, ou seja, a vítima é mulher. Porém, em relação ao Código Penal ela alterou o art. 129, §9º a 11 a violência doméstica, em que se aplica à homem também. ● Lesão corporal é a mesma para homem ou mulher. Contudo, relembrando que no caso da mulher como vítima esta só poderá retratar em juízo sua denúncia. ● Não vai para os juizados especiais os casos de violência doméstica contra homem devido a pena máxima ser de 3 anos. E para os casos da mulher NÃO se aplica da Lei dos Juizados. ● Lembrando que para a Lei 11.340/06 o importante é a vítima ser mulher sendo independente o gênero do infrator. *Mulher trans está sendo abarcado? § 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). ● §13º - Tutela de Gênero, em que não precisa se ter vínculo afetivo, ou seja, não precisa ter a circunstância da violência doméstica, diferente do feminicídio que incide nas duas circunstâncias: condição de mulher ou convívio doméstico. O susci do art. 77 do Código Penal (suspensão condicional da pena) foi a única coisa referente à afastar a tipicidade e a pena que a Lei Maria da Penha não retirou dos casos de violência contra a mulher, pois afastou princípio da insignificância, penas alternativas, retirar a representação etc. CRIMES CONTRA A HONRA Honra objetiva – diz respeito ao juízo que uma pessoa tem de uma outra. Está relacionada a fatos, portanto se relaciona a com o crime de calúnia e difamação. Honra subjetiva – juízo que se faz de si próprio. Se relacionacom predicativos, com qualidades, portanto se relaciona com o crime de injúria. NÃO VAI HAVER CRIME SE TIVER: 1. Animus narrandi – a intenção é narrar fatos sem fazer juízo de valor. 2. Animus jocandi – a intenção é de brincar. 3. Animus retorquendi – intenção é retrucar uma ofensa. 4. Animus corrigendi – a intenção é corrigir. Em qualquer hipótese, não pode haver excessos. Se o crime contra honra for praticado com finalidade eleitoral este será regido pelo Código Eleitoral e não o Penal. Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propaga ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. ● É um a imputação FALSA feita a ALGUEM de um CRIME. Ex.: Dizer que João roubou a carteira (sendo que ele não roubou). ● Qualquer outro fato que não seja criminoso é difamação. OBS.: Precisa ser de um fato determinado, mas não precisa de rigor de detalhes. ● Menor pode ser vítima de calúnia desde que esse possa ter praticado o crime (lembrando que ato infracional é considerado crime). ● Pessoa jurídica pode sofrer calúnia somente em relação a crimes ambientais. ● Criminoso pode sofrer calúnia em relação a outro crime que não seja ao qual está condenado. OBS.: Na calúnia a EXCEÇÃO DA VERDADE é a regra, ou seja, tem que o fato ser falso. Só não cabe exceção da verdade quando a lei proibir expressamente. ● Denunciação caluniosa – provoca-se o Poder Público de que uma pessoa cometeu determinado crime, sabendo que ela não cometeu. Ex.: Estupro de vulnerável cometido por padrasto, mas foi dito pela mãe da menor, que sabia quem era o real criminoso, que tinha sido o pai biológico da criança. Exceção da verdade calúnia § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. ● Exceção de verdade é ação que permite ao acusado por crime de calúnia ou difamação provar o fato atribuído à pessoa que se julga ofendida. Ex.: Provar que João roubou mesmo a carteira (calúnia). ● A lei proíbe exceção da verdade em 3 hipóteses: i. Se o fato é atribuído a chefe de governo estrangeiro ou presidente da República; ii. Se o crime atribuído for de ação penal pública e o sujeito já foi absolvido iii. Se o crime atribuído for de ação penal privada (promovida por vítima ou seus representantes legais), há menos que o sujeito tenha sido condenado. Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. ● Na difamação não se exige que a imputação seja falsa, a exceção da verdade é excepcional em apenas no caso descrito abaixo. Exceção da verdade difamação Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. ● A vítima é funcionário público no exercício de suas funções. Ex.: Delegado é chamado de bêbado enquanto trabalha, é preciso provar que o mesmo se encontra neste estado. Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. ● Esta imputação precisa ser sobre QUALIDADE. Ex.: João é o diabo. ● Não tem exceção da verdade, porque você não cabe provar que João é o diabo, burro, etc. §2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. ● Injúria Real – praticada através de contato físico. Ex.: Cuspir na cara X Lesão Corporal Leve (aqui a intenção é lesionar, na outra é ofender a honra). Absorve o crime de lesão corporal leve, mas as de grave e gravíssima gera cumulação de penas. §3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa ● §3º Injúria qualificadora se houver preconceito de raça, cor, etnia ou religião (injúria preconceituosa em que se ofende uma pessoa determinada através do preconceito) X Racismo (crime contra a coletividade, vítima não personificada). Exs.: Placa que diz “aqui não entra nordestino” (Racismo), agora se no restaurante a pessoa diz “burro desse jeito, só podia ser nordestino” (injúria). Casos de aumento de pena Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou pessoa com deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste Código. § 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. § 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena. ● Se o crime for cometido contra servidor público fora do exercício das funções não se incide o aumento de pena. ● Desacato (se for na presença do servidor público; se for contra a imagem da administração; exemplo: burro do jeito que você é não sei como passou no concurso) X Crime contra honra de servidor público (se for na ausência; se for contra o servidor, pessoa certa e determinada). Imunidade nos crimes contra honra Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. ● Não existe imunidade para CALÚNIA! ● I – IMUNIDADE JUDICIÁRIA - Ofensa feita em juízo na discussão da causa pela parte ou seu procurador. Ex.: dizer a juíza foi arbitrária na decisão. OBS.: O Ministério Público só goza de imunidade quando for parte, ou seja, o MP não tem imunidade quando é fiscal da lei. OBS.: Juízes e juízas não gozam de imunidade. ● II – crítica literária, artística ou científica, salvo se ficar claro a intenção de ofender. Ex.: o livro tal é ruim. ● III – opinião desfavorável emitida por funcionário público no exercício das funções. Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. ● É admissível na calúnia e na difamação. Ou seja, NÃO EXISTE na injúria. ● Retratação é se desdizer algo de formacabal e incondicional (não tem condições), de forma linear e reta. Ex.: Chegar em juízo e falar que está retirando que falou que ele roubou a carteira – Eu disse que ele furtou a carteira e agora retiro essa fala. ● Também precisa ser proporcional, ou seja, se a ofensa foi feita na imprensa precisa ser desfeita na imprensa. ● OBS.: só admite retratação os crimes de ação penal privada (promovida por vítima ou seus representantes legais). ● Não se confunde com a refutação da autoria (exemplo: eu não falei que ele estava roubando a carteira). ● Na retração não se exige a concordância da parte supostamente ofendida. Porque quem está abrindo a mão do direito de punir é o Estado. Não se pergunta a vítima se ela aceita a retratação! ● A retratação só pode ser feita até a sentença. Interpelação Criminal Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. ● Também chamado de pedido de explicações em juízo. ● Ela serve para poder questionar o teor de uma fala que não é muito nítida se gerou uma ofensa ou não. Ela é normalmente para o outro parar de falar (GAMIL). ● Interpelação é uma providência dispensável e que, portanto, não suspende e não interrompe o prazo para oferecimento da denúncia ou queixa. Ação penal nos crimes contra honra Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. ● Via de regra a ação penal é privada e se processa mediante queixa. ● Ela será condicionada a requisição do Ministro da Justiça se o ofendido for Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. ● Na injúria preconceituosa ou racial – a ação penal é condicionada a representação. ● Na injúria real – a ação penal vai ser fixada pelo tipo de lesão corporal. Se for leve vai ser condicionada (precisa da participação da vítima para sua proposição da Ação Penal pelo Ministério Público) a representação, se for grave ou gravíssima ou seguida de morte vai ser ação incondicionada. ● Se o ofendido for funcionário público, de acordo com o Código Penal, ela é condicionada a representação, porém o Supremo estabeleceu o enunciado de súmula 714 e existe aí portanto dupla legitimação concorrente (via queixa crime). CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Patrimônio ● São coisas e bens LÍCITOS que possam ser valoradas economicamente. ● Patrimônio sentimental não é objeto de crime. Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ● Subtração de coisa móvel é o que pode ser movido. ● Sujeito passivo - Proprietário, o possuidor (detém a coisa em nome próprio) ou o detentor (detém em nome de terceiro). ● Coisa Móvel - Tem que ter valor econômico se for insignificante afasta a tipicidade (Princípio da Insignificância. ● Direito Penal não protege a coisa abandonada (Res Derelicta). Porém pune por apropriação indébita (art. 169 – coisa perdida – res deperdita). ● Res nullius (coisa que não tem dono) – exemplo é fruta em praça. X res publica (coisa pública) – exemplo são as lixeiras da sala da UFBA. ● A característica do furto é animus furandi (intenção de se apropriar da coisa em caráter definitivo), é por isso que o chamado furto de uso é fato atípico (quando o sujeito pega a coisa em um breve espaço de tempo sem permissão e tem a intenção de devolver e devolve), pois falta a tipicidade objetiva, a intenção de se apropriar. ● Obs.: O decreto 201/67 prevê que furto de uso praticado por PREFEITOS é crime. O Código Penal Militar pune furto de uso praticado por militar também. ● Há poucos anos o STJ pacificou o entendimento de que o furto se consuma no mesmo momento que o roubo, ou seja, não se exige a posse mansa e pacífica, bastaria que a coisa fosse retirada da esfera de disponibilidade da vítima. ● O furto do caput é chamado de “furto simples” para o qual cabe suspensão condicional do processo. Furto não se confunde com: ● Peculato - se protege um bem público e a conduta só pode ser praticada por funcionário público ● Roubo – é subtração com violência, grave ameaça ou depois de haver reduzido a vítima a impossibilidade de resistência, sendo que essa impossibilidade foi gerada pelo sujeito ativo. OU SEJA, a diferença está nos meios e modos de execução. Ex.: Furto em pessoa que se embebedou, roubo se foi drogada pelo agente para se cometer o crime. ● Apropriação indébita – o autor tem a posse não vigiada da coisa e o sujeito ativo age como se proprietário fosse sendo diferente de mora que considera o proprietário original. No furto a possa é vigiada. ● Estelionato – Induz a vítima em erro para fazer com que ela me entregue a coisa. Ex.: Venda de camisa falsificada. Furto é quando o sujeito ativo apreende a coisa para si pode ser com fraude (exemplo é a encenação com vendedor enquanto outros furtam). § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. ● Se o furto for praticando o repouso noturno, não se confunde com noite, pois é o horário em que as pessoas de um determinado lugar habitualmente se recolhem. Obs.: Para que a causa de aumento incida é necessário que o fato seja praticado em um local fechado destinado ao repouso. Obs.: O aumento vai incidir ainda que a casa não esteja ocupada. Haverá o aumento de pena ainda se eventualmente a casa estiver ocupada e com moradores acordados. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. ● Furto mínimo (§2º) - coisa de pequeno valor. Para o Supremo é aquilo inferior a um salário mínimo (valor de mercado). Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. ● I – precisa ser exterior a coisa. ● II - Se houver destreza (qualidade prestidigitador, tenha especial habilidade e aplique no caso concreto). Ex.: Tirar o celular do bolso sem a vítima sentir. Se houver escalada (é o acesso a coisa por via anormal, pulando o muro ou cavando um túnel). Ex.: Assalto ao banco central através de túnel. ● III – qualquer instrumento que permita a abertura de uma porta sem precisar desmontar ou arrebentar a porta. Ex.: Cartão. ● IV – Conta até inimputáveis. Ex.: Cometeu o crime com 2 adolescentes de 17 anos. Pode ter o concurso de pessoas em conjunto com associação criminosa? Tecnicamente falando esta qualificadora não deveria incidir com o crime de associação criminosa (existe estabilidade de permanência), mas para o STJ pode ter. § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum ● Este é o único furto hediondo. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. ● Não admite tentativa. ● Só vai ser aplicado quando ultrapassar a divisa. § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. ● Semovente é animal. ● Ex.:Roubo de gado. Furto de coisa comum Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. ● Se tem copropriedade. Obs.: Empresa não tem dono, tem sócios. Roubo Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ● Crime pluriofensivo e complexo (formado pela junção de 2 crimes). O roubo é uma subtração com emprego de violência ou de grave ameaça ou após o agente ter reduzido a vítima a impossibilidade de resistência. ● É um crime comum que comporta dupla sujeição passiva, ou seja, pode haver um único crime com duas vítimas. Ex.: Aponta o revólver na cabeça do filho para roubar a bolsa da mãe. Obs.: Roubo é crime contra patrimônio, então se roubasse o brinquedo do filho e a bolsa da mãe são dois roubos. ● Não admite princípio da insignificância. Roubo X Extorsão ● No roubo o proveito patrimonial existe mesmo que a vítima manifeste oposição, é indiferente a concordância da vítima. ● Na extorsão o proveito patrimonial somente vai existir se a vítima concordar. ● Súmula 196 STJ – extorsão é crime formal (no momento que a exigência é feita, ou seja, independe do resultado). No roubo é crime material (necessita do resultado). Roubo impróprio § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. ● Não se admite tentativa. ● É um furto que se transforma em roubo. Ou seja, existe primeiro uma subtração e somente no segundo momento é que se emprega a violência ou grave ameaça. Roubo majorado (mas chamam de qualificado) § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; ● Para o STJ na súmula 442 – É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo. ● III – serviço de transporte de valores é qualquer um mesmo que rudimentar. ● V – quando a vítima for de roubo, a vítima não precisa concordar e se restringe sua liberdade para garantir o roubo. Ex.: Invade casa e prende moradores em banheiro enquanto rouba os pertences. *Sequestro relâmpago - é um crime no qual uma vítima, geralmente sequestrada em seu próprio veículo, é mantida por um curto espaço de tempo — frequentemente por poucas horas — sob controle de criminosos que lhe roubam dinheiro, cheques, automóvel, cartões de crédito, celulares e demais pertences. Até 2009 era extorsão mediante sequestro, porém atualmente é previsto no art. 158 §3º. § 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. ● A Terceira Seção do Egrégio Superior Tribunal de Justiça cancelou definitivamente a Súmula 174 STJ - No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena. Artigo sobre súmula 174 STJ - GOMES, Luiz Flávio. STJ cancela súmula 174:: arma de brinquedo não agrava o roubo. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 7, n. 53, 1 jan. 2002. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/2561. Acesso em: 26 nov. 2022. ● Na HC 96099 / RS o Supremo entendeu que: II - Lesividade do instrumento que se encontra in re ipsa. III - A qualificadora do art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pode ser evidenciada por qualquer meio de prova, em especial pela palavra da vítima - reduzida à impossibilidade de resistência pelo agente - ou pelo depoimento de testemunha presencial. IV - Se o acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência de potencial lesivo da arma empregada para intimidar a vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal. ● Assim, o Supremo entendeu que a perícia é desnecessária e é o réu que deve provar que não tinha potencial lesivo a arma. Tem que ter prova incontroversa (tiro), mas STF acredita em testemunha e vídeo. ● II – se houver emprego de explosivo é crime hediondo. Roubo qualificado § 3º Se da violência resulta: I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. ● Qualificado por resultado – dolo + dolo ou dolo + culpa (preterdoloso) / Ainda tem culpa + culpa, mas é raro. Obs.: Para que incida o §3º é necessário que a morte esteja no mesmo contexto de tempo e no mesmo contexto de furto e tempo do roubo, se assim não for não se tratará de roubo qualificado e sim de roubo em concurso com homicídio. ● Latrocínio (roubo seguido de morte) não vai a júri, porque não é crime contra a vida e sim contra o patrimônio. Sendo somente hediondo quando o roubo resulta em morte. Haverá um único latrocínio mesmo que morra + de uma vítima. ● Vai se configurar §3º independente da qualidade da vítima. Ex.: Assalto em banco, atira para o alto e acerta o faxineiro sem querer. ● Morte tentada x Lesão corporal consumada: diferencia pela intenção. Culposa não admite tentativa. ● Apesar de latrocínio ser o crime contra o patrimônio, o Supremo firmou entendimento de que consumada a morte, consumado está o latrocínio. Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. ● Na extorsão, se o proveito patrimonial existir, é porque a vítima concordou. ● A promessa de mal costuma ser futura. ● É crime formal e se consuma no exato momento em que a exigência é feita, ainda que a vítima não entregue a coisa. ● No § 1º foram previstas causas de aumento de pena para a extorsão. No roubo há cinco causas de aumento; na extorsão há apenas duas: emprego de arma e concurso de pessoas. No caso da arma valem os mesmos comentários feitos para o roubo. ● No § 2º foi prevista a extorsão qualificada pelo resultado morte e pela lesão corporal. Valem aqui os mesmos comentários feitos ao § 3º do roubo. ● §3o – Sequestro relâmpago. Extorsão mediante sequestro Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de oito a quinze anos. ● É crime hediondo em todas as modalidades! ● Esse crime só existe se for sequestro de pessoa. Sequestro de cachorro é somente extorsão (art. 158). Obs.: Neste não se exige 24 horas. ● O sequestro precisaser real. Ex.: Pede dinheiro por falso sequestro. ● Precisa ser exigência de vantagem patrimonial, afinal é um crime contra patrimônio.] ● Esse crime se consuma no momento do sequestro, mesmo que não ocorra o pagamento do resgaste. Qualificadoras § 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de doze a vinte anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos Colaboração premiada (delação premiada) § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. ● Lei 12.850/13 no §4º regrou o procedimento. ● O CP se tornou subsidiário a lei devido que nela pode se conseguir perdão judicila ou redução de 2/3 da pena e no Código só se prevê a redução. ● Requisitos: Ser o 1º a delatar e não ser o líder. Apropriação indébita Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ● O sujeito recebe a coisa de forma legítima, mais incerte o título da posse e passa a agir como se proprietário fosse. Ex.: Raul empresta livro a João, ao pedir de volta João diz ser o dono do objeto. ● O dolo é superveniente. No estelionato e dolo antecedente. ● Na apropriação o dono tem a expectativa de que a coisa vai ser devolvida, sendo a sua posse vigiada. Aumento de pena § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Apropriação indébita previdenciária Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis ● Estelionato é um crime patrimonial indissociavelmente ligado à fraude. ● A relação do estelionato com a falsidade é regida e resolvida pela súmula 17 do STJ: quando o falsum se exaure no estelionato sem maior potencial lesivo, fica por ele absorvido. Essa súmula permite concluir duas coisas: se a única lesão que a fraude trouxer for patrimonial, a falsidade fica absorvida pelo estelionato. Se a falsidade puder lesionar um outro bem além do patrimônio há estelionato em concurso com falsidade. Ex.: faço um capacete e digo que era de Airton Senna e falsifico o certificado de autenticidade há só estelionato porque não há nenhum outro bem jurídico a ser resguardado. ● Vítima do estelionato: qualquer pessoa com capacidade de discernimento. Se a pessoa não tiver discernimento há abuso de incapaz (art. 174). Ex.: você dá 5 reais para um menino para que de a ele 10 balas. Você devolve 5 balas e 50 centavos é abuso de incapaz. ● Haverá crime de estelionato mesmo a vítima esteja de má-fé. Ex.: golpe do bilhete premiado. ● Estelionato é crime material, ou seja, precisa ser feita a apropriação, o resultado. ● Sujeito passivo do estelionato é pessoa certa e determinada porque se o crime for contra a coletividade vai ser crime ou contra a economia popular ou contra as relações de consumo ou eventualmente até contra a saúde pública. Ex.: quando num posto você paga por 90 litros e ele só coloca 60 há aqui crime contra a economia popular. ● O legislador pune o chamado estelionato silencioso, é quando a vítima se apresenta em erro sendo a obrigação o autor do fato adverti-lo do erro. Ex.: você vai pagar uma conta de 50 reais e você deu, sem perceber, 2 cédulas de 50. Se o sujeito pega os 100 reais e sabe que você está em erro há aqui estelionato. ● Estelionato não se confunde com o crime de moeda falsa porque moeda falsa é crime contra a fé pública da união. A diferença em termos práticos é que na moeda falsa existe a possibilidade de lesionar um número indefinido de pessoas e no estelionato somente se lesionam pessoas pouco observadoras. OU seja, na moeda falsa tem que iludir a maioria das pessoas.