Prévia do material em texto
1 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNICARIOCA A CONTRIBUIÇÃO DA LEITURA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA A FORMAÇÃO DO CIDADÃO. EVELYN DA C. ELOY Rio de Janeiro 2 2019.2 3 EVELYN DA C. ELOY A CONTRIBUIÇÃO DA LEITURA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA A FORMAÇÃO DO CIDADÃO. Orientador: Juliana Cassia de Avellar Serpa Rio de Janeiro 2019.2 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Carioca, como requisito parcial pra obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, pois sem ele nada disso teria dado certo. Aos meus pais, pois a todo momento estiveram ao meu lado quando pensei em desistir. Ao meu noivo, por ter sido meu ombro amigo quando eu mais precisei e aos meus amigos e familiares que embarcaram comigo neste sonho. Obrigada a todos! Amo vocês. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, aos meus pais e familiares por toda dedicação e a todos os professores em especial minha orientadora e professora Juliana Serpa e a professora Glória Graçano, que nos deixou este ano. 6 RESUMO Este trabalho teve como objetivo de estudo a leitura na educação básica como fator determinante na formação do cidadão. Com objetivo de investigar o quanto a leitura é fundamental para os seres humanos e o porquê que atualmente está tão difícil despertar o interesse das crianças para os livros, se sabemos que é de pequeno que formamos leitores. Desta forma, é possível afirmar que a realização da pesquisa tem grande relevância uma vez que ressalta a importância de os alunos serem apresentados/estimulados a leitura de maneira significativa para eles e que faça sentido para sua vida, com isto iremos despertar cada vez mais o interesse pela leitura e pelos livros. A partir das informações obtidas, foram discutidos e analisados a transcendência dos alunos terem opção de escolha, podendo então, escolher o que ler e assim estariam contribuindo para sua formação como leitor, a necessidade de ter professores leitores, o incentivo à leitura dentro e fora da escola e que façam sentido para aquele aluno. Conclui-se que, a leitura ou a falta dela, vem se tornado uma grande preocupação, que vai além da escola, porém é da escola que esperamos que sejam formados estes leitores e que se mantenha esse vínculo e essa conexão, para que não se forme apenas um leitor, mas sim, um cidadão com gosto pela leitura, que consiga interpretar melhor textos lidos. Para isto, precisamos apresentar aos alunos diferentes gêneros textuais, com objetivo de mostrar que a leitura pode ser prazerosa e interessante. Palavras–chave: Leitura; Educação básica; Formação do cidadão. 7 SUMÁRIO Nº da página 1 – INTRODUÇÃO 8 2 – REFERENCIAL TEÓRICO 10 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 24 4 - CONCLUSÃO 30 5 - REFERÊNCIAS 32 8 1 INTRODUÇÃO O despertar do gosto pela leitura e algo muito desafiante, principalmente quando falamos da troca professor/aluno, pois tomar gosto pela leitura e sobretudo ter consciência de que irá se expandir cada vez mais sua capacidade de conhecer um mundo surpreendente e mágico. Sabemos que neste processo alguns alunos poderão apresentar algumas dificuldades e outros não. Os índices do PISA (programa internacional de avaliação de estudantes) vem mostrando que alguns alunos que já concluíram o ensino fundamental I, apresentam uma grande defasagem quando se fala de interpretação de textos, ou seja, o aluno ler, porém não consegue extrair nada do texto que leu, com isso notamos uma necessidade muito grande de melhoria na nossa metodologia de ensino, para futuramente esses resultados venham mudar, pois o letramento é algo fundamental na vida de um cidadão, pois o mesmo já letrado consegue compreender, refletir e utilizar tudo do texto que por ele foi lido. A presente pesquisa tem como interesse a compreensão do motivo da leitura ser afastada dos alunos logo na educação básica, que é de onde sai todo seu embasamento para uma vida de sucesso e quando é introduzida só é aceita de uma maneira obrigatória, ou seja, os alunos só leem quando são impostos a leitura, ao invés de ser um ato prazeroso ou de distração, acaba tornando-se um ato didático e muita das vezes avaliativo. Por este motivo precisamos investigar meios que despertem nos alunos a vontade de ler, buscando sempre leituras significativas e dando ao aluno o poder dele mesmo escolher o que ele quer ler. 1.1 Objetivos Este relatório de pesquisa tem como objetivo geral analisar os aspectos da leitura na educação básica no desenvolvimento e na formação de um cidadão. 9 Sendo os objetivos específicos: (1) conceituar a leitura, ressaltando a sua importância na vida do cidadão;(2) Descrever o conceito ‘’estímulo’’ como principal causa negativa da leitura não ser algo primordial; (3) Retratar os problemas que um cidadão sem o estimulo a leitura convive aos longos dos anos. 1.2 Justificativa No mundo de hoje, onde a tecnologia está por toda parte, é difícil você estimular a leitura em crianças e adolescentes, pois são muitas distrações e logo se entende o motivo da leitura está sendo esquecida. É relevante que a família e a escola trabalhem da mesma maneira, trazendo para a escola projetos envolvendo toda a família, com leituras significativas para os alunos, não apenas cobrando leituras de livros didáticos, onde muitas das vezes desperta o desinteresse do aluno para a leitura, o afastando cada vez mais dos livros e tirando a sua vontade e ler que aflora a sua criatividade. O livro precisa ser apreciado e apresentado como uma fonte de prazer, onde qualquer indivíduo consegue viajar em sua imaginação e o fazendo ter pensamentos críticos sore as suas escolhas. O papel da escola é exatamente esse, formar cidadãos com pensamento crítico e de visão ampliada para o mundo, mas para isso a escola precisa estimular a leitura dentro e fora da escola, despertando o gosto pela leitura de maneira relevante, que faça sentido para o aluno e não o fazendo ler obrigatoriamente. É de extrema importância que o contato com a leitura seja estabelecido desde cedo com a criança, assim como se estabelece com brinquedos, estimulando o interesse e o cuidado com os livros, desta forma a curiosidade é despertada. 1.3 Metodologia O Projeto é inserido na perspectiva de uma pesquisa qualitativa, por mostrar características narrativas, não com o intuito de obter resultados em números. A pesquisa qualitativa, de acordo com Oliveira (2011) tem como 10 proposito usar os dados buscando o seu significado, procurando esclarecer as origens, relações e mudanças, tentando compreender as suas consequências. Os dados dessa pesquisa são pertinentemente descritivos, o material é rico em descrições, fatos, fazendo que o pesquisador tenha como fonte o seu ambiente de pesquisa. O Projeto classifica-se como pesquisa exploratória, por envolver levantamento bibliográfico, possibilitando aumentar o conhecimento sobre os fatos, promovendo critérios e compreensão sobre o tema, para que isso ocorra serão realizadas observações, facilitando o entendimento na busca do propósito da criança em conhecer determinados livros e qual a sua motivação para lê-lo. A Pesquisa Bibliográfica apoiar-se-á em autores de grande relevância acadêmica tais como: Kramer (2001), Fernandes; Paula (2018), Martins (2018) e Carvalho (2018) entre outros selecionados com critérioscientíficos rigorosos. 1.4 Organização do Trabalho Este trabalho está assim dividido: introdução, parte na qual se apresenta o trabalho e demonstra a sua importância; pressupostos teóricos, na qual se exploram as teorias que embasam o trabalho; resultados e discussões, onde se discute os dados coletados e os seus resultados; conclusão onde se apresentam as considerações finais sobre o trabalho e sobre os principais resultados obtidos e referências, onde são citadas as referências utilizadas no desenvolvimento do trabalho. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 – A relação da criança com a leitura para uma formação crítica e significativa. Quando falamos da desmotivação dos alunos no que se refere a leitura o ideal é saber sobre as experiências de docentes com os livros quando ainda 11 estavam na primeira infância e quando estavam na escolaridade. No ano de 2001, Kramer quis se aprofundar no assunto e a sua inspiração foi ‘’ cultura moderna e linguagem: o que narram, leem e escrevem os professores’’. Em suas entrevistas, ela buscou entender quais ligações eles tiveram com os livros durante a sua vida. Tivemos que aprender a escutar, nas vozes, nas palavras que falavam da importância de um pai, de uma mãe, de uma avó ou de um irmão na criação do gosto de ler e do papel secundário desempenhado pela escola; depoimento que contavam da leitura forçada, antigo (e perdido) gosto de ler, de muitas boas e más lembranças que a conversa de leitura e escrita suscitava, do dever de ler imposto pela escola em que um dia foram alunos (KRAMER, 2001, p. 135) Depois de ouvir cada um deles e suas histórias desmotivacionais sobre a imposição a leitura e o desprazer que essa obrigatoriedade trazia a vontade de não ler. Por um número quase q unanime, a autora expõe o quanto a escola cria não leitores, o que preocupa, pois vemos que a preocupação está em suas notas e não com seu futuro na leitura. A leitura de escola se encapsula em leitura da escola, onde notas, ‘’ provas de livros’’, fichas e apostilas com resumo de histórias ocupam o tempo e o espaço que, na concepção daqueles que – como eu – preferem o gosto ao hábito, precisariam ser tempo/espaço de desfrutar o livro (KRAMER, 2001, p. 136). Com este sentido, a autora supracitada cole de seus alunos informações, para fazer um levantamento com o objetivo de saber quais eram os que gostavam de ler e que por algum momento deixaram de gostar e o porquê, se tratando de futuros docentes iriam ter que motivar seus alunos, sendo que, nem os mesmos tinham esse gosto pela leitura. A autora concretizou a seguinte ideia, realizar um trabalho para desmitificar a ausência de interesse ou a presença dele pela leitura: • Individual – cada aluno escreveria sua própria história, fazendo ligações com os textos e os debates feitos em sala. • Em grupos – os grupos escolheriam um autor de seu interesse e um livro, depois preparariam uma apresentação com o objetivo de 12 despertar em seus amigos de sala a vontade de saber mais sobre o autor e o livro. Com esta proposta os alunos que ‘não gostavam de ler’, se aproximariam da leitura, e tirariam suas próprias conclusões e vivencias de tal leitura, despertando então o interesse pela leitura e a fazendo com que eles se aproximassem dos livros de maneira natural. Em sua pesquisa muitos alunos falavam que não gostavam de ler, principalmente depois que a leitura passou a ser obrigatória. Já outros, relatam o quanto era bom ler, porém uma leitura significativa para eles Um dos relatos mais relevantes foi de uma aluna, no qual ela conta como foi perdendo o interesse pela leitura a partir do momento que a leitura se tornou obrigatória: Lembro-me bem que dos 3 e 4 anos, ganhei um lindíssimo livro de história. Alice no País das Maravilhas. Este fora o meu primeiro livro. Desde então fiquei ansiosa para aprender a ler. Insistia todos os dias para ir à escola... Mesmo sendo enorme não me cansava de leva-lo para cima e para baixo. Ele me parecia mágico... Porém a cada ano de escolaridade que se passava, o desejo que outrora me alimentava foi sendo sufocado. Cada vez mais fui deixando o mundo fantástico da leitura: ler passou a ser obrigação [...]. (KRAMER, 2001, p.143) Porém, também houve relatos positivos, onde a leitura ocorreu de maneira prática e real estimulando positivamente ao ato de ler e criando gosto pela leitura. Para Kramer (2001, p. 144) “o fato é o gosto de ler apareceu – nos – depoimentos – junto com ações que tinham um forte significado cultural e um claro sentido social”. No entendimento da autora supracitada a separação de o desligamento do interesse pela a leitura começa quando a mesma se torna uma obrigação curricular, onde os alunos são impostos a ler por obrigação ou para cumprirem um regra, não ocorre uma leitura de maneira natural com práticas culturais, onde 13 se pode ter escolha do que vai ler o que é fundamental para se despertar o gosto e o prazer pela leitura. Tratando-se dos alunos que não liam e nem eram interessados pela leitura, mas com uma abordagem e uma didática diferente, uma respectiva aluna escolheu Carlos Drummond de Andrade para ser seu ponta pé inicial a leitura, o que aflorou seu interesse, não só pelo autor, mas pela leitura de maneira geral “Me apaixonei por Carlos. Nunca imaginei que alguém podia escrever falando coisas que eu sentia” (KRAMER, 2001, p. 147). Com este relato fica nítido o quanto é preciso incentivar para que se desperte o prazer pela leitura. Depois de todos os relatos, Kramer (2001, p. 149) afirma ‘’ é possível voltar a ser leitor, voltar a ler e a gostar de ler’’. É de extrema importância destacar o quanto a opção de escolha e uma prática vivenciada podem ser feitas pela escola. Continuando com o aspecto de formação de leitores a leitura precisa ser inclusa desde a educação infantil, pois é um recurso muito importante para o letramento/alfabetização. Continuando sobre o assunto, a leitura a bastante tempo vem sido vinculada e interligada ao prazer. Com a ideia de adquirir ainda mais leitores a sociedade idealizou que ler sempre é um ato prazeroso. Para que assim, seja desvinculado que a leitura precisa estar interligada somente ao ambiente escolar. Para estimular e apresentar a leitura, as mídias e as editoras para promover o estímulo mostram sempre crianças sorridentes sobre um determinado livro; pessoas lendo em locais públicos como praças, parques com aquela grama bem bonita, sempre sorridentes; pais fazendo contação de história aos seus filhos antes de dormir. Carvalho; Baroukh (2018) afirmam que a leitura em si, provocam infinitas emoções, não só o prazer. 14 Podemos sentir acuados por um texto, desafiados, aborrecidos ou entediados. Abandonamos os livros com os quais não conseguimos dialogar, lutamos, com as leituras mais difíceis e ficamos felizes por conseguir avançar e conhecer, por exemplo, a escrita de um clássico, depois de muito trabalho. (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 108) De acordo com as autoras supracitadas, a ideia de sempre ligarmos a leitura ao prazer cria um aspecto de que ler sempre vai ser fácil, rápido e maravilhoso, mas nem sempre é assim. Sendo assim, quando o leitor se depara com uma leitura sem essas características, acaba ficando confuso e assustado, pois não é nada daquilo que ele imaginava ser comparando ao prazer. Segundo as autoras o leitor “pode se sentir ludibriado e querer desistir da leitura que não lhe ofereceu o prometido e conhecido prazer” (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 108) Britto (2007, apud CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 108) afirma em sua literatura que a leitura vai além do prazer, o que nos permites vivenciar experiências profundas para a vida, vertente inexorável da vida humana. Podemos ver que a literatura como um incentivo diário ao fluxo da vida. Para a formação do leitor não sepode esquecer de apresentar essas questões, pois precisam entender o que a humanidade já viveu e o quanto evoluiu sobre seus pensamentos sobre si. É notável que se esperava que as crianças começassem a ler com implantação da literatura infanto-juvenil em sala de aula, sendo que isto não acontece, pois a leitura vem acompanhada como tarefa a ser realizada e de maneira avaliativa imposta pela escola, quebrando e desfazendo todo o encanto e magia da leitura, é o que afirma a autora. Cada criança tem seu tempo, seu ritmo de leitura, mas é deixado tudo isso para trás quando a escola delimita tempo para terminar determinada leitura, mostrando ao aluno aquela leitura obrigatória e esquecendo de preservar o individual de cada um e sem respeitar o que realmente a criança precisa. 15 É valido destacar que cada aluno precisar ter opção e voz para suas escolhas, nem sempre o que é significativo e interessante para um será para todos. Mesmo nas escolas mais democráticas, onde se dá o direito de escolher entre dois ou três, quais os referenciais reais para essa prévia seleção? Por que não ampliar os horizontes, indos ás livrarias ou bibliotecas e deixando cada aluno manusear, folhear, buscar, achar, repensar, rever, reescolher, até se decidir por aquele volume, aquele autor, aquele gênero, que, naquele determinado dia, lhe desperta a curiosidade, a vontade, a inquietação? Claro que, para isso, a professora teria que ler muito mais livros, e a questão que fica é esta: ela está disposta a fazer isso? (ABRAMOVICH, 2005, p. 140) Pontuando ainda mais sobre, é necessário que os professores ampliem suas opções literárias pois só conhecem os livros que existem nas suas casas e nas escolas, não procuram aqueles com um conteúdo significativo. Tratando-se de uma leitura monótona, onde não desperta o interesse e abordam assuntos que não fazem significado algum para a criança, onde gera o afastamento cada vez mais da leitura, pois não há como se criar um relação prazerosa e de exploratória. Além disso, os professores usam textos gramaticais apenas para serem feitos os exercícios, tirando totalmente o poder de escolha dos alunos sobre os livros que querem ler, deixando totalmente de lado o aprofundamento do senso crítico do aluno. É importante destacar que, textos juntamente com exercícios não desenvolvem o senso crítico do aluno, pois não tem como os mesmo refletirem sobre o que leram e nem tão pouco esperar os sentimentos e todo tipo de sensação que sentiram durante a leitura. Abramovich (2005, p. 143) afirma que “Ao ler uma história a criança desenvolve todo potencial crítico. A partir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar”. Por isso que é fundamental manter um diálogo com as crianças sobre o tipo de leitura que as atraem, para poder apresentar novos, os 16 ajudando a fazerem novas descobertas, o que é extremamente importante para a formação do seu senso crítico. A criança precisar estabelecer este contato com o livro, estar sozinha com ele para se familiarizar, despertar esse interesse dentro dela e que haja momentos de troca de com os colegas de sala, para um mostrar ao outros as diferentes visões e interpretações de um mesmo livro e/ou texto, aprendo a respeitar a visão do outro e sua opinião. Tratando-se da formação de cidadãos críticos, os professores devem sempre estar abertos a aceitarem os diferentes tipos de interpretação, pois cada aluno terá sua própria opinião e iram trazer para sala de aula algo deferente, pois caso isso não aconteça, esses alunos estram lendo por ler e/ou para ganhar nota. Contemplando Abramovich (2005, p.148) “Se ler for mais uma lição de casa, a gente bem sabe no que é que dá... cobrança nunca foi passaporte ou aval pra vontade, descoberta ou pro crescimento de ninguém...” Profundamente, o ato de ler engloba toda compreensão crítica, não só apenas da decodificação de palavras, mas sim de tudo ao seu redor, o seu mundo. Freire (1989, p.9) destaca que “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se aprendem dinamicamente”. O texto só terá compreensão se for almejada relações com o seu contexto. O ato de ler acontece a partir das experiências existências. Em primeiro temos a leitura do mundo, para despois termos a leitura da palavra escrita, entretanto para Freire nem sempre haverá a leitura da “palavramundo”. Por isso tudo que é vivido na infância irá refletir positivamente na construção das primeiras leituras, aumentando cada vez mais sua capacidade de enxergar tudo a sua volta, compreendendo então tudo que tem em sua volta e estabelecendo uma ligação com o meio que está sendo inserido. 17 Quando se faz a leitura do mundo que está em sua volta, faz com que a leitura da palavra tenha mais significado. “A decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do mundo particular”, afirma Freire (1989, p. 11). Só se compreende a importância do ato de ler, quando se tem noção crítica que é construída quando se prática, experimentando então, a ideia crítica de cada texto lido. De acordo com Freire (1989) devemos despertar a curiosidade dos estudantes, nada de engolir eles com a regência verbal, sintaxe de concordância, crase, o pronome, devemos sim apresentar de uma maneira dinâmica e viva dentro de um texto, onde este texto seja desvelado por eles, aguçando seu interesse. Nada de aprender de maneira forçada e mecânica, mas sim dando sentido e significado. “[...] a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma “escrevê-lo”, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.” (FREIRE, 1989, p.13). Notamos então que para se torna um adulto crítico se faz necessário o estímulo à leitura desde a infância, só assim a criança terá deferentes opiniões sobre o que lê, já um adulto sem este estimulo, dificilmente conseguirá expressar ou expor suas experiências na formação de opinião. 2.2- O Professor sendo Mediador para a Formação do Leitor. Segundo Carvalho; Baroukh (2018) as atividades de leitura precisam sempre ser planejadas, tendo clareza em suas finalidades, se são para diversão, tratando-se de um texto legal; se é um texto desafiador; se são texto com ligação aos estudos. O professor sempre deve ler os textos antes, para saber o que deseja extrair do aluno e o que deseja alcançar com determinada leitura. Não se pode esquecer também de como essa leitura será apresentada, quais ligações o aluno terá com o texto e como será a conclusão. 18 Alguns professores só trazem a leitura para sala de aula quando se tem tempo sobrando, ou seja, não se planeja nada para aquele momento, pegando qualquer livro de maneira aleatória sem ter noção alguma de como será feita a abordagem em sala de aula, pode ser pego de surpresa por um livro com uma linguagem inadequada ou até mesmo com um livro danificado. Carvalho; Baroukh (2018) ressaltam que a leitura literária não deve ser apresentada de maneira isolada, a mesma deve acontecer em um momento contextualizado trazendo sentido para o aluno. Há que se considerar um percurso, um plano de leituras a partir do que os alunos já leram, para onde vão, o que falta mostrar a eles, em termos da produção literária. Tudo isso faz parte de um planejamento maior a ser realizado pelo professor, apoiado pelo coordenador pedagógico e pela equipe escolar, considerando que os roteiros de leitura devem surgir no plano geral da escola e conversarem entre si. (CARVALHO, BAROUKH, 2018, p. 110) Portanto, a grande maioria dos professores possuem uma lista de livros que dividem com seus alunos todos os anos, desta maneira a leitura acontece sem contexto algum. Entretanto, é inevitável que as escolhas dos livros sejam feitas pelos professores, já queos mesmos têm a função de ensinar e mostrar todo conhecimento construído e vivido pela sociedade. Carvalho; Baroukh (2018) levantam a questão sobre as escolhas das obras literárias. Elas seriam a penas responsabilidade do professor ou os alunos também deveriam voz, uma vez que participam apresentando suas ideias como leitores. A discursão tem início a partir de quando o professor faz suas próprias escolhas em obras do qual os alunos que iram ler. Da mesma forma que cada leitor faz a escolha dos textos que vai ler com base em um propósito, o professor também o faz quando seleciona um título para compartilha. Em geral, ele escolhe as leituras 19 para apresentar determinado gênero literário; ampliar o repertório de seus alunos; “trabalhar” certo tema ou autor; promover o encantamento dos alunos com a leitura. (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 100) De acordo com as autoras, os professores fazem as escolhas dos livros a partir do que já leram e do que conhecem e de acordo com suas bagagens leitoras, mas a escola precisa ter esta troca com os professores para ter domínio e influencia total nessas escolhas. Para se selecionar livros, o professor precisa ser um leitor atípico, tendo um leque de opções para que assim se amplie ainda mais seus títulos e com isso mude sempre de livros, caso contrário apresentará a mesma leitura todos os anos. É o caso de professores que acreditam que apresentar obras de autores que já são conhecidos pela crítica e pela história basta. Muitas vezes, eles não se aprofundam no conhecimento de como a geração de seus alunos está enxergando o mundo [...] (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 101) Carvalho; Baroukh (2018) afirmam que ainda existem professores com uma grande necessidade de apresentar autores com grande relevância por conta de seus textos, mas esquecem o quando é importante acrescentar no acervo dessas crianças autores novos, mas na prática isto não acontece. A cada ano, inclusive por conta de programas de governo e de políticas de incentivo à compra de livros para as escolas, vemos aumentar o número de publicações destinadas ao público jovem e infantil. No entanto, é curioso que, em muitas escolas, ainda vemos sempre os mesmos autores circulando. As mesmas coleções que estão há anos nas prateleiras das escolas (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 101) As autoras destacam que os alunos precisam poder escolher o que ler e serem estimulados a lerem livre e espontânea vontade, porém para isto acontecer os livros precisam estar ao seu alcance e disponíveis, mostrando sempre que “se há as escolhas de livros a serem lidos por todos, há também 20 livros que precisam circular livremente pela escola, pela sala de aula, para serem escolhidos pelos alunos.” (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 102) Até porque o professor precisa compreender que ensinar está além de transferir conhecimento, mas de criar novas perspectivas para que o próprio aluno crie. O professor precisa sempre estar disposto a ser questionado para então poder ensinar e não fazer transferência de conhecimento. É preciso insistir; este saber necessário ao professor- que ensinar não é transferir conhecimento- não apenas precisa ser apreendido por ele e pelos educandos nas razoes de ser- antológicas, políticas, éticas, epistemológica, pedagógica, mas também precisa ser constantemente testemunho, vivido. (FREIRE, 1996, p. 27) De acordo com o autor supracitado, o discurso sobre a Teoria precisa ser algo concreto, não se pode apenas falar sobre suas razões. Tratando-se de construção de conhecimento necessita estar envolvido nela e envolver totalmente os alunos. O autor ainda destaca o inacabamento do ser humano, sendo próprio da existência vital. Freire (1996, p. 29) afirma quando diz, “Onde há vida, há inacabamento”. Através de suas vivências o ser humano se transforma e não vira um deposito de conteúdo. Com possibilidades de arrumar ou desarrumar o mundo, o ser humana tem capacidade de criar e realizar grandes ações, se inserindo no mundo de maneira positiva, mas também podendo agir de maneira negativa infligindo com sua ética. Falando de um ser humano em formação, podemos afirmar que nada ainda estar certo, ou seja, pode acontecer algo fazendo tudo mudar. Para Freire, quando temos consciência do que se trata quando falamos de um ser inacabado, temos a ideia de que podemos ir mais longe, tendo a noção de saber em que meio está sendo inserido. É importante que o educador sempre preserve a curiosidade de eu aluno. Não deixando que seus conteúdos tornem- 21 se mecânicos, afastando os alunos de suas capacidades de explorar-se. Freire (1996) destaca que o professor precisa sempre respeita a autonomia do seu aluno e sua curiosidade. Sempre que preciso estabelecer uma diálogo, para que cresçam respeitando as diferenças, pois é de direito do aluno ser curioso, o que ajuda e muito na sua aprendizagem. A curiosidade desperta no aluno seu senso crítico, pois faz com que o mesmo vá atrás de seus objetivos. E é importante entender que a leitura vai além da decodificação de símbolos, porém está também ligada a compreensão do lê e como se lê fazendo relação com todo o conhecimento adquirido. 2.3- Estratégias e Dificuldades de Inserir a Leitura nas Escolas. É muito importante que a escola tenha disponível diversas opções de livros, para que os alunos possam fazer trocas e conversar sobre eles, livros que tenham uma significância para essas crianças, fazendo com que elas consigam se identificar com aquilo que estão lendo. Os livros precisam estar sempre disponíveis para as crianças e tem uma variedade literária grande, com gêneros e estilos diversificados, para atender todos os tipos de gostos e quaisquer competência leitora, salienta as autoras supracitadas. As escolas param de apresentar alguns livros por acharem que os alunos cresceram na sua competência literária ou por terem idealizado que os livros não são mais adequados a sua faixa etária. Sendo que, os livros antigos aguçam suas memórias leitoras e traz uma satisfação por sentir o domínio sobre tal leitura. Quando se tira, das salas de crianças de oito e nove anos, livro amplamente ilustrados, pensando que as ilustrações são necessárias apenas para crianças que ainda não são alfabetizadas, está se cometendo esse equívoco. As ilustrações não são apenas apoio para leitura, mas fazem parte do livro, ampliam as linguagens presentes nele e são formas de arte, construindo uma linguagem para além do texto. (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 103-104) 22 Em concordâncias com as autoras supracitadas, mostra que a leitura literária precisa estar inserida na rotina dos alunos, no qual se faz necessário “ler todos os dias para os alunos selecionando textos diversos: poemas, contos, romances, novelas, crônicas, contos breves, histórias em quadrinhos faz com que os alunos ampliem seu repertório [...]” (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 105). É importante também que os alunos saibam o que os outros estão lendo, para que ocorra dicas literárias, onde ocorra um grande número de recomendações, o professor precisa sempre apresentar propostas para os alunos. Sendo assim, “organizar murais literários, caixa de dicas, escrita de resenhas troca de leituras entre as turmas são propostas interessantes” (CARVALHO; BAROUKH, 2018, p. 105). É importante destacar o quando é preciso se preocupar com a formação de leitores, pois os alunos que estão na escola e o seu papel deve ser este, não se deve apenas incentivar o prazer pela leitura e sim fazer com que ela aconteça. A escola tem grande importância quando trata-se de forma leitores, pois é na escola que muitas das vezes este contato é estabelecido e muitas da vezes sendo a primeira vez. O espaço para leitura se restringe, em grande parte, ao ambiente escolar, já que a quantidade de bibliotecas públicas e de fácil acesso é pequena,além dos meios de comunicação em massa, em especial a televisão, e jogos virtuais e internet ocuparem grande parte do tempo livre das crianças e de jovens. (FERNANDES, PAULA, 2015, p. 72) A leitura precisa ser uma atividade boa de ser fazer e a escola tem um papel importante para que isso aconteça. De acordo com Azevedo (2001, p.3, apud FERNANDES; PAULA, 2015, p. 72) “textos didáticos são essenciais para a formação das pessoas, mas não formam leitores. É preciso que concomitantemente haja acesso á leitura de ficção, ao discurso poético, à leitura prazerosa e emotiva, para que isso aconteça”. De acordo com Fernandes; Paula 23 (2015) a leitura infanto-juvenil é indispensável para a formação de leitores, pois é com a leitura que a criança consegue confabular e criar histórias. Ressaltando as autoras supracitadas, as escolas precisam incentivar o uso das bibliotecas e construir salas de leitura. Podemos ressaltar também que boa parte dos livros lançados por editoras, são comprados pelo governo e levados para as escolas de rede pública, por esse motivo, os livros precisam ser passados uma avaliação. “É fundamental, nesse cenário de compras de acervos a ser enviados às escolas, levantar dados referentes às políticas públicas de leituras e aos programas governamentais de incentivo à leitura escolar no Brasil [...]” (FERNANDES; PAULA, 2015, p. 72) . 24 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos autores e escolhidos que ajudam e enriquecem está pesquisa dando total embasamento e direcionamento, está terceira etapa da pesquisa tem como principal objetivo fazer uma crítica externa e interna com três autores que falam sobre o tema em questão. Dentre os autores, seus livros e/ou artigos foram escolhidos para a análise “MARTINS 1986”, “Freire 2008” e FERNADES; PAULA, 2015. 3.1 Despertar para a leitura. 25 Freire (2008) já postulava que “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente” (FREIRE, 2008, p. 11). Freire (2008) demonstra que mesmo sem nunca ter tido um contato com o livro, o indivíduo já tem contato com sua janela de mundo, trazendo consigo sua bagagem de vida, pois cada ser humano traz com ele uma interpretação das coisas que vê a sua volta, assim, a leitura o mundo, torna-se indispensável para a importância o ato e ler, ou de escrever e reescrever e de se reinventar através a prática. Com isso, a realidade do aprendiz reflete diretamente no seu processo de aprendizagem e interpretação de palavras e frases. Sendo assim sabemos que a leitura acrescenta significado, esses que precisam ser descobertos para o entendimento do ser humano pela sua subjetividade. Por isso a leitura é um grande tesouro da civilização humana. Maria Elena Martins (1986) afirmava também que o ato de ler vai além da escrita. “Enfim, dizem os pesquisadores da linguagem, em crescente convicção: aprendemos a ler lendo. Eu diria vivendo”. (MARTINS, 1986, p. 14). Em vista que para Martins (1986) tanto quanto para Freire (2008) a leitura vem bem antes, isto é, com a leitura do mundo, e ao ler, muitos se encontram na leitura escrita. 3.2 Os alunos não gostam de ler? No que se refere a estímulos, temos a noção da palavra estímulo estar associada ao verbo estimular, que quer dizer que aviva ou aflora algo dentro do indivíduo, por tanto a prática da leitura pode ser realizada dentro de sala, bibliotecas, jardins entre outros lugares, usando livro, revistas, jornais etc., transformando o contato textual do leitor com o mundo. Incentivar é um ato que não pode deixar passar, o aluno precisa ser incentivado pelo professor e pelos pais, assim eles passarão a buscar suas próprias leituras, criando gosto e admiração pela leitura. Assim o leitor passa a se tornar crítico e não vai ser um leitor passivo, sendo capaz de transformar e criar seus próprios conceitos. 26 Por esse motivo o uso a biblioteca é algo de muita importância na escola, onde a mesma deve ser visitada e usada pelos professores frequentemente, para que os alunos tenham contato com diversos gêneros textuais e tomem gosto por elas, a qual pode ser usada como influência social ao ato de ler. Grande parte dos alunos não gostam de ler e temos alguns fatores que podem comprovar isto. Na família, por exemplo, os pais não leem, e com isso, a leitura não é estimulada em seus filhos, mas é porque os mesmos não foram estimulados a ler quando pequenos, com isso, cria-se um ciclo vicioso. Na família brasileira, pouco se fala sobre os livros, na verdade, só é falado por famílias que nascem em meio à leitura, ou que frequentam um ambiente escolar que motiva e estimula a leitura. Sabemos que a escola deveria ser o lugar onde a leitura devia ser mais estimulada incansavelmente, mas o foco até hoje é mais na gramática, não que seja menos importante, e sim por saber que um bom leitor escreve e fala muito melhor, por este motivo que a escola deve estimular os alunos a leem livros, revistas, gibis, jornais etc. Não se pode esquecer a carência existente nas escolas públicas, o governo precisa investir em uma educação de qualidade para que nessas instituições existam livros e bibliotecas e qualidade. Ser leitor, também requer treinamento e disciplina. Martins (1986, p. 84) mostra que “o homem é um ser pensante por natureza, mas sua capacidade de raciocínio precisa de tanto treinamento quanto necessita seu físico para, por exemplo, tornar-se um atleta.” Isso mostra que para se tornar um ótimo leitor é preciso ter atenção, pensar, desafiar a memória e ler diariamente. Como Martins (1986), Freire (2008) demonstram que a disciplina na leitura já que; “estudar exige disciplina. Estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar é não repetir o que os outros dizem.” (FREIRE, 2008, p.59). Percebemos então que para ler bem, precisa ler muito e com isso muitos alunos se desanimam e acabam tendo “preguiça” quando se trata e leitura. Esses não querem estimular sua mente, porque ler requer concentração e força 27 de vontade. Então preferem ficar na frente do computador ou celular do que pegar um livro e ler. É relevante ressaltar que é preciso ter a preocupação de formar leitores, pois os alunos estão na escola e esse deve ser o seu papel, não incentivando apenas o prazer pela leitura, porém garantir que isto ocorra. Para formar leitores há várias questões envolvidas. A escola tem grande importância nesse processo, pois é onde a maioria tem contato com a leitura, às vezes o primeiro contato com os livros ocorre na instituição de ensino. O espaço para leitura se restringe, em grande parte, ao ambiente escolar, já que a quantidade de bibliotecas públicas e de fácil acesso é pequena, além dos meios de comunicação em massa, em especial a televisão, e jogos virtuais e internet ocuparem grande parte do tempo livre das crianças e jovens. (FERNANDES, PAULA, 2015, p. 72) A leitura precisa ser uma atividade agradável para as crianças e a escola tem um importante papel para que isso ocorra. 3.3 Os incentivos ao uso da biblioteca nas escolas De acordo com Azevedo (2001, p.3, apud FERNADES; PAULA, 2015, p. 72) “textos didáticos são essenciais para a formação das pessoas, mas não formam leitores. É preciso que concomitantemente haja acesso à leitura de ficção, ao discurso poético, à leitura prazerosa e emotiva, para que isso aconteça”. Segundo Fernandes; Paula (2015) a leitura infanto-juvenil é essencial para a formação de leitores, pois a leitura permite que as crianças imaginem, criem histórias e entre no mundo da fantasia. Na compreensão das autoras supracitadas as escolas necessitam incentivar o uso das bibliotecas e a criação das salas de leitura.Outra questão destacada é que, boa parte dos livros produzidos pelas editoras é comprada pelo governo e enviada para as escolas públicas, por esse motivo há uma criteriosa avaliação dos títulos. “É fundamental, nesse cenário de compras de acervos a 28 ser enviado às escolas, levantar dados referentes às políticas públicas de leitura e aos programas governamentais de incentivo à leitura escolar no Brasil[..]” (FERNANDES; PAULA, 2015, p. 72) O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) é uma política pública, criada em 1997. Tem como principal objetivo apoiar o cidadão no exercício da reflexão, da criatividade e da crítica, por meio da distribuição de acervos de obras de literatura, pesquisa e referência. Garantir o acesso à informação e à cultura, além do incentivo à formação do leitor na escola e na comunidade, foi o que incentivou a criação deste programa que vem distribuindo livros para as escolas e para a comunidade. (FERNANDES; PAULA, 2015, p. 74). Em 2001, o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) mudou sua abordagem, não enviando mais os livros às bibliotecas, mas distribuindo direto aos alunos. “O objetivo foi que os alunos tivessem acesso direto às coleções com obras representativas da literatura nacional e estrangeira e que levassem os livros para casa, favorecendo a troca em casa e entre colegas.” (FERNANDES; PAULA, 2015, p. 74) Sob o ponto de vista de Fernandes; Paula (2015) quando foi implantada essa mudança houve muitas críticas, pois o aluno se tornava proprietário dos livros, deixando o livro de ser da comunidade escolar. Na concepção das autoras supracitadas (2015, p. 75) “a posse de livros é de grande importância para o leitor durante a infância, período em que ainda está adquirindo o hábito de leitura.” Ter ou não livros à disposição é um fator determinante para a formação de leitores. Fernandes; Paula (2015) também ressaltam o projeto Leitura em Minha Casa, com o objetivo dos alunos compartilharem o contato com a leitura em casa. 29 No primeiro ano do projeto Literatura em Minha Casa, foram distribuídas obras de literatura infanto-juvenil aos matriculados nas 4ª e 5ª séries do ensino fundamental. Nesse ano, o acervo contou com 30 títulos, organizado em seis coleções de cinco volumes (poesia de autor brasileiro, conto, novela, clássico da literatura universal e texto de tradição popular brasileira ou peça teatral). Com um total de 8,56 milhões de livros distribuídos para 60,92 milhões alunos beneficiados: cada uma das 139.119 mil escolas contempladas recebeu quatro acervos, com vinte e quatro coleções, totalizando um investimento de R$ 57.638.015,60. (FERNANDES; PAULA, 2015, p. 78) Fernandes; Paula (2015, p.78) destacam que os critérios para a seleção das obras são basicamente dois, sendo eles: • Diversidade (de gêneros, assuntos, títulos e autores de diferentes épocas e regiões). • Materialidade da obra (projeto gráfico e ilustrações que levem em consideração o público-alvo em questão, tais como tamanho da letra e fonte). Verifica-se que as editoras que abastecem o mercado de literatura infanto- juvenil brasileira nos anos de PNBE estão na sua maioria localizadas na região Sudeste e apenas uma editora (Newtec) na região sul. De acordo com as autoras supracitadas (2015, p. 78) o projeto Leitura em Minha Casa contempla apenas editoras grandes, “as obras eram escolhidas apenas por coleções, e não obras individuais, o que levou à exclusão de editoras pequenas. Além do mais, os autores consagrados, em sua maioria, pertencem às editoras de maior porte”. Paiva (2008 apud FERNANDES; PAULA, 2015, p. 82) propõe três categorias do programa Leitura em Minha Casa, são elas: 30 1. A fantasia como tradição: são livros de contos de fadas, fábulas, pois são os que mais atraem as crianças. 2. O conteúdo como opção: tratando de temas transversais, como a pluralidade cultural. 3. A realidade como aposta: abordando temas com experiências cotidianas, vivenciadas pelo ser humano. A pluralidade cultural faz parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Esta se refere ao desafio de respeitar os diferentes grupos étnicos e culturas que compõem a população brasileira e mundial, para que se tenha o convívio dos diversos grupos e para que essa característica se transforme em um fator de enriquecimento cultural e valorização da própria identidade cultural e regional.” (FERNANDES; PAULA, 2015, p.84) É destacada a importância da representatividade cultural nos livros, não apenas para os leitores de diferentes etnias, mas para que todos possam respeitar e conviver com as diferenças. É reforçada, também, a importância das políticas públicas de leitura, especialmente aquelas que os livros literários são voltados para a formação de leitores. “Estes programas, é importante retomar, visam garantir aos alunos, não passatempo, mas sim nutrição do intelecto e da sensibilidade.” (MEIRELES, 1984 apud FERNANDES; PAULA, 2015, p. 87). 4 CONCLUSÃO Mesmo sabendo o quanto a leitura precisa ser incentivada pela sociedade, notamos que é da escola que vem o principal incentivo na formação de um leitor. Em que ele interage de forma ativa com determinado texto, destacando o texto literário, que um dos maiores portais onde a grande maioria 31 das pessoas estabelecem o primeiro conato com a leitura. Sendo assim, fica nas mãos dos professores esse papel de mediar e conduzir essa leitura, pois não se pode contar com a presença de um bibliotecário ou até mesmo de uma biblioteca. Nos tempos atuais, os alunos não tem interesse pela leitura por conta de vários fatores: o próprio professor não é um leitor de literatura, nem infantil e por conta disso não tem como indicar livros se ele não leu; uma ideia muito errada sobre a indicação de livros é quando se é comparada a imposição da leitura, e as escolas nem tem esse número de obras suficiente que são merecidas a serem indicadas para ler. Podemos dizer também que a escola de recusa a procura meios que possam desenvolver o gosto pela leitura, somente falam da sua importância para a vida, porém pouco se incentiva. Dentro de casa família faz exatamente igual e acaba que o aluno fica sem referência alguma e tornasse um ciclo vicioso, pois o aluno reproduz as atitudes dos seus pais e dos seus professores. Para se haver uma comunicação entre pais x escola, com a intenção de que o aluno busque leituras significativas, agradáveis e que faça com que ele estabeleça uma relação com os livros, se faz indispensável antes de tudo que os pais também vão precisar ser incentivados a leitura, pois como não foram incentivado na idade de seus filhos acabam também não incentivando os mesmo a le, já que na infância não conseguiram ter esse contato com a leitura provocando a curiosidade e os levando a ter pensamentos críticos. Já dentro de sala é muito importante que os alunos tragam para sala a sua visão de determinada leitura, estabelecendo uma troca com seus colegas. A leitura sugerida pelo professor precisa ser coerente com a vivência desse aluno fora da escola, pois assim ele terá mais interesse. Por isso que os textos precisam ser legais, pois a partir daí o aluno se sentirá à-vontade em procuras textos de seu gosto, pois terá se autonomia e poder de escolha e não precisaram ficar limitado aos livros escolhidos na escola. Faz-se necessário uma leitura mais participativa ou até mesmo mais dinâmica nada pronto para que o aluno possa 32 pensar sobre o que está sendo pedido, usando sua análise crítica surpreendendo o professor e mostrando que pode ir muito mais além. Também precisa-se ir à biblioteca mais de uma vez da semana, estabelecendo um contato diário com os livros, para se desenvolver uma familiarização com os textos e o hábito da leitura. Para se formar leitores dentro da escola ainda precisa de muitamudam, uma delas é tornar a leitura prazerosa para o aluno, deixando para trás aquela leitura forçada, para isso a escola precisa oferecer diferentes opções de gêneros textuais, pois assim o aluno não estará limitado somente em textos didático e sim, conhecerá diferentes obras literárias, e tornando ele capaz de escolher o livro mais lhe agrada. Nesse mesmo contexto é necessário disponibilizar textos com alguns acontecimentos da sociedade para desenvolver a capacidade de entender tudo o que acontece em sua volta. Em destaque, percebemos que para se formar leitores da escola existe uma distância entre a intenção e o que se coloca em prática. O desejo e a consciência da importância da leitura são existentes, porém ainda não foi encontrado o caminho. Perdidos a cobranças e em um ensino tradicional, os acabam não formando os leitores que eles acreditam ser o modelo exemplar. 5 REFERÊNCIAS 33 CARVALHO, A. Carolina; BAROUKH, J. Aline. Oitavo Mito. Ler é sempre prazeroso. In:______. Ler Antes de Saber Ler: Oito Mitos Escolares Sobre a Leitura Literária. 1. ed. São Paulo: Panda Books, 2019. p. 107-110. CARVALHO, A. Carolina; BAROUKH, J. Aline. Sétimo Mito. Na escola, quem escolhe a leitura é o professor. In:______. Ler Antes de Saber Ler: Oito Mitos Escolares Sobre a Leitura Literária. 1. ed. São Paulo: Panda Books, 26 set 2019. p. 99-106 FERNANDES, Célia Regina Delácio; PAULA, Flávia Ferreira de. Literatura, Infância e o Projeto Literatura em Minha Casa 1. Revista Teias. [S.l.], v. 16, n. 41, p. 72-88, abr. /jun.2015. Disponível em: .Acesso em: 29 out. 2019, 21:00. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23 ed. São Paulo: Cortez, 1989. Disponível em: Acesso em: 30 out 2019, 01:30. FREIRE, Paulo. A pedagogia da autonomia. In:______. Ensinar não é transferir conhecimento. 36.ed.São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 27-51. KRAMER, Sonia. Ler, escrever e contar: os professores e suas experiências com os livros (a escola produz não leitores?). In:______. Alfabetização, leitura e escrita. 1.ed. São Paulo: Ática, 2001. p.135-150. MARTINS, Catarina Xavier Gonçalves. A Literatura como Brinquedo e a Formação da Criança Leitora. Revista Eletrônica de Educação. São Carlos, v. 6, n. 2, p. 468-474, nov. 2012. Disponível em: . Acesso em: 1 ago. 2019, 15:20 OLIVEIRA, Maxwell Ferreira de. Metodologia científica: um manual para a realização de pesquisas em Administração. Catalão: UFG, 2011. 72 p.: il. Disponível em:. Acesso em: set. 2019, 08:00 evelyn da c. eloy