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introdução ao estudo do direito empresarial I

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DIREITO EMPRESARIAL I 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO EMPRESARIAL 
 
O direito empresarial é ramo atualmente muito fortalecido, 
principalmente em razão da globalização e avanço econômico do Brasil. A análise 
das questões que giram em torno da empresa hoje é essencial para a economia 
nacional, assim como para o ideal andar da sociedade. 
 
O que se busca com o presente estudo é entender todas as instituições 
criadas pelo direito empresarial, a sua aplicação em casos práticos e como pode ser 
utilizado para prevenir problemas e dirimir conflitos. 
 
HISTÓRICO DO DIREITO EMPRESARIAL NO MUNDO 
 
As regras referentes ao comércio podem ser encontradas desde os 
primórdios da humanidade, inclusive no famoso Código de Hamurabi, o qual ainda 
era escrito em pedra, em forma de totem, para que se tenha uma idéia da 
antiguidade. 
 
Desde que surgiu a consciência de troca de mercadorias, regras acerca 
desta atividade passaram ser elaboradas, mesmo que através de costumes e 
tradições. 
 
01ª FASE 
 
O comércio iniciou através da permuta, sendo que era trocado arroz por 
farinha, por exemplo. 
 
Com a criação da moeda, com a maior identidade entre as nações, 
feudos, tribos, o comércio passou a não mais ter como objetivo a troca de 
mercadorias essenciais, mas sim a acumulação de riqueza, a qual era formada por 
metais preciosos (ouro e prata). 
 
Dessa prática, surgiu um crescimento do comércio, que passou a 
requerer uma maior organização. Quando necessária a organização, necessária 
também a elaboração de regras e a obtenção de poder para fazer cumprir essas 
regras. Começaram a surgir, para tanto, as corporações de ofício, principalmente 
pela necessidade humanidade unir-se por um fim comum, o da produção. 
 
Estas corporações de ofício eram, por exemplo, de produtores e 
distribuidores de algodão, arroz, etc. Na medida em que precisavam de regras e 
formas de fazê-las cumprir, as corporações de ofício começaram a formar tribunais 
com jurisdição própria, a fim de colocar fim aos eventuais conflitos existentes e 
resguardar os fins buscados pelos comerciantes. 
 
As regras criadas eram internas, não tendo aplicação por terceiros, 
regras estas criadas para a proteção dos comerciantes como sujeitos de direito. 
 
Eis a primeira fase do direito empresarial na história. 
 
02ª FASE 
 
A segunda fase vem com o advento do mercantilismo, que é 
caracterizado pela ingerência do Estado no comércio (meio de arrecadação), com a 
concretização da idéia de nacionalismo, uma vez que, anteriormente, a divisão em 
feudos não permitia a unificação de uma nação. Havia o chamado protecionismo, 
pois nessa época, as nações estavam adquirindo sua personalidade (patrimonial e 
cultural), com a formação dos estados-nação. 
 
As práticas protecionistas diziam respeito a regras que dificultavam a 
importação e fomentavam a exportação. Isso para que o Estado adquirisse riqueza, 
a qual era configurada pelo acúmulo de metais preciosos (prata e ouro). 
 
A jurisdição das corporações de ofício perdem força, valendo-se as leis 
nacionais, sendo inclusive formados tribunais para litígios do comércio formados 
pelo poderio do Estado. 
 
Nessa época, permanece a idéia de que as leis de direito comercial dizem 
respeito apenas aos comerciantes, que são aqueles que fazem parte de corporações 
de ofício, ainda reside a idéia de proteção do comerciante como sujeito. 
 
A Sociedade Anônima é formada nessa época, o que foi um marco 
importante para o direito comercial –é o tipo mais seguro e complexo que 
encontramos no direito empresarial, cujo estudo é de extrema importância. 
 
Com o passar do tempo, e com o fortalecimento definitivo dos Estados-
nação, surgiu a necessidade de elaboração de legislação mais detalhada e técnica 
sobre as práticas do comerciantes. Em razão dessa necessidade, é que se inicia a 
terceira fase da historia do direito empresarial, com Napoleão. O Código Comercial 
napoleônico traz uma importante diferença: a legislação passa a ser aplicada não a 
determinadas pessoas (comerciantes), mas sim a determinados atos, os atos de 
comércio, inaugurando a terceira fase histórica do direito comercial (até então, 
comercial). 
 
03ª FASE 
 
A TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO 
 
A teoria dos atos de comércio foi estabelecida na França, sendo chamado 
o sistema Francês. 
 
Essa teoria diz respeito ao seguinte: são regulados pela legislação 
propriamente comercial (empresarial) os atos taxativamente expostos em lei e que, 
através dela, ganham a natureza de mercantis. 
 
Ainda a legislação mercantil é para a proteção dos comerciantes, porém 
não se fala mais em corporações de ofício. Qualquer cidadão pode exercer ato de 
comércio, momento no qual é protegido pelo Código Comercial napoleônico. - 1808 
 
Foram enumerados os casos definidos como atos de comércio, sendo 
excluídos segmentos como o mercado imobiliário, bancário e industrial, sendo 
somente protegidos os atos de comércio como a permuta, compra e venda, etc. 
Importante lembrar que a revolução que deu poder a Napoleão foi uma revolução 
burguesa. Dessa forma, evidentemente os atos tidos como atos de comércio, 
enumerados taxativamente, diziam respeito às atividades exercidas pela burguesia, 
deixando de lado outros segmentos da sociedade da época. 
 
A taxatividade do rol de atos de comércio passou a ser um entrave para 
a correta aplicação das leis que regem o direito comercial da época. Em razão 
disso, os estudiosos permaneceram buscando teoria que melhor se aplicasse à 
dinâmica do comércio. 
 
04ª FASE – DA TEORIA DE EMPRESA 
 
Com os novos estudos acerca de teoria mais adequada às necessidades 
dos comerciantes, inaugura-se a quarta fase do direito comercial é o advento da 
teoria da empresa, formada na Itália, consolidada pelo Código Civil Italiano de 
1942. 
 
A empresa passa a ser atividade, que visa a obtenção de lucro, atividade 
organizada (organização de fatores de produção) e oferecimento de bens e 
produtos (art. 966 do Código Civil) 
 
Nota-se que é um conceito amplo. Muitas atividades podem se 
enquadrar ai. Essa teoria é utilizada hoje, e foi consagrada nos países cuja base é 
romana germânica. 
 
EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL – como o desenvolvimento 
da teoria da empresa chegou ao país 
 
Tendo noção da evolução do Direito Empresarial no mundo, importante 
fazer um link com o Brasil e como o nosso país importou as modificações trazidas 
pelos estudiosos europeus. 
 
O Brasil, até a colonização, era país em que, se muito, viam-se regras de 
costume frente à necessidade de obtenção de produtos essenciais. 
 
A grande evolução ocorreu quando da vinda da família real. 
 
A evolução brasileira é parecida com a já exposta me relação ao mundo 
(talvez um pouco mais lenta). Havia corporações de ofício, porém a parte do 
mercantilismo passou, de certa forma, sem grande expressão, no que diz respeito 
ao direito comercial. 
 
Vinda a família real, os portos foram abertos em 1808, e a influência 
inglesa fez com que o comércio brasileiro prosperasse, iniciando-se a necessidade 
de maior legislação e controle da atividade comercial. As riquezas naturais 
ajudaram deveras. 
 
Frente à saída forçada da família real, fez-se a independência, sendo 
adotadas, inicialmente, as legislações estrangeiras, inclusive a francesa que trazia a 
teoria dos atos de comércio. 
 
Porém a necessidade de uma legislação própria veio, e foi promulgado o 
Código Comercial de 1850. Nesse, foi adotada a teoria dos atos de comércio, sendo 
elencado no Regulamento 737, logo após promulgado, o elenco de quais atividadeseram mercantis e quais não eram (regidas pelo Código Civil). 
 
A partir do início do século XX, iniciou-se a evolução da teoria de 
empresa. Até 1960, havia no Brasil a taxatividade dos atos de comércio, ou seja, 
eram regidas pelas regras de direito comercial as atividades dispostas no Código 
Comercial e em leis esparsas. 
 
Após, legislações como o CDC e a Lei do Inquilinato trouxeram a idéia 
exposta na Teoria de empresa, acima referida, quando tratam da responsabilidade 
geral dos fornecedores, fazendo com que a idéia de comércio seja a atividade em 
si, e não o sujeito. 
 
O conceito de empresa como temos hoje no nosso art. 966 do Código 
Civil passou a vigorar, e é assim até os dias de hoje. 
 
Junto à idéia de teoria da empresa, vem a idéia de unificação da 
legislação civil e empresária. Isso significa que, num mesmo diploma, devem estar 
as regras de civil e empresarial, sendo as do civil usadas quando da omissão da 
mercantil, havendo maior uniformidade na disposição das leis de matéria privada. 
 
FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL: 
 
PRIMÁRIA: LEI – Código Comercial (até o advento do Código Civil de 
2002, após vale somente a parte de Direito Marítimo), Regulamento 737 (também 
revogado pelo Código Civil de 2002), Código Civil, Lei 6.404/1976, etc. 
 
SECUNDÀRIA: costumes, jurisprudência (julgados de tribunais e juízes), 
doutrina, princípios, regras da sociedade. O direito empresarial é dinâmico, 
portanto os valores da sociedade mudam rápida e comumente, razão pela qual as 
regras de direito empresarial devem ser mais genéricas, a fim de terem a 
possibilidade de se moldarem às realidades existentes e à evolução das atividades 
empresárias. 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO EMPRESARIAL – 
fazendo a relação com os direitos humanos 
 
Propriedade 
 
Dignidade da pessoa humana 
 
Livre iniciativa 
 
Ordem econômica justa 
 
Soberania nacional – intervencionismo em contraponto à liberdade de 
exercício da atividade econômica 
 
Emprego pleno 
 
Defesa consumidor 
 
Defesa meio ambiente; etc. 
 
Importante lembrar o dilema hoje encontrado pelo empresário que se 
depara com a função importantíssima que exerce sobre a sociedade em termos 
econômicos, políticos e sociais e a necessidade de adequar tais aspectos aos custos 
de seu negócio, a fim de alcançar o fim da atividade empresária: o lucro. 
 
CONCEITO DE EMPRESÁRIO E PRESSUPOSTOS PARA COMERCIAR 
 
CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
 
O conceito de empresário vem sofrendo mudanças com a implantação da 
teoria de empresa no Brasil. O empresário é peça fundamental para a constituição 
de uma empresa. Pode ser pessoa física ou jurídica (arts. 966 e 982 do CC/02). 
 
A empresa, pelo conceito de atividade, serve como meio, instrumento ao 
empresário, sendo que o primeiro é quem saberá, de forma inteligente e 
organizada, utilizar a empresa para fazer circular na sociedade bens ou serviços. 
 
Em um esquema de círculos concêntricos, o empresário seria o centro 
maior, incorporando a atividade empresarial e o estabelecimento (bens corpóreos e 
incorpóreos que possibilitam a exploração de atividade empresária), submetendo o 
estabelecimento às suas vontades (de forma inteligente manifestadas), exercendo 
assim a atividade empresária. 
 
Empresários tem papel de destaque na teoria da empresa, pois ele é o 
cérebro de toda atividade empresária. 
 
Rubens Requião (Curso de Direito Empresarial, vol I, 2009) diz que 
“empresário é o sujeito que exercita a atividade empresarial”. “é um servidor da 
organização de categoria mais elevada, à qual imprime seu selo de liderança. 
Assegurando a eficiência e o sucesso do funcionamento dos fatores organizados” 
(máquinas, funcionários, sede...). 
 
No Código Civil, o conceito de empresário se encontra no Art. 966, o 
qual assim enumera: 
 
“Art. 966.: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e 
serviços. 
Parágrafo único: Não se considera empresário que exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o 
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão 
constituir elementos de empresa.” 
 
Analisando o conceito dado pelo Código de 2002, pode-se perceber que o 
mesmo traz requisitos para que alguém seja ou não qualificado como empresário. 
Os elementos são os seguintes: 
 
 profissionalismo 
 atividade econômica organizada 
 produção ou circulação de produtos ou serviços 
 
PROFISSIONALISMO 
 
O requisito do profissionalismo diz respeito à habitualidade e 
pessoalidade do exercício da atividade. 
 
Para que seja profissional, a atividade deve ser exercida sempre, não 
bastando, de forma esporádica, alguém organizar elementos de produção e, 
inclusive, vir a comercializar tais produtos, para ser tido como empresário. 
 
OBS: Também não é considerado empresário aquele que, 
simultaneamente, produz e comercializa (ex. fazer docinhos para vender no 
intervalo). 
 
Para o sujeito ser considerado empresário “puro”, deve contratar 
empregados para que tomem conta da produção e promovam a circulação dos 
produtos ou serviços, sendo que guarda para si o exercício das atividades 
empresárias propriamente ditas. O empresário é aquele que conhece o ramo que 
atua, projeta resultado através dos custos, deve informar seus consumidores das 
vantagens de seus produtos ou serviços. Ele negocia com outros fornecedores, 
presta informações aos consumidores, ou seja, é o cérebro da atividade, porém não 
coloca, diariamente, a “mão na massa”. 
 
O empresário faz a intermediação entre o meio produtivo e o 
consumidor. 
 
ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA 
 
Para que empresário seja visto como tal, é necessário que exerça suas 
atividades buscando o LUCRO. Esse deve vir da circulação ou produção de bens e 
serviços, a qual deve ser desenvolvida através de atividade organizada, sendo que 
o empresário deverá dominar quatro artifícios básicos para que assim seja 
denominado: 
 
- Capital; 
- Mão de obra; 
- Insumos e 
- Tecnologia. 
 
Quando o empresário organiza e submete tais elementos ao seu domínio 
e conhecimento, está-se diante de uma atividade econômica organizada. 
 
PRODUÇÃO OU CIRCULAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS 
 
Para que haja a atividade empresária, e, consequentemente o lucro, 
deve haver a circulação ou produção de bens e serviços. No que se refere à 
circulação de bens e serviços, deve ser entendida como a intermediação entre o 
produtor e o consumidor. É a facilitação do link entre aquele que produz e aquele 
que necessita do bem ou do serviço. Por isso a importância da atividade 
empresarial para toda a sociedade, pois é dela que vem a oferta de produtos e 
serviços essenciais a nossa vida. 
Encerrado o conceito de empresário, passa-se à análise dos pressupostos 
fundamentais ao exercício da atividade empresária. 
 
PRESSUPOSTOS FUNDAMENTAIS AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE 
EMPRESÁRIA 
 
A lei é quem traz os pressupostos para que possa haver a válida 
atividade empresária. 
 
- Capacidade – para que o homem adquira a capacidade plena de seus 
direitos e deveres, frente à capacidade civil, deve completar, segundo o Código 
Civil, 18 anos. Arts. 01º ao 05º do Código Civil/02. 
 
A partir dos 18 anos, a regra é que a pessoa tenha capacidade plena, ou 
seja, possa inclusive, exercer atividade empresária. Há, no entanto, sujeitos 
incapazes, sendo que a incapacidade é dividida em dois tipos: absolutamente 
incapazes – menores de 16, enfermidade mental grave (sem discernimento), ou 
outracausa que lhe tire o discernimento mesmo que temporariamente (coma, ex.). 
Há os relativamente incapazes, que são menores entre 16 e 18 anos, ébrios, 
viciados, com enfermidade mental mais leve (discernimento), excepcionais, 
pródigos. 
 
Há as diversas formas de cessar a incapacidade, como pelo casamento, 
emancipação, formatura em curso superior, etc. Importante salientar que a 
incapacidade poderá cessar “pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela 
existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 
dezesseis anos completos tenha economia própria” Art. 05º, V, CC/02. 
 
Com a maioridade, ou a aquisição de capacidade (emancipação, etc.), 
pode o sujeito ser sócio de sociedade empresária ou mesmo constituir-se como 
empresário individual. 
 
EXCEÇÃO: O incapaz poderá ser acionista de Sociedade Anônima, desde 
que adquira ações já integralizadas, pois antes da integralização, poderá o acionista 
ser responsabilizado pelo aporte destinado à integralização e o menor não pode ter 
responsabilidade, pois é relativa ou totalmente incapaz. 
 
Os totalmente incapazes serão representados por seus pais, tutores, etc, 
os quais administrarão seus bens e deveres. Já os interditos (pródigos, etc.) são 
submetidos a um curador. 
 
Recebida atividade empresária de herança, os bens do menor poderão 
responder pelas obrigações contraídas pelo comércio. Porém isso acontece com os 
bens que guardam relação com a atividade empresária (exs. Maquinário, sede da 
empresa, insumos), sendo resguardados os demais bens recebidos pelo menor. 
 
O menor não pode ser empresário, como regra geral, por ser 
inimputável, ou seja, não poder responder com seu patrimônio sobre suas 
dívidas. Para a sociedade num todo, não há razão para existir um 
empresário, que pela própria natureza das atividades contrairá obrigações, 
pois os credores ficarão desamparados e o mercado mais restrito. 
 
PROIBIÇÕES DE COMERCIAR – IMPEDIMENTOS 
 
Ver arts. 972. 974 e 976, Código Civil 
 
Não podem ser empresários, por imposição da lei: 
 
- Funcionários Públicos estaduais, federais e municipais – Exs.: Lei 
8.112/90; art. 95, CF;. 
- militares 
- corretores e leiloeiros (por serem auxiliares ao comércio) 
- cônsules 
- os médicos, no que diz respeito a farmácias, drogarias ou laboratórios 
farmacêuticos 
 - falidos, enquanto não reabilitados (seus bens fazem parte da massa 
falida, que está ainda respondendo pelo passivo da empresa quebrada) – não pode 
garantir novos investimentos (Lei 11.101/2005, art. 181) 
 
Assim, no instante em que é feito um contrato social de uma sociedade 
empresária, ou um empresário individual quer levar a registro sua posição, assume 
a responsabilidade de informar que não está impedido de comerciar, ou seja, que 
tem capacidade plena e não incorre em qualquer das hipóteses de impedimento. 
 
Caso seja constatada irregularidade, poderá o empresário sofrer sanções 
civis, administrativas e penais (perda de cargo público, crime falimentar, etc.). 
 
ATIVIDADES ECONÔMICAS TIPICAMENTE CIVIS 
 
Segundo o Código Civil de 2002, existem quatro hipóteses de atividades 
econômicas civis: profissional intelectual, empresário rural, as cooperativas e 
aqueles que não se enquadram no conceito legal de empresários. Esses sujeitos 
deverão ser regidos pelas normas civis, fugindo dos princípios e conceitos do direito 
empresarial. 
 
Profissional intelectual 
 
Conforme já vimos, no parágrafo único do art. 966, há algumas 
hipóteses de atividades que não se enquadram com empresárias. São os tidos 
profissionais intelectuais, de literatura, artistas... 
 
Ocorre que, não são todos os casos em que os profissionais intelectuais 
estão fora do conceito de empresário. A atividade intelectual deve ter natureza 
científica, como por exemplo, medicina, arquitetura, artesãos, etc. 
 
Há alguns aspectos para que esses profissionais não sejam incluídos no 
conceito de empresa. Primeiro, porque não precisam, para exercer suas atividades, 
daquele caráter de organização de capital e trabalho para obtenção de lucro. Da 
mesma forma, não tem a natureza (há controvérsias) de obtenção de lucro como 
um comerciante. 
 
Por exemplo, um médico, antes de buscar o lucro em sua atividade, tem 
o condão social de prover a saúde à população. Da mesma forma, o advogado 
frente à obtenção de Justiça. 
 
Ocorre que, caso possamos, na atividade intelectual, visualizar os 
elementos de empresa (organização de fatores e trabalho, obtenção de lucro e 
atividade profissional e habitual), podemos enquadrar um médico, ou mais 
especificamente, uma clínica médica como empresária. 
 
O Parágrafo único do art. 966, CC/02 tem interpretação subjetiva, sendo 
que o órgão registral (no caso do Brasil as Juntas comerciais), ou mesmo o Juiz no 
caso concreto, que determinará se o profissional cientifico será ou não empresário. 
 
No que tange aos advogados, estes jamais serão enquadrados como 
executores de atividade empresária, frente ao disposto no art. 15 do Estatuto (Lei 
nº 8.906/1994): 
 
CAPÍTULO IV 
DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS 
 
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação 
de serviço de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no 
Regulamento Geral. 
§ 1º A sociedade de advogados adquire personalidade jurídica com o 
registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da 
OAB em cuja base territorial tiver sede. 
§ 2º Aplica-se à sociedade de advogados o Código de Ética e Disciplina, 
no que couber. 
§ 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos 
advogados e indicar a sociedade de que façam parte. 
§ 4º Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de 
advogados, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo 
Conselho Seccional. 
§ 5º O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da 
sociedade e arquivado junto ao Conselho Seccional onde se instalar, 
ficando os sócios obrigados a inscrição suplementar. 
§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não 
podem representar em juízo clientes de interesses opostos. 
 
EMPRESÁRIO RURAL 
 
 
A realidade brasileira no que diz respeito à atividade rural, pode ser 
dividia em dois: a agroindústria e a agricultura familiar. 
 
 agroindústria: é feita em grande escala, com o cultivo de 
terras de grande área, com mão de obra assalariada, uso de tecnologia de 
ponta (maquinário), normalmente dedicando-se à cultura de um produto 
específico (ex. Soja). 
 Agricultura familiar: essa é desenvolvida em pequenas glebas 
de terra, não havendo a utilização de tecnologia. Não há, normalmente, a 
contratação de terceiros, sendo o trabalho absorvido pela própria família e 
amigos. 
 
Frente a essa realidade, necessária se faz a existência de uma política 
social que permita que os pequenos produtores não sejam esmagados pela 
agroindústria. No entanto, para fomentar a economia brasileira, principalmente no 
que diz respeito à exportação, deve-se dar incentivos ao grande produtor. 
 
O art. 971 do CC/02 /c 968 permite que o pequeno produtor opte pelo 
registro na junta comercial. O registro pode trazer benefícios como a autonomia do 
patrimônio, o pedido de recuperação judicial e falência, além de maiôs possibilidade 
de obtenção de empréstimos e investimentos bancários e estatais. 
 
Dessa forma, o pequeno empresário pode gozar das mesmas 
prerrogativas do agroindutrial, o que, certamente não põe fim à grande diferença 
de condições, porém as ameniza. 
 
 
COOPERATIVAS 
 
Conceito: É formada e dirigida pos uma associação de usuários,que se 
reúnem em igualdade de direitos, com objetivo de desenvolver uma atividade 
econômica ou prestar serviços comuns, eliminando os intermediários. 
 
Podem ser de diversas áreas, industrial, de varejo, consumo, etc. No 
Brasil a regulamentação das cooperativas ocorreu em 1907, sendo que, 
atualmente, está disposta no CC/02. 
 
São sociedades civis, independentemente se exercem ou não atividades 
empresárias. O que isso significa, não são regidas pelas regras do direito 
empresarial, não tendo o bônus disso: pedir a recuperação judicial, etc. 
 
Tem como características a adesão voluntária, o número ilimitado de 
membros e variabilidade do capital social, o que não ocorre nas sociedades 
empresárias. As cooperativas foram criadas para que a junção de forças venha a 
possibilitar a melhoria de condições econômicas de uma determinada classe social 
ou categoria econômica. Fortalece a categoria e pode ser usada como forma de 
fortalecer também uma classe de trabalhadores. 
 
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
No Brasil apesar do empresário individual não obter o privilégio da 
repartição entre seu patrimônio e o da pessoa que exerce empresa, ainda é o tipo 
mais utilizado. Na Junta Comercial, é o tipo com maior número de registros. 
 
Quando se fala em sociedade empresária, a figura do empresário é 
representada pela pessoa jurídica. No caso do empresário individual, é o próprio 
empresário, pessoa física, quem exerce empresa e se responsabiliza pessoalmente 
pelo prejuízo que possa vir a causar com a atividade. 
 
Importante fazer a diferenciação entre a pessoa jurídica e pessoa física 
que exercem atividade empresária. Na sociedade (pessoa jurídica), há união de 
esforços para obtenção de lucro, através da exploração de uma atividade. As 
pessoas físicas que disponibilizam o aporte inicial são sócios ou investidores, não se 
confundindo com a empresa em si. 
 
No caso do empresário individual, certamente estar-se-á falando de 
investimento de menor porte, por esse fato trazer menores riscos. Como não há 
uma diferenciação entre a pessoa empresária e a pessoa natural, todos os riscos 
inerentes a qualquer atividade empresária deverão ser suportados pelo empresário 
individual. 
 
O empresário individual é aquele que tem uma vendinha num bairro, 
produz e vende bijuterias, faz doces e os vende (de forma habitual), sendo que, na 
maioria das vezes, lida diretamente com o consumidor, sem que haja 
intermediários. 
 
 
PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO 
 
Normalmente, o empresário precisará de ajuda para exercer sua 
atividade, o que levará à contratação de funcionários. A sua atividade será de 
gerenciar o trabalho, o capital e a circulação dos bens e serviços. O empresário é 
um organizador. 
 
Os funcionários poderão ser contratados através de contrato de trabalho 
(regido pela CLT e todas as normas pertinentes ao Direito do Trabalho) ou, ainda, 
por contrato de prestação de serviços (caso não haja a subordinação, habitualidade 
do trabalho). 
 
Os trabalhadores, temporários ou definitivos, são chamados prepostos. 
 
Como regra geral, pode-se dizer que os atos praticados por prepostos, 
dentro do estabelecimento, vinculam ao empresário. Isso quer dizer informações 
prestadas pelos funcionários, obrigações contraídas, ofertas externadas, são tidas 
como assumidas e ditas pelo próprio empresário. Os atos dos funcionários podem 
criar obrigações ao empresário. 
 
A exceção a esta regra está disposta nos arts. 1196 e 1171 do CC/02, 
que traz situações em que o preposto é responsabilizado pessoalmente, podendo 
inclusive o empresário demandar contra este. 
 
OBS: O administrador, caso não tenha seus poderes limitados me ato 
registrado na Junta Comercial, vinculará seus atos à responsabilização do 
empresário. 
 
 
REGISTRO DE EMPRESA 
 
BREVE INTRODUÇÃO E HISTÓRICO 
 
 Para que o empresário, pessoa física ou jurídica, seja regular, ou seja, possa 
ser protegido e favorecido pelas normas do direito empresarial, deve levar seu ato 
constitutivo (registro de empresário individual) a registro no órgão competente. 
 
 O empresário tem três obrigações básicas: registrar-se no órgão competente 
para tal; manter escriturados e públicos seus atos negociais e manter atualizadas e 
à disposição demonstrações financeiras (balancetes, livros mercantis, etc.). 
 
CÓDIGO DE 1850 – Desde a legislação de 1850, já havia previsto o 
registro àquele que quisesse exercer atividade empresarial. Eram os chamados 
Tribunais do Comércio que detinham o poder de registrar empresários e, da mesma 
forma, resolver eventuais conflitos existentes quando do exercício da atividade 
empresária. 
 
Dentro dos Tribunais do Comércio, a repartição responsável pelo registro 
das empresas era chamada Junta Comercial, e era o local onde o empresário 
levava a registro seus documentos (relativos à sua constituição e relativos à 
atividade em si). 
 
Com a evolução do comércio, e a tomada de força da Constituição de 1824, 
passando ao Judiciário o poder para dirimir todos os conflitos, inclusive os havidos 
entre empresários, empresários e consumidores, dentre outros, foram os Tribunais 
Comerciais perdendo espaço, sendo formalmente extintos em 1875. 
 
Nessa ocasião, conforme referido, passou-se ao Judiciário o poder de dirimir 
conflitos e resolver desavenças. E as funções administrativas? 
 
Foram mantidas Juntas Comerciais, as quais, como ocorre hoje, procedem 
ao registro de empresários e arquivamento de atos praticados pelos mesmos. 
 
 Art. 967 do Código Civil: É obrigatória a inscrição do empresário no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua 
atividade. – dever legal – irregular é a empresa que não efetuar seu registro 
antes de iniciar suas atividades 
 
O REGISTRO DE EMPRESAS NO BRASIL 
 
LEGISLAÇÃO: 
 
 CÓDIGO CIVIL 
 LEI Nº 8.934/1994 
 DEC. Nº 1.800/1996 
 
QUEM PODE SE REGISTRAR NA JUNTA COMERCIAL 
 
 Inicialmente, necessário perceber quem pode inscrever seus atos nas Juntas 
Comerciais. 
 
 A regra geral é que qualquer sociedade que exerça atividade econômica 
pode registrar-se na Junta Comercial, principalmente se é constituída nos tipos 
Sociedade Anônima (sempre de caráter empresarial) e Sociedade Limitada (nem 
sempre com atividade empresária). 
 
Conforme vimos na aula passada, as sociedades simples, ou seja, aquelas 
que se dedicam a atividades civis (ex. artesãos, profissionais intelectuais, etc.) 
deverão ter seu registro no Registro Civil, como enuncia o art. 998 do Código 
Civil. 
 
OBS: Importante lembrar que, como disposto no parágrafo único do art. 
966, CC/02, caso as atividades dos profissionais intelectuais sejam exercidas de 
forma organizada, habitual, com ajuda de terceiros, ou seja, com elemento de 
empresa, terão caráter empresarial e poderão ver seus atos constitutivos 
registrados nas Juntas Comerciais. 
 
O registro civil deve, quando a sociedade simples adotar o tipo um dos tipos 
de sociedade empresária, por exemplo, opte a sociedade simples por ser uma 
limitada. 
 
Importante relembrar que a sociedade de advogados, frente ao disposto no 
art. 15 do estatuto da OAB não pode levar a registro seu contrato social na Junta 
Comercial. 
 
OBS: As pequenas e microempresas, assim como os pequenos produtores 
rurais estão dispensados do registro, por mera opção do legislador, que buscou, 
com a medida, fomentar o mercado. 
 
ÓRGÃOS DE REGISTRO NO BRASIL 
 
retirado do site da 
DNRC 
 
 
 
 
DEPARTAMENTO NACIONAL DO REGISTRO DO COMÉRCIO – DNRC 
 
É um órgão federal, é ligado ao Ministériodo Desenvolvimento, Indústria e 
Comércio Exterior, sendo órgão máximo do sistema, dando os princípios e diretrizes 
para o sistema registral no país. Fiscaliza e corrige os atos praticados pelas Juntas 
Comerciais. Tem como atribuições principais: 
 
 supervisionar e coordenar a execução de registros de empresas no território 
nacional, expedindo normas e instruções para tanto, normas estas dirigidas 
às Juntas Comerciais; 
 orientar e fiscalizar (não tem meios disciplinares concretos) as Juntas 
Comerciais; 
 promover medidas e correição e evolução do Registro de empresa; 
 manter organizado e atualizado o cadastro nacional de empresas; 
 preparar processos de instalação e/ou nacionalização de empresa 
estrangeira. 
 
A competência do DNRC está disposta no art. 04º da Lei 8.934/94. 
 
JUNTAS COMERCIAIS 
 
 As Juntas Comerciais são órgãos da administração estadual, sendo que lhe 
cabe a execução do registro de empresas, mantendo as seguintes atribuições; 
 
 assentamento dos usos e práticas empresariais; 
 habilitar e nomear tradutores oficiais; 
 expedir carteira de exercício profissional de empresário e demais pessoas 
inscritas no registro de empresa. 
 
Frente a essas características dos dois órgãos que formam o sistema 
registral brasileiro, percebe-se que as Juntas sofrem com espécie de hierarquia 
híbrida. Isso significa que, quando estivermos diante de matéria técnica de registro 
de empresa, deve a Junta reportar-se às normas estabelecidas pelo DNRC; quando 
diante de matéria administrativa, ao governo estadual. 
 
A Lei Estadual é que traz a estrutura das Juntas Comerciais. A estrutura 
básica das Juntas comerciais é: 
 
- Presidência – direção administrativa 
- O Plenário – órgão deliberativo – vogais – os vogais representam diversas 
classes, como, por exemplo, a classe dos advogados. 
- As Turmas – órgão deliberativo 
- A Secretaria-Geral – atos de registro 
- Procuradoria – fiscaliza a aplicação da lei, faz pareceres, presta 
consultoria. 
 
ATOS COMPREENDIDOS PELO REGISTRO DE EMPRESA 
 
 São três os atos de registro procedidos pelas Juntas Comerciais: 
 
- Matrícula: é o ato de inscrição de profissionais que exercem atividades 
tidas como de “fora do comércio”, mas que lhe são acessórias. São exemplos: 
leiloeiros, tradutores juramentados, intérpretes, etc.) 
 
- Arquivamento: é o mais amplo e genérico ato de registro. Diz respeito ao 
registro do empresário que exerce atividade econômica como pessoa física 
(empresário individual), dos atos de constituição, alteração, dissolução e extinção 
de sociedades; registro de cooperativas que, apesar do caráter civil, devem ser 
registradas na Junta Comercial; atos que dizem respeito a grupos e consórcios de 
sociedades empresárias; atos relacionados a empresas estrangeiras; declarações 
de pequenas e microempresas. 
 
Qualquer ato que interesse ao empresário (pessoa física ou jurídica) pode 
ser arquivado na Junta, inclusive para que seja possibilitada a publicidade do 
mesmo a terceiros. 
 
- Autenticação: esse ato está ligado aos instrumentos de escrituração e os 
livros e fichas dos empresários. A escrituração de livros (por exemplo Livro Diário) 
é imposição de lei, para que terceiros possam ter acesso à saúde (ou doença) da 
empresa. 
 
Quando um documento é levado à Junta Comercial, para que haja seu 
arquivamento, há pelos funcionários da Junta apenas a análise formal do 
documento. A análise do conteúdo, por exemplo, se a demonstração contábil é fiel 
ou não, não cabe à Junta, que tem função registral. 
 
PRAZO PARA REGISTRO DE ATOS E DOCUMENTOS 
 
Os atos dos empresários devem ser levados a registro dentro de 30 dias de 
sua ocorrência, retroagindo o registro no caso de cumprido o prazo. O que isso 
significa? 
 
Exemplo, uma Limitada é constituída dia 25/03/2009. Para que o registro 
tenha validade contra terceiros e possam os sócios, por exemplo, invocar a 
limitação de responsabilidade pela autonomia entre os patrimônios social e 
particular, devem levar o contrato social a registro na Junta Comercial até o dia 
24/04/2009. Cumprindo esse prazo, considera-se regular a sociedade empresária 
desde 25/03/2009. 
 
Analisado o documento levado a registro e contatado erro na forma, a Junta 
abrirá prazo de 30 dias para sua correção (colocado em exigência). O interessado 
pode sanar o vício e requerer nova análise. 
 
No entanto, caso não concorde com a exigência, pode insurgir-se dessa 
decisão, com pedido de reconsideração. Sendo mantida a decisão, poderá levar o 
caso ao Plenário, e, em última instância administrativa para solução do conflito, ao 
Ministério da Indústria, Comércio e Comércio Exterior. 
 
REGIMES DE TRAMITAÇÃO DE PROCESSOS NA JUNTA COMERCIAL 
 
Há dois tipos de tramitação de processo na Junta Comercial: 
 
- Decisão singular (prazo para apreciação – 03 dias úteis): registro de atos 
mais simples, chamados atos em geral, como alteração contratual, autenticação de 
livros, etc. 
 
- Decisão colegiada (prazo para apreciação – 10 dias úteis): atos mais 
complexos. Às turmas, caberá o julgamento de questões referentes a Sociedades 
Anônimas, grupos e consórcios de sociedades empresárias, operações como fusão, 
transformação, cisão dentre outros; ao Plenário, caberá o julgamento dos recursos 
administrativos que atacam atos dos demais órgãos da Junta Comercial. 
 
A SOCIEDADE IRREGULAR 
 
Como vimos na aula passada, não é da essência do conceito de empresário 
o registro me órgão competente. O empresário é aquele que “exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de 
bens e serviços” (art. 966, CC/02). Não se fala em registro. 
 
No entanto, para ser empresário REGULAR, necessário o registro no órgão 
competente, no caso do Brasil as Juntas Comerciais. O que significa ser um 
empresário regular? 
 
Significa ter todos os direitos e deveres impostos ao empresário inscrito, os 
chamados ônus e bônus. 
 
BÔNUS: 
 
- no caso de sociedade empresária, sem o registro, não existe a limitação de 
responsabilidade, respondendo os sócios ilimitadamente e com seu patrimônio 
pessoal pelas obrigações contraídas pela sociedade; a autonomia patrimonial está 
ligada ao registro. 
 
- ter legitimidade para requerer sua Recuperação Judicial e a falência de 
outro empresário (Lei 1.101/2005). 
 
- pode ter o registro da pessoa jurídica, ou seja, adquirir CNPJ; além de 
cadastros junto às Prefeituras, inclusive para recolhimento de impostos. 
 
- pode requerer registro junto ao INSS; 
 
- por ter CNPJ e inscrições no estado e Prefeitura, pode participar de 
licitações e prestar serviços a entes públicos. 
 
ÔNUS: 
 
- Manter as escriturações contábeis em dia. Levantamento de balanços. 
 
- ficar obrigado ao pagamento de tributos de forma periódica e dentro dos 
prazos (não que a atividade irregular não deva tributos, porém a fiscalização não é 
tão direta quanto na regular. Claro que, feita a fiscalização em empresa irregular, 
além dos sócios responderem ilimitadamente, o rombo será muito maior). 
 
Analisando-se os fatores acima, percebe-se o quanto é válido e importante o 
registro, devendo, no caso concreto, anteriormente ao inicio da atividade 
empresária, haver o registro. 
 
A OBRIGAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO PELOS EMPRESÁRIOS 
 
Para exercer de forma correta o comércio, devem os empresários manter 
seus livros em ordem. É obrigação de o empresário manter seus livros atualizados, 
sendo que tal obrigação, quando cumprida, pode trazer grande tranqüilidade ao 
empresário, que permanecerá constantemente preparado para fiscalizaçõesou 
questionamentos de credores. 
 
Os livros guardam três funções: gerencial (facilitando a atividade do 
empresário, trazendo organização), pois nos livros o resumo das atividades (e dos 
ganhos e gastos) é colocada, facilitando a visualização de resultados e perdas. 
 
A segunda função é documental, pois quando o lançamento de valores é 
feito de forma fidedigna e correta, pode servir como prova a terceiros e inclusive ao 
Judiciário sobre os ganhos, perdas, participação de sócios, divisão de lucros, etc. 
 
A terceira função é fiscal. O controle de incidência de tributos (Fábio Ulhoa) 
é feita através dos livros do empresário. 
 
 
ESCRITURAÇÃO REGULAR DO EMPRESÁRIO 
 
Essa matéria, em princípio, seria dada dentro das aulas dos tipos societários 
específicos (Ltda., S/A., etc). No entanto, achei importante trazer para esse 
momento, pois demonstra como é difícil um empresário ativo ficar dez anos sem 
proceder a qualquer arquivo na Junta Comercial. 
 
Todo empresário (individual ou sociedade) é obrigado a escriturar os livros 
comerciais obrigatórios. Assim dispõe o artigo 1.179 do Código Civil: 
 
Art.1.179: o empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir 
um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração 
uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação 
respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado 
econômico. 
 
OBS: Importante salientar que os microempresários e os empresários de 
pequenos porte, segundo dispõe o §2º do art.1.179 e art. 970, que não optem pelo 
SIMPLES (Tributário), estão excluídos desta regra, não tendo a obrigatoriedade de 
seguir as estritas regras sobre contabilidade e exibição de resultados. 
 
 
Segundo afirma o art.1.180 do Código Civil, há somente um livro obrigatório 
e comum a todos os empresários, que é chamado Diário, ou outro instrumento 
hábil a lhe substituir (hoje com a informática, os programas contábeis vêm 
substituindo os livros). A obrigatoriedade de manter esse livro atualizado e correta 
sua escrituração se estende a todos os empresários (de qualquer espécie e tipo 
de atividade, independente de tipo societário escolhido, se presta serviços ou 
fornece produtos, etc.). 
 
 
No Diário, serão lançadas, de forma clara, individual, sendo evidenciados 
os documentos que deram origem ao registro (ex. Nota Fiscal), dia a dia, por 
escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da 
empresa. Entrada e saída de capital, insumos, produtos, o Diário é como se fossa 
a ata da atividade empresária. Serão lançados, da mesma forma, o balanço 
patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico 
em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário. 
 
Assim, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista (lembrem 
da aula passada, em que falamos amplamente sobre a importância dos prepostos e 
discutimos especificamente a figura do contabilista) legalmente habilitado, salvo se 
nenhum houver na localidade. 
 
 
 
 
 
Conforme referido, é óbvio que nos tempos modernos, o Diário é facilmente 
substituído por fichas ou mesmo pelo meio eletrônico. Inclusive a Fazenda Nacional 
aceita tais documentos, no entanto, necessário que o contabilista conheça s regras 
ditadas pela DNRC sobre o assunto para não incorrer em irregularidade. 
 
Os Livros Obrigatórios ou fichas, antes de postos em uso, deverão ser 
autenticados pela Junta Comercial, que, facultativamente, poderá também 
autenticar livros não obrigatórios. Por isso é tão difícil um empresário ficar dez anos 
sem proceder a qualquer registro. 
 
Além dos Livros Obrigatórios Comuns, a lei prevê os Livros Obrigatórios 
Especiais, especiais ou específicos, porque serão obrigatórios a determinadas 
categorias de atividades empresariais. São eles: Livro de Registro de Duplicatas, 
Entrada e Saída de Mercadorias, Registro de Ações Nominativas, Transferência de 
Ações Nominativas, Atas de Assembléias Gerais, Presença dos Acionistas, Atas de 
Reuniões do Conselho de Administração entre outros. Esses serão estudados mais a 
fundo quando do estudo dos tipos societários, mas já adianto que a maioria diz 
respeito às Sociedades Anônimas. 
 
 
 
 
 
O QUE OCORRE QUANDO IRREGULAR A ESCRITURAÇÃO 
 
 
O fato de o empresário deixar de manter seus livros obrigatórios em dia, de 
acordo com as regras impostas e devidamente registrado no órgão competente: a 
Junta Comercial (na maioria dos casos, pode trazer conseqüências tanto na esfera 
penal quanto na civil). 
 
 Pode o empresário, por exemplo, ser condenado por crime falimentar, 
incorrer em irregularidades perante o Fisco, dentre outros. Além disso, um 
empresário sem livros fica sem memória, pois não tem o controle do que vem 
acontecendo frente à atividade desempenhada, nem mesmo pode projetar além, 
pois há falta de controle de sua atividade. Como já comentei, quanto mais 
transparente e organizada a atividade, maior sua chance de sucesso. 
 
Além disso, os livros comerciais, devidamente autenticados e escriturados, 
servem como meio de prova em juízo e fora dele, o que traz grande segurança ao 
empresário que exerce corretamente suas atividades. 
 
Assim, as obrigações nele contidas serão consideradas verdadeiras e 
exigíveis, e vice-versa. Na sua ausência, o empresário não terá como provar 
qualquer alegação realizada contra ele, admitindo-se esta como verdadeira. 
 
 
 Por exemplo, numa loja é feita fiscalização pelo fiscal do ICMS. Através dos 
livros é que o empresário poderá comprovar se vem recolhendo corretamente o 
imposto sobre a Circulação de mercadorias e Serviços. Caso não esteja com sua 
escrituração em ordem, poderá ser autuado pela simples irregularidade de não 
manter seus livros de forma correta, além de poder ser executado por débitos 
tributários. 
 
 Por todo o dito, fica clara a importância da regular escrituração contábil do 
empresário, para que a atividade possa ser mais segura a eficiente, o que pode 
minimizar os riscos que já são inerentes à vida do empresário. 
 
 
Questões retiradas do site da Receita Federal – www.receita.fazenda.gov.br 
Livro Diário 
288 Onde deverá ser registrado e autenticado o 
livro Diário do comerciante, para validade 
da escrituração nele contida? 
O livro Diário, para efeito de prova a favor do comerciante, deverá conter, 
respectivamente, na primeira e última página, termos de abertura e de 
encerramento, e ser registrado e autenticado pelas Juntas Comerciais ou 
repartições encarregadas do Registro do Comércio. 
NOTA: 
As normas relativas à autenticação dos livros e instrumentos de escrituração das 
empresas mercantis e dos agentes auxiliares do comércio estão previstas na IN 
DNRC no 65, de 1997. Essa mesma Instrução Normativa do DNRC dispõe em seu 
art. 15 que as Juntas Comerciais poderão delegar competência à autoridade pública 
para autenticar instrumentos de escrituração mercantil, atendidas as conveniências 
do serviço. 
289 É válida a autenticação dos livros 
mercantis pelo Juiz de Direito em cuja 
jurisdição estiver o contribuinte, quando 
fora do Distrito Federal e das sedes das 
Juntas Comerciais ou de suas Delegacias? 
A autenticação dos livros mercantis por qualquer autoridade pública somente será 
válida nos casos em que houver delegação das Juntas Comerciais para a execução 
de tal ato. 
290 Onde deverá ser autenticado o Diário das 
sociedades simples? 
As sociedades simples deverão autenticar seu livro Diário no Registro Civil das 
Pessoas Jurídicas, para que a escrituração nele mantida, com observânciadas 
disposições legais e comprovada por documentos hábeis, faça prova a favor da 
pessoa jurídica (RIR/1999, art. 258, § 4º, e Lei nº 10.406, de 2002, art. 982). 
NOTA: 
A partir de 1o/01/1997, as sociedades simples de prestação de serviços 
profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada 
passaram a ter seus resultados tributados de acordo com as regras aplicáveis às 
demais pessoas jurídicas em geral, inclusive no que se refere às obrigações de 
escrituração, registro e autenticação dos seus livros comerciais e fiscais (Lei no 
9.430, de 1996, art. 55). 
291 As empresas obrigadas a manter 
escrituração contábil poderão efetuar 
lançamentos, no livro Diário, com data 
anterior ao seu registro e autenticação? 
Sim. Admite-se a autenticação do livro Diário em data posterior ao movimento das 
operações nele lançadas, desde que o registro e a autenticação tenham sido 
promovidos até a data da entrega tempestiva da declaração, correspondente ao 
respectivo período (IN SRF nº 16, de 1984). 
Entretanto, deve-se observar que a opção pela tributação com base no lucro real 
trimestral obriga que ao final de cada trimestre a pessoa jurídica apure seus 
resultados com base em demonstrações financeiras transcritas no livro Diário, bem 
como efetue a demonstração do lucro real devidamente transcrita no Lalur. 
NOTA: 
Sobre a substituição do livro Diário tradicional por fichas ou formulários contínuos e 
a obrigatoriedade de adoção de livro próprio para transcrição das demonstrações 
financeiras e registro do plano de contas e/ou histórico codificado, consultar o PN 
CST no 11, de 1985 e a IN DNRC no 65, de 1997 (RIR/1999, art. 258, § 6o). 
294 Como devem ser escrituradas as fichas 
quando utilizadas em substituição ao livro 
Diário tradicional? 
A utilização do sistema de fichas em substituição ao livro Diário tradicional não 
exclui a pessoa jurídica de obediência aos demais requisitos intrínsecos previstos 
nas leis fiscal e comercial para o livro Diário, especialmente as constantes dos arts. 
2º e 5º do Decreto-lei nº 486, de 1969, e do Decreto nº 64.567, de 1969. Dessa 
forma, a escrituração das fichas deve obedecer aos mesmos princípios que a do 
livro Diário, isto é, conforme a ordem cronológica de dia, mês e ano, utilizando-se 
cada ficha até seu total preenchimento, somente passando-se para a ficha seguinte 
quando esgotada a anterior, sem qualquer espaço em branco, rasuras ou 
entrelinhas. 
Procedimento diverso, por não atender às determinações legais, torna a 
escrituração passível de desclassificação, inclusive a escrituração das fichas 
unicamente em forma de Razão, ou seja, uma ficha para cada conta (PN CST nº 
127, de 1975). 
295 É permitida a escrituração do livro Diário 
por sistema de processamento eletrônico 
de dados? 
Sim. O livro Diário poderá ser escriturado por sistema de processamento eletrônico 
de dados, em formulários contínuos cujas folhas deverão ser numeradas em ordem 
seqüencial, mecânica ou tipograficamente, e conterão termos de abertura e 
encerramento, sendo obrigatória a sua autenticação no órgão competente 
(RIR/1999, art. 255) 
296 É permitida a escrituração resumida do 
Diário? 
No Diário deverão ser lançados, dia a dia, os atos ou operações da atividade 
mercantil, bem como os que modifiquem ou possam vir a modificar a situação 
patrimonial do contribuinte. 
Entretanto, relativamente a determinadas contas cujas operações sejam numerosas 
ou realizadas fora da sede do estabelecimento, admite-se a escrituração do Diário 
por totais que não excedam a um mês, desde que utilizados livros auxiliares para 
registro individual dessas operações, como, entre outros, os livros Caixa, Registros 
de Entrada e de Saída de Mercadorias, Registro de Duplicatas etc., os quais, nessa 
hipótese, tornam-se obrigatórios. Nesses casos, transportar-se-ão para o livro 
Diário somente os totais mensais, fazendo-se referência às páginas em que as 
operações se encontrem lançadas nos livros auxiliares, que deverão encontrar-se 
devidamente registrados, permanecendo a obrigação de serem conservados os 
documentos que permitam sua perfeita verificação, observado, ainda, o regime de 
competência (RIR/1999, art. 258, § 1º, e PN CST nº 127, de 1975). 
297 A pessoa jurídica é obrigada a conservar os 
livros e documentos da escrituração? 
Sim. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas 
eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis 
relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou 
possam vir a modificar sua situação patrimonial (RIR/1999, art. 264). 
 
A INATIVIDADE DO EMPRESÁRIO 
 
 Como vimos nas últimas aulas, para que a pessoa física ou jurídica seja 
considerada empresário, deve exercer atividade econômica, de forma habitual e 
organizada, com a utilização de mão de obra e matéria prima, com o intuito de 
lucro, prestando serviços ou fornecendo produtos (art. 966 do Código Civil). 
 
Também vimos que o empresário pode ser regular (aquele inscrito 
corretamente na Junta Comercial) ou irregular (exerce atividade empresária sem 
ter procedido a seu registro na Junta Comercial) – art. 967, Código Civil 
 
Superadas essas questões, passa-se a analisar uma situação peculiar que 
pode acometer os empresários: a inatividade. 
 
A inatividade é uma novidade trazida pela Lei de 1994 (Lei n° 8.934/1994 – 
que estudamos na aula passada). Eis seu conceito e consequencias: 
 
Inatividade: Considera-se inativa a sociedade empresária (ou empresário 
individual) que, durante 10 anos, não arquivar qualquer novo documento na Junta 
Comercial. 
 
A figura da inatividade está disposta no art. 60 da lê n° 8.932/1994, que 
assim dispõe: 
 
Art. 60. A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer 
arquivamento no período de dez anos consecutivos deverá comunicar à junta 
comercial que deseja manter-se em funcionamento. 
§ 1º Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será considerada 
inativa, promovendo a junta comercial o cancelamento do registro, com a 
perda automática da proteção ao nome empresarial. 
§ 2º A empresa mercantil deverá ser notificada previamente pela junta 
comercial, mediante comunicação direta ou por edital, para os fins deste 
artigo. 
§ 3º A junta comercial fará comunicação do cancelamento às autoridades 
arrecadadoras, no prazo de até dez dias. 
§ 4º A reativação da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos 
requeridos para sua constituição. 
Um exemplo: Antônio e João, em abril de 1998, constituíram uma Sociedade 
Limitada, prestando serviços de limpeza. Elaboraram o contrato social, levaram 
esse contrato a registro, enfim, tomaram todas as providências necessárias para 
formar uma sociedade empresária regular. Ocorre que, depois de registrar o ato 
constitutivo da sociedade empresária (contrato social), os dois sócios nunca mais 
arquivaram documento na Junta Comercial. 
 
Passados dez anos, em 2008, caso a sociedade de Antônio e João ainda 
esteja em atividade, deve fazer comunicação á Junta Comercia de que permanece 
exercendo a atividade empresária, a fim de manter seu registro ativo e permanecer 
figurando com sociedade empresária regular perante terceiros. 
 
Caso Antônio e João não tomem a referida providência de comunicar a Junta 
Comercial de que permanecem na ativa, deverá a Junta proceder notificação (via 
comunicação direta ou via edital publicado no Diário do Estado) para que se 
manifestem. 
 
Permanecendo em silêncio os sócios, a sociedade empresária será tida como 
inativa, sendo cancelado seu registro (perda do NIRE – número de identificação de 
registro de empresa) e, casoos sócios permaneçam exercendo atividade, estarão o 
fazendo de forma irregular. 
 
Assim, passados dez anos sem o arquivamento de qualquer documento na 
Junta, havendo a notificação pelo órgão e permanecendo o empresário silente, é 
cancelado o registro efetuado anos atrás e o empresário, caso permaneça 
exercendo atividade de empresa, será tido como empresário irregular. 
 
No caso de cancelamento do registro pela inatividade, a Junta Comercial irá 
notificar os órgãos arrecadadores (Receita federal, INSS...) para informar a 
ocorrência. Que consequências isso pode trazer? 
 
Ora, caso o Fisco, por exemplo, venha a investigar o empresário (pessoa 
física ou jurídica) inativo e constate que não houve a dissolução regular do 
empresário (isso será matéria de aula especifica, no entanto, cabe um parêntese: 
quando uma sociedade empresária resolve colocar fim em suas atividades, deve 
fazer análise de seu ativo e de seu passivo. Pagas todas as dívidas da empresa, 
caso ainda reste algum patrimônio, deve ser o mesmo dividido entre os sócios – 
partilha – e devem os órgãos arrecadadores serem noticiados do encerramento das 
atividades), poderá cobrar seus eventuais créditos diretamente dos sócios 
administradores (patrimônio pessoal), pois a dissolução irregular é uma das 
hipóteses que permite a responsabilização pessoal do sócio administrador. 
 
No entanto, muito importante salientar: a inatividade não significa a 
dissolução da sociedade empresária. A sociedade considerada inativa pode 
continuar exercendo suas atividades, mas o estará fazendo de forma irregular, sem 
a proteção que o registro corretamente efetuado poder trazer (como vimos na aula 
passada). 
 
Portanto, passados dez anos sem qualquer arquivamento (aqui entram tanto 
o arquivamento quanto a autenticação – tipos de registro que estudamos na última 
aula) na Junta Comercial, inexistindo comunicação do empresário de que 
permanece ativo, será considerado inativo e a Junta cancelará seu registro e 
comunicará tal fato aos órgãos arrecadadores. 
 
O ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
 
 Superado o conceito de empresário, o seu registro e a escrituração que deve 
manter, é necessário passar a um novo ponto de nossa matéria. O empresário, 
para exercer sua atividade, certamente precisará de um conjunto de bens 
(corpóreos e incorpóreos), entrando, daí, a figura do Estabelecimento. 
 
 Conceito: Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens indispensáveis 
que o empresário reúne para a exploração de sua atividade econômica, tais como 
mercadorias em estoque, máquinas, veículos, tecnologia, marcas e outros sinais 
distintivos, prédios etc. Trata-se de elemento indissociável à empresa. 
 
O referido conceito pode ser encontrado no art. 1.142 do Código Civil: 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens 
organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade 
empresária. 
Fábio Ulhoa Coelho conceitua estabelecimento assim: “O complexo de bens 
reunidos pelo empresário para o desenvolvimento de sua atividade econômica" 
Cuidado com o conceito de estabelecimento. Ele é o conjunto dos bens 
corpóreos e incorpóreos que o empresário usa para exercer sua atividade. Não se 
está falando em um bem ou outro, por exemplo, não se está falando na casa sede 
da sociedade empresária. Está-se falando do conjunto que a sede, a marca, o 
know-how, etc. representa. A união dos bens, e o fato deles serem utilizados e 
vitais para o exercício da atividade empresária é que é o estabelecimento. 
Outros artigos que tratam do tema no Código Civil são: 
"Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou 
arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros 
depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade 
empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na 
imprensa oficial. 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu 
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento 
de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou 
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação." 
O ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
 
Superado o conceito de empresário, o seu registro e a escrituração que deve 
manter, é necessário passar a um novo ponto de nossa matéria. O empresário, 
para exercer sua atividade, certamente precisará de um conjunto de bens 
(corpóreos e incorpóreos), entrando, daí, a figura do Estabelecimento. 
 
Conceito: Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens indispensáveis 
que o empresário reúne para a exploração de sua atividade econômica, tais como 
mercadorias em estoque, máquinas, veículos, tecnologia, marcas e outros sinais 
distintivos, prédios etc. Trata-se de elemento indissociável à empresa. 
 
O referido conceito pode ser encontrado no art. 1.142 do Código Civil: 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens 
organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade 
empresária. 
Fábio Ulhoa Coelho conceitua estabelecimento assim: “O complexo de bens 
reunidos pelo empresário para o desenvolvimento de sua atividade econômica" 
Cuidado com o conceito de estabelecimento. Ele é o conjunto dos bens 
corpóreos e incorpóreos que o empresário usa para exercer sua atividade. Não se 
está falando em um bem ou outro, por exemplo, não se está falando na casa sede 
da sociedade empresária. Está-se falando do conjunto que a sede, a marca, o 
know-how, etc. representa. A união dos bens, e o fato deles serem utilizados e 
vitais para o exercício da atividade empresária é que é o estabelecimento. 
Outros artigos que tratam do tema no Código Civil são: 
"Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou 
arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros 
depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade 
empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na 
imprensa oficial. 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu 
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento 
de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou 
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação." 
FUNÇÃO DO ESTABELECIMENTO NA VIDA DO EMPRESÁRIO 
Estabelecimento empresarial é o instrumento da atividade do empresário. É 
a “base física” (cuidado pois os bens incorpóreos também entram) da empresa, o 
complexo de bens, sejam eles corpóreos ou incorpóreos, tais como máquinas, 
instalações, tecnologia, marcas e patentes, reunidos pelo empresário para que 
possa praticar a atividade empresarial. 
 
São elementos do estabelecimento empresarial: os bens corpóreos 
(máquinas, equipamentos) os bens incorpóreos (nome, ponto). O aviamento 
(Aviamento, por sua vez, é a potencialidade que o estabelecimento empresarial tem 
de gerar lucros. É, portanto, um atributo do estabelecimento. Ressalte-se, porém, 
que o aviamento não existe fora do estabelecimento, ou seja, sua existência 
pressupõe a do estabelecimento empresarial. Ele não é uma coisa, e sim um valor) 
e a clientela, para alguns doutrinadores, são considerados elementos do 
estabelecimento; para outros, atributos da empresa. Porém, tal distinção não se 
mostra relevante. Aviamento é a capacidade da empresa gerar lucros, devido à 
excelência de sua organização, é a possibilidade de resultado criada pela atividade 
desenvolvida pelo empresário (atividade habitual, organizada, por meio de 
prepostos, etc.). 
 
Entendendo-se aviamento como a capacidade da empresa em gerar lucros 
(fim da atividade empresária), tem-se que esseelemento que será responsável por 
indicar o valor da empresa, por meio de seu bom funcionamento, refletindo o 
prestígio e confiança que ela goza no meio social. Já a clientela é o conjunto de 
pessoas que mantém, continuamente, relações para aquisição de bens ou serviços 
com o estabelecimento empresarial. 
 
Assim, no caso de compra e venda de estabelecimento, o valor do 
aviamento é que indicará o valor a ser adimplido, pago, pelo comprador. 
 
Resumo de características: 
 
a) é uma universalidade de fato, ou seja, uma reunião de coisas distintas, 
com individualidade própria, que se fundem num todo, pela vontade de seu 
titular; 
(b) não tem personalidade jurídica, não sendo portanto sujeito de direito; 
(c) integra o patrimônio do comerciante, com ele não se confundindo; 
(d) é mero instrumento da atividade econômica do empresário; 
(f) é mero instrumento da atividade econômica (empresa) do empresário. 
 
Alienação do estabelecimento empresarial 
 
Uma vez o estabelecimento empresarial sendo o conjunto de bens do 
empresário destinados à prática empresarial, é evidente, também, que ele constitui 
a principal garantia dos credores em caso de eventual insolvência. Isso significa 
que as pessoas (físicas ou jurídicas) que venham a fazer negócios com o 
empresário, ficam mais tranqüilas ao perceber que o estabelecimento empresarial 
tem alto valor pecuniário ($). 
 
O estabelecimento empresarial é a principal garantia dos credores do 
empresário. 
 
Sendo assim, para que possa haver a alienação do estabelecimento 
empresarial (pelo contrato de trespasse) há certos requisitos, todos criados por lei, 
que devem ser observados, para a proteção dos interesses dos credores. 
 
O empresário está absolutamente livre para alienar os bens utilizados na 
atividade empresarial. Por exemplo, pode alienar a casa que serve como sede e 
optar por alugar um local novo, pode vender maquinário, enfim, pode alienar os 
bens de sua propriedade livremente. Da mesma forma, pode alienar o 
estabelecimento, porém, para tanto, deve comunicar a seus credores. 
 
O empresário possui a livre administração de seu estabelecimento. Todavia, 
quando se trata de alienação do estabelecimento empresarial, a lei o obriga a se 
sujeitar à anuência dos credores se ao alienante não restarem bens suficientes para 
zerar seu passivo. 
 
Assim, o empresário quer alienar seu estabelecimento. No entanto, para 
isso, deve comunicar a seus credores da intenção da venda, porque o 
estabelecimento é a grande garantia que os credores possuem, no sentido de que o 
empresário possui bens suficientes para adimplir suas dívidas e honrar com seus 
compromissos. Caso não tenha bens além do estabelecimento, podem os credores 
se insurgirem contra a venda e não permitir que aconteça. 
 
Por exemplo, Antônio e Roberto têm uma sociedade Ltda. que explora o 
comércio de cuias de chimarrão. Eles têm uma chácara, na qual é produzida a cuia, 
curtida, etc. Todo o maquinário usado para a produção das cuias está nessa 
chácara. Além da chácara, a Ltda. tem diversas ações na bolsa de valores, três 
outros apartamentos na cidade e uma grande quantia em aplicações bancárias. 
 
Antônio e Roberto, certo dia, recebem proposta para venda de seu 
estabelecimento comercial. Quando resolvem aceitar o negócio, percebem que tem 
dívidas com três credores. Para que a venda do estabelecimento seja válida, devem 
os sócios notificar estes três credores da intenção de vender o estabelecimento. 
 
Esses três credores analisarão o patrimônio da Ltda. e, no caso vertente, 
possivelmente não se insurgirão sobre a venda, pois a sociedade empresária de 
Antônio e Roberto possui outros diversos bens que podem garantir as dívidas. Por 
outro lado, caso a sociedade empresária tenha somente a chácara, o maquinário e 
sua marca (todos elementos que entram na compra e venda do estabelecimento) 
poderão dizer não à operação e travar a venda. 
 
Assim, é requisito essencial para a alienação do fundo de comércio quando, 
em virtude dela, não restarem bens suficientes para a solvência do passivo a 
concordância expressa ou tácita (no caso de silêncio do credor depois de passados 
30 dias da notificação de alienação - art. 1.145 do CC/2002 – acima transcrito) dos 
credores. 
 
Entretanto, esse procedimento pode ser dispensado se ao empresário ainda 
restarem bens suficientes em seu patrimônio para saldar o débito. Caso contrário, 
ou seja, se não possuir bens suficientes para o pagamento dos credores e não 
observar o requisito acima mencionado o empresário pode ter sua falência 
decretada e, conseqüentemente, a alienação perderá sua validade. 
 
A falência será decretada, porque, com a venda do estabelecimento (caso 
seja o único “bem” do empresário), o empresário terá mais dívidas do que pode 
pagar, situação denominada insolvência e que leva à falência. 
 
Em se tratando de alienação, o passivo do empresário, em regra, não se 
transfere ao adquirente do estabelecimento empresarial. Até poderá ser estipulada, 
de acordo com a vontade das partes, cláusula de transferência do passivo, em que 
o adquirente se torna sucessor do alienante. Nessa situação, os credores poderão 
demandar em face do adquirente do estabelecimento a cobrança de seus créditos. 
Tal acordo, porém, é uma exceção. 
 
De acordo com o art. 1.146 do CC/2002, "o adquirente do estabelecimento 
responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que 
regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente 
obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da 
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento". 
 
O que isso significa? 
 
Quando é iniciada a operação de venda de um estabelecimento empresarial, 
normalmente várias etapas são traçadas. A primeira delas diz respeito à due 
diligence. O adquirente (comprador) do estabelecimento analisa a situação 
(financeira, negocial, etc.) do empresário, para ver a quantidade de dívidas e 
obrigações que o detentor do estabelecimento a ser alienado possui. 
 
Feita a due diligence (há profissionais que fazem somente esse tipo de 
trabalho), inicia-se a elaboração do contrato de trespasse (contrato de compra e 
venda do estabelecimento). 
 
No contrato, constará a lista de todas as dívidas existentes quando da 
compra. Feito esse inventário, todas as obrigações ali descritas, quando da 
concretização do negócio, passarão a ser obrigação do adquirente, que compra o 
estabelecimento ciente de sua situação financeira. 
 
O vendedor fica responsável por dívidas que não tenha descrito no contrato 
de trespasse, e fica solidariamente responsável pelas dívidas, por um ano das 
dívidas vencidas (um ano contado da data de publicação) e das demais dívidas, da 
data de seu vencimento. 
 
O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à 
margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro 
Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial (art. 1.144 do 
CC/2002). – PUBLICIDADE!!! 
 
Em relação aos créditos referentes ao estabelecimento transferido, a sua 
cessão produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da 
publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao 
cedente (art. 1.149 do CC/2002). Caso o sujeito que possui débito com o anterior 
dono estabelecimento e, sem tomar ciência da venda do estabelecimento, pagar a 
dívida ao alienante, de boa-fé, ficará eximido da dívida. 
 
Vale lembrar que, para a transferênciado estabelecimento empresarial, é 
importante verificar se existe ou não o ponto, pois, existindo, o estabelecimento 
poderá ser transferido sem a permissão do locador, podendo o adquirente aliená-lo 
novamente, não sendo mais necessários os requisitos legais. Caso não haja o 
ponto, o estabelecimento só poderá ser transferido com a permissão do locador, e 
os prazos serão aproveitados. 
 
Quanto às responsabilidades trabalhistas, respondem solidariamente 
alienante e o adquirente. Há a clara sucessão de obrigações. Isso por que? Porque 
há proteção ao trabalhador, pois o salário tem caráter alimentar, por isso deve ser 
protegido de forma especial. 
 
Da cláusula de não restabelecimento 
 
Após a alienação do estabelecimento empresarial, o direito empresarial 
brasileiro estipulou a cláusula de não-restabelecimento sendo essa a cláusula 
implícita em qualquer contrato de alienação de estabelecimento empresarial que 
proíbe o alienante, nos 5 anos subseqüentes à transferência, de restabelecer-se em 
idêntico ramo de atividade empresarial para concorrer com o adquirente, salvo se 
devidamente autorizado em contrato (art. 1.147, CCI2002). No caso de 
arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo 
persistirá durante o prazo do contrato. 
 
Essa cláusula é usada pelo seguinte motivo: quando da compra do 
estabelecimento, normalmente há a “compra de clientela”. Assim, interesso-me 
pela fruteira da esquina da minha casa, pois sei que ela tem uma clientela cativa. 
Assim, adquiro do empresário o estabelecimento empresarial. 
 
Ora, se o antigo proprietário, que já conhece toda a redondeza, abrir uma 
fruteira na outra esquina da rua, eu certamente serei prejudicada, e poder-se-á 
estar diante de concorrência desleal. 
 
 
Proteção ao ponto empresarial 
 
O ponto empresarial, ou de comércio, é o lugar onde está situado o 
estabelecimento empresarial e para o qual se destina a clientela. O ponto é o local 
escolhido pelo empresário para realizar a atividade empresarial, de modo a ensejar 
seu contato com um público específico. 
 
A proteção do ponto dependerá da natureza do direito exercido sobre o bem 
imóvel: 
 
a) se o imóvel pertencer ao empresário, a proteção do ponto se faz pelas 
mesmas normas de tutela da propriedade imobiliária previstas no Código 
Civil (pelo juízo possessório ou pelo juízo petitório); e 
b) se o imóvel do ponto for alheio, sendo, por isso, objeto de contrato de 
locação não-residencial entre o proprietário e o empresário, a proteção do 
ponto será feita por meio da renovação compulsória do contrat08, prevista 
na Lei 8.245/1991. 
 
Renovação compulsória das locações não-residenciais (Ação Renovatória) 
 
A Lei de Locações, em seu art. 51, prevê alguns requisitos para que a 
locação não-residencial seja beneficiada com o regime da renovação compulsória, 
quais sejam: 
 
a) o locatário deve ser empresário; 
 
b) a locação deve ser contratada por escrito e por tempo determinado de, no 
mínimo, 5 anos, admitida a soma dos prazos de contratos sucessivamente 
renovados por acordo amigável; e 
 
c) o locatário deve se encontrar na exploração do mesmo ramo de atividade 
econômica pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos, à data da propositura da 
ação renovatória. 
 
Em síntese, é facultado ao empresário que explore a mesma atividade 
empresarial há pelo menos 3 anos ininterruptos, em imóvel locado por prazo 
determinado não inferior há 5 anos, o direito à renovação compulsória do contrato 
de locação. Essa renovação compulsória nada mais é do que uma proteção 
conferida ao ponto empresarial, dada a importância que ele representa na atividade 
mercantil. 
 
De acordo com o art. 51 da Lei das Locações, a ação que visa a assegurar o 
direito à renovação compulsória é chamada de ação renovatória e deve ser 
promovida entre 1 ano e 6 meses anteriores ao término do contrato a renovar, sob 
pena de decadência do direito. 
 
Por meio da ação renovatória, o inquilino fica resguardado dos abusos 
praticados pelo locador, principalmente quando o estabelecimento empresarial 
encontrar-se contemplado com um movimento de clientes favorável, no momento 
da renovação do contrato. 
 
Contudo, a lei não admite a proteção da locação empresarial em detrimento 
do direito de propriedade. Em certos casos, essa renovação compulsória do 
contrato de locação não será possível, uma vez que o direito concedido ao 
empresário no sentido de garantir-lhe a continuidade da exploração empresarial de 
um imóvel locado, não pode, nunca, representar uma redução ao direito de 
propriedade que o locador tem sobre seu imóvel. 
 
Assim, o locador poderá requerer o imóvel do locatário, desde que 
fundamentado nos seguintes motivos: 
 
a) insuficiência da proposta de renovação do imóvel apresentada pelo 
locatário (art. 72, II, Lei de Locações); 
b) se for apresentada ao locador melhor proposta de um terceiro interessado 
no imóvel (art. 72, III, Lei de Locações). Nesse caso, somente poderá ser 
renovado o contrato de locação ao locatário caso aceite pagar o mesmo 
valor da proposta feita; 
 
c) para a reforma substancial do prédio locado (art. 52, I, Lei de Locações), 
tanto para atender interesse do Poder Público, como por vontade própria do 
locador, caso em que o locatário terá direito à indenização se as obras não 
se iniciarem dentro de 3 meses da desocupação; 
 
d) para uso próprio do locador, seja para o desempenho de atividades 
econômicas ou não (art. 52, lI, Lei de Locações). Mas se o locador vier a 
desempenhar a mesma atividade empresarial do locatário, caberá a esse 
uma indenização; e transferência de estabelecimento empresarial existente 
há mais de 1 ano e titularizado por ascendente, descendente ou cônjuge, 
desde que atue em ramo diverso do locatário. Caso o ramo seja o mesmo 
explorado pelo locatário, esse terá direito a uma indenização. 
 
O locador de espaço em shopping center não pode oferecer exceção de 
retomada com fundamento no uso próprio ou na transferência de fundo de 
comércio. Nas relações entre lojistas e os empreendedores prevalecerão as 
condições livremente pactuadas nos contratos de locação respectivos e também o 
disposto sobre as locações não-residenciais da citada lei, principalmente quando da 
renovação do contrato. O empreendedor não poderá cobrar do locatário do espaço 
em shoppings centers. 
 
a) obras de reforma ou acréscimos que interessem à estrutura integral do 
imóvel (art. 22, parágrafo único, a, da LL); 
b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem 
como das esquadrias externas (art. 22, parágrafo único, b, da LL); 
c) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, 
ocorridas em data anterior ao início da locação (art. 22, parágrafo único, d, 
da LL); 
d) as despesas com obras ou substituições de equipamentos, que impliquem 
modificar o projeto ou o memorial descritivo da data do habite-se 
e) obras de paisagismo nas partes de uso comum 
 
Eis os principais assuntos que tratam do estabelecimento comercial. Acredito 
que chegaremos somente até aqui.

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