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Leis de Eshunna

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Leis de Eshnunna. 
Introdução. 
 A Cidade-Reino de Eshnunna ficava na margem direita 
do rio Diyala, afluente do rio Tigre, o que conferiu a 
Eshnunna uma posição geográfica privilegiada, 
permitindo-lhe melhor defesa contra os ataques de 
outros povos. 
 Seu nome significa templo do príncipe em sumério. 
 Hoje é a cidade de Tell Harmal, situada ao sul de 
Bagdá. 
 Seu período áureo deu-se entre a queda de Ur III e o 
início do reinado de Hammurabi. 
 Entre os anos 2033 a 1753 a.C. exércitos vindos do Elão 
invadiram e destruíram Ur. 
 Com a queda de Ur, dinastias pequenas foram 
surgindo, em várias regiões, constituindo-se em 
Cidades-Reino. 
 Assim aconteceu com Eshnunna. 
 Encontramos nesse corpo de leis inúmeras regras sobre 
os mais variados institutos jurídicos. 
 Bouzon apud Palma esclarece: 
 “ Muitos pontos da vida jurídica e social da cidade não 
são tratados nesta coleção de leis. Faltam, por exemplo, 
prescrições que regulem o direito de herança. Na parte 
do direito penal faltam as sanções aplicadas aos crimes 
de morte, roubo etc.; mesmo o direito de propriedade é 
tratado de uma maneira bastante sucinta. Tudo isto leva-
nos a concluir que os tribunais de Eshnunna conheciam, 
certamente, em seu funcionamento cotidiano, outras leis 
e prescrições que não foram registradas nas tábuas 
fixadas em Tell Harmal. Aliás, a preocupação de reunir 
todas as leis vigentes em um código, que realmente 
mereça esse nome, é relativamente moderna.” 
 “Encontramos referências ao direito de família 
(parágrafos 17, 18, 25 a 31, 33 e 59), ao contrato de 
depósito (parágrafos 36 e 37); à compra e venda e 
propriedade (parágrafos 38 a 40); a determinados 
crimes (parágrafos 12 e 13); a regras de reparação de 
danos (parágrafos 42 a 47, 53 a 58); e, finalmente, 
outras regras sobre propriedade de escravos 
(parágrafos 49 a 52); o último parágrafo, 60, trata da 
responsabilidade de um vigia que negligenciou a 
guarda de determinada propriedade.” (Pedrosa, 
Ronaldo L.) 
Alguns dispositivos das Leis de Eshnunna. 
 § 1º - 1 gur de cevada por um siclo de prata. 
 3 qa de óleo de ungir por um siclo de prata. 
 1 sut 2 qa de óleo de sésamo por um siclo de prata. 
 1 sut 5 qa de gordura de porco por um siclo de prata. 
 4 sat de óleo do rio por um siclo de prata. 
 6 minas de lã por um siclo de prata. 
 2 gur de sal por um siclo de prata. 
 1 gur de potassa por um siclo de prata. 
 3 minas de cobre por um siclo de prata. 
 2 minas de cobre trabalhado por um siclo de prata. 
 (Listas de preços com os valores máximos que se poderia cobrar pelos gêneros 
referidos). 
 
 § 2º- 1 qa de óleo de sésamo sa nishatim: sua (equivalência em) cevada é 3 sat. 
 1 qa de gordura de porco sa nishatim: sua (equivalência em) em cevada é 2 sata 
e 5 qa. 
 
 1 qa de óleo do rio as nishatim : sua (equivalência em) 
cevada é 8 qa. 
 § 3º - Um carro com seus bois e seu condutor: 1 pan 4 
sat de cevada (é) o seu aluguel. Se o (seu pagamento 
for) prata o seu aluguel (é) 1/3 de siclo. Ele deverá 
conduzi-lo o dia inteiro. 
 § 4º - O aluguel de um barco (é) 2 qa por 1 GUR e ... qa 
salário do barqueiro. Ele deve conduzi-lo o dia inteiro. 
 § 5º - Se um barqueiro foi negligente e afundou um 
barco: ele deverá restituir tudo que afundou. 
 § 6º - Se um awilum tomar, de maneira 
fraudulenta (?), um barco (que) não (é) seu: 
pesará 10 siclos de prata. 
§ 7º - 2 sat de cevada (é) o salário de um 
ceifador. Se (o pagamento for em) prata: 12 
SE é o seu salário. 
§ 8º -1 sut de cevada (é) o salário de um 
joeireiro. 
 
 § 9º- Se um awilum deu a mercenário um siclo de prata 
para trabalhar na colheita e se este não se colocou à 
disposição e não trabalhou (durante toda) a colheita: 
pesará 10 siclos de prata. 
 § 12 – O awilum que for apanhado no campo de um 
mushkênum,ao meio-dia, junto dos feixes de grão: 
pesará dez siclos de prata. O que for apanhado, de 
noite, junto dos feixes de grão,morrerá, ele não viverá. 
 § 13- O awilum que é apanhado na casa de um 
mushkênum, ao meio-dia, com um pedaço de pau (?), 
pesará dez siclos de prata. O que é apanhado de noite, 
com um pedaço de pau (?), morrerá, ele não viverá. 
 
 § 15 – Da mão de um escravo ou de uma escrava, o 
comerciante ou a taberneira não deverá receber prata, 
cevada, lã, óleo de sésamo, ou qualquer outra coisa. 
 § 16 – Ao filho de um awilum não separado ou a um 
escravo não deve ser feito empréstimo. 
 (Cuidava-se de regra para evitar que filhos 
dependentes da autoridade paterna, ou escravos, 
recebessem dinheiro, vinculando o credor àquele pai ou 
amo). 
 § 17 – O filho de um awilum levou a terratum para a 
casa de seu sogro: se um dos dois morreu, a prata 
retornará a seu dono. 
 
 § 18a – Por um siclo de prata ele deverá acrescentar um 
sexto de siclo e seis she como juros; por um gur de 
cevada ele deverá acrescentar um (pan e) quatro sat de 
cevada como juros. 
 § 23 – Se um awilum não tem nada contra um (outro) 
awilum, mas penhora a escrava deste awilum, retém o 
penhor em sua casa e lhe causa a morte: ele restituirá 
duas escravas ao proprietário da escrava. 
 § 24 – Se não tem nada conta ele, mas penhora a 
mulher de um mushkênum, (ou) o filho de um 
mushkênum, retém o penhor em sua casa e lhe causa a 
morte: é um processo de vida. Aquele que penhorou 
deverá morrer. 
 
 § 25 – Se um awilum reclamou a consumação (do 
casamento) mas o seu sogro o tratou injustamente e 
deu a sua filha a (um outro): o pai da filha deverá 
restituir em dobro o terratum que recebeu. 
 § 26- Se um awilum trouxe a terratum pela filha de um 
awilum, mas um outro, sem o consentimento de seu 
pai ou de sua mãe, raptou-a e deflorou-a: (este é) um 
processo de vida. Ele deverá morrer. 
 § 27 – Se um awilum tomou por esposa a filha de um 
awilum, sem perguntar a seu pai ou à sua mãe, e não 
deu um banquete de núpcias nem um contrato a seu 
pai ou à sua mãe, ainda que more um ano em sua casa, 
não é esposa. 
 
 § 28 – Se, porém, deu um contrato e um banquete de 
núpcias para o seu pai e a sua mãe e a tomou por 
esposa: (ela é) esposa. No dia em que for apanhada no 
seio de um outro awilum, morrerá. Ela não poderá 
continuar viva. 
 § 29 – Se um awilum foi feito prisioneiro durante uma 
expedição militar,de razia ou de reconhecimento(?), e 
foi levado embora à força e permaneceu por longo 
tempo em uma outra terra, um outro, então, tomou a 
sua mulher por esposa e ela gerou um filho: quando ele 
regressar, sua mulher retornará para ele. 
 § 30 – Se um awilum odiou a sua cidade e o seu senhor 
e fugiu, um outro (awilum), então, tomou a sua mulher 
por esposa: quando ele regressar nãoo poderá reclamar 
a sua mulher. 
 § 31 – Se um awilum deflorou a escrava de um (outro) 
awilum: pesará 1/3 de uma mina de prata, mas a 
escrava (continuará propriedade) de seu senhor. 
 § 33 – Se uma escrava cometeu uma fraude, 
entregando o seu filho à filha de um awilum e, quando 
ele já estava grande, seu senhor o viu: ele poderá 
prendê-lo e tomá-lo de volta. 
 § 38 – Se em uma sociedade um quiser vender a sua 
parte (e) seu irmão desejar comprar : ele deverá pagar 
o preço médio (?) do outro. 
 § 39 – Se um awilum tornou-se pobre e vendeu a sua 
casa, no dia em que o comprador quiser vender, o dono 
da casa poderá resgatar. 
 
 § 40 – Se um awilum comprou um escravo, uma 
escrava, um boi ou qualquer outra mercadoria, mas 
não pode indicar o vendedor: ele é um ladrão. 
 § 42 – Se um awilum mordeu o nariz de um (outro) 
awilum e o arrancou: pesará uma mina de prata. Por 
um olho (pesará) uma mina; por um dente ½ mina; 
por uma orelha ½ mina; por uma bofetada pesará 10 
siclos de prata. 
 § 43 – Se um awilum cortou o dedo de um outroawilum: pesará 2/3 de uma mina de prata. 
 
 § 48 – Além disso: em uma causa (que implique a 
aplicação de uma compensação) de 1/3 de mina até 
uma mina de prata, os juízes julgarão a causa... 
Mas um processo de vida (pertence) ao rei. 
 § 51 – Um escravo ou uma escrava de Eshnunna 
que foi marcado por um “kannum”(faixa), um 
“mashkanum” (algema) ou um “abbutum” (um 
tipo de penteado) não poderá sair da porta de 
Eshnunna sem o seu dono. 
 § 53 – Se um boi escorneou um (outro) boi e 
causou a sua morte: os proprietários de ambos os 
bois dividirão (entre si) o preço do boi vivo e a 
carne do boi morto. 
 
 § 54 – Se um boi é escorneador, e o distrito informou o 
seu proprietário, mas ele não vigiou (?) o seu boi e este 
escorneou um awilum e lhe causou a morte: o 
proprietário do boi pesará 2/3 de uma mina de prata. 
 § 56 – Se um cão é conhecido como perigoso, e se as 
autoridades da porta preveniram o seu proprietário (e 
este) não vigia o seu cão, e o (cão) morde um cidadão e 
causa a sua morte, o proprietário do cão deve pagar 
dois terços de uma mina de prata. 
 § 58 – Se um muro ameaça cair e as autoridades 
informaram o proprietário do muro, mas (este) não 
reforçou o seu muro e o muro caiu e causou a morte do 
filho de um awilum: (este é um processo de) vida. 
Decreto do rei. 
 § 59 – Se um awilum depois de ter gerado filhos, 
repudiou a sua esposa e tomou uma outra como 
esposa; ele deverá ser afastado de sua casa e de 
tudo que (nela) há e poderá ir após..., a casa... 
 
 § 60 – (Se) um vigia foi negligente (na guarda de 
uma casa) e um ladrão (arrombou a casa): o vigia 
da casa que foi arrombada... será morto e, sem 
sepultura, será enterrado diante do lugar do 
arrombamento.

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