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História do Direito O Código de Hammurabi O rei Hammurabi surge no cenário da Mesopotâmia como grande líder. Seu reinado durou de 1792 a.C. a 1750 a.C. Hammurabi agrega aos poucos à Babilônia outras cidades, até atingir a hegemonia. Atacava suas cidades-satélites, e com o enfraquecimento e conquista das “colônias”, as cidades principais eram conquistadas. Hammurabi foi hábil político e estrategista. Realizou várias conquistas militares e edificou um canal paralelo ao rio Eufrates, da Babilônia até o Golfo Pérsico. O rei Hammurabi construiu um grande império que abrangia os territórios dominados anteriormente pela dinastia de Agadé – do mar Imferior e do Elam até a Síria e o litoral do Mediterrâneo. Assumiu os títulos de rei de Sumer, rei de Acad, rei das Quatro Regiões, rei do Universo e Pai de Amurru. Hammurabi foi um grande conquistador, excelente estrategista e exímio administrador. Hammurabi soube como poucos promover a unificação de vários povos diferentes, de línguas, raças e culturas diversas. Para unificar tão grande região com tamanhas diversidades, Hammurabi utilizou três elementos: a língua, a religião e o direito. O acádio se tornou a língua oficial. Fixou-se o panteão dos deuses. O Código de Hammurabi foi feito servindo-se de toda a legislação precedente. Hammurabi ainda reorganizou a utilização da Justiça. A sociedade babilônica ao tempo de Hammurabi consistia em três grupos sociais: awilum, mushkênum e escravos. A economia era basicamente agrícola e a maior parte das terras pertencia ao Palácio. Havia comércio bastante ativo e forte, principalmente o externo. Mulheres dominavam o pequeno comércio varejista, as conhecidas taberneiras, que vendiam bebidas e gêneros de primeira necessidade. A moeda corrente era a cevada ou a prata. “ Se uma taberneira não aceitou cevada como preço da cerveja, (mas) aceitou prata em peso grande ou diminuiu o equivalente de cerveja em relação ao curso da cevada, comprovará (isso) contra a taberneira e a lançarão na água” (§ 108) Questões acerca dos escravos. Escravo é coisa, bem alienável. Não havia exigência na Antiguidade, de que o indivíduo fosse de outra raça para tornar-se escravo. A escravidão originava-se por guerras, dívidas, ou pelo nascimento. O Código de Hammurabi encontra-se gravado em uma estela de diorito escuro, de 2,25 m de altura e base com circunferência de 1,90 m, na qual se leem 282 artigos escritos em acádio. É dotado de um prólogo, o corpo das leis e um epílogo, método utilizado pelos povos daquela época. Nessa pedra aparece a figura de Hammurabi, em pé, recebendo de Shamash, o deus do sol e da justiça, as insígnias reais. Assim está inscrito: “A mim, Hammurabi, Shamash faz o presente das leis.” Na primeira parte, Hammurabi se apresenta, afirma que praticará a justiça e a igualdade para o bem de todos. No Código de Hammurabi encontramos os parágrafos de 1 a 5 cuidando de penalidades para alguns delitos, principalmente o de falso testemunho; de 6 a 126 fala-se de regras sobre o patrimônio; de 127 a 195 encontramos normas sobre família e sucessões; dos parágrafos 196 a 214 há regras sobre o talião; de 215 a 240, trata de direitos e obrigações de certas classes; do 241 a 277, versa sobre preços e salários e de 278 a 282, estabelece leis complementares sobre propriedade de escravos. Alguns pontos do Código de Hammurabi § 1º. “Se um awilum acusou um (outro) awilum e lançou sobre ele (suspeita de) morte, mas não pode comprovar: o seu acusador será morto.” Pontos a serem abordados: Acusação feita pelo particular; As provas eram ônus do acusador; Tênue princípio in dubio pro reo. § 4º. “Se se apresentou com um testemunho (falso em causa) de cevada ou de prata: ele carregará a pena desse processo.” Observação: Verifica-se aqui a presença da ideia da equivalência das situações e suas consequências. A acusação de homicídio não provada, acarreta em pena de morte. Acusação de faltas que acarretem pena de multa e que não sejam provadas, importam na aplicação da pena de multa ao acusador. Em nosso país no art. 342 do Código Penal há o crime de falso testemunho apenado com pena de 1 a 3 anos de reclusão e multa, se o crime é cometido em processo cível e de 2 a 6 anos de reclusão e multa, se em processo criminal. No Código de Hammurabi não há distinção entre roubo e furto. § 6º. “Se um awilum roubou um bem (de propriedade) de um deus ou do palácio; esse awilum será morto; e aquele que recebeu de sua mão o objeto roubado, será morto”. § 10. “Se o comprador não trouxe o vendedor que lhe vendeu (o objeto) e as testemunhas diante das quais comprou e o dono do (objeto) perdido trouxe as testemunhas que conhecer seu (objeto) perdido; o comprador é um ladrão, ele será morto; o dono do (objeto) perdido tomará seu (objeto) perdido.” § 11. “Se o dono do (objeto) perdido não trouxe as testemunhas que conhecem seu objeto perdido; ele é um mentiroso, levantou uma falsa denúncia: ele será morto.” § 13. “Se as testemunhas desse awilum não estão perto, os juízes conceder-lhe- ão um prazo de seis meses; se no sexto mês ele não trouxer suas testemunhas: esse awilum é um mentiroso, ele carregará a pena desse processo.” Havia possibilidade de prova da propriedade do bem. § 25. “Se pegou fogo na casa de um awilum e um (outro) awilum que veio para apagá-lo, levantou seu olho para um utensílio do dono da casa ele pegou um utensílio do dono da casa: esse awilum será lançado nesse fogo.” A mulher apresenta situação social sui generis, visto que pode trabalhar fora, e pedir o divórcio. Porém, no que concerne ao pedido de divórcio evidencia-se sua inferioridade em relação ao homem, pois este podia pedir o divórcio alegando não cumprimento dos deveres de esposa ou dona de casa, sem nenhum outro requisito. Porém a mulher, para pedir divórcio, devia antes provar a sua própria conduta ilibada, e depois comprovar a conduta errônea do consorte. Para validade do casamento bastava o contrato escrito. § 128. “Se um awilum tomou esposa e não redigiu o seu contrato, essa mulher não é esposa.” § 142. “Se uma mulher tomou aversão a seu esposo e disse-lhe: ‘Tu não terás relações comigo’, seu caso será examinado em seu distrito. Se ela se guarda e não tem falta e seu marido é um saidor e a despreza muito, essa mulher não tem culpa, ela tomará seu dote e irá para casa de seu pai.” O casamento inicialmente é monogâmico, porém, permite-se esposas secundárias. A esposa secundária é diferente da amtum, que é dada ao marido pela esposa estéril. Em caso de doença grave da mulher principal, ele podia ter uma segunda esposa, sem repudiar a primeira. Se a primeira mulher quisesse, apenas nesse caso, podia deixar o lar. (§§ 148 e 149) O objetivo do casamento era a procriação, a continuidade da família e a perpetuidade do culto. Havia sanções penais de casamento em linha reta e de filho com a segunda mulher do pai morto. (§§ 157, 158, 154, 155 e 156) A viúva com filhos menores podia casar, mas com autorização do Tribunal. A viúva e o segundo marido teriam apenas a administração dos bens, para educar os filhos do primeiro leito, que eram os verdadeiros proprietários dos bens.(§ 177) A mulher que faz loucuras ou desorganiza a casa e descuida do marido, podia ser repudiada ou reduzida à escrava, e o marido podia casar de novo (§ 141). Se o repúdio não fosse causado por ela, a mulher retomava o dote (§ 137). Os filhos ilegítimos para concorrer na sucessão com os filhos legítimos deviam ser reconhecidos pelo pai (§ 170). Adultério. Apenas a mulher cometia o crime de adultério. O homem era, no máximo, cúmplice. Um homem que mantivesse relações com uma mulher casada seria cúmplice de adultério, e ela seria julgada adúltera. Se a mulher fosse solteira e ele casado não havia crime, pois era um povo que permitia o concubinato. § 129. “Se a esposa de um awilum for surpreendida dormindo com um outro homem, eles os amarrarão e os lançarão n’água. Se o esposo deixar viver sua esposa, o rei deixará viver seu servo.” Justiça. Há juízes do templo e juízes leigos. Os sacerdotes são os únicos que podem receber declarações sob juramento. O rei é o juiz supremo. Sentenças parciais são anuladas. O Código de Hammurabi previa a pena de morte 34 vezes, por afogamento, cremação ou empalamento. Havia fixação de penas pecuniárias com fixação do montante (§§ 203 e 204). Não há pena de trabalhos forçados ou pena de prisão. O juiz venal é destituído e condenado a pagar 12 vezes o valor do litígio. §5. “Se um juiz fez um julgamento, tomou uma decisão, fez exarar um documento selado e depois alterou o seu julgamento: comprovarão contra esse juiz a alteração do julgamento que fez; ele pagará, então, doze vezes a quantia reclamada nesse processo e, na assembleia fá-lo-ão levantar-se do seu trono de juiz. Ele não voltará a sentar-se com os juízes em um processo.” Princípio de Talião. § 196. “Se um awilum destruiu o olho de um outro awilum, destruirão o seu olho.” § 197. “Se quebrou um osso de um awilum, quebrarão o seu osso.” § 198. “Se destruiu o olho de um mushkênum ou quebrou o osso de um mushkênum, pesará uma mina de prata.” § 199. “Se destruiu o olho de um escravo de um awilum ou quebrou o osso do escravo de um awilum, pesará a metade de seu preço. O talião em Hammurabi transcende a pessoa do infrator. § 229. Se um pedreiro edificou uma casa para um awilum, mas não reforçou o seu trabalho e a casa, que construiu, caiu e causou a morte do dono da casa, esse pedreiro será morto. § 230. Se causou a morte do filho do dono da casa, matarão o filho desse pedreiro. § 203. “Se um awilum bateu na face de outro awilum, que é igual a ele, pesará uma mina de prata.” § 205. “Se um escravo de um awilum bateu na face de um awilum, cortarão a sua orelha.” Patriarcado. § 195. “ Se um filho bateu em seu pai, cortarão a sua mão.” Estupro. O estupro sem pena para a mulher era previsto apenas para “virgens casadas”. § 130. “Se um awilum amarrou a esposa de um (outro) awilum, que (ainda) não conheceu um homem e mora na casa de seu pai, dormiu em seu seio, e o surpreenderam, esse awilum será morto, mas a mulher será libertada.” Família – era monogâmica e patriarcal, mas admitia-se o concubinato. Algumas características pitorescas: - Mulher possuía personalidade jurídica e era proprietária do seu dote, podendo levá- lo no fim do casamento, caso não tivesse culpa; - O casamento apresentava certa comunhão, eis que ambos responderiam pelas dívidas feitas depois que a mulher entrava na casa do homem. Adoção – instituto com previsão de casos específicos, havendo determinação de penas para adotados em casos de repúdio do adotante, ou de perda do adotado por parte do adotante em situação determinada. A adoção é instituto muito importante demonstrando os valores da sociedade hammurabiana. Por isso, é necessário um estudo mais aprofundado de tal instituto o que será feito a partir de agora. - Se uma criança fosse adotada logo após seus nascimento não poderia mais ser reclamada. - Se a criança fosse adotada para aprender um ofício e o ensinamento estivesse sendo realizado, a criança não poderia ser reclamada. Porém, se o ensinamento não estivesse sendo ministrado, o adotado deveria ser devolvido à casa paterna. - Se a criança ao ser adotada fosse um pouco crescida e tivesse algum discernimento, ao reclamar por seus pais, tinha que ser devolvida. - Porém, em outros casos, se o adotado renegasse o adotante, seria severamente punido. - Se o casal, após adotar, tivesse filhos e desejasse romper o contrato de adoção, o adotado teria direito a uma parte do patrimônio do adotante a título de indenização. Parágrafos 185 e ss. do Código de Hammurabi. Bem de Família. § 36. O campo, o horto e a casa de um oficial, gregário ou vassalo, não podem ser vendidos. O bem de família é previsto na Lei 8.009/90. Pedrosa leciona: “Hammurabi tinha o hábito de remunerar alguns servidores com campos férteis, maiores ou menores, mais próximos ou mais afastados do Palácio, consoante a classe social e o mérito do beneficiário. A expressão biltim significa um campo de onde se podem extrair rendas, provenientes de arrendamentos.” Continua o autor: “Alguns soldados recebiam, pelos serviços prestados, terras especialmente destinadas a esse mister, não podendo, contudo vendê-las, Apenas explorá-las. Chama-se a esse serviço ilkum. É uma espécie de usufruto.” Lei nº 8009/90. Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida Provisória nº 143, de 1990, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, NELSON CARNEIRO, Presidente do Senado Federal, para os efeitos do disposto no parágrafo único do art. 62 da Constituição Federal, promulgo a seguinte lei: Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo. Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias; II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III -- pelo credor de pensão alimentícia; IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantiareal pelo casal ou pela entidade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991) Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga. § 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese. § 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural. Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil. Art. 6º São canceladas as execuções suspensas pela Medida Provisória nº 143, de 8 de março de 1990, que deu origem a esta lei. Art. 7º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário. Senado Federal, 29 de março de 1990; 169º da Independência e 102º da República. NELSON CARNEIRO Herança. § 168. “Se um awilum resolveu deserdar seu filho e disse aos juízes: ‘Eu quero deserdar meu filho’, os juízes examinarão a questão. Se o filho não cometeu falta suficientemente grave para excluí-lo da herança, o pai não poderá deserdar seu filho.” O filho mais velho escolhia primeiro e havia divisão em partes iguais (§ 170). As filhas ao casar recebiam o dote, e se o pai morresse com as filhas ainda solteiras, os irmãos seriam responsáveis por entregar o dote quando do casamento delas (§§ 183 e 184). Processo. As leis hammurabianas permitiam e previam a mistura do sagrado e do profano no julgamento. Um juiz podia ser leigo, um sacerdote ou até forças da natureza. Escravos. § 117. “Se uma dívida pesa sobre um awilum e ele vendeu sua esposa, seu filho ou sua filha ou os entregou em serviço pela dívida, durante três anos trabalharão na casa de seu comprador ou daquele que os têm em sujeição, no quarto ano será concedida sua libertação.” Trabalho. § 218. “Se um médico fez em um awilum uma operação difícil com um escapelo de bronze e causou a morte do awilum ou abriu o nakkaptum de um awilum com um escapelo de bronze e destruiu o olho do awilum, eles cortarão a sua mão.” Encontramos regras sobre pagamento de vários profissionais como lavradores, pastores, tijoleiros, alfaiates, carpinteiros etc. O Tráfego Fluvial. § 240. Se o barco de um piloto que navega rio acima colidiu com o barco de um piloto que navega rio abaixo e (o) afundou, o proprietário, cujo barco foi ao fundo, declarará, diante de Deus, tudo que se perdeu em seu barco e o piloto do barco que navegava rio acima, que afundou o barco que navega rio abaixo, deverá indenizá-lo por seu barco e por tudo o que se perdeu. Aqui encontramos a origem remota da responsabilidade presumida. Mercadorias com defeito. § 278. Se um awilum comprou um escravo ou uma escrava e, antes de completar o seu mês, foi acometido de epilepsia, ele (o) reconduzirá ao seu vendedor e o comprador receberá de volta a prata que tiver pesado. Nosso Código Civil: Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Nosso Código de Defesa do Consumidor: Art. 18. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. Outros itens a serem estudados. §7. Se alguém, sem testemunhas ou contrato, compra ou recebe em depósito, ouro ou prata ou um escravo ou uma escrava, ou um boi ou uma ovelha, ou um asno, ou outra coisa de um filho alheio ou de um escravo, é considerado com um ladrão e morto. § 22. Se alguém comete roubo e é preso, ele é morto. § 132. Se contra a mulher de um homem livre é proferida difamação por causa de um outro homem, mas não é ela encontrada em contato com outro, ela deverá saltar no rio por seu marido. Palma leciona: “De qualquer modo, é mister concluir que as Leis de Hammurabi demonstram ser bem mais abrangentes que as suas antecessoras. A amplitude e a gama de situações abarcadas pelo código em questão é absolutamente incontestável. Prova disso pode ser percebida nos estudo desenvolvidos por Giordani, que, a seu turno, achou por bem dividir os crimes previstos por aquela codificação em categorias distintas: 1. Crimes contra a reputação alheia e crime de falso testemunho. 2. Crimes contra a família. 3. Crimes contra os costumes. 4. Crimes contra o patrimônio. 5. Lesões corporais. 6. Desonestidade, imperícia ou negligência no exercício da profissão. 7. Crimes contra a segurança pública. No que concerne ao orbe do Direito Civil, o código do monarca da Babilônia novamente se destaca. O texto dá ciência de algumas modalidades bem variadas de contratos e transações celebrados por todo o império.” Continua: “O Código de Hammurabi e os numerosos atos da prática do mesmo período dão-nos conhecer um sistema jurídico muito desenvolvido, sobretudo no domínio do direito privado, principalmente os contratos. Os Mesopotâmios praticaram a venda (mesmo a venda a crédito), o arrendamento (arrendamentos de instalações agrícolas, de casas, arrendamento de serviços), o depósito, o empréstimo a juros , o título de crédito à ordem (com a cláusula de reembolso ao portador), o contrato social. Eles faziam operações bancárias e financeiras em grande escala e tinham já comandita de comerciantes. Graças ao desenvolvimento da economia de trocas e das relações comerciais, o direito da época de Hammurabi criou a técnica dos contratos, ainda que os juristas não tivessem chegado a construir uma teoria abstrata do direito das obrigações; da Babilônia, esta técnica de contratos espalhou-se por toda a bacia do Mediterrâneo; os romanos herdaram-na finalmente e conseguiram sistematizá-la.” Referência bibliográficas: CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. PALMA, Rodrigo F. História do Direito. PEDROSA, Ronaldo Leite. Direito em História. Rio de Janeiro,: Lumen Juris, 2008.
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