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Contrato de Doação: Conceito e Elementos

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ – COORDENADOR – Prof. OSWALDO TRIGUEIRO DO VALE
DIREITO CIVIL III – Prof. Alexandre Jorge do Amaral Nóbrega
APOSTILA Nº 09 		matéria relativa a terceira verificação 
DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE
DOAÇÃO.
1.1 Conceito e Generalidades.
 				A doação, em sede de conceituação, seria, na visão art.538�, do Código Civil, um contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens e vantagens para o de outra, que os aceita. In casu, dimana da própria lei o caráter contratual da doação, pois além de chamá-la de contrato e discipliná-la no título correspondente aos contratos em espécie, exige, para o seu aperfeiçoamento, a aceitação do donatário.
				Assim, contrariando a perspectiva do direito francês, o legislador brasileiro, seguindo a mesma linha de posicionamento abraçada pelos ordenamentos jurídicos da Alemanha, Suíça, enquadrou o instituto da doação como sendo uma espécie de contrato unilateral, gratuito, consensual e, via de regra solene.
				Desta forma, tem-se a figura do doador, que seria o sujeito que comete a liberalidade, e, o outro, o donatário, figurando como beneficiário da vantagem patrimonial a ser patrocinada pelo primeiro.
				A doação é contrato unilateral, porque somente o doador contrai obrigações. Simplesmente consensual, porque não requer, para o seu aperfeiçoamento, a entrega da coisa doada ao donatário. Assim, desde que o acordo se realiza, o contrato está perfeito e acabado. É da aceitação do donatário que nasce para o doador a obrigação de entregar o bem.
				Gratuito, via de regra, porque se inspira no propósito de fazer uma liberalidade, afastando-se , desse modo, dos negócios especulativos, embora possa parecer oneroso se o doador impuser um encargo ao donatário no ato de efetuar a generosidade, ficando claro que mesmo assim a liberalidade sobreviverá.
				Solene, porque a lei lhe impõe forma escrita, a menos que se trate de bens móveis de pequeno valor, seguindo-selhe de imediato a tradição.
Natureza Jurídica
 				O problema afeto a natureza jurídica da doação perdeu interesse com a predominância absoluta da opinião de que é um contrato. Foi, no entanto, vivamente debatido por haver sido considerado ato unilateral no Código Civil francês. Tal equívoco é atribuído à influência de Napoleão, que, intervindo nos debates, impusera o seu ponto de vista baseado na falsa suposição de que a criação de obrigação unilateral é incompatível com a idéia de contrato.
				Atualmente, a natureza contratual da doação é inquestionável. Ora, não resta qualquer dúvida de que, para a sua deflagração, é indispensável o acordo de duas vontades , somente se configurando, com efeitos, se o donatário a aceita, expressa ou tacitamente.
				Por outro lado, calha acentuar que a propriedade do bem doado somente se transmite pela tradição, se móvel, ou pela transcrição, se imóvel. O contrato é apenas o título, a causa, da transferência, não bastando, por si só, para operá-la. São obrigacionais os efeitos produzidos por esse tipo de contrato, e não um negócio jurídico de efeitos reais.
Elementos.
 				Afiguram-se como elementos característicos da doação os seguintes:
que se verifique entre vivos;
que uma das partes se enriqueça na medida em que a outra empobrece ( elemento objetivo);
que esta queira enriquecer a outra a suas expensas ( elemento subjetivo )
* Os dois últimos requisitos são, respectivamente, os elementos objetivo e subjetivo da doação.
- O primeiro é necessário para distingui-la do testamento. Com efeito, a liberalidade mortis causa tem natureza unilateral e obedece a prescrições especiais, devendo constar de disposição testamentária, já que o nosso direito não admite a doação “causa mortis”, embora produza efeitos, se revestir a forma de legado, ou se fizer propter nuptias.
- Para haver doação mister se faz, primeiramente, que haja a diminuição em um patrimônio e aumento correspondente em outro. O donatário há de enriquecer na medida em que o doador empobrece. Enriquecimento pode consistir em qualquer atribuição patrimonial: aquisição pelo donatário, de propriedade ou direito real limitado, cessão de créditos ou de quaisquer vantagens. O empobrecimento do doador constitui o elemento de caracterização que permite distinguir a doação de outros negócios jurídicos, como, por exemplo, a renúncia.
- Completa-se com o elemento subjetivo: o animus donandi. Indispensável à caracterização da doação é, com efeito, a intenção de praticar um ato de liberalidade. O doador deve ter a vontade de enriquecer o donatário, a expensas próprias. Se lhe falta esse propósito, o contrato não será de doação. É o animus donandi que o caracteriza.
- Há casos em que o enriquecimento ocorre sem doação, porque falta o animus donandi. Assim, numa transação em que os transatores renunciam a alguns direitos mas, sem a intenção de se gratificarem mutuamente, não há doação.
Da aceitação
- A aceitação é a manifestação concordante da vontade do donatário, indispensável para o aperfeiçoamento do negócio. Ela pode ser expressa ou tácita e, além disso, algumas vezes a lei a presume. Esta última circunstância tem conduzido alguns autores a entender que nestes casos perde a doação o seu caráter contratual, pois o negócio se ultima em virtude de uma só declaração da vontade, hipótese em que se caracteriza como ato unilateral. Todavia, não é verdadeiro tal entendimento, pois a aceitação sempre constitui elemento indispensável. In specie, apenas a lei a presume, no caso do incapaz ( art.543�), ou permite, que seja formulada pelos pais, no caso de nascituro.
Ela é expressa, quando revelada pela palavra verbal ou escrita e ainda por gestos, quando estes significarem concordância direta com o negócio.
- É tácita, quando resulta de um comportamento do donatário, incompatível com sua recusa à liberalidade. Se o doador revela seu propósito de doar um automóvel ao donatário, que a despeito de silente o recebe, licencia, emplaca-o e passa a usá-lo como dono, é evidente que deu sua aceitação tácita, pois tal comportamento é incompatível com a deliberação de recusar.
 				Por ourtro lado, a aceitação é presumida pela lei em várias hipóteses, a saber:
Nas hipóteses realçadas no art.539�, do Código Civil, isto é, quando o autor da liberalidade não sujeita a encargo fixa prazo ao donatário para declarar se aceita, ou não, este se mantém silente. Neste caso o silêncio do beneficiário induz a presunção de aceitação, pois do ato só benefício lhe resulta;
Quando se tratar de doação pura e o beneficiário for incapaz de manifestar seu consentimento ( art.543). Ora, da mesma forma como ocorre no item anterior, tratando-se o episódio em descortino de doação pura dela só benefício pode surgir para o incapaz. Por isso a lei, com o intuito de proteger seu interesse, presume que houve consentimento válido de sua parte. Nessa quadra, convém salientar que a Professora Maria Helena Diniz e o Saudoso Jurista Orlando Gomes, supõem necessário o consentimento do seu representante legal. O NOVO CÓDIGO CIVIL, em seu art.543, explicitou ainda mais a dispensa do aceite nesses casos, ao estatuir, in verbis, que:”se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura”.
Quando a doação é feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa e o casamento se realizar. Neste caso a lei veda que o negócio seja impugnado por falta de aceitação, pois só admite sua revogação não se realizando o matrimônio�. Obs:Quanto a essa espécie de doação, também denominada de doação propter nuptias, o novo CÓDIGO CIVIL, em seu art.552, impôs ao doador o ônus de responder pelos riscos da evicção. Entrementes, estabeleceu a possibilidade da predita incumbência ser afastada por convenção entre as partes�.
Por fim, a lei presume que o consentimento do beneficiário seja suprido pelo de seus pais, quando se tratar de nascituro�.O argumento é o mesmo da situações anteriores, isto é, como a doação pura não pode senão beneficiar o futuro donatário, o contrato se aperfeiçoa com a anuência de seus pais, que substitui a concordância faltante do nascituro. Todavia, não tendo o nascituro personalidade, a qual só será adquirida se nascer com vida, a doação a ele feita se resolverá, se nascer morto. Isso porque ficará faltando, na relação contratual, a presença de um elemento básico, isto é, o donatário.
Pressupostos e requisitos.
a) Requisito subjetivo: A capacidade no contrato de doação varia conforme a posição da parte. Tal inferência decorre da assertiva segundo a qual, nos contratos translativos de domínio, o doador há de ter o poder de disposição para assumir a obrigação de alienar o bem doado. De outro lado, consoante já repisado, o donatário não precisa ter capacidade de fato para aceitar a doação.
			Todavia, nem sempre tem a pessoa legitimação para doar. Não podem fazer doação:
a.1) Os tutores e curadores a seus pupilos ou curatelados: Os tutores e curadores não podem doar os bens que administram. Não lhes é permitido aceitar doações dos seus tutelados ou curatelados que, porventura, fossem autorizados a fazê-las.
a.2) O Cônjuge adúltero a seu cúmplice: A concubina de homem casado está proibida de receber doação do concubinário, mas a rigor a proibição afeta o doador, cujo ato é passível de ser anulado por provocação do cônjuge ou dos herdeiros necessários.
a.3) Os cônjuges, sem a devida autorização, estão impedidos de fazer doação com os bens e rendimentos comuns, não sendo remuneratória ou de pequeno valor ( C. Civil, arts.1647, inciso IV�). Logo, não se proíbe que um consorte faça, sem anuência do outro: doações remuneratórias de bens móveis, desde que objetivem pagar um serviço recebido, não constituindo propriamente liberalidades; doações módicas ou de pequeno valor, por não prejudicarem o patrimônio da família; doações propter nuptias de bens móveis, feitas aos filhos e filhas por ocasião de seu casamento, ou doações de móveis de bens próprios, exceto imóveis, hipótese em que será indispensável o assentimento do outro consorte;
a.4) o mandatário do doador não poderá nomear donatário ad libitum, pois só lhe será lícito efetivar doação desde que o doador nomeie, no instrumento, o donatário, ou dê ao procurador a liberdade de escolher um entre os que designar.
a.5) O falido não poderá fazer doações, porque não esta na administração de seus bens e porque esta doação lesaria seus credores; daí ser anulável por meio de ação pauliana. 
				Quanto à capacidade passiva ou capacidade para receber doação, não há qualquer empecilho se se tratar de doação pura e simples, ante o caráter benéfico do ato. Os absoluta ou relativamente incapazes poderão receber doação, pois o Código Civil, como vimos alhures, permite que figurem como donatários.
b) Requisito Objetivo: Para ter validade a doação precisará ter por objeto coisa que esteja in commercio: bens móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos, presentes, vantagens patrimoniais de qualquer espécie, etc. Admissível é a doação de órgãos humanos para fins científicos e terapêuticos. De outro turno, calha remarcar que será imprescindível a liceidade e a determinabilidade; daí a conveniência de se observarem as seguintes normas:
b.1) Não valerá a doação de todos os bens, sem reserva de parte ou renda suficiente para a subsistência do doador ( CC, art.548�), a fim de se evitar excessiva liberalidade, que coloque o doador na penúria ( RT, 305:258). Todavia, a proibição do art.1.175, poderá ser ilidida se o doador se reservar o usufruto dos bens ( RT, 114:78).
b.2) Se com a doação o doador ficar insolvente: os credores prejudicados poderão anulá-la, a não ser que o donatário, com o consentimento dos credores, assuma o passivo do doador, dando-se, então, uma novação subjetiva ( CC, art.158�).
b.3) a doação inoficiosa: é aquela vedada por lei; portanto, nula será a doação da parte excedente do que poderia dispor o doador em testamento, no momento em que doa ( CC, art.549�), pois se houver herdeiros necessários, o testador só poderá dispor de metade da herança, preservando-se, assim, a legítima dos herdeiros. A nulidade dessa doação recai, apenas, no que toca à parte ou porção excedente à legítima de seus herdeiros. O herdeiro lesado com a doação poderá ingressar em juízo imediatamente com a competente ação de redução. Todavia, consoante salienta a Professora Maria Helena Diniz, tal questão não é pacífica, sustentando alguns julgados que só se poderá ajuizar tal ação após a abertura da sucessão do doador, pois de outro modo estar-se-ia a litigar sobre herança de pessoa viva ( RT, 280:273).
b.4) a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice poderá ser anulada pelo outro consorte, na constância do matrimônio, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos após a dissolução da sociedade conjugal. Todavia, essa anulabilidade só atingirá o objeto doado e não outro em que o primeiro foi aplicado. Assim, por exemplo, se a doação feita pelo adúltero à concubina constitui em dinheiro, com o qual ela adquiriu um imóvel, não será nula a aquisição da propriedade, mas apenas a versão do dinheiro.
b.5) a doação de bens alheios é inadmissível, por ter ela por objeto coisas não pertencentes ao doador. O bem a ser doado deve pertencer ao doador no momento em que o doa, nula sendo, desse modo, a doação de coisas alheias e a doação de coisa futura. “A doação de coisa alheia é nula por falta de objeto. Quando se admitisse, a exemplo da compra e venda, a validade do contrato a pretexto de que o doador se estaria obrigando somente, em tal hipótese, a tentar adquirir a coisa para cumprir, em seguida, a obrigação contraída, a natureza da doação, como negócio jurídico gratuito, não aceitasse o símile”. Da mesma forma, a simples posse não pode ser objeto de doação porque as vantagens próprias dessa entidade não lhe atribuem autonomia no patrimônio do doador, não existindo de per si. ( Orlando Gomes)
* No entanto, quando se trata de promessa de doação, feita em acordo de separação judicial em favor dos filhos do casal, há várias decisões que reconhecem sua validade. O próprio STF, já decidiu, a propósito do tema, que “promessa de doação aos filhos do casal, inserida em acordo de separação judicial, já ratificada, não pode ser unilateralmente retratada por um dos cônjuges” ( RE 109.097-9/RS. Rel. Min. Octávio Gallotti).
C) Requisito Formal: art.541, do Código Civil
“Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição”
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir "incontinenti" a tradição.
Espécies.
Doação Pura – é a que se faz por espírito de liberalidade, sem subordinação a qualquer acontecimento futuro e incerto, ao cumprimento de encargo ou em consideração do mérito ou reconhecimento de serviços por este prestados pelo favorecimento. É a mais simples espécie de doação, a mais comum, a que responde genuinamente ao espírito do ato. Na doação pura, não há limitações ao direito do donatário, nem motivo especial que a determine. É a liberalidade plena. Ex: Doação feita a alguém por seus feitos no campo da ciência, etc.
Doação condicional – é aquela que depende, para ser eficaz, de acontecimento futuro e incerto. Todavia, consoante sinaliza o mestre Orlando Gomes, não se permite condição que deixe ao doador o arbítrio de renovar ou neutralizar a doação. 
A doação condicional não se confunde coma doação modal. Nesta, o doador impõe ao donatário encargos ou obrigações. Naquela, o donatário só adquire ou perde o direito quando se verificar a condição. Na visão do jurista Orlando Gomes, os dois institutos apresentam, ainda, as seguintes distinções: O modo é coercitivo, enquanto que a condição não; odonatário submodo pode ser compelido a cumprir o encargo imposto pelo doador, mas o inadimplemento da obrigação não é causa de resolução do contrato, a menos que tenham-na expressamente estipulado; o modo, por outro lado, não suspende a aquisição do direito do donatário, como a doação condicional. Finalmente, se o encargo for impossível ou ilícito, a cláusula que o instituir tem-se como não escrita, não se invalidando, portanto, a doação.
Obs: Dentre as doações condicionais, existe, ainda, aquela em que se estipula uma cláusula de reversão, na qual o bem doado voltará ao patrimônio do doador se o donatário falecer antes dele. A cláusula de reversão configura condição resolutiva, subordinando a eficácia da doação a um evento futuro que se verificará, ou não antes de outro, ou seja: se o donatário morrer antes do doador, o bem reverte ao patrimônio deste; se o doador falecer antes do donatário consolida-se neste. Embora a morte do donatário seja acontecimento certo, já que todos devem morrer um dia, a doação a retorno é condicional porque pode ocorrer antes ou depois do falecimento
 do doador. Cuida-se, na verdade, de contrato em que se estabelece uma propriedade resolúvel.
Obs:Essa cláusula de reversão deverá resultar de disposição expressa, operando, então, como uma condição resolutiva, de cujo implemento resultará a restituição do bem doado; os frutos, porém, pertencerão ao donatário. O NOVO CÓDIGO CIVIL vedou, expressamente, a estipulação de cláusula de reversão em favor de terceiro. Logo, nula seria, por exemplo, a cláusula de reversão em que se estabelecesse o direito de resgate em favor de uma pessoa estranha ao doador, quando da morte do donatário. 
Doação remuneratória – Em sentido próprio, é a que se faz para recompensar serviços prestados ao doador, que não podem ser cobrados. Em acepção mais ampla, abrange, porém, a que se faz em consideração dos méritos do donatário, ou como reconhecimento a atos, gestos e atitudes suas. A doação remuneratória não deixa de ser liberalidade, eis que não há obrigação de pagar os serviços. Apenas o doador pratica o ato por impulso altruísta ( ato de generosidade), com a intenção de gratificar. Todavia, ao contrário do que ocorre na doação pura e simples, a doação remuneratória não pode ser revogada por ingratidão (art.557�), e se feita a filho, não importa em adiantamento da legítima. 
Doação conjuntiva – é aquela que se faz, em comum, a mais de uma pessoa. Entende-se que é distribuída por igual entre os diversos donatários, a menos que o contrato tenha previsto divisão desigual, ou se possa deduzir do seu contexto ser essa vontade do doador. Na doação conjuntiva, admite-se o direito de acrescer. A ocorrência do predito instituto pode ser observada no caso em que os donatários forem marido e mulher. Neste caso, a doação subsistirá, na totalidade, para o cônjuge sobrevivo�.
Doação em forma de subvenção periódica – É aquela em que o seu objeto não se entrega de uma vez ao donatário, mas se opera em forma de prestações sucessivas. Obriga-se o doador, em suma, a dar uma pensão ao donatário. A regra é que por morte do doador, se extingue . Segundo o mestre Orlando Gomes, nada impede que se disponha de outro modo, passando a obrigação para os herdeiros.
A subvenção constitui um favor pessoal, que termina com o falecimento do doador, não se transferindo a obrigação para seus herdeiros. Trata-se de uma constituição de renda a título gratuito. O NOVO CÓDIGO CIVIL, muito embora tenha permitido a continuidade desse tipo de doação após a morte do doador, a respeito desse tipo de doação, assentou acerca da impossibilidade do benefício vir a ser mantido após a morte do donatário, quando diz:”art,545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário”. 
Doação de pais a filhos – é aquela que importa em adiantamento da legítima, ou seja, daquilo que por morte do doador o donatário receberia. Essa doação deverá ser conferida no inventário do doador, por meio de colação. Mas o doador poderá dispensar a conferência, determinando, em tal hipótese, que saiam de sua metade disponível�, contanto que não a excedam ( C.Civil, art.2005). Se nada prescrever; impor-se-á a colação.
Conteúdo.
 			O doador não pode desfazer, a seu arbítrio, após a conclusão do contrato, o ato de liberalidade. Conquanto seja levado a doar por impulso generoso, propondo-se a dar sem nada receber, contrai indeclinável obrigação no momento em que o contrato se torna perfeito e acabado, ficando adstrito a entregar bem doado. Essa é, sem dúvida, a obrigação fundamental que se origina do contrato de doação: a efetiva entrega da coisa ao donatário com o ânimo de lhe transferir a propriedade .
Revogação e Invalidade
Revogação – A revogação de um direito, nas palavras de Serpa Lopes, é a possibilidade de que um direito subjetivo, em dadas circunstâncias, por força de uma causa contemporânea a sua aquisição, possa ou deva retornar ao seu precedente titular. A doação é um ato de liberalidade por parte do doador, que não poderá revogá-lo unilateralmente, no todo ou em parte, se já houve sua aceitação pelo donatário, salvo nas seguintes situações:
1) por ingratidão – nas hipóteses realçadas pelo art.557� e incisos do Código Civil, aplicáveis aos casos de doações puras. Segundo o entendimento de corrente doutrinária majoritária, tem-se que a lei enumera taxativamente (exaustivamente) os fatos que configuram ingratidão. Assim, segundo o precitado entendimento, não fica ao arbítrio do doador conceituá-la. Pode-lhe parecer que o donatário seja ingrato, mas, se este não houver praticado qualquer dos atos legalmente discriminados como causas de revogação da doação por ingratidão, não lhe é dado exercer a faculdade revocatória. O NOVO CÓDIGO CIVIL, ampliou o rol estabelecido no supracitado artigo ao incluir, por ocasião do art.557, inciso I, a prática de homicídio doloso contra o doador. Nesse caso, a legitimidade para a propositura da AÇÃO REVOCATÓRIA será dos herdeiros do doador assassinado. Ainda em sede de alteração legislativa, a neófita legilação, em seu art.558, consignou que a AÇÃO REVOCATÓRIA poderá ser igualmente proposta quando as hipóteses estabelecidas no art.557 e incisos vier a ser praticada contra cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador�. 
- Assim, o doador somente poderá avocar para si o bem, objeto de doação, caso o donatário tenha atentado contra a sua vida, cometido contra a sua pessoa ofensa física, ter o injuriado gravemente ou caluniado, e, por fim, se, podendo ministrar-lhes, recusou ao doador alimentos de que ele necessitava (no caso de homicídio consumado, conforme visto, legitimados estarão os herdeiros do doador para o exercício do mencionado mister). 
- O direito de revogar a doação por ingratidão é irrenunciável. Nula será a cláusula pela qual o doador se obrigue a não exercê-lo, o que não significa que o doador tenha a obrigação de propor a revocatória caso o donatário venha a praticar qualquer dos atos que lhe possam servir de fundamento. O que constitui proibição legal é, justamente, a renúncia antecipada ao direito de revogar a doação. 
- Só se revogam por ingratidão do donatário as doações puras (art.564). 
A revogação da doação por ingratidão pressupõe, sempre, uma sentença judicial que reconhece a existência de ingratidão. 
A revogação não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, não podendo o doador reivindicar o bem doado se o donatário o alienar validamente.
O donatário não está obrigado a restituir os frutos percebidos, mas, proposta a ação revocatória, não terá mais o direito de percebê-los desde a contestação da lide (é que o donatário, antes da contestação da lide, é considerado possuidor de boa fé, fazendo jus aos frutos derivados da coisa doada).
Se ao donatário não for mais possível restituir em espécie a coisa doada, fica sujeita a indenizá-la pelomeio-termo do seu valor.
Não se revogam por ingratidão: a) as doações remuneratórias; b) as doações modais; c) as que se fizeram em cumprimento de obrigação natural; d) as feitas para determinado casamento. Exclui-se também a revogação, se o doador houve perdoado o donatário.
2) Por descumprimento do encargo – Eis os expressos termos do parágrafo único do art.555, do Código Civil�. In casu, cuida-se de um negócio jurídico misto que em parte é liberalidade e em parte negócio oneroso pois a transferência de bens do patrimônio do doador para o do donatário tem como causa a prestação co-respectiva deste último, representada pelo encargo. De modo que, descumprido o encargo, justifica-se a revogação da doação. Acerca do episódio em descortino, os juristas Silvio Rodrigues e Washington de Barros Monteiro sinalizam que a revogação por descumprimento do encargo reclama, necessariamente, uma decisão judicial, não podendo se aperfeiçoar através de ato unilateral do próprio doador, como, por exemplo, por escritura pública. 
x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x
�	 Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 
�	 Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura.
�	 Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. 
�	 Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
�	 Art.552.O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
�	 Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. 
�	 Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: 
	IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. 
	Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
�	 Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
�	 Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
�	 Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. 
�	 Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: 
	I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; 
	II - se cometeu contra ele ofensa física; 
	III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; 
	IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. 
�	 Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual. 
	Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
�	 Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação. 
	Parágrafo único. Presume-se imputada na parte disponível a liberalidade feita a descendente que, ao tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário.
�	 Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: 
	I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; 
	II - se cometeu contra ele ofensa física; 
	III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; 
	IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
�	 Art.558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
�	 Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo.

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