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A ANGÚSTIA

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A ANGÚSTIA
Para Sartre a angústia é o sentimento mais importante, a ponto de chegar a declarar que o homem é angústia. Ele faz uma distinção entre a angústia e o medo; o medo aparece diante de um risco específico ou dano que a realidade lhe possa infligir e já a angustia, não surge como fenômeno afetivo por uma razão específica ou por qualquer objeto externo; é o medo de si mesmo, das nossas decisões, das consequências de nossas decisões. É a emoção ou sentimento que vem com a consciência de liberdade: ao perceber a nossa liberdade, nos damos conta que o que somos e o que seremos depende de nós; que somos responsáveis por nós mesmos e não temos desculpas ou refúgios a essa condição; a angústia parece ser uma expectativa ansiosa da responsabilidade que temos por nossa própria existência.  a consciência da responsabilidade aumenta quando percebemos que a nossa escolha não diz apenas respeito a um âmbito puramente individual: tudo o que fazemos tem uma dimensão social, na escolha de um projeto de vida estamos escolhendo um modelo da humanidade, não se pode escolher um modo de vida que aplique-se única e exclusivamente a um indivíduo. Ao escolher nos tornamos legisladores, e que devemos sempre refletir: “por minha ação suponho que todo homem deveria fazer isso, tem o direito, cada homem, de agir assim? no sentimento de angústia, todas as pessoas têm responsabilidades. Pode parecer que a angústia, o medo antes da eleição de uma possibilidade, possa levar a apatia ou inércia, mas, isso não é verdade, ao contrário: “a angústia é uma expressão ou condição da ação”. A angústia no homem, não aparece apenas em casos de decisões extremas, mas quando examinamos nossa consciência e vemos que sentimos angústia a cada instante.
A plenitude do existir, para nós, parece ganhar o status de inalcançável, a partir de meras confabulações produzidas do resultado de uma quantidade limitada e distorcida de informações percebidas pela mente humana. O que parece inatingível pela realização do homem, entretanto, como numa grande e jocosa piada cósmica, é indissolúvel da própria condição do existir consciente; condição esta que não podemos recusar ou negar, já que estamos inseridos em um aqui – agora factual, inegável, porém incompreensível.
Para que uma concepção global e essencial do existir pudesse ser formulada, a fim de atenuar as agruras que o mundo causa à consciência, seria primordial apreender todas as informações essenciais de todos os elementos existentes no aqui – agora, bem como no antes, no depois e em todos os lugares. Obviamente, tal devaneio é ridículo, posto que a condição finita do ser humano o mantém aprisionado em um mundo de dúvidas e incertezas no que concerne á sua origem, sua função e seu fim.
Como diria o poeta: “é chato chegar a um objetivo num instante”. Resta-nos, então, continuar, mesmo que em muitas ou todas às vezes por caminhos errôneos, a inventar para nós mesmos, sentidos para a consciência viva que temos do mundo, o fato de existir e ter consciência disso, por mais esdrúxulas que as representações que produzimos pareçam, é algo que deve ser encarado como poético por nós, pois, ao menos, dentro dessa condição tão limitada e sujeitada que temos e somos, tomamos partido de que existimos em algum lugar.
REFERÊNCIAS
· ANGIRAME, Valdemar Augusto. Psicoterapia Existencial. 4 ed. São Paulo: Thonson Learning Brasil. 2007.
· da PENHA, João. O Que é Existencialismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 2007.

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