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UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara - SP LUANA DE LIMA CARVALHO O ENSINO DE MORFOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ATRAVÉS DO TEXTO: UMA ANÁLISE DE MATERIAIS DIDÁTICOS ARARAQUARA – SP 2022 LUANA DE LIMA CARVALHO O ENSINO DE MORFOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ATRAVÉS DO TEXTO: UMA ANÁLISE DE MATERIAIS DIDÁTICOS Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Conselho de Curso de Letras, da Faculdade de Ciências e Letras – Unesp/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Letras. Orientador: Prof. Dr. Daniel Soares da Costa. ARARAQUARA – SP 2022 Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. C331e Carvalho, Luana de Lima O ensino de morfologia da língua portuguesa através do texto : uma análise de materiais didáticos / Luana de Lima Carvalho. -- Araraquara, 2022 40 p. : fotos Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado e licenciatura - Letras) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de 1. Língua Portuguesa. 2. Morfologia. 3. Ensino. 4. Texto. I. Título. Luana de Lima Carvalho O ENSINO DE MORFOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ATRAVÉS DO TEXTO: UMA ANÁLISE DE MATERIAIS DIDÁTICOS Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Conselho de Curso de Letras, da Faculdade de Ciências e Letras – Unesp/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Letras. Orientador: Daniel Soares da Costa Data da defesa/entrega: 23/03/2022 MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: Presidente e Orientador: Prof. Dr. Daniel Soares da Costa (UNESP/FCLAr) Membro Titular: Profa. Dra. Gisela Sequini Favaro Membro Titular: Prof. Dr. Marcus Garcia de Sene Local: Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências e Letras UNESP – Campus de Araraquara AGRADECIMENTOS Durante toda minha graduação, estive ao lado de pessoas extremamente especiais, tanto para a minha formação profissional, quanto para o meu crescimento pessoal. Meus primeiros agradecimentos, portanto, vão diretamente à minha família, aos meus pais e principalmente, ao meu pai, Nilson Carvalho, que em nenhum momento largou minha mão, sempre me apoiando em todas as decisões, me incentivando a realizar meu sonho e me disponibilizando estrutura para aproveitar o máximo do curso. Te amo, pai! Segundamente, gostaria de agradecer aos meus amigos, que sempre me incentivaram, me ajudaram e estiveram presentes durante todo o período de graduação, inclusive muito do meu aproveitamento do curso foi juntamente com a dedicação e companheirismo de cada um, principalmente das minhas duas melhores amigas do curso, Mariana Bragança e Mariana Caetano. Muito obrigada, meninas, por tudo, guardarei para sempre todo amor e carinho que recebi, amo vocês! Outra pessoa fundamental para o meu desempenho pessoal e profissional é meu companheiro de vida, meu parceiro e namorado Gabriel Maschio, que sempre esteve ao meu lado nos momentos bons e ruins, nas felicidades e nas dificuldades até mesmo antes de eu fazer parte da Unesp. Meus mais sinceros agradecimentos por todo apoio e por sempre fazer parte dos momentos mais importantes da minha vida. Te amo! Por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer ao meu professor e orientador Daniel Soares da Costa, que nos últimos dois anos esteve presente em todo desenvolvimento da minha monografia, sempre me auxiliando e se oferecendo disponível quando precisei. Obrigada por dedicar seu tempo para me orientar, é uma honra ter seu nome no meu trabalho! RESUMO Sabe-se que a educação brasileira vem passando por diversos problemas de ensino e de aprendizagem, seja por parte dos alunos, dos professores ou até mesmo em função da metodologia adotada pela escola. Nesse contexto, o uso do material didático se torna praticamente imprescindível, visto que os maiores sistemas de ensino devem seguir rigorosamente um método para alcançar resultados futuros. Dessa forma, com o intuito de apontar aspectos positivos e negativos de grandes nomes de sistemas de ensino, o presente trabalho busca, avaliar um recorte de dois sistemas de ensino, Sistema Anglo (2016) e Sistema Poliedro (2022), precisamente do 6º ano do Ensino Fundamental, a fim de que seja possível verificar o modo como o conteúdo de morfologia do português é abordado pelos livros, a elaboração das atividades e a relevância que cada conteúdo tem no material. Assim, será observado se resultados atuais da educação brasileira se concentram na escolha do material didático. Para isso, será feita uma análise do material da disciplina de Língua Portuguesa, em que, além de considerar aspectos relacionados a conteúdos morfológicos, também contará com princípios didáticos fundamentais. Palavras-chave: Material didático. Conteúdo. Ensino. Morfologia. Língua Portuguesa. ABSTRACT It is known that the Brazilian education has been going through several problems of teaching and learning, either by students, teachers or even according to the methodology adopted by the school. In this context, the use of teaching material is practically essential, since the largest education systems must strictly follow a method to achieve future results. Thus, in order to point out the positive and negative aspects of great names of education systems, this work seeks to evaluate a cross section of two education systems, Anglo System (2016) and Poliedro System (2022), precisely of the 6th year of elementary school, in order to be able to verify the way the morphology content of Portuguese is approached by the books, the elaboration of the activities and the relevance that each content has in the material. Thus, it will be observed if current results of Brazilian education focus on the choice of teaching material. For this, an analysis will be made of the material of the Portuguese Language Discipline, in which, in addition to considering aspects related to morphological contents, it will also have fundamental didactic principles. Key words: Educational material. Content. Teaching. Morphology. Portuguese language. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Tirinha ....................................................................................................................... 19 Figura 2 - O Substantivo ........................................................................................................... 19 Figura 3 - Atividade .................................................................................................................. 21 Figura 4 - Atividade .................................................................................................................. 22 Figura 5 - Atividade .................................................................................................................. 23 Figura 6 - Atividade .................................................................................................................. 24 Figura 7 - Grau do adjetivo....................................................................................................... 26 Figura 8 - Atividade .................................................................................................................. 27 Figura 9 - Substantivo............................................................................................................... 29 Figura 10 - Atividade................................................................................................................ 30 Figura 11 - Atividade ................................................................................................................ 32 Figura 12 - Atividade ................................................................................................................ 34 Figura 13 - Atividade ................................................................................................................ 35 file:///C:/Users/Mariana/Desktop/tcc%20luana.docx%23_Toc97673041 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................................................... 10 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 12 2.1. Ensino de morfologia na atualidade........................................................................... 13 2.2. Morfologia .................................................................................................................... 14 2.2.1. Substantivo ............................................................................................................. 15 2.2.2. Adjetivo .................................................................................................................. 16 3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 17 4. ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................................... 18 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 39 10 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA A gramática da Língua Portuguesa, em sua totalidade, é muito ampla. O ensino de gramática, portanto, pode seguir várias vertentes metodológicas dependendo do objetivo que se deseja alcançar na aprendizagem. Relacionado a isso, Possenti (1996) abre uma reflexão sobre o objetivo do ensino, uma vez que, segundo ele, o modo com que o assunto é tratado nas escolas não é eficaz: Os programas anuais poderiam basear-se num levantamento bem feito do conhecimento prático de leitura e escrita que os alunos já atingiram e, por comparação com o projeto da escola, uma avaliação do que ainda lhes falta aprender. Nada de consultar manuais e guias para saber o que se deve ensinar, por exemplo, numa sexta série. Nada, portanto, desses programas pré-fabricados para ir do simples ao complexo, presos a uma tradição que não se justifica a não ser por ser tradição. (POSSENTI, 1996, p.49) Assim, se observarmos a realidade do ensino de língua portuguesa no Brasil, pode-se pensar em inúmeros motivos para a defasagem, desde falta de investimento na educação pública até falta de professores qualificados. Contudo, um dos motivos a ser destacado, que está relacionado tanto a escolas públicas quanto escolas privadas, é o uso do material didático, que deve ter a atenção redobrada, dado que ele serve de apoio e de guia para o professor e, principalmente, para o aluno durante todo o período letivo. Então, para refletirmos o uso desses materiais no ensino de gramática, vale destacar as considerações de Bagno (1999), que diz que ensinar gramática normativa não é o único caminho para o aluno saber a falar e escrever bem: Se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores (o que está longe de ser verdade), e os bons escritores seriam especialistas em gramática. [...] Celso Pedro Luft em Língua e liberdade [...] nos diz (p. 21): Um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo. (BAGNO, 1999, p. 62) Dessa forma, é de referir a importância do ensino adequado do português, que, se aplicado da maneira correta, contribui para o desenvolvimento do aluno de forma positiva. Para tanto, deve-se pensar que o livro didático, como instrumento fundamental na educação, também deve ser utilizado de maneira correta, a qual será verificada adiante. Contudo, o modo como esses materiais expressam os temas, assim como o ensino de gramática, também pode seguir várias vertentes. Para este trabalho, analisando a amplitude da gramática, foi feito um recorte voltado para o ensino da morfologia do português, que está presente no conteúdo programático do 6º 11 ano do Ensino Fundamental II. Assim, faz-se necessário pensar acerca deste ensino, o qual, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (2018), se faz de melhor forma através do texto: Tal proposta assume a centralidade do texto como unidade de trabalho e as perspectivas enunciativo-discursivas na abordagem, de forma a sempre relacionar os textos a seus contextos de produção e o desenvolvimento de habilidades ao uso significativo da linguagem em atividades de leitura, escuta e produção de textos em várias mídias e semioses. (BRASIL, 2018, p.67) Além disso, Paulo Freire (1989) em A importância do ato de ler, relata sobre o trabalho com textos que o ato da leitura e da escrita devem ser vistos no processo de ensino de língua “como momentos inseparáveis de um mesmo processo - o da compreensão e o do domínio da língua e da linguagem” (FREIRE, 1989, p. 27). O autor vai além ao retratar o ensino de língua portuguesa através do texto como forma de incentivar o aluno a pensar acerca das relações existentes entre ser humano e texto. Portanto, vale ressaltar que a pesquisa realizada tem o propósito de contribuir para a melhora na qualidade do ensino de Língua Portuguesa, que ainda é tratado de forma equivocada até mesmo no processo de escolha e utilização do material didático. Assim, ao pensarmos sobre as dificuldades da aprendizagem do português, torna-se necessária uma maior dedicação para com estes livros, a fim de que o professor seja capaz de analisar também criticamente os temas que devem ou não aparecer no livro do jeito que aparecem, fazendo com que o ensino e a aprendizagem de língua portuguesa fluam de maneira mais leve, usual e adequada. O presente trabalho, então, tem como objetivo observar o modo com que a morfologia da língua portuguesa é tratada e apresentada aos alunos de acordo com os materiais didáticos selecionados, que possuem, cada qual, seu método de exposição do conteúdo. Além disso, tem como objetivo, também, refletir se o ensino de morfologia está sendo aplicado de forma adequada, no intuito de apontar possíveis desajustes dos materiais, fazendo com que se abra a reflexão sobre a qualidade dos materiais utilizados em diversas escolas do país. Há, ainda, o objetivo de alertar educadores para a utilização do material de forma consciente e crítica, para que esses desajustes não impeçam os estudantes de terem uma educação de qualidade. 12 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Sabe-se que a maioria dos alunos brasileiros tem dificuldade na aprendizagem escolar de língua portuguesa, a que se dá, principalmente, pelo ensino de gramática e produção textual. De acordo com a pesquisa levantada pelo Saeb, Sistema de Avaliação da Educação Básica, a proficiência média dos alunos de ensino fundamental II de língua portuguesa, precisamente do 9º ano, foi de 260,1, encaixando-se no nível 3, de 8 (MEC/INEP, 2019). Assim sendo, faz-se necessária uma reflexão sobre essa situação atual do ensino de língua portuguesa nas escolas e, para isso, foi estabelecido um fio histórico da condição em que a língua portuguesa é colocada na educação brasileira. De acordo com Raupp (2005, p. 50), a língua portuguesa se instaurou como disciplina no currículo escolar apenas no século XIX, pois, na colonização brasileira, haviatrês principais línguas em curso: o português, o latim e uma terceira língua intermediária, proveniente do tupi. Dessa forma, o ensino de língua portuguesa nas escolas, ainda que tardiamente, focalizou-se no embasamento para a aprendizagem da língua latina, a qual, com a reforma pombalina, deixou de ser utilizada com frequência em relação à língua portuguesa (SOARES, 2002, p. 161). Assim, o ensino de português foi se aperfeiçoando, desta vez predominante à língua latina, o que deu início aos estudos de gramática. Na segunda metade do século XIX, esses estudos foram aprimorados em livros didáticos (SOARES, 2002, p. 163), com autores brasileiros tanto de gramática quanto de literatura, o que perdurou até o fim do Império. Ainda de acordo com Soares (2002, p. 164), o ensino de português dividiu-se por muitos anos em três vertentes principais: a gramática, a retórica e a poética, movimentadas pelo interesse da classe dominante. É por esse motivo que se continua, ainda hoje, com as três principais vertentes provenientes das outras três: estudos da língua, literatura e produção textual. Em relação ao modelo de ensino, Soares (2002, p. 167) explica que, em 1950 e 1960, “ou se estuda gramática a partir do texto, ou se estuda o texto com os instrumentos que a gramática oferece”. Essa informação se torna pertinente, visto que, neste trabalho, pretendemos analisar a presença do texto no material didático para avaliarmos as diversas metodologias de ensino de língua portuguesa. Dessa forma, ao pensar sobre o ensino voltado para o texto, a autora discute sobre as modificações que o ensino de línguas foi sofrendo nos anos 70, por conta da ditadura militar iniciada em 1964. Nessa época, o nome da disciplina foi 13 alterado para “comunicação e expressão”, tratando a língua como sistema e nada mais que isso. Nessa época, porém, o trabalho com textos se voltou para textos que eram inseridos na sociedade, como matérias de revistas e jornais, e ampliou-se os estudos de diferentes gêneros textuais. Em 1980, por outro lado, esses estudos foram cada vez mais explorados, trazendo de volta o nome “português” na disciplina, introduzindo também a linguística e a sociolinguística para dentro da sala de aula, com materiais didáticos apresentando temas dessas vertentes do estudo da língua. Além disso, Soares (2002, p.169) afirma que, com a redemocratização do país, a escola também passou a ser mais democrática e, consequentemente, o ensino da língua passou a ser menos mecanizado. A partir dos anos 90, o conhecimento da língua se tornou mais assíduo, fazendo com que os materiais apresentassem conteúdos novos e concepções novas da língua. Assim, neste contexto do ensino de língua portuguesa, voltando-nos para o ensino de morfologia, especificamente, já que é necessário observar como o modo atual do ensino de português contempla esse tema e se está adequado para uma aprendizagem de qualidade. 2.1. Ensino de morfologia na atualidade Atualmente, o ensino de morfologia, que consiste principalmente no “estudo dos morfemas e de suas associações” (PERINI, 2002, p. 50) ainda que antiquado, está cada vez mais voltado para o ensino através da prática social, ou seja, inserindo o tema em assuntos do cotidiano e das vivências do aluno, como defendido por Saviani (1999, p. 87) que “dado o caráter da educação como mediação no seio da prática social global, a relação pedagógica tem na prática social o seu ponto de partida e seu ponto de chegada” Porém, esse trabalho, por parte das escolas, não é feito de forma concreta, essa prática dificilmente pode ser percebida na maioria das escolas: Em termos educacionais, segundo a visão tradicional de ensino de gramática, grande parte do tempo e esforço gasto por professores e alunos durante o processo escolar é destinada ao estudo da metalinguagem de análise da língua(gem), com exercícios contínuos de prescrição gramatical, estudo de regras e resoluções de problemas.[...] Além disso, o ensino de gramática aparece desligado de qualquer utilização prática, tendo o seu objetivo final centrado em si mesmo e os mesmos tópicos gramaticais são repetidos ano após ano, durante os doze anos que constituem a trajetória oficial de ensino. (SILVA; PILATI; DIAS, 2010, p. 976-977). 14 Assim, faz-se necessária uma reflexão sobre o ensino de morfologia nos dias de hoje, visto que ainda não se atingiu um patamar adequado na aprendizagem. Esse tema tem um peso muito grande na formação do estudante brasileiro, pois acredita-se que é através da gramática que se aprende uma língua. Contudo, esse ensino de modo inapropriado acaba trazendo percepções negativas para os alunos. De acordo com Bagno (1999): Esse ensino [...] em vez de incentivar o uso das habilidades lingüísticas do indivíduo, deixando-o expressar-se livremente para somente depois corrigir sua fala ou sua escrita, age exatamente ao contrário: interrompe o fluxo natural da expressão e da comunicação com a atitude corretiva (e muitas vezes punitiva) cuja consequência inevitável é a criação de um sistema de incapacidade, de incompetência. (BAGNO, 1999, p. 107-108) Com isso, percebe-se que a morfologia tratada nas escolas tem como principal função apresentar o certo e o errado, o que não é a melhor maneira de se tratar da língua. Além disso, outro ponto a se ressaltar é o trabalho com os textos. Desde 1950, o texto na sala de aula é uma ferramenta extremamente importante, mas o que acontece é o uso inadequado desses textos, apenas servindo de base para análises de frases ou palavras isoladas. Entretanto, o uso adequado de textos na escola deve ter como função abrir o leque de discursos da língua, fazendo com que o aluno amplie sua percepção para além das estruturas gramaticais. Dessa forma, segundo Antunes (2007); É de fundamental importância saber discernir o que é adequado a cada situação, para se poder, com eficiência, escolher esta ou aquela norma, este ou aquele padrão vocabular, este ou aquele tom, esta ou aquela direção argumentativa. (ANTUNES, 2007, p.99) Com os resultados obtidos ao longo deste trabalho, será possível observar, através dos materiais didáticos selecionados, esses e outros aspectos presentes no ensino de Língua Portuguesa, precisamente de morfologia, como, por exemplo, exercícios de repetição e uso inadequado de textos. Desse modo, portanto, analisaremos, adiante, os principais conteúdos abordados no sexto ano do Ensino Fundamental II. 2.2. Morfologia Antes de focarmos diretamente no ensino de morfologia, torna-se necessário apresentar o que essa parte gramatical carrega em seu nome. Figueiredo Silva e Medeiros (2016, p.7) resumem o conceito de morfologia em “os estudos sobre as palavras, suas 15 estruturas, suas diferenças e semelhanças”. Por outro lado, Rosa (2003, p.15) define a morfologia como “estudo da forma” sendo essa forma, portanto, a palavra. Com isso, nota-se que morfologia nada mais é do que o estudo da palavra, em que se é possível atribuir classes, isto é, “um agrupamento de palavras de mesma categoria gramatical” (ROSA, 2003, p. 28). Nessas classes de palavras, então, constitui-se a totalidade de funções e flexões atribuídas para cada uma delas. Para que se faça uma análise do método utilizado para aprendizagem através do material didático, faz-se necessário apresentar os principais conteúdos linguísticos estudados no presente trabalho, que são as duas principais classes de palavras nominais da Língua Portuguesa: o substantivo e o adjetivo, já que são classes pertencentes a núcleos sintagmáticos, além de ser uma base para outros estudos posteriores, se fazendo necessária a análise destas já no sexto ano do Ensino Fundamental. 2.2.1. Substantivo De acordo com a gramática normativa, nota-se que os substantivos são classificados de maneira generalizada e descontextualizada, sem levar em conta o papelsemântico e sintático da palavra em cada frase em que é empregada. Desta forma, os linguistas passaram a analisar a palavra conforme ela aparece em seus determinados contextos e estruturas, fazendo com que a classificação seja mutável, mas precisa. Para Monteiro (1991, p.204), os substantivos são classificados como “a palavra que designa os seres em geral”, mas, logo em seguida, o autor explica que a própria definição não vale para todos os casos: É preciso antes ser possível identificar o ser para considerar como substantivo a palavra que o representa. Mas, além de filosófica, a questão do conhecimento do ser, é problemática para o caso, uma vez que, por um lado, muitos nomes não designam seres [...] e, por outro, qualquer vocábulo ou expressão assume com facilidade a função de substantivo. (MONTEIRO, 1991, p. 204) Com isso, é válido refletir sobre os problemas na classificação dos substantivos, visto que as palavras são classificadas de diferentes formas em cada contexto de uso. Para confirmar essa condição, Castilho (2010) reflete sobre como os critérios morfológicos não são suficientes para a classificação, e que as palavras flutuam entre as classes com um comparativo entre substantivos e adjetivos, que se resumem na mesma classe geral dos 16 “nomes”. Assim, os “nomes” são classificados como substantivos e adjetivos de acordo com o emprego na frase, ou seja, sua estrutura e seu sentido. Levando em consideração a forma mais simples da estrutura sintática de um sintagma nominal como: núcleo (NSN) + modificador (Mod), pode-se perceber que, em determinados casos, consoante ao verbo ou ao núcleo do sintagma, as palavras podem assumir classes morfológicas diferentes. Isto posto, Perini (2002) exemplifica com a palavra “inimigo”, e diz que não se trata de um substantivo ou de um adjetivo, mas de: Uma palavra cujo potencial funcional inclui tanto a possibilidade de ser um núcleo SN, quanto a de ser um modificador [...]. Não há razões para se considerar uma dessas funções como básica, e a outra como derivada, já que ambos os sintagmas abaixo são perfeitamente normais. (10) um avião inimigo [inimigo: mod] (13) um inimigo terrível [inimigo NSN].” (PERINI, 2002, p.323) Assim sendo, na primeira frase, a palavra “inimigo” está sendo empregada como adjetivo, já que está funcionando como caracterizador de “avião”, ou seja, modificando semanticamente o núcleo. Já na segunda frase, a palavra “inimigo” está sendo empregada como substantivo, já que se trata do núcleo do sintagma nominal. Com esse exemplo, é reforçado ainda mais o fato de o substantivo não ser apenas algo que nomeia os seres, mas, como caracterizam Cunha e Cintra (2017) um “termo determinado” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 260), ou seja, que possui significado próprio e pode ser determinado através de outras palavras que o acompanharem. Por fim, conclui-se que não é possível chegar a uma definição concisa do que é substantivo de fato, mas existem propriedades que ele carrega que, se uma palavra as carregar, será classificada como tal. 2.2.2. Adjetivo A classe dos adjetivos, de acordo com a gramática de Bechara (2006, p.142), caracteriza-se por “construir a delimitação, isto é, por caracterizar as possibilidades designativas do substantivo” Desse modo, percebe-se que não há como estudar o adjetivo sem estudar os substantivos, pois ele depende do substantivo para existir, restringindo e explicando algo que se refere ao substantivo. Há quem diga que o adjetivo é a classe que qualifica o substantivo, porém, nas palavras de Monteiro (1991, p.205), o adjetivo não trata da palavra ou do significado que ela tem, mas sim de uma função: 17 [...] o adjetivo não se caracteriza pelo sentido, sendo na realidade uma função. Não interessa muito o significado que a palavra tem para o caso. Ela pode indicar qualidade e funcionar como substantivo (beleza, o belo) ou então como adjetivo (belo quadro). Inversamente, às vezes não expressa qualidade e tem a função de adjetivo. (MONTEIRO, 1991, p. 205) Dessa forma, portanto, em retomada ao que foi mencionado na seção anterior, os linguistas passaram a analisar não só os substantivos, mas todas as classes gramaticais variáveis a partir de sua posição e contexto na frase, inclusive os adjetivos. Assim, pode-se destacar, nos exemplos a seguir, que algumas palavras podem mudar de classificação dependendo do contexto sintático e semântico, chamadas por Perini (2002, p. 322), como visto acima, de “modificadores”. A palavra “velha” pode ser considerada tanto um substantivo (A velha) quanto um adjetivo (“mesa velha”), depende se ela cumpre função modificadora (Mod) ou de núcleo do sintagma nominal (NSN). Outro exemplo apresentado pelo linguista é a palavra “verde”, em “o verde está muito na moda” (PERINI, 2002, p. 322), a palavra cumpre função de núcleo do sintagma, portanto de substantivo; já na frase “um carro verde”, essa palavra cumpre função de modificador, ou seja, de adjetivo. Em vista disso, nota-se que esses traços só podem ser definidos se o contexto for levado em consideração, então, cabe ao linguista analista averiguar a função de cada classe de palavras, para que, dessa maneira, não haja confusão na classificação e na denominação do que cada uma representa. A aplicação, portanto, nos materiais didáticos, deve ser minuciosamente preparada de acordo com a série que o conteúdo é apresentado, observando em quais momentos é possível aprofundar o tema proposto, uma vez que, de acordo com a idade dos alunos, o conteúdo deva ser aprofundado de forma crescente, e não direta. 3. METODOLOGIA Para o presente trabalho, serão selecionados dois materiais didáticos, um do sistema de ensino Anglo (2016) e outro do sistema de ensino Poliedro (2022), para que seja feita uma comparação e uma análise crítica entre os dois métodos de exposição do conteúdo, levando em consideração o que gramáticas normativas e descritivas dizem a respeito do tema. Para o tema, então, alguns linguistas e gramáticos servirão de base, como Perini (2002), Bechara (2006), Monteiro (1999), Antunes (2007), entre outros, a fim de que se possa observar a 18 definição do conteúdo abordado, que são, neste caso, as duas principais classes de palavras nominais, substantivos e adjetivos, que são incluídas no 6º ano do ensino fundamental. Após essa comparação, será feita uma análise dos dados, através de reflexões acerca da parte teórica e dos exercícios e atividades propostas. Ademais, será feita, também, uma reflexão sobre os problemas que são encontrados nos materiais, indicando, com embasamento teórico, o que o material traz de negativo para o processo de ensino e de aprendizagem de morfologia, fazendo com que as considerações finais tenham como propósito indicar uma maneira efetiva de ensinar gramática. 4. ANÁLISE DE DADOS Primeiramente, serão feitas reflexões a partir do material do sistema Anglo (2016) de ensino, o qual é dividido em módulos de Estudo da Língua, Leitura e Produção Textual. O que interessa para este trabalho é o Estudo da Língua, que apresenta conteúdos morfológicos. O conteúdo a ser analisado aparece logo no primeiro bimestre, portanto, vale destacar que o material pressupõe conhecimentos prévios sobre o tema. O módulo 5 do livro possui o título “Substantivo e verbo: os eixos da frase”, iniciando o material com as relações entre classificações do cotidiano e classificações de palavras: A diversidade das coisas nos leva a agrupá-las de acordo com alguns critérios, entre eles, se são brinquedo, material escolar, roupa, alimento etc. O que fazemos é classificar o que existe, isto é, dividir um conjunto de objetos ou seres em classes, que são grupos menores com algo em comum. (RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p.38) Com essa introdução, percebe-se que o material conduz o aluno para a compreensão de “classe”, sem inserirainda o conteúdo gramatical, fazendo com que o aluno faça relações entre o mundo a sua volta e o funcionamento da língua. Para isso, logo após, o livro apresenta uma tirinha em que os personagens classificam uma história para dormir. 19 Figura 1- Tirinha Fonte: RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 38. Assim, o livro mostra, então, que a nossa língua também possui classificações: Os estudiosos da língua portuguesa também recorreram à classificação para agrupar as palavras. Existem palavras que servem para nomear, outras que indicam ação, as que qualificam, as que enumeram. Nestas aulas, vamos estudar duas classes de palavras: a dos substantivos e a dos verbos. (RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p.38) Desse modo, o livro se volta para o estudo da língua com o propósito de apresentar duas classes gramaticais. Para o presente trabalho, portanto, será estudada a classe dos substantivos, a priori. No material do sistema Anglo (2016), o tópico “o substantivo” é introduzido através de um poema, em que é narrada uma série de substantivos consecutivos marcados em verde. Figura 2 - O Substantivo Fonte: RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 38. 20 O uso do texto, nesse caso, só serviu para leitura e identificação da classe de palavras, sem aprofundamento no sentido do texto. A partir disso, no texto em seguida, o livro caracteriza essa classe como “palavras que nomeiam os seres ou objetos reais e imaginários.” (RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 39). Isto posto, vale ressaltar que a classificação de substantivos fica muito abstrata. O que é um ser imaginário? Será que essa é a palavra correta para a designação de substantivos? De acordo com Monteiro (1991), portanto, é uma questão filosófica o que é o ser, já que: Por um lado, muitos nomes não designam seres (justiça, fé, doença, trovão, embarque, ideia, etc.) e, por outro, qualquer vocábulo ou expressão assume com facilidade a função de substantivo (o sim, o viver, o aqui-e-agora etc.) (MONTEIRO, 1991, p. 204). Assim, a classificação dos substantivos está ligada ao que é um considerado um ser, ou ainda, de acordo com o livro didático, um ser real ou imaginário, que não se pode definir com exatidão. Então, a partir dessas reflexões, faz-se necessário considerar que essa classe de palavras de difícil denominação é tratada de maneira simplificada e incompleta no material, levando em conta apenas a explicação de uma linha, além de apresentar, de forma muito breve, as flexões de gênero e número, bem como as significações aumentativas e diminutivas. Após essa introdução breve, o material apresenta as primeiras subdivisões dos substantivos: próprios e comuns, concretos e abstratos: O substantivo próprio nomeia um objeto considerado individualmente. É escrito com letra inicial maiúscula. Por exemplo: Elias José é um poeta. [...] O substantivo comum nomeia uma categoria de seres com as mesmas características. Por exemplo: Elias José é um poeta. Entre os substantivos comuns estão os coletivos, que, no singular, indicam uma coleção ou um conjunto de seres: pessoal (conjunto de pessoas) [...] Os substantivos comuns podem ser concretos ou abstratos. Os substantivos concretos nomeiam seres que têm existência independente e que podem ser reais ou imaginários, animados ou inanimados: pai, peixe, água [...] os substantivos abstratos nomeiam seres que não têm existência independente, como ações (chegada, perdão, trabalho), estados (sofrimento, alegria, medo), e qualidades (rapidez, beleza, semelhança). (RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 39-40) Dessa forma, pode-se observar que a denominação é o mais importante, ou seja, o aluno precisa saber classificar as palavras em cada subdivisão, assim, a classificação está acima da compreensão do funcionamento da língua, acima das relações linguísticas e acima do texto. Dessarte, percebe-se que o trabalho com o texto, no caso o poema apresentado no 21 início, foi quase inútil, servindo apenas de pretexto para a classificação das palavras que o constituem. Por outro lado, nas atividades, é possível observar que a relação com o texto muda sutilmente, com a identificação dos substantivos no texto e a classificação deles através do texto, ou seja, levando em conta o contexto em que as palavras estão empregadas: Figura 3 - Atividade Fonte: RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 42 22 Figura 4 - Atividade Fonte: RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 42 Vale destacar, também, que há outros exercícios com o mesmo propósito: identificação dos substantivos em um texto, como o exemplo a seguir: 23 Figura 5 - Atividade Fonte: RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 47 Esse propósito até certo ponto se considera muito pertinente, visto que há conteúdos gramaticais que devem ser apresentados de forma expositiva, sem grandes questões interpretativas, pois o conteúdo atende apenas à exposição. Porém, a repetição de identificação pode acarretar em aversão dos estudantes, não entendendo o motivo de estarem aprendendo o conteúdo. Faz-se necessário, portanto, a introdução de textos a fim de buscar um conceito por trás da gramática pura, fazendo com que o aluno insira o conteúdo no seu cotidiano: A leitura de bons textos, cheios de interesses, de graça ou poesia e de encantamento é o melhor caminho para levar a criança a descobrir um sentido para a linguagem, para a escrita e os meios em que ela circula (livros, jornais, revistas, faixas, cartazes, meios eletrônicos, etc. (ANTUNES, 2007, p.80) Contudo, há exercícios com a utilização de textos que são consideravelmente interessantes, levando em consideração a compreensão do texto para além da classe dos substantivos, pois, reiteramos, o texto estimula o aluno a compreender o mundo a sua volta através da interpretação. 24 Neste caso, o aluno é capaz de identificar as diferenças semânticas presentes em determinados contextos de uso das palavras, além de explorar o gênero textual tirinha, que contém linguagem verbal e não-verbal: Figura 6 – Atividade Fonte: RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p.45 No exercício em questão, a classificação fica em segundo plano, o que é um ponto positivo, visto que faz o aluno refletir o uso da classe de palavras dentro de um contexto, perguntando o sentido em que as palavras são utilizadas, incentivando, também, a interpretação não só da classe, mas do texto como um todo. Para fomentar a discussão, parte-se agora para o módulo 11 do material do sistema Anglo (2016), intitulado “O adjetivo”, iniciando o tema com um pequeno texto, desta vez uma anedota, em que a palavra “doce” é empregada de duas formas diferentes, ou seja, em duas classes gramaticais diferentes, em uma, substantivo, e na outra, adjetivo, gerando humor: Vendendo laranjas O vendedor ambulante de laranjas estava divulgando sua mercadoria: 25 - Olha a laranja! Olha a laranja! Foi então que um senhor perguntou: - É doce? - Claro que não, moço! Senão eu estaria gritando: Olha o doce! Olha o doce! (RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p.84) O texto em questão é significativo para a aprendizagem, uma vez que o aluno consegue identificar a piada, pode-se fazer uma relação entre as classes gramaticais existentes, além de perceber que as palavras, em cada contexto, atuarão de formas diferentes, portanto, serão classificadas também de formas diferentes. Sendo assim, de acordo com Oliveira (2021, p.75): Considerando o texto como unidade fundamental de análise, essa teoria linguística (Linguística Textual) se interessa pela linguagem em uso, socializando um conhecimento que ultrapassa os limites da gramática normativa e das teorias em torno da forma da língua. (OLIVEIRA, 2021, p. 75) Sendo assim, o livro apresenta a classe dos adjetivos com a seguinte denominação:Os adjetivos podem ser qualificadores ou classificadores. Os adjetivos qualificadores expressam ideias variáveis, ou que dependem de opinião, sobre as coisas. [...] Há também os adjetivos classificadores. São os que não atribuem qualidades aos substantivos, mas apenas classificam os seres a que se referem. (RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 84) Com isso, o mesmo aspecto é percebido nos dois módulos analisados, em que a classificação e identificação são prioridades na aprendizagem. Porém, neste módulo, nota-se uma preocupação maior com o texto, se fazendo necessário o entendimento do texto para o entendimento do conteúdo morfológico. Assim, confirma-se o que Monteiro diz sobre a classe dos adjetivos: “o adjetivo não se caracteriza pelo sentido, sendo na realidade uma função" (MONTEIRO, 1991, p.205), ou seja, percebe-se que, na anedota proposta no livro, a palavra “doce” tem o mesmo campo semântico nos dois casos, mas cumpre funções gramaticais diferentes, gerando humor. A classificação das subdivisões se apresenta da mesma forma que no módulo anterior, com a categorização de cada uma: grau comparativo e superlativo; locuções adjetivas. De forma sucinta, o material traz o uso das preposições para caracterizar uma locução adjetiva. 26 Desse modo, deve ser levado em consideração se o aluno já aprendeu ou não o que são preposições, a fim de facilitar ou complicar a aprendizagem. Além disso, o trabalho com textos, nessas subdivisões, é inexistente, sendo apenas utilizadas frases isoladas para exemplificar, tornando o conteúdo maçante para uma turma do 6º ano do Ensino Fundamental II. Fonte: RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 86 Os exercícios, entretanto, são tratados a partir do texto, ainda que com a utilização de palavras isoladas, utilizando o texto apenas para servir como base para a identificação das palavras e sua classificação morfológica. Para isso, o gênero fábula foi escolhido para a realização da atividade, porém, o texto foi dividido em 3 partes principais para que os exercícios sejam baseados nas palavras que contém cada parte do texto, como no exemplo a seguir: Figura 7 - Grau do adjetivo 27 Figura 8 - Atividade Fonte: RENSI; CARDOSO; LEITE, 2016, p. 88 Infere-se, portanto, que o material do sistema Anglo (2016) de ensino se concentra em categorização e classificação, em que se fazem prevalecer conceitos de gramáticas normativas. O uso do texto deve ser ressaltado, mesmo que de forma inadequada, pois o aluno 28 entra em contato com diversos gêneros textuais, causando uma proximidade maior com a realidade e com diferentes contextos de uso da língua. Já em relação ao material do sistema de ensino Poliedro (2022), algumas considerações quanto à forma já são identificadas à primeira vista. O conteúdo a ser analisado também inicia no primeiro bimestre, pressupondo conhecimentos prévios dos alunos, uma vez que são desconsiderados alguns princípios iniciais. O livro é dividido em 4 capítulos principais, contendo os tópicos “Interpretação de textos”, “Produção textual” e “Estudos da língua”, sendo assim, espera-se que o mesmo conteúdo central seja abordado nos três tópicos, o qual se concentra, no capítulo 3, nas diversidades linguísticas do mundo, apresentando as diferentes línguas existentes. No tópico de estudos da língua, o livro inicia já com esse mesmo tema, a fim de fazer uma relação entre os outros tópicos do material, trazendo a frase “eu te amo” em várias línguas, como espanhol, francês, japonês, inglês, alemão, italiano, etc., além de fazer um exercício geográfico para a identificação dos países em que essas línguas são faladas. Dessa forma, o livro aponta curiosidades para o aluno, na tentativa de chamar a atenção para o conteúdo da aula, que nada tem a ver com a diversidade linguística, mas estimula o pensamento do aluno a conhecer novas línguas. Após essa introdução cultural, o material traz, através do exercício, o conceito de substantivo próprio, direcionando o aluno para o conteúdo morfológico e apresentando diretamente um esquema sobre a classe dos substantivos, em que é exposta a definição de cada subdivisão da classe, além de alguns principais exemplos. Nota-se, entretanto, que o trabalho com textos é inexistente na apresentação dos substantivos. Esse esquema, por mais completo que seja, indica que a identificação e classificação têm os papéis mais importantes no estudo da língua, fazendo com que o uso das classes gramaticais no cotidiano fique em segundo plano. Dessarte, o material não exibe nada além do esquema, tornando ainda mais difícil a compreensão do tema, o que faz com que os substantivos sejam identificados e aprofundados a partir dos exercícios propostos. Na figura a seguir, é possível observar o esquema do material: 29 Figura 9 - Substantivo Fonte: BACCARO; ROSÁRIO, 2022, p. 65 Por conseguinte, quanto aos exercícios, o trabalho com textos se torna presente, o que é muito válido no ensino de gramática, mas não diferente do material do sistema Anglo 30 (2016), uma vez que o texto serve apenas de apoio e exemplo com as palavras usadas nos exercícios: Figura 10 - Atividade Fonte: BACCARO; ROSÁRIO, 2022, p. 66 Neste caso, no exercício 2, ao mostrar uma piada, é esperado que se abram questões buscando compreender o humor, além de refletir sobre as palavras que são utilizadas para gerar o humor, no caso, os substantivos. Porém, o que acontece é totalmente o oposto, ficando apenas na identificação da classe de palavras. Desse modo, faz-se uma reflexão acerca do ensino de gramática expositiva normativa apresentada, pois, de acordo com Possenti (1996, p.47-48): 31 Como aprenderemos a escrever? Escrevendo e lendo, e sendo corrigidos, e reescrevendo, [...] com uma frequência semelhante à frequência da fala e das correções da fala. É claro que o aprendizado não será muito eficiente se tais atividades forem apenas excepcionais. Mas, se forem constantes, [...] certamente seremos leitores e "escrevinhadores" sem traumas e mesmo com prazer, em pouco tempo. Só não conseguiremos se nos atrapalharem, se nos entupirem de exercícios sem sentido. (POSSENTI, 1996, p.47-48) Assim, vale refletir sobre a importância e o propósito dos exercícios apresentados, pois exercícios de fixação não possuem um propósito plausível. No exercício 3, da figura acima, percebe-se que o texto já foi desconsiderado, sendo utilizadas apenas palavras isoladas novamente. Dessa forma, fica cada vez mais difícil o aluno compreender o motivo de aprender este conteúdo. Além disso, o gênero textual utilizado, a piada, apesar de ser muito usual e fazer parte do cotidiano, é insuficiente, tendo em vista a noção de contextos de uso da língua que o aluno deve ter. Não se vê, ademais, exercícios que explorem esse texto, a fim de que o estudante estabeleça relações entre a língua que já conhece e o conteúdo morfológico a ser aprendido. Antes de partir para o capítulo 4, é necessário que se observe o texto “em síntese” que o material oferece: [..] Substantivos: São palavras que nomeiam tudo que existe. Podem ser classificados em: » simples ou composto; » primitivo ou derivado; » concreto ou abstrato; » comum, próprio ou coletivo. (BACCARO; ROSÁRIO, 2022, p. 71) Esta síntese não apresenta nada além de conceitos superficiais e normativos da gramática da língua portuguesa, não abrindo espaço para a reflexão sobre o uso dessa classe na fala e na escrita do aluno. Desse modo, o capítulo 4 do livro, que consiste em “dizer sem falar”, ou seja, formas de comunicação para além da verbal, trata o estudo da língua voltado para a classe dos substantivos de maneira mais aprofundada. Assim sendo, logo no início do tópico, é apresentado um texto, uma notícia voltada para o público infantil, queserve de apoio para as discussões em aula. Abaixo, há exercícios que se fundamentam do mesmo modo em 32 que o primeiro exercício do capítulo 3, a fim de envolver o aluno no assunto a ser apresentado. Com isso, o material introduz conceitos de flexão de gênero conceituando subclassificações (epicenos, comum de dois gêneros, biformes, sobrecomuns), e de número (singular e plural), em que os exercícios também possuem a mesma orientação, voltada para classificação de gramáticas normativas, recheadas de regras e normas, como no exemplo abaixo: Figura 11 - Atividade Fonte: BACCARO; ROSÁRIO, 2022, p. 91 Já no capítulo 5, que se refere ao “autorretrato”, o estudo da língua se concentra na classe dos adjetivos. Desta vez, há também uma notícia para introduzir o tema, e logo parte-se para os exercícios que tem como objetivo captar o aluno, fazendo com que ele consiga identificar palavras que exprimem características relacionadas ao conteúdo do texto. Mais uma vez, o texto é utilizado somente como apoio e exemplo, desconsiderando aspectos de 33 sentido e compreensão do gênero textual. Depois do exercício introdutório, então, é apresentado o tema principal: Em língua portuguesa, palavras que indicam características – positivas ou negativas – são chamadas de adjetivos. Os adjetivos acompanham os substantivos, modificando-os ou atribuindo-lhes características que facilitem sua identificação. (BACCARO; ROSÁRIO, 2022, p.114) Entretanto, essa definição se torna pertinente do ponto de vista normativo, uma vez que, de acordo com Bechara (2006, p.143), o adjetivo “se caracteriza por construir uma delimitação, isto é, por caracterizar as possibilidades designativas do substantivo” (BECHARA, 2006, p. 205). Porém, ao se tratar de aspectos linguísticos reflexivos, os adjetivos cumprem diferentes funções, não apenas delimitam o substantivo. Por isso, torna-se preciso ampliar o olhar para diferentes classes gramaticais, observando a função, e não a característica. Os exercícios, bem como a teoria, também carregam marcas de normatividade, outra vez, com exercícios de repetição e preenchimento de lacunas, fazendo com que não seja aprofundado o contexto de uso do conteúdo morfológico, como no exemplo abaixo: 34 Figura 12 - Atividade Fonte: BACCARO; ROSÁRIO, 2022, p. 114. 35 Figura 13 - Atividade Fonte: BACCARO; ROSÁRIO, 2022, p. 115. Observa-se, portanto, que o material do sistema Poliedro (2022) de ensino consiste, em primeiro plano, em categorização e descrição de acordo com gramáticas normativas, limitando o conteúdo a apenas exposição e repetição. Sabe-se que alguns conteúdos gramaticais pedem esse método, porém, os exercícios, a teoria e a inserção do texto no tema devem ser repensados, visto que, assim como o material do sistema Anglo (2016), falta a adequação dos temas de acordo com a necessidade do ensino. Contudo, o uso do texto, ainda que precário, deve ser levado em consideração, pois estimula o aluno à leitura, bem como oferece gêneros textuais e curiosidades que podem ser pertinentes do ponto de vista social. Além disso, faz-se necessário um olhar maior quanto às atividades propostas nos dois materiais, visto que cumprem o mesmo propósito de memorização da classificação, o que não é o mais adequado, pois, de acordo com Silva, Pilati e Dias (2010), os exercícios propostos em sala de aula devem abranger diversas variações do português, bem como diversos contextos em que se utiliza o tema abordado: 36 A aula de língua portuguesa deve ser um exercício contínuo de descrição e análise desse instrumento de comunicação. Para isso, várias estratégias podem ser utilizadas, entre elas, levar o aluno a reconhecer a variação inerente à língua. Para as autoras, o ensino de língua deve se centrar menos em exercícios de metalinguagem e mais em atividades que levem o aluno ao domínio das várias modalidades de uso e da modalidade culta da comunidade de que ele faz parte. (SILVA, PILATI, DIAS, 2010, p. 983) Além disso, os autores ainda explicam que há uma maneira de contribuir para o aprendizado do aluno em língua portuguesa tendo em vista o trabalho com os textos: É importante desenvolver as capacidades de linguagem dos alunos por meio da interação dessa nova modalidade de análise linguística com a análise do discurso produzido pelo aluno. Ou seja, o aluno deve ser levado a perceber de que forma as marcas textuais podem orientá-lo a desvendar textos e contextos. (SILVA, PILATI, DIAS, 2010, p. 987) Com isso, fica claro que o material do sistema Poliedro (2022) traz alguns problemas que são semelhantes ao do Sistema Anglo (2016), trazendo a reflexão de que, ao longo de seis anos, não houve mudanças significativas no ensino de morfologia através do material didático da rede privada de ensino. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se, portanto, que os dois materiais analisados, além de todos os aspectos importantes e válidos, ainda possuem muito que melhorar, pois estão diretamente ligados à tradição normativa do português, com regras, normas e classificações. Assim, ao se pensar acerca desse método, vale destacar o que Antunes (2003, p. 31-32) diz sobre este ensino na atualidade, reafirmando a análise: Uma gramática descontextualizada, amorfa, da língua como potencialidade; gramática que é muito mais "sobre a língua", desvinculada, portanto, dos usos reais da língua escrita ou falada na comunicação do dia a dia; uma gramática fragmentada, de frases inventadas, da palavra e da frase isoladas, sem sujeitos interlocutores, sem contexto, sem função; frases feitas para servir de lição, para virar exercício; [...] uma gramática voltada para a nomenclatura e a classificação das unidades; portanto, uma gramática dos "nomes" das unidades, das classes e subclasses dessas unidades (e não das regras de seus usos). (ANTUNES, 2003, p. 31-32) 37 Desse modo, partindo dessas afirmações, deve-se fazer algo a respeito dessa metodologia, uma vez que há diversos pontos a serem destacados para a ineficácia do ensino. Para isso, cabe a atuação de diversas figuras, como cita Antunes (2003, p. 33-34): Isso supõe uma ação ampla, fundamentada, planejada, sistemática e participada (das políticas públicas — federais, estaduais e municipais — dos professores como classe e de cada professor em particular), para que se possa chegar a uma escola que cumpra, de fato, seu papel social de capacitação das pessoas para o exercício cada vez mais pleno e consciente de sua cidadania. (ANTUNES, 2003, p. 33-34) Logo, a proposta de mudança está relacionada ao trabalho com textos, previamente identificado na análise dos materiais. Diferente do exposto nos livros didáticos, o texto deve inserir o estudante tanto no conteúdo gramatical quanto nos contextos de uso, bem como no universo textual extenso que existe e no meio social do aluno. Para tanto, é necessário que o professor guie o aluno para a interpretação do texto, fazendo com que o aluno entenda as diversas formas de se utilizar a gramática, assim, apresentando vários gêneros textuais que aproximem o cotidiano do aluno com o tema abordado. Além disso, cabe ao professor verificar as atividades que o material traz, se realmente são pertinentes para o ensino de gramática ou se só estão ali para cumprir a “tradição” (POSSENTI, 1996, p. 49). Ademais, vale ressaltar a importância do texto para o desenvolvimento do aluno tanto nas aulas de gramática quanto fora da sala de aula, já que é a partir da leitura que o aluno se torna capaz de compreender o mundo a seu redor: A atividade da leitura permite, ainda, que se compreenda o que é típico da escrita, principalmente o que é típico da escrita formal dos textos da comunicação pública. Quer dizer, é pela leitura que se apreende o vocabulário específico de certos gêneros de textos ou de certas áreas doconhecimento e da experiência. É pela leitura, ainda, que apreendemos os padrões gramaticais (morfológicos e sintáticos) peculiares à escrita, que apreendemos as formas de organização sequencial (como começam, continuam e acabam certos textos) e de apresentação (que formas assumem) dos diversos gêneros de textos escritos. A exposição, pela leitura, é claro, a bons textos escritos é fundamental para a ampliação de nossa competência discursiva em língua escrita. (ANTUNES, 2003, 75-76). Em vista disso, percebe-se que o texto tem papel fundamental para a comunicação e a expressão do pensamento. Dessa forma, vale ressaltar que há uma ideologia em todo e qualquer texto, isto é, quando o professor traz um texto para ser trabalhado para além da gramática, deve-se levar em consideração essa ideologia e a intensão dela, uma vez que o 38 propósito não seja simplesmente apoiar a gramática em um texto escolhido de maneira aleatória. Assim, a compreensão do texto é importante para além da sala de aula, pois faz com que o aluno tenha a possibilidade de enxergar que todo discurso é permeado por ideologias, como explica Fiorin (1995, p.11): O discurso são as combinações de elementos linguísticos (frases ou conjuntos constituídos de muitas frases), usadas pelos falantes com o propósito de exprimir seus pensamentos, de falar do mundo exterior ou de seu mundo interior, de agir sobre o mundo. (FIORIN, 1995, p.11) Para finalizar, portanto, nota-se que a leitura para o ensino de gramática tal qual para a compreensão de mundo do aluno é indispensável, já que o texto é o ponto de partida para o estímulo ao pensamento crítico: “Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.” (FREIRE, 1989, p. 9). Sendo assim, o ensino de gramática se tornaria menos normativo, mais descritivo e mais próximo da realidade do aluno, além de incentivar e despertar o interesse pela leitura, resultando, assim, em um ensino e uma aprendizagem mais clara e eficaz. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. Parábola Ed., 2003. 184 p. ANTUNES, Irandé Costa. Muito além da gramática: Por um ensino sem pedras no caminho. 1ª Edição. Belo Horizonte: Ed. Parábola, 2007. 168 p. 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