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Proc.Penal (LAC) - Rito Ordinário

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PROCESSO PENAL III 
 
Apontamentos resumidos para estudo da disciplina – Luiz Afonso LAC. 
Este não dispensa a leitura dos manuais da doutrina. 
7º Período – 2013. 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 1 
 
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO 
Rito ou procedimento é uma sequência de atos organizados entre si, dirigidos a uma 
sentença. No Processo Penal o procedimento se divide em comum e especial: 
 
LIVRO II 
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE 
TÍTULO I 
DO PROCESSO COMUM 
CAPÍTULO I 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. 
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual 
ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja 
inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da 
lei. 
RITO ORDINÁRIO (ARTS. 394 A 405, CPP) 
O rito Ordinário é destinado às infrações mais graves do ordenamento (ressalvadas 
aquelas que possuem rito especial, como os crimes dolosos contra a vida). 
Possui as seguintes fases: 
1. Oferecimento da denúncia / queixa. 
2. Recebimento da denúncia / queixa (ou rejeição da liminar). 
3. Citação (que pode ser pessoal, por edital ou com hora certa). 
4. Resposta à acusação. 
5. Absolvição sumária ou designação de audiência. 
 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 2 
 
6. Audiência de Debates, Instrução e Julgamento. 
 
 
6.1. Declarações do ofendido 
6.2. Oitivas das testemunhas arroladas pela acusação 
6.3. Oitivas das testemunhas arroladas pela defesa 
6.4. Esclarecimento dos peritos 
6.5. Acareações 
6.6. Reconhecimento de pessoas e coisas 
6.7. Interrogatório 
6.8. Requerimento de diligências 
6.9. Alegações orais ou apresentação de memoriais 
6.10. Sentença 
 
 
 
 
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA 
Oferecida a denúncia ou queixa, se o juiz não rejeitá-la liminarmente (conforme art. 
395, CPP), deverá recebe-la e ordenar a citação do acusado. 
 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; 
ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 3 
 
 
 
CITAÇÃO REAL 
É o chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência da acusação, para que se defenda. 
É ato indispensável. A ausência da citação acarreta nulidade absoluta, mas o 
comparecimento do réu a juízo supre a sua falta ou ausência (art. 570, CPP). 
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, 
desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare 
que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou 
o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar 
direito da parte. 
“Contudo, tem prevalecido o entendimento de que para o comparecimento do réu 
suprir a falta de citação, isso deve acontecer em tempo hábil para tomar 
efetivamente ciência da imputação e entrevistar-se com advogado” – Flávio Cardoso 
de Oliveira. 
 
 
 
 
 
O MANDADO DE CITAÇÃO INDICARÁ: 
1. O nome do juiz; 
2. O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; 
3. O nome do réu, ou se for desconhecido, os seus sinais característicos; 
4. A residência do réu, se for conhecida; 
5. O fim para que é feita a citação; 
6. O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; 
7. A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 
A citação pode ser pessoal (real) ou ficta (presumida). 
PESSOAL é a citação feita diretamente ao acusado, por meio de oficial 
de justiça, que lê o mandado e colhe a sua assinatura, entregando-lhe a 
cópia da inicial. 
Existe um posicionamento minoritário que diz que o recebimento definitivo da 
denúncia ou queixa, ocorre somente após análise de eventual absolvição sumária. O 
que vimos anteriormente é considerado por ela apenas a formalização de um juízo 
preliminar de admissibilidade da Inicial, a qual analisa somente a presença dos 
requisitos mínimos. 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 4 
 
CARTA PRECATÓRIA. Se o acusado estiver no território nacional, em local certo e sabido, 
porém fora da comarca processante, deverá ser feita uma citação por intermédio de 
carta precatória. 
 
 
 
 
EXTERIOR. Caso o acusado esteja no exterior, em local certo e sabido, será citado por 
carta rogatória. Expedida a carta rogatória suspende-se o prazo prescricional até o seu 
cumprimento (art. 368, CPP). 
 
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante 
carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu 
cumprimento. 
 
MILITAR. A citação do militar será feita por requisição do seu superior. 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO. A citação do funcionário público será feita diretamente a ele, 
comunicando, porém, ao seu chefe (arts. 358 e 359, CPP). 
 
 Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo 
serviço. 
Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como 
acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição. 
 
RÉU PRESO. O réu preso será citado pessoalmente, art. 360, CPP. 
 
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. 
 
 
Quando o juiz da comarca deprecada verificar que o réu se encontra 
na jurisdição de outro juiz, remeterá a carta precatória diretamente a 
este, desde que haja tempo para promover a citação (caráter itinerante 
da precatória). 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 5 
 
CITAÇÃO FICTA OU PRESUMIDA 
É a realizada por meio de edital. Acontecerá quando o réu não for encontrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 366, CPP diz que se o réu for citado por edital e não comparecer, nem constituir 
advogado, serão suspensos o processo e o prazo prescricional. 
 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, 
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz 
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o 
caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
Por oportuno, vale ressaltar entendimento jurisprudencial no sentido de que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trata-se de providência excepcional, que só pode ser adotada depois de 
esgotados todos os meios para a localização do acusado. O edital terá prazo de 
15 dias e indicará: 
1. O nome do juiz que determinar a citação; 
2. O nome do réu (se não conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua 
residência e profissão, se constarem no processo); 
3. O fim para que é feita a citação; 
4. O juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; 
5. O prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se 
houver, ou da sua fixação. 
"Na hipótese de suspensão do processo em face da revelia do réu, a memória testemunhal deve ser 
colhida no tempo mais próximo do fato, em face do fenômeno humano do esquecimento, sendo de 
rigor a sua produção antecipada. Exegese dos arts. 82 e 366 do Código de Processo Penal" (STJ - 6ª T. 
- RESP nº 169.324/SP - Rel. Min. Vicente Leal - DJU nº 195, de 9.10.2000, p.207). 
"Tratando-se do art. 366 do CPP, é lícita a produção antecipada da prova testemunhal, por estar 
presente o caráter de urgência,em face da incerteza quanto à prorrogação na retomada do curso 
processual, uma vez que eventual demora pode vir a apagar da memória das vítimas e testemunhas 
o fato criminoso, bem como dar ensejo às mudanças de endereços, falecimentos etc" (TACRIM - SP - 
14ª Câmara - Mandado de Segurança - Rel. Oldemar Azevedo, v. u., j. em 14.12.1999). 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 6 
 
Como a suspensão do prazo prescricional não pode perdurar indefinidamente, aplica-
se a Súmula 415 do STJ: 
 
Súmula 415/STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo 
máximo da pena cominada. 
 
Declarada a suspensão do processo, o juiz pode determinar a produção de provas 
consideradas urgentes, que serão produzidas na presença do MP e de Defensor 
Dativo. Essa decisão deve ser devidamente fundamentada nos termos da Súmula 455 
também do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base 
no art. 366, CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente 
o mero decurso do tempo”. Se houver necessidade, pode o juiz também decretar a 
prisão preventiva do acusado. 
A Lei 11.719/98 também trouxe outra modificação de extrema relevância para o 
processo penal: a citação por hora certa. 
CITAÇÃO POR HORA CERTA 
Tal modalidade deverá ser adotada quando o acusado se oculta para não ser citado, 
procedendo-se de acordo com as regras do CPC, conforme abaixo: 
 
 Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu 
domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, 
intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia 
imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 
 Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de 
novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar 
a diligência. 
§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das 
razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado 
em outra comarca. 
§ 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da 
família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. 
Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama 
ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência. 
 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 7 
 
Efetuada a citação por hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado 
defensor dativo, que se incumbirá de sua defesa no processo. 
 
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça 
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida 
nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo 
Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não 
comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
A revelia no processo penal vai ocorrer se o réu, devidamente citado ou intimado, 
deixar de comparecer a ato processual em que deveria estar presente. 
Como decorrência, não será mais intimado para os atos posteriores. 
Obviamente, como não há possibilidade de existir processo sem defensor, este 
continuará exercendo normalmente a sua função, sem prejuízo. 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO (ARTS. 396 E 396-A DO CPP) 
Citado, o réu tem 10 dias para apresentar a sua primeira defesa no processo, onde ele 
poderá: 
1. Discutir o mérito da imputação; 
2. Arguir preliminares e exceções que verificar existirem; 
3. Requerer as diligências que entender necessárias; 
4. Juntar documentos e justificações; 
5. Especificar provas que pretende produzir; 
6. Apresentar o rol de testemunhas de defesa (que no ordinário podem ser até 8). 
Se não forem apresentadas as testemunhas, opera-se a preclusão do direito. 
 
 
 
Se o acusado não apresentar a defesa no prazo legal ou se não constituir advogado, o juiz nomeará 
defensor para oferecê-la também no prazo de 10 dias. 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 8 
 
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA OU DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA 
Com a resposta da acusação nos autos, uma das possibilidades é a do juiz absolver 
sumariamente o réu. É uma inovação da Lei 11.719/2006. O art. 397 diz quando o 
juiz absolverá sumariamente o acusado: 
 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste 
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo 
inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
 
A absolvição sumária, além de passar a fazer parte do rito comum, pode impedir o 
prosseguimento da ação penal e corresponde a um “verdadeiro julgamento antecipado 
da lide”, pois o magistrado já considera ter provas suficientes para proferir a sua 
sentença, antes mesmo da instrução. Se não o caso, o juiz deverá designar a AIJ. 
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 
Não sendo caso de absolvição sumária o juiz marcará a AIJ no prazo máximo de 60 
dias, determinando a intimação das partes. – Buscando a celeridade processual, a 
modificação do rito ordinário concentrou os atos probatórios e de julgamento em uma 
única audiência, seguindo a tendência de outras leis especiais. 
Na audiência, em primeiro lugar serão tomadas as declarações do ofendido. Segue-se 
a inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem. 
Nenhuma testemunha ouvirá o depoimento da outra para que não exista a 
possibilidade de influência. 
A testemunha fará a promessa de dizer a verdade sobre o que lhe for perguntado, sob 
pena de ser processada por crime de falso testemunho. 
Se o juiz verificar que a presença do réu pode causar humilhação, temor, ou sério 
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do 
depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente se não for possível, 
determinará a retirada do réu da sala de audiências, permanecendo o seu defensor. 
Está é uma inovação do art. 217, CPP (determinada pela lei 11.690/2008). Tudo 
deverá constar do termo. 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 9 
 
A preferência é pela videoconferência. Somente se não for possível é que se retirará o 
acusado da sala de audiências. 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, 
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a 
verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na 
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na 
inquirição, com a presença do seu defensor. 
 
 
 
 
A testemunha suspeita de parcialidade o indigna de fé poderá ser contraditada, devendo o juiz, se for o caso, 
dispensá-la e ouvi-la como informante. – O juiz pode interferir e não admitir as indagações que puderem induzir a 
resposta, que não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. 
A inquirição das testemunhas é feita diretamente pelas partes. O juiz pode complementar a inquirição se verificar 
que existem pontos não esclarecidos (art. 212, CPP). 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 10 
 
 
 
 
 
 
 “Pensebem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 11 
 
RESUMO GRÁFICO DO 
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 12 
 
RITO SUMÁRIO 
Art. 531 a 538, CPP. – O rito sumário é destinado ao processamento das infrações de 
média gravidade. Suas fases são: 
1. Oferecimento da denúncia / queixa. 
2. Recebimento da denúncia / queixa (ou rejeição da liminar). 
3. Citação (que pode ser pessoal, por edital ou com hora certa). 
4. Resposta à acusação. 
5. Absolvição sumária ou designação de audiência. 
6. Audiência de Instrução e Julgamento. 
 
6.1. Declarações do ofendido 
6.2. Oitivas das testemunhas arroladas pela acusação 
6.3. Oitivas das testemunhas arroladas pela defesa 
6.4. Esclarecimento dos peritos 
6.5. Acareações 
6.6. Reconhecimento de pessoas e coisas 
6.7. Interrogatório 
6.8. Requerimento de diligências 
6.9. Alegações orais ou apresentação de memoriais 
6.10. Sentença 
 
 
CAPÍTULO V 
DO PROCESSO SUMÁRIO 
Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo 
de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, 
à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, 
ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos 
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, 
em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate. 
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) testemunhas arroladas 
pela acusação e 5 (cinco) pela defesa. 
Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos parágrafos do art. 400 
deste Código. 
Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, 
à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 
(dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. 
§ 1
o
 Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será 
individual. 
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão 
concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de 
manifestação da defesa. 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 13 
 
Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante, 
determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. 
Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, independentemente da 
suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem estabelecida no art. 
531 deste Código. 
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado 
especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de 
outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo. 
 
 
 
 
DIFERENÇAS ENTRE OS PROCEDIMENTOS 
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO 
Pena maior ou igual 4 anos. Pena menor do que 4 anos. 
8 testemunhas. 5 testemunhas. 
60 dias para se fazer a AIJ. 30 dias para se fazer a AIJ. 
Conversão dos debates em memoriais escritos. Não há. 
Expressa previsão de pedido de provas ao final 
da audiência. 
Não há previsão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 14 
 
MUTATIO LIBELLI 
Luiz Afonso LAC – Vivian Delamare 
Ocorre quando o juiz reconhece a possibilidade de nova definição jurídica do fato, em 
consequência de prova existente nos autos de elementos ou circunstância não contida 
na acusação. Nesse caso, os autos são remetidos ao MP para aditar a denúncia ou 
queixa. 
Ocorre o mutatio libelli sempre que os fatos narrados na denúncia ou queixa tiverem 
de ser modificados em razão de prova nova surgida no curso da instrução criminal. 
Implica no surgimento de uma nova prova, desconhecia ao tempo do oferecimento da 
ação penal, levando a uma readequação dos episódios delituosos relatados na 
denúncia ou queixa. 
No Mutatio libelli não ocorre simples emenda na acusação, mediante correção na 
tipificação legal, mas verdadeira mudança, com alteração da narrativa acusatória. 
Não pode o juiz condenar o acusado por qualquer crime por conduta diversa daquela 
apontada na denúncia ou na queixa sem as providências determinadas pelo art. 384, 
sob pena de nulidade. 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição 
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou 
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá 
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver 
sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o 
aditamento, quando feito oralmente. 
 
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 
28 deste Código. 
 
§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o 
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para 
continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do 
acusado, realização de debates e julgamento. 
 
(...) 
 
§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no 
prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do 
aditamento. 
 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 15 
 
EMENDATIO LIBELLI 
Ocorre quando há uma errada classificação/descrição da infração contida na 
denúncia ou queixa, podendo o juiz atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, 
em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 
 
3 HIPOTESES PODEM OCORRER 
1) A pena não se altera. 
2) modifica-se para melhor. 
3) modifica-se para pior. 
 
No emendatio libelli o Juiz não altera a acusação, mas apenas a corrige. Portanto, a 
acusação sofre uma emenda. 
Não há necessidade de intimação do réu para se defender da nova classificação, pois o 
réu se defende dos fatos e não de classificação jurídica fornecida pela acusação. 
O juiz não precisa ouvir nenhuma das partes (réu ou MP) antes de decidir sobre a 
nova qualificação do crime, pois não está havendo qualquer alteração dos fatos. 
É possível o emendatio libelli na segunda instância. 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, 
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de 
aplicar pena mais grave. 
 
 
 
 
 
Veja as principais diferenças no quadro seguinte. 
EMENDATIO LIBELLI – Usada quando há erro na denúncia ou queixa na 
classificação do delito – O juiz faz a correção independente de qualquer 
diligência. 
MUTATIO LIBELLI – Surgimento de Circunstância elementar nova. – O juiz 
manda ouvir a defesa. 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 16 
 
EMENDATIO LIBELLI X MUTATIO LIBELLI 
EMENDATIO LIBELLI MUTATIO LIBELLI 
Ocorre quando o juiz, sem modificar a 
descrição do fato contida na peça 
acusatória, altera a classificação formulada 
na mesma. 
Ocorre quando o fato que se comprovou durante a 
instrução processual é diverso daquele narrado na 
peça acusatória. 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição 
do fato contida na denúncia ou 
queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica 
diversa, ainda que, em consequência, tenha 
de aplicar pena mais grave. 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se 
entender cabível nova definição jurídica do 
fato, em consequência de prova existente nos 
autos de elemento oucircunstância da infração 
penal não contida na acusação, o Ministério 
Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no 
prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver 
sido instaurado o processo em crime de ação 
pública, reduzindo-se a termo o aditamento, 
quando feito oralmente. 
 
 
 
 
 
Todas as ações Somente ação penal pública. 
É possível em grau de recurso, desde que 
não se viole o principio da vedação a 
reformatio in pejus. 
Não é cabível em grau de recurso. 
STF, Súmula 453: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do código de processo penal, 
que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, 
explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa. 
Atenção: Recusando-se membro do MP a aditar a 
denúncia, em caso de mutatio libelli, o juiz fará 
remessa dos autos ao procurador-geral, ou a órgão 
competente do MP, e este promoverá o 
aditamento, designará outro órgão do MP para fazê-
lo ou insistirá na recusa, a qual só então estará o juiz 
obrigado a atender (art. 28 do CPP) 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 17 
 
TRANSAÇÃO PENAL 
Todo cidadão réu primário e de bons antecedentes tem direito a um benefício 
chamado Transação Penal quando envolvido em qualquer crime de competência do 
Juizado Especial Criminal. 
Essa vantagem consiste em um acordo realizado entre cidadão e promotor. Por esse 
pacto, a pessoa se compromete a ajudar uma entidade carente, com dinheiro ou 
prestação de serviços. Por outro lado, o promotor, representante do Ministério Público, 
se compromete a arquivar o processo, sem que haja julgamento do mérito, assim que 
a prestação for cumprida. 
A vantagem dessa transação, que pode ser utilizada a cada cinco anos, é a seguinte: o 
cidadão que não se defendeu e deixou de apresentar testemunhas ou outras provas 
não está sendo condenado. Não sendo condenado, sua ficha criminal continua limpa, 
o que é bastante útil, por exemplo, se a pessoa estiver à procura de um emprego. 
Fonte: Lei 9.099 - Art. 76, §2°, incisos I, II e III. 
Informação de utilidade pública assinada pelo advogado Thiago Lauria, consultor jurídico do projeto JurisWay: www.jurisway.org.br 
 
A TRANSAÇÃO PENAL 
Nos crimes considerados de menor potencial ofensivo (pena menor de 2 anos, seguem 
o procedimento sumaríssimo do JECrim) dependendo de fatores legalmente previstos (art. 
76, lei 9.099/95), pode o Ministério Público negociar com o acusado sua pena. Ou seja, é 
um bem bolado entre a acusação e a defesa pra evitar que o processo corra, poupando 
o réu (e o Estado também) de todas as cargas conseqüentes (sociais, psicológicas, 
financeiras etc.). 
A transação deve ser proposta antes do oferecimento da denúncia. A aceitação da 
proposta não pode ser considerada reconhecimento de culpa ou de responsabilidade 
civil sobre o fato, não pode ser utilizada para fins de reincidência e não consta de 
fichas de antecedente criminal. O fato só é registrado para impedir que o réu se 
beneficie novamente do instituto antes do prazo de 5 anos definidos na lei. 
As propostas podem abranger só duas espécies de pena: multa e restritiva de direitos. 
A primeira é obviamente pecuniária, a segunda pode ser prestação de serviços à 
comunidade, impedimento de comparecer a certos lugares, proibição de gozo do fim 
de semana etc., depende da criatividade dos promotores (que atualmente só conhecem 
o pagamento de cesta básica). 
 
 
 
 “Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo. Evite o mal e caminhe. Provérbios 4.26”. 18 
 
Se o acusado estiver dentro dos parâmetros estabelecidos na lei (não ter sido 
condenado anteriormente por crime que preveja pena restritiva de liberdade, não 
houver transacionado nos últimos 5 anos e outros requisitos relativos à 
características pessoais; art. 76, §2º, lei 9.099/95) o Ministério Público deve oferecer a 
transação, uma vez que se trata de direito subjetivo do acusado. 
O réu não pode depender da boa vontade do promotor. Se ele se enquadra nos casos 
dos dois primeiros incisos do §2º (uma vez que o terceiro é completamente subjetivo) e 
o MP não oferece a transação, considero que o juiz deve tomar as rédeas e ele mesmo 
propor um acordo com o réu. 
Discordo com a doutrina que afirma não poder o juiz oferecer a transação uma vez 
que o MP é o titular (dono) da ação penal ou que a decisão seria de ofício fora do 
processo (uma vez que ainda não há denúncia) e que, portanto, a decisão final deveria 
ser do procurador-geral (por aplicação analógica do art. 28 do CPP). 
A forma não pode ser mais importante que a substância, portanto, proibir que alguém 
se beneficie com a transação porque essa decisão não se enquadra nos padrões 
doutrinários estabelecidos é um pouco demais. 
Da sentença que homologa o acordo cabe apelação. Só que essa apelação é meio 
tonta, uma vez que é só uma homologação (o juiz só assina embaixo, não decide nada) 
e qualquer erro poderia ser corrigido por meio de embargos de declaração. Da decisão que 
nega a homologação do acordo só cabe mandado de segurança, uma vez que não há outro 
recurso previsto. 
Caso o crime de menor potencial ofensivo seja conexo a outro que altere a 
competência do juízo (se fosse conexo com crime contra a vida, do JECrim iria para o 
Júri, p. ex.), ainda cabe transação nos mesmos termos, mas claro só quanto ao crime 
de menor potencial ofensivo. 
Finalmente, se o réu não cumprir sua obrigação a pena não pode ser convertida em 
restritiva de liberdade (prisão). Nestes casos, como diria o famoso filósofo: o Estado 
deve procurar os seus direitos (no juízo civil). 
 
Fonte: http://oprocessopenal.blogspot.com.br

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