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Manual de Abordagem de Dependências Químicas - Frederico Garcia

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MANUAL DE
ABORDAGEM DE
DEPENDÊNCIAS QUÍMICAS
FREDERICO DUARTE GARCIA (ORG.)
FREDERICO DUARTE GARCIA
FREDERICO DUARTE GARCIA
MANUAL DE ABORDAGEM DE 
DEPENDÊNCIAS QUÍMICAS
Organização: Frederico Duarte Garcia
Assisitência editorial: Alessandra Assumpção
G [/8.PS/ aSV7XS;XY?
-+)/0+ 1) 2)*), CUS D?U;A/@@f %"#!$f Ic,JcZAf McNL
Design editorial: Fernanda Moraes e José Arnaldo Mendes g BCFE_^2 b0_CFD_2]
Endereço para contato:
Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG – CRR-UFMG
Avenida Professor Alfredo Balena, 190/ Sala 235
CEP 30130-100 – Belo Horizonte – MG – Brasil
Telefone (31)3409-9785/3409-9786
E-mail: Z;;Y;?V/9e7WAV3VA/SPeZ?A d 9/A3AXYSZS@/e7WAVe-;
Garcia, Frederico Duarte (Organizador)
Manual de abordagem de dependências químicas / Frederico
Duarte Garcia.
Belo Horizonte. Utopika Editorial, 2014.
LHKp.
ISBN 9788567783000
CDU 610
Revisão:
SUMÁRIO
Sobre os autores
p.7
Prefácio
p.15
Parte I. Conceitualização, epidemiologia e legislação
Capítulo 1. Conceito de drogas e seus padrões de uso
Frederico Garcia | Nina Ramalho Alkmin
p.19
Capítulo 2. Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
Frederico Garcia | Lucas Barroso
p.33
Capítulo 3. Bases para uma política pública sobre álcool,
tabaco e outras drogas baseada em evidências
Valdir Ribeiro Campos
p.47
Capítulo 4. Políticas públicas e a assistência integral
do paciente com dependência química
Daniela Conceição dos Santos
p.59
Capítulo 5. Aspectos do Estatuto da Criança e do Adolescente e o uso de drogas
Renato César Cardoso | Luiz Filipe Araújo
p.67
Capítulo 6. O papel conselho tutelar na abordagem da
criança e adolescente usuários de drogas
Renato César Cardoso | Luiz Filipe Araújo
p.77
Parte II. Aspectos clínicos dos transtornos do uso de drogas
Capítulo 7. Efeitos somáticos e alterações clínicas do álcool, tabaco e da maconha
Luciana Diniz Silva | Tatiana Bering | Marta Paula Pereira Coelho
Tamyres Tania Martins Marques | Naiara Cristina de Oliveira Souza
p.91
Capítulo 8. Alterações clínicas características do uso de crack
Luciana Diniz Silva | Kiara Gonçalves Dias Diniz | Daniel Gonçalves Dias Diniz
Lucas de Freitas Virgílio
p.109
Capítulo 9. Adolescência: desenvolvimento normal e associada ao uso de drogas
Maila de Castro L. Neves | Marina de Souza Maciel
p.121
Parte III. Abordagem farmacológica dos transtornos do uso de drogas
Capítulo 10. Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de álcool
Valdir Ribeiro Campos
p.135
Capítulo 11. Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
Thiago Gatti Pianca | Diego Barreto Rebouças | Guilherme Luis Menegon
Felix Henrique Paim Kessler
p.151
Capítulo 12. Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
Silas de Oliveira Tavares
p.179
Capítulo 13. Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de tabaco
Rodolfo Braga Ladeira | Patrícia Maria da Silva Roggi
p.201
Parte IV. Atenção integral e abordagem psicossocial
dos transtornos de substância
Capítulo 14. Abordagem integral do paciente com dependência química:
em vista da construção de um modelo clínico
Frederico Garcia
p.217
Capítulo 15. A hospitalização do paciente com dependência química:
critérios clínicos e modalidades de internação para a alta de usuários de drogas:
internação voluntária, involuntária e compulsória
Frederico Garcia
p.235
Capítulo 16. Aconselhamento motivacional em usuários de drogas:
conceito, princípios, estratégias e aplicações
Lívia Pires Guimarães | Neliana Buzi Figlie
p.247
Capítulo 17. Terapia cognitivo comportamental na abordagem do
transtornos de uso de tabaco
Patrícia Maria da Silva Roggi | Maíra Ferreira Nogueira da Gama
Raika Lidiane Marques Rodrigues | Isadora Oliveira Wittickind
Fernando Silva Neves | Frederico Garcia
p.255
Capítulo 18. Abordagem terapêutica dos familiares do usuário de drogas
Ana Paula Ribeiro | Orestes Diniz | Fernanda Toledo
p.269
Capítulo 19. Avaliação neuropsicológica do usuário de drogas
Frederico Garcia | Alessandra Assumpção | Ana Paula Ribeiro Lafaiete Moreira
p.279
Capítulo 20. A inserção do enfermeiro na abordagem do dependente químico
Amanda Márcia dos Santos Reinaldo
p.295
Capítulo 21. Avaliação das condições sociais do usuário de drogas:
limitações, potencialidades, interesses e expectativas
em relação à sua reinserção social
Moisés de Andrade Júnior
p.307
Capítulo 22. Reinserção social em usuários de drogas:
conceitos, princípios, estratégias e aplicações
Alessandra F. A. Assumpção | Ana Cecília Alves Cardoso | Monaliza Ângela Rocha
Sâmara Araceli Faria Araújo | Frederico Garcia
p.325
Capítulo 23. Gerenciamento de casos em usuários de drogas:
conceitos, princípios, estratégias e aplicações
Alessandra F. Almeida Assumpção | Maíra Glória de Freitas Cardoso
André Augusto Corrêa de Freitas | Frederico Garcia
p.337
Capítulo 24. Redução de danos no Brasil: desafios e perspectivas
Lívia Guimarães Pires | Moisés de Andrade Júnior
p.349
Capítulo 25. Rede de Atenção ao dependente químico:
dispositivos de saúde e de assistência social
Alessandra F. Almeida Assumpção | Nina Alkmim | Lucas Barroso
Marinna Garcia Barbosa de Figueiredo | Amanda Machado | Frederico Garcia
p.363
Sobre o Organizador:
Frederico Garcia é professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de
Medicina da UFMG. Tem doutorado em Biologia Celular e Molecular obtido na Université de
Rouen, na França e pós-doutorado na mesma instituição. Durante sua estada na França foi
Chefe de Clínica na Universidade de Rouen e no Centro Hospitalar Universitário de Rouen.
Obteve o título de especialista em psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria após
concluir sua residência no Hospital das Clínicas da UFMG. Obteve o Attestation de Formation
Spécialisée da Universidade de Strasburgo. Recebeu o prêmio de pesquisa da World Federa-
tion of Societies of Biological Psychiatry em 2013.
Sobre os autores:
Alessandra F. Almeida Assumpção: Mestranda no Programa de Pós-Graduação em
Medicina Molecular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Psico-
logia pela UFMG (2012) e graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Espírito
Santo (2005). É preceptora em Neuropsicologia Clínica no Ambulatório de Dependências
Químicas e comportamentais do Hospital das Clínicas/UFMG e integrante do Centro Regional
de Referência em Drogas da UFMG.
Amanda Machado: Graduanda em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Aluna de iniciação científica do Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG.
Amanda Márcia dos Santos Reinaldo: Doutora em Enfermagem Psiquiátrica. Espe-
cialista em Pesquisa para Estudo do Fenômeno das Drogas na América Latina- CICAD/OEA.
Docente da Escola de Enfermagem da UFMG. Coordenadora do CRR/UFMG/ Escola de En-
fermagem. Líder do Grupo de Pesquisa Saúde Mental Álcool e outras Drogas- Diretório de
Grupos do CNPq.
Ana Cecília Alves Cardoso: Graduanda emMedicina pela Universidade Federal de Minas Ge-
rais. Possui experiência nas áreas de neurociências e psiquiatria, atuando principalmente nos
seguintes temas: cognição, esquizofrenia, neuropsicologia e dependência química.
Ana Paula Ribeiro: Psicóloga pela Universidade Federal de Minas Gerais (2012). Espe-
cialista em Neuropsicologia pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais (2013). Integrante
do Centro Regional de Referência em drogas (CRR - UFMG).
André Augusto Corrêa de Freitas: Graduando do curso Medicina pela Universidade
Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Psiquiatria, com ênfase nos seguintes
temas: esquizofrenia, cognição, qualidade de vida, dependência química.
7
Daniel Gonçalves Dias Diniz: Graduandodo curso Medicina pela Universidade Federal
de Minas Gerais. Aluno de Iniciação Científica do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto
Alfa - HC - UFMG. Monitor do curso a distância de Eletrocardiografia - CETES - UFMG.
Daniela Conceição dos Santos: Advogada, coordenadora do Centro POP, professora
de Legislação Aplicada e Participante da Equipe Técnica de Elaboração do Projeto Crack é
Possível Vencer do Município de Contagem e Colaboradora do CRR.
Felix Henrique Paim Kessler: Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (2005). Especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência pela
UFRGS (2011), atuando principalmente nos seguintes temas: genes candidatos, transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade, dependência química e crianças e adolescentes. Mé-
dico Contratado do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, atua no Serviço de Psiquiatria da
Infância e Adolescência, atendendo crianças e adolescentes com problemas relacionados
ao uso de substâncias psicoativas na Unidade Álvaro Alvim.
Fernanda Toledo: Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Estagiária em projeto de extensão do CRR no Hospital das Clínicas (2013) - UFMG.
Fernando Silva Neves: Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de
Minas Gerais (1997), residência em psiquiatria pelo IPSEMG, mestrado em Biologia Celular
pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006) e doutorado em Biologia Celular pela Uni-
versidade Federal de Minas Gerais (2008). Atualmente é professor adjunto do departamento
de saúde mental da faculdade de medicina da UFMG, coordenador do serviço de psiquiatria
do Hospital das clínicas da UFMG, coordenador do NTA (Núcleo de transtornos afetivos do
HC/UFMG) e orientador permanente do programa de pós-graduação em neurociências da
UFMG.
Isadora Oliveira Wittickind: acadêmica de psicologia. Bolsista da PROEX.
Kiara Gonçalves Dias Diniz: Nutricionista pela Fundação Universidade de Itaúna
(2011). Mestranda em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto, área de concentração em
Ciências Aplicadas ao Aparelho Digestivo, pela Faculdade de Medicina da UFMG. Atualmente
participa do Grupo de Pesquisa em Hepatites Virais Crônicas do Instituto Alfa de Gastroen-
8
Médico Psiquiatra.Diego Barreto Rebouças:
Guilherme Luis Menegon: Médico Psiquiatra.
terologia do Hospital das Clínicas da UFMG, do Grupo de Pesquisa em Transplante Hepático
do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG e do Grupo de Pes-
quisas do Ambulatório de Dependência Química da Faculdade de Medicina - UFMG.
Lafaiete Moreira: Psicólogo pela Universidade Federal de Minas Geriais (2010). Mestre
pelo Programa de Pós Graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG
(2013). Colaborador do Laboratório de Investigações Neuropsicológicas do Instituto Nacional
de Ciências e Tecnologia em Medicina Molecular da UFMG. Neuropsicólogo do Instituto
Jenny de Andrade Faria de Atenção à Saúde do Idoso. Desenvolve trabalhos nas áreas de
Neuropsicologia do envelhecimento, Sintomas Comportamentais e Psicológicos das Demên-
cias e Neuropsicologia das Dependências Químicas.
Lívia Pires Guimarães: Psicóloga pela FUMEC, Especialista em Criminologia pela PUC-
MINAS / ACADEPOL, Especialista em Gestão Pública em Organizações de Saúde pela UFJF,
Especialista em Dependência Química pela UNIFESP, Mestre em Educação, Cultura e Orga-
nizações Sociais pela UEMG / FUNEDI.
Lucas Barroso: Graduando em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Aluno bolsista de iniciação científica pela PRPq/Bolsa para Doutores Recém-Con-
tratados, na área de psiquiatria, com ênfase em dependência química e comportamento ani-
mal.
Lucas de Freitas Virgílio: Graduando do curso Medicina pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Participa de pesquisas nos seguintes temas: esquizofrenia, qualidade de vida,
cognição e hepatites virais.
Luciana Diniz: Professora Adjunta do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de
Medicina da UFMG. Médica Assistente do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa
- HC – UFMG. Membro do Grupo de pesquisas do Ambulatório de Dependência Química da
Faculdade de Medicina - UFMG.
Luiz Filipe Araújo: Professor Assistente de Filosofia do Direito, Teoria Geral do Direito
e Prática Jurídica da Universidade Federal de Viçosa. Coordenador do Curso de Direito na
mesma Universidade. Doutorando em Filosofia do Direito na Faculdade de Direito da Univer-
sidade Federal de Minas Gerais (2013). Mestre em Filosofia do Direito pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2012). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Viçosa
(2008).
Maila de Castro L. Neves: Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Minas Gerais (2003), Residência Médica em Psiquiatria pela Fun-
9
dação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (2004), Residência Médica em Psicoterapia
pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (2006), Mestrado em Ciências Bioló-
gicas: Farmacologia Bioquimica e Molecular pela UFMG (2006), Doutorado em Ciências da
Saúde: Medicina Molecular (2008). É professora Adjunta de Psiquiatria da Faculdade de
Medicina da UFMG. Atualmente é membro da diretoria da Associaçao Mineira de Psiquiatria
na Comissão de Educação Continuada. Tem experiência nas áreas de Psiquiatria, Intercon-
sulta Psiquiátrica, Genética Molecular e Neuroimagem, atuando principalmente nos seguintes
temas: cognição social, neuroimagem e comportamento suicida.
Maíra Ferreira Nogueira da Gama: E9SZ<P?V/ 1PO@SZ/ W?;A/Y/ >XP/ Ba\`e 1?P/-?;/Y?;/
Y? 1DDdBa\`e
Maíra Glória de Freitas Cardoso: Possui graduação em Psicologia pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2012). Atualmente é psicóloga (unidade AVE) do HOSPITAL DAS
CLÍINICAS e pesquisadora voluntária - Laboratório de Investigações em Neurociência
Clínica da UFMG. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Neuropsicologia
Marina de Souza Maciel: `;/Y7/@Y/ XA E9SZ?P?VS/ >XP/ B@S6X;9SY/YX aXYX;/P YX \S@/9
`X;/S9e
Marinna Garcia Barbosa de Figueiredo: Graduanda em Psicologia pela Universidade Fe-
deral de Minas Gerais.
Marta Paula Pereira Coelho: Nutricionista pelo Centro Universitário Newton Paiva.
Atualmente realizandoatendimento nutricional em consultório particular e atendimento nu-
tricional voluntário no Ambulatório de Dependência Química da Faculdade de Medicina –
UFMG e Ambulatório de Hepatites Virais– UFMG.
Moisés de Andrade Júnior: Possui graduação em Psicologia pela UFMG (2005), mes-
trado em Psicologia pela UFMG (2008) e é doutorando em Psicologia pela mesma universi-
dade. Possui especialização em Dependência Química pela UNIFESP (2013)
Monaliza Ângela Rocha: Possui o título de técnica em Química (COLTEC/UFMG - 2001)
e graduação em Ciências Biológicas Licenciatura Noturno (UFMG - 2010). Atualmente é bol-
sista de apoio técnico de nível superior no INCT de Medicina Molecular da UFMG. Cursa o
quarto período do curso de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais, atuando prin-
cipalmente nos seguintes temas: dependência química, artrite reumatóide, transplante car-
díaco, angiogênese e inflamação.
Naiara Cristina de Oliveira Souza: Graduanda da Faculdade de medicina da UFMG.
Monitora bolsista da disciplina Epidemiologia.
10
Neliana Buzi Figlie: Psicóloga pela Universidade São Marcos, Especialista em Depen-
dência Química, Mestre em Saúde Mental e Doutora em Ciências pela UNIFESP. Professora
e Pesquisadora Sênior na UNIAD/INPAD, Orientadora no Curso de Pós-Graduação em Psi-
quiatria na UNIFESP.
Nina Alkmin: Graduanda em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Ferderal
de Minas Gerais. Aluna bolsista pela FAPEMIG de iniciação científica. Experiência na área
de psiquiatria, com ênfase no tema dependência química.Orestes Diniz: Psicólogo Clínico, Doutor em Psicologia Clinica (PUC-Rio), Mestre em Psi-
cologia Social (UFMG), Especialista em Terapia de Família Professor Adjunto IV (UFMG).
Patrícia Maria da Silva Roggi: Psicóloga do Ambulatório de Dependência Química do
Hospital das Clinicas da UFMG. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Neurociências
da UFMG.
Raika Lidiane Marques Rodrigues: Graduanda de Psicologia da UFMG.
Renato Cardoso: Professor Adjunto, em dedicação exclusiva, na Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais, nos cursos de Direito, de Ciências do Estado e no
Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor
em Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008) e Mestre em Filo-
sofia do Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004). Bacharel em Direito pela
Universidade Federal de Minas Gerais (2001), Bacharel em Relações Internacionais pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2001).
Rodolfo Braga Ladeira: Médico Psiquiatra do Serviço Médico de Urgência do IPSEMG.
Especialista em Dependência Química pelo Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Mestre
pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Pesquisador Colabora-
dor do Laboratório de Neurociências (LIM-27), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da FMUSP.
Sâmara Araceli Faria de Araújo: Graduação em Medicina pela Universidade Federal
de Minas Gerais. Tem experiência na área de Psiquiatria, com ênfase em Dependências Quí-
micas.
Silas de Oliveira Tavares: Médico psiquiatra. Preceptor do ambulatório de Dependên-
cias Químicas do HC/UFMG.
11
Tamyres Tania Martins Marques, `;/Y7/@Y/ Y? Z7;9? \XYSZS@/ >XP/ B@S6X;9SY/YX
aXYX;/P YX \S@/9 `X;/S9e
Tatiana Bering: Doutoranda no Programa de Pós-Graduação Ciências Aplicadas à Saúde
do Adulto desenvolvendo o projeto no Ambulatório de Hepatites Virais HC- UFMG. Atual-
mente é Professora Temporária no curso de Nutrição da Universidade Federal de Viçosa .Nu-
tricionista Mestre em Ciência de Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais
(2012), graduação pela Universidade Federal de Viçosa (2010).
Thiago Gatti Pianca: Psiquiatra, especialista em psiquiatria da infância e adolescência
pela UFRGS. Médico Contratado do Hospital de Clinicas de Porto Alegre. Doutorando no
Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da UFRGS.
Valdir Ribeiro Campos: Médico Psiquiatra, especialista em Dependência Química pela
Unidade de Pesquisa em Álcool e Outras Drogas/ Instituto Nacional de Políticas Públicas do
Álcool e Outras Drogas- UNIAD/INPAD e Doutor pelo Departamento de Psiquiatria e Psico-
logia Médica da Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP. Membro da Comissão de Con-
trole do Tabagismo, Alcoolismo e uso de Outras Drogas da Associação Médica de Minas
Gerais- CONTAD/AMMG.
12
PREFÁCIO
Frederico Garcia
É com grande satisfação que apresento o Manual de Abordagem
de Dependências Químicas. Este livro é fruto do trabalho coletivo de todos
os tutores e colaboradores dos cursos de formação do Centro Regional de
Referência em Drogas da UFMG no ano de 2013. Ele compõe uma das ativi-
dades de perenização do conhecimento do Projeto de Implantação do
CRR/UFMG e esperamos que ele seja útil na multiplicação do conhecimento
sobre este tema.
Partimos de uma visão bio-psico-social da questão do uso de dro-
gase b98/ 6S9j? demanda uma abordagem multidisciplinarf que leve em
conta os aspectos multifatoriais do tema. É por isto que o livro aborda
apectos clínicos, psicoterapêuticos, sociais e legislativos.
algu@s conceitos para torn.-Pos mais acessíveis. Nos pontos, ou termos,
que nos pareceram pouco claros inserSmos pequenos balões na lateral das
bordas para que nossos leitores p?99/A se referenciar. Outras informações
sobre os temas poderão ser obtidas no site do CRR/UFMG
(crr.medicina.ufmg.br).
15
Cada um dos capítulos deste livro corresponde a um ou mais
temas abordados em sala de aula e foram redigidos para serem o mais
abrangente e didáticos possível. Esperando que este manual seja lido por
profissionais de áreas diferentes (saúde, assistência social, educação,
defesa civil, justiça...) optamos, muitas vezes, por simplificar a linguagem e
Esper? que este livro possa servir como referQncia para todos os
profissionais envolvidos na abordagem do usuário de drogas e seus
familiares.
Gostaria de agradecer a todos os autores e colaboradores que
participaram e acreditaram neste projeto. Agradeço também a toda a
equipe do Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG (CRR-UFMG)
blicação deste livrof masf também os projetos que propusemos no ano de
2013. Agradeço a Secretaria Nacional de Politica sobre Drogas – SENAD,
nosso financiador e fomentador de projetos inovadores nesta área. Ao Pro-
fessor Humberto Correa, meu muito obrigado por ter sempre incentivado e
apoiado projetos científicos e de extensão no Departamento de Saúde
Mental e na Faculdade de Medicina. 0X6? /S@Y/ 7A /V;/YXZSAX@8?
particular a Alessandra Assumpção que ajudou com toda a logística, na
construção e formatação deste livro.
Boa leitura!
16
>XP? excelente trabalho =7X YX9X@vol6X e tornou possível não apenas a pu-
1
PARTE 1
Conceitualização, epidemiologia
e legislação
Capítulo 1
Conceito de drogas e seus padrões de uso
aa;;XXYYXX;;SSZZ?? ``//;;ZZSS//
Nina Ramalho Alkmin
Conceito de drogas
Droga é definida, segundo a Organização
Mundial de Saúde, como qualquer substância não
produzida pelo organismo que tem propriedades de
atuar sobre um ou mais de seus sistemas, causando
alterações em seu funcionamento. uw|iq‘k €kk‘k
kikjMp‚z‘k nlo€iSq ‘™ƒk p˜~z‚‘k ‘o ol|‘pzkqo 
kJo ik‘€‘k ‚oqo q€z‚‘qpjok po jl‘j‘qpjo €
€op™‘k  oijl‘k kikjMp‚z‘kŸ nlo€iSq ~zjok po‚zgokŸ
j…Uz‚ok oi gppokok ‚‘ik‘p€o q‘w~•‚zok ‘ k‘€
As drogas psicoativas
uk €lo|‘k mi zpjl~lq po nkzmizkqo kJo
‚{‘q‘€‘k nkz‚ojl…nz‚‘k oi nkz‚o~Qlq‘‚ok ekj‘k
kikjMp‚z‘ nkz‚o‘jzg‘k kJo ‘kz‚‘qpj € jl—k jznok† 
_pzz€ol‘kŸ ‚oqo ok ‘pkj˜kz‚okŸ ‘p‘w|˜kz‚ok onz…z€kŸ
‘pkzow•jz‚okŸ pSo€z‘Sn•pz‚ok  ‘pjznkz‚…jz‚okv Ž
ujzg‘€ol‘k €o nkzmizkqoŸ mi ‘|q ‘iqpj‘p€o ‘
gz|•wz‘  l€iSzp€o o ‘njzj o kopo  ‘ ~‘€z|‘Ÿ ‚oqo ‘
‚‘~•p‘Ÿ ‚o‚‘•p‘  ‘p~j‘qzp‘k  ‘zp€‘ ok ‘pjz€nlkkzgok
mi polq‘wzS‘q o {iqol kq wg‘l ‘ gz|•wz‘v 
Nlji‘€ol‘k €o nkzmizkqoŸ ‘ji‘q ‚‘ik‘p€o €w•lzokŸ
‘wi‚zp‘™ƒk  oijl‘k €zkjol™ƒk nl‚njzg‘kŸ €pjl w‘k
jqok o [IrŸ ok ‚{Qk  ‘ nkzwo‚zzp‘ iC/-XP/ Nh
Droga: substância não pro-
duzida pelo organismo que tem
propriedades de atuar sobre
um ou mais de seus sistemas,
causando alterações em seu
funcionamento.
uw|ipk nkz‚o~Qlq‘‚ok €nlkkolk  kjzqiw‘pjk kJo
ijzwzS‘€ok ‚oqo €lo|‘k € ‘iko  no€q ‚‘ik‘l €np€—p‚z‘
mi•qz‚‘† ‘p~j‘qzp‘kŸ ‚o‚‘•p‘Ÿ pz‚ojzp‘Ÿ Qw‚oowŸ pSo€zSn•pz‚ok 
kowgpjk zpol|Mpz‚ok
Tabela 1
Tipos de drogas segundo a classificação de efeito no
sistema nervoso central. Descrição do efeito de cada grupo
20
Manual de abordagem de dependências químicas
_@S-SY?;/9
(Psicolépticas)
28S6/Y?;/9
(Psico/@/lépticas)
Alucinógenas
Álcool Cocaína/Crack LSD
Benzodiazepínicos Cafeína Cogumelos
Maconha Tabaco Ecstasy
Barbitúricos Anfetaminas Maconha
Solventes ou
Inalantes
GHB Chá-Santo-Daime
Quetamina Modafinila Chá-de-Lírio
Opióides Chá-de-Trombeta
Cactos
Causam diminuição global da
atividade do SNC. Há uma
tendência à redução da
atividade motora, da
reatividade à dor e da
ansiedade. É comum um
efeito euforizante no início
do uso e posteriormente
de sonolência
São as drogas que causam
um aumento da atividade
cerebral, sobretudo em
certos grupos de neurônios.
As drogas estimulantes
induzem um estado de
alertaexagerado, causando
diminuição do sono e do
apetite, sensação de energia
e menor fadiga; Uma
aceleração do pensamento
e da fala; taquicardia,
aceleração do pulso e
aumento da pressão arterial
As drogas perturbadoras
causam fenômenos
psíquicos anormais como
os delírios e as alucinações.
(PsicodisPép8icas)
Pk ~zjok €k‚lzjok ‘‚zq‘ lkiwj‘q €‘ ‘™Jo €‘k €lo|‘k
nkz‚ojl…nz‚‘k ko o kzkjq‘ € |l‘jz~z‚‘™Jo  l‚oqnpk‘ €o
‚˜llo P iko lnjz€o €‘ €lo|‘ ‚‘ik‘ ‘ ~zU‘™Jo € qq…lz‘k €
wop|o nl‘So mi no€q wg‘l ‘ ‘n‘lz™Jo €‘ ~zkkil‘  €zqzpiq o
nojp‚z‘w zpzzj…lzo €o ‚˜lloŸ ‚‘ik‘p€o ‘ nl€‘ €o ‚opjlow €o
iko €‘ €lo|‘
Drogas lícitas e ilícitas
Segundo a lei 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Brasil,
2006), em seu artigo 1
o
, “consideram-se como drogas as substâncias
ou os produtos capazes de causar dependência, assim como espe-
cificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodica-
mente pelo Poder Executivo da União”. O paragrafo 2
o
dessa lei
determina que “Ficam proibidas, em todo o território nacional, as
drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas
drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar,
bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações
Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de
plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.”
Drogas lícitas são aquelas que podem ser comer-
cializadas de forma legal, podendo ser submetidas a algum
tipo de restrição ao uso. Exemplos de restrição ao uso são:
o álcool e o tabaco, que não podem ser vendidos amenores
e alguns medicamentos que não podem ser vendidos sem
receitas médicas especiais.
Drogas ilícitas são aquelas cuja produção, fabrica-
ção, aquisição, comércio, fornecimento, armazenagem, são
proibidas por lei. As drogas ilícitas são enumeradas nas Lis-
tas de Substâncias Sujeitas a Controle Especial da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, conforme a
portaria número 433 de 12 de maio de 1998.
21
Conceito de drogas e seus padrões de uso
Drogas Ilícitas: são aquelas
cuja produção, fabricação,
aquisição, comércio, forneci-
mento, armazenagem são
proibidas por lei e estão lis-
tadas na Lista de Substâncias
Sujeitas a Controle Especial da
ANVISA.
Droga lícita: substância que
causa efeitos psicoativos que
forma legal, podendo ser sub-
metida a algum tipo de re-
strição ao uso.
pode ser comercializada de
Uso de drogas e dependência química
Um ponto inicial para a compreensão da dependência
química é a diferenciação entre o transtorno de uso de drogas e
a dependência química. A falta de distinção entre os dois termos
é fonte de confusão e mal entendidos entre profissionais da saúde
e pacientes.
O uso de uma droga pode ocorrer fora do con-
texto de uma dependência química. Nem todo usuário
de drogas é dependente de uma droga. O uso de drogas
pode ser feito voluntariamente, buscando-se os efeitos
psicoativos da droga. O usuário consome a droga para
obter os efeitos psicoativos da intoxicação pela droga, tal
como prazer, sensação de ebriedade, relaxamento ou al-
teração do senso percepção. Enquanto não está sob o
efeito da droga, o usuário tem a sua Z/>/ZSY/YX decisional
preservada e consegue escolher entre usar ou interrom-
per o uso da droga a qualquer momento.
A dependência química (Tabela 2) é um transtorno
caracterizado pelo uso descontrolado da droga, marcado
por uma alternância entre alívio durante o uso da droga
e grande sofrimento na ausência ou na perspectiva de im-
possibilidade do uso de uma substância.
22
Manual de abordagem de dependências químicas
Síndrome de Dependência
Química: Conjunto de fenô-
menos comportamentais, cog-
nitivos e fisiológicos que se
desenvolvem após repetido
consumo de uma droga psicoa-
tiva, tipicamente associado ao
desejo poderoso de tomar a
droga, à dificuldade de contro-
lar o consumo, à utilização per-
sistente apesar das suas
consequências nefastas, a
uma maior prioridade dada ao
uso da droga em detrimento de
outras atividades e obrigações,
a um aumento da tolerância
pela droga e por vezes, a um
estado de abstinência física.
Intoxicação por droga:
Estado consequente ao uso de
uma substância psicoativa e
compreendendo perturbações
da consciência, das faculdades
cognitivas, da percepção, do
afeto ou do comportamento, ou
de outras funções e respostas
psicofisiológicas. As pertur-
bações estão na relação direta
dos efeitos farmacológicos agu-
dos da substância consumida, e
desaparecem com o tempo, com
cura completa, salvo nos casos
onde surgiram lesões orgânicas
ou outras complicações.
Capacidade decisional:
capacidade de tomar decisões
a partir da análise dos fatos
sem ser influenciado por fa-
tores externos (ex.Drogas psi-
cotrópicas) ou internos (ex.
Doenças mentais)
Tabela 2
Critérios propostos para a caracterização de um comportamento
de dependência ou comportamento aditivoe 2daptado de Goodman, 1990
Dependência é caracterizada pela presença de:
A - Repetidos insucessos de resistir à impulsão de realizar um comportamento específico.
B - Sentimento de tensão antes de iniciar o comportamento.
C - Sentimento de prazer ou alívio em realizar um comportamento.
D - Pelo menos cinco dos elementos seguintes:
Preocupação constante ligada a um comportamento ou com as suas atividades preparatórias.
Frequência maior ou duração mais longa de um comportamento que é previsto inicialmente.
Perda de tempo significativa com a preparação, realização ou recuperação dos efeitos de um compor-
tamento.
Esforços repetidos para reduzir ou controlar um comportamento.
Comprometimento das atividades sociais, profissionais ou de lazer em prol do comportamento.
Persistência do comportamento apesar das consequências negativas (bio/psicossociais e econômicas)
geradas pelo comportamento.
Tolerância ao comportamento.
Agitação ou inquietação caso o comportamento não seja realizado.
Classificação categorial dos
transtornos relacionados ao uso de substâncias
De acordo com as classificações categoriais, os transtor-
nos de uso de substância são classificados de maneira independente
a partir do padrão de uso e suas consequências (Figura 1).
23
Conceito de drogas e seus padrões de uso
Figura 1
Classificação categorial dos transtornos relacionados ao uso de
substâncias. No modelo categorial existia a ideia de que o uso e a
intoxicação por drogas não trariam consequências negativas ao usuário.
Contudo, têm-se cada vez mais evidências de que qualquer uso de drogas
está associado a consequências biológicas, psicológicas e sociais.
Uso
Intoxicação aguda
Uso nocivo
Síndrome de dependência
Consequências somáticas/psíquicas/sociais/econômicas
P iko knolQ€z‚o € kikjMp‚z‘k l‘ ‚opkz€l‘€o
‘pjlzolqpj ‚op€ij‘ € ‘zUo lzk‚oŸ nozk ‘‚l€zj‘g‘žk mi w
pJo ‘‚‘llj‘lz‘ ‚opkmi—p‚z‘k gz€p‚zQgzk q jlqok zow…|z‚okŸ
nkz‚ow…|z‚ok oi ko‚z‘zk
A segunda categoria é o uso nocivo ou abusivo de
uma substância. Nessa categoria, o uso de uma substância
está associado a consequências físicas, mentais e sociais
evidentes, mas ainda existe o controle sobre a decisão do
uso da droga.
Na terceira categoria, considerada a mais grave,
está a dependência à substância. Essa é caracterizada por
um consumo descontrolado, pela presença da síndrome
de abstinência e pela coexistência de complicações clíni-
cas severas.
24
Manual de abordagem de dependências químicas
Uso Nocivo ou Abusivo de
drogas: Modo de consumo de
uma droga que é prejudicial à
saúde. As complicações podem
ser físicas (por exemplo,he-
patite consequente a injeções
de droga pela própria pessoa),
psíquicas (por exemplo, episó-
dios depressivos secundários a
grande consumo de álcool) ou
sociais (por exemplo, dificul-
dades financeiras, conjugais,
profissionais e problemas com
a justiça).
A Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da
Organização Mundial de Saúde (OMS) (Tabelas 3 e 4), e o Manual
Diagnóstico Estatístico de Doenças Mentais (DSM-IV), da Ameri-
can Psychiatric Association (APA), propõem o diagnóstico catego-
rial dos padrões de uso de substâncias segundo esses níveis. Há uma
divisão diagnóstica em ambos os códigos internacionais, entre in-
toxicação aguda, uso nocivo e dependência (OMS, 1993) (American
Psychiatric Association, 1994).
Tabela 3
Critério9 diagnóstico9 do CID-10 para uso nocivo (abuso) de substância
•O diagnóstico requer um dano real à saúde física e mental do usuário.
•Os padrões nocivos de uso são, frequentemente, criticados por outras pessoas
e estão associados a consequências sociais diversas de vários tipos.
•O uso nocivo não deve ser diagnósticado, se a síndrome de dependência,
um transtorno psicótico ou outra forma específica de transtorno relacionado
ao uso de drogas ou álcool estiver presente.
25
Conceito de drogas e seus padrões de uso
Tabela 4
Critérios do CID-10 para dependência de substâncias
Presença de três ou mais dos seguintes sintomas
em qualquer momento durante o ano anterior:
•Um desejo forte ou compulsivo para consumir a substância;
•Dificuldades para controlar o comportamento de consumo de substância
em termos de início, fim ou níveis de consumo;
• Estado de abstinência fisiológica, quando o consumo é suspenso ou reduzido,
há consumo da mesma substância (ou outra muito semelhante) com a
intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência;
• Evidência de tolerância, segundo a qual há a necessidade de doses crescentes
da substância psicoativa para obterem-se os efeitos anteriormente
produzidos com doses inferiores;
•Abandono progressivo de outros prazeres ou interesses devido ao consumo
de substâncias psicoativas, aumento do tempo empregado em conseguir
consumir a substância ou recuperar-se dos seus efeitos;
•Persistência no consumo de substâncias, apesar de provas evidentes de consequências
prejudiciais, tais como lesões hepáticas, causadas por consumo excessivo de álcool,
humor deprimido, consequente de um grande consumo de substâncias, ou
perturbação das funções cognitivas relacionadas com a substância.
Uma rápida análise dos padrões de consumo,
segundo kj‘ k‚‘w‘ de gravidade, pode levar à
interpretação ll„p‘ de que o uso knolQ€z‚o €
substâncias pJo jlz‘ ‚opkmi—p‚z‘k €‘pok‘k ‘o
zp€zg•€io  mi ‘ €np€—p‚z‘Ÿ oi jl‚zlo p•gwŸ klz‘
‘miw q‘zk |l‘g  q‘zk €‘poko ‘o zp€zg•€io Essa
visão, no entanto, tem sido desconstruída. Hoje se tem
evidências científicas de que nenhum padrão de
consumo de substâncias é isento de riscos oi ky‘ inócuo.
A intoxicação aguda pelo álcool, por exemplo, pode
causar acidentes de trânsito e suas consequências são
tão graves quanto aquelas presentes em um indivíduo
com a síndrome da dependência já estabelecida.
26
Manual de abordagem de dependências químicas
Inócuo: que não é prejudicial
hepáticas e neurônios. Ainda que as consequências
tardem a aparecer, qualquer exposição às drogas leva a
modificações do metabolismo e do funcionamento
celular. Seguindo esta corrente, na quinta edição do
Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM-Vh,
¡APA 2012), os critérios de dependência de substâncias
foram revisados. A dicotomia entre os diagnósticos de
abuso e dependência, presente em sua quarta edição,
deixou de existir, dando lugar à avaliação da severidade
do quadro de abuso da substância. As novas classifica-
ções diagnósticas são: dependência leve, dependência
moderada e dependência grave (American Psychiatric
Association, 2013).
A dependência química é um transtorno crônico e recidivante
A dependência química pode ser entendida
como um transtorno psiquiátrico resultante das alte-
rações causadas pela droga no circuito de recompensa
(Figura 2), das alterações neurotóxicas persistentes e de
modificações no processamento de funções cognitivas.
27
Conceito de drogas e seus padrões de uso
Neurotóxica: Ação tóxica
sobre os neurônios. Trata-se
do efeito negativo de certas
drogas sobre os neurônios po-
dendo causar alterações quími-
cas, celulares e até mesmo a
morte neuronal.
Circuito de Recompensa: Cir-
cuito cerebral envolvido na per-
cepção da sensação de prazer
e recompensa. Faz parte do
Sistema Límbico e é composto
pela área tegmentar ventral;
núcleo acumbens; e córtex pré-
frontal. Todas as drogas agem
neste circuito estimulando os
neurônios e aumentando a pro-
dução, liberação ou a inibição
da receptação do neurotrans-
missor dopamina. Estes
processos podem resultar no
aumento da dopamina nas
sinapses.
DSM V: Lista de critérios clíni-
cos para o diagnóstico e
transtornos psiquiátricos da
Associação Americana de
Psiquiatria (APA). Está em sua
quinta edição.
uw˜q €zkkoŸ o Qw‚oow jq iq‘ ‘™Jo j…Uz‚‘ n‘l‘ ‘k células
Figura 2
A ação das drogas na liberação de dopamina no circuito
de recompensas, via mesocorticolímbica
As bases neurobiológicas das modificações comportamentais
em dependência química
A dependência química é um transtorno crônico e recidi-
vante caracterizado pela compulsão n‘l‘ procurar e consumir a
substância, ‘ perda de controle em limitar o consumo da
substância e surgimento ko~lzqpjo ~•kz‚o  qo‚zop‘w quando o
acesso à substância química é impedido, configurando a síndrome
de abstinência.
As drogas de abuso atuam no SNC através de
mecanismos diferentes, causando uma ampla gama de efeitos. u
partir de diferentes mecanismos, mi jq ‚oqo nopjo ‚oqiq o
‘iqpjo €‘ €on‘qzp‘ €‘ gz‘ na via mesocorticolímbica (Figura 2)
(West, 2006). Essa via se projeta da área tegmentar ventral para o
28
Manual de abordagem de dependências químicas
núcleo accumbens e para o córtex frontal, compondo o chamado sis-
tema de recompensa.
A maioria das drogas de abuso, como o álcool, os opióides
e a nicotina influenciam a concentração de dopamina no sistema
de recompensa de forma indiretaŸ pelo bloqueio do controle inibi-
tório dos neurônios gabaérgicos na área tegmentar ventral. Já a co-
caína e as anfetaminas atuam diretamente no núcleo accumbens,
impedindo o processo natural de recaptação da dopamina na fenda
sináptica, aumentando a concentração desse neurotransmissor no
espaço extracelular. Esses dois mecanismos causam um aumento
do número de impulsos dopaminérgicos no núcleo accumbens. Essa
alteração bioquímica é responsável pelas sensações de prazer e eu-
foria sentidas pelo usuário e é o reforçador positivo para o com-
portamento de autoadministração da droga (KOOB et al., 1998).
Não é apenas o prazer gerado pela estimulação
da via dopaminérgica que mantém o estado de depen-
dência do indivíduo. A evitação dos sintomas desagradá-
veis, como disforia, ansiedade e irritabilidade,
experimentados na abstinência da droga, é uma grande
propulsora da manutenção do uso compulsivo da droga
(Koob et al., 1998). Os sintomas de abstinência decorrem
provavelmente de alterações neurotóxicas e persistentes
nos neurônios (WEST, 2006).
29
Conceito de drogas e seus padrões de uso
Disforia: sensação ou estado de
mal-estar, ansiedade ou tristeza.
Síndrome de Abstinência:
Conjunto de sintomas cuja
gravidade é variável que ocor-
rem quando da interrupção ab-
soluta ou relativa do uso de
uma substância psicoativa
consumida de modo prolon-
gado. O início e a evolução da
síndrome de abstinênciasão
limitadas no tempo e depen-
dem da categoria e da dose da
substância consumida imedi-
atamente antes da parada ou
da redução do consumo. A sín-
drome de abstinência pode se
complicar pela ocorrência de
convulsões.
Uso compulsivo: modo de uti-
lização da droga que não se
consegue resistir ou conter.
O córtex pré-frontal, integrante do sistema de re-
compensa, é o local de processamento de muitas funções
cognitivas, como a atenção, a memória de trabalho, a tomada
de decisão e o autocontrole (ou controle inibitório). Todas
essas funções estão de algumamaneira, comprometidas nos
pacientes com dependências químicas. Destaca-se, dentre
essas funções, o controle inibitório, entendido como a habili-
dade de controlar ou evitar um comportamento, principal-
mente quando esse não é vantajoso ou é inadequado.
Pacientes com dependências químicas, apesar
dos sinais evidentes e devastadores causados pelos efeitos
da droga, possuem uma reduzida habilidade de inibir o
uso excessivo da substância. A disfunção de regiões es-
pecíficas do córtex pré-frontal estão também relaciona-
das ao desenvolvimento da fissura e da anosognosia ou
negação/ desconhecimento da própria dependência quí-
mica (GOLDSTEIN E VOLKOW, 2011).
Além dos efeitos neurobiológicos devem-se considerar
também os efeitos neurotóxicos das drogas. Esses efeitos levam a
modificação de receptores, morte neuronal, alteração de circuitos
e perda de função cerebral. A perda de função pode levar a
funções executivas do paciente.
Devido às lesões cerebrais e à alteração de cir-
cuitos cerebrais ocorre o aparecimento de sintomas tais
quais os da fissura e da perda de controle inibitório do
uso da droga. Esses sintomas persistem mesmo após a
extinção do efeito da droga e vão se acentuando com o
uso continuado da droga. Assim sendo, pode-se consi-
derar a dependência química como um transtorno carac-
terizado pelas constantes recaídas, resultado da fissura e
da perda de controle do uso da droga. É uma doença de
curso crônico e de grande impacto na vida familiar,
30
Manual de abordagem de dependências químicas
Funções cognitivas: conjunto
dos processos mentais usados
no pensamento e na percepção
e, em último caso, na apren-
dizagem. São funções cogniti-
vas: a percepção, a atenção, a
memória, a linguagem e as
funções executivas.
Controle inibitório: habilidade
de controlar ou evitar um com-
portamento.
Anosognosia: Distúrbio neu-
ropsicológico que impede o
doente de perceber e adminitr
que tem uma doença, mesmo
que ela seja notória.
Fissura:O reflexo de um estado
de motivação orientado para o
consumo de drogas desen-
cadeado por pistas ambientais
(ex. Exposição a situações de
uso de droga ou odores da
droga) e internos (ex. Ansiedade,
tristeza, imagens mentais, ex-
pectativas de um resultado pos-
itivo do uso de drogas). É um
estado subjetivo que integra a o
desejo do uso da droga.
mudanças de comportamento e alterações € longo prazo das
social, emocional e profissional do paciente dependente químico.
Os impactos e prejuízos provenientes da dependência podem ser
agravados pelas mudanças no padrão de uso, pelas comorbidades
psiquiátricas associadas à dependência, pelas novas drogas introdu-
zidas no mercado ilegal e, por vezes, pelo envolvimento do indiví-
duo com a criminalidade (SZUPSZYNSKI E OLIVEIRA, 2008).
Conclusão
Todas as drogas psicotrópicas agem no cérebro causando
modificações nos neurônios e circuitos cerebrais. Estas modifica-
ções causam efeitok sentidok ‘ curto prazo e que passaq com o
término do efeito da droga. O uso repetido de drogas causa lesões
nos neurônios e circuitos cerebrais ekj‘k ‘wjl‘™ƒk no€q
modifical nlq‘ppjqpj o ‚zl‚izjo € l‚oqnpk‘ ‚‘ik‘p€o a
dependência químicaŸ mi é uma doença crônica caracterizada pela
fissura e pela perda de controle inibitório do uso da droga.
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32
Manual de abordagem de dependências químicas
Capítulo 2
Epidemiologia do uso de drogas
no Brasil e no mundo
Frederico Garcia
Lucas Barroso
Introdução
A epidemiologia através dos estudos epidemioló-
gicos contribui para o estudo dos transtornos do uso de
drogas. Ela nos permite melhor compreender quantas
pessoas estão implicadas no uso de drogas, qual o perfil
dessas pessoas e qual o impacto das drogas na vida delas.
Essas informações são de grande importância, para a ava-
liação de pacientes, pois nos permitem prever quais os
perfis de risco para o uso de drogas, como para o plane-
jamento do uso dos recursos em prevenção e tratamento.
Obtenção de dados epidemiológicos
Os estudos epidemiológicos nos transtornos de uso de
drogas obtêm informações através de levantamentos de dados e de
indicadores epidemiológicos indiretos.Epidemiologia: Ciência que
estuda quantitativamente a
distribuição dos fenômenos de
saúde/doença, e seus fatores
condicionantes e determinantes,
nas populações.
Levantamentos
Pk wg‘pj‘qpjok nz€qzow…|z‚ok kJo nkmizk‘k mi
ik‘q ‚oqo qjo€owo|z‘ € ojp™Jo € €‘€okŸ pjlgzkj‘k
n‘€lopzS‘€‘k € nkko‘k lnlkpj‘jzg‘k € iq‘ ‘qokjl‘
kz|pz~z‚‘jzg‘ €‘ noniw‘™Jo ‘ kl kji€‘€‘ Y‘ zpjlnlj‘™Jo €kkk
kji€ok ˜ qizjo zqnolj‘pj ‘ ‚oqnlp™Jo €†  Li‘w ˜ O
noniw‘™Jo ‘g‘wz‘€‘Ÿ n‘l‘ k pjp€l ‘ mi nkko‘k ‘miw‘k
zp~olq‘™ƒk k l~lq ¡U noniw‘™Jo |l‘wŸ ‘€owk‚pjkŸ
nlkz€zQlzok v Ž P nl•o€o € ‚owj‘ €ok €‘€okv  P jzno €
‘|l‘go €‘k ‚op€z™ƒk € k‘€ ‚‘ik‘€o nw‘k €lo|‘k ¡U iko p‘
gz€‘Ÿ po wjzqo ‘poŸ po q—kŸ iko ‘ikzgo oi €np€—p‚z‘v Œ P
zpkjliqpjo oi k‚‘w‘ ijzwzS‘€o n‘l‘ ‘g‘wz‘l o ‘|l‘go € k‘€
Indicadores de dados indiretos
Pk zp€z‚‘€olk nz€qzow…|z‚ok zp€zljok kol o iko €
€lo|‘k kJo zp~olq‘™ƒk pJo ojz€ok nol iq wg‘pj‘qpjo  mi
j‘q˜q l~wjq o n‘€lJo €o iko € €lo|‘k € ‘iko nol iq‘
€jlqzp‘€‘ noniw‘™Jo ekkk €‘€ok kJo ojz€ok q lw‘j…lzok oi
‘p‚ok € €‘€ok |oglp‘qpj‘zk rpjl kjk €‘€ok no€qok
‚zj‘l o pqlo € …zjok nol ogl€okŸ pqlo € ‘nlpkƒk 
mi‘pjz€‘€ € €lo|‘ ‘nlp€z€‘Ÿ pqlo € {oknzj‘wzS‘™ƒk nol
€np€—p‚z‘ mi•qz‚‘Ÿ zp€z‚‘€olk € gzow—p‚z‘
Prevalência e incidência
Dentre os diversos indicadores epidemiológicos
dois têm grande importância: 1. prevalência; 2. in-
cidência. A prevalência corresponde ao número total
de casos ou à proporção de casos de uma doença em
uma população, em um momento específico. A
34
Manual de abordagem de dependências químicas
Prevalência: número total de
casos ou à proporção de casos de
uma doença em uma população
em ummomento específico.
incidência corresponde ao número total ou a propor-
ção de novos casos em uma população em um de-
terminado período de tempo.
Epidemiologia do uso de drogas no mundo
Álcool e tabaco
P Qw‚oow  o j‘‘‚o ‚opjzpi‘q kp€o ‘k €lo|‘k q‘zk
‚opžkiqz€‘k po qip€o ekjzq‘žk mi ŒˆX €‘ noniw‘™Jo
qip€z‘w ‘€iwj‘ ky‘ ikiQlz‘ € Qw‚oow  Ž‡X € j‘‘‚o _kko
‚ollknop€ ‘ €ozk zw{ƒk  Ÿ zw{ƒk € ‘€iwjok
lkn‚jzg‘qpj ¡up€lkopŸ Ž››Š  Yo ‘po € Ž››‹Ÿ o ‚opkiqo
‘pi‘w € Qw‚oow l‘ € ŠŸ wzjlok nol ‚‘€‘ {‘zj‘pj ‘‚zq‘ € ‹
‘pok I‘žk mi o iko € €lo|‘k ˜ zp~wip‚z‘€o nw‘k wzk €
ql‚‘€o P iko € €lo|‘k w•‚zj‘k ˜ jJo €zkkqzp‘€oŸ ‘ji‘wqpjŸ
nw‘ |l‘p€ €zknopzzwz€‘€  ok ‘zUok ‚ikjok €kk‘k €lo|‘k P
‘poŸ oi ky‘Ÿ ŒX €‘k qoljk po qip€oŸ piq‘ nlonol™Jo €
mi‘jlo qiw{lk n‘l‘ ‚‘€‘ {oqq ¡¥`PŸ Ž›  P j‘‘‚o ˜
lknopkQgw nol Š qzw{ƒk € qoljk nol ‘po po qip€o rkk‘k
Š›› qzw kJo € nkko‘k pJo ~iq‘pjk Unokj‘k ‘ ~iq‘™‘ €o j‘‘‚o
jl €zqzpi•€o iq noi‚o pok wjzqok €S ‘pokŸ w ‚opjzpi‘
‚lk‚p€o pjl qiw{lk yogpk ¡¥`PŸ Ž› 
Drogas ilícitas
Yo qip€oŸ kjzq‘žk mi pjl Š‰ qzw{ƒk  ‹
qzw{ƒk € nkko‘k pjl ‹  ŠŒ ‘pok ¡ŠX ‘ Š‡X €‘ noniw‘™Jo
qip€z‘w €pjlo €kk |lino  ikoi ‘w|iq‘ €lo|‘ zw•‚zj‘ po ‘po
‘pjlzol ‘ Ž› ¡§YPrsŸ Ž›Ž  rk€ Ž››ˆŸ {oig iq
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35
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
Incidência: número total ou a
proporção de novos casos em
uma população em um determi-
nado período de tempo.
iko ‘ikzgo € Qw‚oow lkiwj‘ q ŽŸ‹ qzw{ƒk € qoljk ‘ ‚‘€‘
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€lo|‘ zw•‚zj‘Ÿ ¡§YPrsŸ2012) reflexo, principalmente, do aumento
da população mundial e da facilidade de acesso a essas
substâncias. A distribuição do consumo das diversas drogas ilícitas
não é feito de maneira uniforme. Na Europa e na Ásia, predomina
o uso de opióides, nas Américas a maior demanda é por cocaína,
na África por maconha (UNODC,Ž› 
Gráfico 1
Evolução do número de usuários e dependentes de drogas
ilícitas no mundo 1990-2001 a 2010. Adaptado de UNODC,
2012
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36
Manual de abordagem de dependências químicas
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37
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
Gráfico 2
Tendências mundiais na prevalência do uso de diferentes drogas
de 2009 a McNNe Adaptado de UNODC, 2012
Prevalência de dependência química no mundo
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qip€z‘zk ¡§YPrsŸ Ž›Ž 
Fatores de risco
Algumas pessoas são mais susceptíveis à continuação ou a um uso
mais intenso de drogas que outras (EMCDDA, 2000). Os indica-
dores são de que a experimentação e o uso intermitente entre jovens
38
Manual de abordagem de dependências químicas
Fator de Risco: Qualquer situ-
doença ou agravo à saúde.
ação que aumente a probabi-
lidade de ocorrência de uma
estão ligados à curiosidade, ao comportamento de aceitação pelo grupo
ou estilo de vida, assim como a viabilidade e oportunidade (Tabela
1). u Unlzqpj‘™Jo €lo|‘k pJo no€ kl ‚opkz€l‘€o ‚oqo
cpolq‘wa €il‘pj ‘ ‘€owk‚p‚z‘Ÿ Uz|zp€o ‘‚oqn‘p{‘qpjo n‘l‘
‘g‘wz‘l k w klQ ‘jpi‘€o oi Ujzpjo ‚oq o jqno
Problemas mais |l‘gk com drogas ‚okjiq‘q kj‘l as-
sociados com dificuldades individuais ou familiares e
circunstâncias sociais e/ou econômicas adversas. Esses são fatores
sociais comumente ligados a problemas mentais ou de
criminalidade (LLOYD, C 1998). Pode-se argumentar também
que com o aumento do uso de drogas pela população geral, q‘zk
pessoas com problemas sociais ou psicológicos, venham a se
tornar dependentes (EMCDDA, 2002).
Tabela 1
Fatoresde risco associados ao uso de drogas no mundo.
Adaptado de E.M.C.D.D.A; 2002
• Idade - aumento até a terceira idade.
•Sexo - masculino.
• Estilo de vida - frequentar bares, festas, boates.
•Precocidade - iniciação em comportamento “adulto”: sexo, fumo,bebidas e drogas
•Alta renda.
•Morar em áreas urbanas - maior para drogas ilegais.
•Habitar áreas de alta prevalência e viabilidade de drogas.
• Imagem positiva do uso de drogas entre colegas.
•Uso de álcool ou tabaco
•Uso de droga por pais
Fatores de risco associados à dependência a drogas
•Características individuais - incluindo genética, metabolismo e personallidade.
•Problemas familiares.
•Baixo status social, marginalização ou desemprego.
•Outros problemas sociais e psicológicos - dificuldades escolares,
baixa autoestima, depressão.
•Primeiro uso em idade precoce.
• Exposições repetidas à droga - especialmente em grupos vulneráveis.
• Falta de informação clara e relevante quanto aos problemas de saúde
relacionados ao uso da droga.
39
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil;
Incidência e prevalência do uso de drogas e dependência
Álcool e tabaco
T‘q˜q po tl‘kzw o Qw‚oow  o j‘‘‚o j—q zqnolj‘pj
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€‘ noniw‘™Jo l‘kzwzl‘ ‘€iwj‘ ‚opkiqzi Qw‚oow po ‘po € Ž›Ž
Yo qkqo kji€o €k‚lgžk iq‘ wz|zl‘ l€i™Jo €o ‚opkiqo
€ Qw‚oow ‚oq lw‘™Jo ‘o wg‘pj‘qpjo ~zjo q Ž››Š sopji€oŸ o
pqlo € nkko‘k mi q iq‘ oi q‘zk gSk nol kq‘p‘
‘iqpjoi € Ž›X p‘ noniw‘™Jo ‘€iwj‘Ÿ k‘wj‘p€o € Œ‹X n‘l‘
‹ŒX q Ž›Ž epjl ‘k qiw{lk o ‘iqpjo € ikiQlz‘k € Qw‚oow
nwo qpok iq‘ gS nol kq‘p‘ ~oz q‘zolŸ ‘iqpj‘p€o € Ž‡X
n‘l‘ ‡XŸ oi ky‘Ÿ iq ‘iqpjo € ŒŸ‹X ¡[eYurŸ Ž› 
Apesar do uso de tabaco ter diminuído de 2006 para 2012,
o Brasil tem ainda 15,6% da população geral que é tabagista Ip€o
mi 3,4% é de adolescentes. A idade de início do uso de tabaco no
Brasil é de 16,2 anos e a idade de uso regular de 17,4 anos. A
prevalência do tabagismo passivo é estimada em 70 milhões de
brasileiros. Do ponto de vista regional a região sul é a mais
acometida pelo tabagismo (20,2% da população) e a menos
atingida é a região nordeste com 14,2% da população. A
prevalência de homens tabagistas é quase o dobro da de mulheres
sendo 21% e 13%, respectivamente. As classes sociais mais baixas
são as mais atingidas pelo tabagismo sendo que as classes D e E
têm uma prevalência de 22,9% e 19%, respectivamente contra
10,9% e 12,7% das classes A e B respectivamente (LENAD, 2013)
40
Manual de abordagem de dependências químicas
Dependência de álcool e tabaco no Brasil
I|ip€o o [eYurŸ q Ž›Ÿ ‰X €ok ‚opkiqz€olk
€ Qw‚oow po tl‘kzw l‘q ‘ik‘€olk oi €np€pjk _kko
‚ollknop€ ‘ Ž qzw{ƒk € {‘zj‘pjk u €np€—p‚z‘ ‘o Qw‚oow
˜ q‘zk ~lmipj pjl {oqpk €o mi q qiw{lkŸ p‘ nlonol™Jo
€ ›Ÿ‹X  ŸŠXŸ lkn‚jzg‘qpj P iko nlowqQjz‚o € Qw‚oow
kjQ ‘kko‚z‘€o ‘ iq‘ q‘zol nlg‘w—p‚z‘ € €nlkkJo Yo tl‘kzw
ŒX €ok €olk nlowqQjz‚ok ‘nlkpj‘l‘q iq nzk…€zo
€nlkkzgo p‘ gz€‘ ‚opjl‘ Ž‹X €‘ noniw‘™Jo |l‘w rok ~iq‘pjk
‰ŽX ‘nlkpj‘q ‚lzj˜lzok € €np€—p‚z‘ ‘o j‘‘‚o (LENAD,
2013).
Drogas ilícitas
P iko € €lo|‘k zw•‚zj‘k po tl‘kzw ‘zp€‘ pJo ˜ l|l‘Ÿ q‘k
˜ jJo zqnolj‘pj mi‘pjo € €lo|‘k w•‚zj‘k u kjzq‘jzg‘ € iko p‘
gz€‘ zpjzl‘Ÿ p‘ noniw‘™Jo ‘€iwj‘Ÿ ˜ € ŽŽˆX u nlg‘w—p‚z‘ €
iko ‘pi‘w q Ž››‹ ~oz ›X (GALDURÓZ et al., 2005;
CARLINI et al., 2005).
Pk €‘€ok €o wg‘pj‘qpjo p‘‚zop‘w ¡suK[_Y_ j ‘wŸ
Ž››‹  ‘nopj‘q n‘l‘ iq ‘iqpjo €o iko € q‘‚op{‘Ÿ kowgpjkŸ
‚o‚‘•p‘Ÿ ‘p~j‘qzp‘kŸ pSo€z‘Sn•pz‚okŸ ‘wi‚zp…|pokŸ ‚l‘‚xŸ
‘p‘owzS‘pjk  ‘lzjlz‚ok uo k ‚oqn‘l‘l €z~lpjk ~‘zU‘k
jQlz‘kŸ oklg‘žk mi ‘ nlg‘w—p‚z‘ €o iko € q‘‚op{‘ ¡‰X  
kowgpjk ¡›ˆX  ˜ q‘zol pjl ‘k z€‘€k € ˆ  ŽŒ ‘pokŸ
pmi‘pjo mi ‚o‚‘•p‘ ¡‹ŽX   ‘p~j‘qzp‘k ¡ŒX  nokkiq q‘zol
nlg‘w—p‚z‘ pjl ‘ noniw‘™Jo ‚oq z€‘€k € Ž‹ ‘ Œ ‘pok
P iko € q‘‚op{‘ q jo€‘k ‘k ~‘zU‘k jQlz‘k ˜Ÿ q
q˜€z‘Ÿ jl—k gSk q‘zol q {oqpk €o mi q qiw{lk P iko
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noniw‘™Jo ‘jp€ ‘ok ‚lzj˜lzok n‘l‘ €np€—p‚z‘ ‘ q‘‚op{‘
41
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
A prevalência para usuários de cocaína durante a vida é
de 2.9% (1.459.000) da população geral (CARLINI et al., 2005),
chegando a 3% entre estudantes (ANDRADE et al., 2010). O uso
de crack é mais prevalente no sexo masculino (3.2%) na faixa de
25-34 anos, estimando-se que 1.2% (2.3milhões) da população usa
ou já usou crack (ANDRADE et al., 2010).
O uso de anfetaminas é predominante no sexo feminino,
com prevalência populacional de 3.2% (1.605.000 pessoas), sendo
que 0.15% dessa população atende aos critérios de dependência. O
uso de opiácios corresponde a 1.3%, equivalente a uma população
de 668.000 pessoas, com predomínio de uso por mulheres sobre
os homens. É estimado que 1% da população já tenha feito uso de
algum alucinógeno durante a vida.
A região com maior prevalência no uso de qualquer droga
ilícita na vida, é o Nordeste (27,6%), seguido pelo Sudeste (24.5%),
Centro-Oeste (17%), Sul (14.8%) e Norte (14.4%).
Fatores de risco
No Brasil, diversas condições influenciam no aumento
da probabilidade de uma pessoa vir a utilizar qualquer substância
psicoativa (CANAVEZ et al., 2010). Destacam-se fatores indivi-
duais, familiares, ambientais e culturais. P qo€o ‚oqo ‚‘€‘ ~‘jol
zlQ zpjl~lzl ‚oq ‘ ‚{‘p‚ € ‚‘€‘ nkko‘ ik‘l oi pJo  gzl ‘ k
jolp‘l iq €np€pjŸ €np€lQ kolji€o € ki‘ ‚‘n‘‚z€‘€ €
lkzwz—p‚z‘ (CANAVEZ et al., 2010).
Entre os fatores individuais de risco temos a insegurança,
insatisfação com a vida, sintomas depressivos, curiosidade e busca
de prazer, sensação de invulnerabilidade entre outras características.
Essas características atuam facilitando a aceitação ao uso de drogas
pelo indivíduo, e o tornando mais disposto a utiliza-las. (SEIBEL
E JUNIOR, 2001).
42
Manual de abordagem de dependências químicas
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(CANAVEZ et al., 2010; ANDRETA, 2005).I‘p‚{S j ‘w ¡Ž››‹ 
lw‘j‘q mi o ‚opkiqo € €lo|‘k zw•‚zj‘k ˜ ‚zp‚o gSk q‘zol
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j‘q˜q mi {Q pgowgzqpjo k˜lzo € iq oi q‘zk qqlok €‘
~‘q•wz‘ ‚oq nwo qpok iq‘ €lo|‘Ÿ ‚oq €kj‘mi n‘l‘ Qw‚oow 
‚z|‘llo (SANCHEZ et al., 2002).
Conclusões
P iko € €lo|‘k wz‚zj‘k  zw•‚zj‘k po tl‘kzw  po qip€o
‘zp€‘ pJo ˜ ‘ l|l‘Ÿ q‘k ‘jzp| p•gzk nlo‚in‘pjk sopkz€l‘p€o
‘np‘k ‘k €lo|‘k zw•‚zj‘kŸ ‘ nlg‘w—p‚z‘ ˜ q‘zk ‘zU‘ pJo
iwjl‘n‘kk‘p€o iq‘Ÿ q ‚‘€‘ €S nkko‘k po qip€o sopji€oŸ o
zqn‘‚jo nz€qzw…|z‚o €‘k €lo|‘k ˜ qizjo kz|pz~z‚‘jzgo  lkiwj‘ q
iq ‚ikjo {iq‘po  ‚op„qz‚o qizjo wg‘€o P iko € €lo|‘k
jq zqnolj‘pj zqn‘‚jo p|‘jzgo p‘ ko‚z€‘€ YJo koqpj
nw‘k qoljk gzowpj‘kŸ q‘k j‘q˜q nwo ‘|l‘g‘qpjo €‘k
‚op€z™ƒk € k‘€  nw‘ nl€‘ € mi‘wz€‘€ € gz€‘
u €np€—p‚z‘ mi•qz‚‘ ˜ iq‘ €op™‘ n‘kk•gw €
nlgp™JoŸ €k€ mi k joq q€z€‘k n‘l‘ nokjl|‘l oi gzj‘l ‘
Unokz™Jo O €lo|‘
43
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
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45
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
Capítulo 3
Bases para uma política pública sobre álcool,
tabaco e outras drogas baseada em evidências
Valdir Ribeiro Campos
Introdução
Os problemas relacionados ao consumo de ál-
cool, tabaco e outras drogas são um grave problema de
saúde pública. A Organização Mundial de Saúde (OMS,
2001) relata que cerca de 10% da população dos centros
urbanos de todo o mundo consomem abusivamente dro-
gas, independentemente da idade, sexo, nível de instrução
e poder aquisitivo, sendo que o álcool e tabaco possuem
maior prevalência de uso global, trazendo consequências
graves para a saúde pública mundial. Há uma tendência
mundial que aponta para o uso cada vez mais precoce de
substâncias psicoativas, sendo que tal uso ocorre de
forma cada vez mais pesada. O último relatório do
UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes
aponta uma tendência de aumento do consumo de dro-
gas sintéticas e de prescrição (UNODC, 2013).
No Brasil essa realidade não é diferente. Estudos realiza-
dos pelo Centro Brasileiro de Informações sobre drogas psicotró-
picas da Universidade Federal de São Paulo-CEBRID-UNIFESP
mostra, sistematicamente, que a cada ano o consumo de álcool e
UNODC: United Nations Office
on Drugs and Crimes (Es-
critório das Nações Unidas
sobre Drogas e Crimes). É uma
agencia especializada da
Nações Unidas que presta con-
sultoria dirigida e coordenada
para responder a questões
relacionadas ao tráfíco ilegal,
abuso de drogas, crimes e pre-
venção de crimes.
Prevalência: Número total de
casos de uma determinada
doença existentes numa popu-
lação em um determinado mo-
mento temporal; Proporção da
população que tem uma
doença em um determinado
tempo.
outras drogas tem sido cada vez mais precoce entre estudantes do
ensino fundamental e médio. Entre essa população, a idade média
para o início do consumo de álcool e tabaco é por volta dos 12 anos
de idade e o início do uso de outras drogas, tais como a maconha,
a cocaína e o crack, ocorre por volta dos 13 e 14 anos de idade
(CARLINI et al., 2010).
O uso de drogas gera vários efeitos danosos
para a saúde. Esses danos vão depender de quanto da
substância é utilizada, de que forma e com que padrão
de uso levando a efeitos tóxicos e a dependência. Entre
as consequências diretas e indiretas do consumo de dro-
gas destacam-se os acidentes de trânsito, as agressões, de-
pressões clínicas, distúrbios de conduta, ao lado de
comportamento de risco no âmbito sexual e a transmis-
são do vírus HIV e da hepatite B e C pelo uso de drogas
injetáveis. Por outro lado, os efeitos danosos da depen-
dência no contexto social, gera desarmonia familiar, vio-
lência doméstica, abuso infantil, separação, delitos,
abandono escolar, faltas ao trabalho, desemprego e inca-
pacidade para vida.
Para conter esses prejuízos, os governantes necessitam
tomar decisões com base em consensos na forma de lei, regras e
regulações. O conjunto dessas medidas define políticas públicas
(LARANJEIRA; ROMANO, 2004). Apesar dos impactos sociais
relacionados ao consumo e dependência de álcool, tabaco e outras
drogas (ATOD), as estratégias de prevenção, tratamento e políticas
públicas, ainda são muito deficientes, sendo que muitas vezes os re-
cursos são alocados de forma inadequada. Além disso, percebe-se
ainda que há uma grande lacuna entre o que é comprovadamente
eficaz, segundo as pesquisas, e o que de fato se faz, tanto na prática
clínica quanto em relação às políticas de prevenção e controle social
(DIELH et al., 2012).
48
Manual de abordagem de dependências químicas
HIV: Vírus da Imunodeficiência
adquirida. A infecção pelo
vírus pode causar a AIDS, ou
síndrome de imunodeficiência
adquirida.
O modelo geral de causas do consumo de álcool,
tabaco e outras drogas
Ummodelo de compreensão causal e de medidas de pre-
venção para o consumo de álcool, tabaco e outras drogas, com
base em evidências científicas, foi desenvolvido por Birckmayer
e colaboradores em 2004. Segundo esse modelo, o desejo de con-
sumir a droga pelo indivíduo cria uma demanda que estimula a
oferta, sujeito as leis do mercado (lei da oferta e da procura ou
demanda). Além do mais, com um maior potencialde gerar lucro
e competitividade, a consequência seria o aumento da demanda
por meio de promoções. A disponibilidade representa um dos
componentes fundamentais do consumo de substâncias psicoati-
vas. Quanto maior a disponibilidade, maior as chances do con-
sumo de drogas. Dessa forma, sem disponibilidade, não pode
haver uso ou problemas associados. A acessibilidade a ATOD,
por sua vez, depende de fatores ligados a leis vigentes (federais,
estaduais ou municipais), fiscalização e punições (Figura 1). Assim,
a disponibilidade econômica está relacionada ao preço que se paga
para obter o álcool, tabaco ou outras drogas, a disponibilidade de
varejo ou comercial é a facilidade de compra e acessibilidade à
drogas por meio do mercado formal e informal, a disponibilidade
social que não envolve dinheiro e as drogas são obtidas através
de familiares e amigos.
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Bases para uma política pública sobre álcool, tabaco e outras drogas baseada em evidências
Figura 1
Modelo Geral de causas do uso de álcool, tabaco e outras drogas.
Adaptado de Birckmayer et. al. 2004.
Prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas
Os fatores associados ao alto potencial de uso
de drogas são denominados “fatores de risco”. Por outro
lado, aqueles que puderam ser associados com reduzido
potencial ao uso de drogas chamam-se “fatores de proteção”
(Tabela 1). Os fatores de risco para o uso de álcool e ou-
tras drogas são características ou atributos de um indi-
víduo, grupo ou ambiente de convívio social, que
contribuem para aumentar a probabilidade da ocorrên-
cia desse uso. Por sua vez, se tal consumo ocorre na
comunidade, é no âmbito comunitário que terão lugar
as práticas preventivas de maior impacto sobre a vul-
nerabilidade e o risco. Fatores de risco e de proteção
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Manual de abordagem de dependências químicas
Fator de Proteção: Situação
ou coisas que protegem o indi-
víduo de fatos que poderão
agredí-lo física, psíquica ou so-
cialmente, garantindo um de-
senvolvimento saudável.
Fator de Risco: Qualquer situ-
ação o coisa que aumenta a
probabilidade de ocorrência de
uma doença ou agravo à saúde.
podem ser identificados em todos os domínios da vida: nos pró-
prios indivíduos, em suas famílias, em seus pares, em suas escolas
e nas comunidades, e em qualquer outro nível de convivência so-
cioambiental (FIGLIE, BORDIN, LARANJEIRA, 2004).
Tabela 1
Fatores de risco ou de proteção conhecidos para o
desenvolvimento de uso de drogas
Ambientes e domínios da vida
As ações preventivas podem ser realizadas em diversos
ambientes como, por exemplo, a comunidade, a escola e as empre-
sas. Para cada um desses domínios existem fatores de risco e fatores
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Bases para uma política pública sobre álcool, tabaco e outras drogas baseada em evidências
Fatores de Proteção
• Fortes laços com a família
• Pais experientes em monitorar com regras
claras de conduta dentro da unidade familiar
e envolvimento dos pais na vida de seus filhos
•Fortes laços com instituições sociais como
a família, a escola, e organizações religiosas
•Adoção de normas convencionais sobre uso
de drogas
•Sucesso escolar
• Outros fatores como a disponibilidade de
drogas, padrões de tráfico de drogas, e
crenças de que o uso de drogas é normal-
mente tolerado também influenciam o número
de jovens que começam a usar drogas
Fatores de Risco
•Ambientes domésticos caóticos, especial-
mente aonde os pais abusam de substân-
cias ou sofram de doenças mentais
• Paternidade ineficiente, especialmente
com crianças com temperamentos difíceis
e desordens de conduta
• Falta de entrosamento entre pais e filhos
e déficit de nutrição
•Comportamento inapropriado de timidez e
agressividade em sala de aula
• Insucesso escolar
• Habilidades de enfrentamento social po-
bres
• Amizade com adolescentes com compor-
tamentos inadequados
• Percepções de aprovação de comporta-
mento de uso de droga na escola, entre os
colegas e no ambiente comunitário
de proteção. Um programa de prevenção planejado deve co-
meçar definindo o ambiente de onde vão partir as ações
e a partir de então quais os domínios deverão ser traba-
lhados. A prevenção visa diminuir os fatores de risco e
aumentar os fatores de proteção para cada um dos do-
mínios de vida definidos como foco do programa de pre-
venção. Em cada um desses ambientes existem diferentes
domínios, cujas ações preventivas podem ser direciona-
das (Tabela 2).
Tabela 2
Diferentes domínios de direcionamento de ações preventivas
Domínio Individual: Refere-se aos fatores relacionados a um indivíduo específico -
sua carga genética; seu funcionamento psicológico; suas habilidades psicológicas
e sociais.
Domínio de Pares: Refere-se aos fatores relacionados a um grupo de indivíduos
que tem estreita convivência entre si: seus hábitos; seus valores; seus comporta-
mentos e estilo de vida.
Domínio familiar: Refere-se aos fatores relacionados aos hábitos, regras, definições
de papéis na família.
Domínio Escolar: Refere-se aos fatores relacionados às regras, papéis, relaciona-
mentos entre os diversos membros da escola (alunos, diretores, professores, coor-
denadores).
Domínio Social: Refere-se aos fatores relacionados ao ambiente coletivo - as regras,
os relacionamentos entre as diversas facções da sociedade, as políticas públicas
de restrição de venda de bebida, etc.
Intervenções preventivas
A prevenção voltada para o uso abusivo e/ou dependência
de álcool e outras drogas pode ser definida como um processo de
planejamento, implantação e implementação de múltiplas estratégias
voltadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco es-
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Manual de abordagem de dependências químicas
Programa de prevenção:Pro-
gramas que visam evitar a ex-
posição de uma pessoa ou um
grupo de pessoas a um fator
de risco e aumentar o impacto
dos fatores de proteção com o
objetivo de se evitar um agravo
de saúde ou doença.
pecíficos, também de fortalecimento dos fatores de proteção
que implica, necessariamente, em inserção comunitária das prá-
ticas propostas, com a colaboração de todos os segmentos so-
ciais disponíveis, buscando atuar dentro de suas competências,
para facilitar processos que levem à redução da iniciação no con-
sumo, do aumento desses em frequência e intensidade, e das
consequências do uso em padrões de maior acometimento global
(FIGLIE, BORDIN, LARANJEIRA, 2004).
O compartilhamento de responsabilidades, de forma
orientada às praticas de efeito preventivo, também não deve abrir
mão da participação dos indivíduos diretamente envolvidos com o
uso de álcool e outras drogas, na medida em que devem ser impli-
cados como responsáveis por suas próprias escolhas, e como agen-
tes e receptores de influências ambientais (MARLATT, 1999).
Relacionamento familiar
Programas de prevenção podem fortalecer os fatores de
proteção entre crianças pequenas, ensinando aos pais habilidades
para melhor comunicação na família, disciplina, leis e regras fami-
liares consistentes, e outras habilidades que os pais devem ter. As
pesquisas também mostraram que os pais devem tomar maior co-
nhecimento e ter mais participação na vida de seus filhos como,
por exemplo, falar com eles sobre drogas, monitorar as suas ativi-
dades, saber quem são seus amigos e compreender seus problemas
e preocupações.
Relacionamento entre colegas
Programas de prevenção focalizam o relacionamento de
cada um com os colegas, desenvolvendo habilidades e competência
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Bases para uma política pública sobre álcool, tabaco e outras drogas baseada em evidências
social, que envolvam melhoria da capacidade de comunicação, me-
lhoria de relacionamentos

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