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pág. 1 
 
 
HISTÓRIA DO DIREITO 
 
Prof.ª M.ª Yolanda Maria de Menezes Speranza 
 
 
 
Prof. Guilherme Bernardes Filho 
Diretor Presidente 
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes 
Diretor Tesoureiro 
Prof. Frederico Ribeiro Simões 
Reitor 
 
UNISEPE – EaD 
Prof. Me. Alexander Lopes Neves 
Coordenador EaD de área 
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz 
Coordenador Núcleo de Ensino a distância (NEAD) 
 
Material Didático – EaD 
Equipe editorial: 
Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395 
Isis Gabriel Alves 
Laura Lemmi Di Natale 
Pedro Ken-Iti Torres Omuro 
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz – Editor Responsável 
Apoio técnico: 
Alexandre Meanda Neves 
Anderson Francisco de Oliveira 
Douglas Panta dos Santos Galdino 
Fabiano de Oliveira Albers 
Gustavo Batista Bardusco 
Kelvin Komatsu de Andrade 
Matheus Eduardo Souza Pedroso 
Vinícius Capela de Souza 
 
Revisão: Miriam da Costa Leite, Maria Ferreira da Conceição. 
 
Diagramação: Diego Macedo Pedroso, Hilário Alves Raimundo 
 
 
 
 
SOBRE A AUTORA: 
Advogada. Professora supervisora de estágio acadêmico no Juizado Especial Cível - Anexo 
Unisantos (2016). Bacharel em Direito (2008) e Mestra em Direito Internacional pela Universidade 
Católica de Santos (2019). Conciliadora e mediadora judicial capacitada pelo NUPEMEC-TJ/SP 
(2013), com atividade no anexo do Juizado Especial Cível - Anexo Unisantos. Mediadora certificada 
pelo Instituto de Certificação e Formação de Mediadores Lusófonos (ICFML). Integrante do grupo de 
pesquisa em Direitos Humanos e Vulnerabilidades, coordenado pela Prof. Dra. Liliana Lyra Jubilut. 
Professora do curso de Direito da Universidade Católica de Santos na disciplina de Conciliação, 
Mediação e Arbitragem. 
SOBRE A DISCIPLINA: 
A disciplina História do Direito cuida da retrospectiva histórica das bases fundamentais do Direito, 
procurando formular o alicerce de estudos como matéria propedêutica essencial ao bacharel em 
Direito com vias à habilitação profissional e formação sólida. 
A disciplina tem como ementa: 
O Direito: origem e conceito. Significados múltiplos do termo direito. O Direito na Grécia e em Roma. 
Os antecedentes das Instituições Jurídicas. O Direito Germânico. O Direto Feudal. O Direito 
Canônico: Noções Básicas e Normas Gerais. O Código de Direito Canônico. O Direito e Formação 
do Estado Moderno. O Direito e a Ascensão da Burguesia. O Direito Natural. Sistemas jurídicos 
comparados. O desenvolvimento do Direito brasileiro. O pensamento jurídico contemporâneo. 
Pluralismo jurídico. O contexto histórico para a inserção da proteção jurídica às minorias étnico-
raciais. 
A ementa é construída através da cronologia histórica e da evolução dos períodos que marcam a 
formação do Direito enquanto ciência e enfatiza o seu desenvolvimento social ao longo dos séculos 
de evolução humana. 
 
 
 
 
 
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem 
e facilitar a organização e a leitura hipertextual. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE I .............................................................................................. 05 
1º Da antiguidade à Roma............................................................. 05 
2º Idade média............................................................................... 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
UNIDADE I 
CAPÍTULO 1 – DA ANTIGUIDADE À ROMA 
 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ Direito nos povos da Antiguidade; 
✓ Direito na Grécia; 
✓ Direito em Roma. 
Introdução 
O ser humano, diferente dos demais animais, é dotado de uma capacidade histórica consciente, pois, 
enquanto os demais animais desenvolvem sua evolução histórica pela marcação de instintos 
geneticamente transmitidos, o ser humano é capaz de sintetizar suas evoluções e pensamentos em 
relatos históricos que são transmitidos aos seus descendentes. 
Por essa capacidade de transmitir sua história, o ser humano permanece em constante evolução de 
saberes e constante crescimento em suas práticas sociais e científicas, pois os estudos de uma 
geração são paulatinamente transmitidos para as próximas que acrescentam saber. 
É graças a essa capacidade histórica que as ciências se desenvolvem, evoluem e são acrescidas de 
novas informações, sempre partindo das premissas e verdades já conquistadas pelo ser humano, 
não havendo a necessidade de redescobertas infinitas. 
Isto não é diferente com as ciências jurídicas, que se desenvolvem em conjunto com os avanços 
sociais e ainda são acrescidas em direitos e novos regramentos da sociedade que se sucedem não 
em grau de importância, mas em complementação uns dos outros. 
Por uma abordagem mais simplista, pode-se tomar, por exemplo, a evolução dos direitos humanos, 
que nascem pelos direitos mais básicos de liberdade e proteção da vida e se desenvolvem para 
direitos sociais, econômicos, transindividuais, se alargam para a consciência sobre a preservação 
do meio ambiente e ainda abrangem, nos moldes mais atuais, os direitos relativos à informática e à 
telemática. 
A natureza historicista do ser humano é inerente à sua origem e com o homem tem caminhado desde 
o início das civilizações. Essa natureza decorre naturalmente da condição gregária do ser humano, 
que se reúne em grupos por uma questão social e de preservação e, com esse grupo, tem a 
necessidade natural de desenvolver suas habilidades e contar suas experiências. 
Assim, na evolução histórica humana e no seu reflexo sobre o Direito, percebe-se que a referida 
ciência traz em seu contexto as marcas da evolução humana em sociedade e a crescente produção 
de conteúdo regulatória à medida que as civilizações crescem, se expandem e interagem. 
 
 
 
40 
 
1.1 Direito nos povos da Antiguidade 
Na Antiguidade, o Direito surgiu com poucas informações históricas, principalmente nos períodos 
datados antes da escrita, vindo a se considerar, em si, a história do homem, com uma ênfase maior, 
quando da invenção da escrita. 
Contudo, desde a pré-história o Direito já é historicamente reconhecido, isso em decorrência de 
estudos arqueológicos realizados que remontam a uma forma rudimentar e variada de normas de 
cunho jurídico realizadas nas sociedades mais primitivas. 
Assim, desde a formação de pequenas tribos pelo homem, é possível reconhecer a existência 
normativa do Direito, normalmente baseada em costumes e ligada ao culto imposto pelo chefe da 
tribo, que detinha o poder concentrado de organização da microssociedade. 
Assim, segundo Albergaria (2019), o direito pré-histórico era marcado pelas características da 
oralidade, uma vez que inexistia escrita; pela diversidade, variando de tribo para tribo; e era 
influenciado pela religião ou culto do chefe da tribo. 
Com a invenção da escrita começaram a surgir também as primeiras codificações ou relatos de 
normas jurídicas reguladoras da vida em sociedade, tendo a Suméria contribuído fortemente com o 
surgimento histórico de inúmeros corolários do Direito. 
Dentre essas normativas ancestrais, cita-se a Estela dos Abutres, conhecida como código-estela, 
que marcou a definição de fronteiras entre duas civilizações, reconhecendo assim o direito ao 
território como um dos elementos constitutivos do Estado. 
Surge também o Código de Ur-Nammu, encontrado na região da Mesopotâmia, que relata inúmeras 
regras de conduta e suas punições atreladas à égide da lei de Talião, mas que introduziu, no sistema 
histórico-jurídico a aplicação de penas de cunho pecuniário e o repúdio à violência desmedida nas 
civilizações. 
O Código de Nammu é uma das normas mais emblemáticas historicamente consideradas, por ser a 
codificação que introduziu nos sistemas jurídicos da época o conceito de equidade. 
De pouco tempo depois é datado o Código de Eshununna, como a codificação variada utilizada por 
várias civilizações antigas e que trouxe em seu contexto,de forma marcante, não só os regramentos 
da vida e sociedade, mas também o contexto de organização judiciária para o processamento das 
infrações legais, bem como a estrutura de organização do Estado. 
Por fim, marcando o contexto histórico-jurídico de evolução das codificações e normativas, surgiu o 
Código de Hammurabi, como a codificação de maior importância da Antiguidade antes do período 
grego. 
Em seu contexto histórico, foi marcado pela unificação jurídica dos povos da Mesopotâmia sobre 
uma mesma legislação, com a ampliação do Direito para então toda a civilização conhecida no 
ocidente, com a exceção do Egito. 
 
41 
 
O Código surgiu visando à pacificação social, uma das ideias conservadas pelo Direito ao longo dos 
séculos. Esse documento era pautado pela Lei de Talião e estabelecia regras bastante completas 
sobre a vida em sociedade e à reafirmação da soberania Estatal. 
Pelo Código de Hammurabi também houve a colocação do rei como Poder Judiciário e como última 
palavra na solução de litígios das diferentes classes sociais existentes, com o reconhecimento de 
direitos para todos os estamentos. 
Nessa codificação, além das normas de cunho penal, pelas quais é famoso, na aplicação da lei de 
talião e no chamado “olho por olho, dente por dente”, o Código de Hammurabi também estabelecia 
normas relativas à propriedade, organização do Estado, formação e preservação da família, além de 
uma vasta regulamentação quanto ao exercício de diversas profissões. 
Contemporâneo ao Código de Hammurabi existiu também o Direito Egípcio, que, embora não tenha 
uma codificação marcante e escrita de forma unificada como na civilização mesopotâmica, é 
historicamente muito relevante ao Direito, introduzindo conceitos de proporcionalidade do Direito 
Tributário, bem como na estrutura do judiciário e organização do Estado. 
Paralelo a isso, e intimamente ligado à face do Direito/Religião, surgiu o Direito Hebreu, com a 
instituição jurídica baseada nos 10 mandamentos e em comandos imperativos de proibição, porém 
marcados pela ausência de pena, reservada, então, à punibilidade divina. 
1.2 Direito na Grécia 
O mundo grego foi marcado pelo grande avanço nas ciências em geral, como a matemática, 
astrologia, dentre outras que tiveram um grande avanço, tudo em decorrência da maneira de pensar 
do homem grego, que passou a reconhecer o pensar, e o pensar em si próprio como o centro de seu 
desenvolvimento intelectual. 
As legislações produzidas no mundo Grego antigo não tiveram tamanho impacto, nem foram tão 
marcantes quanto às demais ciências, porém, pôde enfatizar que o Direito era intimamente ligado à 
mitologia e a construção sobre elementos morais e éticos da sociedade. 
Era marcado também pelo elemento social segregário, deixando as decisões judiciais e sua 
manipulação aos encargos das elites dominantes que, através da promoção de grandes debates, 
chegavam a conclusões estratégicas para a manutenção do poder dessas classes sobre as demais. 
Porém, com vias ao rompimento dessa realidade segregária, surgiu o marco jurídico da Lei de 
Drácon, buscando um processo judicial mais democrático e transparente. 
Com isso, a publicidade surgiu no sistema jurídico como aspecto fundamental, assim como algumas 
instituições cresceu com força, como a legitima defesa, que permitia a realização de homicídios para 
a defesa própria e dos familiares de seu agente. 
Essa legislação também foi marcada pelas penalidades extremamente gravosas aos transgressores, 
o que deu origem ao termo “Lei Draconiana”, que até a atualidade é utilizado para designar leis 
severas e com alta punibilidade. 
 
42 
 
Diante dessa alta severidade, surgiu, em termos de modificação legislativa no mundo Grego antigo, 
a Lei de Sólon, que, dentre as principais contribuições para o mundo jurídico, trouxe a proibição da 
escravidão por dívidas, protegendo, assim, o proletariado e aqueles economicamente menos 
favorecidos. 
Dentre suas contribuições, há que se destacar a instituição do regime social censitário, marcado pela 
concessão de representação política àqueles que contribuíam em mais altos valores aos cofres 
públicos, trazendo, assim, a possibilidade de modificação de estamentos sociais, que outrora não 
eram permitidos. 
Ainda foi com essa legislação que a participação popular na vida política do Estado foi assegurada, 
pela formação de conselhos de classes, de forma a fomentar a paz social e a preservar a democracia. 
Porém, a maior contribuição do mundo Grego antigo para os sistemas jurídicos atuais não se fez em 
suas legislações, mas sim em suas correntes filosóficas, que formaram o nascedouro da filosofia 
jurídica tal qual é apresentada atualmente. 
Dentre as correntes, destaca-se a corrente Sofista, pautada pela relativização da verdade e 
colocação do homem no centro de toda a verdade e conhecimento, de forma que a verdade real não 
é perceptível por completo, pois passa pelo filtro humano e é carregada da percepção individual de 
cada sujeito. 
Com isso, os discursos são formados pela adesão dos interlocutores e daqueles que são 
convencidos, formando assim os valores sociais que são impostos aos demais, como se verdades 
fossem, embora esse conceito de verdade seja bastante relativizado. 
Dentro do universo jurídico, a maior contribuição dos sofistas foi justamente a construção da retórica, 
oratória e argumentação, que marcam os sistemas atuais e têm enorme relevância no debate jurídico 
contemporâneo. 
1.3 Direito em Roma 
A Roma antiga sem sombra de dúvidas foi um dos períodos de maior alargamento cultural da 
humanidade, tendo o Império Romano se expandido para todo o mundo ocidental considerado em 
sua época o nascedouro cultural de inúmeras correntes filosóficas. 
Em Roma, também, fundou-se a sede da Santa Sé, com a expansão do Cristianismo e da Igreja 
Católica, que marcou o desenvolvimento do Direito Canônico, como se verá mais adiante, bem como 
marcou o berço do Iluminismo. 
Os conceitos de pátria e nação foram instituídos com maior profundidade pelo Império Romano, 
marcado pelo nacionalismo e pela definição da estrutura Estatal com a organização do Estado nos 
três poderes. 
Ainda no tempo da Monarquia romana, o Poder Legislativo já passava pela intervenção do Senado, 
composto pelos descendentes livres dos fundadores de Roma, e que detinham influência política 
sobre o Rei. 
 
43 
 
Dentro do conceito de cidadania romana, apenas os patrícios poderiam ser considerados cidadãos 
romanos com participação política, enquanto a outra classe livre era composta pelos plebeus, que 
detinham apenas o direito de domicílio em terras romanas, sem qualquer direito de cidadania. 
Além dos homens livres, existiam também os estrangeiros, considerados clientes, que eram 
recebidos e protegidos pelos patrícios, voltando suas atividades ao consumo e produção de riquezas 
nas terras de propriedade dos cidadãos romanos e sob seu comando. Por fim, ainda, existia na 
estrutura da civilização romana a figura dos escravos, equiparados às propriedades comuns 
pertencentes aos seus senhores livres. 
E é devido à apropriação dos escravos que nasceu o conceito de coisa, res, considerada pelos 
romanos atrelada ao direito real ou direito de propriedade. 
Nesse período de monarquia romana, embora existisse o reconhecimento da tripartição dos poderes, 
todos eles ficavam sob o controle do monarca, com influência legislativa conferida aos patrícios, 
apenas. 
Contudo, com a evolução da cultura romana, formou-se a República romana, com uma bipartição 
substancial dos poderes e sua descentralização das mãos do governante. 
Os poderes descentralizados passaram a ser exercidos, cada um em sua competência, por órgãos 
e pessoas distintas. Foram divididos em Poder Consultivo e Poder de Imperium, o primeiro relativo 
à consultoria legislativa e o segundo relacionado aos poderes executivo e judiciário. 
No período da República romana, ficaram marcadasas fontes do Direito Romano, que acabaram por 
servir de base para as fontes modernas. Tais fontes poderiam ser definidas (ALBERGARIA, 2012), 
como: 
1- A Jurisprudência; 
2- As definições e edições feitas pelos Magistrados (em uma equiparação à doutrina moderna); 
3- O plebiscito (marcando a participação dos patrícios no sistema jurídico); 
4- Os costumes; 
5- A lei. 
 
Embora não hierarquizados em si, percebe-se que as leis assumiram um papel paralelo voltado à 
aplicação em conjunto com as demais fontes que a complementam. 
Ainda em relação a este contexto da lei, o Direito Romano trouxe uma contribuição singular para a 
história do Direito, em uma franca evolução de Direitos Civis e Políticos. 
Essa evolução foi marcada pela Lei das XII tábuas, que trazia em seu contexto todo o regramento 
da vida em sociedade e organização do Estado. Ainda, acrescentando, pela primeira vez na história, 
a clara diferença entre o Direito, a Moral e a Religião, regrando cada competência de per si. 
Na referida legislação há toda a formação de dogmas jurídicos que se perpetuaram no tempo, e que, 
até a atualidade, são utilizados nos sistemas modernos, como a força vinculante dos contratos (pacta 
sunt servanda), ou até mesmo relações de direito de propriedade, marcadas pelo reconhecimento 
da res e definições dos interesses de todo o Estado, com a definição da res publica (coisa pública). 
 
44 
 
Com o fim da República romana nasce o Império Romano, com a retomada da concentração de todo 
o poder nas mãos do imperador, que governa absoluto. 
Contudo, em razão da máxima expansão do Império Romano pelo mundo antigo, e pelo acúmulo de 
inúmeras pessoas que estavam sobre as regras do então Império, o Direito Romano seguiu em 
franca expansão. 
Neste período foi acrescentado que o Direito é uma regulamentação da Justiça e dela deriva, mas 
com ela não se confunde, de tal sorte que vem para regular a vida e tornar os aspectos sociais mais 
próximos do justo, mas com a consciência de que não reflete com perfeição esse ideal. 
O contexto também ficou conhecido pelo início das codificações, pautando-se pela reunião dos éditos 
dos Magistrados, anunciados como normas de procedimento e que foram compilados em um texto 
único, dada a sua enorme quantidade, visando à facilitação do entendimento e cumprimento das 
regras. 
Em continuidade, durante o Império nasceu a Lex Hortensia, que marcou a concessão de força de 
lei às decisões dos plebiscitos, enfatizando a soberania popular, bem como permitindo o casamento 
livre entre os livres (patrícios e plebeus) no Império Romano, ampliando também os conceitos de 
cidadania. 
No desenvolvimento histórico da Roma antiga, houve a cisão do Império em Roma Ocidental e Roma 
Oriental. 
Na Roma Oriental, cuja capital foi instalada na fundada cidade de Constantinopla, o Direito sofreu 
grande alargamento e evolução, de forma que foi neste momento histórico que surgiu a base romana 
da legislação moderna, sobretudo, a Brasileira. 
O primeiro marco jurídico foi o Corpus Iuris Civilis do Imperador Justiniano, que se desenvolveu pelo 
marco da vida civil no Império Oriental, sofrendo modificações para o alargamento dos direitos civis 
e formando a base do Direito Civil moderno. 
Essa legislação, segundo Albergaria (2019), era composta por quatro partes: O Codex; o Digesto; as 
Institutas; e as Novelas. 
O Codex surgiu como a reunião das inúmeras leis romanas até então vigentes, pautando-se pela 
tentativa de organização de todo o conteúdo legislativo do Império e correspondia ao que atualmente 
temos nos Códigos ou nas Consolidações de Leis. 
Os Digestos eram compilações de jurisprudência, focados à reunião dos pensamentos dos 
jurisconsultos e voltados para a consolidação desta fonte do Direito mais ligada à resolução dos 
casos concretos. É o que se tem hoje com a jurisprudência e com os repertórios de jurisprudência. 
As Institutas representavam um manual de procedimentos e normas de estudo para o Direito 
Romano, com a orientação e os ensinamentos ao aplicador do Direito e aos estudantes da época. 
Em muito é assemelhado ao que atualmente é feito pela Doutrina. 
 
45 
 
As Novelas, por sua vez, eram as alterações posteriores que vieram sobre o Codex e às leis então 
vigentes. Nada mais foram do que as normas que se sobrepuseram às presentes no Codex em 
evolução jurídica, revogando as disposições antigas. 
Considerações Finais 
A evolução histórica do Direito, desde a Antiguidade, remonta à evolução e formação da própria 
sociedade. 
Como se viu, o homem é um ser gregário e social por natureza, reunindo-se com os demais de sua 
espécie na formação de sociedades que têm por início histórico pequenos grupos ou tribos para uma 
evolução que chega na sociedade moderna que se tem hoje. 
Assim, com o surgimento dessas sociedades, emerge a necessidade de maior exploração do Direito 
com vias a manter a ordem social e determinar as regras que devem ser seguidas pelos 
componentes desses grupos gregários. 
Com isso, veja que a natureza humana proporciona o conhecimento de seus aspectos históricos e a 
transmissão dessa evolução para as sociedades futuras, o que gera a constante evolução de 
conceitos e o desenvolvimento da ciência. 
A história vai sendo passada de geração em geração, postergando-se ainda mais em sucessão no 
tempo após a invenção da escrita. 
Diante disso, o Direito também se beneficiou historicamente da construção escrita de seus 
regramentos, e na transmissão de sua prática, permitindo às civilizações, em sucessão, 
desenvolverem seus institutos para adequar à sociedade então vigente e ampliar os conceitos de 
pacificação social e busca da justiça como ideal maior. 
Porém, em dois marcos históricos de destaques o Direito sofre evoluções mais marcantes, sendo o 
primeiro deles na Grécia antiga, não como norma em si ou como regramento, mas como prática, 
principalmente no que concerne à interação com outras ciências, como a retórica e a argumentação, 
que são assumidas como base para a prática do Direito moderno, e inaugurada pelos Sofistas. 
O segundo marco de destaque é o Direito Romano, que inaugura as bases fundamentais da estrutura 
do Estado e o reconhecimento da res publica no Direito, e desenvolve as instituições do Direito Civil, 
com o estabelecimento de normas e dogmáticas replicadas até o momento atual. 
É evidente que a história do Direito tem seu berço nas civilizações antigas, mas se desenvolve ao 
longo da história com inúmeras e crescentes contribuições, com o desenvolvimento do que se verá 
na Idade Média e no crescimento do Direito Canônico, bem como nas modificações que virão nas 
eras industriais, coloniais até o Direito Moderno. 
O que se percebe, da história antiga do Direito é que há, já na Antiguidade, a modificação de 
conceitos e penalidades que partem de aspectos mais severos para um regramento mais pacífico da 
ordem social e uma abertura dos direitos com vias à igualdade. 
 
46 
 
 
Nesse capítulo foi vista parte da história antiga do Direito, marcando desde os períodos da pré-história e 
civilizações antigas até o desenvolvimento das civilizações gregas e romanas, com a ênfase de toda a evolução 
legislativa e jurídica alcançada pelo homem ao longo dos séculos. 
Na Antiguidade e pré-história, era marcado pelas características da oralidade, uma vez que inexistia escrita; 
pela diversidade, variando de tribo para tribo; e era influenciado pela religião ou culto do chefe da tribo. 
Dentre essas normativas ancestrais, a Estela dos Abutres surgiu reconhecendo o direito ao território como um 
dos elementos constitutivos do Estado. Ao seu lado, o Código de Ur-Nammu relatava regras de conduta e suas 
punições atreladas sob a égide da lei de Talião. 
O Código de Eshununna que trouxe o contexto de organização judiciária para o processamento das infrações 
legais, bem como a estrutura de organização do Estado, e, por fim, o Código de Hammurabi, pautadopela 
pacificação social, utilizava-se da Lei de Talião e estabelecia regras bastante completas sobre a vida em 
sociedade como normas relativas à propriedade, organização do Estado, formação e preservação da família, 
além de uma vasta regulamentação quanto ao exercício de diversas profissões. 
O mundo grego foi marcado pelo grande avanço nas ciências em geral, mas as legislações produzidas no 
mundo Grego antigo não tiveram tamanho impacto, nem foram tão marcantes quanto às demais ciências, 
porém, pôde enfatizar que o Direito era intimamente ligado à mitologia e a construção sobre elementos morais 
e éticos da sociedade. 
O marco jurídico grego da Lei de Drácon, que instituiu um processo judicial mais democrático e transparente 
fez surgir a publicidade no sistema jurídico como aspecto fundamental, porém, foi um sistema marcado por 
penalidades extremamente gravosas aos transgressores. 
Diante dessa alta severidade, surgiu a Lei de Sólon que trouxe a proibição da escravidão por dívidas, bem 
como a instituição do regime social censitário, marcada pela concessão de representação política àqueles que 
contribuíam em mais altos valores aos cofres públicos, trazendo, assim, a possibilidade de modificação de 
estamentos sociais, que outrora não eram permitidos. 
Porém, a maior contribuição do mundo Grego antigo para os sistemas jurídicos atuais foi a filosofia jurídica tal 
qual é apresentada nos dias atuais, marcada em destaque pela corrente Sofista, pautada pela relativização da 
verdade e colocação do homem no centro de toda a verdade, com a construção da retórica, oratória e 
argumentação, que marcam os sistemas atuais e têm enorme relevância no debate jurídico contemporâneo. 
A Roma antiga sem sombra de dúvidas foi um dos períodos de maior alargamento cultural da humanidade, 
introduzindo os conceitos de pátria e nação que foram instituídos com maior profundidade pelo Império 
Romano. 
Trouxe também uma definição maior sobre as fontes do Direito, abrangendo não só a lei e os costumes, mas 
também a jurisprudência. 
O maior marco jurídico foi o Corpus Iuris Civilis do Imperador Justiniano, que se desenvolveu pelo marco da 
vida civil no Império Oriental. 
 
 
47 
 
 
O ser humano, diferente dos demais animais, é dotado de uma capacidade histórica consciente, pois, enquanto 
os demais animais desenvolvem sua evolução histórica pela marcação de instintos geneticamente 
transmitidos, o ser humano é capaz de sintetizar suas evoluções e pensamentos em relatos históricos que são 
transmitidos aos seus descendentes. 
Por essa capacidade de transmitir sua história, o ser humano permanece em constante evolução de saberes 
e constante crescimento em suas práticas sociais e científicas, pois os estudos de uma geração são 
paulatinamente transmitidos para as próximas que acrescentam saber. 
É graças a essa capacidade histórica que as ciências se desenvolvem, evoluem, e são acrescidas de novas 
informações, sempre partido das premissas e verdades já conquistadas pelo ser humano, não havendo a 
necessidade de redescobertas infinitas. 
Considerando esse trecho, reflita em como a História da Humanidade contribuiu para o avanço das 
ciências em geral, com o acúmulo de conhecimento e pela transmissão aos descendentes e gerações 
futuras, imaginando o tamanho das inovações tecnológicas que foram alcançadas. Tente dentro de sua 
retrospectiva de vida, verificar quais elementos de sua história contribuíram para o acúmulo de 
conhecimento que será passado para seus descendentes. 
 
 
A Roma antiga trouxe uma definição maior sobre as fontes do Direito, abrangendo não só a lei e os costumes, 
mas também a jurisprudência. Ou seja, colocou a Jurisprudência com o status de fonte do Direito e marcou 
sua importância para os sistemas jurídicos atuais. 
 
 
Embora o Direito tenha historicamente sido marcado pela invenção da escrita e pela formação dos textos 
jurídicos primitivos, remonta, em verdade, ao nascimento das primeiras sociedades tribais, sendo item 
naturalmente desenvolvido e intimamente ligado à condição gregária social do homem. Assim, cada fato social 
repercute diretamente no Direito. E onde há sociedade, há o Direito (ubi societas, ibi ius). 
 
 
48 
 
 
Pesquise mais sobre as normas do Corpus Iuris Civilis do Imperador Justiniano, reconhecido como a legislação 
romana mais marcante e, ainda, verifique a natureza das normas nele contidas, sobretudo, observando que 
não se trata de um diploma apenas civil, mas de um marco regulatório de toda a estrutura do Estado. 
 
 
Acesse o link e conheça um pouco mais da formação do Direito Romano e como ele repercute na sociedade 
jurídica atual e perceba, também, a forte influência que tem no sistema jurídico brasileiro. 
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-73/o-direito-romano-e-suas-fases-principais-eventos-
organizacao-social-politica-judiciaria-e-fontes-do-direito/ 
 
 
 
QUESTÃO: A natureza historicista do ser humano é inerente à sua origem e com o homem tem caminhado 
desde o início das civilizações. Essa natureza decorre naturalmente da condição gregária do ser humano, que 
se reúne em grupos por uma questão social e de preservação e, com esse grupo, tem a necessidade natural 
de desenvolver suas habilidades e contar suas experiências. Diante disso, é correto afirmar que: 
A) Não é natural do homem buscar a reunião com seus semelhantes, sendo a sociedade uma construção 
jurídica; 
B) A formação da sociedade remonta à natureza humana, mas o Direito é uma construção abstrata e 
desnecessária, uma vez que os conflitos não existem em sociedades primitivas; 
C) A existência da sociedade é posterior à formação dos institutos jurídicos; 
D) A existência da sociedade pressupõe a necessária formação de sistemas jurídicos que têm por intuito 
a pacificação social; 
E) O Direito surge historicamente apenas a partir da escrita; 
 
A questão é corretamente respondida pela alternativa D, pois o Direito e a formação dos sistemas jurídicos, 
com vias à pacificação social pressupõe a formação da sociedade, que decorre naturalmente da existência 
humana. 
Observe que as alternativas A e C estão incorretas, pois se equivocam quanto à formação da sociedade, 
respectivamente, quanto à sua natureza intrincada com o ser humano e porque é formada antes da existência 
do Direito. 
A alternativa B está incorreta, pois relata que o Direito é uma construção desnecessária, presumindo que não 
existem conflitos, o que não corresponde à verdade, ainda mais em civilizações primitivas. 
 
49 
 
Por fim, a alternativa E é incorreta, pois o Direito surge quase que no mesmo tempo da reunião social, existindo 
evidências de sua formação mesmo antes da invenção da escrita. 
 
 
 
Questão Objetiva 
No período da República romana ficaram marcadas as fontes do Direito Romano, que acabaram por servir de 
base para as fontes modernas. Tomando essa premissa, não é fonte o que consta na alternativa: 
A) Jurisprudência; 
B) Costumes; 
C) Leis; 
D) Estratégias de guerra; 
E) Plebiscito; 
 
GABARITO: D 
 
Questão Discursiva 
Por qual motivo a Lei de Drácon foi objeto de reforma pela posterior Lei de Sólon? Explique e justifique com 
base nos ideais históricos da reforma. 
 
 
Obra: WOLKMER, Antonio Carlos. Fundamentos de história de direito. 3. ed. 2.tir. rev. e ampl. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2006. 
A obra é composta pela reunião de escritos de vários autores que relatam o desenvolvimento histórico do 
Direito e suas bases fundamentais. 
Nessa obra você encontrará diferentes visões sobre a História do Direito, estruturada em períodos marcantes. 
A leitura contribui para o estudo da disciplina, tem uma agradável condução coesa em relação aos momentos 
históricos existentes, de forma que proporciona a compreensão mais clara e linear da evolução que existe no 
Direito ao longo das eras. 
 
 
Paulatinamente: de forma repetitiva 
Gregário: relativo à formação de grupos 
 
50 
 
Soberania: Poder de comando em última instância; Pode MaiorPunibilidade: relativo à imposição de penas 
Segregário: que desagrega, separa 
Transgressores: aqueles que violam as normas e regras 
Jurisprudência: conjunto de decisões provenientes dos Tribunais 
 
 
ALBERGARIA, Bruno. Histórias do direito: evolução das leis, fatos e pensamentos. 3. ed. São Paulo: 
Kindle, 2019. 
WOLKMER, Antônio Carlos (Org.). FUNDAMENTOS de história do direito. 8.ed. Belo Horizonte: Del Rey, 
2015. 
ALVES, José Carlos Moreira. Direito romano. 16.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 
WOLKMER, Antônio Carlos. História do direito no Brasil. 5.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. 
WOLKMER, Antônio Carlos. Pluralismo jurídico: fundamentos de uma nova cultura no direito. São Paulo: 
Alfa Omega, 1997. 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
UNIDADE I 
CAPÍTULO 2 – IDADE MÉDIA 
 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ Direito na Idade Média e o Crescimento do Direito Canônico; 
✓ A Idade Média e o nascimento do Direito Comercial; 
✓ A Idade Média e o nascimento do Constitucionalismo; 
✓ A Idade Média e a Herança Brasileira do Ordenamento Português; 
✓ O fim da Idade Média e o Renascimento. 
Introdução 
Com a queda do Império Romano e a desestruturação do comércio na época, as instituições do 
Império Romano começaram a ruir e a população anteriormente urbana migrou pra um prisma rural, 
focado na produção de seu próprio sustento. 
Assim, com o rompimento das antigas estruturas do Império e sua queda, as invasões de outros 
povos começaram a ocorrer, o que contribuiu ainda mais para a formação de pequenos núcleos 
rurais, em que um suserano assumia a propriedade das terras e permitia o cultivo pela plebe sob a 
proteção de seus muros e guarida contra eventuais invasões. 
Com isso, surgiram os feudos, sob o domínio absoluto dos senhores feudais, suseranos e 
proprietários das terras cultivadas pelos camponeses e que ofereciam proteção em contrapartida por 
parte da produção rural estabelecida. 
Nesse novo contexto social, com a instituição dos feudos e o distanciamento das normativas reais, 
a Igreja Católica emergiu como fonte do regramento social, atrelando os conceitos jurídicos aos 
dogmas religiosos e a transposição dos Tribunais Romanos pela Inquisição Cristã. 
Com o domínio da Igreja nas relações sociais, o conhecimento das ciências também ficou por seu 
encargo, com a condensação de todo o conhecimento científico em poder da Religião e em união 
com seus dogmas. 
Nesse período, a Igreja detinha o monopólio da escrita e do ensino, fundando as Faculdades que 
eram as responsáveis pelo ensino de qualquer ciência até então conhecida, dentre as quais o Direito. 
Assim, o período foi marcado pelo estudo do Direito com base na herança romana e no Direito 
Romano, mas também com ênfase no chamado Direito Canônico, reconhecido como o Direito da 
Igreja Católica, calcado em seus dogmas e regras litúrgicas. 
O ensino jurídico era marcado pela predominância dos dogmas católicos e, ainda, pela limitação do 
saber científico, com a cisão do pensamento livre que outrora era o cerne filosófico das civilizações, 
para um conhecimento limitado e direcionado pela Igreja. 
Nesse contexto histórico, o pensamento filosófico jurídico também era ligado à religião, pautando-se 
pela existência de uma lei natural, e da lei positiva, proveniente da razão humana e que devia ser 
 
52 
 
orientada pela lei natural e divina, uma vez que apenas esta poderia ser considerada justa, pois 
emana do próprio Deus. 
2.1 Direito na Idade Média e o crescimento do Direito Canônico 
Foi no contexto da Idade Média que surgiram o Direito Canônico e o domínio da Igreja sobre todo o 
saber, notadamente o saber jurídico. 
Tomando a premissa de que todo o conhecimento era proveniente da Igreja Católica e que os 
senhores feudais, pela ausência de conhecimento, eram a ela subordinados, o Direito Canônico 
surgiu com a força de todo um sistema jurídico novo e controlado por um centro unificado, a Igreja. 
Com o empoderamento da Igreja, enquanto instituição e com a concentração de todo o conhecimento 
em suas mãos, a Igreja viu a necessidade de organizar o seu regramento jurídico interno, com a 
aplicação de normas para aqueles que compunham o seu corpo organizacional, como padres, 
monges, entre outros. 
Nesse momento, surgiu o Código Canônico, dividido em cânones, na forma de artigos tal qual a 
legislação que conhecemos hoje. 
Porém, essas normas, em razão do poderio alcançado pela Igreja e pelo domínio de todo o 
conhecimento e sua capacidade de se impor como representante da vontade divina sobre os 
suseranos feudais, foram estendidas para toda a população dos feudos, que passaram a viver sob a 
égide não só da herança do Direito Romano, como agora sob o prisma do Direito Canônico e os 
dogmas da Igreja Católica. 
Na estrutura do Direito Canônico, então imposto pela Igreja, toda a sociedade deveria seguir os 
dogmas impostos para que pudesse, então, ao final da vida, encontrar a salvação divina. 
Para tanto, escalonava a sociedade em papéis sociais distintos e imutáveis, rompendo, assim, com 
os antigos conceitos que permitiam a mudança de classe social. 
Para o Direito Canônico, existiam apenas três estamentos sociais, o clero, composto pelos membros 
da Igreja, no mais alto escalão, com o fornecimento de todo o conhecimento então disponível; os 
senhores feudais, que também legitimavam seus exércitos, como suseranos maiores das terras, em 
representação política e domínio da nobreza; e, por fim, o povo em geral, responsável pelo trabalho 
e pela alimentação da economia, sendo o escalão mais baixo na sociedade. 
Através das regras de nascimento se delineavam os ofícios e as posições sociais, para assegurar 
que não houvesse qualquer mudança de classe ou conturbação da ordem imposta pelo Direito 
Canônico, que fazia uma alusão no nascimento como a vontade de Deus. 
Com o domínio do clero e o monopólio de conhecimento da Igreja para assegurar a manutenção de 
seus ditames e a difusão do Direito Canônico, cada castelo era habitado por um membro do clero 
que exercia forte influência sobre os senhores feudais (autoridade política mais alta no feudo). 
Para a manutenção do poder da Igreja e para a aplicação das normas do Direito Canônico foi criado 
o Tribunal da Santa Inquisição, focado na persecução e na punição daqueles que transgredissem os 
 
53 
 
dogmas católicos, incumbindo, naturalmente, ao clero selecionado a execução dos julgamentos e 
aplicação das penalidades. 
Nesse contexto, nasceu, historicamente, um procedimento inquisitivo, em que não existia a garantia 
do contraditório, sendo a Igreja responsável pela persecução e julgamento dos infratores. 
Atrelado a Santa Inquisição, surgiu o instituto da delação premiada, até hoje vigente no sistema 
penal, mas que se consubstanciava na remuneração com parte dos bens do condenado em favor 
daquele que realizava a denúncia de infratores. 
Embora o Código Canônico fosse baseado nos dogmas católicos e não focado à aplicação de 
penalidades, a Inquisição o fazia em complementação, inclusive se valendo da aplicação de torturas 
e outras práticas severas para a punição dos transgressores. 
É um período histórico marcado por um forte rompimento de garantias de não violência, marcado 
pela aplicação de penalidades severas agressivas contra os, então, ditos transgressores. 
2.2 A Idade Média e o nascimento do Direito Comercial 
A Idade Média, contudo, não foi apenas marcada pela presença da Igreja e do Direito Canônico, 
sendo também o berço do Direito Comercial, dada a alta movimentação comercial existente na 
época. 
Como dito, o período foi marcado pela definição dos ofícios para os camponeses, que desenvolviam 
a sua atividade de trabalho para o próprio sustento, dotados de especialidade em seus ofícios. 
Diante dessa realidade, surgiu, naturalmente, uma forte exploração do comércio, seja através do 
escambo ou da troca por moeda cunhada, retomando alguns preceitos queforam destruídos com a 
queda do Império Romano. 
Além disso, a interação com outros povos, como os árabes e judeus tornou propício o alargamento 
das relações comerciais e o intercâmbio de produções, contribuindo para conceitos básicos que são 
encontrados no Direito Comercial moderno. 
No mais, foi no período da Idade Média que surge a classe social dos comerciantes, chamados de 
burgueses, que, por serem detentores de grandes riquezas, por vezes, assumiam papéis políticos 
de destaque e de interesse dos governantes e da Igreja. 
Os comerciantes, não submetidos às regras feudais de convivência e de exploração da terra, bem 
como aos regramentos do Direito Canônico, desenvolveram um sistema próprio para a solução de 
conflitos envolvendo suas atividades comerciais. 
Com isso, inúmeros sistemas de moeda, troca, resolução de disputas, contratos mercantis de 
comércio contínuo, empréstimos, crédito e sistemas assemelhados aos bancários foram surgindo e 
sendo regidos por normas costumeiras e uniformes. 
 
54 
 
Nesse contexto, surgiram as sociedades empresariais, com vias a possibilitar as práticas mercantis 
de maior vulto e esquivar-se de sistemas proibitivos impostos pela Igreja, como a cobrança de juros 
para créditos concedidos. 
Esse novel ramo jurídico, de origem feudal, tinha como características ser um direito de origem 
puramente costumeira, independente dos regramentos da Igreja e dos Senhores Feudais, e, por fim, 
autorregulado, ou seja, cujos conflitos e normas eram estipulados pelos próprios comerciantes 
através de seus contratos e práticas corriqueiras. 
2.3 A Idade Média e o nascimento do constitucionalismo 
Além da figura dos senhores feudais, como suseranos das terras exploradas pelos camponeses e 
da Igreja com o domínio do conhecimento, na época medieval os países, com a reunião dos feudos 
e em escalas maiores, eram organizados pelos monarcas que detinham o poder absoluto de suas 
nações. 
Assim, o que se deve imaginar é que o monarca reinava sob todo o território de sua nação estruturada 
em um sistema feudal em que os senhores dos feudos eram os nobres proprietários de terras. 
Os monarcas, na posse do poder absoluto, teriam o poder maior e a última palavra em quaisquer 
questões do Estado e eram responsáveis pela estruturação da nação em termos gerais. 
A monarquia da época foi marcada pelo Absolutismo extremo, sobretudo, a monarquia Francesa, 
marcada pelos reinados como o de Luiz XVI, mas a monarquia também era conhecida na Inglaterra. 
Porém, foi na Inglaterra que o poder do monarca sofreu as primeiras restrições do 
Constitucionalismo, com o reconhecimento dos direitos fundamentais da população contra o poder 
absoluto do rei. 
Nesse contexto, merece especial destaque a Carta Magna inglesa, que estabeleceu ao então rei 
João, uma série de limitações em seu poder em prol do povo que almejava melhores condições de 
vida e maior dignidade. 
O teor da carta impunha ao rei a criação do parlamento inglês para melhor representação do povo 
junto ao poder, trazendo o Constitucionalismo à monarquia, de forma a assegurar com maior 
intensidade a garantia de direitos fundamentais ao cidadão. 
A carta de caráter garantidor, promulgada em 1215, assumiu papel de tamanha importância que 
serviu de inspiração para a própria Declaração Universal de Direitos Humanos e consagrou, em seu 
texto, a ideia de liberdade que foi, além do rei João sem Terra, ratificada pelos seus sucessores, 
reinado após reinado. Nesse sentido: 
Por sua vez, a Magna Carta consistiu em um diploma que continha um ingrediente – 
ainda faltante – essencial ao futuro regime jurídico dos direitos humanos, o catálogo 
de direitos dos indivíduos contra o Estado. Redigida em latim, em 1215, – o que 
explicita o seu caráter elitista – a Magna Charta Libertatum consistia em disposições 
de proteção do Baronato inglês, contra os abusos do monarca João Sem Terra (João 
da Inglaterra). Depois do reinado de João Sem Terra, a Carta Magna foi confirmada 
várias vezes pelos monarcas posteriores. Apesar de seu foco nos direitos da elite 
 
55 
 
fundiária da Inglaterra, a Magna Carta traz em seu bojo a ideia de governo 
representativo e ainda direitos que, séculos depois, seriam universalizados, atingindo 
todos os indivíduos, entre eles o direito de ir e vir em situação de paz, direito de ser 
julgado pelos pares, acesso à justiça e proporcionalidade entre o crime e a pena. 
(RAMOS, 2014) 
É nesse contexto que nasce o que atualmente se conhece por Estado de Direito, em que nem mesmo 
o Rei, como governante absoluto, está acima das normas e do ordenamento jurídico estabelecido. 
O paradigma inglês naturalmente ecoou na história resultando, também, no rompimento de outras 
ordens monárquicas, que perduraram por mais tempo, mas também não resistiram à instalação do 
Estado de Direito. 
2.4 A Idade Média e a herança brasileira do Ordenamento português 
Aproximadamente um século após o início do Constitucionalismo inglês, Portugal estabeleceu em 
seu sistema jurídico uma série de normativas que se tornariam base para a legislação brasileira em 
alguns aspectos. 
Assim, surgiram as Ordenações de Portugal como compêndios de normas que serviriam de bases 
para os juízes na aplicação do Direito, não como leis em si, mas como norteadores históricos do 
pensamento jurídico nacional. 
As primeiras dessas Ordenações foram as Ordenações Afonsinas, que datam de 1446 e continham 
normas sobre a estrutura do Estado português, estrutura judiciária, regras de processamento e 
persecução criminal, bem como definiam as regras de relações entre a Igreja e o Estado. 
Lembrando que ocorreram durante a Idade Média, as ordenações foram feitas levando em 
consideração a forte influência da Igreja e foram marcadas pela preservação da Religião, bem como 
pela representatividade política da Igreja, sofrendo fortíssima influência do Direito Canônico. 
Pelo momento histórico em questão, o Brasil foi descoberto ainda na vigência das Ordenações 
Afonsinas, sendo, historicamente, essa a primeira normativa nacional a ser considerada dentro do 
panorama histórico-legislativo nacional. 
Poucos anos depois do descobrimento do Brasil, Portugal edita novas ordenações em alteração as 
então vigentes Ordenações Afonsinas, implementando as Ordenações Manoelinas, que, em suma, 
trouxeram em seu conteúdo a anistia aos mouros e judeus exilados, maior autonomia à Fazenda 
Nacional e novas diretrizes de interpretação. 
Além disso, as novas ordenações traziam normas de revogação da anterior, com a determinação de 
remoção das mesmas e penalização àqueles que as utilizassem. 
Por fim, e com tamanha importância para o sistema jurídico português e brasileiro, surgiram as 
Ordenações Filipinas, que ficaram vigentes durante longos períodos na história tanto de Portugal 
quanto do Brasil. 
 
56 
 
O momento histórico das ordenações Filipinas ocorreu com a morte do Rei português, Dom 
Sebastião, que não deixou sucessores, sendo que o reino de Portugal ficou sob a regência dos reis 
espanhóis até a coroação de Dom João IV. 
As ordenações Filipinas, embora provenientes do reinado espanhol sobre Portugal, foram editadas 
em atualização às ordenações Manoelinas, sem o acréscimo de conteúdos diferentes, visto que a 
preocupação do monarca regente era justamente manter a cultura e os costumes portugueses 
incólumes durante o período de regência. 
Essas ordenações tiveram sua vigência até a edição do Código Civil Português e do Código Civil 
Brasileiro, cada qual em seu tempo, respectivamente em 1867 e 1916, com o Brasil já independente, 
inclusive, perfazendo a primeira legislação civil Brasileira pós-independência. 
2.5 O fim da Idade Média e o Renascimento 
A Idade Média, encerrando o ciclo das civilizações antigas e médias, encontrou seu colapso com o 
assolamento do povo pela Peste Negra que dizimou grande parte da população da Europa antiga e 
colapsou o sistema feudal.Com a propagação da peste pela falta de higiene e pela contaminação, inclusive do clero, a Igreja 
acabou por perder prestígio no seu domínio em monopólio sobre o conhecimento e impôs ao homem 
a necessidade de uma retomada de pensamentos filosóficos desvinculados dos dogmas católicos e 
religiosos. 
Nesse contexto, encerrou-se o ciclo histórico do Direito nas eras mais antigas, e o rompimento do 
domínio religioso nas normas jurídicas, abrindo espaço para o nascimento de um Direito fundado no 
pensamento racional e científico. 
Considerações Finais 
O período da Idade Média foi marcado pelo forte rompimento dos paradigmas anteriormente 
conquistados, baseados em um Direito preocupado com o punir e manter a ordem social para um 
fortalecimento do Direito atrelado à religião. 
Embora o período da Idade Média tenha sido conhecido, historicamente, como um período de trevas 
e marcado pela ausência de uma expansão cultural, para o Direito constituiu um marco de extrema 
importância para os sistemas jurídicos modernos, pela constituição de sistemas jurídicos baseados 
em estruturas normativas mais sólidas. 
Foi também nesse período que o Constitucionalismo nasceu na Inglaterra com a promulgação da 
Carta Magna, reconhecendo os direitos fundamentais basilares e de primeira dimensão, garantindo 
ao cidadão direitos contra o próprio Estado e contra o exercício arbitrário dos desígnios dos 
governantes. 
O Direito Canônico também assumiu enorme relevância na construção estatal, pois, mesmo 
consubstanciado em dogmas religiosos, traduziu um regramento bastante completo da vida civil, 
estabelecendo obrigações e incluindo valores morais no sistema jurídico. 
 
57 
 
A inquisição também teve seu papel histórico relevante na supressão de direitos e na necessidade 
de realização de julgamentos com a garantia do contraditório e da ampla defesa, que não eram 
considerados pela inquisição, resultando em relatos históricos bastante gravosos à condição 
humana. 
No panorama interno do Brasil, foi na Idade Média que surgiram as primeiras ordenações e 
legislações que vigeram em território nacional, sendo a forma direta de contribuição da herança do 
Direito Civil Português para o sistema nacional conhecido atualmente. 
Além disso, foi na Idade Média que surgiu um dos ramos mais significativos do Direito, que 
permanece autônomo até a atualidade, que é o Direito Comercial, hoje conhecido como Direito 
Empresarial, bem como inúmeras de suas instituições permanecem inalteradas em substância desde 
a sua formação. 
Por fim, com o término da Idade Média o homem buscou, em um novo momento histórico, a 
reabertura do pensamento filosófico e a redescoberta cultural e de conhecimento, pois, após os 
momentos de crise enfrentados nesse período de chamadas Trevas, a necessidade de reinvenção 
motiva o ser humano para novas criações e para a busca de um Estado mais justo e adequado em 
termos jurídicos. 
Assim, de todas as contribuições do período da Idade Média, merece destaque absoluto a 
constituição do chamado Estado de Direito, que se origina do Constitucionalismo e irá se 
desenvolver, historicamente, pelo acréscimo de novos direitos e novas garantias ao homem, visando 
não só a pacificação social pretendida na Antiguidade, mas também o bem estar social, a equidade 
e outros fatores que norteiam o contexto jurídico atual. 
 
Foi no contexto da Idade Média que surgiu o Direito Canônico e o domínio da Igreja sobre todo o saber, 
notadamente o saber jurídico. Com o empoderamento da Igreja, enquanto instituição, e com a concentração 
de todo o conhecimento em suas mãos, a Igreja viu a necessidade de organizar o seu regramento jurídico 
interno, com a aplicação de normas para aqueles que compunham o seu corpo organizacional, como padres, 
monges, entre outros. 
No Direito Canônico, existiam apenas três estamentos sociais, o clero, composto pelos membros da Igreja, no 
mais alto escalão, com o fornecimento de todo o conhecimento então disponível; os senhores feudais, que 
também legitimavam seus exércitos, como suseranos maiores das terras, em representação política e domínio 
da nobreza; e, por fim, o povo em geral, responsável pelo trabalho e pela alimentação da economia, sendo o 
escalão mais baixo na sociedade. 
Com isso, foi criado o Tribunal da Santa Inquisição, focado na persecução e na punição daqueles que 
transgredissem os dogmas católicos, incumbindo, naturalmente, ao clero selecionado a execução dos 
julgamentos e aplicação das penalidades. Assim, nasceu, historicamente, um procedimento inquisitivo, em que 
não existia a garantia do contraditório, sendo a Igreja responsável pela persecução e julgamento dos infratores, 
surgiu, também, o instituto da delação premiada, até hoje vigente no sistema penal, mas que se 
consubstanciava na remuneração com parte dos bens do condenado em favor daquele que realizava a 
denúncia de infratores. 
 
58 
 
A interação com outros povos, como os árabes e judeus tornou propício o alargamento das relações comerciais 
e o intercâmbio de produções, contribuindo para conceitos básicos que são encontrados no Direito Comercial 
moderno. Os comerciantes, não submetidos às regras feudais de convivência e de exploração da terra, bem 
como aos regramentos do Direito Canônico, desenvolveram um sistema próprio para a solução de conflitos 
envolvendo suas atividades comerciais. 
Com isso, inúmeros sistemas de moeda, troca, resolução de disputas, contratos mercantis e as sociedades 
empresariais, surgiram com a mesma estrutura que se vê atualmente. 
Além da figura dos senhores feudais, como suseranos das terras exploradas pelos camponeses e da Igreja 
com o domínio do conhecimento, na época medieval os países, com a reunião dos feudos e em escalas 
maiores eram organizados pelos monarcas que detinham o poder absoluto de suas nações. 
Porém, foi na Inglaterra que o poder do monarca sofreu as primeiras restrições do Constitucionalismo, com o 
reconhecimento dos direitos fundamentais da população contra o poder absoluto do rei. 
Nesse contexto, merece especial destaque a Carta Magna inglesa, que estabeleceu ao então rei João, uma 
série de limitações em seu poder em prol do povo que almejava melhores condições de vida e maior dignidade. 
O paradigma inglês naturalmente ecoou na história resultando, também, no rompimento de outras ordens 
monárquicas, que perduraram por mais tempo, mas também não resistiram à instalação do Estado de Direito. 
 
 
Observe o trecho a seguir: 
“O direito canônico nasce como discurso que exclui a cultura e o diferente quando se autodenomina único e 
natural através do processo de “canonização” das interpretações e, principalmente, quando, sob esse pretexto, 
funda e pune o comportamento herético e também quando especifica as práticas de excomunhão e penitência. 
A lógica dogmática se materializa enquanto prática repressiva institucionalizada, como formadora do 
comportamento humano através da supressão de quaisquer realidades simbólicas distintas da “verdade” 
codificada”. (WOLKMER, 2006). 
Tomando as informações por base, reflita em como o monopólio de todo o conhecimento da Idade 
Média em poder do clero repercutiu para a imposição do dogma religioso e na consagração do Direito 
Canônico como realidade jurídica na Idade Média. 
 
 
As primeiras legislações brasileiras foram provenientes do contexto jurídico de Portugal, de tal forma que, 
mesmo após a independência do Brasil, vigeu no território nacional a legislação portuguesa das Ordenações 
Filipinas, que foram criadas pela realeza espanhola durante o período de regência sobre Portugal. 
 
 
59 
 
 
O Constitucionalismo nascido na Inglaterra no tempo de João sem terra repercutiu em efeitos por todas as 
demais civilizações da Europa e se tornou a base do Constitucionalismo moderno. 
Antes das grandes Guerras Mundiais, o movimento do Constitucionalismo sofreu inúmeros acréscimos em 
seus Direitos, sempre somando novas limitações ao Estado e cobrançasde sua participação como ente 
regulador da vida social, com vias a garantir os Direitos do povo. 
Com o Constitucionalismo, o centro do Poder migra dos governantes e regentes para o Povo, demonstrando 
a perfeita ideia que hoje é esposada pela Constituição Federal Brasileira, que define, como um dos 
fundamentos do Estado que todo o poder emana do povo. 
 
 
Pesquise mais sobre a Santa Inquisição e seus procedimentos de persecução das infrações aos cânones da 
Igreja. Busque sobre procedimentos e julgamentos, sempre com vias a estabelecer um paralelo na atividade 
inquisitória do inquérito de polícia moderno. 
 
 
Consulte a íntegra das ordenações Filipinas para verificar seu conteúdo e observar a influência dentro do 
Direito Brasileiro. 
http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/ordenacoes.htm 
 
 
Leia o trecho a seguir: 
Como dito, o período foi marcado pela definição dos ofícios para os camponeses, que desenvolviam a sua 
atividade de trabalho para o próprio sustento, dotados de especialidade em seus ofícios. 
Diante dessa realidade, surge, naturalmente, uma forte exploração do comércio, seja através do escambo, ou 
da troca por moeda cunhada, retomando alguns preceitos que foram destruídos com a queda do Império 
Romano. 
 
60 
 
Diante dessa situação, é possível concluir que o Direito Comercial sofreu grandes avanços durante o período 
da Idade Média. Para isso, pode-se atribuir como fatores para esses avanços: 
A) A desvinculação das práticas comerciais do domínio dos senhores feudais e da Igreja; 
B) A compra de liberdade pelos comerciantes; 
C) A prática de usura (cobrança de juros) permitida pela Igreja; 
D) O interesse dos senhores feudais nas riquezas dos comerciantes; 
E) A Santa Inquisição que eliminava a concorrência; 
 
A questão remonta à formação do Direito Comercial como prática de pacificação de conflitos na Idade Média, 
cobrando que o candidato encontre os fatores que estimularam seu desenvolvimento. Notoriamente, neste 
quesito, a alternativa A se faz como correta, uma vez que o desinteresse e ausência de comando do Senhor 
Feudal e da Igreja fomentaram o desenvolvimento das questões, forçando os comerciantes a se 
autorregulamentarem, uma vez que a nenhuma guarida de seus conflitos era fornecida pelos então 
governantes. 
 
Questão Objetiva 
São institutos jurídicos relevantes criados pela Santa Inquisição: 
A) A ampla defesa e o contraditório; 
B) O Direito Positivo e as Sociedades Comerciais; 
C) O procedimento de inquérito e a delação premiada; 
D) A ampla defesa e as sociedades comerciais; 
E) As práticas comercias e de crédito. 
 
GABARITO: C 
 
Questão Discursiva 
Até a vigência do Código Civil de 1916, o Brasil manteve em seu ordenamento jurídico as ordenações 
portuguesas. Aponte, em ordem cronológica, quais ordenações fizeram parte da herança histórica Brasileira, 
considerando, inclusive, o período de colonização. 
 
OBRA: ALBERGARIA, Bruno. Histórias do direito: evolução das leis, fatos e pensamentos. 3. ed. São 
Paulo: Kindle, 2019. 
Na obra em comento, verifica-se uma digressão bastante detalhada sobre o fim da Idade Média, demostrando 
quais foram os fatores que contribuíram para o rompimento do domínio Católico sobre as civilizações. 
O marco do avanço da peste e a retomada do pensamento livre são postos como fatores indissociáveis e 
fundamentais para a queda do sistema feudal e do domínio da Igreja Católica sobre a Antiguidade medieval, 
de tal sorte que o Renascimento surge como um rompimento de era focado à retomada dos períodos romanos 
e marcado pela expansão do Constitucionalismo. 
 
 
61 
 
 
Suserano: aquele que tinha domínio do feudo 
Ditames: dizeres relativos às regras de conduta 
Persecução: perseguição de provas e investigação 
Vigente: na produção de efeitos 
Escambo: troca de mercadorias entre si, sem a utilização de moedas 
 
 
MACIEL, José Fabio Rodrigues; AGUIAR, Renan. História do direito. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na história: lições introdutórias. 5.ed. São Paulo: Max Limonad, 
2014. 
WOLKMER, Antônio Carlos (Org.). FUNDAMENTOS de história do direito. 8.ed. Belo Horizonte: Del Rey, 
2015. 
WOLKMER, Antônio Carlos. História do direito no Brasil. 5.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.

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