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101_PDFsam_2História da Arte Moderna

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fluorescentes, aço galvanizado, e azulejos de magnésio — e contratavam 
operários para produzir as esculturas de acordo com suas especificações 
(FARTHING, 2011, p. 520).
No Minimalismo, tanto o processo de artesania quanto os materiais são 
amplamente frios. O artista não precisa fabricar a obra de arte, podendo criar 
os seus projetos a partir de materiais prontos ou contratando outras pessoas 
para construí-los. A obra Diagonal de 25 de maio de 1963, de Dan Flavin 
(Figura 5), consiste numa lâmpada fluorescente amarela disposta na parede, 
formando uma linha diagonal com ângulo de 45 graus. O artista não pretendia 
expressar sentimentos ou emoções, pois criava um ambiente único ao brincar 
com a luz para transformar a galeria de arte. As suas obras que exploram luzes 
fluorescentes rompem definitivamente com a divisão entre pintura e escultura 
ao unir as duas linguagens artísticas para alterar os aspectos do espaço.
Figura 5. Diagonal de 25 de maio de 1963, Dan Flavin, 
1963, lâmpada fluorescente amarela.
Fonte: Lapa (2015, documento on-line).
9Arte pós-moderna
As obras de Carl Andre também transformam e se integram ao ambiente, 
rompendo com muitas formalizações teóricas da arte moderna. Ele buscava uma 
arte que fosse materialista e comunista, como é possível notar no seu relato: 
Minha obra é [...] estética porque não possui forma transcendente, nem 
qualidades intelectuais ou espirituais. Materialista, porque é feita com 
seus próprios materiais, sem pretensão de empregar outros. E é comu-
nista, porque sua forma é acessível a todos os homens (ANDRE apud 
FARTHING, 2011, p. 522).
Na obra Plano em aço e zinco (Figura 6), ele dispôs no chão 18 placas de 
aço e 18 de zinco, formando uma imagem que lembra um tabuleiro de xadrez. 
A obra possibilita que as pessoas caminhem sobre ela ou a explorem por meio 
do tato. Desse modo, Andre cria uma nova relação entre obra e observador, 
que não precisa observar a distância e de maneira passiva.
Figura 6. Plano em aço e zinco, Carl André, 1969.
Fonte: Miranda (2015, documento on-line).
A arte minimalista integrou processos mecânicos e materiais industriais na 
fabricação de suas obras. Muitas vezes, os artistas contratavam operários para 
produzi-las. Afinal, a arte evitava o teor expressivo do Modernismo ao manter 
íntima relação entre o material e a proposta estética, rompendo com qualquer 
tipo de figuração e elaboração narrativa. O Pós-Modernismo se pauta em alguns 
desses princípios e rompe com a necessidade de artesania do artista, possibilitando 
o emprego de qualquer material nas suas obras, que podem ou não representar 
simbologias.
Arte pós-moderna10
A arte pós-moderna no Brasil
A arte pós-moderna brasileira conta com muitos desdobramentos e é carente 
de teorização. Talvez isso ocorra porque o termo “pós-modernidade” não 
é bem visto pelos teóricos da arte, que preferem evitar tal classifi cação e 
continuar se referindo às obras dos anos 1960 até os dias atuais como “arte 
contemporânea”. Entretanto, é possível perceber alterações no cenário artís-
tico brasileiro, que, ao romper com o Modernismo e com a ideia de construir 
uma arte brasileira, enfatiza a desmaterialização da obra de arte, advinda 
das experiências da arte conceitual e da participação do público no processo 
artístico. Nesse contexto, grande parte da produção possui um engajamento 
com questões sociais e políticas.
Artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape criaram produções 
que incorporaram elementos sociais e físicos do Brasil em obras de destaque 
internacional. Tais artistas acreditavam na arte enquanto fator determinante 
para a transformação da sociedade, que precisava ser pautada na coletividade 
e na participação social (CHIARELLI, 2002).
Em decorrência da transformação, em escala global, das funções básicas 
do cotidiano em mercadoria, muitos dos artistas buscaram propor experi-
ências que transgredissem as proposições de que a arte deveria apresentar 
um objeto a ser apreciado. Os artistas propunham as obras “[...] como 
suportes de experiências: a arte, ao tentar romper a lógica do espetáculo, 
restitui-nos o mundo como experiência a ser vivida” (BOURRIAUD, 2009, 
p. 32). Nesse sentido, a arte pós-moderna brasileira, principalmente a 
arte neoconcreta, foca a elaboração de possibilidades de habitar melhor o 
mundo, negando alguns de seus projetos anteriores de criação de realidades 
imaginárias ou utópicas.
A arte neoconcreta surge como uma alternativa para contrapor as ideias dos 
concretistas, que reduziam a arte a uma mera ilustração de conceitos advindos 
da ciência. Nesse sentido, os neoconcretistas propõem a espacialização da obra 
para negar a arte enquanto representação de conceitos a priori.
Entenda-se por espacialização da obra o fato de que ela está sempre se fazendo 
presente, está sempre recomeçando o impulso que a gerou e de que ela era já 
a origem. E se essa descrição nos remete igualmente à experiência primeira 
— plena — do real, é que a arte neoconcreta não pretende nada menos que 
reacender essa experiência. A arte neoconcreta funda um novo “espaço” 
expressivo (GULLAR, 1999, p. 286–287).
11Arte pós-moderna
Helio Oiticica foi um dos expoentes do Neoconcretismo, tendo proposto 
diversas obras voltadas à interatividade entre os participantes e o espaço. Em 
suas obras denominadas Penetráveis (Figura 7), o fruidor percorre o espaço 
explorando as suas percepções visuais, táteis, olfativas, auditivas e palativas, 
o que culmina numa experiência multissensorial. Todavia, os Penetráveis não 
são objetos que refletem as ortodoxias científicas; afinal, eles se apresentam 
enquanto espaços de experimentação sensível que fazem o resgate da subje-
tividade do participante na construção artística.
Figura 7. Tropicália-Penetráveis PN2 e PN3, Hélio Oiticica, 1967. Montagem para 
a XXIV Bienal Internacional de São Paulo, 1998.
Fonte: Soares (2012, documento on-line). 
As obras da artista Lygia Clark também trazem o lado humano e, até 
mesmo, psicológico para a arte. Ao contrário dos minimalistas e concretistas, 
que focavam numa relação fria e mecânica com a arte, os neoconcretistas 
tratam do ser humano como um todo, explorando os diversos sentidos. 
O corpo do participante e a sua relação com o espaço é primordial para a 
constituição da obra como relação, como espaço a ser experimentado por 
meio dos cinco sentidos.
Arte pós-moderna12
Inicialmente, Lygia Clark construía objetos que precisavam da parti-
cipação do público para terem vida artística. Nesse período, destaca-se a 
obra Bichos (Figura 8), que consiste em formas geométricas unidas por 
dobradiças que permitem a criação de novas disposições entre elas a partir 
do seu manuseio. Entretanto, a artista queria que a participação em suas obras 
fosse além do simples manuseio de formas, por isso começou a produzir 
espaços interativos. Na obra A Casa é o Corpo: Labirinto, a artista cria 
uma instalação em que a pessoa precisa experimentar um espaço de 8 m de 
comprimento subdivido em quatro ambientes: a penetração, a ovulação, a 
germinação e a expulsão.
Figura 8. Bichos, Lygia Clark, 1960.
Fonte: Kusumoto (2018, documento on-line).
Entretanto, a arte pós-moderna brasileira não ficou restrita à arte neocon-
creta. Em trabalhos dos artistas Waltércio Caldas, José Resende, Luiz Paulo 
Baravelli, Carlos Alberto Fajardo e outros, ele [o espectador] devia voltar à 
condição original daquele que contempla, guardando uma certa distância física 
e afetiva em relação ao objeto de arte (CHIARELLI, 2002).
Algumas das obras de Carlos Fajardo possuem uma relação com o Mi-
nimalismo por utilizarem materiais industrializados e serem produzidas por 
operários. Observe a Figura 9: metais são explorados para a configuração de 
uma obra abstrata que não representa um estado de espírito e não convida o 
espectador a tocar ou experimentar o objeto.
13Arte pós-moderna

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