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Contemporaneidade L0218 - (Puccamp) São evidentes as marcas da linguagem do espaço urbano moderno na produção literária atual, sobretudo na poesia. Outdoors, inscrições, pichações, logo�pos, signos públicos, grafites passam a cons�tuir uma espécie de comunicação entre as várias camadas da sociedade, dos empresários aos excluídos, da cultura pop às criações das grandes agências publicitárias, das manifestações populares às campanhas polí�cas ou ins�tucionais. Há uma espécie de fermentação de signos desejosos de expor seja o rosto triunfante do capitalismo, seja a reação aos valores que ele propaga – fenômeno a que muitos poetas contemporâneos se mostram sensíveis. (SEPÚLVEDA, Alaor, inédito) Nos anos de 50 e 60 do século passado surgiu e consolidou-se uma vanguarda poé�ca, o Concre�smo, que assumiu modelos de composição inspirados, por exemplo, a) nos recursos de uma poé�ca clássica pela qual se valorizavam as narra�vas de cunho mí�co. b) no aproveitamento gráfico do espaço e na linguagem visual dos signos, renunciando a uma sintaxe tradicional. c) na rear�culação mais ousada de versos modernos em formas tradicionais, como a do soneto. d) nas múl�plas formas do poema em prosa, garan�ndo assim a incorporação de originais narra�vas. e) em formas musicais consagradas, como a da sonata, com destaque para a técnica do contraponto. L0324 - (Unicamp) Em 1961, o poeta António Gedeão publica o livro Máquina de Fogo. Um dos poemas é “Lágrima de Preta”. Musicado por José Niza, foi gravado por Adriano Correia de Oliveira, em 1970, e incluído no seu álbum “Cantaremos”. A canção foi censurada pelo governo português. Lágrima de preta Encontrei uma preta que estava a chorar, pedi-lhe uma lágrima para a analisar. Recolhi a lágrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado. Olhei-a de um lado, do outro e de frente: �nha um ar de gota muito transparente. Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais. Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume: Nem sinais de negro, nem ves�gios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio. (António Gedeão, Máquina de fogo. Coimbra: Tipografia da Atlân�da,1961, p. 187.) Os versos anteriores ar�culam as linguagens literária e cien�fica com questões de ordem é�ca e polí�ca. Considerando o contexto de produção e recepção de “Lágrima de Preta” (anos 1960 e 1970, em Portugal), o propósito ar�s�co desse poema é 1@professorferretto @prof_ferretto a) inadequado quanto à análise social, ao refutar que haja racismo e preconceito na sociedade, e incorreto no aspecto cien�fico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima. b) inadequado quanto à análise social, ao refutar a existência de racismo e preconceito na sociedade, mas correto no aspecto cien�fico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima. c) per�nente quanto à análise social, ao registrar o racismo e a preconceito na sociedade, e correto no aspecto cien�fico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima. d) per�nente quanto à análise social, ao registrar o preconceito e o racismo na sociedade, mas incorreto no aspecto cien�fico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima. L0326 - (Unicamp) Para driblar a censura imposta pela ditadura militar, compositores de música popular brasileira (MPB) valiam- se do que Gilberto Vasconcelos chamou de “linguagem da fresta”, expressão inspirada na canção “Festa imodesta”, de Caetano Veloso. (...) Numa festa imodesta como esta Vamos homenagear Todo aquele que nos empresta sua testa Construindo coisas pra se cantar Tudo aquilo que o malandro pronuncia E que o otário silencia Toda festa que se dá ou não se dá Passa pela fresta da cesta e resta a vida. Acima do coração que sofre com razão A razão que volta do coração E acima da razão a rima E acima da rima a nota da canção Bemol natural sustenida no ar Viva aquele que se presta a esta ocupação Salve o compositor popular (Gilberto de Vasconcelos, Música popular: de olho na fresta. Rio de Janeiro: Graal, 1977.) É correto afirmar que, na canção, essa “linguagem da fresta” transparece a) na contradição entre “festa” e “fresta”, que funciona como crí�ca ao malandro. b) na repe�ção de palavras com pronúncia semelhante para louvar a MPB. c) na referência à “fresta” como forma de o compositor se pronunciar. d) na incoerência da rima entre “festa” e “imodesta” para pres�giar o compositor. L0222 - (Mackenzie) O assassino era o escriba Meu professor de análise sintá�ca era o �po do sujeito inexistente. Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida, regular como um paradigma da 1ª conjunção. Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não �nha dúvidas: sempre achava um jeito assindé�co de nos torturar com um aposto. Casou com uma regência. Foi infeliz. Era possessivo como um pronome. E ela era bitransi�va. Tentou ir para os EUA. Não deu. Acharam um ar�go indefinido na sua bagagem. A interjeição do bigode declinava par�culas exple�vas, conec�vos e agentes da passiva o tempo todo. Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça. Paulo Leminski Sobre o texto de Paulo Leminski todas as alterna�vas estão corretas, EXCETO a) a terminologia sintá�ca e morfológica, que em um primeiro momento é mo�vo de estranhamento, concede o efeito de humor ao poema. b) o eu lírico demonstra por meio da composição de texto pessoal e confessional o seu desconhecimento grama�cal. c) nos primeiros sete versos o eu-lírico apresenta seu professor, que, por meio de suas ações e funções, é caracterizado como um torturador. d) entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos os fracassos que compuseram a vida do professor. e) o texto é estruturado em forma de narra�va policial, mas em função de sua organização gráfica, métrica e rítmica é considerado um poema. L0219 - (Enem) da sua memória 2@professorferretto @prof_ferretto mil e mui tos out ros ros tos sol tos pou coa pou coa pag amo meu ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspec�va, 1998. Trabalhando com recursos formais inspirados no Concre�smo, o poema a�nge uma expressividade que se caracteriza pela a) interrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica racional. b) reestruturação formal da palavra, para provocar o estranhamento no leitor. c) dispersão das unidades verbais, para ques�onar o sen�do das lembranças. d) fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças. e) renovação das formas tradicionais, para propor uma nova vanguarda poé�ca. L0220 - (Mackenzie) Acreditei que se amasse de novo esqueceria outros pelo menos três ou quatro rostos que amei Num delírio de arquivís�ca organizei a memória em alfabetos como quem conta carneiros e amansa no entanto flanco aberto não esqueço e amo em � os outros rostos Qual tarde de maio. Como um trunfo escondido na manga carrego comigo tua úl�ma carta cortada uma cartada. Não, amor, isto não é literatura Ana Cris�na Cesar, “Contagem regressiva” Assinale a alterna�va correta sobre o fragmento do poema "Contagem regressiva" a) “Contagem regressiva” é um �pico poema da Geração de 45, etapa do modernismo da qual Ana Cris�na Cesar, assim como Cecília Meireles e João Cabral de Melo Neto, fez parte. b) O vocabulário precioso, o herme�smo e a inven�vidade sintá�ca revelam ecos neoparnasianos e pós-simbolistas no poema “Contagem regressiva”. c) A temá�ca amorosa de “Contagem regressiva” evidencia o quanto a poesia de Ana Cris�na Cesar apoia uma visão conservadora da polí�ca e das relações humanas. d) O verso como quem conta carneiros e amansa (verso 06) revela a influência da vanguarda surrealista na poesia de Ana Cris�na Cesar. e) “Contagem regressiva” apresenta importantes caracterís�cas da Poesia Marginal, ou Geração Mimeógrafo, tais como a coloquialidade e a temá�ca co�diana. L0226 - (Enem) Sou um homem comum brasileiro, maior, casado, reservista, enão vejo na vida, amigo nenhum sen�do, senão lutarmos juntos por um mundo melhor. Poeta fui de rápido des�no Mas a poesia é rara e não comove nem move o pau de arara. Quero, por isso, falar com você de homem para homem, apoiar-me em você oferecer-lhe meu braço que o tempo é pouco e o la�fúndio está aí matando [...] Homem comum, igual a você, [...] Mas somos muitos milhões de homens comuns e podemos formar uma muralha com nossos corpos de sonhos e margaridas. FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento). No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poé�co, frequente no Modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de 3@professorferretto @prof_ferretto a) agregação constru�va e poder de intervenção na ordem ins�tuída. b) força emo�va e capacidade de preservação da memória social. c) denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias. d) ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos. e) iden�ficação com o discurso masculino e ques�onamento dos temas líricos. L0223 - (Enem) Pessoal intransferível Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso. Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Di�cil é não correr com os versos debaixo do braço. Di�cil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Di�cil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, “herdeiro” da poesia dos que levaram a coisa até o fim e con�nuam levando, graças a Deus. E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão. TORQUATO NETO. Melhores poemas de Torquato Neto. São Paulo: Global, 2018. Expoente da poesia produzida no Brasil na década de 1970 e autor de composições representa�vas da Tropicália, Torquato Neto mobiliza, nesse texto, a) gírias e expressões coloquiais para cri�car a linguagem adornada da tradição literária então vigente. b) intenções sa�ricas e humorís�cas para delinear uma concepção de poesia voltada para a felicidade dos leitores. c) frases de efeito e interpelações ao leitor para ironizar as tenta�vas de adequação do poema ao gosto do público. d) recursos da escrita em prosa e noções do senso comum para enfa�zar as dificuldades inerentes ao trabalho do poeta. e) referências intertextuais e anedó�cas para defender a importância de uma a�tude destemida ante os riscos da criação poé�ca. L0221 - (Enem) Reclame Se o mundo não vai bem a seus olhos, use lentes ... ou transforme o mundo ó�ca olho vivo agradece a preferência CHACAL et al. Poesia marginal. São Paulo: Á�ca, 2006. Chacal é um dos representantes da geração poé�ca de 1970. A produção literária dessa geração, considerada marginal e engajada, de que é representa�vo o poema apresentado, valoriza a) o experimentalismo em versos curtos e tom jocoso. b) a sociedade de consumo, com o uso da linguagem publicitária. c) a construção do poema, em detrimento do conteúdo. d) a experimentação formal dos neossimbolistas. e) o uso de versos curtos e uniformes quanto à métrica. L0217 - (Uel) A respeito das correlações entre a poesia de Leminski e os poemas de outras tendências poé�cas, períodos e es�los de época, considere as afirma�vas a seguir. I. Como o Concre�smo, Leminski perseguiu a representação e a exaltação da vida material em detrimento da exposição da subje�vidade. II. Como o Simbolismo, Leminski adotou desenhos e experiências gráficas para representar a saturação de significados e significantes na linguagem poé�ca verbal. 4@professorferretto @prof_ferretto III. Com a primeira fase modernista, Leminski aderiu ao poema-piada e aos jogos de palavras, em contraste com o rigor de outras manifestações poé�cas. IV. Com a poesia marginal, Leminski compar�lhou a espontaneidade e a irreverência como aproximações entre a expressão poé�ca e a vida co�diana. Assinale a alterna�va correta. a) Somente as afirma�vas I e II são corretas. b) Somente as afirma�vas I e IV são corretas. c) Somente as afirma�vas III e IV são corretas. d) Somente as afirma�vas I, II e III são corretas. e) Somente as afirma�vas II, III e IV são corretas. L0253 - (Fuvest) Voltada para o encanto da vida livre do pequeno núcleo aberto para o campo, a jovem Helena, familiar a todas as classes sociais daquele âmbito, estava colocada num invejável ponto de observação. (...) Sem querer forçar um conflito que, 1a bem dizer, apenas se esboça, podemos atribuir parte desta grande versa�lidade psicológica da protagonista aos 2ecos de uma formação britânica, protestante, liberal, ressoando 3num ambiente de corte ibérico e católico, mal saído do regime de trabalho escravo. Colorindo a apaixonada esfera de independência da juventude, reveste-se de acentuado sabor sociológico este caso da menina ruiva que, embora inteiramente iden�ficada com o meio de gente morena que é o seu, o único que conhece e ama, não vacila em o cri�car com 4precisão e finura notáveis, se essa lucidez não traduzisse a coexistência ín�ma de dois mundos culturais divergentes, que se contemplam e se julgam no interior de um eu tornado harmonioso pelo 5equilíbrio mesmo de suas contradições. Alexandre Eulálio, “Livro que nasceu clássico”. In: Helena Morley, Minha vida de menina. O trecho do romance Minha vida de menina que ilustra de modo mais preciso o que, para o crí�co Alexandre Eulálio, representa “a coexistência ín�ma de dois mundos culturais divergentes” é: a) “Se há uma coisa que me faz muita tristeza é gostar muito de uma pessoa, pensando que ela é boa e depois ver que é ruim”. b) “Eu �nha muita inveja de ver meus irmãos montarem no cavalo em pelo, mas agora estou curada e não montarei nunca mais na minha vida”. c) “Já refle� muito desde ontem e vi que o único meio de ter ves�do é vendendo o broche. Vou dormir esta noite com isto na cabeça e vou conversar com Nossa Senhora tudo direi�nho”. d) “Se eu não ouvir missa no domingo, como quando estou na Boa Vista onde não há igreja e não posso ouvir no Bom Sucesso, fico o dia todo com um prego na consciência me aferroando”. e) “Este ano saiu à rua a procissão de Cinzas que há muitos anos não havia. Dizem que não saía há muito tempo por falta de santos, porque muitos já estavam quebrados”. L0254 - (Fuvest) Voltada para o encanto da vida livre do pequeno núcleo aberto para o campo, a jovem Helena, familiar a todas as classes sociais daquele âmbito, estava colocada num invejável ponto de observação. (...) Sem querer forçar um conflito que, 1a bem dizer, apenas se esboça, podemos atribuir parte desta grande versa�lidade psicológica da protagonista aos 2ecos de uma formação britânica, protestante, liberal, ressoando 3num ambiente de corte ibérico e católico, mal saído do regime de trabalho escravo. Colorindo a apaixonada esfera de independência da juventude, reveste-se de acentuado sabor sociológico este caso da menina ruiva que, embora inteiramente iden�ficada com o meio de gente morena que é o seu, o único que conhece e ama, não vacila em o cri�car com 4precisão e finura notáveis, se essa lucidez não traduzisse a coexistência ín�ma de dois mundos culturais divergentes, que se contemplam e se julgam no interior de um eu tornado harmonioso pelo 5equilíbrio mesmo de suas contradições. Alexandre Eulálio, “Livro que nasceu clássico”. In: Helena Morley, Minha vida de menina. De acordo com Alexandre Eulálio, a protagonista do romance Minha vida de menina 5@professorferretto @prof_ferrettoa) vivencia um conflito – uma ideia fortalecida por “a bem dizer” (ref. 1). b) apresenta certo vínculo com o protestan�smo – uma ideia sinte�zada por “ecos de uma formação britânica” (ref. 2). c) formou-se num meio alheio ao trabalho escravo – um fato referido por “num ambiente de corte ibérico e católico” (ref. 3). d) rejeita as influências do meio em que vive – uma caracterís�ca revelada por “precisão e finura notáveis” (ref. 4). e) tem a sua lucidez psicológica abalada pelas ambivalências de sua educação – um traço reiterado por “equilíbrio mesmo de suas contradições” (ref. 5). L0320 - (Unicamp) O poema abaixo é de autoria do poeta Augusto de Campos, integrante do movimento concre�sta. Nesse poema, nota-se uma técnica de composição que consiste a) na disposição arbitrária de anagramas, sem produzir uma relação de sen�do com o �tulo do poema. b) na disposição exaus�va de anagramas, sem produzir uma relação de sen�do com o �tulo do poema. c) na disposição arbitrária de anagramas, para produzir uma relação de sen�do com o �tulo do poema. d) na disposição exaus�va de anagramas, para produzir uma relação de sen�do com o �tulo do poema. L0323 - (Unicamp) Eu tenho uma ideia. Eu não tenho a menor ideia. Uma frase em cada linha. Um golpe de exercício. Memórias de Copacabana. Santa Clara às três da tarde. Autobiografia. Não, biografia. Mulher. Papai Noel e os marcianos. Billy the Kid versus Drácula. Drácula versus Billy the Kid. Muito sen�mental. Agora pouco sen�mental. Pensa no seu amor de hoje que sempre dura menos que o seu amor de ontem. Gertrude: estas são ideias bem comuns. Apresenta a jazz-band. Não, toca blues com ela. Esta é a minha vida. Atravessa a ponte. (...) (Ana Cris�na Cesar, A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 9.) Esse trecho do poema de abertura de A teus pés, de Ana Cris�na Cesar, a) expressa nostalgia do passado, visto que mobiliza referências à cultura pop dos anos 1970. b) requisita a par�cipação do leitor, já que as referências biográficas são fragmentárias. c) exclui a dimensão biográfica, pois se refere a personagens imaginários e de ficção. d) tema�za a descrença na poesia, uma vez que a poeta se contradiz con�nuamente. L0332 - (Unicamp) Leia os versos iniciais da peça Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come (1966), de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar. Em formato de cordel, os versos são cantados por todos os atores. Texto I Se corres, bicho te pega, amô. Se ficas, ele te come. 6@professorferretto @prof_ferretto Ai, que bicho será esse, amô? Que tem braço e pé de homem? Com a mão direita ele rouba, amô, e com a esquerda ele entrega; janeiro te dá trabalho, amô, dezembro te desemprega; de dia ele grita “avante”, amô, de noite ele diz: "não vá": Será esse bicho um homem, amô, ou muitos homens será? (Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 3.) Texto II Observe a charge de Laerte que fez parte da mostra Maio na Paulista, em 2019. Considerando a relação entre os textos I e II, conclui-se que a charge a) resgata a temá�ca do cordel, rompendo com o impasse vivido pelos personagens. b) reafirma o dilema dos personagens da peça, parafraseando os versos iniciais do cordel. c) evidencia a tradição popular nordes�na, u�lizando a imagem para sofis�car os versos. d) confirma a força transformadora da versificação popular, reproduzindo-a em imagens. L0225 - (Puccamp) Tiradentes era alguém com todas as caracterís�cas e ressen�mentos de um revolucionário. Além do mais, ele se apresentava para o mar�rio ao proclamar sua responsabilidade exclusiva pela inconfidência. Era óbvia a sedução que o enforcamento do alferes representava para o governo português: pouca gente levaria a sério um movimento chefiado por um simples Tiradentes (e as autoridades lusas, depois de outubro de 1790, invariavelmente se referiam ao alferes por seu apelido de Tiradentes). MAXWELL, Kenneth. A devassa da devassa. A Inconfidência Mineira: Brasil e Portugal 1750-1808. São Paulo: Paz e Terra, 1995, p. 216. A poesia arcádica, frequentada ao tempo de Tiradentes, foi lembrada com ênfase e vigor, a par das ideias revoltosas da época, num grande poema do século XX, a) misto de lirismo e de épica histórica, composto por Cecília Meireles. b) em tom de solene nacionalismo, fruto de parceria entre Mário de Andrade e Cassiano Ricardo. c) já em linguagem de vanguarda, por Haroldo de Campos e Augusto de Campos. d) montado em estrutura teatral, pelo poeta maranhense Ferreira Gullar. e) a que não falta um tom de tragédia, concebido como épica moderna por Manuel Bandeira. L0224 - (Puccamp) Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira, de Paulo Prado (escritor a quem Mário de Andrade dedicou Macunaíma), é hoje um livro quase esquecido. Quando saiu, porém, alcançou êxito excepcional: quatro edições entre 1928 e 1931. O momento era propício para tentar explicações do Brasil, país que se via a si mesmo como um ponto de interrogação. Terra tropical e mes�ça condenada ao atraso ou promessa de um eldorado sul- americano? (BOSI, Alfredo. Céu, Inferno. São Paulo: Á�ca, 1988, p. 137) A tendência de se aprofundar o conhecimento do Brasil, numa linha nacionalista e tropical, no período referido no texto, está indiciada já em expressões que iden�ficam obras e grupos literários, tais como a) Vamos caçar papagaios e Verde-amarelismo. b) A frauta de Pã e Tropicália. c) Os sertões e Pós-modernismo. d) A cinza das horas e Futurismo. e) Sen�mento do mundo e Neoliberalismo. L0374 - (Enem PPL) Alegria, alegria Que maravilhoso país o nosso, onde se pode contratar quarenta músicos para tocar um uníssono. (Mile Davis, 7@professorferretto @prof_ferretto durante uma gravação) antes havia orlando silva & flauta, e até mesmo no meio do meio-dia. antes havia os prados e os bosques na gravura dos meus olhos. antes de ontem o céu estava muito azul e eu & ela passamos por baixo desse céu. ao mesmo tempo, com medo dos cachorros e sem muita pressa de chegar do lado de lá. do lado de cá não resta quase ninguém. apenas os sapatos polidos refletem os automóveis que, por sua vez, polidos, refletem os sapatos. VELOSO, C. Seleção de textos. São Paulo: Abril Educação, 1981. Quanto ao seu aspecto formal, a escrita do texto de Caetano Veloso apresenta um(a) a) escolha lexical permeada por estrangeirismos e neologismos. b) regra �pica da escrita contemporânea comum em textos da internet. c) padrão inusitado, com um registro próprio, decorrente da criação poé�ca. d) nova sintaxe, iden�ficada por uma reorganização da ar�culação entre as frases. e) emprego inadequado da norma-padrão, gerador de incompreensão comunica�va. L0384 - (Enem PPL) Reclame se o mundo não vai bem a seus olhos, use lentes ... ou transforme o mundo. ó�ca olho vivo agradece a preferência. CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014. Os gêneros podem ser híbridos, mesclando caracterís�cas de diferentes composições textuais que circulam socialmente. Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte caracterís�ca: a) Extensão do texto. b) Emprego da injunção. c) Apresentação do �tulo. d) Disposição das palavras. e) Pontuação dos períodos. L0397 - (Enem PPL) Filha do compositor Paulo Leminski lança disco com suas canções “Leminskanções” dá novos arranjos a 24 composições do poeta Frequentemente, a cantora e compositora Estrela Ruiz é ques�onada sobre a influência da poesia de seu pai, Paulo Leminski, na música que ela produz. “A minha infância foi música, música, música”, responde veementemente, lembrando que, antes de poeta, Leminski era compositor. Estrela frisa a faceta musical do pai em Leminskanções. Duplo, o álbum soma Essa noite vai ter sol, com 13 composições assinadas apenas por Leminski, e Se nem for terra, se transformar, que tem parcerias com nomes como sua mulher, Alice Ruiz,com quem compôs uma única faixa, Itamar Assumpção e Moraes Moreira. BOMFIM, M. Disponível em: h�p://cultura.estadao.com.br. Acesso em: 22 ago. 2014 (adaptado). Os gêneros textuais são caracterizados por meio de seus recursos expressivos e suas intenções comunica�vas. Esse texto enquadra-se no gênero a) biografia, por fazer referência à vida da ar�sta. b) relato, por trazer o depoimento da filha do ar�sta. c) no�cia, por informar ao leitor sobre o lançamento do disco. d) resenha, por apresentar as caracterís�cas do disco. e) reportagem, por abordar peculiaridades sobre a vida da ar�sta. L0567 - (Unicamp) 8@professorferretto @prof_ferretto Considere o diálogo intertextual entre os dois poemas e assinale a alterna�va correta. a) O texto II parodia o texto I ao deslocar o tema da conec�vidade no meio digital para o elogio da marginalidade como ato heroico. b) O texto I parafraseia o texto II ao chamar atenção para a posição marginal imposta a quem resiste à pressão de viver conectado às redes. c) O texto II alude ao texto I para reforçar a equivalência entre as condições de ficar “off-line” e ser “marginal” em cada contexto. d) O texto I parodia o texto II para situar como heroico e transgressivo o ato de se desconectar das redes sociais no contexto atual. 9@professorferretto @prof_ferretto