Buscar

Parque Estadual Mata da Pimenteira Riqueza Natural e Conservacao da Caatinga

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 268 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 268 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 268 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Apoio:
Secretaria do
Meio Ambiente
e Sustentabilidade
CONSEMA
PA
R
Q
U
E ESTA
D
U
A
L M
ATA
 D
A
 PIM
EN
TA
: R
iqueza N
atural e C
onservação da C
aatinga
A presente obra trata-se de um esforço de vários pesquisadores, educadores e 
caatingueiros em divulgar, em um único documento, informações relevantes 
sobre aspectos físicos, biológicos e antrópicos da primeira Unidade de Con-
servação (UC) Estadual, na Caatinga Pernambucana, o Parque Estadual Mata 
da Pimenteira. Essas informações são de grande valia e fundamentais para 
constituir a base do Plano de Manejo. Concomitantemente teve como objetivo 
criar um sentimento de apropriação do conhecimento sobre um bioma exclu-
sivamente brasileiro; estimular o pertencimento do nosso potencial natural, 
além de instituir possibilidades regionais referente a importância e cuidados 
dos recursos que a natureza gentilmente oferece, sobretudo, para o entorno 
dessa UC. Tais objetivos são extremamente importantes para valorização das 
nossas riquezas naturais.
 Esta publicação sobre o 
Parque Estadual Mata da 
Pimenteira é um testemunho 
da capacidade da sociedade 
pernambucana em partici-
par da tarefa coletiva, na 
construção do diagnóstico 
ambiental de uma unidade de 
Conservação. A Universidade 
Federal Rural de Pernambu-
co/Unidade Acadêmica de 
Serra Talhada, junto com os 
gestores e servidores públicos, 
construíram este instrumento, 
que ganha a assinatura de 
todos os pernambucanos, es-
pecialmente os caatingueiros, 
resultado da instrumentaliza-
ção de compromissos fi rmes e 
compartilhados, descritos em 
cada artigo desse volume, com 
legitimidade e saberes sociais, 
aliado a capacidade técnica e o 
compromisso dos professores 
em se doar com suas mãos e 
com suas mentes na tarefa 
atribuída de construir, de for-
ma participativa, transparente 
e impessoal este diagnóstico. 
Temos que nos orgulhar como 
pernambucanos, pela forma e 
pelo resultado alcançado com 
a construção desse volume, 
pioneiro, ousado e responsá-
vel, tendo como desafi o dos 
autores um esforço no sentido 
de agregar contribuições tanto 
dos cidadãos comuns como de 
cientistas e estudiosos que, de 
uma forma ou de outra, pri-
meiro analisam a Caatinga com 
os olhos do coração, para, num 
segundo momento, conhecer 
os seus segredos com os olhos 
da razão.
Dessa forma, este livro foi 
desenvolvido com o objetivo 
de apresentar à sociedade e ao 
corpo técnico do Estado um 
conjunto de dados, informa-
ções e refl exões, de maneira 
sistematizada e atualizada, 
acerca da primeira Unidade de 
Conservação Estadual criada 
no Bioma Caatinga do Estado 
de Pernambuco, e representa 
também um momento marcan-
te em termos de exercício 
intermultidisciplinar, ao en-
volver e integrar profi ssionais 
de diferentes formações rea-
fi rmando o papel do Governo 
Estadual na conservação do 
bioma Caatinga por meio da 
sua capacidade de articulação 
e diversidade disciplinar e 
institucional.
Hélvio Polito Lopes Filho
Secretario Executivo da 
Secretaria de Meio Ambiente 
e Sustentabilidade (SEMAS) do 
Estado de Pernambuco
Este livro “Parque Estadual 
Mata da Pimenteira: Riqueza 
Natural e Conservação da Caa-
tinga”, elaborado sob a compe-
tente coordenação de Ednilza 
Maranhão dos Santos,
Mauro de Melo Junior, Jacque-
line dos Santos Silva Cavalcanti 
e Gleymerson Almeida, além de 
oportunizar uma série de co-
nhecimentos sobre unidades de 
conservação, bioma caatinga, 
inventários biológicos, educa-
ção ambiental, biodiversidade, 
entre outros, contextualiza a 
temática dentro do sertão Per-
nambucano, em especial do 
Parque Estadual Mata da Pi-
menteira localizado na cidade 
de Serra Talhada.
Ademais de disponibilizar in-
formações técnicas nos capí-
tulos que constituem o livro, 
oferece-nos a oportunidade 
de refl exão sobre o nosso pa-
pel enquanto cidadãos em um 
mundo que necessita “cami-
nhar e conservar”. A leitura 
deste livro é com certeza uma 
estrada no caminho do cuidado 
e conservação de nosso plane-
ta, e de todos os seres vivos que 
o habita.
Marcelo Brito Carneiro Leão
Pós-Doutor no uso das Tecno-
logias da Informação e Comu-
nicação no Ensino de Ciências 
pela Universitat de Barcelona 
e Bolsista de Produtividade em 
Desenvolvimento Tecnológico 
do CNPq. Professor do Curso 
de Licenciatura em Química e 
do Programa de Pós-Graduação 
em Ensino de Ciências (mes-
trado/doutorado) da UFRPE. 
Atualmente é Vice-reitor da 
UFRPE.
9 788579 461385
pdf hueheuheheuhhe.indd 1 22/11/2013 16:37:17
PARQUE ESTADUAL 
MATA DA PIMENTEIRA:
Riqueza Natural 
e Conservação da Caatinga 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ednilza Maranhão dos Santos
Mauro de Melo Júnior
Jacqueline Santos Silva-Cavalcanti
Gleymerson Vieira Lima de Almeida
(Organizadores)
Serra Talhada - PE 
2013
P257 Parque Estadual Mata da Pimenteira: Riqueza Natural e Conservação da Caatinga / 
organizadores: Ednilza Maranhão dos Santos ... [et al.]. – Recife : EDUFRPE, 2013. 
 257 p. : il.
 Inclui referências e anexos.
 ISBN: 978-85-7946-138-5 
 1. Unidade de conservação 2. Nordeste (Brasil) 3. Regiões áridas 4. Biodiversidade 5. Caatinga 
 6. Pernambuco I. Santos, Ednilza Maranhão dos, org. 
 CDD 581.90954
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
Profª. Maria José de Sena — Reitora
Prof. Marcelo Brito Carneiro Leão — Vice-Reitor
Revisão Técnica
Ana Carla Alfora El-Deir UFRPE
Ana Carolina Borges Lins e Silva UFRPE
Bruno Severo Gomes UFPE
César Auguste Badji UFRPE
Cristina Maria de Souza Motta UFPE
David Holanda de Oliveira UFPB
Enaide Marinho de Melo-Magalhães UFAL
Ênio Wocyli Dantas UEPB / UFRPE
Fabiana Oliveira de Amorim UFRPE
Francisca Soares de Araújo UFC
Geraldo Jorge Barbosa de Moura UFRPE
Heliofábio Barros Gomes UFAL
Jozélia Maria Sousa Correia UFRPE
Lucas Rezende Penido Paschoal UEMG
Luciana Santos Dias de Oliveira UFRPE
Luciana Pinto Sartori CUSC/SP
Luiz Augustinho Menezes da Silva UFPE 
Maria Adélia Borstelmann de Oliveira UFRPE
Maria da Graça Gama Melão UFSCar
Nilson Sant’Anna Júnior UFRPE
Pedro Augusto Mendes de Castro Melo UFPE
Sarah Maria Athiê de Souza UFRPE
Soraya Giovanetti El-Deir UFRPE
Telton Pedro Anselmo Ramos UFPB
Uided Maaze Tiburcio Cavalcante UFPE
Viviane Ferreira Melo UFRPE
Yana Teixeira Reis UFSE
Yumma Bernardo Maranhão Valle UFRPE
Produção Editorial
Universidade Federal 
Rural de Pernambuco
Rua Dom Manoel de Medeiros, 
s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-
900 - Recife/PE
www.ufrpe.br
Projeto gráfico e diagramação
Editora Universitária da UFRPE
Capa
Eduardo Henrique de Farias 
Cavalcanti
Fotos da capa 
André Laurênio de Melo, André 
Luiz Alves de Lima, Ednilza 
Maranhão dos Santos, Bárbara 
Lins Caldas de Moraes, Lourdes 
Maria Abdu Elmoor-Loureiro, 
Mauro de Melo Júnior
Revisão 
Dorothy Bezerra Silva Brito 
e Iêdo de Oliveira Paes
Agradecimentos
Somos gratos a várias instituições, colegas e amigos por suas impor-
tantes contribuições para o engrandecimento da obra Parque Estadual 
Mata da Pimenteira: Riqueza Natural e Conservação da Caatinga. Discus-
sões e conferências realizadas em vários eventos científicos na Unidade 
Acadêmica de Serra Talhada, da Universidade Federal Rural de Pernam-
buco, foram o estímulo inicial para a realização desta obra. A partir de 
então, os organizadores desta obra conseguiram reunir um expressivo 
grupo de pesquisadores que já atuavam na área do Parque Estadual Mata 
da Pimenteira e que aceitaram, com bastante confiança e agrado, o nosso 
convite para compor este importante documento científico.
 Agradecemos a todos os revisores, váriosprofissionais, de diversas 
instituições, por suas expressivas revisões científicas e textuais em di-
ferentes capítulos desta obra.
 Somos muito gratos à UFRPE, no nome do Vice-reitor, o Prof. Dr. 
Marcelo Carneiro Leão, por sempre ter atendido às nossas inúmeras 
solicitações; a Bruno de Souza Leão, diretor da Editora Universitária 
da UFRPE, que, por sua grande presteza e dedicação, conseguiu trans-
formar um conjunto de arquivos de texto em um livro elegante e real; 
a Phillipe Burgos Cabral, pelos ajustes finais; e aos Profs. Dra. Dorothy 
Bezerra Silva de Brito, da UAST/UFRPE, e Dr. Iêdo de Oliveira Paes, do 
DLCH/UFRPE, pelas revisões textuais de todos os capítulos desta obra.
 Agradecimentos especiais ao Sr. Zenildo Cirino e todos que fazem 
o Instituto Nova Ação para Educação, Cidadania e Meio Ambiente, que 
juntamente com toda diretoria aceitou participar como parceiro na re-
alização desta obra através do Edital FEMA 1/2012 e à Profa. Dra. Maria 
Adélia Borstelmann de Oliveira (ASPAN, DMFA/UFRPE), por seu incenti-
vo e por gentilmente ter aceitado ao convite para elaborar o contagian-
te prefácio desta obra. 
 Créditos distintos vão para Eduardo Henrique de Farias Cavalcanti, 
que voluntariamente idealizou e elaborou a bela capa desta obra.
Da mesma forma, e não menos importante, agradecemos a Associa-
ção Pernambucana de Defesa da Natureza (ASPAN), ao Comitê Estadual 
da Reserva da Biosfera da Caatinga (CERBCAA/PE), ao Governo do Esta-
do de Pernambuco, através da Secretaria de Meio Ambiente e Susten-
tabilidade (SEMAS), pela iniciativa e apoio financeiro para a impressão 
desta obra, bem como para a reprodução da mesma a partir de mídias 
digitais. A consolidação deste projeto só foi possível graças aos recursos 
disponibilizados a partir do Edital FEMA 01/2012.
Por fim, e com maior destaque, a todos que lutam pela preservação/
conservação das Caatingas, aqueles que sonham e fazem do sonho uma 
realidade e a todos os seres vivos que resistem e persistem nesse Bioma.
Prefácio
Peço licença para – desbloqueando as portas de minha mente e do 
meu coração – filosofar um pouco sobre as angústias de ser uma ati-
vista do movimento ambientalista de Pernambuco, antes que vocês, 
leitores, descortinem as verdades científicas e os fatos socioambientais 
contidos nos maravilhosos capítulos desse livro sobre o primeiro Par-
que Estadual de Pernambuco, Mata da Pimenteira, localizado no mais 
brasileiro de todos os biomas nacionais – a Caatinga.
Creio que ambientalistas sofrem mais do que qualquer outro ativis-
ta, principalmente porque vivem engendrados no círculo vicioso dos 
problemas que, ao longo do tempo, adquirem a força e o poder des-
truidor de uma avalanche. Não pensem que exagero, senão analisem: 
em qualquer luta há vitórias e derrotas; porém na luta ambiental, as 
vitórias são sempre provisórias e as derrotas definitivas. Se uma flo-
resta ou uma nascente de água é destruída, não há como recuperar as 
condições preexistentes – temos aí derrotas definitivas. Se conseguir-
mos, por outro lado, proteger uma área de caatinga, por exemplo, não 
podemos relaxar nem ficar tranquilos porque evitamos a destruição. A 
todo momento aquela mesma área estará a mercê de um novo golpe, um 
novo “projeto de desenvolvimento”, uma nova “necessidade ou interes-
se social” que raramente é concebida para criar o novo sem destruir 
o antigo. Desse modo as pretensas vitórias se acumulam na luta sem 
fim e as derrotas fatais nos empurram para um mar de desolação. Isso 
exige do ambientalista um esforço de Titãs para se manter encorajado 
e disposto a continuar lutando pelo que acredita: o desenvolvimento 
verdadeiro é sustentável e compatível com a preservação da natureza.
Diante dessa dura realidade, nós, ambientalistas de carteirinha, não 
podemos desperdiçar as oportunidades de comemorar, e neste livro te-
mos um forte motivo. Ele é resultado de, na minha humilde opinião, a 
mais bela e madura vitória da luta ambientalista. Luta que envolveu 
a comunidade acadêmica local (UAST/UFRPE, Unidade Acadêmica de 
Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco), capi-
taneada pela professora e ambientalista Dra. Ednilza Maranhão dos 
Santos, a ASPAN (Associação Pernambucana de Defesa da Natureza), o 
Comitê da Reserva da Biosfera da Caatinga, gestores públicos das esferas 
municipal, estadual e federal, além de cidadãos conscientes e preocupa-
dos com a conservação da riqueza natural contida nos ecossistemas do 
Parque Estadual Mata da Pimenteira. O que motivou este grupo? O as-
sombro diante da riqueza da área somado à indignação diante de um ce-
nário cuja destruição seria uma questão de tempo... A estatística oficial 
do Governo de Pernambuco revelou aquilo que, com lágrimas nos olhos, 
se via ao redor: a linda cidade de Serra Talhada era vítima da maior taxa 
de desmatamento entre todos os 185 municípios pernambucanos.
A ASPAN, criada no dia 05 de junho de 1979, completa, neste ano de 
2013, 34 anos de atividades ininterruptas em defesa da Natureza, e teve 
na defesa de outra mata – a do Engenho Uchôa – a sua primeira luta 
e vitória provisória. É a organização ambientalista da sociedade civil, 
sem fins lucrativos, mais antiga do Nordeste do Brasil. Nascida da in-
satisfação de um pequeno grupo de estudantes da UFRPE nos tempos 
da ditadura militar, diante da destruição do ambiente e do marasmo 
da população em geral, a ASPAN não prosperaria se estes alunos não 
tivessem recebido o apoio e contado com o entusiasmo de um professor 
especial: João Vasconcelos Sobrinho.
Se para a UFRPE o Professor Vasconcelos Sobrinho é muito mais do que 
um exemplo a seguir, para nós da ASPAN ele foi o fermento que fez vicejar 
o movimento e despertar a consciência ambientalista em Pernambuco, e 
em consequência no Nordeste. Ele não só acreditou nos quatro jovens 
estudantes da Rural, entusiasmados com os discursos ambientalistas, 
estudantes estes que foram do Recife à Porto Alegre para participar de 
um encontro de entidades ambientalistas: levando-os com suas mãos ex-
perientes, Vasconcelos conduziu os estudantes, recrutando de todos os 
cantos das cidades de Recife e Olinda as pessoas sensíveis à questão am-
biental. Até hoje recebemos na ASPAN correspondências endereçadas ao 
Centro Pernambucano para a Conservação da Natureza, criado e dirigido 
por ele de modo pioneiro, para lutar pela criação de unidades de conser-
vação e combater as formas de uso insustentáveis dos recursos naturais. 
Porém, nos idos de 1979, ele avaliava que o Centro era muito acadêmico e 
pouco prático para a luta que a causa ambientalista exigia à época. Com 
um misto de brincadeira e de orgulho costumamos dizer na ASPAN que 
foi o braço armado do Centro Pernambucano para Conservação da Na-
tureza. O Dia Nacional da Caatinga, instituído por Decreto Presidencial 
datado de 20 de agosto de 2003, por sugestão da ASPAN, consagrou o dia 
de seu aniversário, 28 de abril, para comemorar e lembrar esse impor-
tante bioma brasileiro. Para se ter uma idéia da importância da ação 
desse que foi não apenas sócio fundador, mas o incentivador da ASPAN, 
basta ressaltar a sua função a nível planetário no que tange a questão 
do Semiárido brasileiro. Após a primeira Conferência da Organização 
das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente, ocorrida em 1972, o 
Brasil deu início, em 1974, aos preparativos para o Relatório Nacional 
a ser apresentado na Conferência sobre Desertificação convocada pela 
ONU, que ocorreu em Nairobi, Quênia, no continente africano em 1977. 
Este relatório ficou sob responsabilidade e coordenação do Professor 
João de Vasconcelos Sobrinho, que ainda em 1974 publicou o livro “O 
Grande Deserto Brasileiro”. As teses apresentadas neste livro vêm se 
confirmando a cada nova pesquisa, e nele estão edificados o conceito 
dos Núcleos de Desertificação, utilizado até os dias dehoje, e adotado 
oficialmente pelo Governo Federal, em estudos realizados posterior-
mente, sendo indicados como áreas prioritárias no recente Programa 
Nacional de Combate à Desertificação. Como cientista ligado a insti-
tuições governamentais (exerceu vários cargos públicos, entre eles: 
vice-reitor da UFRPE, diretor de Floresta da Secretaria da Agricultura 
do Estado de Pernambuco, consultor da SUDENE), Vasconcelos não se 
intimidava em fazer o papel que caberia às instituições da sociedade 
civil, de pressionar o Estado a tomar certas medidas. Uma vez que seu 
salário era pago pelo governo, ele acabava se tornando fator de pressão 
dentro dos órgãos governamentais. Mas Vasconcelos Sobrinho tinha 
estrutura para suportar a pressão. Detentor de um lado místico que 
poucos conhecem, ele se considerava um buscador da Verdade e seus 
livros “Catecismo da Ecologia” e “Ciência, religião sem dogmas” tradu-
zem esse equilíbrio. Não quero me furtar da oportunidade de deixar 
para o deleite dos leitores essa pérola, que revela de modo concentrado 
parte de seus ensinamentos ecológicos, que ele sabiamente chamou de 
Dez Mandamentos da Ecologia:
1. Ama a Deus sobre todas as coisas e a Natureza como a ti mesmo.
2. Não defenderás a Natureza em vão, apenas com palavras, mas 
através de teus atos.
3. Guardarás as florestas virgens, pois tua vida depende delas.
4. Honrarás a fauna, a flora, todas as formas de vida, e não ape-
nas a humana.
5. Não matarás.
6. Não pecarás contra a pureza do ar deixando que a indústria 
suje o que a criança respira.
7. Não furtarás da terra sua camada de húmus, raspando-a com o 
trator, condenando o solo à esterilidade.
8. Não levantarás falso testemunho dizendo que o lucro e o pro-
gresso justificam teus crimes.
9. Não desejarás para teu proveito que as fontes e os rios se enve-
nenem com o lixo industrial.
10. Não cobiçarás objetos e adornos para cuja fabricação é preciso 
destruir a paisagem: a terra também pertence aos que ainda 
estão por nascer.
Realizar um sonho marca indelevelmente a vida de qualquer pessoa, 
de qualquer instituição. Quando esta realização resultou de um sonho 
sonhado junto, então...como diz a canção... é realidade! Nas páginas se-
guintes, vocês terão a alegria de confirmar o final feliz de uma história 
verdadeira de luta e de superação, de boa vontade e de companheiris-
mo. A história de uma vitória que nos conclama a permanecermos sem-
pre juntos, cuidando do novo rebento, cujo nascimento trará muitos 
frutos e mostrará a todos que esta luta vale a pena.
 Ambientalista Maria Adélia Borstelmann Oliveira – ASPAN
Sumário
Capítulo 1
O Parque Estadual Mata da Pimenteira - Primeira 
Unidade de Conservação Estadual 
na Caatinga de Pernambuco
13
Ednilza Maranhão dos Santos, Gleymerson Vieira Lima de Almeida, Lourinalda Luíza 
Dantas da Silva Selva de Oliveira, Everdelina Roberta Araújo de Meneses, Marilourdes Vieira 
Guedes, Ana Cláudia Sacramento, Giannina Settimi Cysneiros Landim Bezerra, 
Joice de Vasconcelos Alexandrino Brito & José Cordeiro dos Santos.
Capítulo 2
Climatologia e Características Geomorfológicas 27
Thieres George Freire da Silva & André Quintão de Almeida
Capítulo 3
Fitoplâncton de um Lago Temporário Raso 37
Ariadne do Nascimento Moura, Juliana dos Santos Severiano, Mauro Cesar Palmeira 
Vilar & Mauro de Melo Júnior 
Capítulo 4
Mucorales (Mucoromycotina) 51
Carlos Alberto Fragoso de Souza, Cynthia Maria Carneiro Costa, 
Leonor Costa Maia & André Luiz Cabral Monteiro de Azevedo Santiago 
Capítulo 5
Flora Aquática de Duas Lagoas Temporárias 65
Wesley Patrício Freire de Sá Cordeiro, Carmen Sílvia Zickel, Samara Silva de Matos, 
Rivânia de Melo, Débora Rafaela Menezes Caldas, Mauro de Melo Júnior, 
Ana Paula de Souza Gomes & André Laurênio de Melo
Capítulo 6
Flora Vascular Terrestre 81
André Laurênio de Melo, André Luiz Alves de Lima, Tatiane Gomes Calaça Menezes, 
Rodrigo Soares Cordeiro, Elvira de Souza Santos, Séfora Gil Gomes de Farias, Flávia 
Vieira da Silva, Débora Rafaela Menezes Caldas, Samara Silva de Matos, Rivânia de Melo, 
Lucivania Rodrigues Lima, Wesley Patrício Freire de Sá Cordeiro, 
Ana Paula de Souza Gomes & Maria Jesus Nogueira Rodal
Capítulo 7
Estrutura e Funcionamento da Vegetação Lenhosa 105
André Luiz Alves de Lima, André Laurênio de Melo, Tatiane Gomes Calaça Menezes, 
Séfora Gil Gomes de Farias, Lucivania Rodrigues Lima, 
Everardo Valadares de Sá Barretto Sampaio & Maria Jesus Nogueira Rodal
Capítulo 8
Fauna Planctônica e Fitófila 
de uma Lagoa Temporária Rasa 
121
Mauro de Melo Júnior, Leidiane Pereira Diniz, Marcos Felipe Menezes Magalhães, 
Maiara Tábatha da Silva Brito, André Laurênio de Melo, 
Lourdes Maria Abdu Elmoor-Loureiro & Viviane Lúcia dos Santos Almeida
Capítulo 9
Macroinvertebrados Aquáticos 137
Girlene Fábia Segundo Viana, Silvano Lima do Nascimento Filho, Paulo Rogério de 
Souza Almeida & Jesser Fidelis de Souza-Filho
Capítulo 10
Cupins 151
Carlos Romero F. Oliveira, Cláudia Helena C.M. Oliveira & Yasmin Bruna S. Bezerra 
Capítulo 11
Ictiofauna de Poças Temporárias 165
Elton José de França & Willian Severi 
Capítulo 12
Vertebrados Tetrápodes 175
Ednilza Maranhão dos Santos, Barbara Lins Caldas de Moraes, 
Francisco Geraldo de Carvalho Neto & Gleymerson Vieira Lima de Almeida 
Capítulo 13
Educação Ambiental – Experiência em uma Escola 207
Renan do Nascimento Barbosa, Bárbara Augusta Estima Mota 
& Ednilza Maranhão dos Santos 
Capítulo 14
Resíduos Sólidos em Unidades de Conservação: 
Instrumentos Legais e Perspectivas de Monitoramento
221
Jacqueline Santos Silva-Cavalcanti, Maria Christina Barbosa de Araújo 
& Bhertone Batista Freire
Capítulo 15
Medidas de Controle e Ações de Manejo 235
Gleymerson Vieira Lima de Almeida, Ednilza Maranhão dos Santos, Barbara Lins 
Caldas de Moraes, Girlene Fábia Segundo Viana, Elton José de França, Jacqueline Santos 
Silva-Cavalcanti, Maria das Graças Sobreira & Sérgio de Azevedo Mendonça
Breve Biografia dos Autores 257
Capítulo 1
16
O Parque Estadual Mata da Pimenteira 
- Primeira Unidade de Conservação 
Estadual na Caatinga de Pernambuco
Ednilza Maranhão dos Santosa, Gleymerson Vieira Lima de Almeidab, Lourinalda 
Luíza Dantas da Silva Selva de Oliveirac, Everdelina Roberta Araújo de Menesesb, 
Marilourdes Vieira Guedesd, Ana Cláudia Sacramentod, Giannina Settimi Cysneiros 
Landim Bezerrac, Jóice de Vasconcelos Alexandrino Britoe & José Cordeiro dos Santosd
Resumo 
O Parque Estadual Mata da Pimenteira surgiu de uma inquietação de 
grupos de professores e alunos da Unidade Acadêmica de Serra Talhada, 
prefeitura e amigos ambientalistas que observavam e deslumbravam 
com a paisagem única das serras com toda sua biota. Preocupados com 
a exploração da lenha na região e, bem como, em manter a diversidade 
de organismos na área, além de melhor qualidade de vida para as co-
munidades humanas do entorno, se reuniram, debateram e, com ajuda 
do Comitê Estadual da Reserva da Bioesfera da Caatinga (CEBCAA) e da 
Associação Pernambucana em Defesa da Natureza (ASPAN), iniciaram 
esforços para transformar a área em Unidade de Conservação. Como 
consequência dessa luta, em 2012 foi criado o Parque Estadual Mata 
da Pimenteira, a primeira unidade de conservação Estadual do Bioma 
Caatinga no estado de Pernambuco (Decreto n. 37.823/12). 
Palavras-chave: Área protegida. Conservação da Caatinga. Serra Ta-
lhada. Região do Pajeú.
Introdução
A palavra caatinga tem sua origem na lingua indígena tupi, signifi-
ca caa = mata + tinga = branca “mata branca” ou “floresta branca”. Sua 
vegetação apresenta, na maior parte do ano, aspecto esbranquiçado 
ou prateado, em decorrência da perda de folhas pelas plantas na esta-
a – Universidade Federal Rural de Pernambuco,Departamento de Biologia, Recife/PE. E-mail: 
ednilzamaranhao@gmail.com; 
b - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE/UAST), 
Fazenda Saco s.n., CEP 56900-000, Serra Talhada - PE;
c - Universidade Federal Rural de Pernambuco,Departamento de Química Recife/PE; 
d - Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (SEMAS-PE), Recife-PE.
e - Analista Ambiental da CPRH, Recife-PE
17
ção seca e de algumas delas possuirem caule claro ou cinzento. Existe uma 
grande diversidade de paisagens nesse Bioma e é comum a denominação de 
“as Caatingas” devido às diferentes feições (Maia, 2004). Podemos resumir 
caracterizando-a como uma comunidade vegetal xerófila, de fisionomia e 
diversidade variadas, composta por uma vegetação que varia de aberta e ar-
bustiva até fechada e florestal, típica da região semiárida nordestina. Ocupa 
uma área que corresponde a mais de 800.000 km² (IBGE, 2004), 9,92% do ter-
ritório nacional e 70% da região Nordeste (Rodal & Sampaio, 2001) e se esten-
de do Piauí até o norte do Estado de Minas Gerais, se constituindo em um dos 
principais domínios morfoclimáticos brasileiro (Ab’Saber, 1977). 
Dos grandes tipos de vegetação do Brasil, a caatinga, é o mais hete-
rogêneo, apresentando sempre um aspecto novo, seja de um local para 
outro, seja na mesma região em estações climáticas diferentes (Egler, 
1951). Estudada por Dárdano de Andrade Lima, João de Vasconcelos So-
brinho, Dora do Amarante Romariz, Walter Egler entre outros, os quais 
grandemente contribuíram para o conhecimento fitogeográfico desse 
bioma. As caatingas dividem-se em dois grandes grupos: as caatingas 
hipoxerófilas e as caatingas hiperxerófilas, que se diferenciam por re-
gião de ocorrência, bem como por disporem em diferentes proporções 
de fatores como umidade, condições de exposição ou não aos ventos, 
natureza do solo e topografia (Egler, 1951; Andrade-Lima, 1981, 1989; 
Ferraz et al., 1998; Leal et al., 2003; Maia, 2004).
Por muito tempo se sustentou o mito de que a Caatinga era conside-
rada homogênea, com uma biota pobre em espécies e em endemismos, 
mas através do esforço de alguns pesquisadores esse “sentimento” vem 
mudando (Leal et al., 2003). Uma das principais iniciativas para desta-
car a Caatinga como um bioma biodiverso, além dos projetos financiados 
pelo MMA, foi a realização da oficina “Avaliação e identificação de ações 
prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de 
benefícios da biodiversidade do bioma Caatinga”, na cidade de Petroli-
na/PE entre os dias 21 e 26 de maio de 2000. Esse evento destacou que, 
apesar do semiárido possuir profundas chagas relacionadas às questões 
políticas e sociais, a Caatinga tem uma biota representativa. Além disso, 
foi evidenciada a necessidade e a urgência da realização de inventários e 
monitoramentos multidisciplinares para melhor documentar a biodiver-
sidade, e através desta prática definir áreas prioritárias para conserva-
ção no domínio. Nessa oficina o município de Serra Talhada foi apontado 
como de alta importância biológica (MMA, 2002), assinalada como uma 
área prioritária para investigação biológica. Posteriormente, o governo de 
18
Pernambuco também destacou potencialidades ecológicas no Município 
em seu atlas de prioridades para a conservação biológica (CNRBCAA, 2004).
Em 2006, com o estabelecimento da Unidade Acadêmica de Serra Ta-
lhada, uma expansão da Universidade Federal Rural de Pernambuco 
(UFRPE/UAST) na Fazenda Saco, em Serra Talhada, alguns pesquisado-
res encantados com a beleza que observavam ao redor da instituição de 
ensino (Figura 1.1.A), apaixonados pela Caatinga e tendo como inspira-
ção os ensinamentos do Professor João de Vasconcelos Sobrinho (Figura 
1.1.B), iniciaram a exploração científica na área da Fazenda e destacaram 
em seus trabalhos a representatividade da Mata da Pimenteira e seus 
complexos de serras, indicando a necessidade de criar uma Unidade de 
Conservação (U.C.) na localidade. Isso com base num compromisso, que 
diz a convenção para a diversidade Biológica: “Assinada por vários países, 
incluindo o Brasil, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Am-
biente e Desenvolvimento, estabeleceu um conjunto de medidas a serem adota-
das para conservar a diversidade biológica de cada nação, conferindo especial 
destaque à conservação in situ, ou seja, a proteção da biodiversidade no próprio 
local de ocorrência natural, cujo sistema de unidades de conservação é um dos 
instrumentos essenciais”.
Essa indicação foi apresentada durante as reuniões do Comitê Estadual 
da Reserva da Biosfera da Caatinga (CERBCAA) e reunião com a Associação 
Pernambucana em Defesa da Natureza (ASPAN). Ambas foram importan-
tes para oficializar e dar início às solicitações e tramitações junto ao Go-
verno do Estado, que contou com o auxílio de alguns professores da UAST 
e da Prefeitura de Serra Talhada, respectivamente no fornecimento de da-
dos e no apoio político. Posteriormente, a área foi visitada pelos técnicos 
da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e da Secretaria Estadual do 
Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), que confirmaram as potencia-
lidades do local para a conservação. A partir dessa visita foram iniciadas as 
etapas para criação e implementação da primeira Unidade de Conservação 
gerenciada pelo Estado de Pernambuco dentro do bioma Caatinga, o “Par-
que Estadual Mata da Pimenteira”. O nome Mata da Pimenteira foi mantido 
por representar o fragmento florestal com maior destaque e também por 
ser conhecido pela população local, mantendo-se o registro local. Nesse 
trabalho será apresentada uma breve descrição de uma conquista impor-
tante para o município de Serra Talhada e do sertão do Pajeú. 
Os dados aqui apresentados referem-se, na sua maioria, a informa-
ções secundárias, disponíveis na literatura, entrevistas informais com 
algumas personalidades históricas que viveram e conheceram a Fazen-
19
da Saco, bem como aquelas que participaram ativamente do processo de 
construção e também de atividades que ocorreram e que foram impor-
tantes no processo de conhecimento e sensibilização de um dos resquí-
cios mais importantes da Caatinga de Pernambuco. Conhecer essa traje-
tória é de grande valia para a valorização da luta por um ideal comum 
na defesa da biodiversidade do bioma e do planeta. É possível, através de 
organizações coletivas, nas discussões em grupos e da perseverança de 
pessoas comprometidas, proteger um pouco do que resta do patrimônio 
genético desse bioma, único e exclusivamente brasileiro. A seguir vocês 
irão conhecer um pouco dessa história.
A cidade de Serra Talhada
Serra Talhada encontra-se distante cerca de 415 km do Recife, capital 
do Estado de Pernambuco, com acesso pela BR-232. Localiza-se na mesor-
região do Sertão, na microrregião do Vale do Pajeú e na região de desen-
volvimento do Pajeú (RD-Pajeú). Possui uma população de mais de 80.000 
habitantes em uma área aproximada de 2.980 km² com uma densidade 
demográfica de 26,59 hab/km² (IBGE, 2010). Tem como principal ativida-
de econômica a agropecuária, com destaque para o cultivo de lavouras 
de subsistência, algodão e cana-de-açúcar e a criação de caprinos e ovi-
nos, além de atividades ligadas ao comércio.
A cidade teve início em meados do século XVIII, com a chegada do 
capitão-mor da esquadra portuguesa, Agostinho Nunes Magalhães, que 
arrendou a sesmaria a Casa da Torre, às margens do Rio Pajeú. No sopé 
da imponente serra que marca a paisagem, o português arrendou qua-
tro fazendas, inclusive a Fazenda Serra Talhada, numa alusão ao relevo 
(um corte abrupto) observado na serra de mesmo nome (Figura 1.1.A). 
Hoje essa serra é uma das grandes atrações paisagísticas da cidade e é 
considerada um monumento natural de grande relevância para todos os 
serratalhadenses. A Serra Talhadaé considerada um potencial atrativo 
turístico devido à sua formação rochosa, granítica, sua altura e estru-
tura, e por ser propícia à prática de esportes radicais como rapel e es-
calada. Sua vegetação, a caatinga, permite ainda a realização de trilhas 
ecológicas, corridas de aventura, interpretação do próprio bioma, estu-
dos científicos, observação de pássaros, turismo fotográfico, entre outras 
atividades de baixo impacto ambiental. Os açudes de Jazigo e Cachoeira, 
a barragem de Serrinha, uma das maiores de Pernambuco, e o mirante 
Talhado do Urubu, que possibilita uma magnífica visão da Chapada do 
Araripe, do Vale do Pajeú e do açude do Saco, também são atrações turís-
ticas da cidade.
20
Atualmente o município encontra-se em crescimento econômico 
contínuo com a instalação de novos empreendimentos e grandes insti-
tutos de ensino, como universidades e escolas técnicas. É considerado 
um polo médico importante (CPRN, 2005) na região, e está inserido nos 
circuitos turísticos de Pernambuco, pela Rota do Cangaço e Rota – 232.
A história do cangaço ainda pulsa nas tradições de Serra Talhada. 
Todos os anos há o encontro Nordestino de Xaxado (dança muito apre-
ciada pelos cangaceiros), excursões à casa onde Lampião nasceu e mu-
seus do cangaço, constituindo um lugar apropriado para turismo histó-
rico, de aventura e técnico científico na região (Lorena, 2001). 
A Fazenda Saco
Há informações, no livro “Serra Talhada – 250 anos de história 150 anos 
de emancipação política”, através de entrevista fornecida pelo Sr. Genário 
Rodrigues, de que um dos primeiros titulares da Fazenda Saco foi Agos-
tinho Nunes de Magalhães. Posteriormente o Coronel Braz Magalhães 
(nome atual da escola municipal situada na Fazenda Saco), descendente 
do Sr. Agostinho e bisavô do Governador Agamenon Magalhães, tornou-se 
também titular da Fazenda Saco e decidiu pela construção da parede de 
terra do primeiro Açude Saco, em 1848. Em 1930 o Coronel Cornélio Soa-
res, parente da família Magalhães, vende para o Estado de Pernambuco a 
Fazenda Saco. Na época o governador era o Sr. Estácio Coimbra. Em con-
vênio com o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS - na 
época INFOCS: Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas) ergueram o 
grande paredão de pedra e cal que deu origem ao atual Açude Saco. Em 
1935, o Engenheiro Agrônomo Lauro Bezerra assumiu a chefia da Fazenda 
Saco, que era ocupada pelas atividades dos departamentos da Secretaria 
da Agricultura. O Dr. Lauro permaneceu à frente das atividades desenvol-
vidas na Fazenda Saco até 1947. O Nome da estação experimental do Insti-
tuto Agronômico de Pernambuco (IPA) tem o seu nome em homenagem à 
dedicação na gestão desse patrimônio.
A Fazenda Saco ou Estação Experimental Lauro Bezerra – IPA (atualmen-
te, Instituto Agronômico de Pernambuco), na sua extensão original, ocu-
pava 3.200 hectares. O açude Saco, quando na sua cota máxima, cobre 500 
hectares. Este resulta da barragem do riacho do Medéia, que nasce na Serra 
do Triunfo, drena metade do município de Triunfo e, praticamente, todo o 
município de Santa Cruz da Baixa Verde. A margem direita do lago é deno-
minada HARAS e constitui, hoje, um assentamento do Instituto Nacional 
de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). As terras da margem esquerda 
são divididas pelos lugares conhecidos pelos nomes de Barragens Trinta e 
21
Sete, Guiné, Vila, Pedra Branca, Cumbuco, Piáu, Xique-xique, Mandaçaia, 
Paus-Brancos e Pimenteira.
A Estação Lauro Bezerra dista cerca de 3 km do centro urbano de Serra 
Talhada. Recentemente o acesso foi asfaltado e se dá a partir da BR-232, 
em um anexo federal recentemente construído na imediação do viaduto, 
conhecida localmente como a Avenida do Saco ou Avenida Padre Cícero. Em 
seguida, no final do asfalto, segue por uma estrada vicinal de onde se obser-
va o Açude Saco e todo complexo de serras.
Parte da Fazenda Saco foi doada para UFRPE/UAST, 52 ha, e 934 ha para 
um assentamento rural do Instituto Nacional de Colonização e Reforma 
Agrária (INCRA). O IPA inicialmente explorou nessas terras sementes se-
lecionadas de algodões arbóreos, de milho e feijão de corda, produção de 
reprodutores caprinos, bovinos e equinos, pecuária em regime de semi-
-cofinamento, manejo florestal e pesca. Sua estação de piscicultura foi 
construída no ano de 1980, contudo, esta atividade no local já havia sido 
introduzida no ano de 1975, antes mesmo da construção da referida es-
tação (IPA, 2003). Algumas comunidades que vivem na Fazenda e no seu 
entorno utilizam a piscicultura como meio de subsistência, através de 
criatórios de peixes (IPA, 2003). 
Quanto à unidade geoambiental, esta se encontra inserida na Depressão 
Sertaneja que representa a paisagem típica do semiárido nordestino, ca-
racterizada por uma superfície de pediplanação bastante monótona, rele-
vo predominantemente suave-ondulado, cortada por vales estreitos, com 
vertentes dissecadas. Elevações residuais, cristas e/ou outeiros pontuam a 
linha do horizonte. Esses relevos isolados testemunham os ciclos intensos 
de erosão que atingiram grande parte do sertão Nordestino. A vegetação é 
basicamente composta por Caatinga Hiperxerófila com trechos de Floresta 
Caducifólia (Proposta para Criação, 2011).
O Parque Estadual Mata da Pimenteira e sua história
O Parque localiza-se nas porções sul, oeste e noroeste da propriedade do 
IPA e possui 887,24 ha. Esta área corresponde, em sua maior parte, a topos 
de serras e tem seus limites definidos, ora pela cota topográfica de 530 
metros, ora pela estrada vicinal que limita a Mata da Pimenteira ao norte. 
Os espaços contornados por estes limites estão representados, de forma 
geral, por áreas com alta declividade (acima de 45°) e por um fragmento 
expressivo de caatinga arbórea, com aproximadamente 300 ha de exten-
são conhecida como Mata da Pimenteira, contígua à área da Serra Branca, 
área de caatinga bem preservada, reserva legal da Estação Lauro Bezerra. 
22
Em 2006 alguns professores da UFRPE/UAST recém chegados na re-
gião, deslumbrados com a área, mas preocupados com o número alarman-
te de caminhões que utilizavam as estradas da fazenda para transportar 
madeiras nativas (Figrura 1.1.C), decidiram procurar ajuda para fiscalizar 
e proteger as áreas de APPs e de caatinga preservada. Essa busca por ajuda 
contribuiu com parcerias importantes como da Prefeitura Municipal de 
Serra Talhada, o CERBCAA e a ASPAN, em especial da colaboração da 
professora e ambientalista Dra. Maria Adélia B. de Oliveira. Além desse 
apoio, eventos foram realizados a fim de informar e sensibilizar a comu-
nidade universitária e do entorno da importância da conservação da área. 
Foram realizados entre 2008 e 2010 eventos como o Primeiro Seminário 
sobre Criação de RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), ciclos 
de palestras sobre a conservação da Caatinga e eventos comemorativos 
no dia 28/04, dia Nacional da Caatinga (Figuras 1.1. D, I e G). Nesses mo-
mentos eram apresentadas as descobertas e potencialidades da Mata da 
Pimenteira e sua importância como banco genético e biblioteca viva para 
os alunos da UAST. Durante esses eventos houve revelações interessantís-
simas, como a participação de alunos com suas poesias. Um desses desta-
ques e que foi bastante ativo no processo de sensibilização foi o aluno do 
curso de bacharelado em ciências biológicas, George Nascimento, conheci-
do como Dó Viagem. Um dos seus poemas foi recitado em várias ocasiões 
e é digno de registro:
 Homem, raiz da CAATINGA
Homem no meio do mato
Menino chupando umbu
Moça tirando comida
De um pé de mandacaru
...
Um casal de peba
Debaixo da jurema
Escutando a sariema 
A natureza a cantar 
O homem trabalha todo dia
Derrubando a vegetação
Coisa que a mãe natureza 
Levou mais que um milhão
Pra fazer toda beleza
Que homem derrubar sem coração
Olhetenha certeza 
Do tamanho da destruição
Aqui vai minha mensagem
Escute e preste atenção
Você que é nordestino
Cuide e preserve nossa região
Principalmente da caatinga
Que está sofrendo uma ta de 
desertificação. 
(Dó Viagem)
23
O processo de criação da Unidade de Conservação foi iniciado em ja-
neiro de 2010 a partir de documentos encaminhados à SECTMA (antiga 
Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente): 1- Carta do CERB-
CAA. Nº 02/2010, de 26.01.2010, indicando três áreas para a criação de 
U.C., entre elas a Fazenda Saco - Serra Talhada; 2- Ofício da Prefeitura 
Municipal de Serra Talhada. Nº 17/2010, de 28.01.2010 (com mais 07 áre-
as indicadas para criação de U.C.´ s); e 3- Ofício da ASPAN/UAST/UFRPE. 
S/N, de 28.04.2010, solicitando a criação de U.C. nas matas da Fazenda 
Saco e no complexo de serras dos arredores.
Em oito de junho de 2010, foi realizada outra vistoria técnica conjunta 
SECTMA e CPRH, para reconhecimento das áreas indicadas (Figura 1.1F) e 
processo de discussão com contribuição dos professores da UFRPE/UAST. 
Posteriormente foi elaborado o relatório técnico conjunto da SECTMA e 
CPRH (DRFB/UGUC Nº 014/2010 de 15.06.2010) em que foi confirmada a 
viabilidade da área para criação da U.C..
No final de setembro de 2010 foi realizada outra visita Técnica e elabo-
rado o Relatório Técnico da SECTMA, hoje SEMAS e CPRH (DRFB/UGUC 
Nº 022/2010 de 01.10.2011), onde foram vislumbrados os primeiros limites 
para a Unidade de conservação. Deve-se destacar nessas visitas a presen-
ça do Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sr. Sérgio Xavier, 
e do Secretário executivo de meio ambiente, Sr. Hélvio Polito. 
Em outubro de 2010, foi instituído o Grupo de Trabalho/GT - Portaria 
129, de 15.10.2010 – composto por membros da SECTMA, da CPRH, do 
IBAMA, do ICMBIO, do MMA, da CODEVASF, e do CERBCAA, tendo como 
objetivo selecionar e analisar as áreas prioritárias para criação de Uni-
dades de Conservação no Bioma Caatinga do Estado de Pernambuco. Em 
15 de dezembro de 2010 foi realizada a reunião conjunta com a UFRPE/
UAST, o IPA, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Urbano 
Sustentável de Serra Talhada, a Prefeitura Municipal de Serra Talhada, 
a CPRH e a SECTMA, quando ficou definida a agenda pactuada entre 
os participantes da reunião. Como encaminhamento, os participantes 
apresentaram mais alguns dados existentes sobre a área e vislumbrou-
-se a possibilidade de criação da U.C. nas áreas de Preservação Perma-
nentes - APP s´, nas áreas de Reserva Legal e nas conectividades com 
elevação acentuada. Em 28 de abril de 2011, em um evento realizado 
pelo NEPPAS (Núcleo de Estudos, Pesquisas e Práticas Agroecológicas 
no Semiárido) na UFRPE/UAST em Serra Talhada, em comemoração ao 
Dia Nacional do Bioma Caatinga, foi anunciado pelo Secretário de Meio 
Ambiente e Sustentabilidade, Sr. Sérgio Xavier, a criação da Unidade de 
Conservação Mata da Pimenteira. Nesse mesmo dia o secretário, junta-
24
mente com técnicos da SEMAS, professores da Universidade e Diretor 
Municipal do Meio Ambiente, Sr. Homembom Magalhães, visitaram a 
Serra Grande, que dá o nome à cidade de Serra Talhada, área contígua 
ao Parque Estadual Mata da Pimenteira e que também encontra-se em 
processo de criação de uma Unidade de Conservação Municipal. 
Em maio de 2011, quando da realização do “I Workshop para Defini-
ção de Áreas Prioritárias para Criação de Unidades de Conservação no 
Bioma Caatinga do Estado de Pernambuco”, a Fazenda Saco foi incluída 
como uma das treze áreas prioritárias pelas instituições participantes.
A partir da importância da validação pelo IPA da área de 887,24 ha 
(equivalente às Áreas de Preservação Permanente- APP e às áreas de 
Reserva Legal - RL) e do consenso sobre os limites da área (Figuras 1.1. 
G, H), foi dado prosseguimento ao processo de criação da U.C., a partir 
da sistematização dos estudos existentes, levantamento georreferen-
ciado da Fazenda Saco, da quantificação da área que seria disponibili-
zada pelo IPA para a criação da Unidade de Conservação. 
Todos os dados e informações que foram analisados para a formula-
ção da proposta levaram a concluir pela significância da Fazenda Saco 
para conservação da biodiversidade da Caatinga pernambucana. A sua 
vegetação representativa e distinta em termos de fitofisionomia, devi-
do às grandes modificações proporcionadas pelo Complexo de Serras, 
torna a paisagem muito interessante. 
A proposta Técnica elaborada em conjunto com as equipes da UFRPE/
UAST, SEMAS e CPRH foi apresentada em Consulta Pública no dia 14 de de-
zembro de 2011 na Câmara de Vereadores de Serra Talhada, e contou com 
a participação das comunidades que vivem no entorno do Parque, órgãos 
públicos e privados, escolas estaduais e municipais, Prefeitura, associações, 
ONGs e Sociedade Civil. Após aprovada pelos participantes a proposta foi 
ainda apresentada ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA).
Em 23 de janeiro de 2012 o governador do Estado de Pernambuco, Sr. 
Eduardo Campos, baixou o decreto de nº 37.823 que criou oficialmente 
o Parque Estadual Mata da Pimenteira.
Em 03 abril de 2012, foi realizada uma audiência pública para formação 
do Conselho Gestor do Parque Estadual Mata da Pimenteira. Em junho de 
2012 foi criada a Portaria de nº 062/2012 que institui o Conselho Gestor do 
Parque Estadual Mata da Pimenteira. 
Essa proposta fornecida pelo governo do estado evidenciou que o objeti-
vo geral para a criação da U.C. é contribuir para a preservação e a restaura-
ção da diversidade ecológica da Caatinga, ampliando a representatividade 
dos ecossistemas estaduais protegidos como unidades de conservação.
25
Figura 1.1. Momentos e dados relacionados à Criação do Parque Estadual da Mata da 
Pimenteira. A – Vista geral da Serra Talhada na época chuvosa; B – Professor João de 
Vasconcelos Sobrinho, o “pai da Caatinga” (Fonte:www.onordeste.com/onordeste/
enciclopediaNordeste); C – Saída de caminhões com lenha da Fazenda Saco; D, E, G – Cartaz 
dos eventos no Dia Nacional da Caatinga e momentos de sensibilização da comunidade 
sobre a Mata da Pimenteira; F – Visita técnica a área da Pimenteira com a UFRPE, ASPAN, 
CPRH e SEMAS; H – Palestras nas escolas em Serra Talhada sobre a importância da Unidade 
de Conservação.
26
Agradecimentos
A todos que fazem a Unidade Acadêmica de Serra Talhada, em es-
pecial aos alunos do Bacharelado em Ciências Biológicas da disciplina 
zoologia A e D; Ao diretor do departamento de biologia da UFRPE e 
membro do CONSEMA, Dr. Severino Mendes de Azevedo Junior pela 
participação e apoio durante a visita técnica a área; A todos os funcio-
nários do IPA, em nome do Dr. Eraldo, pelo apoio e atenção; Ao Comitê 
Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga, à ASPAN em nome da Pro-
fessora Maria Adélia B. de Oliveira. Aos gestores do Município de Serra 
Talhada na época, Prefeito Carlos Evandro e seu Vice-Prefeito, Luciano 
Duque. A Joice Brito e todos os técnicos da CPRH, técnicos e Secretário 
Estadual do Meio Ambiente, Sérgio Xavier, ao Secretário Executivo do 
Meio Ambiente Hélvio Polito pela promessa cumprida, e em especial a 
um filho ilustre de Serra Talhada, pelos seus ensinamentos e amor pela 
Caatinga, o professor Homembom Magalhães.
Referências Bibliográficas
1. Ab’Saber, A. N. 1977. Os domínios morfoclimáticos da América do Sul. 
Primeira aproximação. Geomorfologia, São Paulo, 1977, 52:1-22.
2. Andrade-Lima, D. 1981. The caatinga dominium. Revista Brasileira 
de Botânica, v.4, p.149-153.
3. Andrade-Lima, D. 1989. Plantas das Caatingas. Rio de Janeiro: Aca-
demia Brasileira de Ciências, 243p.
4. Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga - CNRBCAA 
(Brasil). 2004. Cenários para o Bioma Caatinga. Secretaria de Ciência, 
Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Recife: SECTMA, 283p.
5. Egler, W. A. 1951.Contribuição ao Estudo da Caatinga Pernambucana. 
Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE. Ano 13, n.4, p. 
577-590, out./dez. 
6. Ferraz, E. M. N.; Rodal, M. J. N.; Sampaio, E. V. S. B., Pereira, R. C. A. 
1998. Composição florística em trechos de vegetação de caatinga e brejo 
de altitude na região do Vale do Pajeú, Pernambuco. Revista Brasileira 
de Botânica 21:7-15.
27
7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 2004. Biomas 
continentais do Brasil. Ministério do Meio Ambiente, Ministério do 
Planejamento, Orçamento e Gestão.
8. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 2010. Censo po-
pulacional por Município 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/
cidadesat/painel/painel.php?codmun=261390. Acesso em: janeiro/2012.
9. IPA, Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária. 2003. Dispo-
nível na em : <http://www.ipa.br/ipa.php?id=1>. Acesso em 28 de agosto 
de 2009. 
10. Leal, I. R., Tabarelli, M. & Silva, J. M. C. (eds.). 2003. Ecologia e Con-
servação da Caatinga. Editora Universitária, UFPE, p. 275-333. 
11. Lorena, L. 2001. Serra Talhada 250 Anos de História 150 Anos de 
Emancipação Política. Serra Talhada, Sertagráfica. 380 p.
 12. Maia, G. N. 2004. Caatinga, árvores e arbustos e suas utilidades. 
Leitura e arte edi., São Paulo 413p.
13. Ministério do Meio Ambiente - MMA – Brasil. 2002. Avaliação e 
Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Caa-
tinga. Brasília: UFPE, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento, Conser-
vation International – Fundação Biodiversitas, EMBRAPA – Semi-árido, 
MMA/SBF, 36p.
14. Proposta para Criação da Unidade de Conservação na Fazenda 
Saco, Município de Serra Talhada. 2011. Secretaria de Meio Ambiente 
e Sustentabilidade. 53p.
15. Rodal, M.J.N. & Sampaio, E.V.S.B. 2002. A vegetação do bioma Caatin-
ga. In: E.V.S.B. Sampaio; A.M. Giulietti, J. Virgínio & C.F.L. Gamarra-Rojas 
(eds.). Vegetação e Flora da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste / 
Centro Nordestino de Informações sobre Plantas, Recife, p. 11-24.
16. Serviço Geológico do Brasil - CPRM. 2005. Projeto cadastro de fon-
tes de abastecimento por água subterrânea. Diagnóstico do muni-
cípio de Serra Talhada, estado de Pernambuco / Organizado [por] 
Mascarenhas, J. C.; Beltrão, B. A.; Souza Junior, L. C.; Galvão, M. J. T. G.; 
Pereira, S. N.; Miranda, J. L. F.; Recife: CPRM/PRODEEM, 32p.
Capítulo 2
30
Climatologia e Características 
Geomorfológicas
Thieres George Freire da Silvaa & André Quintão de Almeidab
Resumo
Nesse capítulo foi realizada a descrição da climatologia e das prin-
cipais características geomorfológicas do Parque Estadual Mata da Pi-
menteira. Para isso foram usados dados de radiação solar global, tem-
peratura mínima, média e máxima do ar, precipitação pluviométrica, 
umidade relativa do ar e velocidade do vento, a partir dos quais tam-
bém foi feito o balanço hídrico climatológico. Os dados geomorfológi-
cos foram extraídos do Zoneamento Agroecológico de Pernambuco, do 
Modelo Digital de Elevação e da literatura, que fazia menção às infor-
mações morfométricas da Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú. 
Palavras-chave: Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú. Normais climatoló-
gicas. Semiárido.
Introdução
Como em qualquer área, a caracterização dos elementos climáticos e 
geomorfológicos permite analisar a sua dinâmica ambiental (Feitosa et 
al., 2011). O Parque Estadual Mata da Pimenteira está situado na região 
centro-norte do estado de Pernambuco, nas proximidades da Serra da 
Borborema, região do Nordeste brasileiro (Figura 2.1). Assim, forçantes 
como relevo, localização geográfica e fenômenos atmosféricos podem 
atuar sobre a climatologia e a geomorfologia do Parque.
O Nordeste brasileiro ocupa em torno de 18,2% do território brasilei-
ro, representado sobretudo pelo Semiárido, em que as médias anuais 
da precipitação frequentemente são inferiores a 800 mm, a evapora-
ção acima de 2000 mm/ano, as temperaturas variam de 23ºC a 27ºC e 
a umidade relativa fica próximo a 50% (Moura et al., 2007). Entretanto, 
mesmo dentro da região semiárida é comum encontrar condições cli-
máticas e edáficas específicas, de modo que modifiquem a dinâmica da 
fauna e da flora. Assim, nesse capítulo, procurou-se, de maneira sim-
a – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Fazenda Saco, s/n, 
Caixa Postal 063, Serra Talhada - PE. E-mail: thieres@uast.ufrpe.br
b –Universidade Federal de Sergipe, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de 
Agronomia. Av. Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, SE - Brasil
31
ples e objetiva, descrever a climatologia e as principais características 
geomorfológicas do Parque Estadual Mata da Pimenteira. 
Metodologia
Essa descrição foi estabelecida obedecendo ao limite territorial do 
Parque. Para as informações climáticas foram usados os dados de pre-
cipitação pluviométrica, temperatura mínima, média e máxima do ar, 
radiação solar global, umidade relativa do ar e velocidade do vento. 
Entretanto, devido à inexistência de estações meteorológicas dentro 
da área de estudo, vários foram os procedimentos metodológicos ado-
tados, de modo a se obter uma maior representatividade do clima do 
Parque, ou seja, a sua normal climatológica. Os dados médios de pre-
cipitação pluviométrica, temperatura mínima, média e máxima do ar 
e umidade relativa do ar para a área de abrangência do Parque foram 
Figura 2.1. Localização do Parque Estadual Mata da Pimenteira. 
32
extraídos de mapas gerados para o estado de Pernambuco, por meio de 
um sistema de informação geográfica (SIG), que se utilizou de valores 
observados e estimados médios mensais para um período de pelo me-
nos 30 anos, e de um modelo digital de elevação (MDE), que representou 
o relevo do local. Os valores observados, utilizados na geração dos mapas 
climatológicos, foram obtidos de 252 postos pluviométricos, pertencentes 
à Rede Hidrometeorológica da Superintendência de Desenvolvimento do 
Nordeste (SUDENE, 1990), e de sete estações meteorológicas convencio-
nais do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 1992). 
Os valores estimados das normais mensais de temperatura mínima, 
média e máxima do ar foram oriundos de dados geográficos (latitude, 
longitude e altitude) dos 252 postos pluviométricos e de equações lineares 
múltiplas propostas no presente estudo. A estimativa dos dados das nor-
mais mensais de umidade relativa do ar foi realizada utilizando um mo-
delo multiplicativo proposto por Silva et al. (2007). Os dados observados de 
radiação solar global e de velocidade do vento foram adquiridos de uma 
Plataforma de Coleta de dados (PCD) do Laboratório de Meteorologia de 
Pernambuco - LAMEPE/ITEP para um período de 1999 a 2011. Por meio dos 
dados médios de temperatura mínima e máxima do ar, usados no cálculo 
da temperatura efetiva, e do total mensal de precipitação pluviométrica, 
foi realizado o balanço hídrico climatológico normal (BHCn) de acordo 
com o método de Thornthwaite & Mather, como descrito em Pereira et al. 
(2002), considerando uma capacidade de água disponível no solo (CAD) de 
100 mm. A partir do BHCn foi determinada a evapotranspiração potencial 
(ETP), que reflete a demanda atmosférica local; a evapotranspiração real, 
indicando a quantidade de água que realmente pode ser utilizada por 
uma extensa superfície vegetada diante da disponibilidade hídrica local; 
e, os extratos de excesso, deficiência, retirada e reposição de água no solo. 
Adicionalmente foram realizadas as classificações climáticas de 
Köppen e Thornthwaite como descrito em Vianello & Alves (2004). Por sua 
vez, as características geomorfológicas do Parque foram representadas 
pelas classes de solos obtidas diretamente do Zoneamento Agroecológico 
de Pernambuco - ZAPE, que possui escala 1:100.000 com compatibilidadepara a resolução de 90 m x 90 m, Datum WGS84; a altitude foi oriunda do 
modelo digital de elevação com 90 metros de resolução espacial, vetori-
zado a partir de imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission); e, 
finalmente, informações morfométricas da Bacia Hidrográfica do Rio Pa-
jeú foram extraídas de Feitosa et al. (2011), visando caracterizar o sistema 
hidrológico do Parque.
33
Resultados e Discussão
O Parque Estadual Mata da Pimenteira possui seus extremos geográ-
ficos entre 7°53’21” e 7° 57’ 36” S e 38°18’42” e 38° 17’7” W, ocupando 
827,16 hectares, e não apresenta características de microclima dentro 
da região Nordeste. É uma área climaticamente semiárida, de acordo com 
a classificação de Thornthwaite, apresentando índice efetivo de umidade 
de -47,6, com excesso hídrico de pequeno a nulo ao longo do ano. Por sua 
vez, pela classificação de Köppen, o clima dessa área é do tipo BSwh’, ca-
racterizando-se também por ser uma área semiárida, quente e seca, com 
os meses mais frios possuindo baixos níveis pluviométricos. A tempera-
tura média anual na sua área é em torno de 23,8±0,92ºC, com valores mé-
dios anuais da temperatura mínima e máxima na ordem de 19,2±0,97ºC e 
30,0±1,57ºC, respectivamente (Figura 2.2). 
Por estar situado no hemisfério Sul, as maiores magnitudes da tem-
peratura ocorrem entre os meses de outubro e março, quando os raios 
solares estão menos inclinados para a região, de modo que a intensidade 
de radiação solar global é superior em relação aos demais meses (Figura 
2.2), sendo, em escala anual, a média de 26,3±3,56 MJ/m2/dia. 
O padrão de precipitação pluviométrica obedece àquele verificado em 
muitas regiões interioranas do território brasileiro, em que o período 
mais chuvoso coincide com os meses mais quentes. Os eventos de chuva 
são mais preponderantes a partir do mês de dezembro (Figura 2.3), es-
tendendo-se até o mês de maio, constituindo os meses de janeiro, feverei-
ro, março e abril o período mais chuvoso, totalizando em torno de 65,9% 
da precipitação pluviométrica anual, que é de 653,2 mm. Esse baixo nível 
Figura 2.2. Normais climatológicas da temperatura máxima (Tmáx.), média (Tméd.) e 
mínima (Tmín.) do ar e radiação solar global (Rg) do Parque Estadual Mata da Pimenteira
Meses
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Te
m
pe
ra
tu
ra
 d
o 
ar
 (o
C)
15
20
25
30
35
Ra
di
aç
ão
 so
la
r g
lo
ba
l (
M
J/
m
2 /
di
a)
10
15
20
25
30
35
40
Tméd. 
Tmáx. 
Tmín. 
Rg 
 
Figura 2.2. Normais climatológicas da temperatura máxima (Tmáx.), 
média (Tméd.) e mínima (Tmín.) do ar e radiação solar global (Rg) do 
Parque Estadual Mata da Pimenteira. 
Eventualmente, essa região também é afetada por eventos de El Niño e La 
Niña, que podem promover, nessa ordem, redução e elevação dos níveis 
pluviométricos na região (Molion & Bernado, 2010). A distribuição dos 
eventos de chuva ao longo do ano induz o padrão dos valores de umidade 
relativa do ar (Figura 2.3), que variam entre 53% e 78%, com média de 64% 
(Figura 2.3). Devido, a formação de células de maior pressão, a velocidade 
do vento é maior entre os meses de junho e dezembro, atingindo uma 
média anual de 2,4±0,23 m/s, com menores magnitudes durante os meses 
mais chuvosos (Figura 2.3). Como o resultado da combinação desses 
diferentes fatores, a maior demanda atmosférica, ou seja, os maiores 
valores de evapotranspiração potencial ocorrem entre os meses de outubro 
e abril (Figura 2.4), quando a radiação solar global e a temperatura do ar 
possuem maiores magnitudes. 
34
pluviométrico é característico do semiárido brasileiro, que sofre influ-
ência do relevo (chapadas e planaltos do agreste nordestino), impedindo 
o avanço de umidade ao continente a partir de massas de ar (Equatorial 
Atlântica e Tropical Atlântica); da baixa temperatura do Atlântico Sul, 
que inibe o aumento de umidade no continente; e, da Zona de Convergên-
cia Intertropical (ZCIT), que forma uma célula de alta pressão durante 
as estações de inverno (junho a setembro) e de primavera (setembro a 
dezembro), promovendo longo período de estiagem.
Figura 2.3. Normais climatológicas da precipitação pluviométrica (P), umidade relativa do 
ar (UR) e da velocidade do vento (u) do Parque Estadual Mata da Pimenteira
Figura 2.4. Normais climatológicas evapotranspiração potencial (ETP) e real (ETR) em 
relação a precipitação pluviométrica (P) do Parque Estadual Mata da Pimenteira
Meses
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pr
ec
ip
ita
çã
o 
pl
uv
io
m
ét
ric
a (
m
m
)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Ev
ap
ot
ra
sn
pi
ra
çã
o 
(m
m
)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
P 
ETP
ETR
Meses
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pr
ec
ip
ita
çã
o 
pl
uv
io
m
ét
ric
a (
m
m
), 
U
m
id
ad
e r
el
at
iv
a d
o 
ar
 (%
)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Ve
lo
cid
ad
e d
o 
ve
nt
o 
(m
/s
)
0
1
2
3
4
P
UR
u
 
Figura 2.3. Normais climatológicas da precipitação pluviométrica (P), 
umidade relativa do ar (UR) e da velocidade do vento (u) do Parque 
Estadual Mata da Pimenteira. 
Figura 2.4. Normais climatológicas evapotranspiração potencial (ETP) e 
real (ETR) em relação a precipitação pluviométrica (P) do Parque 
Estadual Mata da Pimenteira. 
 
Meses
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pr
ec
ip
ita
çã
o 
pl
uv
io
m
ét
ric
a (
m
m
)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Ev
ap
ot
ra
sn
pi
ra
çã
o 
(m
m
)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
P 
ETP
ETR
Meses
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pr
ec
ip
ita
çã
o 
pl
uv
io
m
ét
ric
a (
m
m
), 
U
m
id
ad
e r
el
at
iv
a d
o 
ar
 (%
)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Ve
lo
cid
ad
e d
o 
ve
nt
o 
(m
/s
)
0
1
2
3
4
P
UR
u
 
Figura 2.3. Normais climatológicas da precipitação pluviométrica (P), 
umidade relativa do ar (UR) e da velocidade do vento (u) do Parque 
Estadual Mata da Pimenteira. 
Figura 2.4. Normais climatológicas evapotranspiração potencial (ETP) e 
real (ETR) em relação a precipitação pluviométrica (P) do Parque 
Estadual Mata da Pimenteira. 
 
35
Eventualmente, essa região também é afetada por eventos de El Niño 
e La Niña, que podem promover, nessa ordem, redução e elevação dos 
níveis pluviométricos na região (Molion & Bernado, 2010). A distribui-
ção dos eventos de chuva ao longo do ano induz ao padrão dos valores 
de umidade relativa do ar (Figura 2.3), que variam entre 53% e 78%, com 
média de 64% (Figura 2.3). Devido à formação de células de maior pres-
são, a velocidade do vento é maior entre os meses de junho e dezembro, 
atingindo uma média anual de 2,4±0,23 m/s, com menores magnitudes 
durante os meses mais chuvosos (Figura 2.3). Como resultado da combi-
nação desses diferentes fatores, a maior demanda atmosférica, ou seja, 
os maiores valores de evapotranspiração potencial, ocorre entre os me-
ses de outubro e abril (Figura 2.4), quando a radiação solar global e a 
temperatura do ar possuem maiores magnitudes. 
O total anual da demanda atmosférica do Parque atinge em torno de 
1350 mm e, devido aos baixos níveis pluviométricos, a quantidade de 
água utilizada pela vegetação é no máximo igual a lâmina precipitada 
(653,2 mm). Em consequência, observa-se uma alta deficiência anual, que 
se estende durante oito e dez meses (Figura 2.5), totalizando 697,8 mm. 
Não se verifica excesso em nenhumdos meses do ano, havendo reposição 
apenas em março e abril, quando a lâmina de água no solo atinge valor 
próximo de 50mm e 16mm , nessa ordem que, por sua vez, é retirada do 
Figura 2.5. Normais climatológicas do extrato do balanço hídrico (DEF - deficiência, 
EXC - excesso, RET - retirada e REP - reposição) do Parque Estadual Mata da Pimenteira, 
assumindo uma capacidade de água disponível no solo (CAD) de 100 mm.
Meses
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Lâ
m
in
a 
(m
m
)
-150
-120
-90
-60
-30
0
30
60
DEF 
EXC
RET 
REP
 
36
solo a partir de maio (Figura 2.5).
O Parque está situado na Unidade de Paisagem Depressão Sertaneja, carac-
terizada principalmente pela ocorrência de rochas cristalinas e sedimentares 
de diferentes idades e origens, e diversificação litológica, compreendendo a 
Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú. No Parque há três principais classes de solos, 
sendo eles os cambissolos, litólicos e os podzólicos (Figura 2.6a), que apresen-
tam simplesmente aptidão agroecológica de preservação. Predominantemen-
te ocorrem os solos litólicos, caracterizados sobretudo por serem rasos, de 
textura média, associados com Podzólicos Vermelho Amarelo e com aflora-
mentos rochosos, e baixa disponibilidade hídrica para a vegetação. 
Os cambissolos estão situados mais na parte central da área do Parque, 
associados com o Podzólico Vermelho Amarelo, na área sul, além de Pla-
nossolos e Solonetz Solodizado. Essas classes estão situadas em uma ampla 
faixa de altitude (Figura 2.6b), que varia de 500m a 820m. Verificam-se po-
dzólicos associados a solos litólicos, Planossolos e Solonetz Solodizado, na 
parte mais norte do Parque. As maiores altitudes são evidentes na parte 
sul da área, havendo um gradiente de redução à medida que se desloca 
para o norte, quando se observa uma nova elevação. Por estar inserida na 
Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú, caracteriza-se, então, pela baixa capaci-
dade de drenagem (0,753km/km2), resultante dos reduzidos índices pluvio-
métricos, chuvas de pequena abrangência temporal, altitudes modestas e 
devido ao baixo comprimento da maioria de seus afluentes (Feitosa et al., 
2011). Ainda de acordo com Feitosa et al. (2011), a Bacia Hidrográfica do Rio 
Pajeú é uma área que possui forma muito alongada, o que favorece o rápido 
escoamento e inundação, e apesar dos seus solos predominantemente 
Figura 2.6. Classificação dos solos (A) e altitude (B) do Parque Estadual Mata da Pimenteira
37
rasos, possui vulnerabilidade à erosão nas encostas mais declivosas.
Agradecimentos
À Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UAST, pela concessão da 
Infraestrutura, e aos Grupos de Pesquisa “Ciências Florestais no Semi-
árido Nordestino” e “Grupo de Agrometeorologia no Semiárido”, pelo 
desprendimento de seus pesquisadores para elaboração desse estudo.
Referências Bibliográficas
1. BRASIL. Normais climatológicas (1961-1990). Brasília: INMET, 1992. 84 p.
2. Feitosa, A.; Santos, B. dos; Araújo, M. do S. B. de. Caracterização Mor-
fométrica e identificação de Áreas Susceptíveis a Erosão na Bacia do Rio 
Pajeú, PE: o Estudo de Caso da Bacia do Rio Pajeú/PE. Revista Brasileira 
de Geografia Física, n.4, p.820-836, 2011.
3. Miranda, E. E. de; (Coord.). Brasil em Relevo. Campinas: Embrapa Mo-
nitoramento por Satélite, 2005. Disponível em: <http://www.relevobr.
cnpm.embrapa.br>. Acesso em: 20 ago. 2012.
4. Molion, L. C. B.; Bernardo, S. de O. Dinâmica das chuvas no Nordeste 
brasileiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 11, rio de Ja-
neiro. Anais... Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Meteorologia. 2000.
5. Moura, M. S. B. de; Galvíncio, J. D.; BRITO, L. T. L.; Souza, L. S. B. de; SA, 
I. I. S.; Silva, T. G. F. da. Clima e água de chuva no semiárido. In: BRITO, L. 
T. L.; Moura, M. S. B. de; Gama, G. F. B. (Org.). Potencialidades de água 
de chuva no semiárido brasileiro. 1ed. Petrolina-PE: EMBRAPA/Semiá-
rido, 2007, v. 1, p. 37-59.
6. Pereira, A. R.; Angelocci, L. R.; Sentelhas, P. C. Agrometeorologia: Fun-
damentos e Aplicações Práticas. Guaíba: Agropecuárias. 2002. 465p. 
7. Silva, T. G. F.; Zonier, S.; Moura M. S. B. de; Sediyama, G. C.; Souza, L. S. 
B. Umidade relativa do ar: estimativa e espacialização para o estado 
de Pernambuco. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, 
15, Aracaju. Anais... Aracaju: Sociedade Brasileira de Agrometeorologia e 
EMBRAPA/Tabuleiros Costeiros. 2007.
8. SUDENE. Dados pluviométricos mensais do Nordeste - Estado de 
Pernambuco. Recife, 1990. 363p.
9. Vianello,R.L; Alves, A.R. Meteorologia Básica e Aplicações. Viçosa: 
UFV, 2004. 449p
Capítulo 3
40
Fitoplâncton de um Lago Temporário Raso 
Ariadne do Nascimento Mouraa, Juliana dos Santos Severianob, Mauro Cesar 
Palmeira Vilarc & Mauro de Melo Juniord 
Resumo: 
Este estudo foi conduzido com o objetivo de conhecer a flora planc-
tônica de um lago temporário no Parque Estadual Mata da Pimenteira. 
Foi observada uma comunidade fitoplanctônica rica e diversificada com 
88 espécies, distribuídas em nove classes. As algas verdes apresentaram 
maior riqueza, com 49 espécies, seguidas pelas diatomáceas e cianobac-
térias. Pela diversidade de algas encontrada, foi constatado que o am-
biente não é poluído. Sugere-se que seja feito o monitoramento frequente 
para a manutenção da integridade do sistema e da biodiversidade. 
Palavras-chave: Ambientes dulciaquícolas. Microalgas. Nordeste. 
Introdução
O termo fitoplâncton refere-se ao conjunto de microrganismos aquá-
ticos fotossintéticos e que vivem à deriva flutuando na coluna d’água 
(Fragoso-Junior et al., 2009). Esses organismos são capazes de conver-
ter e disponibilizar a energia aos demais níveis da cadeia trófica (Wet-
zel, 1993), bem como de contribuir à aerobiose, através da fotossínte-
se. Além disso, devido ao curto ciclo de vida e à grande variedade de 
formas e espécies, que respondem a flutuações ambientais específicas, 
esses e outros representantes do plâncton podem ser utilizados como 
bioindicadores (Costa et al., 2004). 
Alguns estudos têm sido realizados utilizando o fitoplâncton como 
ferramenta na predição da qualidade de ecossistemas dulciaquícolas 
no Nordeste (Costa et al., 2006; Fuentes et al., 2010) e especialmente no 
estado de Pernambuco (Bouvy et al., 2000; Dantas et al., 2012; Moura et 
a – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia, Área de Botânica, CEP: 52171-
900 – Recife, PE – Tel: (81) 3320-6000. E-mail: ariadne@db.ufrpe.br
b – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Pós-graduação em Botânica, Departamento de Biologia, 
CEP: 52171-900 – Recife, PE – Tel: (81) 3320-6000. E-mail: jsantosseveriano@gmail.com
c – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Pós-graduação em Ecologia, Departamento de Biologia, 
CEP: 52171-900 – Recife, PE – Tel: (81) 3320-6000. E-mail: maurovilar@gmail.com
d - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, CEP: 56900-000 – 
Serra Talhada, PE – Tel: (87) 3831-1927. E-mail: mmelojunior@gmail.com 
41
al., 2012), subsidiando programas de monitoramento em toda a região.
O sertão caracteriza-se por ser uma das mesorregiões onde o clima 
semiárido é mais fortemente marcado, principalmente pela escassez de 
água, tornando-se necessário o monitoramento dos corpos d’água exis-
tentes, a fim de garantir a qualidade e manutenção deste recurso, bem 
como da biodiversidade existente. A microrregião do Sertão do Pajeú 
abrange aproximadamente 20 municípios de Pernambuco, os quais são 
contemplados por diferentes ecossistemas aquáticos, provenientes da 
bacia do Pajeú. 
Com o intuito de ampliar o conhecimento acerca da biodiversidade 
fitoplanctônica na região Nordeste do Brasil, este trabalho tem como ob-
jetivo realizar um levantamento florístico em um lago temporário raso 
do ParqueEstadual Mata da Pimenteira, Sertão do Pajeú, Pernambuco.
Metodologia
O Parque Estadual Mata da Pimenteira está localizado no municí-
pio de Serra Talhada, Pernambuco, a 450 km do Recife (7°53’48.96”S 
e 38°18’14.30”O). O ambiente de estudo caracteriza-se por ser um 
lago raso, temporário, com dominância algumas macrófitas, como 
Nymphaea pulchella. 
As coletas foram realizadas durante o período seco (dezembro de 
2011 e maio de 2012) e chuvoso (janeiro e março de 2012) (IPA, 2012), 
sempre na região litorânea do lago em 3 pontos, que funcionaram 
como réplicas, a fim de aumentar a suficiência amostral. As amostras 
do fitoplâncton foram obtidas da camada superficial da água através 
de arrastos horizontais com o auxílio de uma rede de plâncton (20µm), 
acondicionadas em recipientes plásticos e fixadas com formol a 4%. A 
identificação dos táxons foi feita em microscópio óptico, com ocular 
de medição e sistema de fotodocumentação digital SAMSUNG modelo 
SHC-730N acoplados, onde foram observadas características morfológi-
cas dos indivíduos, as quais foram utilizadas na identificação com au-
xílio de bibliografia especializada (Komárek & Fott, 1983; Komárek & 
Anagnostidis, 1989; 2000; 2005; Popovsky & Pfiester, 1990; Krammer & 
Lange-Bertalot, 1991a; 1991b; John et al., 2002).
Resultados e Discussão
A comunidade fitoplanctônica do lago temporário do Parque Estadu-
al Mata da Pimenteira esteve representada por 88 espécies distribuídas 
42
Fitoplâncton de um lago temporário raso do Parque Estadual 
Mata da Pimenteira, sertão do Pajeú, Pernambuco 
auxílio de uma rede de plâncton (20µm), acondicionadas em recipientes 
plásticos e fixadas com formol a 4%. A identificação dos táxons foi feita em 
microscópio óptico, com ocular de medição e sistema de fotodocumentação 
digital SAMSUNG modelo SHC-730N acoplados, onde foram observadas 
características morfológicas dos indivíduos, as quais foram utilizadas na 
identificação com auxílio de bibliografia especializada (Komárek & Fott, 
1983; Komárek & Anagnostidis, 1989; 2000; 2005; Krammer & Lange-
Bertalot, 1991a; 1991b; John et al., 2002; Popovsky & Pfiester, 1990). 
 
Resultados e Discussão 
A comunidade fitoplanctônica do lago temporário do Parque Estadual Mata 
da Pimenteira esteve representada por 88 espécies distribuídas em nove 
classes (Figura 3.1 e 3.2; Tabela 3.1). As algas verdes (Chlorophyceae, 
Zygnematophyceae e Oedogoniaceae) apresentaram maior riqueza, com 49 
espécies, destacando-se os gêneros Euastrum, com sete espécies, e 
Cosmarium e Scenedesmus, ambos com quatro espécies. As diatomáceas 
(Bacillariophyceae) e cianobactérias (Cyanophyceae) também foram 
importantes em termos de riqueza, apresentando 13 e 12 espécies, 
respectivamente. 
A análise da distribuição sazonal da riqueza taxonômica mostrou que 76 
espécies foram identificadas durante o período seco e 41 no chuvoso 
(Tabela 3.1). 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.1. Contribuição relativa das classes fitoplanctônicas identificadas em um 
lago temporário na Reserva Mata da Pimenteira, Pernambuco, Brasil. 
O número de espécies identificadas é compatível com o estabelecido por 
Sommer et al. (1993) para ecossistemas aquáticos de regiões tropicais, em 
torno de 70 espécies. A presença de macrófitas aquáticas na zona litorânea 
Cyanophyceae 
(14%)
Chlorophyceae 
(36%)
Zygnematophyceae 
(19%) 
Oedogoniaceae 
(1%)
Xanthophyceae 
(2%) Bacillariophyceae 
(15%)
Euglenophyceae 
(10%)
Cryptophyceae 
(1%)
Dinophyceae
(2%)
em nove classes (Figura 3.1 e 3.2; Tabela 3.1). As algas verdes (Chloro-
phyceae, Zygnematophyceae e Oedogoniaceae) apresentaram maior ri-
queza, com 49 espécies, destacando-se os gêneros Euastrum, com sete 
espécies, e Cosmarium e Scenedesmus, ambos com quatro espécies. As 
diatomáceas (Bacillariophyceae) e cianobactérias (Cyanophyceae) tam-
bém foram importantes em termos de riqueza, apresentando 13 e 12 
espécies, respectivamente.
A análise da distribuição sazonal da riqueza taxonômica mostrou 
que 76 espécies foram identifi cadas durante o período seco e 41 no chuvo-
so (Tabela 3.1). 
Figura 3.1. Contribuição relativa das classes fi toplanctônicas identifi cadas em um lago 
temporário na Reserva Mata da Pimenteira, Pernambuco, Brasil
Tabela 3.1. Espécies identifi cadas no lago temporário da Pimenteira, Pernambuco, Brasil.
Espécies Período Seco
Período 
Chuvoso
Cyanophyceae
Aphanocapsa elachista W. West & G.S. West x
Chroococcus minutus (Kützing) Nageli x
Cylindrospermpsis raciborskii (Woloszynska) Seenaya & 
Subba Raju x x
Dolichospermum sp. x
Geitlerinema amphibium (C. Agardh) Anagnostidis x x
Gloeocapsa sp. x
43
Espécies Período Seco
Período 
Chuvoso
Gomphosphaeria sp. x
Lyngbya sp. x
Microcystis aeruginosa (Kützing) Kützing x x
Oscillatoria sp. x x
Planktothrix agardhii (Gomont) Anagnostidis & Komárek
Pseudanabaena catenata Lauterborn x
Chlorophyceae
Ankistrodesmus densus Kors. x x
A. fusiformis Corda x
A. gracilis (Reinsch) Kors. x x
Botryococcus braunii Kuetzing x
Chlorela vulgaris Kessler & Huss x x
Coelastrum microporum Nägeli x x
C. reticulatum (P.A. Dangeard) Senn x x
Crucigenia tetrapedia (Kirchner) Kuntze x
Desmodesmus armatus (R.Chodat) E.Hegewald x x
Dictyosphaerium ehrenbergianum Nägeli x
D. pulchellum H.C. Wood x
Eutetramorus sp. x
Franceia droescheri (Lemmermann) G. M. Smith x
Glaucocystis sp. x
Gloeocystis sp. x
Golenkinia sp. x x
Monoraphidium contortum (Thuret) Komàrková-Legnerová x
Nephrocytium agardhianum Nägeli x
Oocystis sp. x
Pediastrum duplex Meyen x x
P. simplex Meyen x
P. tetras (Ehrenberg) Ralfs x
Planktosphaeria gelatinosa G.M. Smith x x
44
Espécies Período Seco
Período 
Chuvoso
S. bernardii G.M. Smith x
Scenedesmus curvatus Bohlin x
S. protuberans F.E.Fritsch & M.F.Rich x
S. quadricauda (Turpin) Brébisson var. parvus G.M. Smith x
Selenastrum gracile Reinsch x
Sphaerocystis schroeteri Chodat x
Tetraedron incus (Teiling) G.M.Smith x
T. trigonum (Nägeli) Hansgirg x x
Zygnematophyceae
Closterium sublaterale Ruzicka x x
Cosmarium bioculatum Brébisson ex Ralfs x x
C. granatum Brébisson ex Ralfs x
C. margaritatum (P. Lundell) J. Roy & Bisset x x
C. reniforme (Ralfs) W. Archer var. reniforme x
Euastrum abruptum Nordestedt x
E. insulare var. silesiacum (Krieg) x
E. subintegrum Nordstedt var. brasiliense Gronblad x
Euastrum sp.1 x
Euastrum sp.2 x
Euastrum sp.3 x
Euastrum sp.4 x
Micrasterias crux-melitensis Ralfs x
Spirogyra sp. x
Staurastrum brachioprominens Børgesen x
S. gracile Ralfs ex Ralfs x x
Staurodesmus sp. x
Oedogoniophyceae
Oedogonium sp. x
45
Espécies Período Seco
Período 
Chuvoso
Xanthophyceae
Centritractus ellipsoideus Starmach x
Bacillariophyceae
Amphipleura sp. x
Aulacoseira granulata (Ehrenberg) Simonsen x
Brachysira sp. x
Cyclotella meneghiniana Kützing x x
Fragilaria sp. x x
Frustulia rhomboides (Ehrenberg) De Toni x x
Gomphonema gracile Ehrenberg x
G. parvulum (Kützing) Kützing x x
Melosira italica (Ehrenberg) Kützing x
Pinnularia viridis (Nitzsch) Ehrenberg x x
Synedra sp. x
Ulnaria ulna (Nitzsch) P.Compère x x
Stauroneis sp. x x
Euglenophyceae
Euglena acus (O.F.Müller) Ehrenberg x x
E. oxyuris Schmarda x
Lepocinclis sp. x
Phacus curvicauda Svirenko x x
P. longicauda (Ehrenberg) Dujardin x x
P. pleuronectes (Müller) Dujardin x
Trachelomonas armata (Ehrenberg) F.Stein x
T. hispida (Perty) F.Stein x x
T. volvocina (Ehrenberg) Ehrenberg x x
Cryptophyceae
Cryptomonas sp. x
46
Espécies Período Seco
Período 
Chuvoso
Dinophyceae
Peridinium cinctum (O.F.Müller) Ehrenberg x
Peridinium sp. x x
O número de espécies identificadas é compatível com o estabe-

Continue navegando