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Contratos - Plano de aula 2- O princípio da boa-fé

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CURSO DE DIREITO
DIREITO DOS CONTRATOS
PROFESSOR: LAURICIO ALVES CARVALHO PEDROSA
Plano de aula 2– O princípio da boa-fé. Boa fé como princípio jurídico. 
1. Origem e evolução histórica
Cunhada primeiramente no Direito Romano, onde surgiu como um conceito ético.
No Direito Alemão, traduziu-se numa regra objetiva, baseados na lealdade e crença como estados humanos objetivados.
Direito canônico: boa fé é vista como ausência de pecado.
2. Distinção entre a boa-fé subjetiva e a objetiva
Boa fé Subjetiva
Situação psicológica: estado de ânimo ou de espírito do agente no que diz respeito ao conhecimento de certos fatos que viciam uma determinada situação.
Diz respeito a um entendimento equivocado, a um erro que enreda o contratante, que crê na correção de sua conduta.
O aplicador do direito deve considerar a intenção do sujeito da relação jurídica, seu estado psicológico ou íntima convicção.
Boa-fé objetiva
Regra de comportamento de fundo ético.
Baseia-se na idéia de que todos devem se comportar com lealdade, honestidade, retidão em relação ao outro contraente.
Busca garantir estabilidade e segurança nos negócios jurídicos, baseada na expectativa de que o outro atuará conforme o avençado.
Constata-se que a boa fé consiste, simultaneamente, em forma de conduta (subjetiva ou psicológica) como norma de comportamento (objetiva).
A Boa fé Objetiva no Código Civil de 2002
Baseia-se na idéia de lealdade e respeito que se espera do homem comum (CC, art. 422, 113 e 187).
Exige um comportamento correto tanto nas tratativas, quanto na formação e na execução do contrato.
Relaciona-se com o princípio de que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
Probidade: um dos aspectos da boa-fé, entendida como a honestidade no proceder.
Trata-se de uma cláusula geral de aplicação no direito obrigacional.
Crítica ao artigo 422 do Código Civil 
Limita-se á conclusão e à execução e não se refere às tratativas preliminares ao contrato nem ao momento posterior ao seu cumprimento
A interpretação deve se estender a esses momentos, atendendo ao princípio da dignidade da pessoa humana 
Funções da boa-fé objetiva
 Função Interpretativa
Funciona como referencial hermenêutico (LIDB, art. 5º)
 Função delimitadora do exercício de direitos subjetivos
Busca-se evitar o exercício abusivo dos direitos subjetivos (CC, art. 187)
Todo direito subjetivo encontra-se delimitado pela boa-fé
Ex: Dispositivo que impeça a aplicação da teoria da Imprevisão viola a boa-fé
 Função criadora de deveres jurídicos anexos ou de proteção
A boa-fé atua como fundamento normativo
Não é possível uma enumeração exaustiva
Ex: deveres de: lealdade e confiança recíprocas; assistência; informação; sigilo ou confidencialidade
Função de correção e adaptação
 Cláudia Lima Marques defende, fundada na doutrina alemã, que a boa-fé tem a função de correção e adaptação que permite ao julgador adaptar e corrigir o conteúdo dos contratos quando houver mudança das circunstâncias, a fim de garantir a permanência do vínculo, não obstante a ocorrência da quebra da base objetiva do negócio (Wegfall der Geschäftsgrundlage)�.
 Função de autorização para decisão por equidade
A doutrina alemã reconhece no princípio da boa-fé uma autorização para se decidir por equidade, pois para a concreção dessa cláusula geral há ativa participação do aplicador do direito�.
A boa-fé e o abuso do direito
A noção de abuso do direito se insere no conflito entre o interesse individual e o interesse coletivo�.
O abuso do direito consiste no uso de um poder, uma faculdade, um direito ou de uma coisa além do que razoavelmente o Direito e a sociedade permitem�.
O Código Civil de 2002 consagrou expressamente a teoria do abuso do direito no artigo 187�.
 Trata-se de cláusula geral que proíbe a violação de elementos axiológicos da norma, consistentes na boa-fé, nos bons costumes, na função social e econômica dos direitos.
A noção de abuso de direito está estreitamente ligada à idéia de boa-fé, uma vez que o uso antifucional do direito é aferido objetivamente, com base no conflito entre sua finalidade própria e a atuação concreta da parte.
A proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium)
Trata-se de modalidade de abuso do direito que surge da violação ao princípio da confiança, decorrente da função integrativa da boa-fé�.
Proíbe que alguém possa contradizer seu próprio comportamento após ter produzido em alguém determinada expectativa�.
Não se pode fazer valer um direito em contradição com sua anterior conduta interpretada objetivamente�.
A confiança baseia-se na cláusula geral de boa-fé objetiva, que impõe o dever de lealdade e confiança entre as partes.
Pode decorrer de um comportamento comissivo ou omissivo do contratante.
�
Anexo
ADITIVO CONTRATUAL. TERCEIRO. BOA-FÉ. TEORIA. APARÊNCIA.
Noticiam os autos que fora celebrado contrato de prestação de serviços para fornecimento de mão de obra com a empresa ré (recorrente) em janeiro de 1993. No entanto, em junho de 1995, os contratantes alteraram, em aditivo contratual, a cláusula de reajuste dos salários dos empregados mantidos pela autora, de modo a acompanhar os aumentos concedidos aos seus próprios funcionários. Como houve o inadimplemento da empresa ré, sobreveio a ação de cobrança em que busca a autora (recorrida) o recebimento da diferença decorrente do aditivo contratual, a qual, à época do ajuizamento da ação (fevereiro de 1999), alcançava o valor de mais de R$ 300 mil. O TJ manteve a sentença de procedência, rejeitando a tese da ora recorrente de que o aditivo contratual foi assinado por funcionário que não detinha poderes para tanto e afirmou, ainda, que não houve qualquer ato de má-fé da empresa autora. Segundo o Min. Relator, a controvérsia no REsp consiste em analisar se é válido o aditivo contratual − que é acessório e apenas estabeleceu nova forma de reajuste do contrato original − celebrado pelo então gerente de suprimentos da empresa recorrente, que não detinha poderes conferidos pelo estatuto para assiná-lo. Para o Min. Relator, o aditivo poderia ter sido celebrado pela sociedade empresarial recorrente, por se tratar de ato consentâneo com seu objeto social (Lei n. 6.404/1976, arts. 138, § 1º, 139 e 144, parágrafo único). Assim, afirma que, se o aditivo contratual impugnado não se mostra desconexo com a especialização estatutária da sociedade empresarial recorrente, nesse particular, não há nulidade a ser declarada. Também assevera que a recorrente nem poderia alegar que os estatutos sociais encontram-se publicados e que, por esse motivo, terceiros não poderiam alegar desconhecê-los, visto que tal exigência vai de encontro à essência da dinâmica do Direito Comercial, que repele formalismos acerbados, mas impõe proteção ao terceiro de boa-fé que celebra negócio jurídico. Destaca que, no caso dos autos, o acórdão recorrido consignou ser cabível a teoria da aparência, visto que o gerente de suprimentos apresentava a aparência de poder, ostentando a terceiros que era o representante da empresa. Sendo assim, conclui o Min. Relator que o fato de o subscritor do aditivo não possuir poderes estatutários para tanto sucumbe diante da circunstância de a sociedade empresária permitir que representante putativo se comportasse como se estivesse no exercício de suas atribuições, o que, consequentemente, atraiu a responsabilidade da pessoa jurídica pelos negócios celebrados por ele. Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp 40.825-MG, DJ 18/11/1996, e REsp 180.301-SP, DJ 13/9/1999.REsp 887.277-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/11/2010.
CLÁUSULA LIMITATIVA. COBERTURA. SEGURO. VALIDADE.
Foi celebrado contrato de seguro de vida e, apenas quando da entrega do manual, enviado após a assinatura da proposta, é que foi informada ao segurado a cláusula restritiva de direito. Assim, a Turma deu provimento ao recurso por entender afrontado o art. 54, § 4º, do CDC, uma vez que a cláusula restritiva de direitos deveria ter sido informada de forma clara e precisa,no momento da contratação. É inegável que a conduta da recorrida malferiu o princípio da boa-fé contratual consignado não apenas no CDC, mas também no CC/2002. Precedente citado: REsp 485.760-RJ, DJ 1º/3/2004. REsp 1.219.406-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/2/2011.
CONTRATO. SEGURO. VIDA. INTERRUPÇÃO. RENOVAÇÃO. 
Trata-se, na origem, de ação para cumprimento de obrigação de fazer proposta contra empresa de seguro na qual o recorrente alega que, há mais de 30 anos, vem contratando, continuamente, seguro de vida individual oferecido pela recorrida, mediante renovação automática de apólice de seguro. Em 1999, continuou a manter vínculo com a seguradora; porém, dessa vez, aderindo a uma apólice coletiva vigente a partir do ano 2000, que vinha sendo renovada ano a ano até que, em 2006, a recorrida enviou-lhe uma correspondência informando que não mais teria intenção de renovar o seguro nos termos em que fora contratado. Ofereceu-lhe, em substituição, três alternativas, que o recorrente reputou excessivamente desvantajosas, daí a propositura da ação. A Min. Relatora entendeu que a pretensão da seguradora de modificar abruptamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior, ofende os princípios da boa-fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade que devem orientar a interpretação dos contratos que regulam relações de consumo. Verificado prejuízo da seguradora e identificada a necessidade de correção da carteira de seguro em razão de novo cálculo atuarial, cabe a ela ver o consumidor como um colaborador, um parceiro que a tem acompanhado por anos a fio. Logo, os aumentos necessários para o reequilíbrio da carteira devem ser estabelecidos de maneira suave e gradual, por meio de um cronograma extenso, do qual o segurado tem de ser comunicado previamente. Agindo assim, a seguradora permite que o segurado se prepare para novos custos que onerarão, a longo prazo, o seguro de vida e colabore com a seguradora, aumentando sua participação e mitigando os prejuízos. A intenção de modificar abruptamente a relação jurídica continuada com a simples notificação entregue com alguns meses de antecedência ofende o sistema de proteção ao consumidor e não pode prevalecer. Daí a Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria, conheceu do recurso e a ele deu provimento. REsp 1.073.595-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/3/2011.
DUPLICATA. NULIDADE. VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. 
Atento à vedação de venire contra factum proprium, não há como se acolher a nulidade, por falta de lastro, de duplicata endossada e posta em circulação sem aceite, enquanto a emitente e a sacada, não obstante serem pessoas jurídicas diversas, são administradas por um mesmo sócio cotista, responsável tanto pela emissão quanto pelo aceite. Precedente citado: REsp 296.064-RJ, DJ 29/3/2004. REsp 957.769-PE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 16/9/2008.
� MARQUES, Cláudia Lima. Sugestões para uma Lei sobre o tratamento de pessoas físicas em contratos de crédito ao consumo: proposições com base em pesquisa empírica de 100 casos no Rio Grande do Sul.In: Direitos do consumidor endividado.MARQUES, Cláudia Lima; CAVALAZZI, Rosângela Lunardelli (Coords.). São Paulo: RT, 2006, p. 281.
� MARQUES, Cláudia Lima, 2006, p. 282.
� VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 514.
� VENOSA, Silvio de Salvo. Op.cti. p. 514.
� “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
�FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. op.cit. , p. 483.
� Ex: Esposa que não consentiu na venda de um imóvel, mas não reclamou durante 17 anos.
� MARTINS-COSTA, Judith. A boa-fé no direito privado. São Paulo: RT, 2000, p. 460.
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