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Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br 13 D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a l | S u m á r i o 1 Ponto 1 - Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. Poder constituinte: originário e derivado. Direitos Humanos. Hermenêutica constitucional. O constitucionalismo brasileiro. A ordem constitucional vigente. Emendas à Constituição. Disposições gerais e transitórias. República e federação no direito Constitucional em geral. Sistema brasileiro. Repartição de competências. União: bens e competência. Competência exclusiva, competência de normas gerais, competência comum e competência concorrente. 1.1 Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. DIREITO CONSTITUCIONAL: “É a ciência encarregada de estudar a Teoria das Constituições e o ordenamento positivo dos Estados.” (BULOS, 2010 p. 56). O direito constitucional é dividido pela doutrina em 03 grandes ramos: 1) DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO – é a disciplina que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta em vigor de um Estado determinado; 2) DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO – seu objetivo é fazer comparações entre normas e princípios de várias Constituições, vigentes ou não; 3) DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL – a disciplina que traça uma série de princípios e conceitos que podem ser encontrados em várias Constituições, para classificá-los e sistematizá-los de modo unitário. CONSTITUCIONALISMO: A doutrina costuma reportar-se a, no mínimo, quatro significados do termo constitucionalismo, compreendidos como constitucionalismo antigo, da Idade Média, moderno e contemporâneo. André Ramos Tavares (2006) sintetiza que “numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens históricas bastante remotas, que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado”; I) as raízes desse “movimento constitucional” 1 [constitucionalismo antigo] são encontradas entre os hebreus, para quem as leis dos homens estariam limitadas pelos comandos divinos; II) a segunda vertente [constitucionalismo na idade média], aparece com o surgimento da Magna Carta do Rei João Sem-Terra, de 1215, que, segundo Fábio Konder Comparato (2010), “deixa implícito pela primeira vez, na história política medieval, que o rei achava-se naturalmente vinculado pelas próprias leis que edita”. O autor identifica esta primeira limitação institucional como o embrião da democracia moderna. Mas o constitucionalismo inglês não se restringiu à elaboração da Magna Carta do rei João da Inglaterra. Ao contrário, enfrentou diversas fases, entre as quais se destaca a Petition of Rights e o Bill of Rights; III) o marco do constitucionalismo moderno está ligado a dois grandes acontecimentos do Séc. XVIII, símbolos da limitação do poder estatal, a saber: Constituição norte-americana, de 1787, e Revolução Francesa de 1789, e na consequente elaboração da Constituição francesa de 1791; conforme André R. Tavares este novo modelo de constitucionalismo caracteriza-se: a) pela publicidade, permitindo amplo conhecimento da estrutura do poder e garantia de direitos; b) pela clareza, por ser um documento unificado, que afasta incertezas e dúvidas sobre os direitos e os limites do poder; c) pela segurança, justamente por proporcionar a clareza necessária à compreensão do poder; IV) por sua vez, o constitucionalismo contemporâneo surgiu após o fim da 2ª Guerra Mundial, quando o mundo 1 J. J. Gomes Canotilho adverte que o mais correto seria referir-se a “movimentos constitucionais, ao invés do termo constitucionalismos. In: CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7 ed. Almedina. 2003. pag. 51. Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br 14 D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a l | S u m á r i o ocidental sentiu a necessidade de reformular o conceito de Constituição, de maneira a não mais admitir como legítima a ação estatal que fragilizasse a dignidade da pessoa humana, considerado valor universal pela Declaração dos Direitos de 1948, e outros valores como a justiça a paz social, ainda que supostamente amparada na lei. NEOCONSTITUCIONALISMO - O fenômeno ocorrido na Europa Ocidental do pós-guerra foi o panorama histórico que ensejou seu advento. As constituições do pós-guerra são marcadas por elevado teor axiológico, caracterizadas, ainda, pela abertura e indeterminação semântica, importando sua aplicação pelo Judiciário a partir de novas técnicas e estilos hermenêuticos. No Brasil, pós CF/88, os adeptos (Luís Roberto Barroso, Lênio Streck, Ana Paula de Barcellos etc.) e críticos (Dimitri, Humberto Ávila etc.) do neoconstitucionalismo apontam suas principais características como sendo: valorização dos princípios, adoção de métodos ou estilos mais abertos e flexíveis na hermenêutica jurídica, com destaque para a ponderação, abertura da argumentação jurídica à moral, reconhecimento e defesa da constitucionalização do Direito e do papel de destaque do Judiciário na Agenda de concretização dos valores constitucionais. O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO? Do ponto de vista jurídico, a Constituição é o documento que estabelece e disciplina o conjunto de elementos essenciais ao Estado. Se o Estado vai ser constituído, será necessário tratar de seus elementos (humano – povo, físico – território e político – soberania ou governo; há doutrinadores que acrescentam um 4º elemento que é a finalidade (Mazzuoli)), que serão tratados pela CONSTITUIÇÃO. A doutrina aponta que Abade de Sieyès foi o formulador do conceito moderno de Constituição (através da publicação do livro “O que é o Terceiro Estado?”). Destaca-se, em seu pensamento, o deslocamento de eixo de legitimidade do poder político – antes calcado em bases teocráticas – para um substrato de legitimidade alicerçado na soberania da nação. A partir do Séc. XIX, teve início o que se chamou de CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO (CANOTILHO), segundo o qual toda nação deveria ter uma constituição, que, por sua vez, deveria ter 03 elementos: 1) Sistema de garantias da liberdade (implementado a partir da existência de direitos individuais e da participação popular no parlamento); 2) Princípio da separação dos poderes (Montesquieu) e 3) Forma escrita. Já no Séc. XX, surgiu a ideia da RACIONALIZAÇÃO DO PODER: já não basta a previsão dos direitos fundamentais, é preciso garantir condições mínimas para que um poder democrático possa subsistir. OBJETO DA CONSTITUIÇÃO: é a disciplina dos elementos constitutivos do Estado (meios de aquisição do poder, sistema de governo, forma de governo). Questão é saber se o objeto é DINÂMICO ou ESTÁTICO. É sempre dinâmico, porque a sociedade humana está sempre em evolução, sempre se modificando. CONCEPÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O QUE É A CONSTITUIÇÃO: são 03: 1) CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA - Ferdinand Lassale - a Constituição é, em essência, a soma dos fatores reais de poder que regem um determinado Estado, a Constituição não é um mero produto da razão, algo inventado pelo homem, mas sim o resultado concreto do relacionamento entre as forças sociais. Características do enfoque sociológico: 1) a Constituição é vista mais como fato do que como norma, prioriza-se a perspectiva do ser e não a do dever-ser; 2) a Constituição não está sustentada numa normatividade superior transcendente (como seria o Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br 15 D i r e i t o C o n s t i t u c i on a l | S u m á r i o direito natural), está baseada nas práticas desenvolvidas na sociedade. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade, p. 26); 2) CONCEPÇÃO POLÍTICA - Carl Schmitt - a Constituição significaria a decisão política fundamental. Para Schmitt, há diferença entre Constituição e lei constitucional. A Constituição resulta da manifestação de um poder constituinte que, por intermédio de uma decisão política fundamental, crie e organize o Estado. Assim, o conteúdo próprio da Constituição é simplesmente aquilo que diga respeito à estrutura básica do Estado, à sua conformação fundamental. A Constituição limitar-se-ia, portanto, a disciplinar a forma de Estado, a forma de governo, o Sistema de governo, o regime de governo, a organização e divisão dos poderes, o rol de direitos individuais. As leis constitucionais, por sua vez, são todas aquelas normas inscritas na Constituição mas que não têm a natureza de decisão política fundamental. Estas normas só se tornam constitucionais em virtude do documento em que estão inseridas. A matéria de que tratam poderia muito bem ser relegada à legislação ordinária; 3) CONCEPÇÃO JURÍDICA2 (KELSEN, no livro TEORIA PURA DO DIREITO3) – a constituição é norma pura é um dever ser, não há fundamento sociológico ou político, é pura norma. O Kelsen dá 02 sentidos à palavra constituição: 1) JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da compatibilidade vertical entre as normas inferiores 2 A concepção jurídica da Constituição tem em Hans Kelsen seu principal representante. Neste sentido a Constituição é vista essencialmente como norma jurídica, norma fundamental ou lei fundamental de organização do Estado e da vida jurídica de um país. – A Constituição é considerada como norma pura, puro dever-ser, completamente desligada da sociologia, da política, da filosofia ou da moral. A Teoria Pura do Direito de Kelsen visa exatamente tornar puro o objeto de estudo da ciência jurídica (as normas jurídicas) livrando-o de qualquer juízo de valor moral ou político, social ou filosófico. – Constituição em Kelsen tem dois sentidos: 1) sentido lógico-jurídico: Constituição = norma hipotética fundamental. Como Kelsen não admite que o direito se fundamente em qualquer elemento sociológico, político ou filosófico, ele teve que cogitar de uma norma fundamental, meramente hipotética, que existe apenas como pressuposto lógico da validade da própria Constituição. O teor desta norma hipotética fundamental seria mais ou menos este: “obedeça a tudo o que está na Constituição”. 2) sentido jurídico-positivo: é a Constituição positiva. É a norma positiva suprema; conjunto de normas que regulam a criação de outras normas. É a Constituição que confere a unidade ao ordenamento jurídico de um Estado. Com efeito, no ápice do ordenamento jurídico está a Constituição. – Esta é o fundamento de validade de todas as outras normas jurídicas. É da Constituição que se extrai a validade de todas as outras normas infra- constitucionais em qualquer órbita: federal, estadual ou municipal. – Consideração sobre Hans Kelsen: elogia-se a grande racionalidade e a lógica que Kelsen imprimiu à ciência do direito. A grande objeção é que seu intento de purificar o direito, livrando-o da moral, da ética, da política não pode ser de todo satisfeito. Isto porque se é correto e aceitável que todas as normas infra-constitucionais devam buscar na Constituição seu fundamento de validade; é altamente arriscado e diria até inaceitável que o fundamento de validade da própria Constituição seja simplesmente uma suposta norma hipotética fundamental. A construção teórica genial de Kelsen, se não estiver ligada a uma concepção filosófica, política, respeitadora dos direitos humanos, pode ser utilizada tanto pelos Estados mais democráticos e justos quanto pelos mais injustos e autoritários. Não se poderia aceitar, por exemplo, uma norma constitucional que estabelecesse como um dos objetivos do Estado exterminar uma parcela da população. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade; e MICHEL TEMER). 3 BONAVIDES: O formalismo de Kelsen ao fazer válido todo conteúdo constitucional, desde que devidamente observado o modus faciendi legal respectivo, fez coincidir em termos absolutos os conceitos de legalidade e legitimidade, tornando assim tacitamente legítima toda espécie de ordenamento estatal ou jurídico ... até o Estado nacional-socialista de Hitler fora Estado de Direito. Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br 16 D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a l | S u m á r i o e superiores). No topo da pirâmide há uma norma suprema que impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a CONSTITUIÇÃO; 2) LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A constituição encontra o seu fundamento de validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no plano PRESSUPOSTO LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no sentido lógico-jurídico. CONCEPÇÕES MODERNAS: Além dessas 03 concepções clássicas, existem outras 03 concepções ou teorias, mais modernas: 1) TEORIA DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - KONRAD HESSE4 – é uma resposta ao Lassale. A constituição escrita NÃO necessariamente será a parte mais fraca no embate, pode ser que a constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos fatores reais de poder, ela pode modificar o conjunto de forças da sociedade, modificando a sociedade; não existe interpretação constitucional desvinculada dos problemas concretos; 2) CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA - MARCELO NEVES - a utilização da norma constitucional como símbolo, o legislador constituinte quando elabora o texto, tinha a real intenção de concretizar o que escrevia ou a intenção era somente entregar um símbolo à sociedade. Será que a constituição é para ser efetiva ou é para ser um símbolo. Nas constituições ditatoriais, também existe rol de direitos fundamentais, que não ocorrem no mundo dos fatos; 3) CONSTITUIÇÃO ABERTA - PAULO BONAVIDES e CARLOS ROBERTO CIRQUEIRA CASTRO – o objeto da constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não será enclausurado em si mesmo. As necessidades sociais vão se espalhar por outros ramos, sob pena de ficar ultrapassada e ser condenada à morte. Está repleta de conceitos abertos. 1.1.1 Classificação das Constituições A doutrina apresenta várias classificações distintas: 1) QUANTO AO CONTEÚDO: 1.1) MATERIAIS – “são as normas constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais” (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 44). 1.2) FORMAIS – documento escrito, estabelecido de modo solene pelo poder constituinte originário e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. Estabelece o peculiar modo de existir do Estado. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 45). As normas constitucionais, independentemente de seu conteúdo, possuem supremacia em relação à lei ordinária; 2) QUANTO À FORMA: 2.1) ESCRITAS ou DOGMÁTICAS – fruto de um trabalho racional ou sistemático, aplicando-se racionalmente os dogmas da sociedade; 2.2) CODIFICADA – um único texto; 2.3) NÃO-CODIFICADA (ESPARSA/LEGAL) – dois ou mais textos; 2.4) NÃO-ESCRITAS ou COSTUMEIRAS ou CONSUETUDINÁRIAS ou HISTÓRICAS – é o exemplo da Constituição Inglesa, que se baseia nos costumes e na jurisprudência, também pode ter texto escrito, especificamente no caso da constituição inglesa há texto escrito, tratam-se de textos históricos que se incorporam à constituição; 3) QUANTO À ORIGEM: 3.1) DEMOCRÁTICAS ou POPULARES ou PROMULGADAS – são as elaboradas por representantes do povo, ou seja, são fruto de uma assembleiaconstituinte que foi criada para isso. No Brasil, são: 1891, 1934, 1946 e 1988; 3.2) 4 A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: a Constituição tem uma força normativa, não sendo somente uma folha de papel (LASSALLE). As questões jurídicas somente serão convertidas em questões de poder, caso não haja a satisfação de determinados pressupostos. O autor reconhece a existência de uma VONTADE DA CONSTITUIÇÃO, não só há a vontade do poder, há também a vontade da própria constituição. Deve ser reconhecida a força normativa da Constituição, sob pena de ser confundida com a Sociologia ou a Ciência Política. Não pode haver o isolamento entre a norma e a realidade, como propõe o positivismo. A constituição jurídica e a constituição real complementam- se, condicionam-se mutuamente, mas não dependem, pura e simplesmente, uma da outra. Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br 17 D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a l | S u m á r i o OUTORGADAS ou IMPOSTAS – impostas pela força, sem participação popular. No Brasil, são: 1824, 1937, 1967 (foi aprovada pelo Congresso, mas não houve ambiente para uma discussão política e soberana, além de que o congresso não foi eleito para fazer uma constituição, ou seja, não existia outorga do poder pelo povo para a elaboração de constituição) e 1969 (há discussão se se trata até mesmo de constituição); 3.3) PACTUADAS – quando o poder constituinte NÃO está na mão do seu titular o povo. Mas quando houver a divisão entre os dois (o povo e o poder constituinte), a constituição será pactuada; 3.4) CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS – consulta popular depois que o texto esteja escrito, na verdade é um referendo e não um plebiscito, que é anterior à tomada de decisão e à elaboração do texto; 4) QUANTO À ESTABILIDADE: 4.1) RÍGIDAS – nessas constituições, os processos de elaboração das emendas são diferentes dos processos de elaboração da lei. Na CF (art. 60), dois turnos. São pilares do direito constitucional: SUPREMACIA CONSTITUCIONAL, RIGIDEZ, CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, somente se pode falar em controle se há supremacia e rigidez; 4.2) FLEXÍVEIS – a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional, não há divergência entre os procedimentos de uma e outra; 4.3) SEMI-RÍGIDAS – parte é rígida e parte é flexível; 5) QUANTO À EXTENSÃO: 5.1) CONCISAS ou BREVES ou CURTAS ou SINTÉTICAS: preveem somente princípios e normas gerais, não vão se preocupar em definir todos os efeitos. São típicas do estado liberal; 5.2) LONGA ou ANALÍTICA ou PROLIXA: a extensão é bastante ampla. São típicas do estado de bem estar social; 6) QUANTO À FINALIDADE: 6.1) NEGATIVAS ou GARANTIA: equivalem às concisas; 6.2) DIRIGENTES ou PROGRAMÁTICAS: estabelecem programas e definem os limites e a extensão de seus direitos, equivalem às constituições longas; 6.3) CONSTITUIÇÕES BALANÇO: De conotação socialista, representa um estágio no desenvolvimento das forças produtivas, porque são essas forças econômicas que moldam o arcabouço jurídico. Inspirada na teoria dos “fatores reais de poder”, de Lassale, ela deve registrar a organização estabelecida em determinado momento histórico. Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL LOEWENSTEIN. Ele vai cotejar a constituição com o processo político: 1) NORMATIVA – o processo político da sociedade se ajusta à constituição, ou seja, a constituição que se impõe ao processo político; 2) NOMINAL – tem nome de constituição, mas cede ao processo político, ela se amolda a ele; 3) SEMÂNTICA – serve aos interesses dos detentores do poder político e não ao povo. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES: 1) Constituição expansiva – sinônimo de Constituição analítica; 2) Constituição contratual ou pactual – resultado da aliança entre o rei e o Poder Legislativo; 3) Constituição semântica – é aquela que só serve para legitimar os interesses da classe dominante, sem que seus fundamentos tenham eficácia; 4) Constituição garantia – seu objetivo é de assegurar a liberdade, limitando para isso o poder estatal através da separação de poderes; 5) Constituição legal – é a que se apresenta esparsa ou fragmentada em vários textos; 6) Constituição total – refere-se àquela que engloba os vários tipos de perspectivas constitucionais, como o político, o sociológico, o normativo. É a visão da lei maior em sua integralidade; 7) Constituição oral - é a que não está sedimentada em um determinado texto escrito; 8) Constituição compromissória – é a que se originou de um compromisso constitucional, fruto de uma ampla composição entre as várias classes sociais. OBSERVAÇÃO: CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: FORMAL, ESCRITA, DOGMÁTICA, PROMULGADA, RÍGIDA E ANALÍTICA.