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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
 
 DEFINIÇÃO 2
 CONCEPÇÕES MODERNAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO 3
 OBJETO 4
 DISTINÇÃO ENTRE PARTE ORGÂNICA E A PARTE DOGMÁTICA 5
 ELEMENTOS 5
 NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO 6
 CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO ou TIPOLOGIA 7
 QUANTO AO CONTEÚDO 7
 QUANTO À FORMA 7
 QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO 7
 QUANTO À ORIGEM 7
 QUANTO À EXTENSÃO 8
 QUANTO À IDEOLOGIA 8
 QUANTO À FUNÇÃO - J.J.CANOTILHO 8
 QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO 8
 QUANTO AO SISTEMA 8
 QUANTO À ESSÊNCIA CRITÉRIO ONTOLÓGICO-KARL LOEWENSTEIN 8
 QUANTO À ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO -JORGE MIRANDA 9
 CLASSIFICAÇÃO DE RAUL MACHADO HORTA 9
 QUANTO À ATIVIDADE LEGISLATIVA 9
 CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA 10
 QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO - ANDRÉ RAMOS TAVARES 10
 SEGUNDO JORGE MIRANDA 10
 CONSTITUIÇÃO BALANÇO OU REGISTRO 10
 CONSTITUIÇÃO EM BRANCO 10
 QUANTO À RIGIDEZ OU ESTABILIDADE 10
 CONSTITUIÇÃO DÚCTIL ou SUAVE 11
 CONSTITUIÇÃO UNITEXTUAL ou ORGÂNICA 11
 CONSTITUIÇÃO SUBCONSTITUCIONAL 11
 CONSTITUIÇÃO PROCESSUAL, INSTRUMENTAL ou FORMAL 11
 CONSTITUIÇÃO CHAPA BRANCA 12
 CONSTITUIÇÃO UBÍQUA 12
 CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA 12
 CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA E JUDICIALISTA 12
 CONSTITUIÇÃO ORAL 13
 CONSTITUIÇÃO INSTRUMENTAL 13
 TRANSCONSTITUCIONALISMO 13
 CONSTITUIÇÃO.COM (“crowdsourcing”) 13
 CLASSIFICAÇÃO DA CF/88 13
1
http://www.a-pdf.com/?tr-demo
 
 
 DEFINIÇÃO
Constituição não é conceito unívoco, constituição é conceito equívoco. Não tem apenas um sentido, mas tem
pelo menos 3 sentidos (sociológico, político e jurídico).
 SENTIDO SOCIOLÓGICO - Ferdinand Lassalle
Constituição como folha em branco e como fator real de poder.
Conforme aponta Bernardo Gonçalves:
Sendo assim, uma investigação sobre qual seja a “Constituição” real e efetiva de um
Estado e de uma sociedade transborda e ultrapassa os limites da ciência jurídica, sendo,
na realidade, um problema dos sociólogos e dos cientistas políticos, que seriam mais
aptos a identificar, na dinâmica social, os verdadeiros centros de poder e de decisão
presentes nessa sociedade e os interesses aos quais esse poder serve1.
Para Lassale, coexistem em um Estado duas Constituições: uma real, efetiva, correspondente à soma dos fatores
reais de poder que regem este país; e outra, escrita, que consistiria apenas numa “folha de papel”.
Este conceito pertence à Sociologia Jurídica.
 SENTIDO POLÍTICO - Carl Schmitt
Schmitt voltou a ser estudado hoje em dia em alguns pontos. Segundo ele, deveria haver uma separação entre
Estado e Sociedade. A constituição seria a decisão política que fundamentaria o fato de o Estado existir. Para
ele, a Constituição seria a decisão política fundamental do titular do poder constituinte, que é o povo (visão
decisionista), ou seja, somente se refere estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática, etc.
Ele diferencia a Constituição das Leis constitucionais que seriam os demais dispositivos inseridos no texto do
documento constitucional, mas não contêm matéria de decisão política fundamental.
Diferenciava Constituição de lei constitucional.
Constituição: decisão política fundamental.
Lei constitucional: pode ou não representar a Constituição, não dizendo respeito à decisão política fundamental.
A Constituição seria fruto da vontade do povo, titular do poder constituinte ; por isso mesmo é que essa teoria é
considerada DECISIONISTA ou VOLUNTARISTA.
Este conceito pertence à Ciência Política.
 SENTIDO JURÍDICO - Hans Kelsen
Este sentido é próprio do Direito Constitucional. Em Kelsen havia a separação entre norma fundamental
hipotética e lei fundamental do Estado. A primeira, pertence à filosofia (fundamentação da Constituição). A
Constituição é a lei fundamental do Estado.
A Constituição ocupa o ápice da pirâmide da hierarquia das normas. Ela é o fundamento comum de validade das
normas que o Estado vier a produzir.
1 FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Salvador. 2017. Pg.73
2
Sentido lógico-jurídico: fundamento transcendental de sua validade. Norma hipotética fundamental.
Sentido jurídico-positivo: serve de fundamento para as demais normas. A Constituição é o pressuposto de
validade de todas as leis
ATENÇÃO: Mesmo entendendo a Constituição com sentido jurídico, é possível ainda distinguir em FORMAL e
MATERIAL.
Lembre-se que norma formalmente constitucional é qualquer norma que está constando do texto da Constituição.
Por outro lado, norma materialmente constitucional é aquela que trata de tema próprio de constituição (Direitos
Fundamentais, Organização do Estado, Poderes etc.).
Diante disso, nasce uma distinção entre a Constituição formal (reunião de normas formalmente constitucionais) e
a Constituição material (Reunião de normas materialmente constitucionais – não tem manifestação física,
é uma construção hipotética). A Constituição material não se limita a um diploma.
CONCEPÇÕES MODERNAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO2
 FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - Konrad Hesse
Critica e rebate a concepção tratada por Ferdinand Lassalle. A Constituição possui uma força normativa capaz de
modificar a realidade, obrigando as pessoas. Nem sempre cederia frente aos fatores reais de poder, pois obriga.
Tanto pode a Constituição escrita sucumbir, quanto prevalecer, modificando a sociedade. O STF tem utilizado
bastante esse princípio da força normativa da Constituição em suas decisões.
 CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA - Marcelo Neves.
Cita o autor que a norma é mero símbolo. O legislador não a teria criado para ser concretizada. Nenhum Estado
Ditatorial elimina da Constituição os direitos fundamentais, apenas os ignora. Ex: salário-mínimo que "assegura"
vários direitos.
 CONSTITUIÇÃO ABERTA - Peter Häberle e Carlos Alberto Siqueira Castro.
Leva em consideração que a Constituição tem objeto dinâmico e aberto, para que se adapte às novas expectativas
e necessidades do cidadão. Se for aberta, admite emendas formais (EC) e informais (mutações constitucionais),
está repleta de conceitos jurídicos indeterminados. Ex: art. 5º, XI, CF - no conceito de "casa" está incluso a casa e o
escritório onde exerce atividade profissional. A idéia dele é que nós devemos urgentemente recusar a idéia de que
a interpretação deve ser monopolizada exclusivamente pelos juristas. Para que a Constituição se concretize e
necessário que todos os cidadãos se envolvam num processo de interpretação e aplicação da constituição. O
titular o poder constituinte é a sociedade, por isso ela deve se envolver no processo hermenêutico de
materialização da constituição. Essa idéia abre espaço para que os cidadãos participem cada vez mais nessa
interpretação.
 CONCEPÇÃO CULTURAL
2 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1516539/a-constituicao-e-seus-sentidos-sociologico-politico-e-juridico
3
Remete ao conceito de Constituição total, que é a que possui todos os aspectos vistos anteriormente. De acordo
com esta concepção, a Constituição é fruto da cultura existente dentro de determinado contexto histórico, em uma
determinada sociedade, e ao mesmo tempo, é condicionante dessa mesma cultura, pois o direito é fruto da
atividade humana. José Afonso da Silva é um dos autores que defendem essa concepção. Meirelles Teixeira a partir
dessa concepção cultural cria o conceito de Constituição Total, segundo o qual: "Constituição é um conjunto de
normas jurídicas fundamentais, condicionadas pela cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta,
emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do
modo de exercício e limites do poder político" (expressão retirada do livro do professor Dirley da Cunha Júnior na
página 85, o qual retirou do livro de J. H. Meirelles Teixeira página 78).
 
 BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE
Nasce da doutrina de LOUIS FAVOREU
Bloco de constitucionalidade nada mais é do que a constituição material aplicada a controle de
constitucionalidade.
O parâmetro do controle ultrapassa a própria constituição formal e alcança outras normas (que podemser
legais ou até mesmo internacionais, desde que as matérias venham ser próprias de Constituição). Assim, seria
possível controle de constitucionalidade em face do Código Civil quando alude ao direito ao nome.
Em relação ao tema, vamos fazer algumas considerações:
1 Bloco no Direito Comparado:
Em todo o mundo há tendência a esse modelo de controle de constitucionalidade.
MARK TUSHNET fala do alargamento da parametricidade constitucional. Ou seja, uma ampliação dos
parâmetros de controle de constitucionalidade para além da constituição formal.
2 Bloco no Direito brasileiro:
Há quem mencione o Art. 5º, §3º da CF na forma que lhe deu a EC 45/04.
Aqui temos a ideia de EQUIVALÊNCIA entre o tratado e a emenda, da mesma forma que o bloco não é a
constituição, mas é equivalente à constituição em tema de controle.
O STF já chegou a citar o bloco, mas nunca o aplicou. Isso pelo fato de que o bloco de constitucionalidade está mais
relacionado às constituições sintéticas e não as analíticas (como é o caso brasileiro).
Assim, no Brasil temos em nossa constituição diversas regras. Além disso, temos também os princípios
constitucionais que são grandes parâmetros de constitucionalidade.
 
 OBJETO
O objeto tem por propósito indicar o que é propriamente matéria de Constituição (materialmente constitucional).
Assim, se a matéria estiver nestes pontos, será materialmente constitucional.
1 DIVISÃO DO PODER POLÍTICO
a O poder político é uno e indivisível. Assim O QUE SE DIVIDE É A FORMA DE EXERCÍCIO e não a sua
essência;
4
b A tripartição de poderes não é a única forma pela qual o exercício do poder político pode ser
exercido: Em federações, temos aqui também a forma de divisão territorial (em forma vertical) e outra forma
de divisão funcional (horizontal).
Aqui devemos lembrar das lições do Direito Administrativo quando firma as diferenças entre órgãos e entidades,
pois quando há a divisão territorial temos a divisão de poder político entre entidades (Título III da nossa CF –
União, Estados, DF e Municípios). No âmbito funcional, temos a divisão entre órgãos (Título IV da nossa CF –
Poderes).
2 DIREITOS, GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
a Traz objetivos do Estado com a ideia de intervenção do Estado na ordem econômica e social. Nossa
constituição não é liberal, mas social.
b Distinção entre Direito, Garantia e Remédio: A ideia de “proteção” é o ponto de contado entre eles.
O que distingue é o tempo.
Assim, primeiro a ordem jurídica afirma que o Direito existe. Depois, visando efetivar o direito, disponibiliza uma
garantia. Enfim, visando efetivar a garantia, prescreve um remédio. Assim, “a todo direito corresponde uma
garantia que o assegura e a toda garantia corresponde um remédio que a torna eficaz”.
Como exemplo: Direito de ir, vir e ficar. Para que fosse assegurado esse direito, a CF disponibilizou garantias a
exemplo da formalidade da prisão provisória. Não sendo respeitada essa garantia caberá o remédio do Habeas
Corpus.
Assim, a Constituição deve tratar desses dois eixos.
DISTINÇÃO ENTRE PARTE ORGÂNICA E A PARTE DOGMÁTICA
a Orgânica: Aquela que organza o Estado; e
b Dogmática: Aquela que trata do dogma da dignidade da pessoa humana (Direitos, garantias e remédios
constitucionais).
No Brasil, inclina-se, no séc. XXI, ao esvaziamento da parte orgânica em detrimento da parte dogmática. Isso
tem demonstração na ciência jurídica e no Direito positivo. Como exemplo, cada vez é mais raro encontrar obras
novas sobre Estado e sua organização. No Direito positivo também é visível isso, tendo em vista que na atual
Constituição a ordem de abordagem dos temas foi invertida, ou seja, primeiro se fala dos Direitos e depois do
Estado. Assim, não é mais o Estado o ator principal, mas os Direitos limitam a atuação deste.
A partir disso, surge uma rediscussão sobre os elementos da Constituição.
 
 ELEMENTOS3
1 ORGÂNICO
É o mesmo que a parte orgânica já apontada (Títulos III e IV).
3 JOSÉ AFONSO DA SILVA. Curso de Direito Constitucional positivo.
5
2 LIMITATIVO
Está compreendido na parte dogmática. A principal limitação ao Estado é justamente ideia consagrada nos
Direitos, Garantias e Remédios (Título II).
3 SÓCIOIDEOLÓGICO
Diz respeito à parte de intervenção do Estado da ordem econômica e social (lembre-se que decorre da parte
dogmática). Estampadas nos Títulos VII e VIII.
4 ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL
Esse elemento trata de qualquer norma da CF sobre solução de conflitos constitucionais (envolvendo diretamente
a constituição ou ainda de forma indireta), que estabilizam a ordem constitucional.
Como exemplo: Controle de Constitucionalidade e a Intervenção Federal.
5 FORMAL DE APLICABILIDADE:
Tudo que o texto traga sobre forma de aplicação da Constituição. São exemplos: o preâmbulo e o ADCT (segundo o
próprio JOSÉ AFONSO).
O que regula a forma do corpo permanente é o que vem antes dele (preâmbulo) e o que vem depois dele (ADCT).
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
ORGÂNICO Estrutura do estado
LIMITATIVOS Direitos fundamentais – limitam atuação estatal
SÓCIOIDEOLÓGICO Equilíbrio entre ideias liberais e sociais ao longo da CF.
DE ESTABILIZAÇÃO
Asseguram solução de conflitos institucionais e protegem a integridade da
Constituição e do Estado
FORMAIS DE
APLICABILIDADE
Interpretação e aplicação da Constituição
NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO
 TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA
O preâmbulo situa-se no DOMÍNIO DA POLÍTICA, sem relevância jurídica (STF).
ATENÇÃO: apesar de o preâmbulo não possuir força normativa, ele traz as intenções, o sentido, a origem,
as justificativas, os objetivos, os valores e os ideais de uma Constituição, servindo de vetor interpretativo.
Trata-se, assim, de um referencial interpretativo-valorativo da Constituição.
Efeitos de não pertencer à CF:
- Não se aceita modificação do preâmbulo por emenda (pois esta altera a Constituição);
- Não pode ser parâmetro de controle de Constitucionalidade.
6
 TESE DA PLENA EFICÁCIA
O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais, sendo, porém, apresentado de
forma não articulada.
 TESE DA RELEVÂNCIA JURÍDICA INDIRETA
Ponto intermediário entre as duas, já que, muito embora participe "das características jurídicas da Constituição'',
não deve ser confundido com o articulado
 CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO ou TIPOLOGIA
QUANTO AO CONTEÚDO
 Constituição material: possui apenas conteúdo constitucional.
 Constituição formal: além de possuir matéria constitucional, possui outros assuntos. Não importa o seu
conteúdo, mas a forma por meio da qual foi aprovada.
QUANTO À FORMA
 Constituição escrita: é um documento formal, solene.
OBS: Todas as Constituições brasileiras foram escritas.
 Constituição não-escrita (costumeira, consuetudinária ou histórica): fruto dos costumes da sociedade.
Temos 4 exemplos de constituições não escritas: Reino Unido; Arábia saudita; Israel; e Nova Zelândia
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO
 Constituição dogmática: fruto de um trabalho legislativo específico. Reflete os dogmas de um momento
específico da história.
OBS: Todas as Constituições brasileiras foram dogmáticas.
 Constituição histórica: fruto de uma lenta evolução histórica.
QUANTO À ORIGEM
 Constituição promulgada (democrática ou popular): feita pelos representantes do povo. Brasil: CF-1891,
CF-1934, CF-1946 e CF-1988.
 Constituição outorgada (ou carta constitucional): impostas ao povo pelo governante. Brasil: CF-1824
(Dom Pedro I), CF-1937 (Getúlio Vargas), CF-1967 (regime militar).
 Constituição cesarista (plebiscitária ou bonapartista): feita pelo governante e submetida a apreciação
do povo mediante referendo.
7
 Constituição pactuada (contratual ou dualista): fruto do acordo entre duas forças políticas de um país.
Ex: Constituição Francesa de 1791.
QUANTO À EXTENSÃO
 Constituição sintética (breve, sumária, sucinta, resumida, concisa): trata apenas dos temas principais.
Ex: Constituição dos EUA.
 Constituição analítica (longa, volumosa, inchada, ampla, extensa, prolixa, desenvolvida, larga): entra
emdetalhes de certas instituições. Ex: CF-1988.
QUANTO À IDEOLOGIA
 Constituição ortodoxa (ou monista): fixa uma única ideologia estatal.
Ex: Constituição chinesa, Constituição da ex-URSS.
 Constituição eclética (ou compromissória): permite a combinação de ideologias diversas.
QUANTO À FUNÇÃO - J.J.CANOTILHO
 Constituição garantia (negativa ou abstencionista): limita-se a fixar os direitos e garantias
fundamentais. É uma carta declaratória de direitos.
 Constituição dirigente (ou programática): além de prever os direitos e garantias fundamentais, fixa
metas estatais. Ex: art. 196, CF; art. 205, CF; art. 7º, CF; art. 4º, parágrafo único, CF.
QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO
 Constituição unitária (codificada, reduzida ou orgânica): formada por um único documento.
 Constituição variada (legal, inorgânica ou esparsa): formada por mais de um documento.
Art. 5º, § 3º, CF: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.
ATENÇÃO: A CF/88 nasce como uma Constituição unitária, mas vem passando por um processo de descodificação.
QUANTO AO SISTEMA
 Constituição principiológica: possui mais princípios do que regras.
Paulo Bonavides entende que é o caso da CF/1988.
8
 Constituição preceitual: possui mais regras do que princípios.
QUANTO À ESSÊNCIA CRITÉRIO ONTOLÓGICO-KARL LOEWENSTEIN4
 Constituição semântica: é a Constituição cujas normas foram elaboradas para a legitimação de práticas
autoritárias de poder; geralmente decorrem da usurpação do Poder Constituinte do povo. Ex: CF-1937,
CF-1967.
 Constituição nominal (ou nominalista): quando não há uma concordância, absoluta, entre as normas
constitucionais e as exigências do processo político, estas não se adaptando àquelas, isto é, se a dinâmica
do processo político não se adaptar às normas da Constituição, esta será nominal. É Constituição sem valor
jurídico cujas normas, na maior parte, são ineficazes.
 Constituição normativa: são aquelas, que possuem valor jurídico, cujas normas dominam o processo
político, logrando submetê-lo à observação e adaptação de seus termos; é aquela, na qual, há uma
adequação entre o texto e a realidade social, o seu texto traduz os anseios de justiça dos cidadãos, sendo
condutor dos processos de poder.
ATENÇÃO
Pedro Lenza afirma que a Constituição brasileira está caminhando da Constituição nominal para a normativa.
Contudo, a posição majoritária é de que a constituição brasileira é normativa.
QUANTO À ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO -JORGE MIRANDA
 Constituição heterônoma (ou heteroconstituição): feita em um país para vigorar em outro país.
 Constituição autônoma (homoconstituição ou autoconstituição): feita em um país para nele vigorar. É
a regra geral.
Ex: Constituição brasileira.
CLASSIFICAÇÃO DE RAUL MACHADO HORTA
 Constituição expansiva: além de ampliar temas já tratados, trata de novos temas.
Ex: CF-1988.
 Constituição plástica: permite sua ampliação por meio de leis infraconstitucionais (segundo a lei, nos
termos da lei, etc.).
Ex: CF-1988.
4 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7593
9
QUANTO À ATIVIDADE LEGISLATIVA
 Constituição-lei: a constituição é tratada como uma lei qualquer. Dá ampla liberdade ao legislador
ordinário.
 Constituição-fundamento (constituição total ou ubiquidade constitucional): a constituição tenta
disciplinar detalhes da vida social. Dá uma pequena liberdade ao legislador ordinário.
 Constituição-moldura (Canotilho: Constituição-quadro): como a moldura de um quadro, a constituição
fixa os limites de atuação do legislador ordinário.
CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA
É a constituição cujo simbolismo é maior que seus efeitos práticos. Para Marcelo Neves, a CF/88 é simbólica
por ter um elevado número de normas programáticas e dispositivos de alto grau de abstração.
Marcelo Neves afirma que a constitucionalização simbólica tem como objetivos confirmar determinados
valores sociais, desejando-se apenas uma vitória legislativa e fortalecer a confiança do cidadão no governo
ou no Estado, por meio da legislação álibi, por meio da qual se esvaziam pressões políticas e apresentam o
Estado como sensível a expectativas dos cidadãos, porém sem efetividade. Por fim, teria como terceiro
objetivo adiar a solução de conflitos sociais, por meio de compromissos dilatórios, postergando-se a
verdadeira decisão para o futuro.
QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO - ANDRÉ RAMOS TAVARES
 Constituição liberal: possui apenas direitos individuais ou de 1a dimensão (ex: vida, liberdade,
propriedade). O Estado tem o dever principal de não fazer.
Ex: CF-1824, CF-1891.
 Constituição social: além de direitos individuais, prevê direitos sociais ou de 2a dimensão (ex: saúde,
educação, moradia, alimentação). O Estado tem o dever principal de fazer.
Ex: CF-1934, CF-1946, CF-1967, CF-1988.
Quando se deu a mudança da Constituição Liberal para a Constituição Social?
A passagem do padrão liberal para o social ocorreu a partir da Constituição do MÉXICO (1917). Posteriormente
tivemos a Constituição de Weimar (Alemanha – 1919), a da Espanha e a do Brasil (1934).
SEGUNDO JORGE MIRANDA
 Constituição provisória (ou pré-constituição): possui duração reduzida, até que seja elaborada a
constituição definitiva.
 Constituição definitiva: possui prazo indeterminado de duração. Ex: CF-1988.
CONSTITUIÇÃO BALANÇO OU REGISTRO
Periodicamente elabora-se uma constituição, fazendo uma análise do avanço social ocorrido nos anos anteriores.
10
CONSTITUIÇÃO EM BRANCO
Não prevê regras e limites para o exercício do poder constituinte derivado reformador.
QUANTO À RIGIDEZ OU ESTABILIDADE
 Constituição imutável (permanente, granítica ou intocável): não pode ser alterada, pretendendo-se
eterna e fundando-se na crença de que não haveria órgão competente para proceder à sua reforma. Pode
estar relacionada a fundamentos religiosos. Ex: a CF-1824 foi imutável nos primeiros 4 anos (limitação
temporal).
 Constituição rígida: possui um processo de alteração mais rigoroso que o destinado às outras leis. Ex:
CF-1988.
 Constituição flexível: possui o mesmo processo de alteração que o destinado às outras leis. Os países de
constituição flexível não possuem o controle de constitucionalidade.
 Constituição transitoriamente flexível: é a Constituição flexível por algum período, findo o qual se torna
uma Constituição rígida.
 Constituição semirrígida (ou semiflexível): parte dela é rígida e parte é flexível.
 Constituição fixa (ou silenciosa): é aquela que nada prevê sobre sua mudança formal, sendo alterável
somente pelo próprio poder originário.
 Constituição super-rígida: é a Constituição rígida que possui um núcleo imutável.
ATENÇÃO
O conceito de constituição “super rígida” (não admitiria qualquer mudança) está defasado. Temos dois motivos:
Razão Teórica: Contraria a ideia de Direito. O Direito é uma ciência social e se adequa à nova realidade social. Não
se pode impor a vontade de uma geração sobre a outra. Razão Prática: Não há nenhum caso prático no mundo
que possua essa forma de Constituição.
CONSTITUIÇÃO DÚCTIL ou SUAVE
Idealizada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky (constituzione mite).
É aquela que não define ou impõe uma forma de vida, mas assegura condições possíveis para o exercício dos
mais variados projetos de vida. Reflete o pluralismo ideológico, moral, político e econômico existente na
sociedade.
CONSTITUIÇÃO UNITEXTUAL ou ORGÂNICA
Rechaça a ideia de existência de um bloco de constitucionalidade, visto que a Constituição seria disposta
em uma estrutura documental única.
11
CONSTITUIÇÃO SUBCONSTITUCIONAL
Constituição subconstitucional admite a constitucionalização de temas excessivos e o alçamento de detalhes
e interesses momentâneos ao patamar constitucional.
Para Uadi Lammêgo Bulos, citando Hild Krüger, as constituições só devem trazer aquilo que interessa à
sociedade como um todo, semdetalhamentos inúteis.  Esse excesso de temas forma as constituições
substitucionais, que são normas que, mesmo elevadas formalmente ao patamar constitucional, não o são,
porque encontram-se limitadas nos seus objetivos.
CONSTITUIÇÃO PROCESSUAL, INSTRUMENTAL ou FORMAL
É um "instrumento de governo definidor de competências, regulador de processos e estabelecedor de
limites à acção política" (Canotilho). Seu objetivo é definir competências, para limitar a ação dos Poderes
Públicos, além de representar apenas um instrumento pelo qual se eliminam conflitos sociais.
CONSTITUIÇÃO CHAPA BRANCA5
O intuito principal da Constituição é tutelar interesses e até mesmo privilégios tradicionalmente reconhecidos
aos integrantes e dirigentes do setor público.
A Constituição é fundamentalmente um conjunto normativo “destinado a assegurar posições de poder a
corporações e organismos estatais ou paraestatais. É a visão da Constituição “chapa-branca”, no sentido de
uma “Lei Maior da organização administrativa”. Apesar da retórica relacionada aos direitos fundamentais e das
normas liberais e sociais, o núcleo duro do texto preserva interesses corporativos do setor público e
estabelece formas de distribuição e de apropriação dos recursos públicos entre vários grupos.
Leitura socialmente pessimista da Constituição que insiste na continuidade da visão estatalista-patrimonialista
da Constituição e na centralidade do Poder Executivo em detrimento tanto da promessa democrática como
da tutela judicial dos direitos individuais.
CONSTITUIÇÃO UBÍQUA6
Onipresença das normas e valores constitucionais no ordenamento jurídico.
Parte-se da constatação de que os conflitos forenses e a doutrina jurídica foram impregnados pelo direito
constitucional. A referência a normas e valores constitucionais é um elemento onipresente no direito
brasileiro pós-1988. Essa “panconstitucionalização” deve-se ao caráter detalhista da Constituição, que
incorporou uma infinidade de valores substanciais, princípios abstratos e normas concretas em seu
programa normativo.
CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA7
Objetiva preponderantemente garantir os direitos individuais, preservando fortes garantias ao direito de
propriedade e procurando limitar a intervenção estatal na economia.
7
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y
6
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y
5
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y
12
CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA E JUDICIALISTA 8
Leitura da Constituição de 1988 com base nas seguintes características:
1) importância crucial dos direitos fundamentais, incluindo os sociais, sendo a Constituição de 1988 um texto
denso exigente, limitando a liberdade do legislador e impondo sua implementação; 
2) centralidade dos princípios constitucionais que se multiplicam e adquirem relevância prática e aplicabilidade
imediata, desde que sejam adotados métodos de interpretação abertos, evolutivos e desvinculados da
textualidade das regras, em particular a ponderação de princípios e/ou valores;
3) importância do Poder Judiciário que se torna protagonista da Constituição de 1988, em razão da ampliação
e da intensificação do controle de constitucionalidade e da incumbência de implementar o projeto constitucional
mediante aplicação de métodos “abertos” de interpretação.
CONSTITUIÇÃO ORAL
É “aquela em que o chefe supremo de um povo reclama, de viva voz, o conjunto de normas que deverão reger a
vida em comunidade” (BULOS, 2014, p. 108).
CONSTITUIÇÃO INSTRUMENTAL
Para Uadi Lammêgo Bulos, “é aquela em que suas normas equivalem a leis processuais. Seu objetivo é definir
competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos” (BULOS, 2014, p. 108).
TRANSCONSTITUCIONALISMO
É fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de um mesmo Estado, ou de Estados diferentes, se entrelaçam
para resolver problemas constitucionais” (BULOS, 2014, p. 90).
CONSTITUIÇÃO.COM (“crowdsourcing”)
“É aquela cujo projeto conta a opinião maciça dos usuários da internet, que, por meio de sites de relacionamentos,
externam seu pensamento a respeito dos temas a serem constitucionalizados. Foi a Islândia que, pioneiramente,
no ano de 2011, fez uma ‘constituição.com’ (crowdsourcing)” (BULOS, 2014, p. 112).
CLASSIFICAÇÃO DA CF/88
CF/889
■ quanto à origem: promulgada
■ quanto à forma: escrita (instrumental)
■ quanto à extensão: analítica (ampla, extensa, larga, prolixa, longa, desenvolvida, volumosa, inchada)
■ quanto ao conteúdo: formal
■ quanto ao modo de elaboração: dogmática (sistemática)
9 LENZA (2020), pag. 103/104
8
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y
13
■ quanto à alterabilidade: rígida
■ quanto à sistemática (Pinto Ferreira): reduzida (unitária)
■ quanto à dogmática (Paulino Jacques): eclética (destaque para o caráter compromissório do texto de
1988);
■ quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico — essência — Karl Loewenstein):
normativa (pretende ser)
■ quanto ao sistema: principiológica
■ quanto à função: Constituição definitiva ou de duração indefinida para o futuro
■ quanto à origem de sua decretação: autônoma (“autoconstituição” ou “homoconstituição”)
■ Manoel Gonçalves Ferreira Filho: garantia e dirigente;
■ André Ramos Tavares (conteúdo ideológico das Constituições): sociais (dirigentes);
■ Raul Machado Horta: expansiva.
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