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R enato B rasile iro de Lima
Manual de
Processo
Penal
VOLUME ÚNICO
INCLUI
• Mais de 3.500 precedentes do STF e do STJ
• Referências ao Processo Penal Militar
• Amplo estudo dos dispositivos processuais da legislação 
criminal especial
• Cases da Corte Interamericana de Direitos Humanos
• Novas Súmulas do STJ
CONFORME
• Lei n. 13.793/2019 - acesso de advogados a processos 
e procedimentos eletrônicos.
• Lei 13.774/2018 - altera a Lei de Organização Judiciária 
da Justiça Militar da União
• Lei 13.772/2018 - criminaliza o registro não autorizado 
da intimidade sexual
• Lei 13.769/2018 - altera o CPP para estabelecer a 
substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar 
da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por 
crianças ou pessoas com deficiência
• Lei 13.771/2018 - altera o art. 121 do CP
• Lei 13.728/2018 - dispõe sobre a contagem de prazo 
nos Juizados Especiais
• Lei 13.721/2018 - altera o CPP para estabelecer 
prioridade à realização do exame de corpo de delito nos
crimes de violência contra mulher, criança, adolescente, 
idoso ou pessoa com deficiência
• Lei 13.718/2018 - traz novas disposições para os crimes 
contra a dignidade sexual
• Lei 13.715/2018 - perda do poder familiar
• Lei 13.654/2018 - altera os crimes de furto e roubo 
do CP
• Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento 
de medidas protetivas de urgência
• Lei 13.642/2018 - investigação pela Polícia Federal 
de crimes praticados por meio da rede mundial de 
computadores que difundam ódio ou aversão às 
mulheres
• Lei 13.608/2018 - dispõe sobre o serviço telefônico de 
recebimento de denúncias e sobre recompensas por 
informações que auxiliem nas investigações policiais
• Lei 13.603/2018 - inclui a simplicidade como critério 
orientador do processo perante os Juizados Especiais 
Criminais
7*
edição
revista
atualizada
ampliada
EDITORA
mpodivm
www.editorajuspodivm.com.br
http://www.editorajuspodivm.com.br
Renato Brasileiro de Lima
Manual de
Processo
Penal
I s-
edição
revista
atualizada
ampliada
2019
EDITORA
>PODIVM
www.editorajuspodivm.com.br
http://www.editorajuspodivm.com.br
EDITORA
itfPODIVM
www.editorajuspodivm.corn.br
Rua Território Rio Branco, 87 - Pituba - CEP: 41830-530 - Salvador - Bahia 
Tel: (71) 3045.9051
• Contato: https://www.editorajuspodivm.com.br/sac 
Copyright: Edições JusPODIVM
Conselho Editorial: Eduardo Viana Portela Neves, Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie 
Didier Jr., José Henrique Mouta, José Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Júnior, Nestor Távora, Robrio Nunes 
Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha.
Diagramação: Isabella Giordano (giordano.bella@gmail.com)
Capa: Ana Caquetti
L732m Lima, Renato Brasileiro de
Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro de Lima - 7. ed. rev., ampl. 
e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2019.
1.904 p.
Todos os direitos desta edição reservados à Edições JusPODIVM.
É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, 
sem a expressa autorização do autor e da Edições JusPODIVM. A violação dos direitos autorais caracteriza 
crime descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.
Bibliografia.
ISBN 978-85-442-2522-6.
1. Direito processual. 2. Direito processual penal. I. Título.
CDD 341.43
7.3 ed., 2.° tir.: mar./2019.
http://www.editorajuspodivm.corn.br
https://www.editorajuspodivm.com.br/sac
mailto:giordano.bella@gmail.com
A Deus.
Ao meu pai Mauro, pelo exemplo de luta e perseverança;
A minha mãe Graça, pelo carinho e pelo amor;
A minha querida esposa Vanessa: difícil acreditar que, 
enfim, consegui concluir “nosso ” Manual de Processo Penal 
(vol. único). Digo “nosso ’’porque tenho a consciência de que 
jamais teria conseguido concluir a obra sem você. Durante 
esses anos de dedicação à conclusão deste trabalho, você sem­
pre esteve ao meu lado: quando desanimava, era você que me 
dava força e motivação para seguir adiante; quando precisava 
de alguém para discutir minhas reflexões e agonias acerca 
do processo penal, era você que estava sempre disposta a me 
ouvir. Pela paciência, pelo companheirismo, pelo carinho e 
pelo amor, Excelência, minha eterna gratidão!
É chegado mais um especial momento para nós: a apresentação de mais uma edição do 
nosso Manual de Processo Penal, agora em sua 7a edição.
E o fazemos com um sincero e singelo agradecimento a todos os leitores, alunos, professores, 
advogados, Delegados de Polícia, Defensores Públicos, Magistrados e colegas do Ministério 
Público, que acolheram nosso trabalho com enorme receptividade.
Essa acolhida, já verificada inclusive em algumas honrosas citações em julgados do Supre­
mo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, nos motiva a continuar na empreitada 
de fazer um livro que, tentando ser didático, consiga servir aos seus diferentes destinatários: 
graduandos, mestrandos, doutorandos, concursandos e operadores do Direito Processual Penal, 
tarefa reconhecidamente muito difícil.
Para a publicação desta 7a edição, o livro foi revisado, atualizado e ampliado. Erros pontuais 
e episódicos na edição anterior foram devidamente corrigidos. Aliás, para tanto, contamos com a 
valorosa colaboração de diversos leitores, que gentilmente nos comunicaram a sua localização.
Dentre as novidades constantes da 7a edição do nosso Manual de Processo Penal, merecem 
destaque especial as seguintes: 1) Lei n. 13.603/18: altera a Lei n. 9.099/95 para incluir a simpli­
cidade como critério orientador do processo perante os Juizados Especiais Criminais; 2) Lei n. 
13.608/18: dispõe sobre o serviço telefônico de recebimento de denúncias e sobre recompensas 
por informações que auxiliem nas investigações policiais; 3) Lei n. 13.642/18: altera a Lei n. 
10.446/02 para acrescentar atribuição à Polícia Federal no que concerne à investigação de crimes 
praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, defi­
nidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres; 4) Lei n. 13.641/18: altera 
a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/16) para tipificar o crime de descumprimento de medidas 
protetivas de urgência; 5) Lei n. 13.654/18: altera o Código Penal para dispor sobre os crimes 
de furto qualificado e de roubo quando envolvam explosivos e do crime de roubo praticado com 
emprego de arma de fogo ou do qual resulte lesão corporal grave; 6) Lei n. 13.715/18: altera o 
Código Penal para dispor sobre hipóteses de perda do poder familiar pelo autor de determinados 
crimes contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro 
descendente; 7) Lei n. 13.718/18: altera o Código Penal para tipificar os crimes de importunação 
sexual e de divulgação de cena de estupro, tomar pública incondicionada a natureza da ação 
penal dos crimes contra a liberdade sexual e dos crimes sexuais contra vulnerável, estabelecer 
causas de aumento de pena para esses crimes e definir como causas de aumento de pena o estu­
pro coletivo e o estupro corretivo; 8) Lei n. 13.721/18: altera o Código de Processo Penal para 
estabelecer que será dada prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar 
de crime que envolva violência doméstica e familiar contra mulher ou violência contra criança, 
adolescente, idoso ou pessoa com deficiência; 9) Lei n. 13.728/18: altera a Lei n. 9.099/95 
para estabelecer que, na contagem de prazo para a prática de qualquer ato processual, inclusive 
para a interposição de recursos, serão computados somente os dias úteis; 10) Lei n. 13.769/18: 
altera o Código de Processo Penal para estabelecer a substituição da prisão preventiva por
8 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
prisão domiciliar da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas 
com deficiência; 11) Lei n. 13.771/18: altera o art. 121 do Código Penal; 12) Lei n. 13.772/18:do acordo de co­
laboração premiada................................. 843
14. Ação controlada............................................... 843
MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima22
14.1. Conceito e previsão legal....................... 843
14.2. (Des) necessidade de prévia autoriza­
ção judicial........................................................ 845
14.3. Flagrante prorrogado, retardado ou
diferido............................................................. 847
14.4. Entrega vigiada....................................... 848
15. Infiltração de agentes.................................... 849
15.1. Conceito e previsão normativa.............. 849
15.2. Atribuição para a infiltração: agentes
de polícia......................................................... 851
15.2.1. (Im) possibilidade de infiltração
de particulares......................................... 851
15.3. Requisitos para a infiltração................... 852
15.4. Duração da infiltração............................ 854
15.5. Agente infiltrado e agente provocador
(entrapment doctrine ou teoria da armadilha) 855
15.6. Sustação da operação............................ 857
15.7. Responsabilidade criminal do agente
infiltrado........................................................... 857
TÍTULO 6 • DAS MEDIDAS CAUTELARES DE 
NATUREZA PESSOAL....................................................... 859
CAPÍTULO I - DAS PREMISSAS 
FUNDAMENTAIS E ASPECTOS 
INTRODUTÓRIOS.............................................................. 859
1. A tutela cautelar no processo penal.................. 859
1.1. Lei n9 12.403/11 e o fim da bipolari- 
dade das medidas cautelares de natureza 
pessoal previstas no Código de Processo
Penal................................................................. 861
2. Princípios aplicáveis às medidas cautelares de
natureza pessoal...................................................... 863
2.1. Da Presunção de inocência (ou da não
culpabilidade)................................................... 864
2.2. Da jurisdicionalidade (princípio tácito 
ou implícito da individualização da prisão e
não somente da pena).................................... 864
2.2.1. Da vedação da prisão ex lege......... 866
2.3. Da proporcionalidade............................... 867
3. Pressupostos das medidas cautelares: fumus
comissi delicti e periculum libertatis...................... 872
4. Características das medidas cautelares.............. 875
5. Procedimento para a aplicação das medidas
cautelares de natureza pessoal.............................. 877
5.1. Aplicação isolada ou cumulativa das
medidas cautelares......................................... 877
5.2. Decretação de medidas cautelares pelo
juiz de ofício..................................................... 877
5.3. Legitimidade para o requerimento de
decretação de medida cautelar....................... 878
5.4. Contraditório prévio à decretação das
medidas cautelares......................................... 880
5.5. Descumprimento injustificado das obri­
gações inerentes às medidas cautelares......... 882
5.6. Revogabilidade e/ou substitutividade
das medidas cautelares................................... 885
5.7. Recursos cabíveis....................................... 888
5.7.1. Em favor da acusação..................... 888
5.7.2. Em favor do acusado...................... 889
5.8. Duração e extinção das medidas caute­
lares de natureza pessoal................................ 890
5.9. Detração.................................................... 890
CAPÍTULO II - PRISÃO................................................... 892
1. Conceito de prisão e seu fundamento consti­
tucional.................................................................... 892
2. Espécies de prisão.............................................. 893
3. Prisão Extrapenal................................................. 893
3.1. Prisão civil................................................. 893
3.1.1. Prisão civil do devedor de alimen­
tos e do depositário infiel........................ 893
3.1.2. Prisão do falido.............................. 895
3.2. Prisão administrativa................................ 896
3.2.1. Prisão do estrangeiro para fins de
extradição, expulsão e deportação.......... 898
3.3. Prisão militar............................................. 900
3.3.1. Da prisão militar em virtude de
transgressão disciplinar............................ 900
3.3.2. Da prisão militar em virtude de
crime propriamente militar...................... 901
4. Prisão penal (career ad poenam)....................... 903
5. Prisão Cautelar (career ad custodiam)............... 904
6. Momento da prisão............................................. 906
6.1. Inviolabilidade do domicílio..................... 906
6.2. Conceito de d ia ........................................ 906
6.3. Cláusula de reserva de jurisdição............. 906
6.4. Momento da prisão e Código Eleitoral..... 907
7. Imunidades prisionais........................................ 907
7.1. Presidente da República e Governado­
res de Estado.................................................... 907
7.2. Imunidade diplomática............................ 908
7.3. Senadores, deputados federais, esta­
duais ou distritais............................................. 910
7.4. Magistrados e membros do Ministério
Público.............................................................. 912
7.5. Advogados................................................. 913
7.6. Menores de 18 anos................................. 914
8. Prisão e emprego de força................................. 914
8.1. Instrumentos de menor potencial ofen­
sivo (ou não letais)........................................... 915
9. Mandado de prisão............................................. 915
9.1. Cumprimento do mandado de prisão...... 918
23SUMÁRIO
9.2. Difusão vermelha (red notice)................. 924
9.2.1. Difusão vermelha a ser executada
no exterior................................................. 924
9.2.2. Difusão vermelha a ser cumprida
no Brasil..................................................... 924
10. Prisão Especial e separação de presos provi­
sórios....................................................................... 925
10.1. Prisão de índios....................................... 929
11. Sala de Estado-Maior....................................... 930
CAPÍTULO III - DOS DIREITOS E GARANTIAS 
CONSTITUCIONAIS E CONVENCIONAIS 
ATINENTES À TUTELA DA LIBERDADE DE 
LOCOMOÇÃO...................................................................... 932
1. Da observância dos direitos fundamentais no
Estado de Direito..................................................... 932
2. Do respeito à integridade física e moral do
preso........................................................................ 933
2.1. Respeito à integridade moral do preso
e sua indevida exposição à mídia.................... 934
2.2. Respeito à integridade física e moral do
preso e uso de algemas................................... 937
2.2.1. Vedação ao uso de algemas em 
mulheres grávidas durante o parto e 
em mulheres durante a fase de puer- 
pério imediato........................................... 938
2.3. Caso Damião Ximenes Lopes................... 939
3. Da comunicação imediata da prisão ao juiz
competente e ao Ministério Público...................... 939
4. Da comunicação imediata da prisão à família
do preso ou à pessoa por ele indicada.................. 941
5. Do direito ao silêncio (nemo tenetur se dete-
gere)........................................................................ 942
6. Da assistência de advogado ao preso................ 942
7. Do direito do preso à identificação dos res­
ponsáveis por sua prisão ou por seu interroga­
tório policial............................................................ 945
8. Do relaxamento da prisão ilegal......................... 946
9. Audiência de custódia (ou de apresentação).....948
CAPÍTULO IV - DA PRISÃO EM FLAGRANTE...... 953
1. Conceito de prisão em flagrante........................ 953
2. Funções da prisão em flagrante......................... 953
3. Fases da prisão em flagrante.............................. 954
4. Natureza jurídica da prisão em flagrante delito.. 955
5. Sujeito ativo da prisão em flagrante.................. 957
5.1. Flagrante facultativo.................................. 957
5.2. Flagrante obrigatório, compulsório ou
coercitivo.......................................................... 958
6. Sujeito passivo do flagrante............................... 958
7. Espécies de flagrante.......................................... 958
7.1. Flagrante próprio, perfeito, real ou ver­
dadeiro............................................................. 959
7.2. Flagrante impróprio, imperfeito, irreal
ou quase-flagrante.......................................... 959
7.3. Flagrante presumido, ficto ou assimilado. 960
7.4. Flagrante preparado, provocado, crime
de ensaio, delito de experiência ou delito 
putativo por obra do agente provocador......... 961
7.5. Flagrante esperado................................... 962
7.5.1. Venda simulada de droga............... 963
7.6. Flagrante prorrogado, protelado, retar­
dado ou diferido: ação controlada e entrega 
vigiada.............................................................. 964
7.7. Flagrante forjado, fabricado, maquina­
do ou urdido..................................................... 965
8. Prisão em flagrante nas várias espécies de
crimes...................................................................... 965
8.1. Prisão em flagrante em crime perma­
nente ................................................................ 965
8.2. Prisão em flagrante em crime habitual.... 966
8.3. Prisão em flagrante em crime de ação
penal privada e em crime de ação penal 
pública condicionada....................................... 967
8.4. Prisão em flagrante em crimes formais .... 967
8.5. Prisão em flagrante em crime continua­
do (flagrante fracionado)................................ 968
9. Flagrante e apresentação espontânea do
agente...................................................................... 968
10. Lavratura do auto de prisão em flagrante
delito....................................................................... 969
10.1. Autoridade com atribuições para a
lavratura do auto de prisão em flagrante....... 970
10.2. Condutor e testemunhas........................ 971
10.3. Interrogatório do preso.......................... 972
10.4. Fracionamento do auto de prisão em
flagrante delito................................................. 974
10.5. Prazo para a lavratura do auto de pri­
são em flagrante delito.................................... 974
10.6. Relaxamento da prisão em flagrante
pela autoridade policial (auto de prisão em 
flagrante negativo).......................................... 974
10.7. Recolhimento à prisão............................ 975
10.8. Remessa do auto à autoridade com­
petente............................................................. 975
10.9. Remessa do auto de prisão em flagran­
te delito à autoridade judiciária...................... 976
10.10. Remessa do auto de prisão em fla­
grante à Defensoria Pública, se o autuado
não informar o nome de seu advogado.......... 976
10.11. Nota de culpa........................................ 976
11. Convalidação judicial da prisão em flagrante.... 977
11.1. Relaxamento da prisão em flagrante
ilegal................................................................. 978
11.2. Conversão da prisão em flagrante em
preventiva (ou temporária)............................. 978
24 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
11.3. Concessão de liberdade provisória, 
com ou sem fiança, cumulada (ou não) com 
as medidas cautelares diversas da prisão....... 982
CAPÍTULO V - DA PRISÃO PREVENTIVA............... 983
1. Conceito de prisão preventiva........................... 983
2. Decretação da prisão preventiva durante a
fase preliminar de investigações............................ 984
3. Decretação da prisão preventiva durante o
curso do processo criminal.................................... 986
3.1. Concessão antecipada de benefícios
prisionais ao preso cautelar............................ 987
4. Iniciativa para a decretação da prisão preven­
tiva........................................................................... 988
4.1. Decretação da prisão preventiva pelo
juiz de ofício..................................................... 988
4.2. Legitimidade para o requerimento de
decretação da prisão preventiva..................... 988
5. Pressupostos....................................................... 989
5.1. Fumus comissi delicti............................... 989
5.2. Periculum libertatis.................................. 990
5.2.1. Garantia da ordem pública............. 991
5.2.2. Garantia da ordem econômica....... 995
5.2.3. Garantia de aplicação da lei penal.. 997
5.2.3.1. Prisão de estrangeiros e garan­
tia de aplicação da lei penal..................... 998
5.2.4. Conveniência da instrução criminal 1000
5.2.5. Descumprimento de qualquer 
das obrigações impostas por força de 
outras medidas cautelares.........................1001
6. Hipóteses de admissibilidade da prisão pre­
ventiva ...................................................................... 1001
6.1. Crimes dolosos punidos com pena má­
xima superior a 4 (quatro) anos........................1001
6.2. Investigado ou acusado condenado por 
outro crime doloso em sentença transitada 
em julgado, ressalvado o disposto no art.
64, inciso I, do Código Penal.............................1003
6.3. Quando o crime envolver violência do­
méstica e familiar contra a mulher, criança, 
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com 
deficiência, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência........................1003
6.4. Dúvida sobre a identidade civil da pes­
soa ou não fornecimento de elementos 
suficientes para seu esclarecimento.................1006
7. Prisão preventiva e excludentes de ilicitude e
de culpabilidade.......................................................1008
8. Duração da prisão preventiva e excesso de
prazo na formação da culpa.....................................1009
8.1. Noções introdutórias..................................1009
8.2. Leis 11.689/08 e 11.719/08 e novo pra­
zo para a conclusão do processo quando o 
acusado estiver preso.......................................1011
8.3. Natureza do prazo para o encerramento
do processo e princípio da proporcionalidade. 1014
8.4. Hipóteses que autorizam o reconheci­
mento do excesso de prazo...............................1014
8.5. Excesso de prazo provocado pela defesa.. 1016
8.6. Excesso de prazo após a pronúncia ou
o encerramento da instrução criminal: mi­
tigação das súmulas 21 e 52 do STJ..................1017
8.7. Excesso de prazo e aceleração do julga­
mento ................................................................ 1018
8.8. Relaxamento da prisão por excesso de
prazo e decretação de nova prisão...................1019
8.9. Excesso de prazo e efeito extensivo.......... 1019
8.10. Relaxamento da prisão preventiva e
liberdade plena.................................................1019
8.11. Relaxamento da prisão e natureza da
infração penal....................................................1020
8.12. Excesso de prazo e investigado ou acu­
sado solto..........................................................1020
9. Fundamentação da decisão que decreta a
prisão preventiva...................................................... 1021
9.1. Fundamentação per relationem.................1023
10. Revogação da prisão preventiva.........................1024
11. Apresentação espontânea do acusado..............1024
12. Prisão preventiva no Código de Processo
Penal Militar............................................................. 1025
CAPÍTULO VI - DA PRISÃO TEMPORÁRIA...........1026
1. Origem.................................................................. 1026
2. Conceito de prisão temporária............................1028
3. Requisitos............................................................. 1028
3.1. Da imprescindibilidade da prisão tem­
porária para as investigações............................1030
3.2. Ausência de residência fixa e não for­
necimento de elementos necessários ao 
esclarecimento da identidade do indiciado....1031
3.3. Fundadas razões de autoria ou partici­
pação do indiciado nos crimes listados no 
inciso III do art. I 9 da Lei ne 7.960/89 e no
art. 2e, § 42, da Lei n9 8.072/90........................1032
4. Do procedimento.................................................1038
5. Prazo..................................................................... 1039
6. Direitos e garantias do preso temporário........... 1040
CAPÍTULO VII - DAS PRISÕES 
DECORRENTES
DE PRONÚNCIA E DE SENTENÇA
CONDENATÓRIA RECORRÍVEL................................... 1041
1. Análise histórica das prisões decorrentes de 
pronúncia e de sentença condenatória recorrível.. 1041
CAPÍTULO VIII - DA PRISÃO DOMICILIAR........... 1048
1. Da prisão domiciliar.............................................1048
SUMÁRIO 25
1.1. Hipóteses de admissibilidade e ônus da
prova................................................................. 1050
1.2. Fiscalização da prisão domiciliar................ 1054
1.3. Saídas controladas......................................1055
1.4. Utilização da prisão domiciliar como
medida cautelar diversa da prisão preventiva. 1055
1.5. Detração..................................................... 1056
CAPÍTULO IX - DAS MEDIDAS CAUTELARES 
DE NATUREZA PESSOAL DIVERSAS DA PRISÃO 1057
1. Da ampliação do rol de medidas cautelares de
natureza pessoal previstas no Código de Proces­
so Penal.................................................................... 1057
2. Compareciménto periódico em juízo...................1058
3. Proibição de acesso ou frequência a determi­
nados lugares............................................................1059
4. Proibição de manter contato com pessoa de­
terminada................................................................. 1061
5. Proibição de ausentar-se da Comarca ou do
País........................................................................... 1062
6. Recolhimento domiciliar no período noturno
e nos dias de folga quando o investigado ou acu­
sado tenha residência e trabalho fixos....................1063
7. Suspensão do exercício de função pública ou
de atividade de natureza econômica ou financeira 1064
8. Internação provisória...........................................1069
9. Fiança.................... 1072
10. Monitoração eletrônica......................................1073
11. Medidas cautelares de natureza pessoal di­
versas da prisão previstas na legislação especial.... 1076
12. Poder geral de cautela no processo penal........ 1079
CAPÍTULO X - DA LIBERDADE PROVISÓRIA....... 1082
1. Conceito............................................................... 1082
2. Distinção entre relaxamento da prisão, liberdade
provisória e revogação da prisão cautelar................1085
2.1. Quadro comparativo entre relaxamento
da prisão, revogação da prisão cautelar e 
liberdade provisória..........................................1086
3. Espécies de liberdade provisória..........................1087
4. Liberdade provisória sem fiança..........................1087
4.1. Revogada liberdade provisória sem
fiança nas hipóteses em que o conduzido 
livrava-se solto...................................................1087
4.2. Liberdade provisória sem fiança nas
hipóteses de descriminantes.............................1088
4.3. Revogada liberdade provisória sem fian­
ça pela inexistência de hipótese que auto­
rizasse a prisão preventiva (antiga redação
do art. 310, parágrafo único)............................1090
4.4. Liberdade provisória sem fiança por
motivo de pobreza............................................1092
5. Liberdade provisória com fiança..........................1093
5.1. Conceito e natureza jurídica da fiança.....1093
5.2. Momento para a concessão da fiança.....1094
5.3. Concessão de fiança pela autoridade
policial............................................................... 1095
5.4. Valor da fiança............................................1096
5.5. Infrações inafiançáveis...............................1097
5.5.1. Infrações inafiançáveis que 
passaram a admitir fiança após a Lei
n9 12.403/11..............................................1097
5.5.1.1. Crimes punidos com reclusão 
em que a pena mínima cominada fosse 
superior a 2 (dois) anos (antiga redação
do art. 323, I)..............................................1097
5.5.1.2. Contravenções tipificadas no 
art. 59 e no revogado art. 60 da Lei das 
Contravenções Penais (antiga redação
do art. 323, II).............................................1097
5.5.1.3. Crimes dolosos punidos com 
pena privativa de liberdade, se o réu 
já tivesse sido condenado por outro 
crime doloso em sentença transitada 
em julgado (antiga redação do art. 323,
III)...............................................................1098
5.5.1.4. Em qualquer caso, se houvesse
no processo prova de ser o réu vadio 
(revogado inciso IV do art. 323).................1098
5.5.1.5. Crimes punidos com reclusão, 
que provocassem clamor público ou
que tivessem sido cometidos com vio­
lência contra a pessoa ou grave ameaça
(revogado inciso V do art. 323)..................1099
5.5.1.6. Preso em gozo de suspensão 
condicional da pena ou de livramento 
condicional.................................................1099
5.5.2. Racismo............................................1099
5.5.3. Crimes hediondos, tráfico de dro­
gas, terrorismo e tortura............................1099
5.5.4. Ação de grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional
e o Estado Democrático.............................1100
5.5.5. Anterior quebramento de fiança 
no mesmo processo ou descumprimen- 
to das obrigações dos arts. 327 e 328
do CPP........................................................1100
5.5.6. Prisão civil ou militar........................1100
5.5.7. Presença das hipóteses que au­
torizam a prisão preventiva........................1101
5.6. Obrigações processuais..............................1101
5.7. Incidentes relativos à fiança.......................1101
5.7.1. Quebramento da fiança...................1101
5.7.2. Fiança definitiva...............................1103
5.7.3. Perda da fiança.................................1103
5.7.4. Cassação da fiança...........................1103
5.7.5. Reforço da fiança..............................1104
MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima26
5.7.6. Fiança sem efeito (inidoneidade
da fiança)....................................................1104
5.7.7. Dispensa da fiança...........................1105
5.7.8. Conversão da liberdade provisó­
ria com fiança em liberdade provisória
sem fiança..................................................1105
5.7.9. Destinação da fiança....................... 1105
5.7.10. Execução da fiança.........................1106
6. Liberdade provisória obrigatória........................ 1107
7. Liberdade provisória proibida............................ 1107
8. Liberdade provisória com vinculação................. 1116
9. Liberdade provisória sem vinculação..................1117
10. Liberdade provisória e definição jurídica do
fato delituoso pela autoridade policial ou pelo 
Ministério Público....................................................1117
11. Liberdade provisória e recursos........................ 1118
12. Liberdade provisória no Código de Processo
Penal Militar.............................................................1119
13. Menagem........................................................... 1122
TÍTULO 7 • QUESTÕES E PROCESSOS 
INCIDENTES........................................................................1125
1. Noções gerais.......................................................1125
2. Questões prejudiciais...........................................1125
2.1 Conceito e natureza jurídica........................1126
2.2. Características............................................1127
2.3. Distinção entre questões prejudiciais e
questões preliminares.......................................1128
2.4. Classificação das questões prejudiciais.......1129
2.4.1. Quanto à Natureza...........................1129
2.4.2. Quanto à competência.................... 1131
2.4.3. Quanto aos efeitos...........................1131
2.4.4. Quanto ao grau de influência da 
questão prejudicial sobre a prejudicada... 1132
2.5. Sistemas de Solução...................................1132
2.6. Questões prejudiciais devolutivas abso­
lutas (heterogêneas relativas ao estado civil
das pessoas)......................................................1133
2.6.1. Pressupostos....................................1133
2.6.2. Conseqüências.................................1135
2.7. Questões prejudiciais devolutivas rela­
tivas (heterogêneas não relativas ao estado
civil das pessoas)...............................................1136
2.7.1 Pressupostos.....................................1136
2.7.2. Conseqüências.................................1137
2.8. Recursos cabíveis........................................1138
2.9. Decisão cível acerca da questão prejudi­
cial heterogênea e sua influência no âmbito 
criminal..............................................................1139
2.10. Princípio da suficiência da ação penal.... 1139
3. Exceções............................................................... 1140
3.1. Conceito.....................................................1140
3.2. Exceções ou objeções.................................1140
3.3. Classificação das exceções.........................1141
3.3.1. Quanto à natureza............................1141
3.3.2. Quanto aos efeitos...........................1141
3.3.3. Quanto à forma de processamento 1142
3.4. Natureza Jurídica........................................1142
3.5. Exceção de suspeição, de impedimento
ou de incompatibilidade...................................1143
3.5.1. Procedimento da exceção de
suspeição (impedimento e incompati­
bilidade) .....................................................1143
3.5.1.1. Reconhecimento de ofício da
suspeição.................................................... 1143
3.5.1.2. Oposição da exceção de suspeição 1144
3.5.1.3. Apreciação da exceção de sus­
peição pelo juiz excepto.............................1146
3.5.1.4. Julgamento da exceção de sus­
peição pelo Tribunal competente............. 1147
3.5.1.5. Recursos cabíveis..........................1147
3.5.2. Suspeição nos Tribunais de 2a
instância e nos Tribunais Superiores..........1148
3.5.3. Suspeição do órgão do Ministério
Público........................................................1148
3.5.4. Suspeição de serventuários, de
funcionários da justiça, peritos e intér­
pretes .........................................................1149
3.5.5. Suspeição dos jurados......................1150
3.5.6. Suspeição da autoridade policial.... 1150
3.6. Exceção de incompetência.........................1151
3.6.1. Do procedimento da exceção de
incompetência............................................1151
3.6.2. Arguição da incompetência antes
do início do processo.................................1151
3.6.3. Recursos cabíveis..............................1153
3.7. Exceção de ilegitimidade............................1153
3.7.1. Ilegitimidade ad causam e ad
processum..................................................1153
3.7.2. Procedimento da exceção de ile­
gitimidade de parte....................................1153
3.7.3. Recursos cabíveis..............................1154
3.8. Exceção de litispendência..........................1154
3.8.1. Procedimento da exceção de li­
tispendência ...............................................1155
3.8.2. Recursos cabíveis..............................1155
3.9. Exceção de coisa julgada............................1155
3.9.1. Conceito de coisa julgada.................1155
3.9.2. Coisa julgada formal e material..... 1156
3.9.3. Coisa julgada e coisa soberana­
mente julgada............................................1156
3.9.4. Limites da coisa julgada...................1157
SUMÁRIO
3.9.4.1. Limites objetivos............................1157
3.9.4.2. Limites subjetivos...........................1159
3.9.5. Duplicidade de sentenças conde-
natórias com trânsito em julgado............. 1160
3.9.6. Procedimento da exceção de coi­
sa julgada....................................................1160
4. Conflito de competência.......................................1160
5. Conflito de atribuições no âmbito do Minis­
tério Público.............................................................1167
6. Restituição de coisas apreendidas.......................1170
6.1. Apreensão..................................................1170
6.2. Vedações e restrições à restituição de
coisas apreendidas............................................1172
6.2.1. Destinação das coisas apreendi­
das não restituídas..................................... 1174
6.3. Procedimento da restituição de coisas
apreendidas....................................................... 1175
6.3.1. Recursos cabíveis.............................. 1178
7. Medidas assecuratórias........................................ 1179
7.1. Noções introdutórias..................................1179
7.1.1. Jurisdicionalidade.............................1180
7.1.2. Pressupostos .................................... 1180
7.1.3. Contraditório prévio......................... 1181
7.2. Seqüestro...................................................1182
7.2.1. Procedimento................................... 1184
7.2.2. Defesa............................................... 1186
7.2.3. Levantamento do seqüestro............ 1191
7.2.4. Destinação final do seqüestro........ 1193
7.3. Especialização e registro da hipoteca
legal................................................... 1194
7.3.1. Momento....... ................................. 1196
7.3.2. Pressupostos ...;................................ 1197
7.3.3. Legitimidade..................................... 1197
7.3.4. Procedimento................................... 1199
7.3.5. Defesa.............................. 1201
7.3.6. Finalização...... ................................. 1202
7.4. Arresto prévio (ou preventivo).................. 1203
7.5. Arresto subsidiário de bens móveis.......... 1204
7.5.1. Inscrição de hipoteca legal e ar­
resto nos crimes de lavagem de capitais .. 1207
7.6. Alienação antecipada................................ 1208
7.6.1. Momento.........................................1208
7.6.2. Pressupostos....................................1209
7.6.3. Legitimidade.....................................1209
7.6.4. Procedimento...................................1210
7.7. Ação civil de confisco................................ 1212
8. Incidente de falsidade........ ................................. 1214
8.1. Noções gerais............................................ 1214
8.2. Procedimento do incidente de falsidade .. 1216
27
8.3. Recurso adequado......................................1218
8.4. Suspensão do processo principal...............1219
8.5. Coisa julgada..............................................1219
9. Incidente de insanidade mental...........................1220
9.1. Instauração do incidente............................1221
9.2. Procedimento.............................................1222
9.3. Conclusão do incidente de insanidade
mental...............................................................1225
9.3.1. Durante o processo judicial............. 1226
9.3.2. Durante o curso do inquérito policial. 1231
9.3.3. Durante a execução penal................1232
TÍTULO 8 • SUJEITOS DO PROCESSO...................... 1235
1. Noções gerais.......................................................12352. Juiz........................................................................ 1235
2.1. Capacidade para ser juiz............................1236
2.2. Escolha dos juizes.......................................1236
2.3. Funções do juiz no processo penal........... 1238
2.3.1. Funções de ordem jurisdicional.....1238
2.3.1.1. Gestão da prova pelo magistrado 1239
2.3.2. Funções de ordem administrativa... 1241
2.3.3. Funções anômalas............................1242
2.4. Garantias e vedações dos juizes.................1242
2.5. Imparcialidade do juiz................................1243
2.5.1. Impedimento.................................. 1243
2.5.2. Suspeição.........................................1247
2.5.3. Incompatibilidade.............................1249
3. Partes.................................................................... 1250
4. Ministério Público................................................1252
4.1. (Im) parcialidade do Ministério Público.... 1253
4.2. Organização do Ministério Público............ 1255
4.3. Princípios institucionais do Ministério
Público...............................................................1259
4.3.1. Princípio do Promotor Natural........ 1261
4.4. Garantias e vedações.................................1265
4.5. Impedimento e suspeição do órgão do
Ministério Público.............................................1267
4.6. Promotor ad hoc........................................1268
5. Ofendido...............................................................1268
5.1. Ofendido como querelante........................1269
5.2. Ofendido como assistente da acusação.... 1270
5.2.1. Natureza do interesse do assis­
tente da acusação......................................1272
5.2.2. Habilitação do ofendido como
assistente da acusação...............................1274
5.2.3. Atribuições do assistente.................1277
6. Acusado................................................................ 1279
6.1. Capacidade do acusado..............................1280
MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
6.1.1. Menores de 18 (dezoito) anos........ 1280
6.1.2. Acusado inimputável........................1280
6.1.3. Pessoa jurídica..................................1281
6.1.4. Animais, mortos e seres inanima­
dos 1281
6.1.5. Acusado certo e individualizado....1282
6.1.6. Imunidade diplomática....................1283
6.2. Autodefesa e presença do acusado.......... 1283
6.3. Contumácia do acusado.............................1284
6.4. Direitos do acusado....................................1285
7. Defensor...............................................................1286
7.1. Espécies de defensor..................................1286
7.1.1. Defensoria Pública............................1289
7.2. Defesa técnica plena e efetiva...................1291
7.3. Abandono do processo pelo defensor...... 1292
7.4. Impedimento do defensor.........................1293
8. Assistente da defesa.............................................1293
TÍTULO 9 • COMUNICAÇÃO DOS ATOS 
PROCESSUAIS...................................................................... 1295
1. Noções gerais..................................................... 1295
2. Citação.................................................................1295
2.1. Efeitos da citação válida.............................1297
2.2. Espécies de citação....................................1298
3. Citação pessoal.....................................................1298
3.1. Citação por mandado.................................1298
3.2. Citação por carta precatória.......................1300
3.3. Citação do militar.......................................1301
3.4. Citação de funcionário público...................1302
3.5. Citação de acusado preso..........................1302
3.6. Citação de acusado no estrangeiro........... 1303
3.7. Citação em legações estrangeiras............. 1304
3.8. Citação mediante carta de ordem............. 1305
4. Citação por edital.................................................1305
4.1. Hipóteses que autorizam a citação por
edital.................................................................1306
4.2. Suspensão do processo e da prescrição
(art. 366 do CPP)...............................................1308
4.2.1. Art. 366 do CPP e sua aplicação
na Justiça Militar........................................1309
4.2.2. Limitação temporal do prazo de
suspensão da prescrição............................1310
4.2.3. Produção antecipada de provas
urgentes.....................................................1311
4.2.4. Prisão preventiva..............................1312
4.2.5. Comparecimento do acusado......... 1313
4.2.6. Aplicação do art. 366 do CPP na
Lei de Lavagem de Capitais....................... 1313
5. Citação por hora certa..........................................1314
6. Intimação e notificação.................................... 1317
6.1. Formas de intimação e notificação das
partes................................................................ 1317
TÍTULO 10 • PROCESSO E
PROCEDIMENTO............................................................... 1323
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO....................................... 1323
1. Noções gerais..............................................'.........1323
1.1. Procedimento e devido processo penal.... 1324
1.2. Violação às regras procedimentais............ 1325
2. Classificação do procedimento.............................1325
2.1. Classificação do procedimento comum .... 1326
2.1.1. Concursos de crimes, qualifica- 
doras, privilégios, causas de aumento 
e de diminuição de pena, agravantes e
atenuantes.................................................1328
3. Procedimento adequado no caso de conexão
e/ou continência envolvendo infrações penais 
sujeitas a ritos distintos............................................1329
4. Antigo procedimento comum ordinário dos
crimes punidos com reclusão...................................1330
CAPÍTULO II - PROCEDIMENTO COMUM 
ORDINÁRIO.......................................................................... 1331
1. Oferecimento da peça acusatória........................1331
2. Juízo de admissibilidade: rejeição ou recebi­
mento da peça acusatória........................................1331
2.1. Momento do juízo de admissibilidade
da peça acusatória............................................1332
3. Rejeição da peça acusatória................................. 1333
3.1. Causas de rejeição......................................1333
3.1.1. Inépcia da peça acusatória...............1333
3.1.2. Falta de pressuposto processual....1334
3.1.3. Falta de condições para o exercí­
cio da ação penal.......................................1335
3.1.4. Falta de justa causa (suporte 
probatório mínimo) para o exercício
da ação penal.............................................1336
3.2. Rejeição parcial da peça acusatória.......... 1336
3.3. Recurso cabível contra a rejeição da
peça acusatória.................................................1337
4. Recebimento da peça acusatória.........................1337
4.1. (Des) necessidade de fundamentação
do recebimento da peça acusatória..................1338
4.2. Conseqüências do recebimento da peça
acusatória.......................................................... 1339
4.3. Recurso cabível contra o recebimento
da peça acusatória............................................1339
5. Citação do acusado..............................................1340
6. Reação defensiva à peça acusatória.....................1340
6.1. Extinta defesa prévia..................................1341
6.2. Defesa preliminar.......................................1341
SUMÁRIO 29
6.2.1. Procedimentos em que há previ­
são legal de defesa preliminar.................. 1342
6.2.2. Conseqüências decorrentes da
inobservância da defesa preliminar.......... 1344
6.2.3. Defesa preliminar e necessidade
de apresentação concomitante da res­
posta à acusação........................................1345
6.3. Respostaà acusação..................................1347
6.4. Quadro comparativo entre a extinta de­
fesa prévia, a defesa preliminar e a resposta
à acusação......................................................... 1350
7. Revelia.................................................................. 1351
8. Possível oitiva da acusação..................................1353
9. Absolvição sumária..............................................1354
9.1. Julgamento antecipado da lide no pro­
cesso penal........................................................ 1354
9.2. Causas de absolvição sumária no pro­
cedimento comum............................................1355
9.3. Inimputável do art. 26, caput, do CP....... 1356
9.4. Grau de convencimento necessário para
a absolvição sumária.........................................1356
9.5. Distinção entre a absolvição sumária
do procedimento comum e a da l ã fase do 
procedimento do júri........................................1357
9.6. Coisa julgada..............................................1357
9.7. Recurso adequado......................................1357
10. Aceitação da proposta de suspensão condi­
cionai do processo.................................................... 1358
11. Designação da audiência....................................1359
12. Audiência una de instrução e julgamento......... 1361
12.1. Da instrução probatória em audiência.... 1361
12.2. Indeferimento de provas ilícitas, irre­
levantes, impertinentes ou protelatórias......... 1361
12.3. Diligências................................................1363
12.4. Mutatio libelli: eventual necessidade
de aditamento...................................................1364
12.5. Alegações orais......... ............................... 1365
12.5.1. Conteúdo das alegações orais....... 1366
12.5.2. Ordem de apresentação das
alegações orais...........................................1367
12.5.3. Substituição das alegações orais
por memoriais............................................1367
12.5.4. Não apresentação de alegações
orais ou memoriais pelas partes................1368
12.6. S enten ça ................................................................1369
12.7. Registro da audiência...............................1369
CAPÍTULO III - PROCEDIMENTO COMUM
SUM ÁRIO .............................................................................. 1370
1. Noções gerais....................................................... 1370
2. Distinção entre o procedimento comum ordi­
nário e o procedimento comum sumário............... 1371
CAPÍTULO IV-PROCEDIM ENTO ESPECIAL 
DO TRIBUNAL DO JÚRI.................................................. 1372
1. Princípios constitucionais do júri..................... 1372
1.1. Plenitude de defesa....................................1372
1.2. Sigilo das votações.....................................1374
1.2.1. Sala especial.....................................1374
1.2.2. Incomunicabilidade dos jurados....1375
1.2.3. Votação unânime.............................1376
1.3. Soberania dos veredictos...........................1376
1.3.1. Cabimento de apelação contra
decisões do Júri..........................................1377
1.3.2. Cabimento de revisão criminal
contra decisões do Júri...............................1378
1.3.3. Execução provisória de decisão 
condenatória proferida pelo Tribunal 
do Júri, independentemente do julga­
mento de eventual recurso de apelação
pelo juízo ad quem.....................................1378
1.4. Competência para o julgamento dos 
crimes dolosos contra a vida.............................1380
2. Procedimento bifásico do Tribunal do Júri......... 1382
3. ludicium accusationis (ou sumário da culpa).....1382
3.1. Alegações orais...........................................1385
4. Impronúncia.........................................................1387
4.1. Natureza jurídica e coisa julgada................1387
4.2. Provas novas e oferecimento de outra
peça acusatória.................................................1388
4.3. Infração conexa..........................................1388
4.4. Despronúncia.............................................1388
4.5. Recurso cabível...........................................1389
5. Desclassificação do delito....................................1390
5.1. Nova capitulação legal...............................1391
5.2. Procedimento a ser observado pelo
juízo singular competente.................................1392
5.3. Infração conexa..........................................1393
5.4. Situação do acusado preso........................1393
5.5. Recurso cabível...........................................1394
5.6. Conflito de competência..................... 1395
6. Absolvição sumária..............................................1397
6.1. Inimputável do art. 26, caput, do CP........ 1397
6.2. Juízo de certeza..........................................1398
6.3. Infração conexa..........................................1399
6.4. Natureza jurídica e coisa julgada................1400
6.5. Recurso cabível...........................................1400
6.5.1. Recurso de ofício.......................... 1401
7. Pronúncia............................................................. 1402
7.1. Pressupostos..............................................1402
7.2. Natureza jurídica........................................1403
7.3. Regra probatória: in dubio pro societate
(ou in dubio pro reo).........................................1403
30 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
7.4. Fundamentação e eloqüência acusatória . 1405
7.5. Emendatio e mutatio libelli........................1407
7.6. Conteúdo da pronúncia..............................1409
7.7. Infrações conexas.......................................1410
7.8. Constatação do envolvimento de outras
pessoas como coautores ou partícipes............ 1410
7.9. Efeitos da pronúncia...................................1411
7.9.1. Decretação da prisão preventiva
ou imposição de medidas cautelares 
diversas da prisão.......................................1412
7.10. Intimação da pronúncia...........................1413
7.11. Recurso cabível.........................................1415
8. Desaforamento.....................................................1415
8.1. Legitimidade para o requerimento de
desaforamento..................................................1416
8.2. Momento para o desaforamento.............. 1416
8.3. Hipóteses que autorizam o desafora­
mento................................................................1417
8.4. Aceleração de julgamento..........................1418
8.5. Crimes conexos e coautores.......................1418
8.6. Comarca (ou subseção judiciária) para
a qual o processo será desaforado................... 1419
8.7. Efeito suspensivo........................................1419
8.8. Recursos.....................................................1419
8.9. Reaforamento.............................................1420
8.10. Competência para a execução provisória 1420
9. Preparação do processo para julgamento pelo
Tribunal do Júri.........................................................1420
9.1. Ordenamento do processo.........................1421
9.2. Ordem do julgamento................................1423
9.3. Habilitação do assistente do Ministério
Público...............................................................1423
10. Organização do Júri............................................1423
10.1. Requisitos para ser jurado........................1424
10.2. Recusa injustificada..................................1427
10.3. Direitos dos jurados.................................1427
10.4. Escusa de consciência..............................1428
11. Sessão de julgamento........................................1429
11.1. Reunião periódica....................................1429
11.2. Ausências..................................................1429
11.2.1. Ausência do órgão do Ministério
Público........................................................142911.2.2. Ausência do advogado de defesa.. 1429
11.2.3. Ausência do acusado solto............ 1431
11.2.4. Ausência do acusado preso........... 1432
11.2.5. Ausência do advogado do assis­
tente de acusação......................................1432
11.2.6. Ausência do advogado do que-
relante........................................................1432
11.2.7. Ausência de testemunhas............. 1433
11.2.8. Ausência do juiz presidente.......1434
11.3. Verificação da presença de, pelo me­
nos, 15 jurados.................................................. 1435
11.3.1. Empréstimo de jurados..................1435
11.4. Suspeição, impedimento e incompati­
bilidade.............................................................. 1436
11.4.1. Dos jurados....................................1436
11.4.2. Do juiz-presidente..........................1438
11.4.3. Do órgão do Ministério Público .... 1438
11.5. Composição do Conselho de Sentença... 1438 
11.5.1. Recusas motivadas, imotivadas
(ou peremptórias) e estouro de urna....... 1439
11.5.2. Tomada do compromisso dos 
jurados 1441
11.6. Instrução em plenário..............................1441
11.6.1. Leitura de peças.............................1442
11.6.2. Interrogatório do acusado............. 1444
11.6.2.1. Uso de algemas...........................1444
11.7. Debates....................................................1445
11.7.1. Réplica e tréplica.......................... 1447
11.7.1.1. Inovação na tréplica....................1448
11.7.2. Exibição e leitura de documen­
tos em plenário..........................................1449
11.7.3. Argumento de autoridade..............1451
11.7.4. Direito ao aparte............................1452
11.7.5. Sociedade indefesa........................1452
11.7.6. Acusado indefeso...........................1453
11.8. Esclarecimentos aos jurados e possível
dissolução do Conselho de Sentença................1455
12. Quesitação.......................................................... 1456
12.1. Leitura dos quesitos.................................1457
12.2. Votação.....................................................1458
12.3. Ordem dos quesitos.................................1460
12.4. Questões diversas....................................1466
12.4.1. Absolvição imprópria...................1466
12.4.2. Falso testemunho em plenário....1466
12.4.3. Agravantes e atenuantes................1467
12.4.4. Concurso de crimes e homicí­
dio praticado por milícia privada ou por
grupo de extermínio...................................1469
13. Desclassificação..................................................1469
13.1. Desclassificação e infração de menor
potencial ofensivo.............................................1471
13.2. Desclassificação e crimes conexos.......... 1472
14. Sentença............................................................. 1473
14.1. Sentença absolutória................................1473
14.2. Sentença condenatória............................1474
14.3. Ata............................................................ 1474
14.4. Atribuições do juiz presidente..................1474
SUMÁRIO 31
CAPÍTULO V - PROCEDIMENTO COMUM 
SUMARÍSSIM O................................................................... 1475
1. Constituição Federal e Juizados Especiais Cri­
minais....................................................................... 1475
2. Competência dos Juizados Especiais Criminais... 1478
2.1. Conceito de infração de menor poten­
cial ofensivo....................................................... 1478
2.1.1. Princípio da insignificância e in­
fração de médio potencial ofensivo......... 1480
2.2. Excesso de acusação..................................1481
2.3. Estatuto do Idoso.......................................1482
2.4. Acusados com foro por prerrogativa de
função................................................................ 1482
2.5. Crimes eleitorais.........................................1483
2.6. Violência doméstica e familiar contra a
mulher e aplicação da Lei n5 9.099/95..............1483
2.7. Aplicação da Lei ne 9.099/95 na Justiça
Militar................................................................ 1484
2.8. Conexão e continência entre crime co­
mum e infração penal de menor potencial 
ofensivo............................................................. 1485
2.9. Causas de modificação da competência
dos Juizados......................................................1486
2.10. Natureza da competência dos Juiza­
dos: absoluta ou relativa...................................1488
2.11. Competência territorial............................1489
2.11.1. Juizados Especiais Itinerantes......1489
3. Termo Circunstanciado.........................................1490
4. Situação de flagrância nas infrações de menor
potencial ofensivo....................................................1492
4.1. Afastamento do lar nos casos de vio­
lência doméstica................................................1493
5. Fase preliminar dos Juizados................................1494
5.1. Composição dos danos civis.......................1494
5.2. Oferecimento de representação....... ........ 1496
5.3. Transação penal..........................................1497
5.3.1. Pressupostos de admissibilidade
da transação penal.....................................1497
5.3.2. Procedimento para o oferecimen­
to da proposta de transação penal........... 1500
5.3.3. Recusa injustificada de ofereci­
mento da proposta de transação penal.... 1502
5.3.4. Momento para o oferecimento
da proposta de transação penal................ 1502
5.3.5. Descumprimento injustificado da
transação penal..........................................1504
5.3.6. Recurso.............................................1507
6. Análise do procedimento comum sumaríssimo.. 1507
6.1. Oferecimento da peça acusatória............. 1508
6.2. Defesa Preliminar.......................................1510
6.3. Rejeição ou recebimento da peça acu­
satória................................................................1510
6.4. Citação do acusado....................................1511
6.5. Resposta à acusação..................................1512
6.6. Possibilidade de absolvição sumária........ 1513
6.7. Audiência de instrução e julgamento.......1513
7. Sistema recursal no âmbito dos Juizados e
julgamento pelas turmas recursais..........................1514
7.1. Apelação nos Juizados................................1515
7.2. Embargos de declaração nos Juizados..... 1516
7.3. Recurso Extraordinário...............................1517
7.4. Recurso Especial.........................................1518
7.5. Habeas corpus............................................1518
7.6. Mandado de segurança..............................1518
7.7. Revisão criminal.........................................1519
8. Representação nos crimes de lesões corporais
leves e lesões culposas.............................................1519
9. Suspensão condicional do processo.....................1520
9.1. Conceito e natureza jurídica.......................1520
9.2. Requisitos de admissibilidade da sus­
pensão condicional do processo.......................1521
9.3. Suspensão condicional do processo em
crimes de ação penal de iniciativa privada.....1524
9.4. Iniciativa da proposta de suspensão
condicional do processo....................................1525
9.5. Momento para a aceitação da proposta... 1526
9.5.1. Desclassificação e procedência
parcial da pretensão punitiva.................... 1526
9.6. Aceitação da proposta................................1527
9.7. Recurso cabível contra a decisão homo-
logatória da suspensão......................................1529
9.8. Condições da suspensão condicional do
processo............................................................1530
9.9. Revogação da suspensão condicional
do processo.......................................... 1532
9.9.1. Revogação obrigatória......................1532
9.9.2. Revogação facultativa.......................1533
9.10.Extinção da punibilidade..........................1533
9.11. Suspensão condicional do processo
em crimes ambientais.......................................1534
10. Execução no âmbito dos Juizados Especiais
Criminais................................................................... 1535
TÍTULO 11 • SENTENÇA PENAL.................................. 1537
1. Atos processuais do juiz.......................................1537
2. Classificação dos provimentos judiciais.............. 1537
2.1. Despachos de mero expediente.................1537
2.2. Decisões interlocutórias simples e mis­
tas (não terminativas e terminativas).............. 1538
2.3. Decisões definitivas....................................1539
2.4. Sentença.....................................................1539
32 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
2.5. Sentenças definitivas, decisões defini­
tivas e com força de definitivas.........................1540
2.6. Decisões executáveis, não executáveis
e condicionais....................................................1540
2.7. Decisões subjetivamente simples, sub­
jetivamente plúrimas e subjetivamente 
complexas.......................................................... 1541
2.8. Decisões suicidas, vazias e autofágicas....1541
2.9. Decisões condenatórias, declaratórias,
constitutivas (positivas e negativas), man­
da mentais e executivas.....................................1541
3. Estrutura e requisitos da sentença.......................1542
3.1. Relatório.....................................................1542
3.2. Fundamentação..........................................1543
3.2.1. Fundamentação per relationem..... 1547
3.3. Dispositivo..................................................1548
3.4. Autenticação..............................................1549
4. Sentença absolutória............................................1549
4.1. Espécies de sentença absolutória............. 1549
4.2. Presunção de inocência e regra proba­
tória................................................................... 1550
4.3. Fundamentos.............................................1551
4.4. Efeitos decorrentes da sentença abso­
lutória................................................................ 1552
4.4.1. Efeito principal: colocação do
acusado em liberdade................................1552
4.4.2. Efeitos secundários...........................1553
5. Sentença condenatória........................................1553
5.1. Fixação da pena.......................................1554
5.1.1. Fixação da pena-base.......................1557
5.1.2. Fixação da pena provisória.............. 1561
5.1.3. Fixação da pena definitiva................1564
5.1.4. Fixação do regime penitenciário....1565
5.1.4.1. Detração na sentença conde­
natória para fins de determinação do 
regime inicial de cumprimento da pena 
privativa de liberdade (Lei n ̂12.736/12). 1568
5.1.5. Substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos.......... 1570
5.1.6. Fixação da pena de multa................1573
5.2. Decretação (ou manutenção) da prisão
preventiva ou das medidas cautelares diver­
sas da prisão na sentença condenatória......... 1574
5.3. Efeitos decorrentes da sentença penal
condenatória.....................................................1575
5.3.1. Efeitos penais...................................1575
5.3.2. Efeitos extrapenais...........................1576
5.3.2.1. Efeitos extrapenais obrigatórios... 1576
5.3.2.2. Efeitos extrapenais específicos....1580
5.4. Pedido absolutório formulado pela acu­
sação e (im) possibilidade de condenação......1586
6. Publicação da sentença........................................1587
6.1. Esgotamento da instância..........................1589
6.2. Intimação da sentença...............................1590
7. Princípio da correlação entre acusação e sen­
tença (ou da congruência).......................................1592
7.1. Emendatio libelli.........................................1593
7.1.1. Momento da emendatio libelli...... 1595
7.1.2. Emendatio libelli e necessidade
de oitiva das partes....................................1597
7.1.3. Emendatio libelli nas diferentes
espécies de ação penal..............................1599
7.1.4. Emendatio libelli na 2- instância..... 1599
7.2. Mutatio libelli.............................................1601
7.2.1. Surgimento de prova nos autos
de elementares ou circunstâncias não 
contidas na peça acusatória.......................1602
7.2.2. Fato novo e fato diverso...................1603
7.2.3. Necessidade de aditamento, 
independentemente do quantum de
pena cominado à imputação diversa........ 1604
7.2.4. Aditamento espontâneo (CPP, 
art. 384, caput) e provocado (CPP, art.
384, § I?).................................................... 1605
7.2.5. Procedimento da mutatio libelli...... 1608
7.2.6. Recurso cabível contra a rejeição
do aditamento à peça acusatória.............. 1609
7.2.7. Mutatio libelli nas diferentes es­
pécies de ação penal..................................1609
7.2.8. Aditamento: imputação superve­
niente e possibilidade de condenação 
do acusado quanto à imputação origi­
nária ........................................................... 1611
7.2.9. Mutatio libelli na 2§ instância......... 1612
7.3. Quadro comparativo entre emendatio
e mutatio libelli..................................................1614
7.4. Disposições comuns à emendatio e mu­
tatio libelli.........................................................1614
7.4.1. Possibilidade de oferecimento da
proposta de transação penal......................1614
7.4.2. Possibilidade de oferecimento da
proposta de suspensão condicional do 
processo.....................................................1616
7.4.3. Mudança de competência............... 1617
7.4.4. Mudança da espécie de ação penal 1618
7.5. Emendatio e mutatio libelli no processo
penal militar......................................................1619
TÍTULO 12 • NULIDADES............................................... 1621
1. Noções gerais: tipicidade processual e nulidade 1621
2. Espécies de irregularidades..................................1623
3. Espécies de atos processuais...............................1623
SUMÁRIO | 33
4. Nulidade............................................................... 1625
4.1. Espécies de nulidades................................1626
4.1.1. Nulidade absoluta............................1626
4.1.1.1. Hipóteses de nulidades absolutas 1628
4.1.2. Nulidade relativa..............................1629
4.1.2.1. Hipóteses de nulidades relativas.. 1629
4.1.2.2. Momento para a arguição das
nulidades relativas.....................................1630
4.1.3. Anulabilidades..................................1634
4.2. Reconhecimento das nulidades.................1634
4.2.1. Na primeira instância.......................1634
4.2.2. Na segunda instância.......................1635
5. Princípios referentes às nulidades.......................1636
5.1. Princípio da tipicidade das formas............ 1636
5.2. Princípio do prejuízo..................................1637
5.3. Princípio da instrumentalidade das for­
mas.................................................................... 1638
5.4. Princípio da eficácia dos atos processuais 1639
5.5. Princípio da restrição processual à de­
cretação da ineficácia........................................1640
5.6. Princípio da causalidade (efeito expan­
sivo) ................................................................... 1641
5.7. Princípio da conservação dos atos pro­
cessuais (confinamento da nulidade)............... 1642
5.8. Princípio do interesse.................................1643
5.9. Princípio da lealdade (ou da boa-fé)......... 1644
5.10. Princípio da convalidação.........................1644
6. Nulidades em espécie..........................................1647
6.1. Incompetência............................................1647
6.2. Suspeição...................................................1647
6.3. Subornodo juiz..........................................1648
6.4. Ilegitimidade de parte................................1648
6.5. Falta da denúncia, da queixa, da re­
presentação e da requisição do Ministro
da Justiça........................................................... 1649
6.6. Ausência do exame de corpo de delito....1650
6.7. Falta de nomeação de defensor ao 
acusado presente, que não o tiver, ou ao 
ausente, e de curador ao menor de 21 anos... 1652
6.8. Não intervenção do Ministério Público....1653
6.9. Ausência de citação (circundução), do 
interrogatório do acusado e de concessão
dos prazos à acusação e à defesa.....................1654
6.10. Nulidades cominadas no procedimen­
to bifásico do Tribunal do Júri...........................1657
6.11. Falta da sentença.....................................1663
6.12. Falta do recurso de ofício, nos casos
em que a lei o tenha estabelecido....................1665
6.13. Falta de intimação, nas condições es­
tabelecidas pela lei, para ciência das sen­
tenças e despachos de que caiba recurso.......1666
6.14. Falta do quorum legal para o julga­
mento nos Tribunais Superiores e nos Tribu­
nais de Justiça e Tribunais Regionais Federais. 1669
6.15. Omissão de formalidade que constitua 
elemento essencial do a to ................................1669
7. Nulidades no inquérito policial............................1670
TÍTULO 13 • RECURSOS................................................. 1673
CAPÍTULO I - TEORIA GERAL DOS RECURSOS.. 1673
1. Conceito e características.....................................1673
2. Natureza jurídica dos recursos.............................1674
3. Princípios............................................. 1674
3.1. Duplo grau de jurisdição............................1674
3.1.1. Recolhimento à prisão para re­
correr 1676
3.1.2. Acusados com foro por prerroga­
tiva de função.............................................1680
3.2. Princípio da taxatividade dos recursos.....1683
3.3. Princípio da unirrecorribilidade das de­
cisões................................................................. 1683
3.4. Princípio da fungibilidade...........................1684
3.5. Princípio da convolação........... i................ 1686
3.6. Princípio da voluntariedade dos recursos. 1687
3.6.1. Reexame necessário (recurso de
ofício ou remessa necessária).................. 1687
3.7. Princípio da disponibilidade dos recursos. 1689
3.8. Princípio da non reformatio in pejus
(efeito prodrômico da sentença).......................1690
3.8.1. Princípio da non reformatio in
pejus direta e indireta................................1693
3.8.2. Non reformatio in pejus indireta
e incompetência absoluta..........................1693
3.8.3. Non reformatio in pejus indireta
e soberania dos veredictos........................1694
3.9. Princípio da reformatio in mellius..............1696
3.10. Princípio da dialeticidade.........................1697
3.10.1 Ausência de razões recursais da 
defesa e do Ministério Público.................. 1699
3.11. Princípio da complementariedade...........1700
3.12. Princípio da variabilidade.........................1701
3.13. Princípio da colegialidade........................1701
4. Pressupostos de admissibilidade recursal (juí­
zo de prelibação)...................................................... 1703
5. Pressupostos objetivos de admissibilidade
recursal..................................................................... 1706
5.1. Cabimento..................................................1706
5.2. Adequação.................................................1706
5.3. Tempestividade..........................................1706
5.3.1. Início do prazo recursal....................1707
5.3.2. Prazo recursal para a defesa..... . 1708
34 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
5.3.3. Início do prazo recursal para o
Ministério Público......................................1710
5.3.4. Prazos recursais diversos..................1711
5.3.5. Prazo em dobro................................1712
5.3.6. Férias forenses.................................1713
5.3.7. Interposição de recursos via fax...... 1714
5.3.8. Utilização de meios eletrônicos...... 1714
5.4. Inexistência de fato impeditivo..................1715
5.4.1. Renúncia ao direito de recorrer...... 1715
5.4.2. Preclusão..........................................1716
5.4.3. Recolhimento à prisão para re­
correr 1716
5.5. Inexistência de fato extintivo (extinção
anômala do recurso).........................................1716
5.5.1. Desistência.......................................1717
5.5.2. Deserção...........................................1719
5.5.2.1. Deserção por falta de preparo.....1719
5.5.2.2. Deserção por fuga do acusado.....1720
5.6. Regularidade formal...................................1720
6. Pressupostos subjetivos de admissibilidade 
recursal............................. 1721
6.1. Legitimidade recursal.................................1722
6.1.1. Legitimação restrita e subsidiária
do assistente da acusação..........................1723
6.2. Interesse recursal.......................................1727
6.2.1 Classificação da sucumbência.......... 1727
6.2.2. Sentença absolutória e interesse
recursal da defesa......................................1728
6.2.3. Extinção da punibilidade e inte­
resse recursal no julgamento do mérito... 1728
6.2.4. Divergência entre o interesse 
recursal do acusado e o de seu defensor.. 1729
6.2.5. Sentença condenatória e/ou ab­
solutória e interesse recursal do Minis­
tério Público...............................................1729
7. Efeitos dos recursos..............................................1731
7.1. Efeito obstativo..........................................1731
7.2. Efeito devolutivo........................................1731
7.3. Efeito suspensivo........................................1734
7.3.1. Cabimento de mandado de segu­
rança para atribuir efeito suspensivo a 
recurso criminal interposto pelo Minis­
tério Público............................................... 1734
7.4. Efeito regressivo, iterativo ou diferido.....1735
7.5. Efeito extensivo..........................................1736
7.6. Efeito substitutivo......................................1737
7.7. Efeito translativo........................................1737
7.8. Efeito dilatório-procedimental...................1738
8. Direito intertemporal e recursos..........................1738
9. Classificação dos recursos....................................1740
9.1. Quanto à obrigatoriedade..........................1740
9.2. Quanto à fundamentação..........................1741
9.3. Quanto à extensão da matéria impug­
nada................................................................... 1742
9.4. Quanto aos pressupostos de admissibi­
lidade................................................................. 1742
9.5. Quanto ao objeto imediato do recurso....1743
CAPÍTULO II - RECURSOS CRIMINAIS EM 
ESPÉCIE.................................................................................. 1743
1. Recurso em sentido estrito..................................1743
1.1. Interpretação extensiva..............................1744
1.2. Utilização residual do recurso em sen­
tido estrito......................................................... 1744
1.3. Hipóteses de cabimento.............................1745
1.3.1. Não recebimento da peça acusa-
tória............................................................ 1746
1.3.2. Incompetência do juízo....................1748
1.3.3. Procedência das exceções, salvo
a de suspeição............................................1748
1.3.4. Pronúncia do acusado......................1749
1.3.5. Decisão que conceder, negar, 
arbitrar, cassar ou julgar inidônea a
fiança, indeferir requerimento de pri­
são preventiva ou revogá-la, conceder 
liberdade provisória ou relaxar a prisão
em flagrante...............................................1750
1.3.6. Decisão que julgar quebrada a
fiança ou perdido o seu valor.....................17521.3.7. Decisão que decretar (ou não) a
extinção da punibilidade............................1753
1.3.8. Decisão que conceder ou negar
a ordem de habeas corpus.........................1754
1.3.9. Decisão que conceder, negar ou
revogar a suspensão condicional da 
pena ou a suspensão condicional do 
processo.....................................................1754
1.3.10. Decisão que conceder, negar ou
revogar livramento condicional..................1755
1.3.11. Decisão que anular o processo 
da instrução criminal, no todo ou em 
parte, ou que reconhecer a ilicitude da 
prova e determinar seu desentranha-
mento......................................................... 1756
1.3.12. Decisão que incluir jurado na
lista geral ou desta o excluir.......................1757
1.3.13. Decisão que denegar a apelação
ou a julgar deserta.....................................1757
1.3.14. Decisão que ordenar a sus­
pensão do processo, seja em virtude 
de questão prejudicial, seja quando o 
acusado, citado por edital, não compa­
recer, nem constituir defensor...................1758
1.3.15. Decisão que decidir sobre a uni­
ficação de penas.........................................1758
SUMARIO
1.3.16. Decisão que decidir o incidente
de falsidade................................................1759
1.3.17. Incidentes da execução da pena... 1759
1.3.18. Decisão que converter a multa
em detenção ou prisão simples.................1759
1.4. Aspectos procedimentais do recurso em
sentido estrito................................................... 1760
1.4.1. Forma...............................................1760
1.4.2. Prazo.................................................1761
1.4.3. Processamento.................................1761
1.4.4. Competência para o julgamento..... 1762
1.5. Efeitos......................................................... 1762
2. Apelação............................................................... 1764
2.1. Noções gerais.............................................1764
2.2. Espécies...................................................... 1765
2.2.1. Apelação plena (ou ampla) e ape­
lação parcial (restrita)................................1765
2.2.2. Apelação principal e apelação
subsidiária (ou supletiva)...........................1766
2.2.3. Apelação sumária e apelação or­
dinária ........................................................1766
2.2.4. Apelação adesiva (ou incidental).... 1767
2.3. Hipóteses de cabimento.............................1768
2.3.1. Sentença definitiva de conde­
nação ou absolvição proferida por juiz 
singular....................................................... 1768
2.3.2. Decisões definitivas, ou com 
força de definitivas, proferidas por juiz 
singular, nos casos em que não houver 
previsão legal de cabimento do recurso
em sentido estrito......................................1768
2.3.3. Decisões do Tribunal do Júri........... 1769
2.4. Aspectos procedimentais da apelação...... 1776
2.4.1. Forma...............................................1776
2.4.2. Prazo.................................................1777
2.4.3. Processamento.................................1777
2.4.4. Competência para o julgamento..... 1778
2.5. Efeitos......................................................... 1778
3. Protesto por novo júri..........................................1780
3.1. Revogação pela Lei n2 11.689/08.............. 1780
3.2. Pressupostos objetivos e subjetivos de
admissibilidade recursal do revogado pro­
testo por novo júri.............................................1780
4. Embargos infringentes e de nulidade................... 1784
4.1. Hipóteses de cabimento.............................1785
4.2. Prazo e interposição...................................1786
4.3. Competência para seu julgamento........... 1786
4.4. Efeitos......................................................... 1787
4.5. Possibilidade de interposição simultâ­
nea dos embargos infringentes e de nulida­
de e dos recursos extraordinários.................... 1788
5. Embargos de Declaração......................................1789
5.1. Hipóteses de cabimento.............................1789
5.2. Prazo........................................................... 1790
5.3. Procedimento.............................................1790
5.4. Efeitos quanto aos demais prazos recur-
sais..................................................................... 1791
6. Agravo em execução............................................1792
6.1. Hipóteses de cabimento.............................1792
6.2. Procedimento.............................................1793
6.3. Prazo...........................................................1793
6.4. Efeitos.........................................................1793
7. Carta testemunhável............................................1794
7.1. Hipóteses de cabimento.............................1794
7.2. Prazo........................................................... 1795
7.3. Procedimento.............................................1795
7.4. Efeitos.........................................................1795
8. Correição parcial..................................................1796
8.1. Hipóteses de cabimento.............................1796
8.2. Natureza jurídica........................................1797
8.3. Legitimidade...............................................1798
8.4. Prazo...........................................................1798
TÍTULO 14 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE
IMPUGNAÇÃO..................................................................... 1799
CAPÍTULO I - HABEAS CORPUS................................. 1799
1. Noções Gerais.......................................................1799
2. Natureza jurídica..................................................1799
3. Interesse de agir na ação de habeas corpus......1801
3.1. Necessidade da tutela: violência ou 
coação decorrente de ilegalidade ou abuso
de poder............................................................ 1801
3.2. Adequação: tutela da liberdade de lo­
comoção e a antiga doutrina brasileira do 
habeas corpus...................................................1803
3.2.1. Hipóteses que autorizam o co­
nhecimento do habeas corpus...................1803
3.2.2. Hipóteses em que não se autoriza 
o conhecimento do habeas corpus por
falta de adequação.....................................1804
3.2.2.1. Habeas Corpus substitutivo de
Recurso Ordinário......................................1808
4. Possibilidade jurídica do pedido..........................1809
4.1. Cabimento do habeas corpus em rela­
ção a punições disciplinares militares.............. 1809
4.2. Estado de Sítio............................................1810
4.3. Prisão administrativa..................................1810
5. Legitimação ativa..................................................1811
5.1. Distinção entre impetrante e paciente....1811
5.1.1. Habeas corpus coletivo...................1811
36 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
5.2. Legitimação ampla e irrestrita.................. 1814
5.3. Pessoa jurídica............................................1814
5.4. Ministério Público......................................1815
5.5. Outras autoridades.....................................1816
6. Legitimação passiva..............................................1817
6.1. Autoridade coatora (ou coator) e de­
tentor ................................................................ 1817
6.2. Ministério Público como autoridade
coatora..............................................................1817
6.3. Particular como coator...............................1818
6.4. Outras autoridades.....................................1818
7. Espécies de habeas corpus: liberatório, pre­
ventivo, profilático e trancativo...............................1818
8. Hipóteses de impetração do habeas corpus.........1820
8.1. Ausência de justa causa.............................1820
8.1.1. Falta de justa causa para a prisão... 1821
8.1.2. Falta de justa causaaltera a Lei Maria da Penha para reconhecer que a violação da intimidade da mulher configura 
violência doméstica e familiar, criminalizando o registro não autorizado de conteúdo com cena 
de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado (CP, art. 216-B); 13) Lei n. 
13.774/18: altera a Lei de Organização Judiciária da Justiça Militar da União (Lei n. 8.457/92); 
14) Lei n. 13.793/19: altera o Estatuto da OAB (Lei n. 8.906/94) para assegurar a advogados o 
exame e a obtenção de cópias de atos e documentos de processos e de procedimentos eletrônicos.
Com o objetivo de manter a atualização jurisprudencial da obra, também foram acrescenta­
dos ao livro os julgados mais relevantes dos informativos do ano de 2018 do Supremo Tribunal 
Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Isso resultou no acréscimo de mais de uma centena 
de julgados, os quais se somam aos mais de 3.500 precedentes que já constavam do livro. Acres­
centamos, ademais, novas súmulas aprovadas em 2018 pelos referidos Tribunais Superiores.
Por derradeiro, lembrando que a maior virtude que se pode ter é a gratidão, imprescindí­
vel pontuar nossos sinceros agradecimentos às pessoas que estiveram ao nosso lado durante a 
elaboração desta edição, em especial à minha família - minha querida esposa Vanessa, minha 
princesinha Laura e meu querido filho João Pedro. Agradeço também a todos os alunos aos quais 
tive o prazer de dar aulas de processo penal e legislação criminal especial ao longo desses quase 
15 anos de docência: sem a carinhosa cobrança de cada um de vocês, jamais teria conseguido 
concluir esta obra.
E, principalmente, agradecemos a Deus, por tantas oportunidades de vida e que, renovando 
a nossa fé, possibilite sermos instrumentos de Sua obra.
Ao leitor, esperamos propiciar uma agradável leitura, aguardando as eventuais críticas e 
sugestões, que tanto nos permitem aprimorar a obra. Aliás, o nosso livro é fruto da colaboração 
permanente dos leitores.
Para revisões, vídeos, perguntas, respostas, sugestões e críticas, pedimos que utilizem nossa 
página: facebook. com/profrenatobrasileiro
Valinhos/SP, 21 de dezembro de 2018.
RENATO BRASILEIRO DE LIMA
PREFACIO
O presente livro corresponde ao Manual de Processo Penal (vol. único) do amigo e pro­
fessor Renato Brasileiro de Lima, que a Editora Juspodivm traz a público.
Conheci o Renato Brasileiro de Lima como aluno no curso de Pós-Graduação da Faculdade 
de Direito da Universidade de São Paulo. Logo, suas qualidades se fizeram notar. As observações 
precisas, o domínio dos temas debatidos, a clareza de seus posicionamentos, o equilíbrio e a 
ponderação das posições adotadas chamaram-me a atenção. Com o tempo, soube que Renato 
Brasileiro de Lima havia sido Defensor Público e, depois, passara a integrar o Ministério Pú­
blico Militar da União. Além disso, conjuntamente com a atividade forense, era, à época, um 
destacado professor de processo penal da Rede LFG.
Desde então, passei a acompanhar, com maior atenção e satisfação, a carreira de Renato 
Brasileiro de Lima, que já se mostra muito bem-sucedida. Suas monografias anteriores, uma 
sobre Competência Criminal e outra tratando da Prisão Cautelar, já à luz da Reforma de 2011, 
mostravam as qualidades doutrinárias do autor.
Quando recebi e consultei os volumes I e II do Manual de Processo Penal, que, somados, 
deram origem ao presente livro, fiquei feliz por ter certeza do sucesso que a obra teria, por ser 
uma fonte importante de consulta tanto para estudiosos quanto para profissionais que trabalham 
com Direito Processual Penal. Por outro lado, fiquei curioso para saber como os dois volumes 
seriam condensados pelo autor em um único livro. Agora, a curiosidade se desfez e a expectativa, 
que já era elevada, foi satisfeita. O Manual de Processo Penal (vol. único) do Professor Renato 
Brasileiro de Lima reúne as mesmas qualidades das obras anteriores.
Assim como já acontecera nos volumes I e II, o Autor expõe, com profundidade e de forma 
sistemática, todos os temas pertinentes ao processo penal. Trata-se de estudo bem fundamentado, 
com minuciosa e detalhada divisão dos temas tratados. Quando o assunto é controvertido, há 
exposição das diversas posições, sem que o Autor se furte de indicar a corrente por ele seguida 
e os argumentos a justificar a posição adotada. Tudo isso, acompanhado de extensa e atuali- 
zadíssima jurisprudência, em especial do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de 
Justiça, tem se mostrado vem se mostrado uma útil metodologia seguida por Renato Brasileiro 
de Lima em suas obras.
Não há exagero em afirmar que a obra se tomará um referencial seguro tanto para o estu­
dante quanto para o profissional do direito.
São Paulo, 12 de dezembro de 2012.
GUSTAVO HENRIQUE R IG H IIV A H Y BADARÓ
Professor Associado de Direito Processual Penal 
da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
rlüh. J H ' :
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS.................. 39
1. Introdução........................................................... 39
2. Sistemas processuais penais.............................. 40
2.1. Sistema inquisitorial................................. 40
2.2. Sistema acusatório................................... 41
2.3. Sistema misto ou francês......................... 43
3. Princípios fundamentais do processo penal...... 44
3.1. Da Presunção de inocência (ou da não
culpabilidade)................................................... 45
3.1.1. Noções introdutórias...................... 45
3.1.2. Da regra probatória (in dubio pro
reo)............................................................ 46
3.1.3. Da regra de tratamento.................. 47
3.1.4. (In) constitucionalidade da exe­
cução provisória da pena......................... 48
3.2. Princípio do contraditório........................ 54
3.2.1. Contraditório para a prova e con­
traditório sobre a prova........................... 56
3.3. Princípio da ampla defesa........................ 56
3.3.1. Defesa técnica (processual ou
específica)................................................. 57
3.3.1.1. Defesa técnica necessária e
irrenunciável.............................................. 57
3.3.1.2. Direito de escolha do defensor.... 59
3.3.1.3. Defesa técnica plena e efetiva.... 60
3.3.2. Autodefesa (material ou genérica).. 61
3.3.2.1. Direito de audiência.................... 62
3.3.2.2. Direito de presença..................... 63
3.3.2.3. Capacidade postulatória autô­
noma do acusado..................................... 64
3.3.3. Ampla defesa no processo admi­
nistrativo disciplinar e na execução penal 64
3.4. Princípio da publicidade........................... 66
3.4.1. Divisão da publicidade: ampla e
restrita....................................................... 67
3.4.2. Sessão de julgamento na Justiça
Militar e votação em sala secreta............ 69
3.5. Princípio da busca da verdade: supe­
rando o dogma da verdade real...................... 69
3.5.1. Busca da verdade consensual no 
âmbito dos Juizados................................. 71
3.6. Princípio da inadmissibilidade das pro­
vas obtidas por meios ilícitos.......................... 71
3.7. Princípio do juiz natural........................... 71
3.8. Princípio do nemo tenetur se detegere.... 72
3.8.1. Noções introdutórias...................... 72
3.8.2. Titular do direito de não produzir
prova contra si mesmo............................. 72
3.8.3. Advertência quanto ao direito de
não produzir prova contra si mesmo....... 73
3.8.4. Desdobramentos do direito de
não produzir prova contra si mesmo....... 75
3.8.5. Bafômetro: a infração adminis­
trativa de embriaguez ao volante e a 
nova redação do crime de embriaguez
ao volante (Lei n9 12.760/12).................. 81
3.8.6. Conseqüências do exercício do
direito de não produzir prova contra si 
mesmo....................................................... 85
3.8.7. O direito de não produzir provas
contra si mesmo e a prática de outros 
delitos........................................................e trancamen-
to de investigações preliminares............... 1822
8.1.3. Falta de justa causa etrancamen-
to do processo penal..................................1823
8.2. Decurso do tempo de prisão previsto
na lei.................................................................. 1824
8.2.1. Excesso de prazo da prisão penal... 1825
8.2.2. Excesso de prazo da prisão tem­
porária........................................................1825
8.2.3. Excesso de prazo da prisão pre­
ventiva........................................................1825
8.3. Coação ordenada por autoridade in­
competente .......................................................1825
8.4. Cessação do motivo que autorizou a
coação...............................................................1826
8.5. Não admissão de prestação de fiança.....1828
8.6. Processo manifesta mente nulo..................1830
8.7. Extinção da punibilidade............................1831
9. Competência........................................................ 1832
9.1. Competência do Supremo Tribunal Fe­
deral .................................................................. 1834
9.2. Competência do Superior Tribunal de
Justiça................................................................1835
9.3. Competência dos Tribunais Regionais
Federais............................................................. 1836
9.4. Competência dos Tribunais de Justiça...... 1836
9.5. Competência da Justiça Militar..................1836
9.6. Competência das Turmas Recursais.......... 1838
9.7. Competência da Justiça do Trabalho......... 1838
9.8. Competência do juiz de 1§ instância..........1839
9.9. Ministério Público como autoridade 
coatora e competência para o julgamento
do habeas corpus..............................................1840
10. Procedimento.....................................................1841
10.1. Capacidade postulatória....................... 1841
10.2. Petição inicial...........................................1841
10.3. Dilação probatória....................................1842
10.4. Medida liminar.........................................1843
10.4.1. Indeferimento de liminar por 
Relator em Tribunal e impetração de
novo habeas corpus...................................1844
10.5. Apresentação do preso e requisição
de informações..................................................1845
10.6. Efeito extensivo da ordem de habeas
corpus................................................................ 1845
10.7. Intervenção das partes.............................1846
10.8. Recursos contra as decisões em ha­
beas corpus....................................................... 1847
10.9. Coisa julgada............................................1849
CAPÍTULO li - REVISÃO CRIMINAL........................ 1850
1. Noções gerais....................................................... 1850
2. Conceito............................................................... 1851
3. Natureza jurídica..................................................1851
4. Distinção entre revisão criminal e ação resci­
sória.......................................................................... 1852
5. Pedidos: juízo rescindente e juízo rescisório....... 1853
6. Condições da ação................................................1854
6.1. Legitimidade ativa e passiva.......................1854
6.2. Interesse de agir: coisa julgada................. 1855
6.2.1. Desnecessidade de esgotamento
das instâncias ordinárias (prequestiona- 
mento)........................................................1855
6.3. Possibilidade jurídica do pedido: sen­
tença condenatória ou absolutória impró­
pria, inclusive após o cumprimento da pena
e/ou morte do acusado.....................................1856
6.3.1. Vedação da revisão criminal pro
societate no ordenamento pátrio e 
princípio do ne bis in idem processual..... 1856
6.3.2. Impossibilidade de utilização da
revisão criminal para fins de modifi­
cação dos fundamentos de sentença
absolutória própria.....................................1857
6.3.3. Extinção da punibilidade..................1857
6.3.4. Revisão criminal no âmbito do
Júri e soberania dos veredictos..................1858
6.3.5. Juizados Especiais Criminais........... 1859
6.3.6. Transação penal................................1859
6.3.7. Impeachment...................................1860
7. Hipóteses de cabimento da revisão criminal..1860
7.1. Contrariedade ao texto expresso da lei
penal.................................................................. 1860
7.2. Contrariedade à evidência dos autos....... 1862
7.3. Decisão fundada em depoimentos, 
exames ou documentos comprovadamente
falsos................................................................. 1863
SUMÁRIO ! 37
7.4. Descoberta de novas provas em favor
do condenado...................................................1863
7.5. Nulidade do processo.................................1865
8. Aspectos procedimentais da revisão criminal.1867
8.1. Capacidade postulatória.............................1867
8.2. Desnecessidade de recolhimento à prisão 1867
8.3 Inexistência de prazo decadencial...............1867
8.4. Competência..............................................1867
8.5. Procedimento.............................................1869
8.6. Efeito suspensivo........................................1870
8.7. Ônus da prova............................................1871
8.8. Non reformatio in pejus direta e indireta . 1872
8.9. Recursos..................................................... 1873
8.10. Indenização pelo erro judiciário.............. 1873
8.11. Coisa julgada............................................1875
CAPÍTULO III - MANDADO DE SEGURANÇA...... 1876
1. Noções gerais.......................................................1876
2. Conceito e natureza jurídica.................................1876
3. Objeto da tutela...................................................1877
4. Prazo decadencial.................................................1877
5. Legitimação ativa e passiva..................................1877
6. Cabimento............................................................ 1879
6.1. Hipóteses comuns de impetração do 
mandado de segurança no âmbito criminal.... 1880
7. Aspectos procedimentais.....................................1882
7.1. Petição inicial.............................................1882
7.2. Procedimento e julgamento do manda­
do de segurança................................................1882
7.3. Competência..............................................1883
7.4. Medida liminar...........................................1885
7.5. Recursos.....................................................1885
BIBLIOGRAFIA................................................................... 1887
'JJ ,0 1
1. INTRODUÇÃO
Quando o Estado, por intermédio do Poder Legislativo, elabora as leis penais, cominando 
sanções àqueles que vierem a praticar a conduta delituosa, surge para ele o direito de punir os 
infratores num plano abstrato e, para o particular, o dever de se abster de praticar a infração pe­
nal. A partir do momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este 
direito de punir desce do plano abstrato e se transforma no ius puniendi in concreto. O Estado, 
que até então tinha um poder abstrato, genérico e impessoal, passa a ter uma pretensão concreta 
de punir o suposto autor do fato delituoso.
Surge, então, a pretensão punitiva, a ser compreendida como o poder do Estado de exigir 
de quem comete um delito a submissão à sanção penal. Através da pretensão punitiva, o Estado 
procura tomar efetivo o ius puniendi, exigindo do autor do delito, que está obrigado a sujeitar-se 
à sanção penal, o cumprimento dessa obrigação, que consiste em sofrer as conseqüências do 
crime e se concretiza no dever de abster-se ele de qualquer resistência contra os órgãos estatais 
a que cumpre executar a pena.
Todavia, esta pretensão punitiva não pode ser voluntariamente resolvida sem um processo,não podendo nem o Estado impor a sanção penal, nem o infrator sujeitar-se à pena. Em outras 
palavras, essa pretensão já nasce insatisfeita. Afinal, o Direito Penal não é um direito de coação 
direta. Apesar de o Estado ser o titular do direito de punir, não se admite a imposição imediata 
da sanção sem que haja um processo regular, assegurando-se, assim, a aplicação da lei penal 
ao caso concreto, consoante as formalidades prescritas em lei, e sempre por meio dos órgãos 
jurisdicionais {nulla poena sine judicio). Aliás, até mesmo nas hipóteses de infrações de menor 
potencial ofensivo, em que se admite a transação penal, com a imediata aplicação de penas res­
tritivas de direitos ou multas, não se trata de imposição direta de pena. Utiliza-se, na verdade, 
de forma distinta da tradicional para a resolução da causa, sendo admitida a solução consensual 
em infrações de menor gravidade, mediante supervisão jurisdicional, privilegiando-se, assim, 
a vontade das partes e, principalmente, do autor do fato que pretende evitar os dissabores do 
processo e o risco da condenação.
É exatamente daí que sobressai a importância do processo penal, pois este funciona como 
o instrumento do qual se vale o Estado para a imposição de sanção penal ao possível autor do 
fato delituoso.
Mas o Estado não pode punir de qualquer maneira. Com efeito, considerando-se que, da 
aplicação do direito penal pode resultar a privação da liberdade de locomoção do agente, entre 
outras penas, não se pode descurar do necessário e indispensável respeito a direitos e liberdades 
individuais que tão caro custaram para serem reconhecidos e que, em verdade, condicionam a 
legitimidade da atuação do próprio aparato estatal em um Estado Democrático de Direito. Na 
medida em que a liberdade de locomoção do cidadão funciona como um dos dogmas do Esta­
do de Direito, é intuitivo que a própria Constituição Federal estabeleça regras de observância 
obrigatória em um processo penal. E a boa (ou má) aplicação desses direitos e garantias que 
permite, assim, avaliar a real observância dos elementos materiais do Estado de Direito e dis­
tinguir a civilização da barbárie.
40 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
De fato, como adverte Norberto Bobbio, a proteção do cidadão no âmbito dos processos 
estatais é justamente o que diferencia um regime democrático daquele de índole totalitária. Na 
dicção do autor, “a diferença fundamental entre as duas formas antitéticas de regime político, 
entre a democracia e a ditadura, está no fato de que somente num regime democrático as relações 
de mera força que subsistem, e não podem deixar de subsistir onde não existe Estado ou existe 
um Estado despótico fundado sobre o direito do mais forte, são transformadas em relações de 
direito, ou seja, em relações reguladas por normas gerais, certas e constantes, e, o que mais 
conta, preestabelecidas, de tal forma que não podem valer nunca retroativamente. A conseqüência 
principal dessa transformação é que nas relações entre cidadãos e Estado, ou entre cidadãos entre 
si, o direito de guerra fundado sobre a autotutela e sobre a máxima ‘Tem razão quem vence’ 
é substituído pelo direito de paz fundado sobre a heterotutela e sobre a máxima ‘Vence quem 
tem razão’; e o direito público externo, que se rege pela supremacia da força, é substituído pelo 
direito público interno, inspirado no princípio da ‘supremacia da lei’ (rule of law)”.1
É esse, pois, o grande dilema do processo penal: de um lado, o necessário e indispensável 
respeito aos direitos fundamentais; do outro, o atingimento de um sistema criminal mais operante 
e eficiente.2 Há de se buscar, portanto, um ponto de equilíbrio entre a exigência de se assegurar 
ao investigado e ao acusado a aplicação das garantias fundamentais do devido processo legal e a 
necessidade de maior efetividade do sistema persecutório para a segurança da coletividade. E den­
tro desse dilema existencial do processo penal - efetividade da coerção penal versus observância 
dos direitos fundamentais - que se buscará, ao longo da presente obra, um ponto de equilíbrio 
no estudo do processo penal, pois somente assim serão evitados os extremos do hipergarantismo 
e de movimentos como o do Direito Penal do Inimigo ou do Direito Penal da Lei e da Ordem.
2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
2.1. Sistema inquisitorial
Adotado pelo Direito canônico a partir do século XIII, o sistema inquisitorial posterior­
mente se propagou por toda a Europa, sendo empregado inclusive pelos tribunais civis até o 
século XVIII. Tem como característica principal o fato de as funções de acusar, defender e 
julgar encontrarem-se concentradas em uma única pessoa, que assume assim as vestes de um 
juiz acusador, chamado de juiz inquisidor.
Essa concentração de poderes nas mãos do juiz compromete, invariavelmente, sua impar­
cialidade. De fato, há uma nítida incompatibilidade entre as funções de acusar e julgar. Afinal, 
o juiz que atua como acusador fica ligado psicologicamente ao resultado da demanda, perdendo 
a objetividade e a imparcialidade no julgamento.
Em virtude dessa concentração de poderes nas mãos do juiz, não há falar em contraditório, 
o qual nem sequer seria concebível em virtude da falta de contraposição entre acusação e de­
fesa. Ademais, geralmente o acusado permanecia encarcerado preventivamente, sendo mantido 
incomunicável.
1 BOBBIO, Norberto. As ideologias e o poder em crise. Tradução de João Ferreira; revisão técnica Gilson César 
Cardoso. 4§ ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999, p. 96-97.
2 Na linha do ensinamento de Antônio Scarance Fernandes, o vocábulo eficiência aqui empregado "é usado de 
forma ampla, sendo afastada, contudo, a ideia de eficiência medida pelo número de condenações. Será eficiente 
o procedimento que, em tempo razoável, permita atingir um resultado justo, seja possibilitando aos órgãos da 
persecução penal agir para fazer atuar o direito punitivo, seja assegurando ao acusado as garantias do processo 
legal". (Sigilo no processo penal: eficiência e garantismo. Coordenação Antônio Scarance Fernandes, José Raul 
Gavião de Almeida, Maurício Zanoide de Moraes. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 10).
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 41
No processo inquisitório, o juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa probatória, tendo 
liberdade para determinar de ofício a colheita de provas, seja no curso das investigações, seja no 
curso do processo penal, independentemente de sua proposição pela acusação ou pelo acusado. 
A gestão das provas estava concentrada, assim, nas mãos do juiz, que, a partir da prova do fato 
e tomando como parâmetro a lei, podia chegar à conclusão que desejasse.
Trabalha o sistema inquisitório, assim, com a premissa de que a atividade probatória tem 
por objetivo uma completa e ampla reconstrução dos fatos, com vistas ao descobrimento da 
verdade. Considera-se possível a descoberta de uma verdade absoluta, por isso admite uma 
ampla atividade probatória, quer em relação ao objeto do processo, quer em relação aos meios 
e métodos para a descoberta da verdade. Dotado de amplos poderes instrutórios, o magistrado 
pode proceder a uma completa investigação do fato delituoso.
No sistema inquisitorial, o acusado é mero objeto do processo, não sendo considerado sujeito 
de direitos. Na busca da verdade material, admitia-se que o acusado fosse torturado para que uma 
confissão fosse obtida. O processo inquisitivo era, em regra, escrito e sigiloso, mas essas formas 
não lhe eram essenciais. Pode se conceber o processo inquisitivo com as formas orais e públicas.
Como se percebe, há uma nítida conexão entre o processo penal e a natureza do Estado 
que o institui. A característica fundamental do processo inquisitório é a concentração de poderes 
nas mãos do juiz, aí chamado de inquisidor, à semelhança da reunião de poderes de administrar, 
legislar e julgar nas mãos de uma única pessoa, de acordo com o regime político do absolutismo.
Em síntese, podemos afirmarque o sistema inquisitorial é um sistema rigoroso, secreto, que 
adota ilimitadamente a tortura como meio de atingir o esclarecimento dos fatos e de concretizar 
a finalidade do processo penal. Nele, não há falar em contraditório, pois as funções de acusar, 
defender e julgar estão reunidas nas mãos do juiz inquisidor, sendo o acusado considerado 
mero objeto do processo, e não sujeito de direitos. O magistrado, chamado de inquisidor, era a 
figura do acusador e do juiz ao mesmo tempo, possuindo amplos poderes de investigação e de 
produção de provas, seja no curso da fase investigatória, seja durante a instrução processual.3
Por essas características, fica evidente que o processo inquisitório é incompatível com os 
direitos e garantias individuais, violando os mais elementares princípios processuais penais. 
Sem a presença de um julgador equidistante das partes, não há falar em imparcialidade, do que 
resulta evidente violação à Constituição Federal e à própria Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos (CADH, art. 8o, n° 1).
2.2. Sistema acusatório
De maneira distinta, o sistema acusatório caracteriza-se pela presença de partes distintas, 
contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, e a ambas se sobrepondo um juiz, 
de maneira equidistante e imparcial. Aqui, há uma separação das funções de acusar, defender e 
julgar.4 O processo caracteriza-se, assim, como legítimo actum trium personarum.
3. Como observa GIACOMOLLI (O devido processo penal: abordagem conforme a CF e o Pacto de São José da 
Costa Rica. 3- ed. São Paulo: Atlas, 2016. p. 90), "verifica-se um 'donismo' processual sem precedentes, endo 
e extraprocessuais: o processo é meu, o promotor é meu, o estagiário é meu, o servidor é meu, o carro é meu, 
eu sou eu, eu e eu. Então, eu posso investigar, eu posso acusar, eu posso julgar, recorrer e executar a sanção. 
Nesse modelo, confundem-se as funções dos agentes do Estado-Julgador com os do Estado-Acusador e com os 
do Estado-lnvestigador"
4 Nesse sentido: PRADO, Geraldo. Sistema acusatório: a conformidade constitucional das leis processuais penais. 
3§ ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2005. p. 114.
42 ; MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
Historicamente, o processo acusatório tem como suas características a oralidade e a publici­
dade, nele se aplicando o princípio da presunção de inocência. Logo, a regra era que o acusado 
permanecesse solto durante o processo. Não obstante, em várias fases do Direito Romano, o 
sistema acusatório foi escrito e sigiloso.
Quanto à iniciativa probatória, o juiz não era dotado do poder de determinar de oficio a 
produção de provas, já que estas deveriam ser fornecidas pelas partes, prevalecendo o exame 
direto das testemunhas e do acusado. Portanto, sob o ponto de vista probatório, aspira-se uma 
posição de passividade do juiz quanto à reconstrução dos fatos. Com o objetivo de preservar 
sua imparcialidade, o magistrado deve deixar a atividade probatória para as partes. Ainda que 
se admita que o juiz tenha poderes instratórios, essa iniciativa deve ser possível apenas no curso 
do processo, em caráter excepcional, como atividade subsidiária da atuação das partes.
No sistema acusatório, a gestão das provas é função das partes, cabendo ao juiz um papel 
de garante das regras do jogo, salvaguardando direitos e liberdades fundamentais. Diversamente 
do sistema inquisitorial, o sistema acusatório caracteriza-se por gerar um processo de partes, em 
que autor e réu constroem através do confronto a solução justa do caso penal. A separação das 
funções processuais de acusar, defender e julgar entre sujeitos processuais distintos, o reconhe­
cimento dos direitos fundamentais ao acusado, que passa a ser sujeito de direitos e a construção 
dialética da solução do caso pelas partes, em igualdade de condições, são, assim, as principais 
características desse modelo.
Segundo Ferrajoli, são características do sistema acusatório a separação rígida entre o juiz e 
acusação, a paridade entre acusação e defesa, e a publicidade e a oralidade do julgamento. Lado 
outro, são tipicamente próprios do sistema inquisitório a iniciativa do juiz em campo probatório, 
a disparidade de poderes entre acusação e defesa e o caráter escrito e secreto da instrução.5
O sistema acusatório vigorou durante quase toda a Antiguidade grega e romana, bem como 
na Idade Média, nos domínios do direito germano. A partir do século XIII entra em declínio, 
passando a ter prevalência o sistema inquisitivo. Atualmente, o processo penal inglês é aquele 
que mais se aproxima de um sistema acusatório puro.
Pelo sistema acusatório, acolhido de forma explícita pela Constituição Federal de 1988 
(CF, art. 129, inciso I), que tomou privativa do Ministério Público a propositura da ação penal 
pública, a relação processual somente tem início mediante a provocação de pessoa encarregada 
de deduzir a pretensão punitiva (ne procedat judex ex officio), e, conquanto não retire do juiz 
o poder de gerenciar o processo mediante o exercício do poder de impulso processual, impede 
que o magistrado tome iniciativas que não se alinham com a equidistância que ele deve tomar 
quanto ao interesse das partes. Deve o magistrado, portanto, abster-se de promover atos de 
ofício na fase investigatória, atribuição esta que deve ficar a cargo das autoridades policiais e 
do Ministério Público.
Como se percebe, o que efetivamente diferencia o sistema inquisitorial do acusatório é a 
posição dos sujeitos processuais e a gestão da prova. O modelo acusatório reflete a posição de 
igualdade dos sujeitos, cabendo exclusivamente às partes a produção do material probatório e 
sempre observando os princípios do contraditório, da ampla defesa, da publicidade e do dever 
de motivação das decisões judiciais. Portanto, além da separação das funções de acusar, de­
fender e julgar, o traço peculiar mais importante do sistema acusatório é que o juiz não é, por 
excelência, o gestor da prova.
5 FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 2- ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2006. p. 518.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 43
Em síntese, pode-se trabalhar com o seguinte quadro comparativo entre os dois sistemas:
Sistema Inquisitorial
Não há separação das funções de acusar, defender e 
julgar, que estão concentradas em uma única pessoa, 
que assume as vestes de um juiz inquisidor;
j Sistema Acusatório j
Separação das funções de acusar, defender e julgar. Por j 
conseqüência, caracteriza-se pela presença de partes dis­
tintas (actum trium personarum), contrapondo-se acusação 
e defesa em igualdade de condições, sobrepondo-se a am­
bas um juiz, de maneira equidistante e imparcial;
Como se admite o princípio da verdade real, o acusado 
não é sujeito de direitos, sendo tratado como mero 
objeto do processo, daí por que se admite inclusive 
a tortura como meio de se obter a verdade absoluta;
0 princípio da verdade real é substituído pelo princípio da 
busca da verdade, devendo a prova ser produzida com fiel 
observância ao contraditório e à ampla defesa;
Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de ampla 
iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade para 
determinar de ofício a colheita de elementos informa­
tivos e de provas, seja no curso das investigações, seja 
no curso da instrução processual;
Gestão da prova: recai precipuamente sobre as partes. Na 
fase investigatória, o juiz só deve intervir quando provoca­
do, e desde que haja necessidade de intervenção judicial. 
Durante a instrução processual, prevalece o entendimento 
de que o juiz tem certa iniciativa probatória, podendo de­
terminar a produção de provas de ofício, desde que o faça 
de maneira subsidiária;
A concentração de poderes nas mãos do juiz e a inicia­
tiva acusatória dela decorrente é incompatível com a 
garantia da imparcialidade (CADH, art. 8Q, § I s) e com 
o princípio do devido processo legal.
A separação das funções e a iniciativa probatória residual 
restrita à fase judicialpreserva a equidistância que o ma­
gistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sen­
do compatível com a garantia da imparcialidade e com o 
princípio do devido processo legal.
2.3. Sistema misto ou francês
Após se disseminar por toda a Europa a partir do século XIII, o sistema inquisitorial passa 
a sofrer alterações com a modificação napoleônica, que instituiu o denominado sistema misto. 
Trata-se de um modelo novo, funcionando como uma fusão dos dois modelos anteriores, que 
surge com o Code d ’Instruction Criminelle francês, de 1808. Por isso, também é denominado 
de sistema francês.
E chamado de sistema misto porquanto o processo se desdobra em duas fases distintas: a 
primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem acusação e, por 
isso, sem contraditório. Nesta, objetiva-se apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso. 
Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende 
e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade.
Quando o Código de Processo Penal entrou em vigor, prevalecia o entendimento de que o 
sistema nele previsto era misto. A fase inicial da persecução penal, caracterizada pelo inquérito 
policial, era inquisitorial. Porém, uma vez iniciado o processo, tínhamos uma fase acusatória. 
Porém, com o advento da Constituição Federal, que prevê de maneira expressa a separação 
das funções de acusar, defender e julgar, estando assegurado o contraditório e a ampla defesa, 
além do princípio da presunção de não culpabilidade, estamos diante de um sistema acusatório.
É bem verdade que não se trata de um sistema acusatório puro. De fato, há de se ter em 
mente que o Código de Processo Penal tem nítida inspiração no modelo fascista italiano. Toma-se 
imperioso, portanto, que a legislação infraconstitucional seja relida diante da nova ordem consti­
tucional. Dito de outro modo, não se pode admitir que se procure delimitar o sistema brasileiro 
a partir do Código de Processo Penal. Pelo contrário. São as leis que devem ser interpretadas à 
luz dos direitos, garantias e princípios introduzidos pela Carta Constitucional de 1988.
44 M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
3. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL
O vocábulo princípio é dotado de uma imensa variedade de significações. Sem nos olvidar 
da distinção feita pela doutrina entre princípios, normas, regras e postulados,6 trabalharemos 
com a noção de princípios como mandamentos nucleares de um sistema.
A Constituição Federal de 1988 elencou vários princípios processuais penais, porém, no 
contexto de funcionamento integrado e complementar das garantias processuais penais, não se 
pode perder de vista que os Tratados Internacionais de Direitos Humanos firmados pelo Brasil 
também incluíram diversas garantias ao modelo processual penal brasileiro. Nessa ordem, a 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH - Pacto de São José da Costa Rica), 
prevê diversos direitos relacionados à tutela da liberdade pessoal (Decreto 678/92, art. 7o), além 
de inúmeras garantias judiciais (Decreto 678/92, art. 8o).
Embora seja polêmica a discussão em tomo do status normativo dos Tratados Internacio­
nais de Direitos Humanos, a partir do julgamento do RE 466.343, tem prevalecido no Supremo 
Tribunal Federal a tese do status de supralegalidade da Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos. Não por outro motivo, a despeito do teor do art. 5o, LXVII, da Constituição Federal, 
que prevê, em tese, a possibilidade de prisão civil do devedor de alimentos e do depositário infiel, 
a Suprema Corte entendeu que a circunstância de o Brasil haver subscrito o Pacto de São José da 
Costa Rica, que restringe a prisão civil por dívida ao descumprimento inescusável de prestação 
alimentícia (art. 7o, 7), conduz à inexistência de balizas visando à eficácia do art. 5o, LXVII, 
da Carta Magna. Logo, com a introdução do aludido Pacto no ordenamento jurídico nacional, 
restaram derrogadas as normas estritamente legais definidoras da custódia do depositário infiel.7
Em face da incorporação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos ao ordenamento 
pátrio, o Brasil assume, então, o dever de adotar medidas legislativas para dar efetividade aos 
direitos preconizados na referida Convenção (art. 2o). Esta pode ser garantida em 3 (três) perspec­
tivas:8 a) utilização da jurispmdência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)9 e das 
opiniões consultivas na interpretação dos casos penais internos de cada país; b) controle difuso da 
convencionalidade, a ser exercido pelos magistrados em cada caso concreto, nos termos do art. 
5o, §§ 20 e 3o, da CF; c) controle concentrado ou abstrato da convencionalidade, a ser realizado 
pela CIDH, em sua jurisdição contenciosa e consultiva, e pelos Tribunais, após a EC n° 45/04.
De se notar, portanto, que as decisões da CIDH gozam de eficácia vinculante, nos termos 
dos arts. 67, 68.1 e 68.2 da CADH. São dotadas de autoridade de coisa julgada formal e mate­
rial, devendo, pois, ser cumpridas de forma eficaz e integral. Como observa Giacomolli,10 seus 
efeitos, todavia, não estão limitados às partes, mas irradiam um efeito hermêutico a todos aqueles 
que aderiram ao sistema interamericano, com eficácia erga omnes e standard interpretativo da
6 Para ampla análise dessa distinção, sugerimos a leitura da obra de Robert Alexy: Teoria dos direitos fundamentais. 
Trad. Vírgilio Afonso da Silva. São Paulo: Editora Malheiros, 2008.
7 STF, Pleno, HC 87.585/TO, Rei. Min. Marco Aurélio, DJe 118 25/06/2009.
8. É nesse sentido a lição de Nereu José Giacomolli: O devido processo penal: abordagem conforme a CF e o Pacto 
de São José da Costa Rica. 3® ed. São Paulo: Atlas, 2016. p. 30.
9. Composta por sete juizes, eleitos por um período de seis anos, permitida uma reeleição, a Corte Interamericana 
de Direitos Humanos (CIDH) está situada em San José da Costa Rica. Existe desde 1978 como órgão jurisdicional 
internacional, vinculado à CADH, com competência consultiva automática (Convenção e Tratados) e contenciosa 
(violação aos preceitos da Convenção) sobre os Estados que ratificaram a Convenção e que reconheceram a sua 
jurisdição contenciosa (facultativa). O Brasil reconheceu a jurisdição contenciosa e obrigatória da CIDH por meio 
do Decreto-Legislativo n ̂89, de 03 de dezembro de 1998.
10. Op. cit. p. 40.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 45
convencionalidade do ordenamento interno. Daí a importância da análise dos diversos cases da 
CIDH, já que suas decisões funcionam como importante ferramenta hermenêutica do Pacto de 
São José da Costa Rica. Enfim, já não basta mais o conhecimento da jurisprudência dos Tribunais 
Superiores. Também se impõe o conhecimento da jurisprudência da CIDH.
3.1. Da Presunção de inocência (ou da não culpabilidade)
3.1.1. Noções introdutórias
Em 1764, Cesare Beccaria, em sua célebre obra Dos delitos e das penas, já advertia que 
“um homem não pode ser chamado réu antes da sentença do juiz, e a sociedade só lhe pode 
retirar a proteção pública após ter decidido que ele violou os pactos por meio dos quais ela lhe 
foi outorgada”.11
Esse direito de não ser declarado culpado enquanto ainda há dúvida sobre se o cidadão é 
culpado ou inocente foi acolhido no art. 9o da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
(1789). A Declaração Universal de Direitos Humanos, aprovada pela Assembléia da Organiza­
ção das Nações Unidas (ONU), em 10 de dezembro de 1948, em seu art. 11.1, dispõe: “Toda 
pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prova 
sua culpabilidade, de acordo com a lei e em processo público no qual se assegurem todas as 
garantias necessárias para sua defesa”. Dispositivos semelhantes são encontrados na Convenção 
Européia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais (art. 6.2), no 
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 14.2) e na Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos (Dec.678/92 - art. 8o, § 2o): “Toda pessoa acusada de delito tem direito a 
que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa".
No ordenamento pátrio, até a entrada em vigor da Constituição de 1988, esse princípio so­
mente existia de forma implícita, como decorrência da cláusula do devido processo legal.12 Com 
a Constituição Federal de 1988, o princípio da presunção de não culpabilidade passou a constar 
expressamente do inciso LVII do art. 5o: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória". Em síntese, pode ser definido como o direito de não 
ser declarado culpado senão após o término do devido processo legal, durante o qual o acusado 
tenha se utilizado de todos os meios de prova pertinentes para a sua defesa (ampla defesa) e para 
a destruição da credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório).
Comparando-se a forma como referido princípio foi previsto nos Tratados Internacionais e 
na Constituição Federal, percebe-se que, naqueles, costuma-se referir àpresunção de inocência, 
ao passo que a Constituição Federal em momento algum utiliza a expressão inocente, dizendo, 
na verdade, que ninguém será considerado culpado. Por conta dessa diversidade terminológica, 
o preceito inserido na Carta magna passou a ser denominado de presunção de não culpabilidade.
Na jurisprudência brasileira, ora se faz referência ao princípio da presunção de inocência,13 
ora ao princípio da presunção de não culpabilidade.14 Segundo Badaró, não há diferença entre 
presunção de inocência e presunção de não culpabilidade, sendo inútil e contraproducente a
11 BECCARIA, Cesare Bonesana, Marchesi de. Dos delitos e das penas. Tradução: Lucia Guidicini, Alessandro Berti 
Contessa. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 69.
12 Nesse sentido: STF, l 9 Turma, HC 67.707/RS, Rei. Min. Celso de Mello, DJ 14/08/1992.
13 Vide súmula n9 09 do STJ. E também: STF, I s Turma, HC-ED 91.150/SP, Rei. Min. Menezes Direito, DJe 018 
019/02/2008.
14 A título de exemplo: STF, 1§ Turma, AI-AgR 604.041/RS, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 092 - 31/08/2007; 
STF, 29 Turma, HC 84.029/SP, Rei. Min. Gilmar Mendes, DJ 06/09/2007 p. 42.
46 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
tentativa de apartar ambas as idéias - se é que isto é possível devendo ser reconhecida a 
equivalência de tais fórmulas.15
Do princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) derivam duas 
regras fundamentais: a regra probatória (também conhecida como regra de juízo) e a regra de 
tratamento, objeto de estudo nos próximos tópicos.16
3.1.2. Da regra probatória (in dubio pro reo)
Por força da regra probatória, a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade 
do acusado além de qualquer dúvida razoável, e não este de provar sua inocência. Em outras 
palavras, recai exclusivamente sobre a acusação o ônus da prova, incumbindo-lhe demonstrar 
que o acusado praticou o fato delituoso que lhe foi imputado na peça acusatória.17
Como consectários da regra probatória, Antônio Magalhães Gomes Filho destaca: a) a 
incumbência do acusador de demonstrar a culpabilidade do acusado (pertence-lhe com exclu­
sividade o ônus dessa prova); b) a necessidade de comprovar a existência dos fatos imputados, 
não de demonstrar a inconsistência das desculpas do acusado; c) tal comprovação deve ser feita 
legalmente (conforme o devido processo legal); d) impossibilidade de se obrigar o acusado a 
colaborar na apuração dos fatos (daí o seu direito ao silêncio).18
Essa regra probatória deve ser utilizada sempre que houver dúvida sobre fato relevante para 
a decisão do processo. Na dicção de Badaró, cuida-se de uma disciplina do acertamento penal, 
uma exigência segundo a qual, para a imposição de uma sentença condenatória, é necessário 
provar, eliminando qualquer dúvida razoável, o contrário do que é garantido pela presunção de 
inocência, impondo a necessidade de certeza.19
Nesta acepção, presunção de inocência confunde-se com o in dubio pro reo. Não havendo 
certeza, mas dúvida sobre os fatos em discussão em juízo, inegavelmente é preferível a absolvição 
de um culpado à condenação de um inocente, pois, em um juízo de ponderação, o primeiro erro 
acaba sendo menos grave que o segundo.
O in dubio pro reo não é, portanto, uma simples regra de apreciação das provas. Na verdade, 
deve ser utilizado no momento da valoração das provas: na dúvida, a decisão tem de favorecer 
o imputado, pois não tem ele a obrigação de provar que não praticou o delito. Antes, cabe à 
parte acusadora (Ministério Público ou querelante) afastar a presunção de não culpabilidade 
que recai sobre o imputado, provando além de uma dúvida razoável que o acusado praticou a 
conduta delituosa cuja prática lhe é atribuída. Enfim, não se justifica, sem base probatória idô­
nea, a formulação possível de qualquer juízo condenatório, que deve sempre assentar-se - para
15 BADARÓ, Gustavo Henrique. Ônus da prova no processo penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. 
p. 283.
16 Por força do disposto no art. 89 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (n9 2), Luiz Flávio Gomes acres­
centa uma terceira regra, qual seja, a regra de garantia, segundo a qual a única forma de se afastar a presunção 
de inocência do acusado seria comprovando-se legalmente sua culpabilidade (Legislação crim inal especial. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 442). A nosso ver, e com a devida vênia, tal regra já está inserida 
na regra probatória.
17 Para mais detalhes acerca da divisão do ônus da prova no processo penal, remetemos o leitor ao capítulo de 
provas.
18 "O princípio da presunção de inocência na Constituição de 1988 e na Convenção Americana sobre Direitos Hu­
manos (Pacto de São José da Costa Rica)", em Revista do Advogado, da AASP, n9 42, abril/94, p. 31.
19 BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da prova no processo penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2003. p. 285.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS f 47
que se qualifique como ato revestido de validade ético-juri dica - em elementos de certeza, os 
quais, ao dissiparem ambigüidades, ao esclarecerem situações equívocas e ao desfazerem dados 
eivados de obscuridade, revelam-se capazes de informar, com objetividade, o órgão judiciário 
competente, afastando, desse modo, dúvidas razoáveis, sérias e fundadas que poderiam conduzir 
qualquer magistrado ou Tribunal a pronunciar o non liquet.20
O in dubio pro reo só incide até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
Portanto, na revisão criminal, que pressupõe o trânsito em julgado de sentença penal condena­
tória ou absolutória imprópria, não há falar em in dubio pro reo, mas sim em in dubio contra 
reum. O ônus da prova quanto às hipóteses que autorizam a revisão criminal (CPP, art. 621) 
recai única e exclusivamente sobre o postulante, razão pela qual, no caso de dúvida, deverá o 
Tribunal julgar improcedente o pedido revisional.
3.1.3. Da regra de tratamento
A privação cautelar da liberdade, sempre qualificada pela nota da excepcionalidade, somente 
se justifica em hipóteses estritas, ou seja, a regra é responder ao processo penal em liberdade, 
a exceção é estar preso.21 São manifestações claras desta regra de tratamento a vedação de 
prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a impossibilidade de execução provisória ou 
antecipada da sanção penal.22
Portanto, por força da regra de tratamento oriunda do princípio constitucional da não cul­
pabilidade, o Poder Público está impedido de agir e de se comportar em relação ao suspeito, ao 
indiciado, ao denunciado ou ao acusado, como se estes já houvessem sido condenados, defini­
tivamente, enquanto não houver o fim do processo criminal.23
O princípio da presunção de inocência não proíbe, todavia, a prisão cautelar ditada por razões 
excepcionais e tendente a garantir a efetividade do processo. Como bem assevera Canotilho, 
se o princípio for visto de uma forma radical, nenhumamedida cautelar poderá ser aplicada ao 
acusado, o que, sem dúvida, acabará por inviabilizar o processo penal.24 Em outras palavras, o 
inciso LVII do art. 5o da Carta Magna não impede a decretação de medidas cautelares de natu­
reza pessoal durante o processo, cujo permissivo decorre inclusive da própria Constituição (art. 
5o, LXI), sendo possível se conciliar os dois dispositivos constitucionais desde que a medida 
cautelar não perca seu caráter excepcional, sua qualidade instrumental, e se mostre necessária 
à luz do caso concreto.
Há quem entenda que esse dever de tratamento atua em duas dimensões: a) interna ao 
processo: funciona como dever imposto, inicialmente, ao magistrado, no sentido de que o ônus 
da prova recai integralmente sobre a parte acusadora, devendo a dúvida favorecer o acusado. 
Ademais, as prisões cautelares devem ser utilizadas apenas em situações excepcionais, desde que 
comprovada a necessidade da medida extrema para resguardar a eficácia do processo; b) externa 
ao processo: o princípio da presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem, 
dignidade e privacidade demandam uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização
20. Nesse contexto: STF, I s Turma, HC 73.338/RJ, Rei. Min. Celso de Mello, DJ 19/12/1996.
21 "Diz-me como tratas o arguido, dir-te-ei o processo penal que tens e o Estado que o instituiu" (FIGUEIREDO DIAS,
Jorge. Direito processual penal, is vol. Coimbra: Coimbra Editora, 1984. p. 428.)
22. A nova orientação jurisprudencial do STF e do STJ acerca da execução provisória da pena será objeto de análise 
no próximo item.
23 STF - HC 89.501/GO - 2̂ Turma - Rei. Min. Celso de Mello - DJ 16/03/2007 p. 43.
24 Constituição da República portuguesa anotada. 3a ed. Coimbra: Ed. Coimbra, 1993. p. 203.
MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
do acusado, funcionando como limites democráticos à abusiva exploração midiática em tomo 
do fato criminoso e do próprio processo judicial.25
Portanto, por força do dever de tratamento, qualquer que seja a modalidade de prisão cau- 
telar, não se pode admitir que a medida seja usada como meio de inconstitucional antecipação 
executória da própria sanção penal, pois tal instmmento de tutela cautelar penal somente se 
legitima se se comprovar, com apoio em base empírica idônea, a real necessidade da adoção, 
pelo Estado, dessa extraordinária medida de constrição do status libertatis do indiciado ou do 
acusado.26
3.1.4. (In) constitucionalidade da execução provisória da pena27
Pelo menos em regra, os recursos extraordinário e especial não são dotados de efeito sus- 
pensivo (CPP, art. 637, c/c arts. 995 e 1.029, § 5o, ambos do novo CPC). Por isso, prevaleceu, 
durante anos, o entendimento jurispmdencial segundo o qual era cabível a execução provisória 
de sentença penal condenatória recorrível, independentemente da demonstração de qualquer 
hipótese que autorizasse a prisão preventiva do acusado. O fundamento legal para esse entendi­
mento era o disposto no art. 637 do CPP. Assim, ainda que o acusado tivesse interposto recurso 
extraordinário ou especial, estaria sujeito à prisão, mesmo que inexistentes os pressupostos da 
prisão preventiva.28
Nessa linha, o STJ editou a súmula n° 267, segundo a qual a interposição de recurso, sem 
efeito suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão. 
Portanto, mesmo que o acusado tivesse permanecido solto durante todo o processo, impunha-se 
o recolhimento à prisão como efeito automático de um acórdão condenatório proferido por ór­
gão jurisdicional de segundo grau, ainda que a decisão condenatória não tivesse transitado em 
julgado em virtude da interposição dos recursos extraordinário e especial.
25. LOPES JR., Aury. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. Vol. II. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 
2009. p. 47/48. Especificamente em relação à dimensão externa ao processo, vem bem a calhar a decisão proferida 
pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso J. vs. Peru (2013), no qual o Peru foi responsabilizado por 
violação ao estado de inocência previsto no art. 8.2 do Pacto de São José da Costa Rica. A Sra. J. foi presa durante o 
cumprimento de medida de busca e apreensão residencial. Processada criminalmente por terrorismo e associação 
ao terrorismo, em virtude de suposta vinculação com o grupo armado Sendero Luminoso, foi absolvida em junho 
de 1993. Logo após ser solta, deixou o território peruano. Em dezembro do mesmo ano, a Corte Suprema Peruana 
cassou a sentença absolutória, determinou um novo julgado e decretou sua prisão. Tais fatos ocorreram durante 
o governo Fujimori, quando o Peru passava por um regime de exceção. Para a CIDH, os distintos pronunciamentos 
públicos das autoridades estatais, sobre a culpabilidade de J. violaram o estado de inocência, princípio determi­
nante que o Estado não condene, nem mesmo informalmente, emitindo juízo perante a sociedade e contribuindo 
para formar a opinião pública, enquanto não existir decisão judicial condenatória. Para a Corte, a apresentação 
da imagem da acusada para a imprensa, escrita e televisiva, ocorreu quando ela estava sob absoluto controle do 
Estado, além de as entrevistas posteriores também terem sido levadas a cabo sob conhecimento e controle do 
Estado, por meio de seus funcionários. A Corte acentuou não impedir o estado de inocência que as autoridades 
mantenham a sociedade informada sobre investigações criminais, mas requer que isso seja feito com a discrição 
e a contextualização necessárias, de tal modo a garantir o estado de inocência. Assim, fazer declarações públicas, 
sem os devidos cuidados, sobre processos penais, gera, na sociedade, a indevida crença sobre a culpabilidade do 
acusado. Nessa linha: GIACOMOLLI, Nereu José. O devido processo penal: abordagem conforme a Constituição 
Federal e o Pacto de São José da Costa Rica. 3- ed. São Paulo: Atlas, 2016. p. 135-137.
26 Nessa linha: STF - HC 90.753/RJ - 2§ Turma - Rei. Min. Celso de Mello - DJ 23/11/2007 p. 116.
27. Para mais detalhes acerca da possibilidade de execução provisória de decisão condenatória proferida pelo Tribunal 
do Júri, independentemente do julgamento sequer de uma eventual apelação pelos Tribunais de 2§ instância, 
remetemos o leitor ao Título 10 (Processo e Procedimento), mais precisamente ao Capítulo IV (Procedimento 
Especial do Tribunal do Júri), onde o tema é objeto de análise nos comentários à soberania dos veredictos.
28. Nesse contexto: STF, 1§ Turma, HC 91.675/PR, Rei. Min. Cármen Lúcia, j. 04/09/2007, Dje 157 06/12/2007.
T ÍT U L O ! • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 49
Ocorre que, no julgamento do Habeas Corpus n° 84.078 no ano de 2009, o Plenário do 
Supremo, por maioria de votos (7 a 4), alterou sua orientação jurisprudencial até então dominante 
para concluir que a execução da pena só poderia ocorrer com o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória. Logo, a despeito de os recursos extraordinários não serem dotados de efeito 
suspensivo, enquanto não houvesse o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, não seria 
possível a execução da pena privativa de liberdade, ressalvada a hipótese de prisão cautelar do réu, 
cuja decretação, todavia, estaria condicionada à presença dos pressupostos do art. 312 do CPP.29
Todavia, em julgamento histórico realizado no dia 17 de fevereiro de 2016 (HC 126.292),30 
e novamente por maioria de votos (7 a 4), o Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu 
que é possível a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido por Tribunal de 
segunda instância no julgamento de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordi­
nário, e mesmo que ausentes os requisitos da prisão cautelar, sem que se possa objetar suposta 
violação ao princípio da presunção de inocência, já que é possível fixar determinados limites 
para a referida garantia constitucional. Não se trata, portanto, de prisão cautelar. Cuida-se, na 
verdade, de verdadeiraexecução provisória da pena. Para justificar essa nova orientação foram 
apontados os seguintes fundamentos:
a) deve ser buscado o necessário equilíbrio entre o princípio da presunção de inocência 
e a efetividade da função jurisdicional penal, que deve atender a valores caros não apenas aos 
acusados, mas também à sociedade;
b) é no âmbito das instâncias ordinárias que se exaure a possibilidade de exame de 
fatos e provas e, sob esse aspecto, a própria fixação da responsabilidade criminal do acu­
sado. É dizer, os recursos de natureza extraordinária não configuram desdobramentos do 
duplo grau de jurisdição, porquanto não são recursos de ampla devolutividade, já que não 
se prestam ao debate da matéria fática probatória.31 Noutras palavras, com o julgamento 
implementado pelo tribunal de apelação, ocorreria uma espécie de preclusão da matéria 
envolvendo os fatos da causa;
c) se houve, em segundo grau, um juízo de incriminação do acusado, fundado em fatos e 
provas insuscetíveis de reexame pela instância extraordinária, parece inteiramente justificável 
a relativização e até mesmo a própria inversão, para o caso concreto, do princípio da presunção 
de inocência até então observado. Faria sentido, portanto, negar efeito suspensivo aos recursos 
extraordinários, como o faz o art. 637 do CPP;
d) a Lei da Ficha Limpa (LC n° 135/2010) expressamente consagra como causa de inelegi- 
bilidade a existência de sentença condenatória por crimes nela relacionados quando proferidas 
por órgão colegiado;
e) não se pode afirmar que, à exceção das prisões em flagrante, temporária, preventiva e 
decorrente de sentença condenatória transitada em julgado, todas as demais formas de prisão
29. HC 84.078, Rei. Min. Eros Grau. Informativo ne 534 do STF - Brasília, 2 a 6 de fevereiro de 2009. No mesmo 
sentido: STF, 2* Turma, HC 88.174/SP, Rei. Min. Eros Grau, j. 12/12/1996, DJe 092 30/08/2007; STF, 2§ Turma, 
HC 89,754/BA, Rei. Min. Celso de Mello, j. 13/02/2007, DJe 04 26/04/2007; STF, 2̂ Turma, HC 91.232/PE, Rei. 
Min. Eros Grau, j. 06/11/2007, DJe 157 06/12/2007; STJ - HC 122.191/RJ - 5 ̂Turma - Rei. Min. Arnaldo Esteves 
Lima - Dje 18/05/2009.
30. STF, Pleno, HC 126.292/SP, Rei. Min. Teori Zavascki, j. 17/02/2016, DJe 100 16/05/2016.
31. As matérias fáticas que levariam apenas a um reexame da prova estão excluídas dos recursos especial e extraor­
dinário, nos termos da súmula n5 279 do STF ("Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário") 
e da súmula ne 7 do STJ ("A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial").
50 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
foram revogadas pelo art. 283 do CPP, com a redação dada pela Lei 12.403/2011, haja vista o 
critério temporal de solução de antinomias previsto no art. 2o, § Io, da Lei 4.657/1942 (Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Se assim o fosse, a conclusão seria pela prevalên­
cia da regra que dispõe ser meramente devolutivo o efeito dos recursos ao Superior Tribunal 
de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), visto que os arts. 995 e 1.029, § 5o, do 
CPC têm vigência posterior à regra do art. 283 do CPP. Portanto, não há antinomia entre o que 
dispõe o art. 283 do CPP e a regra que confere eficácia imediata aos acórdãos proferidos por 
tribunais de apelação;
f) em nenhum país do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução 
de uma condenação fica suspensa, aguardando referendo da Corte Suprema;
g) a jurisprudência que assegurava a presunção de inocência até o trânsito em julgado de 
sentença condenatória vinha permitindo a indevida e sucessiva interposição de recursos da mais 
variada espécie, com indisfarçados propósitos protelatórios, visando, não raro, à configuração 
da prescrição da pretensão punitiva ou executória, já que o último marco interraptivo do prazo 
prescricional antes do início do cumprimento da pena é a publicação da sentença ou do acórdão 
recorríveis (CP, art. 117, IV);32
h) quanto a eventuais equívocos das instâncias ordinárias, não se pode esquecer que há 
instrumentos aptos a inibir conseqüências danosas para o condenado, suspendendo, se necessá­
rio, a execução provisória da pena, como, por exemplo, medidas cautelares de outorga de efeito 
suspensivo ao recurso extraordinário e ao recurso especial (art. 1.029, § 5o, do novo CPC) e o 
habeas corpus. Portanto, mesmo que exeqüível provisoriamente o acórdão condenatório recor- 
rível, o acusado não estaria desamparado da tutela jurisdicional em casos de flagrante violação 
de direitos. Isso seria possível, por exemplo, em situações nas quais estivesse caracterizada a 
verossimilhança das alegações deduzidas na impugnação extrema, de modo que se pudesse 
constatar a manifesta contrariedade do acórdão com a jurisprudência consolidada da Corte a 
quem se destina a impugnação.33
Com a devida vênia à maioria dos Ministros do STF que admitiram a execução provisória 
da pena, parece-nos que esse novo entendimento contraria flagrantemente a Constituição Federal, 
que assegura a presunção de inocência (ou de não culpabilidade) até o trânsito em julgado de 
sentença condenatória (art. 5o, LVII), assim como o art. 283 do CPP, que só admite, no curso 
da investigação ou do processo - é dizer, antes do trânsito em julgado de sentença condenatória 
- , a decretação da prisão temporária ou preventiva por ordem escrita e fundamentada da auto­
ridade judiciária competente.
Não negamos que se deva buscar uma maior eficiência no sistema processual penal pátrio. 
Mas, a nosso juízo, essa busca não pode se sobrepor à Constituição Federal, que demanda a 
formação de coisa julgada para que possa dar início à execução de uma prisão de natureza penal.
32. Como exemplo do uso abusivo do direito de recorrer com a nítida intenção de procrastinar o trânsito em julga­
do de sentença condenatória podemos citar o caso do ex-Senador L. E., condenado a 31 anos de reclusão pela 
prática dos crimes de peculato, estelionato, corrupção ativa, uso de documento falso e associação criminosa - os 
dois últimos delitos acabaram prescrevendo. Desde 2006, quando foi condenado pelo Tribunal Regional Federal 
da 3 ̂Região, o ex-Senador já havia interposto mais de 35 (trinta e cinco) recursos, obstando, assim, o trânsito 
em julgado. Com a mudança de orientação jurisprudencial do STF acerca do assunto, o ex-Senador foi, enfim, 
recolhido à prisão, em data de 8 de março de 2016.
33. Após a decisão do STF no HC 126.292, o STJ também passou a admitir a execução provisória de acórdão con­
denatório. A propósito, confira-se: STJ, 6ã Turma, EDcl no REsp 1.484.415/DF, Rei. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 
3/3/2016, DJe 14/4/2016; STJ, Corte Especial, QO na APn 675/GO, Rei. Min. Nancy Andrighi, j. 6/4/2016, DJe 
26/4/2016.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
E só se pode falar em trânsito em julgado quando a decisão se toma imutável, o que, como sa­
bemos, é obstado pela interposição dos recursos extraordinários, ainda que desprovidos de efeito 
suspensivo. Não há, portanto, margem exegética para que o art. 5o, inciso LVII, da Constituição 
Federal, seja interpretado no sentido de se concluir que o acusado é presumido inocente (ou 
não culpável) tão somente até a prolação de acórdão condenatório por Tribunal de 2a instância.
Por mais que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 678/92, art. 8o, 
n. 2)34 estenda o princípio da presunção de inocência até a comprovação legal da culpa, o que 
ocorre com a prolação de acórdão condenatório no julgamento de um recurso - lembre-se que 
a mesma Convenção Americana assegura o direito ao duplo grau de jurisdição (art. 8o, § 2o, 
“h”) - , não se pode perder de vista que a Constituição Federal é categórica ao afirmar que so­
mente o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória poderá afastar o estado inicial 
de não culpabilidade de que todos gozam. Seu caráter mais amplo deve prevalecer, portanto, 
sobre o teor da Convenção Americana de Direitos Humanos. De fato, a própriaConvenção 
Americana prevê que os direitos nela estabelecidos não poderão ser interpretados no sentido 
de restringir ou limitar a aplicação de normas mais amplas que existam no direito interno dos 
países signatários (art. 29, b). Em conseqüência, deverá sempre prevalecer a disposição mais 
favorável (princípio pro homine).
Não bastasse a Constituição Federal, é fato que a legislação infraconstitucional também não 
dá acolhida à nova orientação dos Tribunais Superiores. Explica-se: apesar de o art. 637 do CPP 
autorizar a execução provisória de acórdão condenatório pelo fato de os recursos extraordiná­
rios não serem dotados de efeito suspensivo, este dispositivo foi tacitamente revogado pela Lei 
n° 12.403/11, que conferiu nova redação ao art. 283 do CPP (“Ninguém poderá ser preso senão 
em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, 
em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação 
ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva”).
O art. 283 do CPP é categórico ao estabelecer as hipóteses em que pode haver restrição à 
liberdade de locomoção no processo penal: a) prisão em flagrante,35 prisão temporária e prisão 
preventiva: são as únicas espécies de prisão cautelar passíveis de decretação no curso da inves­
tigação ou do processo; b) prisão penal (career adpoenam): a prisão penal só pode ser objeto 
de execução com o trânsito em julgado de sentença condenatória. Há, portanto, um requisito de 
natureza objetiva para o início do cumprimento da reprimenda penal, qual seja, a formação da 
coisa julgada, que é obstada pela interposição de todo e qualquer recurso, seja ele ordinário ou 
extraordinário, seja ele dotado de efeito suspensivo ou não.
Logo, o caráter “extraordinário” dos recursos especial e extraordinário, bem como o fato de 
serem recursos de fundamentação vinculada e limitados ao reexame de questões de direito não 
é um argumento legítimo para sustentar a execução antecipada da pena. Isso porque o caráter 
“extraordinário” desses recursos não afeta o conceito de trânsito em julgado expressamente 
estabelecido pelo art. 283 do CPP como marco final do processo para fins de execução da pena.
Por mais que a Lei n° 12.403/11, responsável pela nova redação do art. 283 do CPP, não 
tenha feito qualquer referência ao art. 637 do CPP, é no mínimo estranho admitirmos que 
um dispositivo legal autoriza a execução da pena tão somente com o trânsito em julgado de
34. "Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legal­
mente sua culpa".
35. Há controvérsias acerca da natureza jurídica da prisão em flagrante. Há quem entenda que se trata de medida 
pré-cautelar, e não uma espécie de prisão cautelar. Para mais detalhes acerca do assunto, remetemos o leitor 
ao Título 6, Capítulo IV, item 4.
52 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
sentença condenatória, enquanto outro a autoriza pelo fato de não outorgar efeito suspensivo aos 
recursos extraordinários. É bem verdade que o art. 9o da LC 95/98, com redação dada pela LC 
n° 107/01, determina que a cláusula de revogação de lei nova deve enumerar, expressamente, 
as leis e disposições revogadas, o que não ocorreu na hipótese sob comento. No entanto, a falta 
de técnica por parte do legislador - que, aliás, tem se tomado uma rotina - , não pode justificar 
a convivência de normas jurídicas incompatíveis entre si, tratando do conceito de execução da 
pena de maneira conflitante. Por conseqüência, como se trata de norma posterior que tratou da 
matéria em sentido diverso, parece-nos que a nova redação do art. 283 do CPP conferida pela 
Lei n° 12.403/11 revogou tacitamente o art. 637 do CPP, nos termos do art. 2o, § Io, da Lei de 
Introdução às normas do Direito Brasileiro.
Não se pode objetar que o novo CPC teria revogado tacitamente o art. 283 do CPP, por 
prever expressamente que os recursos extraordinários não são dotados de efeito suspensivo 
(NCPC, arts. 995 e 1.029, § 5o). A uma porque o novo CPC só pode ser aplicado no âmbito 
processual penal de maneira subsidiária e supletiva, ou seja, quando restar evidenciada a 
existência de uma lacuna. Como não há qualquer omissão no âmbito do CPP, que prevê ex­
pressamente que a execução da pena pressupõe o trânsito em julgado (art. 283), não se pode 
admitir a revogação de seus dizeres por uma norma genérica prevista no novo CPC. Não 
bastasse isso, é fato que o art. 283 do CPP consiste em mera reprodução da cláusula pétrea 
do art. 5o, LVII, da Constituição Federal (“Ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória’’), cujo núcleo essencial jamais poderia sofrer 
qualquer restrição, quer por parte de uma lei ordinária (Lei n° 13.105/15 - NCPC), quer pelo 
próprio Poder Constituinte.
A solução para o caos do sistema punitivo brasileiro deve passar, portanto, por uma mudança 
legislativa - e não jurisprudencial, como feita pelo STF - para que seja antecipado o momento 
do trânsito em julgado de acórdãos condenatórios proferidos pelos Tribunais de 2a instância, 
hipótese em que os recursos extraordinários obrigatoriamente teriam que ter sua natureza jurídica 
alterada para sucedâneos recursais externos.36
De todo modo, pelo menos enquanto não sobrevêm essa mudança legislativa - se é que 
um dia virá - , cabe aos Tribunais maior rigor na verificação de eventuais excessos por parte 
da defesa no tocante ao exercício abusivo do direito de recorrer. Em outras palavras, quando 
restar evidenciado o intuito meramente protelatório dos recursos, apenas para impedir o exau- 
rimento da prestação jurisdicional e o conseqüente início do cumprimento da pena, incumbe 
aos Tribunais determinar o imediato início da execução mesmo antes do trânsito em julgado, 
haja vista o exercício irregular e abusivo do direito de defesa e do duplo grau de jurisdição 
e a conseqüente violação ao princípio da cooperação, previsto no art. 6o do novo CPC, ao 
qual também se sujeitam as partes. Nessa linha, como já havia se pronunciado o Supremo 
em momento anterior ao HC 126.292, “a reiteração de embargos de declaração, sem que se 
registre qualquer dos seus pressupostos, evidencia o intuito meramente protelatório. A inter- 
posição de embargos de declaração com finalidade meramente protelatória autoriza o imediato 
cumprimento da decisão emanada pelo Supremo Tribunal Federal, independentemente da 
publicação do acórdão”.37
36. A expressão "sucedâneos recursais", introduzida por Frederico Marques (Instituições de Direito Processual Civil. 
Rio de Janeiro: Forense, 1960, v. 4, p. 377 e segs.), ora é utilizada para identificar o conjunto de meios não 
recursais de impugnação, ora é utilizada em acepção estrita, para referir apenas aos meios de impugnação que 
nem são recurso nem são ação autônoma.
37. STF, ia Turma, RMS 23.841 AgR-ED-ED/DF, Rei. Min. Eros Grau, j. 18/12/2006, DJ16/02/2007. No sentido de que 
a utilização indevida das espécies recursais, consubstanciada na interposição de inúmeros recursos contrários à
TÍTULO 1 • N O Ç Õ ES INTRODUTÓRIAS 53
Em conclusão, convém ressaltar que o teor da decisão proferida no julgamento do HC 
126.292 foi confirmada pelo Plenário do STF ao indeferir medida cautelar em duas ações de- 
claratórias de constitucionalidade (ADC’s 43 e 44), permitindo, assim, a execução provisória 
da pena privativa de liberdade38 após a decisão condenatória de segundo grau e antes do trânsito 
em julgado, porquanto as decisões jurisdicionais não impugnáveis por recursos dotados de efeito 
suspensivo têm eficácia imediata. Assim, após esgotadas as instâncias ordinárias,39 a condenação 
criminal poderá provisoriamente surtir efeito imediato do encarceramento, uma vez que o aces­
so às instâncias extraordinárias se dá por meio de recursos que são ordinariamente dotados de 
efeito meramente devolutivo.40 41 Esse entendimento foi, posteriormente, confirmado pelo Plenário 
Virtual doSTF na análise do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 964.246,41 que 
teve repercussão geral reconhecida. Assim, a tese firmada pelo Tribunal deve ser aplicada nos 
processos em curso nas demais instâncias.
jurisprudência como mero expediente protelatório, desvirtua o próprio postulado constitucional da ampla defesa: 
STF, 23 Turma, Al 759.450 ED/RJ, Rei. Min. Ellen Gracie, j. 01/12/2009, DJe 237 17/12/2009; STF, Pleno, AO 1.046 
ED/RR, Rei. Min. Joaquim Barbosa, j. 28/11/2007, DJe 31 21/02/2008. Para o STJ, quando verificada a oposição 
de recursos manifestamente protelatórios apenas para se evitar o exaurimento da prestação jurisdicional, tem 
sido admitida a baixa imediata dos autos, para o início da execução penal: STJ, 5ã Turma, EDcl nos EDcl no AgRg 
no Ag 1.142.020/PB, Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 07/10/2010, DJe 03/11/2010. E ainda: STJ, 5§ Tur­
ma, EDcl nos EDcl no AgRg no Ag 862.591/MG, Rei. Min. Felix Fischer, j. 15/09/2009, DJe 05/10/2009. O abuso 
do direito de recorrer no processo penal, com o escopo de obstar o trânsito em julgado da condenação e, por 
conseqüência, de se alcançar a prescrição da pretensão punitiva, autoriza inclusive a determinação monocrática 
de baixa imediata dos autos por Ministro de Tribunal Superior, independentemente de publicação da decisão. 
Nessa linha: STF, Pleno, RE 839.163 QO/DF, Rei. Min. Dias Toffoli, j. 05/11/2014.
38. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha decidido pela viabilidade da imediata execução da pena imposta ou 
confirmada pelos tribunais locais após esgotadas as respectivas jurisdições, não analisou tal possibilidade quanto 
às reprimendas restritivas de direitos. Considerando a ausência de manifestação expressa da Corte Suprema e 
o teor do art. 147 da LEP, não se afigura possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em 
julgado da condenação. Nesse contexto: STJ, 3ã Seção, EREsp 1.619.087/SC, Rei. Min. Jorge Mussi, j. 14/06/2017, 
DJe 24/08/2017.
39. A execução da pena depois da prolação de acórdão em segundo grau de jurisdição e antes do trânsito em 
julgado da condenação não é automática, quando a decisão ainda é passível de integração pelo Tribunal de 
Justiça, sobretudo quando o juízo de primeiro grau conceder ao acusado, na sentença condenatória, o direito de 
recorrer em liberdade. Por isso, em caso concreto no qual ainda não havia se dado o esgotamento da jurisdição 
do Tribunal de Justiça, em virtude da interposição de Embargos de Declaração ainda não julgado, concluiu a 
63 Turma do STJ (HC 366.907/PR, Rei. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 06/12/2016, DJe 16/12/2016) ser indevido, 
naquele momento, o início da execução provisória da pena. É bem verdade que os embargos de declaração não 
possuem efeito suspensivo e apenas interrompem o prazo para a interposição dos recursos cabíveis. No entanto, 
dada a falibilidade que é característica do ser humano, excepcionalmente, existe a possibilidade de atribuir efeito 
infringente aos aclaratórios. Para a 5ã Turma do STJ (HC 371.870/SP, Rei. Min. Felix Fischer, j. 13/12/2016, DJe 
12/02/2017), também se revela ilegal a imediata execução provisória da pena na hipótese em que ainda não 
tiver havido a intimação da Defensoria Pública Estadual acerca de acórdão condenatório.
40. STF, Pleno, ADC 43 MC/DF, Rei. Min. Marco Aurélio, j. 05/10/2016; STF, Pleno, ADC 44 MC/DF, Rei. Min. Marco 
Aurélio, j. 05/10/2016.
41. "(.■■) Em regime de repercussão geral, fica reafirmada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido
de que a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito 
a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência 
afirmado pelo artigo 52, inciso LVII, da Constituição Federal. Recurso extraordinário a que se nega provimento, 
com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria". (STF, 
Pleno, ARE 964.246 RG/SP, Rei. Min. Teori Zavascki, j. 10/11/2016, DJe 251 24/11/2016).
54 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
3.2. Princípio do contraditório
De acordo com o art. 5o, inciso LV, da Constituição Federal, aos litigantes, em processo 
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Na clássica lição de Joaquim Canuto Mendes de Almeida, sempre se compreendeu o princí­
pio do contraditório como a ciência bilateral dos atos ou termos do processo e a possibilidade de 
contrariá-los.42 De acordo com esse conceito, o núcleo fundamental do contraditório estaria ligado 
à discussão dialética dos fatos da causa, devendo se assegurar a ambas as partes, e não somente à 
defesa, a oportunidade de fiscalização recíproca dos atos praticados no curso do processo. Eis o mo­
tivo pelo qual se vale a doutrina da expressão “audiência bilateral”, consubstanciada pela expressão 
em latim audiatur et altera pars (seja ouvida também a parte adversa). Seriam dois, portanto, os 
elementos do contraditório: a) direito à informação; b) direito de participação. O contraditório 
seria, assim, a necessária informação às partes e a possível reação a atos desfavoráveis.
Como se vê, o direito à informação funciona como consectário lógico do contraditório. Não 
se pode cogitar da existência de um processo penal eficaz e justo sem que a parte adversa seja 
cientificada da existência da demanda ou dos argumentos da parte contrária. Daí a importância 
dos meios de comunicação dos atos processuais: citação, intimação e notificação. Não por outro 
motivo, de acordo com a súmula 707 do Supremo Tribunal Federal, “constitui nulidade a falta 
de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo
Também deriva do contraditório o direito à participação, aí compreendido como a possibi­
lidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade à pretensão da parte contrária.
Pela concepção original do princípio do contraditório, entendia-se que, quanto à reação, 
bastava que a mesma fosse possibilitada, ou seja, tratava-se de reação possível. No entanto, a 
mudança de concepção sobre o princípio da isonomia, com a superação da mera igualdade for­
mal e a busca de uma igualdade substancial, produziu a necessidade de se igualar os desiguais, 
repercutindo também no âmbito do princípio do contraditório. O contraditório, assim, deixou de 
ser visto como uma mera possibilidade de participação de desiguais para se transformar em uma 
realidade. Enfim, há de se assegurar uma real e igualitária participação dos sujeitos processuais 
ao longo de todo o processo, assegurando a efetividade e plenitude do contraditório. E o que se 
denomina contraditório efetivo e equilibrado.
Na dicção de Badaró, houve, assim, uma dupla mudança, subjetiva e objetiva. Segundo 
o autor, “quanto ao seu objeto, deixou de ser o contraditório uma mera possibilidade de par­
ticipação de desiguais, passando a se estimular a participação dos sujeitos em igualdade de 
condições. Subjetivamente, porque a missão de igualar os desiguais é atribuída ao juiz e, assim, 
o contraditório não só permite a atuação das partes, como impõe a participação do julgador”.43
Notadamente no âmbito processual penal, não basta assegurar ao acusado apenas o direito 
à informação e à reação em um plano formal, tal qual acontece no processo civil. Estando em 
discussão a liberdade de locomoção, ainda que o acusado não tenha interesse em oferecer reação 
à pretensão acusatória, o próprio ordenamento jurídico impõe a obrigatoriedade de assistência 
técnica de um defensor. Nesse contexto, dispõe o art. 261 do CPP que nenhum acusado, ainda 
que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. E não se deve contentar
42 Princípios fundam entais do processo penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1973. p. 82.
43 BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Direitoprocessual penal. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2008. Tomo 1. 
p. 1-36.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 55
com uma atuação meramente formal desse defensor. Basta perceber que, dentre as atribuições 
do juiz-presidente do júri, o CPP elenca a possibilidade de nomeação de defensor ao acusado, 
quando considerá-lo indefeso (CPP, art. 497, V).44
Portanto, pode-se dizer que se, em um primeiro momento, o contraditório limitava-se ao 
direito à informação e à possibilidade de reação, a partir dos ensinamentos do italiano Elio 
Fazzalari, o contraditório passou a ser analisado também no sentido de se assegurar o respeito 
à paridade de tratamento (par conditio ou paridade de armas). De fato, de nada adianta se 
assegurar à parte a possibilidade formal de se pronunciar sobre os atos da parte contrária, se 
não lhe são outorgados os meios para que tenha condições reais e efetivas de contrariá-los. Há 
de se assegurar, pois, o equilíbrio entre a acusação e defesa, que devem estar munidas de forças 
similares. O contraditório pressupõe, assim, a paridade de armas: somente pode ser eficaz se os 
contendentes possuem a mesma força, ou, ao menos, os mesmos poderes.
É nesse sentido que deve ser entendido o parágrafo único do art. 261, acrescentado pela 
Lei n° 10.792/03, que passou a dispor: “A defesa técnica, quando realizada por defensor público 
ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada”.
Prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que a observância do contra­
ditório só é obrigatória, no processo penal, na fase processual, e não na fase investigatória. Isso 
porque o dispositivo do art. 5o, LV, da Carta Magna, faz menção à observância do contraditório 
em processo judicial ou administrativo. Logo, considerando-se que o inquérito policial é tido 
como um procedimento administrativo destinado à colheita de elementos de informação quanto 
à existência do crime e quanto à autoria ou participação, não há falar em observância do con­
traditório na fase preliminar de investigações.45
Por força do princípio ora em análise, a palavra prova só pode ser usada para se referir 
aos elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do processo judicial, e, por con­
seguinte, com a necessária participação dialética das partes, sob o manto do contraditório e 
da ampla defesa. Essa estrutura dialética da produção da prova, que se caracteriza pela pos­
sibilidade de indagar e de verificar os contrários, funciona como eficiente mecanismo para a 
busca da verdade. De fato, as opiniões contrapostas das partes adversas ampliam os limites 
da cognição do magistrado sobre os fatos relevantes para a decisão da demanda e diminuem 
a possibilidade de erros.
A prova há de ser produzida não só com a participação do acusador e do acusado, como 
também mediante a direta e constante supervisão do órgão julgador. De fato, com a inserção do 
princípio da identidade física do juiz no processo penal, o juiz que presidir a instrução deverá 
proferir a sentença (CPP, art. 399, § 2o, com redação dada pela Lei n° 11.719/08). Funcionando 
a observância do contraditório como verdadeira condição de existência da prova, só podem ser 
considerados como prova, portanto, os dados de conhecimento introduzidos no processo na 
presença do juiz e com a participação dialética das partes.
Nesse sentido, foi bastante incisiva a Lei n° 11.690/08, dando nova redação ao art. 155, 
caput, do CPP: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
44 Com esse entendimento: TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro. 
3a ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 45.
45 A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no sentido de que o inquérito policial é 
peça meramente informativa, não suscetível de contraditório, e sua eventual irregularidade não é motivo para 
decretação da nulidade da ação penal. Nessa linha: STF, 2a Turma, HC 99.936/CE, Rei. Min. Ellen Gracie, DJe 232 
10/12/2009. Em sentido semelhante: STF, 2a Turma, HC 83.233/RJ, Rei. Min. Nelson Jobim, DJ 19.03.2004.
M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima56
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e anteci­
padas”. Impõe-se, pois, a observância do contraditório ao longo de toda apersecutio criminis in 
indicio, como verdadeira pedra fundamental do processo penal, contribuindo para o acertamento 
do fato delituoso. Afinal, quanto maior a participação dialética das partes, maior é a probabili­
dade de aproximação dos fatos e do direito aplicável, contribuindo de maneira mais eficaz para 
a formação do convencimento do magistrado.46
3.1.5. Contraditório para a prova e contraditório sobre a prova
O contraditório para a prova (ou contraditório real) demanda que as partes atuem na 
própria formação do elemento de prova, sendo indispensável que sua produção se dê na presença 
do órgão julgador e das partes. É o que acontece com a prova testemunhai colhida em juízo, 
onde não há qualquer razão cautelar a justificar a não intervenção das partes quando de sua 
produção, sendo obrigatória, pois, a observância do contraditório para a realização da prova.
O contraditório sobre a prova, também conhecido como contraditório diferido ou pos­
tergado, traduz-se no reconhecimento da atuação do contraditório após a formação da prova. 
Em outras palavras, a observância do contraditório é feita posteriormente, dando-se oportuni­
dade ao acusado e a seu defensor de, no curso do processo, contestar a providência cautelar, 
ou de combater a prova pericial feita no curso do inquérito. É o que acontece, por exemplo, 
com uma interceptação telefônica judicialmente autorizada no curso das investigações. Nessa 
hipótese, não faz sentido algum querer intimar previamente o investigado para acompanhar os 
atos investigatórios. Enquanto a interceptação estiver em curso, não há falar, portanto, em con­
traditório real. Porém, uma vez finda a diligência, e juntado aos autos o laudo de degravação e 
o resumo das operações realizadas (Lei n° 9.296/96, art. 6o), deles se dará vista à Defesa, a fim 
de que tenha ciência das informações obtidas através do referido procedimento investigatório, 
preservando-se, assim, o contraditório e a ampla defesa. Nesse caso, não há falar em violação 
à garantia da bilateralidade da audiência, porquanto o exercício do contraditório será apenas 
diferido para momento ulterior à decisão judicial.47
3.2. Princípio da ampla defesa
De acordo com o art. 5o, LV, da Magna Carta, “aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com 
os meios e recursos a ela inerentes”. Sob a ótica que privilegia o interesse do acusado, a ampla 
defesa pode ser vista como um direito; todavia, sob o enfoque publicístico, no qual prepondera 
o interesse geral de um processo justo, é vista como garantia.
O direito de defesa está ligado diretamente ao princípio do contraditório. A defesa garante o 
contraditório e por ele se manifesta. Afinal, o exercício da ampla defesa só é possível em virtude 
de um dos elementos que compõem o contraditório - o direito à informação. Além disso, a ampla 
defesa se exprime por intermédio de seu segundo elemento: a reação. Apesar da influência recí­
proca entre o direito de defesa e o contraditório, os dois não se confundem. Com efeito, por força 
do princípio do devido processo legal, o processo penal exige partes em posições antagônicas, 
uma delas obrigatoriamente em posição de defesa (ampla defesa), havendo a necessidade de que
46 Nessa linha: OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de processo penal. I I s ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 
2009. p. 34. Com entendimento semelhante: BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da prova no processo 
penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003.86
3.9. Princípio da proporcionalidade............. 87
3.9.1. Da adequação................................. 89
3.9.2. Da necessidade.............................. 90
3.9.3. Da proporcionalidade em sentido
estrito........................................................ 91
4. Lei processual penal no espaço.......................... 91
4.1. Tratados, convenções e regras de direito
internacional.................................................... 92
4.2. Prerrogativas constitucionais do Presi­
dente da República e de outras autoridades... 93
4.3. Processos da competência da Justiça
Militar............................................................... 94
4.4. Processos da competência do tribunal
especial............................................................. 94
4.5. Crimes de imprensa................................. 95
4.6. Crimes eleitorais....................................... 95
4.7. Outras exceções....................................... 96
5. Lei processual penal no tem po.......................... 96
5.1. Lei n9 9.099/95 e seu caráter retroativo... 98
5.2. Lei n9 9.271/96 e nova redação do art.
366: suspensão do processo e da prescrição... 99
5.3. Leis 11.689/08 e 11.719/08 e sua apli­
cabilidade imediata aos processos em an­
damento........................................................... 99
5.4. Lei n9 12.403/11 e o novo regramento
quanto às medidas cautelares de natureza 
pessoal............................................................. 100
5.5. Normas processuais heterotópicas.......... 101
5.6. Vigência, validade, revogação, derroga­
ção e ab-rogação da lei processual penal....... 101
MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima12
6. Interpretação da lei processual penal............. 102
6.1. Interpretação extensiva............................ 103
6.2. Analogia.................................................... 104
6.3. Distinção entre analogia e interpretação
analógica......................................................... 105
6.4. Aplicação supletiva e subsidiária do 
novo Código de Processo Civil ao processo
penal................................................................. 105
TÍTULO 2 • INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR............ 109
1. Conceito de inquérito policial............................ 109
2. Natureza jurídica do inquérito policial............... 109
3. Finalidade do inquérito policial.......................... 110
4. Valor probatório do inquérito policial................ 111
5. Atribuição para a presidência do inquérito
policial..................................................................... 112
5.1. Funções de polícia administrativa, judi­
ciária e investigativa......................................... 112
5.2. Da atribuição em face da natureza da
infração penal................................................... 114
5.3. Da atribuição em face do local da con­
sumação da infração penal............................. 116
6. Características do inquérito policial................... 116
6.1. Procedimento escrito............................... 116
6.2. Procedimento dispensável....................... 117
6.3. Procedimento sigiloso.............................. 117
6.4. Procedimento inquisitorial....................... 121
6.5. Procedimento discricionário.................... 129
6.6. Procedimento oficial................................ 130
6.7. Procedimento oficioso............................. 130
6.8. Procedimento indisponível....................... 130
6.9. Procedimento temporário........................ 131
7. Formas de instauração do inquérito policial...... 131
7.1. Crimes de ação penal pública incondi-
cionada............................................................. 131
7.2. Crimes de ação penal pública condicio­
nada e de ação penal de iniciativa privada..... 134
8. Notitia criminis.................................................... 135
8.1. Delatio criminis........................................ 135
8.2. Notitia criminis inqualificada................... 135
9. Diligências investigatórias.................................. 136
9.1. Preservação do local do crime............... 136
9.2 Apreensão de objetos............................... 137
9.3. Colheita de outras provas........................ 138
9.4. Oitiva do ofendido.................................... 138
9.5. Oitiva do indiciado................................... 139
9.6. Reconhecimento de pessoas e coisas e
acareações........................................................ 139
9.7. Determinação de realização de exame 
de corpo de delito e quaisquer outras perícias 140
9.8. Identificação do indiciado........................ 140
9.9. Averiguação da vida pregressa do inves­
tigado ............................................................... 141
9.10. Reconstituição do fato delituoso........... 141
9.11. Acesso aos dados cadastrais de vítimas
e de suspeitos................................................... 142
9.12. Requisição de informações acerca das
estações rádio base (ERB's).............................. 144
10. Identificação criminal....................................... 146
10.1. Conceito.................................................. 146
10.2. Leis relativas à identificação criminal..... 147
10.3. Documentos atestadores da identifi­
cação civil......................................................... 149
10.4. Hipóteses autorizadoras da identifica­
ção criminal...................................................... 149
10.5. Identificação do perfil genético (Lei
ne 12.654/12)................................................... 151
11. Incomunicabilidade do indiciado preso........... 153
11.1. Regime disciplinar diferenciado............. 153
12. Indiciamento..................................................... 154
12.1. Conceito.................................................. 154
12.2. Momento................................................ 155
12.3. Espécies................................................... 155
12.4. Pressupostos........................................... 155
12.5. Desindiciamento..................................... 156
12.6. Atribuição................................................ 156
12.7. Sujeito passivo........................................ 156
12.8. Afastamento do servidor público de 
suas funções como efeito automático do in­
diciamento em crimes de lavagem de capitais 158
13. Conclusão do inquérito policial........................ 159
13.1. Prazo para a conclusão do inquérito
policial.............................................................. 159
13.1.1. Quadro sinóptico do prazo para 
a conclusão do inquérito policial............. 161
13.2. Relatório da autoridade policial............. 162
13.3. Destinatário dos autos do inquérito
policial.............................................................. 162
13.4. Providências a serem adotadas após
a remessa dos autos do inquérito policial...... 164
14. Arquivamento do inquérito policial................. 167
14.1. Fundamentos do arquivamento............. 168
14.2. Coisa julgada na decisão de arquiva­
mento............................................................... 169
14.3. Desarquivamento, a partir da notícia
de provas novas, e oferecimento de denún­
cia, na hipótese do surgimento de provas
novas................................................................ 171
14.4. Procedimento do arquivamento......... 174
14.4.1. Procedimento do arquivamento 
no âmbito da Justiça Estadual.................. 174
SUMÁRIO 13
14.4.2. Procedimento do arquivamento
no âmbito da Justiça Federal e da Justi­
ça Comum do Distrito Federal.................. 175
14.4.3. Procedimento do arquivamento
na Justiça Eleitoral..................................... 176
14.4.4. Arquivamento de inquérito nas
hipóteses de atribuição do Procurador- 
-Geral de Justiça ou do Procurador-Ge­
ral da República........................................ 177
14.5. Arquivamento implícito.......................... 178
14.6. Arquivamento indireto...........................p. 116.
47. TUCCI. Op. cit. p. 162/163.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 57
cada uma tenha o direito de se contrapor aos atos e termos da parte contrária (contraditório). 
Como se vê, a defesa e o contraditório são manifestações simultâneas, intimamente ligadas pelo 
processo, sem que daí se possa concluir que uma derive da outra.48
Como há distinção, “é possível violar-se o contraditório, sem que se lesione o direito de 
defesa. Não se pode esquecer que o princípio do contraditório não diz respeito apenas à defesa 
ou aos direitos do réu. O princípio deve aplicar-se em relação a ambas as partes, além de também 
ser observado pelo próprio juiz. Deixar de comunicar um determinado ato processual ao acusa­
dor, ou impedir-lhe a reação à determinada prova ou alegação da defesa, embora não represente 
violação do direito de defesa, certamente violará o princípio do contraditório. O contraditório 
manifesta-se em relação a ambas as partes, já a defesa diz respeito apenas ao réu”.49
Quando a Constituição Federal assegura aos litigantes, em processo judicial ou administra­
tivo, e aos acusados em geral a ampla defesa, entende-se que a proteção deve abranger o direito 
à defesa técnica (processual ou específica) e à autodefesa (material ou genérica), havendo 
entre elas relação de complementariedade. Há entendimento doutrinário no sentido de que tam­
bém é possível subdividir a ampla defesa sob dois aspectos: a) positivo: realiza-se na efetiva 
utilização dos instrumentos, dos meios e modos de produção, certificação, esclarecimento ou 
confrontação de elementos de prova que digam com a materialidade da infração criminal e com 
a autoria; b) negativo: consiste na não produção de elementos probatórios de elevado risco ou 
potencialidade danosa à defesa do réu.50
Por força da ampla defesa, admite-se que o acusado seja formalmente tratado de maneira 
desigual em relação à acusação, delineando o viés material do princípio da igualdade. Por con­
seqüência, ao acusado são outorgados diversos privilégios em detrimento da acusação, como 
a existência de recursos privativos da defesa, a proibição da reformatio in pejus, a regra do in 
dubio pro reo, a previsão de revisão criminal exclusivamente pro reo, etc., privilégios estes que 
são reunidos no princípio do favor rei.51
3.2.1. Defesa técnica (processual ou específica)
Defesa técnica é aquela exercida por profissional da advocacia, dotado de capacidade pos- 
tulatória, seja ele advogado constituído, nomeado, ou defensor público. Para ser ampla, como 
impõe a Constituição Federal, apresenta-se no processo como defesa necessária, indeclinável, 
plena e efetiva, não sendo possível que alguém seja processado sem que possua defensor.
3.2.1.1. Defesa técnica necessária e irrenunciável
A defesa técnica é indisponível e irrenunciável. Logo, mesmo que o acusado, desprovido 
de capacidade postulatória, queira ser processado sem defesa técnica, e ainda que seja revel, 
deve o juiz providenciar a nomeação de defensor. Exatamente em virtude disso, dispõe o art. 
261 do CPP que “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado
48. Com esse entendimento: FERNANDES, Antônio Scarance. Processo penal constitucional. 6§ ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2010, p. 253.
49 BADARÓ, Gustavo Henrique. Correlação entre acusação e sentença. 2ã ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2009, p. 37.
50 AZEVEDO, David Teixeira de. O interrogatório do réu e o direito ao silêncio. RT, São Paulo, v. 682, p. 285-298, ago. 
1992. p. 290.
51. Para mais detalhes acerca do princípio do favo r rei, consultar comentários ao Título 5 ("Provas"), mais precisa­
mente no Capítulo I ("Teoria geral das provas"), item 6.6. ("Princípio do fa vo r rei").
58 M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
sem defensor”. Não se admite, assim, processo penal sem que a defesa técnica seja exercida 
por profissional da advocacia. Caso o processo tenha curso sem a nomeação de defensor, seja 
porque o acusado não constituiu advogado, seja porque o juiz não lhe nomeou advogado dativo 
ou defensor público, o processo estará eivado de nulidade absoluta, por afronta à garantia da 
ampla defesa (CPP, art. 564, III, “c”). Nessa linha, segundo a súmula n° 708 do Supremo, “é nulo 
o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o 
réu não foi previamente intimado para constituir outro”.52
Considerando que, a fím de se assegurar a paridade de armas, a presença de defensor técnico 
é obrigatória no processo penal, especial atenção deve ser dispensada à Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos. Isso porque, de acordo com o Pacto de São José da Costa Rica, toda 
pessoa acusada de delito tem direito de se defender pessoalmente ou de ser assistido por um 
defensor de sua escolha (CADH, art. 8, n° 2, “d”). Como se vê, da interpretação da CADH 
depreende-se que o acusado pode optar por exercer sua defesa pessoalmente ou ser assistido 
por um defensor de sua escolha. Logicamente, se o acusado é profissional da advocacia, poderá 
exercer sua própria defesa técnica. Todavia, não o sendo, sua defesa técnica deverá ser exercida 
por profissional da advocacia legalmente habilitado nos quadros da OAB. Portanto, se o acusado 
não é dotado de capacidade postulatória, não tem o direito de redigir pessoalmente sua defesa 
técnica, salvo em situações excepcionais expressamente previstas na Constituição Federal e 
no Código de Processo Penal (v.g., interposição de habeas corpus, recursos e incidentes da 
execução penal).53
Para que o próprio acusado possa exercer sua defesa técnica, não basta que seja dotado de 
capacitação técnica. O acusado deve ser advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advo­
gados do Brasil. Por isso, a despeito do evidente conhecimento jurídico de que são dotados, se 
acusados criminalmente, juizes e/ou promotores não podem exercer sua defesa técnica. Nesse 
sentido, como já se pronunciou o Supremo, “nas ações penais originárias, a defesa preliminar 
(L. 8.038/90, art. 4o), é atividade privativa dos advogados. Os membros do Ministério Público 
estão impedidos de exercer advocacia, mesmo em causa própria. São atividades incompatíveis 
(L. 8.906/94, art. 28)”.54
Se a defesa técnica deve ser exercida por profissional da advocacia, é evidente que não 
é possível a nomeação de estagiários para patrocinar causas criminais, já que tal providência 
é proibida pelo Estatuto da OAB, notadamente quando desacompanhado de advogado (Lei 
n° 8.906/94, art. 3o, § 20).55
Com raciocínio semelhante, também não se admite que a defesa técnica seja exercida por 
advogado suspenso por ato disciplinar da Ordem dos Advogados do Brasil. Considerada a indis- 
pensabilidade do advogado para a administração da justiça (CF, art. 133) e a necessidade de o 
mesmo atender as qualificações profissionais que a lei estabelecer (CF, art. 5o, XIII), se os atos
52. No sentido da nulidade absoluta de sessão de julgamento de apelação criminal realizada sem a presença de 
defensor constituído, porquanto, após a apresentação das razões de apelação, o advogado constituído teria re­
nunciado aos poderes que lhe foram conferidos, sem que o juiz tivesse notificado o acusado para a constituição 
de novo defensor, como demanda a súmula n9 708 do STF: STF, 2ã Turma, HC 94.282/GO, Rei. Min. Joaquim 
Barbosa, j. 03/03/2009, DJe 75 23/04/2009.
53. Nesse sentido: STF, lã Turma, HC 102.019/PB, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, j. 17/08/2010, DJe 200 21/10/2010. 
Ainda no sentido de que o exercício da autodefesa pelo acusado deve se dar de forma complementar à defesa 
técnica, e não de forma exclusiva, salvo em hipóteses excepcionais, como no caso da impetração de habeas 
corpus: STJ, 59 Turma, HC 100.810/PB, Rei. Min. Laurita Vaz, j. 29/04/2009, DJe 25/05/2009.
54 STF, 2® Turma, HC 76.671/RJ, Rei. Min. Nelson Jobim, j. 09/06/1998, DJ 10/08/2000.
55 STF, l 9 Turma, HC 89.222/RJ, Rei. Min. Marco Aurélio, j. 04/09/2007, DJe 206 30/10/2008.
T ÍT U L O! • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 59
processuais foram praticados por advogado que não estava legalmente habilitado a tanto, deve 
se reputar violado o direito à defesa plena, efetiva e real, que a Constituição Federal assegura 
a todos os acusados.56
A presença de advogado é imprescindível no processo criminal, mesmo no âmbito dos 
Juizados Especiais Criminais. Da análise da Lei 9.099/95 é fácil perceber que a presença de 
defensor é obrigatória em todos os momentos, seja na audiência preliminar (art. 72), na análise 
da proposta da transação penal (art. 76, § 3o), no curso do procedimento comum sumaríssi- 
mo (art. 81), seja no momento da proposta de suspensão condicional do processo (art. 89, 
§ Io). Nesse ponto, especial atenção deve ser dispensada ao art. 10 da Lei n° 10.259/01, que 
dispõe sobre os Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal. De acordo com o referido 
dispositivo, as partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou 
não. No que se refere aos processos de natureza cível, o Supremo Tribunal Federal já firmou 
o entendimento de que a imprescindibilidade de advogado é relativa, podendo, portanto, ser 
afastada pela lei em relação aos juizados especiais. Contudo, quanto aos processos de natureza 
criminal, em homenagem ao princípio da ampla defesa, é imperativo que o réu compareça ao 
processo devidamente acompanhado de profissional habilitado a oferecer-lhe defesa técnica 
de qualidade, ou seja, de advogado devidamente inscrito nos quadros da Ordem dos Advo­
gados do Brasil ou defensor público. Este o motivo pelo qual o Supremo, no julgamento de 
Ação Direta de Inconstitucionalidade, fez interpretação conforme para excluir do âmbito de 
incidência do art. 10 da Lei 10.259/2001 os feitos de competência dos juizados especiais 
criminais da Justiça Federal.57
3.2.I.2. Direito de escolha do defensor
Em virtude da relação de confiança que necessariamente se estabelece entre o acusado e 
quem o defende, entende-se que um dos desdobramentos da ampla defesa é o direito que o acu­
sado tem de escolher seu próprio advogado. Logo, não sendo possível ao defensor constituído 
assumir ou prosseguir no patrocínio da causa penal, incumbe ao juiz ordenar a intimação do 
réu para que este, querendo, escolha outro advogado. Antes de realizada essa intimação - ou 
enquanto não exaurido o prazo nela assinalado - não é lícito ao juiz nomear defensor dativo 
sem expressa aquiescência do réu.58
Tem o acusado, portanto, o direito de escolher seu próprio defensor, não sendo possível que 
o juiz substitua seu advogado constituído por outro de sua nomeação. A nomeação de defensor 
pelo juiz só poderá ocorrer nas hipóteses de abandono do processo pelo advogado constituído 
e desde que o acusado permaneça inerte, após ser instado a constituir novo defensor. Assim, 
se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a 
todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação 
(CPP, art. 263, caput).
Supondo, então, que o advogado constituído do acusado tenha deixado de apresentar me­
moriais (CPP, art. 403, § 3o), não poderá o juiz, de plano, nomear advogado dativo ou defensor
56 STF, 2 ̂Turma, HC 85.717/SP, Rei. Min. Celso de Mello, j. 09/10/2007. Informativo n9 483 do STF. Reconhecendo 
a nulidade de processo em virtude da ausência de defesa técnica pelo fato de os atos terem sido praticados 
por advogado cuja inscrição estava suspensa na OAB: STF, 1- Turma, HC 110.271/ES, Rei. Min. Marco Aurélio, 
j. 07/05/2013, DJe 124 27/06/2013. Em sentido diverso, entendendo não haver nulidade em processo criminal 
no qual a defesa técnica foi exercida por advogado licenciado da OAB: STF, l ã Turma, HC 99.457/RS, Rei. Min. 
Cármen Lúcia, j. 13/10/2009, DJe 100 02/06/2010.
57 STF, Pleno, ADI 3.168/DF, Rei. Min. Joaquim Barbosa, j. 08/06/2006, DJe 72 02/08/2007.
58. A propósito: STF, lã Turma, HC 67.755/SP, Rei. Min. Celso de Mello, j. 26/06/1990, DJ 11/09/1992.
60 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
público para oferecer a referida peça de defesa. Antes, deve intimar o acusado para que constitua 
novo advogado. Permanecendo o acusado inerte, e considerando a imprescindibilidade da apre­
sentação dos memoriais para o exercício da ampla defesa, aí sim deverá o juiz nomear advogado 
dativo ou defensor público. Nesse sentido, aliás, a súmula 707 do Supremo preconiza que “cons­
titui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso inter­
posto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo ” (nosso grifo).59
Caso o acusado não tenha condições de contratar um advogado, poderá se socorrer da 
Defensoria Pública, instituição essencial à função jurisdicional do Estado, à qual incumbe a 
orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5o, LXXIV, 
da Constituição Federal. Caso não haja Defensoria Pública na comarca, incumbe ao juiz a nomeação 
de advogado dativo para patrocinar a defesa do acusado. Sobre o assunto, dispõe o Estatuto da 
OAB que constitui infração disciplinar recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurí­
dica, quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública (Lei n° 8.906/94, 
art. 34, XII). E preceitua também que o “advogado, quando indicado para patrocinar causa 
de juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da 
prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada 
pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado” (art. 22, § Io). Em alguns Estados, 
existe um convênio entre a OAB e a Procuradoria de Assistência Judiciária, estabelecendo uma 
lista de profissionais dispostos a aceitar a nomeação para atuar, conforme a área de atuação, 
bem como existe uma tabela que serve de baliza para a fixação dos honorários a ser feita pelo 
magistrado. O arbitramento judicial dos honorários advocatícios ao defensor dativo nomeado 
para oficiar em processos criminais deve observar os valores mínimos estabelecidos na tabela 
da OAB, considerados o grau de zelo do profissional e a dificuldade da causa como parâmetros 
norteadores do quantum,60
3.2.1.3. Defesa técnica plena e efetiva
Para que seja preservada a ampla defesa a que se refere a Constituição Federal, a defesa 
técnica, além de necessária e indeclinável, deve ser plena e efetiva.
Ou seja, não basta assegurar a presença formal de defensor técnico. No curso do processo, 
é necessário que se perceba efetiva atividade defensiva do advogado no sentido de assistir seu 
cliente. Esse o motivo pelo qual a Lei n° 10.792/03 acrescentou o parágrafo único ao art. 261 do 
CPP, de modo a exigir que a defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, 
seja sempre exercida por manifestação fundamentada. Com efeito, de que adianta a presença 
física de defensor que não arrola testemunhas, que não faz reperguntas, que não oferece me­
moriais, ou que os apresenta sucintamente, sem análise da prova, em articulado que poderia ser 
utilizado em relação a qualquer processo criminal? Na verdade, em tal hipótese, haveria um 
profissional da advocacia formalmente designado para defender o acusado, mas a sua atuação 
seria tão precária que seria como se o acusado tivesse sido processado sem defesa técnica. Em 
casos como este, recai sobre o Ministério Público e sobre o juiz o dever de fiscalizar a atuação 
defensiva do advogado, evitando-se, assim, possível caracterização de nulidade absoluta do 
feito, por violação à ampla defesa.
59. Nesse sentido: STJ, 5ã Turma, HC 162.785/AC, Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 13/04/2010, DJe 03/05/2010. 
Na mesma linha, reconhecendo a nulidade absoluta do feito em virtude da ausência de intimação do acusado 
para constituir novo defensor diante de renúncia apresentada pelo advogado constituído: STJ, 5ã Turma, HC 
132.108/PA, Rei. Min. Laurita Vaz, j. 16/12/2010, DJe 07/02/2011.
60 Notocante aos critérios para o arbitramento dos honorários: STJ, 63 Turma, REsp 1.377.798/ES, Rei. Min. Rogério 
Schietti Cruz, j. 19/8/2014.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 61
Nesse sentido, a súmula 523 do STF dispõe que, “no processo penal, a falta de defesa 
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prejuízo para o réu”. 
Assim, caso haja falha na atuação do defensor, com a causação de prejuízo ao acusado, o pro­
cesso deve ser anulado. Em outras palavras, a defesa não pode ser meramente formal, devendo 
ser adequadamente exercida.
Para que essa defesa seja ampla e efetiva, deve-se deferir ao acusado e a seu defensor tempo 
hábil para sua preparação e exercício. Entre as várias garantias que o devido processo legal asse­
gura está o direito de dispor de tempo e facilidades necessárias para preparar a defesa. Há de se 
assegurar ao acusado e a seu defensor o tempo e os meios adequados para a preparação da defesa. 
Apesar de não haver dispositivo expresso no CPP acerca do assunto, cuida-se de previsão comum 
nas declarações internacionais de direitos humanos. De fato, de acordo com o art. 8o, n° 2, alínea 
“c”, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 678/92), ao acusado se assegura a 
concessão do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa. No mesmo sentido, 
vide art. 14, n° 3, “b”, do Pacto Internacional relativo aos Direitos Civis e Políticos.
Como destaca Gustavo Henrique Badaró, “conferir ao réu o direito de defesa, sem oferecer- 
-lhe tempo suficiente para sua preparação é esvaziar tal direito. Deve haver um tempo razoável 
entre a comunicação do ato em relação ao qual deverá ser exercida a defesa e o prazo final para tal 
exercício. Defesa sem tempo suficiente é ausência de defesa, ou, no mínimo, defesa ineficiente”.61
Obrigatoriamente, deve o defensor atuar em benefício do acusado, sob pena de se con­
siderá-lo indefeso. Isso, no entanto, não significa dizer que o defensor deverá sempre e inva­
riavelmente pedir a absolvição do acusado. A depender das circunstâncias do caso concreto, 
esse pedido absolutório não será uma alternativa viável e tecnicamente possível. Basta ima­
ginar, por exemplo, processo penal em que o réu tenha confessado a prática delituosa após 
a colheita de farta prova testemunhai o incriminando. Em tal hipótese, pedir a absolvição 
seria absolutamente inócuo. Porém, visando à melhora da situação do acusado, incumbe ao 
defensor buscar o reconhecimento de eventual causa de diminuição de pena, circunstância 
atenuante ou algum benefício legal para o cumprimento da sanção penal (v.g., regime aberto, 
substituição por pena restritiva de direitos, concessão do sursis, etc.), além do reconhecimento 
de possíveis nulidades.
E perfeitamente possível que um mesmo advogado patrocine a defesa técnica de dois ou 
mais acusados, desde que não haja teses colidentes. Havendo teses antagônicas, a defesa técnica 
não poderá ser exercida por um mesmo advogado, porquanto haverá, invariavelmente, prejuízo 
a um dos acusados. Logo, se um dos acusados nega sua participação no crime, enquanto o ou­
tro o incrimina em suas declarações, a defesa de ambos não pode ser promovida pelo mesmo 
advogado, sob pena de nulidade do feito.62
3.2.2. Autodefesa (material ou genérica)
Autodefesa é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo. 
Diferencia-se da defesa técnica porque, embora não possa ser desprezada pelo juiz, é disponível, 
já que não há como se compelir o acusado a exercer seu direito ao interrogatório nem tampouco 
a acompanhar os atos da instrução processual.
61 BADARÓ, Gustavo Henrique. Correlação entre acusação e sentença. 2§ ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2009. p. 38.
62 Com esse entendimento: STF, Turma, HC 69.716/RS, Rei. Min. limar Galvão, j. 13/10/1992, DJ 18/12/92. Na 
mesma linha: STJ, 6ã Turma, RHC 22.034/ES, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 19/08/2010, Informativo 
ne 443 do STJ.
62 I MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
De modo a se assegurar o exercício da autodefesa, o acusado deve ser citado pessoal­
mente, pelo menos em regra. Caso o acusado não seja encontrado, e somente depois de 
esgotadas todas as diligências no sentido de localizá-lo, será possível sua citação por edital, 
com o prazo de 15 (quinze) dias. Daí dispor a súmula n° 351 do Supremo Tribunal Federal 
que “é nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz 
exerce a sua jurisdição”. Ora, se o acusado estava preso, é dever do Estado ter conhecimento 
de sua localização, a fim de citá-lo pessoalmente. Se a citação foi feita por edital, deve ser 
considerada nula. Com a reforma processual de 2008, também foi introduzida no processo 
penal a possibilidade de citação por hora certa, se acaso verificado que o réu se oculta para 
não ser citado (CPP, art. 362).
Eventual ofensa ao direito do acusado de exercer sua própria defesa é causa de nulidade 
absoluta por violação à ampla defesa. Assim, quando presente, deve o acusado ser interrogado, 
sob pena de nulidade do feito (CPP, art. 564,1, e, segunda parte). Também se afigura necessária 
a intimação do acusado para os atos processuais, para que possa acompanhá-los, intimação 
esta que só não precisa ser feita quando for decretada sua revelia (art. 367). Ademais, também 
deve ser intimado pessoalmente das decisões para que, querendo, possa exercer o seu direito de 
recorrer pessoalmente (CPP, art. 577).
A autodefesa se manifesta no processo penal de várias formas: a) direito de audiência;
b) direito de presença; c) capacidade postulatória autônoma do acusado.
3.2.2.1. Direito de audiência
O direito de audiência pode ser entendido como o direito que o acusado tem de apresentar 
ao juiz da causa a sua defesa, pessoalmente. Esse direito se materializa através do interrogatório, 
já que é este o momento processual adequado para que o acusado, em contato direto com o juiz 
natural, possa trazer ao magistrado sua versão a respeito da imputação constante da peça acusatória.
Daí o entendimento hoje majoritário em tomo da natureza jurídica do interrogatório: meio 
de defesa. E verdade que, durante muito tempo, o interrogatório foi considerado meio de prova. 
A própria posição topográfica que o interrogatório ocupa no CPP, dentro do Capítulo III (“Do 
interrogatório do acusado”) do Título VII (“Da prova”) reforçava esse entendimento. Além disso, 
antes da Lei n° 11.719/08 e da Lei n° 11.689/08, o interrogatório era o primeiro ato da instrução 
processual penal. Atualmente, no entanto, como o acusado não é obrigado a responder a qualquer 
indagação feita pelo magistrado processante em virtude do direito ao silêncio (CF, art. 5o, LXIII), 
não podendo sofrer qualquer restrição em sua esfera jurídica em virtude do exercício dessa especial 
prerrogativa, entende-se que o interrogatório qualifica-se como meio de defesa. O interrogatório 
está relacionado, assim, ao direito de audiência, desdobramento da autodefesa. Com a entrada em 
vigor da Lei n° 10.792/03, e, posteriormente, em virtude da reforma processual de 2008, já não há 
mais dúvidas quanto a sua natureza jurídica. A presença obrigatória de advogado ao referido ato, 
introduzida no art. 185, caput, do CPP, pela Lei n° 10.792/03, e sua colocação ao final da instmção 
processual pela reforma processual de 2008 (CPP, art. 400, caput), possibilitando que o acusado 
seja ouvido após a colheita de toda a prova oral, reforçam esse entendimento.63
63. Considerando o interrogatório como meio de defesa: STF, 2§ Turma, HC 94.601/CE, Rei. Min. Celso de Mello, j. 
04/08/2009, DJe 17110/09/2009. E ainda: STF, 2§ Turma, HC 94.016/SP, Rei. Min. Celso de Mello, j. 16/09/2008, 
DJe 38 26/02/2009.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 63
3.2.2.2. Direito de presença
Por meio do direito de presença, assegura-se ao acusado a oportunidade de, ao lado de 
seu defensor, acompanhar os atos de instrução, auxiliando-o na realização da defesa. Daí a 
importância da obrigatóriaintimação do defensor e do acusado para todos os atos processuais. 
Afinal, durante a instrução criminal, podem ser prestadas declarações cuja falsidade ou incor­
reção só o acusado consiga detectar. Nesse caso, o acusado deve poder relatar de imediato tais 
falsidades ou incorreções ao seu defensor técnico, a fim de que este último tenha tempo hábil 
para explorá-las, durante a colheita da prova.
Se o direito de presença é um desdobramento da autodefesa, a qual é disponível, conclui-se 
que o comparecimento do réu aos atos processuais, em princípio, é um direito, e não um dever, 
sem embargo da possibilidade de sua condução coercitiva, caso necessário, por exemplo, para 
audiência de reconhecimento, ato este que não está protegido pelo direito à não autoincrimina- 
ção. Nem mesmo ao interrogatório estará o acusado obrigado a comparecer, até mesmo porque 
a Constituição Federal lhe assegura o direito ao silêncio. De todo modo, caso o acusado não 
compareça à audiência, a presença do defensor será sempre necessária e obrigatória, seja ele 
constituído, público, dativo ou nomeado para o ato.64
Portanto, por força do direito de presença, consectário lógico da autodefesa e da ampla 
defesa, assegura-se ao acusado o direito fundamental de presenciar e participar da instrução 
processual.
Não se trata, todavia, de um direito de natureza absoluta. Dentre os direitos fundamentais 
que podem colidir com o direito de presença, legitimando sua restrição, encontram-se os direi­
tos das testemunhas e das vítimas à vida, à segurança, à intimidade e à liberdade de declarar, 
os quais se revestem de inequívoco interesse público, e cuja proteção é indiscutível dever do 
Estado. Portanto, na hipótese de efetiva prática de atos intimidatórios, subentende-se que houve 
uma renúncia tácita ao direito de presença pelo acusado, pela adoção de comportamento in­
compatível com o exercício regular de um direito. Daí dispor o art. 217 do CPP que, se o juiz 
verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à 
testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição 
por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, 
prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. Nesse caso de retirada do acusado 
da sala de audiência, deve o juiz manter todos os corolários da ampla defesa, assegurando a 
presença do defensor técnico na audiência, bem como um canal de comunicação livre e reser­
vada deste com o acusado.65
Ainda em relação ao direito de presença, muito se discute quanto à necessidade de des­
locamento do acusado preso para acompanhar a oitiva de testemunhas de acusação em carta 
precatória em unidade da Federação diversa daquela na qual ele se encontra recolhido. Há pre­
cedentes do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o acusado, embora preso, tem o direito 
de comparecer, de assistir e de presenciar, sob pena de nulidade absoluta, os atos processuais, 
notadamente aqueles que se produzem na fase de instrução do processo penal, que se realiza, 
sempre, sob a égide do contraditório. Portanto, estando preso o acusado, cumpre requisitá-lo para
64 Nessa linha: STJ, 69 Turma, RESP n9 346.677/RJ, rei. Min. Fernando Gonçalves, DJ 30/09/2002.
65 Considerando lícita a retirada dos acusados da sala de audiências, se as testemunhas de acusação demonstram 
temor e receio em depor na presença dos réus: STF, l ã Turma, HC 86.572/PE, Rei. Min. Carlos Britto, j. 06/12/2005, 
DJ 30/03/2007 p. 76. E também: STF, l 9 Turma, HC 86.711/GO, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, j. 04/03/2006, 
DJ 16/06/2006; STF, 29 Turma, HC 73.879/SP, Rei. Min. Francisco Rezek, j. 10/06/1996, DJ 11/04/1997.
MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
a audiência de oitiva de testemunhas, pouco importando encontrar-se em unidade da Federação 
diversa daquela na qual tramita o processo. Seriam irrelevantes, então, eventuais alegações do 
Poder Público concernentes à dificuldade ou inconveniência de proceder à remoção de acusados 
presos, porquanto razões de mera conveniência administrativa não poderiam se sobrepor ao 
direito de presença do acusado.66
Em sentido contrário, todavia, em julgados mais recentes, ambas as Turmas do Supremo têm 
entendido que a alegação de necessidade da presença do réu em audiências deprecadas, estando 
ele preso, configura nulidade relativa, devendo-se comprovar a oportuna requisição e também a 
presença de efetivo prejuízo à defesa.67 Assim, caso o pedido seja indeferido motivadamente pelo 
magistrado, diante das peculiaridades do caso concreto, em especial diante da periculosidade do 
réu, e da ausência de efetivo prejuízo, não há falar em nulidade do feito.68
3.2.23. Capacidade postulatória autônoma do acusado
Quanto ao terceiro desdobramento da autodefesa, entende-se que, em alguns momentos 
específicos do processo penal, defere-se ao acusado capacidade postulatória autônoma, inde­
pendentemente da presença de seu advogado. É por isso que, no processo penal, o acusado pode 
interpor recursos (CPP, art. 577, caput), impetrar habeas corpus (CPP, art. 654, caput), ajuizar 
revisão criminal (CPP, art. 623), assim como formular pedidos relativos à execução da pena 
(LEP, art. 195, caput).
Em tais situações, mesmo não sendo profissional da advocacia, a Constituição Federal e a 
legislação ordinária conferem ao acusado capacidade postulatória autônoma, possibilitando que 
ele dê o impulso inicial ao recurso, às ações autônomas de impugnação ou aos procedimentos 
incidentais relativos à execução. Uma vez dado o impulso inicial pelo acusado, pensamos que, 
em seguida, e de modo a lhe assegurar a mais ampla defesa, há de ser garantida a assistência 
de defensor técnico, possibilitando, a título de exemplo, a apresentação das respectivas razões 
recursais, etc.
Essas manifestações do acusado não violam o disposto no art. 133 da Constituição Federal, 
que prevê a advocacia como função essencial à administração da justiça. Deve se entender que, 
no processo penal, essas manifestações defensivas formuladas diretamente pelo acusado não 
prejudicam a defesa, apenas criando uma possibilidade a mais de seu exercício.
3.2.3. Ampla defesa no processo administrativo disciplinar e na execução penal
Dispondo a Constituição Federal que, aos litigantes, em processo judicial ou administrati­
vo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes (CF, art. 5o, inciso LV), dúvidas não restam quanto à plena aplicação do
66 STF, l ã Turma, HC 94.216/RJ, Rei. Min. Marco Aurélio, DJe 113 18/06/2009. No mesmo contexto: STF, 2a Turma, 
HC 93.503/SP, Rei. Min. Celso de Mello, j. 02/06/2009, DJe 148 06/08/2009; STF, 2§ Turma, HC 86.634/RJ, Rei. 
Min. Celso de Mello, DJ 23/02/2007. Independentemente da aquiescência do defensor, o acusado, embora preso, 
tem o direito de comparecer, de assistir e de presenciar, sob pena de nulidade absoluta, os atos processuais, 
notadamente aqueles que se produzem na fase de instrução do processo penal: STF, 23 Turma, HC 111.728/SP, 
Rei. Min. Cármen Lúcia, j. 19/02/2013, DJe 161 16/08/2013.
67 Não é nula a audiência de oitiva de testemunha realizada por carta precatória sem a presença do réu, se este, 
devidamente intimado da expedição, não requer o comparecimento: STF, Pleno, RE 602.543/RG-Q.O, Rei. Min. 
Cezar Peluso, DJe 035 25/02/2010.
68 STF, 1 -Turma, HC 100.382/PR, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, j. 08/06/2010, DJe 164 02/09/2010. Com o mesmo 
entendimento: STF, 2* Turma, HC 93.598/SP, Rei. Min. Eros Grau, j. 27/04/2010, DJe 91 20/05/2010.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 65
direito de defesa e do contraditório no âmbito do processo administrativo disciplinar. Questio- 
na-se, todavia, se seria necessária a atuação de advogado no processo administrativo disciplinar, 
tal qual se faz necessário em processo judicial (CPP, art. 261, caput).
Acerca do assunto, o Superior Tribunal de Justiça editouo verbete sumular de n° 343, segun­
do o qual é obrigatória a assistência de advogado em todas as fa ses do processo adm inistrativo 
disciplinar, de forma a assegurar a garantia constitucional do contraditório.
Ocorre que, após a edição da súmula 343 do STJ, o Supremo Tribunal Federal manifestou-se 
no sentido de que, em relação às punições disciplinares, o exercício da ampla defesa abrange: 
a) o direito de informação sobre o objeto do processo: obriga o órgão julgador a informar à 
parte contrária dos atos praticados no processo e sobre os elementos dele constantes; b) o di­
reito de manifestação: assegura ao defendente a possibilidade de se manifestar oralmente ou 
por escrito sobre os elementos fáticos e jurídicos contidos no processo; c) o direito de ver os 
seus argumentos contemplados pelo órgão incumbido de julgar: exige do julgador capacidade 
de apreensão e isenção de ânimo para contemplar as razões apresentadas. Todavia, concluiu a 
Suprema Corte que não se faz necessária a presença de advogado no processo administrativo 
disciplinar.69 Exatamente em virtude dessa conclusão, foi firmado pelo Supremo Tribunal Federal 
o enunciado da Súmula Vinculante n° 5, segundo a qual: “A fa lta de defesa técnica p o r advogado 
no processo administrativo disciplinar não ofende a C onstituição.”
A despeito do teor da Súmula Vinculante 5, tal verbete é aplicável apenas em procedimentos 
de natureza cível e não em procedimento administrativo disciplinar promovido para averiguar o 
cometimento de falta grave no curso da execução penal, tendo em vista estar em jogo a liberdade 
de ir e vir. Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar, no âmbito da execução penal, 
é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento 
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor 
público nomeado. A Súmula Vinculante n° 5 do STF não se aplica à execução penal. Primeiro, 
porque todos os precedentes utilizados para elaboração do aludido verbete sumular são originários 
de questões não penais, onde estavam em discussão procedimentos administrativos de nature­
za previdenciária, fiscal, disciplinar-estatutário militar e tomada de contas especial. Segundo, 
porque, na execução da pena está em jogo a liberdade do sentenciado, o qual se encontra em 
situação de extrema vulnerabilidade, revelando-se incompreensível que ele possa exercer uma 
ampla defesa sem o conhecimento técnico do ordenamento jurídico, não se podendo, portanto, 
equipará-lo ao indivíduo que responde a processo disciplinar na esfera cível-administrativa. Logo, 
na hipótese de o Juízo das Execuções decretar a regressão de regime de cumprimento de pena 
sem que o condenado seja assistido por defensor durante procedimento administrativo disciplinar 
instaurado para apurar falta grave, há de se reconhecer a nulidade do feito, haja vista a violação 
aos princípios do contraditório e da ampla defesa. A propósito, eis o teor da súmula n° 533 do 
STJ, aprovada em data de 10/06/2015: “Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar 
no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo 
pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por 
advogado constituído ou defensor público nomeado”.70
69 STF, Pleno, RE 434.059/DF, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 07/05/2008, DJe 172 11/09/2008.
70 STF, 29 Turma, RE 398.269/RS, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 15/12/2009, DJe 35 25/02/2010. E ainda: STJ, 39 Seção, 
REsp 1.378.557/RS, Rei. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 23/10/2013, DJe 21/03/2014. Nesse sentido, basta atentar 
para as importantes modificações introduzidas pela Lei n9 12.313/10 na Lei de Execução Penal, que passou a 
prever a assistência jurídica ao preso dentro do presídio, além de outorgar importantes atribuições à Defensoria 
Pública.
66 j MANUAL DE PROCESSO PENAL-R enatoBrasileirodeLima
3.4. Princípio da publicidade
A garantia do acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados no curso do processo 
revela uma clara postura democrática, e tem como objetivo precípuo assegurar a transparência da 
atividade jurisdicional, oportunizando sua fiscalização não só pelas partes, como por toda a comu­
nidade. Basta lembrar que, em regra, os processos secretos são típicos de estados autoritários.71
Traduz-se, portanto, numa exigência política de se afastar a desconfiança da população na 
administração da Justiça. Com ela “são evitados excessos ou arbitrariedades no desenrolar da 
causa, surgindo, por isso, a garantia como reação aos processos secretos, proporcionando aos 
cidadãos a oportunidade de fiscalizar a distribuição da justiça”.72
Segundo Luigi Ferrajoli, cuida-se de garantia de segundo grau, ou garantia de garantia.
Isso porque, segundo o autor, para que seja possível o controle da observância das garantias 
primárias da contestação da acusação, do ônus da prova e do contraditório com a defesa, é 
indispensável que o processo se desenvolva em público. Na dicção de Ferrajoli, a publicidade 
“assegura o controle tanto externo como interno da atividade judiciária. Com base nela os 
procedimentos de formulação de hipóteses e de averiguação da responsabilidade penal devem 
desenvolver-se à luz do sol, sob o controle da opinião pública e sobretudo do imputado e de seu 
defensor. Trata-se do requisito seguramente mais elementar e evidente do método acusatório”.73
De acordo com o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, todos os julgamentos dos 
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. Por sua vez, dispõe o 
art. 5o, XXXIII, da CF, que todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado. Ademais, segundo o art. 5o, LX, da Carta Magna, a lei só poderá res­
tringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o 
exigirem. De modo semelhante, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos também prevê 
que “o processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses 
da justiça” (Dec. 678/92, art. 8o, § 5o).
Mesmo antes da vigência da Constituição de 1988, o Código de Processo Penal já trazia 
dispositivo acerca da publicidade. De acordo com o art. 792, caput, do CPP, as audiências, 
sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e 
tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, 
em dia e hora certos, ou previamente designados. Lado outro, de acordo com o art. 792, § Io, do
71 Como aponta Celso Ribeiro Bastos, "a publicidade dos atos processuais insere-se em um campo mais amplo da 
transparência da atuação dos poderes públicos em geral. É uma decorrência do princípio democrático. Este não 
pode conviver com o sigilo, o segredo, o confinamento a quatro portas, a falta de divulgação, porque por este 
caminho, da sonegação de dados à coletividade, impede-se o exercício importante de um direito do cidadão em 
um Estado governado pelo povo, qual seja: o de controle. Não há dúvida, portanto, de que a publicidade dos 
atos, e especificamente dos atos jurisdicionais, atende ao interesse das partes e ao interesse público. Protege 
o magistrado contra insinuações e maledicências; da mesma forma que protege as partes contra um possível 
arbítrio ou prepotência. E confere à coletividade, de um modo geral, a possibilidade de controle sobre atos que 
são praticados com a força própriado Estado". (BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à 
Constituição do Brasil. São Paulo: Editora Saraiva, 1989. Vol. 2. p. 285).
72 FERNANDES, Antônio Scarance. Processo penal constitucional. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002. p. 68.
73 FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 2S ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. p. 567.
67TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
CPP, se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, 
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, 
poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público determinar que o ato seja 
realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes.
Funciona a publicidade, portanto, como pressuposto de validade não apenas dos atos pro­
cessuais, mas também das próprias decisões que são tomadas pelo Poder Judiciário. Logo, são 
normas de direito processual aquelas que versam sobre a publicidade, cabendo à União legislar 
privativamente sobre o tema, ex vi do art. 22, inciso I, da Constituição Federal.74
3.3.1. D ivisão da publicidade: ampla e restrita
A publicidade é tida como ampla, plena, popular, absoluta, ou geral, quando os atos 
processuais são praticados perante as partes, e, ainda, abertos a todo o público. Nesse caso, além 
das partes, qualquer cidadão do povo poderá acompanhar as audiências criminais de coleta de 
provas e/ou julgamentos em qualquer grau de jurisdição, assim como consultar os processos 
ou obter certidões. Como observa a doutrina, a publicidade do processo implica os direitos de: 
a) assistência, pelo público em geral, à realização dos atos processuais; b) narração dos atos 
processuais, ou reprodução de seus termos, pelos meios de comunicação social; c) consulta dos 
autos e obtenção de cópias, extratos e certidões de quaisquer partes dele.75
Segundo Luiz Flávio Gomes, a publicidade externa tem inúmeras justificativas: possibilita 
o controle social da atividade jurisdicional, incrementa a confiança na Justiça no instante em que 
são conhecidos os motivos da decisão, evita a prática de arbitrariedades, é um freio e uma garantia 
contra a tirania judicial, otimiza o direito à informação (seja no aspecto de informar, seja no de 
ser informado), assegura a independência judicial contra ingerências externas ou internas etc.76
Como se percebe pela própria dicção da Constituição Federal e do Código de Processo 
Penal, a regra é a publicidade ampla no processo penal, estando ressalvadas as hipóteses em que 
se justifica a restrição da publicidade: defesa da intimidade, interesse social no sigilo e impres- 
cindibilidade à segurança da sociedade e do Estado (CF, art. 5o, incisos XXXIII e LX, c/c art. 
93, IX); escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem (CPP, art. 792, § Io).
Apesar de a regra ser a publicidade ampla, deve-se compreender que, como toda e qualquer 
garantia, esta não tem caráter absoluto, podendo ser objeto de restrição em situações em que 
o interesse público à informação deva ceder em virtude de outro interesse de caráter prepon­
derante no caso concreto. Daí se falar em publicidade restrita, ou interna, que se caracteriza 
quando houver alguma limitação à publicidade dos atos do processo. Nesse caso, alguns atos ou 
todos eles serão realizados somente perante as pessoas diretamente interessadas no feito e seus 
respectivos procuradores, ou, ainda, somente perante estes. A publicidade restrita ou interna é 
impropriamente chamada de “segredo de justiça”.77
74 Eis o motivo pelo qual o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de dispositivos do Regimento 
Interno do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que previam que, nos casos de foro por prerrogativa de 
função, o julgamento seria realizado em sessão secreta: STF, Pleno, ADI 2.970/DF, Rei. Min. Ellen Gracie, DJ12/05/2006.
75 SILVA, Germano Marques. Curso de processo penal. 4â ed. Lisoba: Verbo, 2000. v. 1. p. 87 (Apud BEDÊ JÚNIOR, 
Américo; SENNA, Gustavo. Princípios do processo penal: entre o garantismo e a efetividade da sanção. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 322).
76 Legislação crim inal especial. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 454.
77 Veja-se que a Constituição Federal autoriza a restrição à publicidade, mas desde que assegurada, no mínimo, a 
presença dos advogados (art. 93, IX). Logo, o art. 520 do CPP não foi recepcionado na parte em que, ao tratar 
da audiência de reconciliação no procedimento dos crimes contra a honra, prevê que a ela estarão presentes 
apenas o juiz e as partes, sem a presença de seus advogados.
MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima68 ]
É o que acontece, v.g., com processos criminais relativos a crimes contra a dignidade 
sexual, nos quais a publicidade ampla poderia aumentar sobremaneira o sofrimento da vítima, 
causando-lhe desnecessária exposição e humilhação. Com o objetivo de se preservar a intimidade 
da vítima de tais delitos, que sempre despertam a curiosidade alheia, a própria Lei 12.015/09 
passou a prever a obrigatoriedade de segredo de justiça nesses casos: “Os processos em que se 
apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça” (CP, art. 234-B).
Nesses processos que tramitam sob segredo de justiça em virtude da qualidade da vítima 
(v.g., criança), o nome completo do acusado e a tipificação legal do delito podem constar entre 
os dados básicos do processo disponibilizados pela internet, mesmo que os crimes apurados se 
relacionem, por exemplo, com pornografia infantil. Ora, a mera repulsa que um delito possa causar 
à sociedade não constitui, por si só, fundamento suficiente para autorizar a decretação de sigilo 
absoluto sobre os dados básicos de um processo penal, sob pena de se ensejar a extensão de tal 
sigilo a toda e qualquer tipificação legal de delitos, com a conseqüente priorização do direito à 
intimidade do acusado em detrimento do princípio da publicidade dos atos processuais.78
Importante ressaltar que, nas hipóteses de sigilo judicial em que for decretado o segredo 
de justiça nos autos, somente a própria autoridade jurisdicional que o decretou poderá afastá-lo. 
Como já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, comissões parlamentares de inquérito não 
tem poder jurídico de, mediante requisição, determinar a quebra de sigilo imposto a processo 
sujeito a segredo de justiça.79
Em se tratando de provas cautelares decretadas no curso do processo, também não se pode 
falar em publicidade às partes e a seus procuradores. Com efeito, supondo-se a necessidade 
da decretação de uma interceptação telefônica, ou da quebra dos sigilos bancário e fiscal para 
ulterior adoção de medidas cautelares patrimoniais, deve-se preservar o sigilo inclusive para o 
acusado e seu defensor, sob pena de se tomar inócua a medida em questão.80
Diferencia-se o processo penal, portanto, do processo civil, onde há uma enumeração legal 
de critérios objetivos em que se estabelecem restrições à publicidade em virtude da natureza da 
causa. Com efeito, consoante disposto no art. 189 do novo CPC, os atos processuais são públicos. 
Tramitam, todavia, em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público 
ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união 
estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados 
protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive 
sobre cumprimento de carta arbitrai, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem 
seja comprovada perante o juízo.
Segundo Tucci, ainda é possível diferenciar a publicidade ativa da passiva, e publicidade 
imediata da mediata. De acordo com o autor, na publicidade ativa, determinados atos do pro­
cesso são involuntariamente conhecidos do público; a publicidade passiva ocorrequando o 
público, por iniciativa própria, sponte sua, deles toma conhecimento. Por seu turno, a publicidade 
imediata se dá quando a cognição dos atos do processo está franqueada a todos os cidadãos; a 
publicidade mediata, quando deles só se toma conhecimento mediante certidão, cópia ou pelo 
mass media (imprensa, por exemplo).81
78. Nessa linha: STJ; 5§ Turma, RMS 49.920/SP, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 02/08/2016, DJe 10/08/2016.
79 STF, Tribunal Pleno, MS 27.483/DF, Rei. Min. Cezar Peluso, DJe 192 09/10/2008.
80 Para mais detalhes acerca do assunto, vide item pertinente às provas cautelares.
81 TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro. 3ã ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2009. p. 177.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ; 69
3.3.2. Sessão de julgamento na Justiça Militar e votação em sala secreta
Segundo o art. 387 do Código de Processo Penal Militar, a instrução criminal será sempre 
pública, podendo, excepcionalmente, a juízo do Conselho de Justiça, ser secreta a sessão, des­
de que o exija o interesse da ordem e disciplina militares, ou à segurança nacional. De outro 
lado, o art. 434 do CPPM prevê que, concluídos os debates entre as partes durante a sessão de 
julgamento, e decidida qualquer questão de ordem levantada pelas partes, o Conselho de Justiça 
passará a deliberar em sessão secreta, podendo qualquer dos juizes militares pedir ao auditor 
esclarecimentos sobre questões de direito que se relacionem com o fato sujeito ao julgamento.
Perceba-se que ambos os dispositivos do CPPM falam em sessão secreta, mas nada dizem 
acerca da necessária e obrigatória presença das partes e de seus advogados, ou somente destes. 
Esse o motivo pelo qual, analisando o dispositivo em questão, decidiu o Supremo Tribunal Federal 
que, “embora o CPPM preveja a sessão secreta para o julgamento pelo Conselho de Justiça (art. 
434), a nova Carta Política isso proíbe, mas pode ser limitada a presença às próprias partes e a 
seus advogados, ou somente a estes (art. 93, IX, da Constituição Federal)”.82
Portanto, a regra em relação aos julgamentos ocorridos na Justiça Militar é a publicidade 
ampla. Em situações excepcionais, e somente quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem, poderá ser restringida a publicidade da deliberação dos Conselhos de Justiça, 
assegurada, todavia, a presença das próprias partes e de seus advogados, ou somente destes.83
3.4. Princípio da busca da verdade: superando o dogma da verdade real
Durante anos e anos, prevaleceu o entendimento de que, no âmbito cível, em que geralmen- 
te se discutem direitos disponíveis, vigorava o chamado princípio dispositivo, segundo o qual 
somente as partes levam ao processo o material probatório. Em conseqüência, ao magistrado se 
reservava uma postura passiva, não devendo influir na produção de provas, matéria de atribuição 
exclusiva das partes. Ao final do processo, caso tivesse dúvida acerca dos fatos, deveria julgar o 
litígio segundo a verdade formal. Somente quando a relação material fosse indisponível é que se 
admitia que o juiz determinasse a produção de provas ex officio. Daí se dizer que, no processo 
civil, vigorava o denominado princípio da verdade formal.
Em contraposição a esse sistema, no âmbito processual penal, estando em discussão a 
liberdade de locomoção do acusado, direito indisponível, o magistrado seria dotado de amplos 
poderes instrutórios, podendo determinar a produção de provas ex officio, sempre na busca 
da verdade material. Dizia-se então que, no processo penal, vigorava o princípio da verdade 
material, também conhecido como princípio da verdade substancial ou real. A descoberta da 
verdade, obtida a qualquer preço, era a premissa indispensável para a realização da pretensão 
punitiva do Estado. Essa busca da verdade material era, assim, utilizada como justificativa para 
a prática de arbitrariedades e violações de direitos, transformando-se, assim, num valor mais 
precioso do que a própria proteção da liberdade individual.
A crença de que a verdade podia ser alcançada pelo Estado tomou a sua perseguição o fim 
precípuo do processo criminal. Diante disso, em nome da verdade, tudo era válido, restando 
justificados abusos e arbitrariedades por parte das autoridades responsáveis pela persecução
82 STF, 1- Turma, RHC 67.494/RJ, Rei. Min. Aldir Passarinho, DJ 16/06/1989. De modo semelhante: "Convivência, 
reconhecida por esta Corte, com a Constituição Federal (art. 93, IX), da norma do art. 434 do CPPM, que prevê 
sessão secreta para os julgamentos do Conselho de Justiça, desde que assegurada a presença das partes e de 
seus advogados". (STF, I s Turma, HC 69.968/PR, Rei. Min. limar Galvão, DJ 01/07/1993). Com entendimento 
idêntico: STM, HC 1995.01.033137-9/RJ, Rei. Min. Carlos de Almeida Baptista, DJ 24/10/1995.
83 Na mesma linha: LOBÃO, Célio. Direito processual penal militar. São Paulo: Editora Método, 2009. p. 465.
70 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
penal, bem como a ampla iniciativa probatória concedida ao juiz, o que acabava por compro­
meter sua imparcialidade.
Atualmente, essa dicotomia entre verdade formal e material deixou de existir. Já não há 
mais espaço para a dicotomia entre verdade fo rm a l, típica do processo civil, e verdade material, 
própria do processo penal.
No âmbito cível, mesmo nos casos de direitos disponíveis, tem sido aceito que o magistrado 
possa, de ofício, determinar a produção de provas necessárias ao esclarecimento da verdade. Afi­
nal, o processo deve ser considerado um meio efetivo de realização da justiça, quer seja o direito 
disponível, quer seja indisponível. A busca de um processo justo passa, inevitavelmente, pela pre­
visão de meios efetivos para que se atinja a maior aproximação possível da verdade. Prova disso, 
aliás, é o novo Código de Processo Civil, cujo art. 370 dispõe expressamente que caberá ao juiz, 
de oficio ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.
No âmbito processual penal, hodiernamente, admite-se que é impossível que se atinja 
uma verdade absoluta. A prova produzida em juízo, por mais robusta e contundente que seja, 
é incapaz de dar ao magistrado um juízo de certeza absoluta. O que vai haver é uma apro­
ximação, maior ou menor, da certeza dos fatos. Há de se buscar, por conseguinte, a maior 
exatidão possível na reconstituição do fato controverso, mas jamais com a pretensão de que 
se possa atingir uma verdade real, mas sim uma aproximação da realidade, que tenda a refletir 
ao máximo a verdade. Enfim, a verdade absoluta, coincidente com os fatos ocorridos, é um 
ideal, porém inatingível.
Como bem coloca Cândido Rangel Dinamarco, “a verdade e a certeza são dois conceitos 
absolutos, e, por isto, jamais se tem a segurança de atingir a primeira e jamais se consegue 
a segunda, em qualquer processo (a segurança jurídica, como resultado do processo, não se 
confunde com a suposta certeza, ou segurança, com base na qual o juiz proferiria os seus 
julgamentos). O máximo que se pode obter é um grau muito elevado de probabilidade, seja 
quanto ao conteúdo das normas, seja quanto aos fatos, seja quanto à subsunção desses nas 
categorias adequadas”.84
Por esse motivo, tem prevalecido na doutrina mais moderna que o princípio que vigora 
no processo penal não é o da verdade material ou real, mas sim o da busca da verdade. Seu 
fundamento legal consta do art. 156 do Código de Processo Penal. Por força dele, admite-se 
que o magistrado produza provas de ofício, porém apenas na fase processual, devendo sua 
atuação ser sempre complementar, subsidiária. Na fase preliminar de investigações, não é dado 
ao magistrado produzir provas de ofício, sob pena de evidente violação ao princípio do devido 
processo legal e à garantia da imparcialidade do magistrado.
Além do art. 156, inciso II, do CPP, que permite que o juiz, no curso da instrução, ou antes 
de proferir sentença, determine de ofício a realizaçãode diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante, há outros dispositivos legais com previsão semelhante. Com efeito, de acordo 
com o art. 196 do CPP, a todo tempo o ju iz poderá proceder a novo interrogatório de oficio 
ou a ped ido fundam entado de qualquer das partes. De seu turno, segundo o art. 209, caput, do 
CPP, o ju iz , quando ju lg a r necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas 
pelas partes. O § Io do art. 209 do CPP também prevê que se ao ju iz parecer conveniente, serão 
ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. Por fim, segundo o art. 616 do CPP, no 
ju lgam ento das apelações poderá o tribunal, câmara ou turma proceder a novo interrogatório 
do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.
84 A instrumentalidade do processo. 1987. Fundamentos do processo civil moderno. 2- ed. p. 449, n5 44.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 71
Importante ressaltar que essa busca da verdade no processo penal está sujeita a algumas 
restrições. Com efeito, é a própria Constituição Federal que diz que são inadmissíveis, no pro­
cesso, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5o, LVI). O Código de Processo Penal também 
estabelece outras situações que funcionam como óbice à busca da verdade: impossibilidade de 
leitura de documentos ou exibição de objetos em plenário do júri, se não tiverem sido juntados 
aos autos com antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte (CPP, 
art. 479), as limitações ao depoimento de testemunhas que têm ciência do fato em razão do 
exercício de profissão, ofício, função ou ministério (CPP, art. 207), o descabimento de revisão 
criminal contra sentença absolutória com trânsito em julgado (CPP, art. 621), ainda que surjam 
novas provas contra o acusado. Outra exceção diz respeito às questões prejudiciais devolutivas 
absolutas, ou seja, questões prejudiciais heterogêneas que versam sobre o estado civil das pessoas. 
Exemplificando, suponha-se que determinado indivíduo esteja sendo processado pelo crime de 
bigamia (CP, art. 235) e que, em sua defesa, alegue que seu primeiro casamento seja nulo, tendo 
por isso se casado novamente. Nesse caso, como a questão prejudicial versa sobre o estado civil 
das pessoas, não haverá possibilidade de solução da controvérsia no âmbito processual penal, 
independentemente do meio de prova que se queira utilizar, devendo as partes ser remetidas ao 
cível, nos termos do art. 92 do CPP.
3.4.1. Busca da verdade consensual no âmbito dos Juizados
A Lei n° 9.099/95 trouxe consigo quatro importantes medidas despenalizadoras: 1) Nas 
infrações de menor potencial ofensivo, ou seja, contravenções penais e crimes cuja pena má­
xima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, e submetidos ou não os crimes 
a procedimento especial, havendo composição civil dos danos, estará extinta a punibilidade 
nos casos de infrações de iniciativa privada ou pública condicionada à representação (art. 74, 
parágrafo único); 2) Não havendo composição civil, a lei prevê a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multa através da transação penal (art. 76); 3) Os crimes de lesão corporal 
leve e lesão corporal culposa passaram a exigir representação da vítima (art. 88); 4) Desde que 
o crime tenha pena mínima igual ou inferior a um ano, e estejam preenchidos outros requisitos 
de natureza subjetiva, será cabível a suspensão condicional do processo (art. 89).
Com a criação desses institutos despenalizadores, percebe-se que, no âmbito dos Juizados, 
a busca da verdade processual cede espaço à prevalência da vontade convergente das partes. 
Nos casos de transação penal ou de suspensão condicional do processo, não há necessidade de 
verificação judicial da veracidade dos fatos. O conflito penal é solucionado através de um acordo 
de vontade, dando origem ao que a doutrina denomina de verdade consensuada.85
3.5. Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos
O princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos está previsto na 
Constituição Federal (art. 5o, LVI): “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas p o r meios 
ilícitos”. Referido princípio será abordado com mais propriedade no capítulo pertinente às provas.
3.6. Princípio do juiz natural
O princípio do juiz natural será objeto de análise no Título 4 (“Competência criminal”), 
mais precisamente no Capítulo I (“Premissas fundamentais e aspectos introdutórios”), item 2 
(“Princípio do juiz natural”).
85. É nesse sentido a lição de Marco Antônio de Barros: A busca da verdade no processo penal. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2002. p. 43.
72 M ANUAL DE PR O C E SSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
3.7. Princípio do nem o tenetur se detegere
3.7.1. Noções introdutórias
De acordo com o art. 5o, inciso LXIII, da Constituição Federal, “o preso será informado 
de seus direitos, entre os quais o de perm anecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência 
da família e de advogado”. O direito ao silêncio, previsto na Carta Magna como direito de 
permanecer calado, apresenta-se apenas como uma das várias decorrências do nemo tenetur 
se detegere, segundo o qual ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Além da 
Constituição Federal, o princípio do nemo tenetur se detegere também se encontra previsto no 
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 14.3, “g”), e na Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos (art. 8o, § 2o, “g”).
Trata-se de uma modalidade de autodefesa passiva, que é exercida por meio da inatividade 
do indivíduo sobre quem recai ou pode recair uma imputação. Consiste, grosso modo, na proi­
bição de uso de qualquer medida de coerção ou intimidação ao investigado (ou acusado) em 
processo de caráter sancionatório para obtenção de uma confissão ou para que colabore em atos 
que possam ocasionar sua condenação. Como anota Maria Elizabeth Queijo, como direito funda­
mental, o princípio do nemo tenetur se detegere “objetiva proteger o indivíduo contra excessos 
cometidos pelo Estado, na persecução penal, incluindo-se nele o resguardo contra violências 
físicas e morais, empregadas para compelir o indivíduo a cooperar na investigação e apuração 
de delitos, bem como contra métodos proibitivos de interrogatório, sugestões e dissimulações”.86
3 .7.2. Titular do direito de não produzir prova contra si mesmo
A forma como o direito de não se incriminar foi escrito e inserido em nosso texto consti­
tucional e nos Tratados Internacionais acima referidos padece de deficiência, porquanto, em um 
primeiro momento, dá impressão de que teve como destinatário apenas a pessoa que se encontra 
na condição processual de preso, ou que figura como acusado da prática de determinado delito. 
Na doutrina, apressadamente, houve quem, mediante interpretação excessivamente literal do 
comando normativo, tivesse ânimo para defender que a garantia contemplada em nosso sistema 
tinha o condão de alcançar, apenas, aquela pessoa que se encontra aprisionada.
A doutrina mais aceita, contudo, é a de que o dispositivo constitucional em destaque se 
presta para proteger não apenas quem está preso, como também aquele que está solto, assim 
como qualquer pessoa a quem seja imputada a prática de um ilícito criminal. Pouco importa se 
o cidadão é suspeito, indiciado, acusado ou condenado, e se está preso ou em liberdade. Ele não 
pode ser obrigado a confessar o crime.87
O titular do direito de não produzir prova contra si mesmo é, portanto, qualquer pessoa que 
possa se autoincriminar. Qualquer indivíduo que figure como objeto de procedimentos investi- 
gatórios policiais ou que ostente, em juízo penal, a condição jurídica de imputado, tem, dentre 
as várias prerrogativas que lhe são constitucionalmente asseguradas, o direito de não produzir 
prova contra si mesmo: nemo tenetur se detegere.88
86 QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo: (o princípio nemo tenetur se detegere 
e suas decorrênciasno processo penal). São Paulo: Saraiva, 2003. p. 55.
87 Nessa linha: GOMES FILHO, Antônio Magalhães. Direito à prova no processo penal. São Paulo: Revista dos Tri­
bunais, 1997. p. 113.
88 Nessa linha: STF, 1§ Turma, HC 68.929/SP, Rei. Min. Celso de Mello, DJ 28/08/1992. Para André de Carvalho 
Ramos, até mesmo as pessoas jurídicas gozam desse direito: Limites ao poder de investigar e o privilégio contra
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Não é válido, por outro lado, arrolar alguém como testemunha e querer, em razão do dever de 
dizer a verdade aplicável à hipótese, forçá-la a responder sobre uma pergunta que importe, mesmo 
que indiretamente, em incriminação do depoente. De certo que a testemunha, diferentemente do 
acusado, tem o dever de falar a verdade, sob pena de responder pelo crime de falso testemunho (CP, 
art. 342), porém não está obrigada a responder sobre fato que possa, em tese, incriminá-la.89 Daí 
ter decidido o Supremo que não configura o crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo 
como testemunha, ainda que compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la.90
É irrelevante, igualmente, que se trate de inquérito policial ou administrativo, processo 
criminal ou cível ou de Comissão Parlamentar de Inquérito. Se houver possibilidade de autoin- 
criminação, a pessoa pode fazer uso do princípio do nemo tenetur se detegere.
3.7.3. Advertência quanto ao direito de não produzir prova contra si mesmo
Diante do teor expresso do art. 5o, LXIII, da CF, segundo o qual o preso será informado 
de seus direitos, dentre os quais o de permanecer calado, não nos convence a tese de que não 
é necessária a advertência quanto ao direito ao silêncio sob o argumento de que ninguém pode 
alegar o desconhecimento da lei. Com o objetivo de se evitar uma autoincriminação involuntária 
por força do desconhecimento da lei, deve, sim, haver prévia e formal advertência quanto ao 
direito ao silêncio, sob pena de se macular de ilicitude a prova então obtida.91 O acusado deve 
ser advertido, ademais, que o direito ao silêncio é uma garantia constitucional, de cujo exercício 
não lhe poderão advir conseqüências prejudiciais. Ao invés de constituir desprezível irregula­
ridade, a omissão do dever de informação ao preso dos seus direitos, no momento adequado, 
gera efetivamente a nulidade e impõe a desconsideração de todas as informações incriminatórias 
dele anteriormente obtidas, assim como das provas delas derivadas.92
Trata-se, o art. 5o, inciso LXIII, de mandamento constitucional semelhante ao famoso aviso 
de Miranda do direito norte-americano, em que o policial, no momento da prisão, tem de ler 
para o preso os seus direitos, sob pena de não ter validade o que por ele for dito. Os M iranda 
rights ou M iranda warnings têm origem no famoso julgamento Miranda V. Arizona, verificado 
em 1966, em que a Suprema Corte americana, por cinco votos contra quatro, firmou o entendi­
mento de que nenhuma validade pode ser conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a 
não ser que antes ela tenha sido claramente informada de: 1) que tem o direito de não responder; 
2) que tudo o que disser pode vir a ser utilizado contra ele; 3) que tem o direito à assistência de 
defensor escolhido ou nomeado. No referido julgamento, a Suprema Corte americana adotou a 
posição de que a mera ausência dessa formalidade era o bastante para inquinar de nulidade as 
declarações da pessoa, especialmente a confissão e as provas conseguidas a partir dela.93
a auto-incriminação à luz do Direito Constitucional e do Direito Internacional dos Direitos Humanos. Limites 
constitucionais da investigação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 16.
89 Ofende o princípio da não-autoincriminação denúncia baseada unicamente em confissão feita por pessoa ouvida 
na "condição de testemunha", quando não lhe tenha sido feita a advertência quanto ao direito de permanecer 
calada: STF, Turma, RHC 122.279/RJ, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 12/08/2014, DJe 213 29/10/2014.
90 STF, Pleno, HC 73.035/DF, Rei. Min. Carlos Velloso, j. 13/11/1996, DJ 19/12/1996. Com entendimento semelhan­
te: STF, Pleno, HC 79.812/SP, Rei. Min. Celso de Mello, j. 08/11/2000, DJ 16/02/2001, p. 21; STF, 2§ Turma, HC 
106.876/RN, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 14/06/2011, DJe 125 30/06/2011).
91 Além de serem consideradas ilícitas as provas obtidas a partir de declarações do preso sem prévia e formal 
advertência quanto ao direito ao silêncio, também podem ser consideradas ilícitas as provas dela derivadas 
(teoria dos frutos da árvore envenenada), nos exatos termos do art. 157, § I s, do CPP.
92. Com esse entendimento: STF, 1§ Turma, HC 78.708/SP, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 16/04/1999.
93 Em março de 1963, após ter sido identificado por uma testemunha, Ernesto Miranda foi preso em sua casa e 
conduzido à polícia em Phoenix. Foi levado a uma sala de interrogatórios e interrogado por dois policiais. Duas
M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima74
Com o objetivo de melhor assegurar o respeito aos direitos fundamentais, notadamente o 
nemo tenetur se detegere, tem-se tomado comum a entrega ao preso, no momento de sua pri­
são, de uma nota de ciência das garantias constitucionais, nos moldes preconizados pela Lei da 
prisão temporária (Lei n° 7.960/89). Em seu art. 2o, § 6o, a referida lei preceitua que “efetuada a 
prisão, a autoridade po lic ia l informará o preso dos direitos previstos no art. 5 o da Constituição 
F ederaF . A entrega dessa nota de ciência das garantias constitucionais é medida extremamente 
salutar, pois comprova que o acusado foi cientificado de seus direitos constitucionais antes de 
responder às indagações formuladas.
Tendo em vista que se considera ilícita a prova colhida mediante violação a normas consti­
tucionais, notadamente aquelas que tutelam direitos fundamentais (CF, art. 5o, LVI, c/c art. 157, 
caput, do CPP), e como decorrência da necessidade de advertência quanto ao direito de não 
produzir prova contra si mesmo, não se pode considerar lícita, portanto, gravação clandestina 
de conversa informal de policiais com o preso, em modalidade de “interrogatório” sub-reptício, 
quando, além de o capturado não dar seu assentimento à gravação ambiental, não for advertido 
do seu direito ao silêncio.94
Impõe-se, pois, que qualquer pessoa em relação à qual recaiam suspeitas da prática de um 
ilícito penal seja formalmente advertida de seu direito ao silêncio, sob pena de ilicitude das 
declarações por ela firmadas. Deve constar expressamente do auto de prisão em flagrante, por 
conseguinte, a informação a respeito do direito ao silêncio conferido ao indiciado, “reputando-se 
como não formulada se dela não houver qualquer menção”.95
Se o preso deve ser prévia e formalmente advertido quanto ao direito ao silêncio, sob pena 
de se reputar ilícita a prova que contra si produza, também não podem ser consideradas válidas 
entrevistas concedidas por presos a imprensa, antes ou após a lavratura do flagrante, sem o co­
nhecimento de seu direito constitucional. Com efeito, não raramente a conversa informal entre 
indiciados presos e repórteres, antes ou depois do interrogatório, é gravada sem o conhecimento 
daqueles, e, de igual modo, utilizada, judicialmente, em prejuízo da defesa. Ora, a ausência de 
advertência quanto ao direito ao silêncio macula de ilicitude eventuais declarações por ele forne­
cidas que lhe sejam prejudiciais, porquanto produzidas com violação ao preceito constitucional 
que assegura o direito ao silêncio (CF, art. 5o, LXIII).
Como observa Ana Lúcia Menezes Vieira, “as declarações precipitadas que são forne­
cidas pelo preso ao repórter, sob a influência do clima sensacionalista criado pela mídia, não
horas depois, os policiais tinham em suas mãos uma confissão assinada por Miranda, na qual ele declarava que a 
confissão havia sido voluntária, sem ameaças ou promessas de imunidade e com completo conhecimento de seus 
direitos, inclusive ciente de que as declarações seriamutilizadas contra ele. No entanto, os policiais admitiram 
que Miranda não havia sido alertado quanto ao direito de ter advogado presente.
94. Nessa linha: STF, l ã Turma, HC 80.949/RJ, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14/12/2001; STJ, 6a Turma, HC 
244.977/SC, Rei. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 25/09/2012. Todavia, se determinado agente voluntariamente 
efetuar gravação ambiental documentando crime de corrupção ativa por ele praticado, não há falar em ilicitude 
da prova por suposta violação ao princípio que veda a autoincriminação. Afinal, tal princípio veda que o acusado 
ou investigado sejam coagidos tanto física ou moralmente a produzir prova contrária aos seus interesses: STJ, 
Corte Especial, APn 644/BA, Rei. Min. Eliana Calmon, j. 30/11/2011.
95 MOURA, Maria Thereza Rocha de Assis. MORAIS, Maurício Zanóide de. Direito ao silêncio no interrogatório, in 
Revista Brasileira de Ciências Criminais, ano 2, n5 6, abr.-jun., 1994. Logicamente, se, apesar de não ter havido 
prévia advertência quanto ao direito ao silêncio no momento do interrogatório, o preso silenciar ou exercer a 
autodefesa, sem produzir prova contra si mesmo, não há falar em ilicitude do ato, porquanto não houve prejuízo 
à defesa, já que inexistiu confissão. Nesse contexto: STJ, 5a Turma, Agint no AREsp 917.470/SC, Rei. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, j. 02/08/2016, DJe 10/08/2016; STJ, 6a Turma, HC 348.104/SP, Rei. Min. Maria Thereza de 
Assis Moura, j. 05/04/2016, DJe 15/04/2016.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 75
podem ser usadas indiscriminadamente no processo. Se o investigado é induzido a confessar, 
porque pressionado pela mídia, teve atingida a liberdade de calar-se ou falar de acordo com sua 
consciência. Portanto, a reportagem que contém a confissão é inadmissível como prova, pois, 
obtida fora dos ditames constitucionais do direito fundamental ao silêncio - com infringência à 
norma material contida na Constituição -, é considerada ilícita. E, nos termos da Carta Política 
brasileira, ‘são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos’ (art. 5o, LVI)”.96
Não foi essa, todavia, a orientação do Supremo Tribunal Federal. Em habeas corpus apre­
ciado pela 2a Turma, em que se alegava a ilicitude da prova juntada aos autos, consistente em 
entrevista concedida a jornal, na qual o acusado narrara o modus operandi de 2 homicídios a 
ele imputados, sem ter sido previamente advertido de seu direito ao silêncio, reputou-se que a 
Constituição teria conferido dignidade constitucional ao direito ao silêncio, dispondo expres­
samente que o preso deve ser informado pela autoridade policial ou judicial da faculdade de 
manter-se calado. Consignou-se que o dever de advertir os presos e os acusados em geral de seu 
direito de permanecerem calados consubstanciar-se-ia em uma garantia processual penal que 
teria como destinatário precípuo o Poder Público. Concluiu-se, entretanto, não haver qualquer 
nulidade na juntada da prova, entrevista concedida espontaneamente a veículo de imprensa.97
De todo modo, queremos crer que deve se evitar a concessão de entrevistas por presos à 
imprensa, salvo se, previamente advertido quanto ao direito ao silêncio, e devidamente orientado 
das conseqüências jurídicas de suas declarações, manifestar o cidadão de maneira voluntária seu 
interesse em apresentar sua versão acerca dos fatos, abrindo mão do direito de se calar.
3.7.4. Desdobramentos do direito de não produzir prova contra si mesmo
Há uma tendência equivocada de se querer equiparar o princípio do nemo tenetur se dete- 
gere ao direito ao silêncio. Na verdade, assim como se trata de equívoco pensar que a garantia 
é destinada apenas a quem está encarcerado pelo fato de a dicção constitucional conter o termo 
preso, também se mostra inadequado acreditar que o direito de permanecer calado somente 
confere à pessoa a garantia de que ela não pode ser obrigada a falar. O que o constituinte diz, 
quando ele assegura o direito de permanecer calado, é que a pessoa não pode ser obrigada a 
se incriminar ou, em outras palavras, que ela não pode ser obrigada a produzir prova contra si. 
Aliás, essa última forma de revelar o conteúdo do preceito constitucional soa mais feliz, uma 
vez que consegue tomar mais clara a mensagem do constituinte.
Portanto, deve se compreender que o direito ao silêncio funciona apenas como uma das 
decorrências do princípio do nemo tenetur se detegere, do qual se extraem outros desdobramentos 
igualmente importantes. Em síntese, pode-se dizer que o direito de não produzir prova contra 
si mesmo, que tem lugar na fase investigatória e no curso da instmção processual, abrange:
a) o direito ao silêncio ou direito de ficar calado: corresponde ao direito de não responder 
às perguntas formuladas pela autoridade, funcionando como espécie de manifestação passiva 
da defesa. O exercício do direito ao silêncio não é sinônimo de confissão ficta ou de falta de 
defesa; cuida-se de direito do acusado (CF, art. 5o, LXIII), no exercício da autodefesa, podendo 
ser usado como estratégia defensiva;
b) direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal: de acordo com 
o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 14, § 3o) e com a Convenção Americana
96 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Op. cit. p. 240. Nos mesmos moldes: QUEIJO, Maria Elizabeth. Op. cit. p. 397.
97 STF, 2- Turma, HC 99.558/ES, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 14/12/2010.
76 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
sobre Direitos Humanos (art. 8o, § 2o, “g”, e § 3o), o acusado não é obrigado a confessar a prá­
tica do delito. Portanto, por força do princípio do nemo tenetur se detegere, ninguém pode ser 
constrangido a confessar a prática de uma infração penal;98
c) inexigibilidade de dizer a verdade: alguns doutrinadores entendem que o acusado 
possui o direito de mentir, por não existir o crime de perjúrio no ordenamento pátrio.99 A nosso 
ver, e com a devida vênia, não se pode concordar com a assertiva de que o princípio do nemo 
tenetur se detegere assegure o direito à mentira. Em um Estado democrático de Direito, não se 
pode afirmar que o próprio Estado assegure aos cidadãos direito a um comportamento antiético 
e imoral, consubstanciado pela mentira. A questão assemelha-se à fuga do preso. Pelo simples 
fato de a fuga não ser considerada crime, daí não se pode concluir que o preso tenha direito à 
fuga. Tivesse ele direito à fuga, estar-se-ia afirmando que a fuga seria um ato lícito, o que não 
é correto, na medida em que a própria Lei de Execuções Penais estabelece como falta grave a 
fuga do condenado (LEP, art. 50, inciso II).
Na verdade, por não existir o crime de perjúrio no ordenamento pátrio, pode-se dizer que o 
comportamento de dizer a verdade não é exigível do acusado, sendo a mentira tolerada , porque 
dela não pode resultar nenhum prejuízo ao acusado. Logo, como o dever de dizer a verdade 
não é dotado de coercibilidade, já que não há sanção contra a mentira no Brasil, quando o acu­
sado inventa um álibi que não condiz com a verdade, simplesmente para criar uma dúvida na 
convicção do órgão julgador, conclui-se que essa mentira há de ser tolerada por força do nemo 
tenetur se detegere. A esse respeito, concluiu o Supremo Tribunal Federal que, no direito ao 
silêncio, tutelado constitucionalmente, inclui-se a prerrogativa processual de o acusado negar, 
ainda que falsamente, perante a autoridade policial ou judiciária, a prática da infração penal.100
Se essa mentira defensiva é tolerada, especial atenção deve ser dispensada às denominadas 
mentiras agressivas, quando o acusado imputa falsamente a terceiro inocente a prática do delito. 
Nessa hipótese, dando causa à instauração de investigação policial, processo judicial, investigação 
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém que o sabe 
inocente, o agente responderá normalmente pelo delito de denunciação caluniosa (CP, art. 339), 
porque o direito de não produzir prova contra si mesmo esgota-se179
14.7. Arquivamento em crimes de ação pe­
nal de iniciativa privada.................................. 180
14.8. Recorribilidade contra a decisão de
arquivamento................................................... 180
14.9. Arquivamento determinado por juiz
absolutamente incompetente......................... 181
15. Trancamento (ou encerramento anômalo)
do inquérito policial............................................... 182
15.1. (Im) possibilidade de arquivamento de
ofício de investigações nos casos de compe­
tência originária dos Tribunais......................... 183
16. Investigações diversas...................................... 185
16.1. Comissões Parlamentares de Inquéri­
to: inquéritos parlamentares.......................... 186
16.2. Conselho de Controle de atividades
financeiras (COAF)............................................ 188
16.3. Inquérito Policial Militar......................... 189
16.4. Investigação pelo Ministério Público...... 190
16.5. Inquérito civil......................................... 194
16.6. Termo circunstanciado........................... 194
16.7. Investigação pela autoridade judiciária... 195
16.7.1. Inquérito judicial.......................... 195
16.7.2. Revogada Lei das organizações
criminosas................................................. 195
16.7.3. Infrações penais praticadas por
magistrados............................................... 196
16.8. Investigação criminal defensiva.............. 197
16.9. Investigação por detetive particular
(Lei n. 13.432/17)............................................. 198
17. Acordo de não-persecução penal..................... 200
17.1. Conceito e previsão normativa.............. 200
17.2. (In) constitucionalidade do art. 18 da
Resolução n. 181 do CNMP............................. 202
17.3. Requisitos para a celebração do acor­
do de não-persecução penal........................... 205
17.4. Condições a serem impostas ao inves­
tigado ............................................................... 207
17.5. Controle jurisdicional............................. 208
17.6. Descumprimento injustificado das
obrigações assumidas pelo investigado.......... 209
17.7. Cumprimento integral do acordo de
não persecução penal..................................... 210
18. Controle externo da atividade policial.......... 210
TÍTULO 3 • AÇÃO PENAL E AÇÃO CIVIL EX 
DELICTO.................................................................................. 213
1. Direito de ação penal......................................... 213
2. Características do direito de ação penal............ 214
3. Lide no processo penal....................................... 214
4. Condições da ação penal.................................... 215
4.1. Condições genéricas da ação penal......... 218
4.1.1. À luz da teoria geral do processo.... 218
4.1.1.1. Possibilidade jurídica do pedido .. 218
4.1.1.2. Legitimidade para agir................. 221
4.1.1.2.1. Legitimidade ordinária e ex­
traordinária no processo penai................ 222
4.1.1.3. Interesse de agir.......................... 224
4.1.1.3.1. Prescrição em perspectiva e
ausência de interesse de agir................... 225
4.1.1.4. Justa Causa.................................. 228
4.1.1.4.1. Justa Causa duplicada.............. 230
4.1.2. À luz de uma teoria específica do 
processo penal......................................... 231
4.1.2.1. Prática de fato aparentemente
criminoso................................................... 232
4.1.2.2. Punibilidade concreta.................. 232
4.2. Condições específicas da ação penal....... 233
4.3. Condições da ação e condições de pros- 
seguibilidade (condição superveniente da
ação)................................................................. 235
4.4. Condições da ação, condições objetivas
de punibilidade e escusas absolutórias........... 235
4.4.1. Decisão final do procedimento 
administrativo nos crimes materiais 
contra a ordem tributária........................... 237
5. Classificação das ações penais............................. 242
5.1. Classificação das ações penais conde-
natórias............................................................. 243
6. Princípios da ação penal pública e da ação
penal de iniciativa privada....................................... 245
6.1. Princípio do ne procedat iudex ex officio.. 245
6.2. Princípio do ne bis in idem (inadmissi­
bilidade da persecução penal múltipla).......... 246
6.3. Princípio da intranscendência.................... 249
6.4. Princípio da obrigatoriedade da ação
penal pública..................................................... 249
6.5. Princípio da oportunidade ou conve­
niência da ação penal de iniciativa privada.... 253
6.6. Princípio da indisponibilidade da ação
penal pública..................................................... 254
6.7. Princípio da disponibilidade da ação
penal de iniciativa privada (exclusiva ou 
personalíssima)................................................. 255
14 : MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
6.8. Princípio da (in) divisibilidade da ação
penal pública................................................... 255
6.9. Princípio da indivisibilidade da ação
penal de iniciativa privada.............................. 256
6.10. Princípio da oficialidade........................ 257
6.11. Princípio da autoritariedade................. 258
6.12. Princípio da oficiosidade....................... 258
6.13. Quadro comparativo dos princípios da
ação penal....................................................... 258
7. Ação penal pública incondicionada.................... 260
8. Ação penal pública condicionada....................... 262
8.1. Representação........................................... 262
8.1.1. Natureza jurídica da representação 263
8.1.2. Desnecessidade de formalismo...... 263
8.1.3. Destinatário da representação....... 263
8.1.4. Legitimidade para o oferecimen­
to da representação................................. 264
8.1.5. Prazo decadencial para o ofere­
cimento da representação....................... 267
8.1.6. Retratação da representação......... 269
8.1.6.1. Retratação da retratação da
representação.......................................... 269
8.1.6.2, Retratação da representação na
Lei Maria da Penha................................... 269
8.1.7. Eficácia objetiva da representação.. 270
8.1.8. Representação no processo penal
militar........................................................ 271
8.2. Requisição do Ministro da Justiça............ 272
8.2.1. Requisição no processo penal
militar........................................................ 273
9. Ação penal de iniciativa privada......................... 273
9.1. Ação penal exclusivamente privada......... 275
9.2. Ação penal privada personalíssima.......... 275
9.3. Ação penal privada subsidiária da pública 276
9.4. Extinção da punibilidade e ação penal
de iniciativa privada........................................ 279
9.4.1. Decadência..................................... 279
9.4.2. Renúncia ao direito de queixa......... 281
9.4.3. Perdão do ofendido........................ 283
9.4.4. Quadro comparativo entre re­
núncia e perdão do ofendido................... 285
9.4.5. Perempção..................................... 285
9.5. Ação penal privada no processo penal
militar............................................................... 287
10. Ação penal popular.......................................... 287
11. Ação penal adesiva........................................... 288
12. Ação de prevenção penal................................. 288
13. Ação penal secundária..................................... 289
14. Ação penal nas várias espécies de crimes......... 289
14.1. Ação penal nos crimes contra a honra.... 289
14.2. Ação penal nos crimes de trânsito de 
lesão corporal culposa, de embriaguez ao 
volante e de participação em competição
não autorizada................................................. 291
14.3.na proteção do réu, não servindo 
de suporte para que possa cometer outros delitos.101 Também é crime a conduta de acusar-se, p e ­
rante a autoridade, de crime inexistente ou praticado p o r outrem (CP, art. 341, autoacusação falsa).
Na mesma linha, tem prevalecido o entendimento de que o direito ao silêncio não abrange 
o direito de falsear a verdade quanto à identidade pessoal. Para o Supremo, tipifica o crime de 
falsa identidade o fato de o agente, ao ser preso, identificar-se com nome falso, com o objetivo 
de esconder seus maus antecedentes.102 A propósito, eis o teor da súmula n° 522 do STJ: “A
98 Nessa linha: STF; lã Turma, HC 68.929/SP, Rei. Min. Celso de Mello, DJ 28/08/1992.
99 GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: comentários à Convenção Americana sobre Direitos Humanos: Pacto de San 
José da Costa Rica. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 106.
100 STF, lã Turma, HC 68.929/SP, Rei. Min. Celso de Mello, DJ 28/08/1992.
101 Nesse sentido: BEDÊ JÚNIOR, Américo; SENNA, Gustavo. Princípios do processo penal: entre o garantismo e a 
efetividade da sanção. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 38.
102 STF, 2- Turma, HC 72.377/SP, Rei. Min. Carlos Velloso, DJ 30/06/1995 p. 271. E também: STF, P Turma, RE 561.704, 
Rei. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 64 02/04/2009. O STJ tinha entendimento em sentido contrario: STJ, 6ã 
Turma, HC 97.857/SP, Rei. Min. Og Fernandes, Dje 10/11/2008. Porém, acabou alterando seu entendimento a 
partir da decisão proferida pelo Supremo no RE 640.139 (STF, Pleno, Rei. Min. Dias Toffoli, j. 22/09/2011, DJe 
198 13/10/2011), no qual o Supremo concluiu que o princípio constitucional da ampla defesa não alcança aquele 
que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o objetivo de ocultar maus antecedentes, sendo, 
portanto, típica a conduta praticada pelo agente. Sinalizando a mudança do entendimento do STJ: STJ, 5ã Turma,
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 77
conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação 
de alegada autodefesa”.
d) direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo: por
força do direito de não produzir prova contra si mesmo, doutrina e jurisprudência têm adotado o 
entendimento de que não se pode exigir um comportamento ativo do acusado, caso desse facere 
possa resultar a autoincriminação.
Assim, sempre que a produção da prova tiver como pressuposto uma ação por parte do 
acusado (v.g., acareação, reconstituição do crime, exame grafotécnico, bafômetro, etc.), será 
indispensável seu consentimento. Cuidando-se do exercício de um direito, tem predominado 
o entendimento de que não se admitem medidas coercitivas contra o acusado para obrigá-lo a 
cooperar na produção de provas que dele demandem um comportamento ativo. Além disso, a 
recusa do acusado em se submeter a tais provas não configura o crime de desobediência nem o 
de desacato103, e dela não pode ser extraída nenhuma presunção de culpabilidade, pelo menos 
no processo penal.
São incompatíveis, assim, com a Constituição Federal e com a Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos quaisquer dispositivos legais que possam, direta ou indiretamente, forçar o 
suspeito, indiciado, acusado, ou até mesmo a testemunha, a produzir prova contra si mesmo. Não 
por outro motivo, em diversos julgados, assim tem se pronunciado o Supremo Tribunal Federal:
d.l) o acusado não está obrigado a fornecer padrões vocais necessários a subsidiar prova 
pericial de verificação de interlocutor;104
d.2) o acusado não está obrigado a fornecer material para exame grafotécnico: no exame 
para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, pode ser necessário que a pessoa a 
quem se atribui o escrito forneça material de seu punho subscritor para que sirva de parâmetro 
para a comparação. Nesse caso, como a realização do exame demanda um comportamento 
ativo do acusado, a tanto não se pode compeli-lo. Para exames periciais, é cabível apenas a 
sua intimação para que, querendo, oferte o material. Também não se admite que a autoridade 
policial determine ao indiciado a oferta de material gráfico, sob pena de desobediência.105 Caso 
a pessoa se recuse a fornecer material de seu punho subscritor, nada impede que a autoridade 
judiciária determine a apreensão de papéis e documentos que possam suprir o fornecimento 
do referido material. A título de exemplo, se o material a partir do qual for efetuada a análise 
grafotécnica consistir em petição para a extração de cópias, manuscrita e formulada esponta­
neamente pelo próprio acusado nos autos do respectivo processo penal, não há que se falar em 
ofensa ao princípio que veda a autoincriminação. Afinal, conforme disposto no art. 174, II e
HC 151.866/RJ, Rei. Min. Jorge Mussi, j. 01/12/2011, DJe 13/12/2011. E ainda: STJ, 3§ Seção, REsp 1.362.524/ 
MG, Rei. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 23/10/2013.
103. Aos olhos da 3§ Seção do STJ, não há incompatibilidade do crime de desacato (CP, art. 331) com as normativas 
internacionais previstas na Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH). A despeito do que fora aduzido 
no julgamento do REsp 1.640.084/SP pela 5ã Turma do STJ - no sentido de que o crime de desacato seria in­
compatível com o art. 13 do Pacto de São José da Costa Rica, por afrontar mecanismos de proteção à liberdade 
de pensamento e de expressão - a 3§ Seção concluiu que as recomendações da Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos (CIDH) não possuem força vinculante, mas tão somente 'poder de embaraço' ou 'mobilização 
da vergonha'. Logo, o crime de desacato não pode ter sua tipificação penal afastada sob qualquer viés, seja pela 
ausência de força vinculante às recomendações expedidas pela CIDH, seja pelo viés interpretativo. (STJ, 3ã Seção, 
HC 379.269/MS, Rei. Min. Antônio Saldanha Palheiro, j. 24/05/2017, DJe 30/06/2017). Na mesma linha: STF, 2ã 
Turma, HC 141.949/DF, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 13/03/2018.
104 STF, 2ã Turma, HC 83.096/RJ, Rei. Min. Ellen Gracie, DJ 12/12/2003 p. 89.
105 STF, 1§ Turma, HC 77.135/SP, Rei. Min. limar Galvão, DJ 06/11/1998 p. 3.
78 M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
III, do CPP, para a comparação de escritos, podem servir quaisquer documentos judicialmente 
reconhecidos como emanados do punho do investigado ou sobre cuja autenticidade não haja 
dúvida. Portanto, o fato de o acusado se recusar a fornecer o material não afasta a possibilidade 
de se obter documentos por ele subscritos;106
d.3) configura constrangimento ilegal a decretação de prisão preventiva de indiciados diante 
da recusa destes em participarem de reconstituição do crime.107Afinal, cuidando-se de prova 
que depende da colaboração ativa do acusado, não se pode exigir sua participação, sob pena de 
violação ao nemo tenetur se detegere.108
Pelo que foi dito, percebe-se que o acusado tem o direito de não colaborar na produção da 
prova sempre que se lhe exigir um comportamento ativo, um facere. Portanto, em relação às 
provas que demandam apenas que o acusado tolere a sua realização, ou seja, aquelas que exijam 
uma cooperação meramente passiva, não se há falar em violação ao nemo tenetur se detegere. 
O direito de não produzir prova contra si mesmo não persiste, portanto, quando o acusado for 
mero objeto de verificação. Assim, em se tratando de reconhecimento pessoal, ainda que o 
acusado não queira voluntariamente participar, admite-se sua execução coercitiva.109
e) direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva: nesse ponto, é 
importante entender o que se entende por intervenções corporais, assim como o conceito de 
provas invasivas e não invasivas.
Intervenções corporais (investigação corporal ou ingerência humana) são medidas de inves­
tigação que se realizam sobre o corpo das pessoas, sem a necessidade do consentimento destas, 
e por meio da coação direta se for preciso, com a finalidade de descobrir circunstâncias fáticas 
que sejam importantes para o processo, em relação às condiçõesfísicas ou psíquicas do sujeito 
que sofre as intervenções, ou objetos escondidos com ele.110
São exemplos de intervenções corporais: exame de sangue, ginecológico, identificação 
dentária, endoscopia, exame do reto, entre outras tantas perícias como o exame de matérias 
fecais, de urina, de saliva, exames de DNA usando fios de cabelo, identificações datiloscópicas 
de impressões dos pés, unhas e palmar e também a radiografia.
As intervenções corporais podem ser de duas espécies: 1) provas invasivas: são as in­
tervenções corporais que pressupõem penetração no organismo humano, por instrumentos ou 
substâncias, em cavidades naturais ou não, implicando na utilização (ou extração) de alguma 
parte dele ou na invasão física do corpo humano, tais como os exames de sangue, o exame 
ginecológico, a identificação dentária, a endoscopia (usada para localização de droga no corpo 
humano) e o exame do reto; 2) provas não invasivas: consistem numa inspeção ou verificação 
corporal. São aquelas em que não há penetração no corpo humano, nem implicam a extração 
de parte dele, como as perícias de exames de materiais fecais, os exames de DNA realizados a 
partir de fios de cabelo encontrados no chão, etc.
106 STF, 2ã Turma, HC 99.245/RJ, Rei. Min. Gilmar Mendes, 06/09/2011.
107 STF, Tribunal Pleno, HC 64.354/SP, Rei. Min. Sydney Sanches, j. 01/07/1987, DJ 14/08/1987.
108 STF, ia Turma, HC 69.026/DF, Rei. Min. Celso de Mello, j. 10/12/1991, DJ 04/09/1992.
109 Em sentido diverso: FIORI, Ariane Trevisan. A prova e a intervenção corporal: sua valoração no processo penal. 
Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2008. p. 94.
110 GONZALES-CUELLAR SERRANO, Nicolas. Proporcionalidady derechos fundamentales em elproceso penal. Madri: 
Colex, 1990. p. 290. Apud FIORI, Ariane Trevisan. A prova e a intervenção corporal: sua valoração no processo 
penal. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2008. p. 106.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS [ 79
As células bucais encontradas na saliva podem ser utilizadas para a realização de um exame 
de DNA. A forma de sua coleta é que vai determinar se é prova invasiva ou não invasiva. Caso 
as células sejam colhidas na cavidade bucal, haverá intervenção corporal invasiva. Agora, a 
saliva também pode ser colhida sem qualquer intervenção corporal, possibilitando a realização 
do exame de DNA a partir de material encontrado no lixo, como chicletes, pontas de cigarro, 
latas de cerveja e refrigerantes, que contêm resquícios da saliva que podem ser examinados.
A radiografia também pode ser considerada prova não invasiva, sendo comum sua utilização 
para constatação de entorpecente no organismo, na forma de pílulas ou cápsulas de drogas. Na 
verdade, mesmo que se considere o exame de raios-X uma prova invasiva, pensamos que, em 
casos extremos, como no exemplo da mula que transporta drogas em seu estômago e que, por 
isso, corre sério risco de morte a partir de determinado tempo em que está com a droga em seu 
corpo, é possível a realização de exame pericial mesmo contra a vontade do agente, por força do 
princípio da proporcionalidade, dando-se preponderância à proteção da vida (CF, art. 5o, caput) .111
Outro exemplo de prova não invasiva é a identificação dactiloscópica, das impressões dos 
pés, unhas e palmar, que podem ser utilizadas como parâmetro para comparação com aquelas 
encontradas no local do crime ou no corpo da vítima.112
Havendo o consentimento do sujeito passivo da medida, após prévia advertência do direito 
de não produzir prova contra si mesmo, a intervenção corporal poderá ser realizada normalmente, 
seja a prova invasiva ou não invasiva. A Carta Magna não estabeleceu a reserva de jurisdição 
para a determinação das intervenções corporais. Logo, não há necessidade de prévia autoriza­
ção judicial para a realização dessas medidas, as quais podem ser determinadas inclusive pela 
autoridade policial.
Porém, mesmo com a anuência do cidadão, não se admite que o Estado submeta alguém a 
intervenções corporais que ofendam a dignidade da pessoa humana ou que coloquem em risco 
sua integridade física ou psíquica além do que é razoavelmente tolerável. A propósito, dispõe o 
art. 15 do Código Civil que ‘ninguém p ode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, 
a tratamento médico ou a intervenção c i r ú r g i c a Exemplo de procedimento mais complexo 
que pode causar risco à saúde, o que é denominado pela doutrina alemã de ingerência corporal, 
é a radiografia em mulheres grávidas.
Na verdade, o problema quanto às provas invasivas ou não invasivas diz respeito às hipóteses 
em que o suspeito se recusa a colaborar. No ordenamento pátrio, não há uma regulamentação 
sistemática das intervenções corporais. Como vigora no processo penal brasileiro o princípio da
111 No sentido de que é plenamente válida a prova produzida mediante a submissão de agente a exame de raios 
"X", de modo a constatar a ingestão de cápsulas de cocaína, já que não há qualquer violação ao princípio do 
nemo tenetur se detegere, haja vista que os exames de raios X não exigem qualquer agir ou fazer por parte do 
investigado, tampouco constituem procedimentos invasivos ou até mesmo degradantes que possam violar seus 
direitos fundamentais: STJ, 6ã Turma, HC 149.146/SP, Rei. Min. Og Fernandes, julgado em 05/04/2011.
112 Essas provas não invasivas não se confundem com a busca pessoal. Naquelas, o objetivo precípuo é o exame 
do corpo; nesta, o objetivo é a localização de algo que se esteja ocultando junto ao corpo. A busca pessoal, 
que tem natureza preventiva, não pode ser considerada espécie de intervenção corporal porque compreende 
atuação externa sobre o corpo e sobre as roupas e objetos que o indivíduo traz consigo. Quanto às revistas fei­
tas em presídios, caso realizadas de forma superficial, a fim de prevenir que visitantes levem armas ou objetos 
que possam colocar em risco a vida ou a saúde dos presos ou facilitar eventuais fugas, podem ser classificadas 
como revistas corporais e, assim, admitidas. No tocante às revistas praticadas em cavidades ou orifícios do corpo 
humano, comungamos do entendimento de Fiori (op. cit. p. 113), no sentido de que a busca por qualquer objeto 
de crime nestas regiões do corpo deva ser equiparada a uma intervenção corporal, por atingir a integridade 
física e a intimidade da pessoa constrangida a tal medida. Todavia, caso a pessoa se recuse a cooperar com a 
intervenção corporal, seu acesso ao estabelecimento prisional poderá ser obstado.
80 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
liberdade probatória (CPP, art. 155, parágrafo único), segundo o qual quaisquer meios probató­
rios são admissíveis, mesmo que não expressamente previstos em lei, não se deve concluir por 
uma absoluta inadmissibilidade da utilização das intervenções corporais. Todavia, sua utilização 
deve se mostrar compatível com a Constituição Federal e com a Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos. Portanto, caso o agente não concorde com a realização de uma intervenção 
corporal, deve-se distinguir o tratamento dispensado às provas invasivas e às não invasivas à 
luz do direito de não produzir prova contra si mesmo.
Em se tratando de prova não invasiva (inspeções ou verificações corporais), mesmo que o 
agente não concorde com a produção da prova, esta poderá ser realizada normalmente, desde 
que não implique colaboração ativa por parte do acusado. Além disso, caso as células corporais 
necessárias para realizar um exame pericial sejam encontradas no próprio lugar dos fatos (mostras 
de sangue, cabelos, pelos, etc.), no corpo ou vestes da vítima ou em outros objetos, poderão ser 
recolhidas normalmente, utilizando os meios normais de investigação preliminar (busca e/ou 
apreensão domiciliar ou pessoal).
Por outro lado, cuidando-se de provas invasivas, por conta do princípio do nemo tenetur 
se detegere, a jurisprudência tem considerado que o suspeito, indiciado, preso ou acusado, não 
é obrigado a se autoincriminar, podendo validamente recusar-se a colaborar com a produçãoda 
prova, não podendo sofrer qualquer gravame em virtude dessa recusa. Em diversos julgados, o 
Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que o acusado não está obrigado a se 
sujeitar a exame de DNA, mesmo no âmbito cível.113
Mas se o direito de não produzir prova contra si mesmo tem aplicação no âmbito extrapenal 
e no âmbito penal, daí não se pode concluir que a recusa em se submeter às provas invasivas seja 
tratada de modo semelhante no processo civil e no processo penal. De fato, há de se ficar atento 
à diferença do tratamento dispensado às conseqüências da recusa do agente em produzir prova 
contra si mesmo, porquanto, no que toca exclusivamente ao processo penal, vigora o princípio 
da presunção de inocência (CF, art. 5o, LVII).
Em outras palavras, se, no âmbito cível, também é possível que o agente se recuse a pro­
duzir prova contra si mesmo, ali não vigora o princípio da presunção de inocência, daí por que 
a controvérsia pode ser resolvida com base na regra do ônus da prova, sendo que a recusa do 
réu em se submeter ao exame pode ser interpretada em seu prejuízo, no contexto do conjunto 
probatório. Nesse sentido, dispõe o art. 232 do Código Civil: A recusa àperíc ia médica ordenada 
pelo ju iz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame. Por sua vez, a súmula n° 301 
do STJ destaca que em ação investigatória, a recusa do suposto p a i a subm eter-se ao exame de 
DNA induz presunção iuris tantum de paternidade. Logo, apesar de o agente também não ser 
obrigado a se submeter à prova invasiva no âmbito cível, de sua recusa poderão ser extraídas 
conseqüências que lhe sejam desfavoráveis, tais como a presunção relativa de paternidade, em 
casos em que existam outras provas.114
De modo diverso, no processo penal, firmada a relevância do princípio da presunção 
de inocência, com a regra probatória que dele deriva, segundo a qual o ônus da prova recai
113 STF, Tribunal Pleno, HC 71.373/RS, Rei. Min. Marco Aurélio, j. 10/11/1994, DJ 22/11/1996.
114 Como têm se pronunciado os Tribunais, apesar da súmula 301 do STJ ter feito referência à presunção ju ris tan­
tum de paternidade na hipótese de recusa do investigado em se submeter ao exame de DNA, os precedentes 
jurisprudenciais que sustentaram o entendimento sumulado definem que esta circunstância não desonera o 
autor de comprovar, minimamente, por meio de provas indiciárias a existência de relacionamento íntimo entre 
a mãe e o suposto pai. Nessa linha: STJ, 4ã Turma, REsp 1.068.836/RJ, Rei. Min. Honildo Amaral de Mello Castro, 
j. 18/03/2010, DJe 19/04/2010.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 81
exclusivamente sobre a parte acusadora, não se admite eventual inversão do ônus da prova em 
virtude de recusa do acusado em se submeter a uma prova invasiva. Assim, supondo um crime 
sexual em que vestígios de esperma tenham sido encontrados na vagina da vítima, da recusa 
do acusado em se submeter a um exame de DNA não se pode presumir sua culpabilidade, sob 
pena de violação aos princípios do nemo tenetur se detegere e da presunção de inocência.115
Como se vê, em se tratando de prova invasiva ou que exija um comportamento ativo, não é 
possível a produção forçada da prova contra a vontade do agente. Porém, se essa mesma prova 
tiver sido produzida, voluntária ou involuntariamente pelo acusado, nada impede que tais elemen­
tos sejam apreendidos pela autoridade policial. Em outras palavras, quando se trata de material 
descartado pela pessoa investigada, é impertinente invocar o princípio do nemo tenetur se detegere. 
Nesse caso, é plenamente possível apreender o material descartado, seja orgânico (produzido pelo 
próprio corpo, como saliva, suor, fios de cabelo), seja ele inorgânico (decorrentes do contato de 
objetos com o corpo, tais como copos ou garrafas sujas de saliva, etc.) Exemplificando, se não é 
possível retirar à força um fio de cabelo de um suspeito para realizar um exame de DNA, nada 
impede que um fio de cabelo desse indivíduo seja apreendido em um salão de beleza.
Daí ter confirmado a Suprema Corte a legalidade da determinação de coleta da placenta 
no procedimento médico do parto da cantora chilena G. T., a fim de que fosse possível, pos­
teriormente, a realização do exame de DNA, de modo a dirimir a dúvida quanto a quem era 
o pai da criança. Nessa situação, a intervenção médica era necessária e não houve a coleta à 
força da placenta, uma vez que esta é expelida do corpo humano como conseqüência natural 
do processo de parto.116
Situação semelhante ocorreu em caso envolvendo a descoberta do episódio em que uma 
criança recém-nascida foi retirada do berçário da maternidade por uma mulher que passou a 
assumir perante todos ser a verdadeira mãe. Como a suposta mãe não aceitou submeter-se à 
coleta de material genético, esperou-se uma oportunidade para arrecadar uma ponta de cigarro 
descartada pela “filha ”, contendo partículas das glândulas salivares, o que permitiu, após a 
análise do DNA, ter-se a certeza de que ela, de fato, não era filha da investigada. Essa prova 
foi considerada válida, porquanto o que toma a prova ilícita é a coação por parte do Estado, 
obrigando o suspeito a produzir prova contra si mesmo. Como a prova foi produzida de maneira 
involuntária pela suposta filha, a prova então obtida foi considerada lícita.
3.7.5. Bafômetro: a infração administrativa de embriaguez ao volante e a nova redação do 
crime de embriaguez ao volante (Lei n° 12.760/12)
Quanto ao bafômetro, especial atenção deve ser dispensada ao art. 277 do Código de Trân­
sito Brasileiro (Lei n° 9.503/97, com redação dada pela Lei n° 12.760/12), o qual dispõe que o 
condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito, ou que for alvo de fiscalização 
de trânsito, poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por 
meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência 
de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. Nesse caso, a infração 
adm inistrativa de trânsito de dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância 
psicoativa que determine dependência prevista no art. 165 do CTB poderá ser caracterizada me­
diante imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran,
115 Nessa linha: GOMES FILHO, Antônio Magalhães. Direito à prova no processo penal. São Paulo: Editora Revista 
dos Tribunais, 1997, p. 119.
116 STF, Tribunal Pleno, Rcl-QO 2.040/DF, Rei. Min. Néri da Silveira, DJ 27/06/2003 p. 31.
82 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas 
(Lei n° 9.503/97, art. 277, § 2o, com redação dada pela Lei n° 12.760/12).
Por força do art. 277, § 3o, do CTB, as penalidades e medidas administrativas previstas 
para essa infração administrativa do art. 165 do CTB - multa (dez vezes), aplicável em dobro 
em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses, e suspensão do direito de dirigir por 
12 (doze) meses, além da medida administrativa de recolhimento do documento de habilitação e 
retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado - também serão aplicáveis ao con­
dutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo.
O fato de o art. 277, § 3o, do CTB, prever a aplicação de penalidades e medidas adminis­
trativas ao condutor que não se sujeitar a qualquer dos procedimentos previstos no caput do 
referido artigo é perfeitamente constitucional. Ao contrário do que ocorre no âmbito criminal, 
em que, por força do princípio da presunção de inocência, não se admite eventual inversão 
do ônus da prova em virtude de recusa do acusado em se submeter a uma prova invasiva, no 
âmbito administrativo, o agente também não é obrigado a produzir prova contra si mesmo, po­
rém, como não se aplica a regra probatória que deriva do princípio da presunção de inocência, 
a controvérsia pode serresolvida com base na regra do ônus da prova, sendo que a recusa do 
agente em se submeter ao exame pode ser interpretada em seu prejuízo, no contexto do con­
junto probatório, com a conseqüente imposição das penalidades e das medidas administrativas 
previstas no art. 165 do CTB.
Superada a análise da infração administrativa de embriaguez ao volante (CTB, art. 165),117 
convém analisarmos o crime de embriaguez ao volante, cuja previsão legal constante do caput 
do art. 306 do CTB foi alterada 2 (duas) vezes nos últimos anos: inicialmente, pela Lei 11.705/08 
(“Antiga Lei Seca”); posteriormente, pela Lei n° 12.760/12 (“Nova Lei Seca”).
Para fins de comprovação da embriaguez ao volante, o meio de prova mais eficaz para afe­
rição da dosagem etílica é o exame de sangue. Considerando-se que a extração de sangue é um 
método muito invasivo, foi criado o bafômetro, aparelho de ar alveolar destinado a estabelecer 
o teor alcoólico no organismo do condutor do veículo automotor através do sopro do motorista 
no referido equipamento.118 119
Mas será que o condutor do veículo está obrigado a soprar o bafômetro ou se sujeitar ao 
exame de sangue? Não estaria ele, assim o fazendo, produzindo prova contra si mesmo? A respeito 
do assunto, é dominante o entendimento de que a recusa do condutor em submeter-se ao bafômetro 
ou a um exame de sangue não configura crime de desobediência nem pode ser interpretada em 
seu desfavor, pelo menos no âmbito criminal. Nessa linha, há precedentes do Supremo Tribunal 
Federal no sentido de que não se pode presumir a embriaguez de quem não se submete a exame de 
dosagem alcoólica: afinal, a Constituição da República impede que se extraia qualquer conclusão 
desfavorável àquele que, suspeito ou acusado de praticar alguma infração penal, exerce o direito 
de não produzir prova contra si mesmo (princípio do nemo tenetur se detegeré)}19
117 Vale ressaltar que, consoante o art. 276 do CTB, com redação dada pela Lei nS 12.760/12, qualquer concentração 
de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar também sujeita o condutor às penalidades previstas 
no art. 165.
118 A prova da materialidade do delito de embriaguez ao volante pode ser feita pelo bafômetro, capaz de constatar, 
tal qual o exame toxicológico de sangue, a concentração alcoólica de ar nos pulmões correspondente à concen­
tração sanguínea acima do limite legal: STJ, 6ã Turma, HC 177.942/RS, Rei. Min. Celso Limongi - Desembargador 
convocado do TJ/SP, julgado em 22/02/2011. Na mesma linha: STF, 2- Turma, HC 110.905/RS, Rei. Min. Joaquim 
Barbosa, j. 05/06/2012
119 STF, 13 Turma, HC 93.916/PA, Rei. Min. Cármen Lúcia, DJe 117 27/06/2008.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 83
O exercício do direito à não autoincriminação, no entanto, não era empecilho à comprovação 
do crime de embriaguez ao volante, pelo menos quando o Código de Trânsito Brasileiro entrou 
em vigor em 1998. Isso porque, à época, o art. 306 do CTB tinha a seguinte redação: “Conduzir 
veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância de efeitos análogos, 
expondo a dano potencial a incolumidade de outrem”. Nesse caso, mesmo que o agente se re­
cusasse a soprar o bafômetro, era possível que a elementar do tipo “sob a influência de álcool ” 
fosse comprovada através de exame clínico com a participação passiva do agente. Com efeito, 
ainda que o motorista se recusasse a fazer exame de sangue ou a soprar o bafômetro, fazendo 
uso de seu direito de não produzir prova contra si mesmo, um médico perito poderia facilmente 
constatar que tal pessoa estava sob a influência de álcool, sem que se exigisse qualquer com­
portamento ativo do agente, bastando analisar, por exemplo, a aparência do agente, sua atitude, 
orientação, elocução, andar, coordenação motora, hálito, etc.
Com a entrada em vigor da Lei n° 11.705/08 (antiga “Lei Seca”), o tipo penal do art. 306 
passou a ter a seguinte redação: “Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com con­
centração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência 
de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência”. Perceba-se que, ao contrário 
da antiga redação do art. 306 do CTB, que fazia menção à condução de veículo automotor sob a 
influência de álcool ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade 
de outrem, o que acabava por transformar esse delito em crime de perigo concreto, sendo, pois, 
indispensável a demonstração do risco concreto de dano causado pela direção embriagada (v.g., 
motorista dirigindo em alta velocidade, na contramão, etc.), a nova redação típica do art. 306 
do CTB deixa de fazer menção expressa à criação de uma situação de risco.
Isso significa dizer que a “antiga lei seca” transformou o delito de embriaguez ao vo­
lante em crime de perigo abstrato, sendo dispensável, portanto, a comprovação de risco de 
dano efetivo. Na visão do Supremo, a objetividade jurídica desse delito transcende a mera 
proteção da incolumidade pessoal para alcançar também a tutela da proteção de todo corpo 
social, asseguradas ambas pelo incremento dos níveis de segurança nas vias públicas. Assim, 
é de todo irrelevante indagar se o comportamento do agente atinge, ou não, algum bem ju­
rídico tutelado, sendo legítima a opção legislativa por objetivar a proteção da segurança da 
própria coletividade. Não há necessidade de se comprovar risco potencial de dano causado 
pela conduta do agente que dirige embriagado, inexistindo qualquer inconstitucionalidade 
em tal previsão legal. Basta que seja comprovado que o acusado conduzia veículo automo­
tor, na via pública, apresentando concentração de álcool no sangue igual ou superior a 6 
decigramas por litro.120
Se, de um lado, a antiga “Lei Seca” transformou o delito de embriaguez ao volante em 
crime de perigo abstrato, do outro, tomou bem mais complicada a produção de prova quanto 
à referida prática delituosa. Isso porque o tipo penal que passou a vigorar com o advento da 
Lei n° 11.705/08 trazia como elementar a concentração de álcool por litro de sangue igual 
ou superior a 6 decigramas. Essa figura típica do crime de embriaguez ao volante só se 
aperfeiçoava, então, com a quantificação objetiva da concentração de álcool no sangue (do­
sagem etílica), o que não se podia presumir. Tal comprovação, segundo o Decreto n° 6.488,
120 STF, 2§ Turma, HC 109.269/MG, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, j. 27/09/2011, DJe 195 10/10/2011. Com o 
mesmo entendimento: STJ, 5ã Turma, HC 175.385/MG, Rei. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/03/2011. O crime 
do art. 310 do CTB também funciona como espécie de crime de perigo abstrato. A propósito, eis o teor da sú­
mula n9 575 do STJ: "Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor 
a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, 
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo".
84 M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
de 19/06/08, só podia ser feita por duas maneiras: exame de sangue ou teste em aparelho de 
ar alveolar pulmonar (etilômetro), este último também conhecido como bafômetro. Logo, 
tendo em conta que, por força do princípio do nemo tenetur se detegere, o condutor não é 
obrigado a produzir prova contra si mesmo, caso o agente se recusasse a soprar o bafômetro 
ou a fornecer uma amostra de sangue, não seria possível se presumir a prática do delito do 
art. 306 do CTB.
Com base nesse raciocínio, apesar de entender que teria havido um equívoco na edição 
da Lei n° 11.705/08, o que, todavia, não pode ensejar do magistrado a correção das falhas 
estruturais com o objetivo de conferir-lhe efetividade, sob pena de violação ao princípio 
da legalidade e da tipicidade, concluiu o STJ pelo trancamento de processo penal relativo 
a acusado da prática do crime de embriaguez ao volante, já que não teria sido feito exame 
de sangue ou testede bafômetro, provas técnicas que, à época, eram indispensáveis para a 
comprovação do grau de embriaguez, que funcionava como verdadeira elementar objetiva do 
referido tipo penal.121
Como se percebe, apesar de o objetivo da “antiga Lei Seca” ter sido o de aumentar a re­
pressão ao crime de embriaguez ao volante, é certo dizer que, a partir do momento em que a 
tipificação do crime do art. 306 do CTB passou a exigir a taxa de 6 decigramas de álcool por 
litro de sangue, restou assaz mais difícil a comprovação da referida prática delituosa, visto que, 
em virtude do princípio que veda a autoincriminação, o motorista não pode ser obrigado a se 
sujeitar ao exame de sangue, nem tampouco ao bafômetro, únicos meios de prova tecnicamente 
capazes de aferir a concentração de álcool no sangue.122
Ante a péssima redação que foi conferida ao crime de embriaguez ao volante pela “antiga 
Lei Seca” e os números alarmantes da violência no trânsito brasileiro,123 o Congresso Nacional 
se viu obrigado a mudar novamente a redação do art. 306 do CTB. Assim é que, em data de 21 
de dezembro de 2012, entra em vigor a Lei n° 12.760. Dentre outras modificações, referida Lei 
confere nova redação ao art. 306 da Lei n° 9.503/97: “Art. 306. Conduzir veículo automotor
121 STJ, 6- Turma, HC 166.377/SP, Rei. Min. Og Fernandes, j. 10/06/2010, DJe 01/07/2010. Na mesma linha: STJ, 3§ 
Seção, REsp 1.111.566, Rei. Min. Adilson Vieira Macabu - Desembargador convocado do TJ/RJ -, j. 28/03/2012, 
DJe 04/09/2012.
122 Como exposto anteriormente, é dominante o entendimento da doutrina e da jurisprudência pátria no sentido 
de que, por força do princípio do nemo tenetur se detegere, o motorista suspeito de conduzir veículo auto­
motor embriagado não pode ser obrigado a soprar o bafômetro. Por isso, os laboratórios desenvolveram uma 
nova espécie de bafômetro, que não exige o uso de bocal nem a participação ativa do usuário. Cuida-se do 
bafôm etro (ou etilôm etro ) passivo, que é capaz de "absorver" do ar ambiente a presença de álcool, a uma 
distância de 20 a 30 centímetros. A utilização da referida espécie de bafômetro não pressupõe a prática de 
nenhum comportamento ativo por parte do suspeito de embriaguez ao volante. Na verdade, à semelhança 
do que ocorre num reconhecimento pessoal, o suspeito é mero objeto de verificação, pois dele não se exige 
nenhum facere. Logo, não há falar em violação ao direito à não produção de prova contra si mesmo. Na me­
dida em que o suspeito é obrigado apenas a tolerar a realização do referido exame, exigindo-se cooperação 
meramente passiva, admite-se sua execução coercitiva caso o suspeito não queira participar de maneira 
voluntária.
123 Essa verdadeira carnificina instalada no trânsito brasileiro pode ser constatada através de alguns dados: 
a) 43,95% dos mortos em razão de acidentes de trânsito no ano de 2005 na cidade de São Paulo tiveram 
a alcoolemia atestada em autópsia; b) segundo o IPEA, o custo da violência no trânsito no Brasil alcança a 
incrível marca de 30 bilhões por ano; c) são 120 mil internações por ano, o que subtrai leitos do tratamento 
de outras patologias e acidentes pessoais e trabalhistas. A título de exemplo, em determinado ano, o Hospital 
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP teve 70% de seus leitos ocupados por vítimas da violência no 
trânsito; d) são hoje 30 mil brasileiros cadeirantes em razão de acidentes de trânsito; e) varia entre 40 e 50 
mil o número de mortes por ano, sendo 500 mil feridos, dos quais cerca de 180 mil terminam suas vidas com 
lesões irreversíveis.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 85
com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância 
psicoativa que determine dependência”.
Fácil notar que, diante da nova redação do art. 306 do CTB, o grau de dosagem etílica 
deixa de integrar o tipo penal do crime de embriaguez ao volante. Isso significa dizer que, em 
relação aos delitos cometidos a partir da data da vigência da Lei n° 12.760/12, a comprovação 
da condução de veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência 
de álcool poderá ser feita não apenas pelo exame de sangue ou teste em aparelho de ar alveo­
lar pulmonar (bafômetro), como também por prova testemunhai ou exame de corpo de delito 
indireto ou supletivo.
Nesse contexto, o art. 306, § Io, do CTB, com redação dada pela Lei n° 12.760/12, dispõe 
que o novel crime de embriaguez ao volante será constatado por: I - concentração igual ou 
superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de 
álcool por litro de ar alveolar; ou por sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, 
alteração da capacidade psicomotora. Ademais, nos termos do art. 306, § 2o, do CTB, com redação 
determinada pela Lei n° 12.971/14, a verificação da embriaguez ao volante poderá ser obtida 
mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhai 
ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.124
3.7.6. Conseqüências do exercício do direito de não produzir prova contra si mesmo
Se a Constituição Federal (art. 5o, LXIII) e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
(Dec. 678/92, art. 8o, § 2o, “g”) asseguram ao suspeito, indiciado, acusado, ou condenado, esteja 
ele solto ou preso, o direito de não produzir prova contra si mesmo, do exercício desse direito 
não pode advir nenhuma conseqüência que lhes seja prejudicial.125 Fosse possível a extração de 
alguma conseqüência prejudicial ao acusado por conta de seu exercício, estar-se-ia negando a 
própria existência desse direito.
Portanto, o exercício desse direito não pode ser utilizado como argumento a favor da acusação, 
não pode ser valorado na fundamentação de decisões judiciais, nem tampouco ser utilizado como 
elemento para a formação da convicção do órgão julgador. Do uso desse direito não podem ser 
extraídas presunções em desfavor do acusado, até mesmo porque milita, em seu benefício, o 
princípio da presunção de inocência (CF, art. 5o, LVII), de cuja regra probatória deriva que o 
ônus da prova recai integralmente sobre a acusação.
Da recusa em produzir prova contra si mesmo também não se pode extrair a tipificação do 
crime de desobediência (CP, art. 330). Afinal de contas, se o art. 330 do Código Penal tipifica 
a conduta de “desobedecer a ordem legal de funcionário público”, há de se concluir pela ile­
galidade da ordem que determine que o acusado produza prova contra si mesmo. O exercício 
regular de um direito - de não produzir prova contra si mesmo - não pode caracterizar crime,
124 A nosso ver, cuida-se, a nova redação do art. 306 do CTB, de novatio legis in pejus. Afinal, se antes da Lei 
n9 12.760/12 a comprovação do referido delito podia ser feita apenas por meio de exame de sangue e bafô­
metro, doravante outros meios de prova poderão ser utilizados. Destarte, esse novo tipo penal de embriaguez 
ao volante só abrange os ilícitos cometidos a partir da vigência da Lei n2 12.760/12, que se deu em data de 
21 de dezembro de 2012, sob pena de violação ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa (CF, 
art. 59, XL).
125 Segundo Maria Elizabeth Queijo, "a única conseqüência admissível do exercício do direito ao silêncio é que o 
acusado deixará de declinar elementos a seu favor, caso não responda a nenhuma das indagações formuladas. 
Ou seja, o acusado não fornecerá à autoridade interrogante a sua versão dos fatos e os elementos probatórios 
que possam dar suporte a ela. Sob tal aspecto, em alguns casos, o silêncio do acusado poderá prejudicar sua 
defesa, no todo, independentemente de qualquer valoração dele por parte do julgador. É o que ocorre nas 
situações que comportem a indicação de um álibi, por exemplo", (op. cit. p. 221).
86 M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
nem produzir conseqüências desfavoráveis ao acusado. Sua recusa em submeter-se à determi­
nada prova é legítima.
O exercício do direitoao silêncio também não pode ser utilizado como fundamento para 
majoração da pena do condenado, nem tampouco para dar suporte à eventual decretação de 
prisão cautelar, sob o argumento (equivocado) de que o acusado não colabora com a produção 
probatória. Nesse sentido, a Ia Turma do Supremo já decidiu que não constitui fundamento 
idôneo, por si só, à prisão preventiva, a consideração de que, interrogado, o acusado não haja 
demonstrado “interesse em colaborar com a Justiça”: ao indiciado não cabe o ônus de cooperar 
de qualquer modo com a apuração dos fatos que o possam incriminar.126
3.7.7. O direito de não produzir provas contra si mesmo e a prática de outros delitos.
Não se pode negar a importância e a relevância do direito de não produzir prova contra si 
mesmo. Porém, em virtude do princípio da convivência das liberdades, pelo qual não se permi­
te que qualquer das liberdades seja exercida de modo danoso à ordem pública e às liberdades 
alheias, o direito à não autoincriminação não pode ser entendido em sentido absoluto.
Discute-se, assim, se seria possível reconhecer a incidência do nemo tenetur se detegere 
quando um segundo delito fosse praticado para encobrir o primeiro. É o que ocorre, por exemplo, 
quando o agente, após praticar determinado delito, inova artificiosamente o estado de lugar, de 
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito com o objetivo de produzir 
efeito em processo penal, ainda que não iniciado (CP, art. 347, parágrafo único). Nesse caso, é 
possível que o agente responda pelos dois delitos em concurso material? Ou será que o segundo 
delito - fraude processual - está amparado pela excludente da ilicitude do exercício regular de 
direito (direito de não produzir prova contra si mesmo)?
A nosso ver, caso haja a prática de nova infração penal, de maneira autônoma e dissocia­
da de qualquer exigência de colaboração por parte de autoridade, com o objetivo de encobrir 
delito anteriormente praticado, não há falar em incidência do nemo tenetur se detegere. 
Afinal, desse princípio não decorre a não punibilidade de crimes conexos praticados para 
encobrir a prática de outros. Não fosse assim, um crime de homicídio praticado contra a tes­
temunha que presenciou o crime antecedente poderia ser considerado como exercício regular 
de direito. Portanto, em tais situações, como não há risco concreto de autoincriminação, mas 
mero temor genérico de revelação de crime anteriormente praticado, não se pode admitir que 
o direito de não produzir prova contra si mesmo possa atenuar a responsabilidade criminal 
do agente. A propósito, o Superior Tribunal de Justiça assim se pronunciou no habeas corpus 
impetrado em favor de A. N. e A. C. J, denunciados pelo homicídio triplamente qualificado de 
Isabela Nardoni, e também por fraude processual, em decorrência da alteração do local do crime: 
“(...) O direito à não auto-incriminação não abrange a possibilidade de os acusados alterarem a 
cena do crime, inovando o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, para, criando artificiosamente 
outra realidade, levar peritos ou o próprio Juiz a erro de avaliação relevante (...)”.127
Em sentido semelhante, no julgamento de Recurso Extraordinário com repercussão geral 
reconhecida em que se discutia a constitucionalidade da criminalização da fuga de local de aci­
dente constante do art. 305 do CTB (“Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para 
fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuí da”),o Plenário do STF aprovou a 
seguinte tese: “A regra que prevê o crime do art. 305 do CTB é constitucional posto não infirmar
126 STF, 1- Turma, HC 79.781/SP, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, j. 18/04/2000, DJ 09/06/2000.
127 STJ, 5a Turma, HC 137.206/SP, Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 01/12/2009, DJe 01/02/2010.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 87
o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e as hipóteses de exclusão de 
tipicidade e de antijuridicidade”. A semelhança do que já fora decidido pelo Supremo no julga­
mento do RE 640.139, quando se afirmou que o princípio constitucional da autoincriminação não 
alcança aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intuito de ocultar 
maus antecedentes, prevaleceu o entendimento de que não há direitos absolutos e que, no sis­
tema de ponderação de valores, há de ser admitida certa mitigação, até mesmo do princípio da 
não autoincriminação. Na visão da Corte, a exigência de permanência no local do acidente e de 
identificação perante a autoridade de trânsito não obriga o condutor a assumir expressamente sua 
responsabilidade civil ou penal e tampouco enseja que seja aplicada contra ele qualquer penalidade 
caso assim não o proceda. Na verdade, a depender do caso concreto, a sua permanência no local 
pode até constituir um meio de autodefesa, na medida em que terá a oportunidade de esclarecer, 
de imediato, eventuais circunstâncias do acidente que lhe sejam favoráveis.128
3.8. Princípio da proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade não está previsto de maneira expressa na Constituição 
Federal. Porém, não há como negar sua sedes materiae na própria Carta Magna, estando in­
serido no aspecto material do princípio do devido processo legal (substantive due process of 
law) - “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (CF, 
art. 5o, LIV).
Com efeito, o exame da cláusula referente ao due process o f law permite nela identificar 
alguns elementos essenciais à sua configuração como expressiva garantia de ordem constitucio­
nal, destacando-se, dentre eles, por sua inquestionável importância, as seguintes prerrogativas: 
a) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder Judiciário); b) direito à citação e ao conhe­
cimento prévio do teor da acusação; c) direito a um julgamento público e célere, sem dilações 
indevidas; d) direito ao contraditório e à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa 
técnica); e) direito de não ser processado e julgado com base em leis ex p o s t fa c to ; f) direito à 
igualdade entre as partes; g) direito de não ser processado com fundamento em provas revesti­
das de ilicitude; h) direito ao benefício da gratuidade; i) direito à observância do princípio do 
juiz natural; j) direito ao silêncio (privilégio contra a autoincriminação); 1) direito à prova; e 
m) direito de presença e de “participação ativa” nos atos de interrogatório judicial dos demais 
litisconsortes penais passivos, quando existentes.129
Como observa o Min. Gilmar Mendes, “a cláusula do devido processo legal - objeto de 
expressão proclamação pelo art. 5o, LIV, da Constituição, e que traduz um dos fundamentos 
dogmáticos do princípio da proporcionalidade - deve ser entendida, na abrangência de sua no­
ção conceituai, não só sob o aspecto meramente formal, que impõe restrições de caráter ritual 
à atuação do poder público {procedural due process o f law), mas, sobretudo, em sua dimensão 
material {substantive due process o f law), que atua como decisivo obstáculo à edição de atos 
normativos revestidos de conteúdo arbitrário ou irrazoável. A essência do substantive due p ro ­
cesso o f law reside na necessidade de proteger os direitos e as liberdades das pessoas contra 
qualquer modalidade de legislação ou de regulamentação que se revele opressiva ou destituída 
do necessário coeficiente de razoabilidade”.130
128 STF, Pleno, RE 971.959/RS, Rei. Min. Luiz Fux, j. 14/11/2018.
129 Nesse sentido: STF, 2- Turma, HC 94.016/SP, Rei. Min. Celso de Mello, DJe 038 26/02/2009.
130 Direitos fundam entais e controle de constitucionalidade: estudos de d ire ito constitucional. 3- ed. São Paulo: 
Saraiva, 2004. p. 65.
88 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
Em sede processual penal, o Poder Público não pode agir imoderadamente, pois a atividade 
estatal acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade. Daí a importância 
do princípio da proporcionalidade, que se qualifica,enquanto coeficiente de aferição da razoabi­
lidade dos atos estatais, como postulado básico de contenção dos excessos do Poder Público.131
Essa é a razão pela qual a doutrina, após destacar a ampla incidência desse postulado sobre 
os múltiplos aspectos em que se desenvolve a atuação do Estado - inclusive sobre a atividade 
estatal de produção normativa - adverte que o princípio da proporcionalidade, essencial à ra­
cionalidade do Estado Democrático de Direito e imprescindível à tutela mesma das liberdades 
fundamentais, proíbe o excesso e veda o arbítrio do Poder, extraindo a sua justificação dogmá­
tica de diversas cláusulas constitucionais, notadamente daquela que veicula, em sua dimensão 
substantiva ou material, a garantia do due process o f law.132
A fim de conferir segurança e consistência à aplicação do princípio da proporcionalidade, 
doutrina e jurisprudência conceberam pressupostos e requisitos a serem atendidos para que o 
princípio pudesse ser aplicado de maneira coerente e legítima.133
O princípio da proporcionalidade tem como pressuposto formal o princípio da legalidade, 
e como pressuposto material o princípio da justificação teleológica.
O princípio da legalidade processual, desdobramento do princípio geral da legalidade (CF, 
art. 5o, incisos II e LIV), demanda tanto a regulamentação, por lei, dos direitos exercitáveis 
durante o processo, como também a autorização e a regulamentação de qualquer intromissão 
na esfera dos direitos e liberdades dos cidadãos, efetuada por ocasião de um processo penal. 
Logo, por força do princípio da legalidade, todas as medidas restritivas de direitos fundamen­
tais deverão ser previstas por lei {nulla coactio sine lege), que deve ser escrita, estrita e prévia. 
Evita-se, assim, que o Estado realize atuações arbitrárias, a pretexto de aplicar o princípio da 
proporcionalidade.
Afinal, como destaca Maurício Zanoide de Moraes, “é norma basilar de um Estado Demo­
crático de Direito que, no âmbito criminal (penal ou processual penal), somente poderá acontecer 
coerção da esfera de direitos individuais se houver lei anterior clara, estrita e escrita que a defina 
{nulla coertio sine lege). A legalidade, que deve obedecer a todos os ditames constitucionais de 
produção legislativa, confere a um só tempo (i) a segurança jurídica a todos os cidadãos para 
conhecerem em quais hipóteses e com que intensidade os agentes persecutórios podem agir e, 
também, (ii) a previsibilidade necessária para, de antemão, saber quando os agentes públicos 
agem dentro dos limites legais e se estão autorizados a restringir os direitos fundamentais”.134
131 Segundo Luís Roberto Barroso, há uma relação de fungibilidade entre o princípio da proporcionalidade e o da 
razoabilidade, cuja origem remonta à garantia do devido processo legal, principalmente na fase em que se atribui 
a essa garantia feição substancial. Ao discorrer sobre o princípio da razoabilidade, o referido autor aponta os 
mesmos requisitos da adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito, trabalhados pela doutrina 
e pela jurisprudência como requisitos do princípio da proporcionalidade em sentido amplo. (Interpretação e 
aplicação da Constituição. 4- ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 219).
132 Nesse sentido: STUMM, Raquel Denize. Princípio da Proporcionalidade no D ireito Constitucional Brasileiro, 
p. 159/170, 1995, Livraria do Advogado Editora; FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, Direitos Humanos Funda­
mentais, p. 111/112, item n9 14,1995, Saraiva; BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, p. 352/355, 
item n9 11, 4® ed., 1993, Malheiros.
133 SERRANO, Nicolas Gonzales-Cuellar. Proporcionalidad y derechos fundam entales en ei proceso penal. Madrid: 
Colex, 1990. Capítulo 5, item 1.
134 Sigilo no processo penal: eficiência e garantismo. Coordenação: Antônio Scarance Fernandes, José Raul Gavião 
de Almeida e Maurício Zanoide de Moraes. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 33-34.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 89
Por seu turno, por força do princípio da justificação teleológica, busca-se a legitimação do 
uso da medida cautelar, a partir da demonstração das razões pelas quais a aplicação da medida 
tomou-se necessária em relação ao fim que se objetiva alcançar. Cabe aqui analisar se o fim 
almejado é constitucionalmente legítimo e se possui relevância social. Quanto à legitimidade 
constitucional, pode ser necessária a restrição de determinado direito fundamental não apenas 
para proteger outro direito fundamental, mas também bens constitucionalmente tutelados. Em 
relação à relevância social, os fins devem ser socialmente relevantes para justificar a limitação 
a um direito fundamental.
Além dos pressupostos da legalidade e da justificação teleológica, o princípio da propor­
cionalidade também possui requisitos extrínsecos e intrínsecos. Subdividem-se os primeiros 
nos requisitos da judicialidade e da motivação; os segundos, na adequação (ou idoneidade), 
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Por judicialidade compreende-se a exigência que as limitações aos direitos fundamentais 
somente possam ocorrer por decisão do órgão jurisdicional competente. A denominada cláusula 
de reserva de jurisdição garante ao Poder Judiciário não apenas dar a última palavra em matéria 
de restrição de direitos fundamentais, como também assegurar sua manifestação já no primeiro 
momento em que a restrição se mostrar necessária.135
Quanto à motivação, há de se ter em mente que, em se tratando de decisões das quais resulte, 
de alguma forma, restrição a direitos fundamentais, será por meio da fundamentação da decisão 
judicial que se poderá aferir quais os motivos de fato e de direito levados em consideração pelo 
magistrado para a formação de seu convencimento, permitindo ao cidadão impugnar o ato se o 
entender inconstitucional ou ilegal.
Os requisitos intrínsecos, também denominados de subprincípios da proporcionalidade ou 
elementos de seu conteúdo, são a adequação (ou idoneidade), a necessidade e a proporcionalidade 
em sentido estrito. Esses três subprincípios da proporcionalidade são bem sintetizados por Willis 
Santiago Guerra Filho: “Resumidamente, pode-se dizer que uma medida é adequada, se atinge 
o fim almejado, exigível, por causar o menor prejuízo possível e finalmente, proporcional em 
sentido estrito, se as vantagens que trará superarem as desvantagens.”136
3.8.1. Da adequação
O primeiro requisito intrínseco ao princípio da proporcionalidade em sentido amplo é o 
da adequação, também denominado de princípio da idoneidade ou da conformidade. Por força 
da adequação, a medida restritiva será considerada adequada quando for apta a atingir o fim 
proposto. Não se deve permitir, portanto, o ataque a um direito fundamental se o meio adotado 
não se mostrar apropriado à consecução do resultado pretendido.
135 A propósito da importância do Poder Judiciário como instrumento concretizador das liberdades civis, das franquias 
constitucionais e dos direitos fundamentais assegurados por tratados internacionais firmados pelo Brasil, opor­
tuna é a lição do Min. Celso de Mello: "O juiz, no plano de nossa organização institucional, representa o órgão 
estatal incumbido de concretizar as liberdades públicas proclamadas pela declaração constitucional de direitos 
e reconhecidas pelos atos e convenções internacionais fundados no direito das gentes. Assiste, desse modo, 
ao Magistrado, o dever de atuar como instrumento da Constituição - e garante de sua supremacia - na defesa 
incondicional e na garantia real das liberdades fundamentais da pessoa humana, conferindo, ainda, efetividade 
aos direitos fundados em tratados internacionais de que o Brasil seja parte. Essa é a missão socialmente mais 
importante e politicamente mais sensível que se impõe aos magistrados". (STF, Tribunal Pleno, RE 466.343/SP, 
Rei. Min. Cezar Peluso, j. 03/12/2008, DJe 104 04/06/2009).
136 Ensaios de teoria constitucional. Fortaleza, UFC - Imprensa Universitária, 1989.p. 75.
90 M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Uma
Essa adequação deve ser aferida num plano qualitativo, quantitativo e também em seu 
âmbito subjetivo de aplicação. A adequação qualitativa impõe que as medidas sejam qua­
litativamente aptas a alcançar o fim desejado, ou seja, idôneas por sua própria natureza. 
Exemplificando, se o objetivo é evitar a fuga do acusado, não faz sentido querer proibi-lo 
de entrar em contato com certas pessoas, pois a medida adotada seria qualitativamente ina­
dequada. A adequação quantitativa cuida da duração e da intensidade da medida em relação 
à finalidade pretendida. Supondo-se que uma prisão preventiva tenha sido decretada para 
assegurar a conveniência da instrução criminal, uma vez concluída a instrução processual, a 
medida deve ser revogada, a não ser que haja outro motivo legal que justifique a segregação 
do acusado. Por derradeiro, a adequação na determinação do âmbito subjetivo de aplicação diz 
respeito à individualização do sujeito passivo da medida e à proibição de extensão indevida 
de sua aplicação. Afinal, a depender das circunstâncias do caso concreto, uma medida, em 
um mesmo processo, pode ser subjetivamente adequada em relação a um dos acusados, mas 
não sê-lo em relação a outro. Por isso, no âmbito processual penal, para que sejam adotadas 
medidas restritivas, é necessário que haja indícios de autoria ou de participação na prática 
de determinada infração penal, sendo que, a depender da ingerência a ser realizada, exige-se 
maior grau de suspeita.137
Com base no subprincípio da adequação, há, portanto, uma relação de meio e fim, devendo 
se questionar se o meio escolhido contribui para a obtenção do resultado pretendido.
3.8.2. Da necessidade
O segundo requisito ou subprincípio da proporcionalidade é o da necessidade ou da exi­
gibilidade, também conhecido como princípio da intervenção mínima, da menor ingerência 
possível, da alternativa menos gravosa, da subsidiariedade, da escolha do meio mais suave, ou 
da proibição de excesso.
Por força dele, entende-se que, dentre várias medidas restritivas de direitos fundamentais 
idôneas a atingir o fim proposto, deve o Poder Público escolher a menos gravosa, ou seja, aquela 
que menos interfira no direito de liberdade e que ainda seja capaz de proteger o interesse público 
para o qual foi instituída.
Como aponta a doutrina, o princípio da necessidade é princípio constitucional porque 
deriva da proibição do excesso; é princípio comparativo porque induz o órgão da persecução 
penal à busca de medidas alternativas idôneas; tende à otimização da eficácia dos direitos 
fundamentais porque obriga a refutar as medidas que possam ser substituídas por outras menos 
gravosas, com o que se diminui a lesividade da intromissão na esfera dos direitos e liberdades 
do indivíduo.138
Assim, entre diversas opções idôneas a atingir determinado fim, deve o magistrado bus­
car aquela que produza menos restrições à obtenção do resultado. Em outras palavras, deve 
o juiz se indagar acerca da existência de outra medida menos gravosa apta a lograr o mesmo 
objetivo. A título de exemplo, por conta do art. 2o, inciso II, da Lei n° 9.296/96, a intercep- 
tação de comunicações telefônicas só poderá ser deferida quando a prova não puder ser feita
137 Nesse sentido: DELMANTO, Fábio Machado de Almeida. Medidas substitutivas e alternativas à prisão cautelar. 
Op. cit. p. 67-68.
138 SERRANO, Nicolas Gonzales-Cuellar. Proporcionalidad y derechos fundamentales en el proceso penal. Madrid: 
Colex, 1990. p. 189.
TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
por outros meios disponíveis, ou seja, se for possível comprovar-se o fato por meio de prova 
menos gravoso, não se justifica a violação à intimidade. Por outro lado, no caso de prisões 
cautelares, lembra Camelutti que a medida “se assemelha a um daqueles remédios heroicos 
que devem ser ministrados pelo médico com suma prudência, porque podem curar o enfermo, 
mas também podem ocasionar-lhe um mal mais grave; quiçá uma comparação eficaz se possa 
fazer com a anestesia geral, a qual é um meio indispensável para o cirurgião, mas ah se este 
abusa dela!”139
3.8.3. Da proporcionalidade em sentido estrito
O terceiro subprincípio - proporcionalidade em sentido estrito - impõe um juízo de pondera­
ção entre o ônus imposto e o benefício trazido, a fim de se constatar se se justifica a interferência 
na esfera dos direitos dos cidadãos. É a verificação da relação de custo-benefício da medida, ou 
seja, da ponderação entre os danos causados e os resultados a serem obtidos. De acordo com 
Canotilho, “uma lei restritiva, mesmo adequada e necessária, pode ser inconstitucional, quando 
adote cargas coativas de direitos, liberdades e garantias desmedidas, desajustadas, excessivas 
ou desproporcionadas em relação aos resultados obtidos”.140
Por força do princípio da proporcionalidade em sentido estrito, entre os valores em conflito
- o que demanda a adoção da medida restritiva e o que protege o direito individual a ser violado
- deve preponderar o de maior relevância. Há de se indagar, pois, se o gravame imposto ao titular 
do direito fundamental guarda relação de proporcionalidade com a importância do bem jurídico 
que se pretende tutelar. No âmbito processual penal, este juízo de ponderação opera-se entre o 
interesse individual e o interesse estatal. De um lado, o interesse do indivíduo na manutenção de 
seu ius libertatis, com o pleno gozo dos direitos fundamentais. Do outro, o interesse estatal nas 
medidas restritivas de direitos fundamentais está consubstanciado pelo interesse na persecução 
penal, objetivando-se a tutela dos bens jurídicos protegidos pelas normas penais.
4. LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO
Enquanto à lei penal aplica-se o princípio da territorialidade (CP, art. 5o) e da extraterri- 
torialidade incondicionada e condicionada (CP, art. 7o), o Código de Processo Penal adota o 
princípio da territorialidade ou da lex fori. E isso por um motivo óbvio: a atividade jurisdicional 
é um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras do 
respectivo Estado.
Assim, mesmo que um ato processual tenha que ser praticado no exterior, v.g., citação, 
intimação, interrogatório, oitiva de testemunha, etc., a lei processual penal a ser aplicada é 
a do país onde tais atos venham a ser realizados. Na mesma linha, aplica-se a lei processual 
brasileira aos atos referentes às relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras que devam 
ser praticados em nosso país, tais como os de cumprimento de carta rogatória (CPP, arts. 783 e 
seguintes), homologação de sentença estrangeira (CPP, arts. 787 e seguintes), procedimento de 
extradição (Lei n° 6.815/80, arts. 76 e seguintes), etc.
Na visão da doutrina, todavia, há situações em que a lei processual penal de um Estado 
pode ser aplicada fora de seus limites territoriais: a) aplicação da lei processual penal de um 
Estado em território nullius; b) quando houver autorização do Estado onde deva ser praticado 
o ato processual; c) em caso de guerra, em território ocupado.
91
139 Lecciones sobre ei Proceso Penal. Trad. Santiago Santis Melendo. Buenos Aires: Editora Bosch, 1950, v. II, p. 75.
140 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional. ed. Coimbra: Almedina, 1989. p. 488.
92 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
Confirmando a adoção do princípio da territorialidade, o art. Io do CPP dispõe que o processo 
penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, pelo Código de Processo Penal, ressalvados: I - 
os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais 
do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente 
da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade; 
III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tri­
bunal especial; V - os processos por crimes de imprensa. Ademais, segundoo parágrafo único 
do art. Io, aplicar-se-á, entretanto, o CPP aos processos referidos nos incisos IV e V, quando as 
leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
Além do art. Io do CPP, especial atenção também deve ser dispensada ao art. 5o, § 4o, da 
Constituição Federal, que prevê que “o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Interna­
cional a cuja criação tenha manifestado adesão”. Tem-se aí mais uma hipótese de não aplicação 
da lei processual penal brasileira aos crimes praticados no país, nas restritas situações em que 
o Estado brasileiro reconhecer a necessidade do exercício da jurisdição penal internacional.
Portanto, como se percebe, a regra é que todo e qualquer processo penal que surgir no 
território nacional deva ser solucionado consoante as regras do Código de Processo Penal (locus 
regit actum). Há, todavia, exceções.
4.1. Tratados, convenções e regras de direito internacional
Em matéria penal, deve-se adotar, em regra, o princípio da territorialidade, desenvolvendo-se 
na justiça pátria o processo e os respectivos incidentes, não se podendo olvidar, outrossim, de 
eventuais tratados ou outras normas internacionais a que o país tenha aderido, nos termos dos 
arts. Io do CPP e 5o, caput, do CP. Tem-se, assim, que a competência internacional é regulada 
ou pelo direito internacional ou pelas regras internas de determinado país, tendo por fontes os 
costumes, os tratados normativos e outras regras de direito internacional.
Portanto, não há ilegalidade na utilização, em processo penal em curso no Brasil, de in­
formações compartilhadas por força de acordo internacional de cooperação em matéria penal e 
oriundas de quebra de sigilo bancário determinada por autoridade estrangeira, com respaldo no 
ordenamento jurídico de seu país, para a apuração de outros fatos criminosos lá ocorridos, ainda 
que não haja prévia decisão da justiça brasileira autorizando a quebra do sigilo. Dessa forma, 
se a juntada da documentação aos autos se deu por força de pedidos de cooperação judiciária 
internacional baseados no Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal, tendo sido apre­
sentada devidamente certificada, de modo a se comprovar a autenticidade e a regularidade na 
sua obtenção, não há que se falar em ilegalidade no compartilhamento das provas oriundas da 
quebra do sigilo bancário realizado em outro país.141
Noutro giro, por força da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo De­
creto Legislativo 103/1964, e promulgada pelo Decreto n° 56.435, de 08/06/1965, Chefes de governo 
estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas famílias e membros das comitivas, embaixadores e suas 
famílias, funcionários estrangeiros do corpo diplomático e suas família, assim como funcionários 
de organizações internacionais em serviço (ONU, OEA, etc.) gozam de imunidade diplomática, 
que consiste na prerrogativa de responder no seu país de origem pelo delito praticado no Brasil.
Como se percebe, por conta de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo 
em virtude de regras de Direito Internacional, a lei processual penal deixa de ser aplicada aos
141 Nessa linha: STJ, 5§ Turma, HC 231.633/PR, Rei. Min. Jorge Mussi, j. 25/11/2014, DJe 3/12/2014.
93TÍTULO 1 • NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
crimes praticados por tais agentes no território nacional, criando-se, assim, verdadeiro obstáculo 
processual à aplicação da lei processual penal brasileira.
Destarte, tais pessoas não podem ser presas e nem julgadas pela autoridade do país onde 
exercem suas funções, seja qual for o crime praticado (CPP, art. Io, inciso I). Em caso de fa­
lecimento de um diplomata, os membros de sua família “continuarão no gozo dos privilégios 
e imunidades a que têm direito, até a expiração de um prazo razoável que lhes permita deixar 
o território do Estado acreditado” (art. 39, § 3o, da Convenção de Viena sobre relações diplo­
máticas). Admite-se renúncia expressa à garantia da imunidade pelo Estado acreditante, ou 
seja, aquele que envia o Chefe de Estado ou representante. Tal imunidade não é extensiva aos 
empregados particulares dos agentes diplomáticos.
Quanto ao cônsul, este só goza de imunidade em relação aos crimes funcionais (Convenção 
de Viena de 1963 sobre Relações Consulares - Decreto n° 61.078, de 26/07/1967). Esse o motivo 
pelo qual, ao apreciar habeas corpus referente a crime de pedofilia supostamente praticado pelo 
Cônsul de Israel no Rio de Janeiro, posicionou-se a Suprema Corte pela inexistência de obstáculo 
à prisão preventiva, nos termos do art. 41 da Convenção de Viena, pois os fatos imputados ao 
paciente não guardavam pertinência com o desempenho das funções consulares.142
4.2. Prerrogativas constitucionais do Presidente da República e de outras autoridades
Refere-se a segunda ressalva do art. Io do CPP às prerrogativas constitucionais do Presidente 
da República e de outras autoridades, em relação aos crimes de responsabilidade.
A denominada Justiça Política corresponde à atividade jurisdicional exercida por órgãos 
políticos, alheios ao Poder Judiciário, apresentando como objetivo precípuo o afastamento do 
agente público que comete crimes de responsabilidade de suas funções.
A título de exemplo, de acordo com o art. 52, incisos I e II, da Constituição Federal, compete 
privativamente ao Senado Federal processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República 
nos crimes de responsabilidade, assim como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, 
do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles, bem como 
os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do 
Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral 
da União nos crimes de responsabilidade, observando-se, em relação ao Presidente da República 
e aos Ministros de Estado, a competência da Câmara dos Deputados para a admissibilidade e a 
formalização da acusação (CF, art. 51,1; CF, art. 86; Lei n° 1.079/50, art. 20 e seguintes).
Por sua vez, compete a um Tribunal Especial, composto por cinco Deputados, escolhidos 
pela Assembléia, e cinco Desembargadores, sorteados pelo Presidente do Tribunal de Justiça, que 
também o presidirá (Lei n° 1.079/50, art. 78, § 3o), processar e julgar, nos crimes de responsabili­
dade, o Governador, o Vice-Govemador, e os Secretários de Estado, nos crimes da mesma natureza 
conexos com aqueles, assim como o Procurador-Geral de Justiça e o Procurador-Geral do Estado.
No caso de crimes de responsabilidade praticados por Prefeitos Municipais (infrações po- 
lítico-administrativas), que são os tipificados no art. 4o do Decreto-lei n° 201/67, a competência 
para julgamento é da Câmara Municipal. O processo pressupõe que o Prefeito Municipal esteja 
no exercício do mandato, na medida em que a única sanção prevista é a cassação do mandato.
Conquanto a Constituição Federal e a legislação ordinária acima referida (Lei n° 1.079/50 
e Decreto-lei n° 201/67) se refiram à prática de crimes de responsabilidade, atribuindo ao
142 STF, ia Turma, HC 81.158/RJ, Relatora Ministra Ellen Gracie, DJ 19/12/2002.
94 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
Senado Federal, ao Tribunal Especial e à Câmara Municipal o exercício dessa atividade juris- 
dicional atípica, tecnicamente não há falar em crime, mas sim no julgamento de uma infração 
político-administrativa.143
Nesse cenário, é indispensável diferenciarmos crimes de responsabilidade em sentido amplo 
de crimes de responsabilidade em sentido estrito.
Crimes de responsabilidade em sentido amplo são aqueles cuja qualidade de funcionário 
público (CP, art. 327) funciona como elementar do delito. É o que ocorre com os crimes pra­
ticados por funcionários públicos contra a administração pública (CP, arts. 312 a 326). Esses 
crimes de responsabilidade em sentido amplo estão inseridos naquilo que a Constituição Federal 
denomina de crimes comuns ou infrações penais comuns.
Por seu turno, crimesde responsabilidade em sentido estrito são aqueles que somente 
podem ser praticados por determinados agentes políticos. Prevalece o entendimento de que não 
têm natureza jurídica de infração penal, mas sim de infração político-administrativa, passível 
de sanções político-administrativas, aplicadas por órgãos jurisdicionais políticos (normalmente 
órgãos mistos, compostos por parlamentares ou por parlamentares e magistrados). Como desses 
crimes de responsabilidade não decorre sanção criminal, não podem ser qualificados como in­
frações penais, figurando, pois, como infrações políticas da alçada do Direito Constitucional.144
4.3. Processos da competência da Justiça Militar
Outra ressalva feita pelo art. Io do CPP diz respeito aos processos da competência da Justiça 
Militar. De acordo com o art. 124 da Constituição Federal, à Justiça Militar da União compete 
processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Lado outro, segundo o art. 125, § 4o, da 
Carta Magna, compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos 
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada 
a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre 
a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
A inaplicabilidade do Código de Processo Penal no âmbito da Justiça Militar justifica-se pelo 
fato de ser aplicável, na Justiça Castrense, o Código Penal Militar (Decreto-Lei n° 1.001/69) e o 
Código de Processo Penal Militar (Decreto-Lei n° 1.002/69). Entretanto, é importante destacar 
que o próprio estatuto processual penal militar prevê a possibilidade de os casos omissos serem 
supridos pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem 
prejuízo da índole do processo penal militar (CPPM, art. 3o, alínea “a”).
4.4. Processos da competência do tribunal especial
O art. Io, inciso IV, do CPP, faz menção aos processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, n° 17). Os artigos citados referem-se à Constituição de 1937, sendo que 
esse tribunal especial a que faz menção o inciso IV é o antigo Tribunal de Segurança Nacional, 
que já não existe mais, visto que foi extinto pela Constituição de 1946. O art. 122, n° 17 da Carta
143 Segundo Pacelli, "mesmo quando a Constituição atribui a órgãos do Judiciário a competência para o julgamento 
de crimes de responsabilidade (art. 105,1, a, por exemplo), não se estará exercendo outro tipo de jurisdição que 
não seja a de natureza política, diante da natureza igualmente política das infrações" (op. cit. p. 188).
144 De acordo com o art. 29 da Lei n9 1.079/50, os crimes definidos nesta Lei, ainda quando simplesmente tenta­
dos, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até 5 (cinco) anos, para o exercício de qualquer 
função pública, imposta pelo Senado Federal nos processos contra o Presidente da República ou ministros de 
Estado, contra os ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador-Geral da República. Além disso, 
"a imposição da pena referida no artigo anterior (art. 29) não exclui o processo e julgamento do acusado por 
crime comum, na justiça ordinária, nos termos das leis de processo penal." (Lei n9 1.079/50, art. 39).
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 95 í
de 1937 previa que “os crimes que atentarem contra a existência, a segurança e a integridade do 
Estado, a guarda e o emprego da economia popular serão submetidos a processo e julgamento 
perante tribunal especial, na forma que a lei instituir”.
Hoje, os crimes contra a segurança nacional estão definidos na Lei n° 7.170/83. Apesar de 
o art. 30 da Lei n° 7.170/83 dispor que os crimes nela previstos são da competência da Justiça 
Militar, referido dispositivo não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, porquanto, 
segundo o art. 109, inciso IV, compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes políticos, 
com recurso ordinário para o Supremo (CF, art. 102, II, “b”).
4.5. Crimes de imprensa
Outra ressalva constante do art. Io do CPP diz respeito aos processos penais por crimes 
de imprensa. Referidos delitos estavam previstos na Lei n° 5.250/67. Dizemos que estavam 
previstos na Lei n° 5.250/67 porque, no julgamento da arguição de descumprimento de preceito 
fundamental n° 130, o Supremo Tribunal Federal julgou procedente o pedido ali formulado 
para o efeito de declarar como não recepcionado pela Constituição Federal todo o conjunto de 
dispositivos da Lei 5.250/67.145
Como decidiu a própria Suprema Corte, a não recepção da Lei de Imprensa não impede 
o curso regular dos processos fundamentados nos dispositivos legais da referida lei, nem tam­
pouco a instauração de novos processos, aplicando-se lhes, contudo, as normas da legislação 
comum, notadamente, o Código Civil, o Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código 
de Processo Penal.
4.6. Crimes eleitorais
Apesar de o art. Io do Código de Processo Penal não fazer expressa referência aos processos 
criminais da competência da Justiça Eleitoral, isso se justifica pelo fato de, à época da elaboração 
do CPP, estar em vigor a Constituição de 1937, que não tratava da Justiça Eleitoral, e muito 
menos dos crimes eleitorais, já que, vigia, então, um regime de exceção. Todavia, a Constituição 
Federal de 1988 dispõe em seu art. 121 que Lei complementar disporá sobre a organização e 
competência dos tribunais, dos juizes de direito e das juntas eleitorais.
Destarte, embora editado como lei ordinária, o Código Eleitoral (Lei n° 4.737/65) foi re­
cepcionado pela Constituição Federal como Lei complementar, mas tão somente no que tange 
à organização judiciária e competência eleitoral, tal qual prevê a Carta Magna (CF, art. 121, 
caput). Portanto, no tocante à definição dos crimes eleitorais, as normas postas no Código Elei­
toral mantêm o status de lei ordinária.
A competência criminal da Justiça Eleitoral é fixada em razão da matéria, cabendo a ela o 
processo e julgamento dos crimes eleitorais. Mas o que se deve entender por crimes eleitorais?
Como adverte a doutrina, somente são crimes eleitorais os previstos no Código Eleitoral 
(v.g., crimes contra a honra, praticados durante a propaganda eleitoral)146 e os que a lei, even­
tual e expressamente, defina como eleitorais.147 Todos eles referem-se a atentados ao processo
145 STF - ADPF 130/DF, Rei. Min. Carlos Britto, 30/04/2009.
146 Os crimes contra a honra prescritos no Código Eleitoral exigem finalidade eleitoral para que restem configurados. 
Sendo o eventual crime contra a honra praticado fora do período de propaganda eleitoral, resta afastada a figura 
típica especial do Código Eleitoral e subsiste o tipo penal previsto no Código Penal: STJ, 3a Seção, CC 79.872/BA, 
Rei. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 25/10/2007 p. 123.
147 GRECO FILHO, Vicente. Op. cit. p. 142.
96 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
eleitoral, que vai desde o alistamento do eleitor (ex: falsificação de título de eleitor para fins 
eleitorais - art. 348 do Código Eleitoral)148 até a diplomação dos eleitos. Crime que não esteja 
no Código Eleitoral ou que não tenha a expressa definição legal como eleitoral, salvo o caso de 
conexão, jamais será de competência da Justiça Eleitoral.
A motivação política ou mesmo eleitoral não é suficiente para definir a competência da Justiça 
Especial de que estamos tratando. Da mesma forma, a existência de campanha eleitoral é irrele­
vante, pois, de per si, não é suficiente para caracterizar os crimes eleitorais à falta de tipificação 
legal no Código Eleitoral ou em leis eleitorais extravagantes. Assim, por exemplo, a prática de um 
homicídio, ainda que no período que antecede as eleições, e mesmo que por motivos político-elei- 
torais, será julgado pelo Júri comum, porquanto tal delito não é elencado como crime eleitoral.
4.7. Outras exceções
O art. Io do CPP faz menção expressa apenas às ressalvas anteriormente trabalhadas. Toda­Ação penal nos crimes de lesão cor­
poral leve e lesão corporal culposa com vio­
lência doméstica e familiar contra a mulher.... 292
14.4. Ação penal nos crimes ambientais:
pessoas jurídicas e dupla imputação.............. 294
14.5. Ação penal nos crimes contra a digni­
dade sexual (Lei n5 13.718/18)........................ 295
14.5.1. Redação original do art. 225 do
CP (antes da Lei n. 12.015/09).................. 296
14.5.2. Redação do art. 225 do CP de­
terminada pela Lei n. 12.015/09 (antes
da Lei n. 13.718/18).................................. 298
14.5.3. Redação do art. 225 do CP de­
terminada pela Lei n. 13.718/18............... 300
14.5.4. Quadro comparativo da ação
penal nos crimes contra a dignidade 
sexual......................................................... 301
14.5.5. Direito intertemporal.................... 301
14.6. Ação penal no crime de invasão de
dispositivo informático..................................... 304
15. Peça acusatória................................................. 305
15.1. Denúncia e queixa-crime........................ 305
15.2. Requisitos da peça acusatória................ 306
15.2.1. Exposição do fato criminoso
com todas as suas circunstâncias............. 307
15.2.2. Qualificação do acusado.............. 309
15.2.3. Classificação do crime.................. 311
15.2.4. Rol de testemunhas...................... 311
15.2.5. Endereçamento da peça acusa­
tória 312
15.2.6. Redação em vernáculo................. 313
15.2.7. Razões de convicção ou presun­
ção da delinqüência................................. 313
15.2.8. Peça acusatória subscrita pelo
Ministério Público ou pelo advogado do 
querelante................................................. 313
15.2.9. Procuração da queixa-crime e
recolhimento de custas............................ 314
15.3. Prazo para o oferecimento da peça
acusatória......................................................... 316
16. Questões diversas............................................. 318
16.1. Denúncia genérica e crimes societários.. 318
16.1.1. Acusação geral e acusação ge­
nérica 319
16.2. Cumulação de imputações..................... 320
16.3. Imputação implícita................................ 320
16.4. Imputação alternativa............................ 321
17. Aditamento à denúncia.................................... 323
SUMÁRIO I 15
17.1. Espécies de aditamento......................... 325
17.1.1. Quanto ao objeto do aditamen­
to: próprio e impróprio............................ 325
17.1.2. Quanto à voluntariedade do
aditamento: espontâneo e provocado..... 326
17.2. Interrupção da prescrição...................... 327
17.3. Procedimento do aditamento................ 328
17.4. Aditamento à queixa-crime.................... 328
18. Ação civil ex delicto....................................... 329
18.1. Noções introdutórias.............................. 329
18.2. Sistemas atinentes à relação entre a
ação civil ex delicto e o processo penal......... 330
18.3. Efeitos civis da absolvição penai............ 332
18.4. Obrigação de indenizar o dano cau­
sado pelo delito como efeito genérico da 
sentença condenatória..................................... 336
18.4.1. Quantificação do montante a
ser indenizado ao ofendido...................... 339
18.4.2. Natureza do dano cuja indeni­
zação mínima pode ser fixada na sen­
tença condenatória.................................. 342
TÍTULO 4 • COMPETÊNCIA
CRIMINAL.............................................................................. 345
CAPÍTULO I - PREMISSAS FUNDAMENTAIS 
E ASPECTOS INTRODUTÓRIOS.................................. 345
1. Jurisdição e competência................................... 345
2. Princípio do juiz natural..................................... 346
2.1. Lei processual que altera regras de com­
petência............................................................ 347
2.2. Convocação de Juizes de l 9 grau de
jurisdição para substituição de Desembar­
gadores............................................................. 349
3. Espécies de competência................................... 351
4. Competência absoluta e relativa........................ 353
4.1. Quanto à natureza do interesse............... 353
4.2. Quanto à arguição da incompetência...... 354
4.3. Quanto ao reconhecimento da incom­
petência no juízo ad quem.............................. 357
4.4. Quanto às conseqüências da incompe­
tência absoluta e relativa................................ 359
4.5. Quanto à coisa julgada nos casos de
incompetência absoluta e relativa.................. 362
4.6. Quadro sinóptico dos regimes jurídicos
das regras de incompetência absoluta e re­
lativa................................................................. 363
5. Fixação da competência criminal....................... 364
6. Competência internacional................................ 365
7. Tribunal Penal Internacional............................... 367
CAPÍTULO II - COMPETÊNCIA EM RAZÃO 
DA MATÉRIA....................................................................... 371
1. Competência Criminal da Justiça Militar......... 371
1.1. Distinção entre a Justiça Militar da
União e a Justiça Militar dos Estados.............. 371
1.1.1. Quanto à competência criminal..... 371
1.1.2. Quanto à competência para o
processo e julgamento de ações judi­
ciais contra atos disciplinares militares.... 372
1.1.3. Quanto ao acusado........................ 373
1.1.4. Quanto ao órgão jurisdicional de
l 9 instância................................................ 375
1.1.5. Quanto ao órgão jurisdicional de
29 instância................................................ 377
1.1.6. Quadro comparativo entre a Jus­
tiça Militar da União e a Justiça Militar 
Estadual..................................................... 378
1.2. Crime militar.............................................. 379
1.2.1. Crime propriamente militar e
crime impropriamente militar.................. 379
1.2.2. Crime militar de tipificação direta
e crime militar de tipificação indireta....... 382
1.2.3. Crimes militares extravagantes (cri­
mes militares por equiparação à legislação 
penal comum ou crimes militares por exten­
são): a nova competência da Justiça Militar
(Lei n. 13.491/17)............................................. 383
1.2.3.1. Lei n. 13.491/17 e o princípio
do juiz natural........................................... 387
1.2.3.2. Lei n. 13.491/17 e o direito in­
tertemporal............................................... 387
1.2.3.3. (In) constitucionalidade da Lei
n. 13.491/17.............................................. 389
1.3. (In) constitucionalidade e (in) con- 
vencionalidade da competência da Jus­
tiça Militar da União para o processo e 
julgamento de civis pela prática de cri­
mes militares definidos em lei (ADPF 289) 391
1.4. (In) constitucionalidade da competên­
cia da Justiça Militar da União para o proces­
so e julgamento de crimes cometidos por ou 
contra militares no exercício de atribuições 
subsidiárias das Forças Armadas (ADPF 5.032) 395
1.5. Dos crimes militares em tempo de paz........ 397
1.5.1. Do conceito de militar para fins
de aplicação da lei penal militar............... 397
1.5.2. Do inciso I do art. 99 do Código
Penal Militar.............................................. 401
1.5.3. Do inciso II do art. 99 do Código
Penal M ilita r ................................................... 402
1.5.4. Do inciso III do art. 99 do CPM....... 414
1.5.5. Dos crimes dolosos contra a vida
praticados por militares contra civis......... 422
1.5.6. Dos crimes militares praticados
em tempo de guerra................................. 429
2. Competência Criminal da Justiça Eleitoral........ 429
3. Competência Criminal da Justiça do Trabalho .... 432
16 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
4. Competência Criminal da Justiça Federal........ 433
4.1. Considerações iniciais.............................. 433
4.2. Atribuições de polícia investigativa da
Políciavia, face a existência de diversas leis especiais, editadas após a vigência do CPP (Io de janeiro de 
1942), com previsão expressa de procedimento distinto, conclui-se que, por força do princípio 
da especialidade, a tais infrações será aplicável a respectiva legislação, aplicando-se o Código 
de Processo Penal apenas subsidiariamente. Vários exemplos podem ser lembrados:
1) O processo e julgamento dos crimes de abuso de autoridade é regulado pela Lei n° 
4.898/65;
2) Os crimes da competência originária dos Tribunais possuem procedimento específico 
previsto na Lei n° 8.038/90;
3) As infrações de menor potencial ofensivo, assim compreendidas as contravenções penais 
e crimes cuja pena máxima não seja superior a 02 (dois) anos, cumulada ou não com multa, 
submetidos ou não a procedimento especial, devem ser processadas e julgadas pelos Juizados Es­
peciais Criminais, pelo menos em regra, com procedimento regulamentado pela Lei n° 9.099/95;
4) Os crimes falimentares também possuem procedimento especial disciplinado na Lei 
n° 11.101/05 (arts. 183 a 188);
5) O Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741/03, art. 94) também possui dispositivos expressos 
acerca do procedimento a ser aplicado aos crimes ali previstos;
6) A Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/06) também estabelece dispositivos processuais 
penais específicos quanto às hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher;
7) A Lei de drogas (Lei n° 11.343/06) traz em seu bojo um capítulo inteiro dedicado ao 
procedimento penal, prevendo expressamente a possibilidade de aplicação, subsidiária, do Código 
de Processo Penal e da Lei de Execução Penal (art. 48, caput).
5. LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO
A legislação processual penal tem sofrido inúmeras alterações nos últimos anos. Diante da 
sucessão de leis no tempo, apresenta-se de vital importância o estudo do direito intertemporal.
No âmbito do Direito Penal, o tema não apresenta maiores controvérsias. Afinal, por força 
da Constituição Federal (art. 5o, XL), a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Logo, cuidando-se de norma penal mais gravosa, vige o princípio da irretroatividade. Da mesma 
forma que a lei penal mais grave não pode retroagir, é certo que a lei mais benéfica é dotada 
de extratividade: fala-se, assim, em ultratividade quando a lei, mesmo depois de ser revogada,
148 STJ, 33 Seção, CC 26.105/PA, Rei. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 27/08/2001 p. 221.
TÍTULO 1 • N O ÇÕ ES INTRODUTÓRIAS 97
continua a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência; por sua vez, retroatividade seria 
a possibilidade conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos 
anteriormente à sua entrada em vigor.
Raciocínio distinto, porém, é aplicável ao processo penal. De acordo com o art. 2o do CPP, 
que consagra o denominado princípio tempus regit actum, “a lei processual penal aplicar-se-á desde 
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Como se vê, por 
força do art. 2o do CPP, incide no processo penal o princípio da aplicabilidade imediata, no sentido 
de que a norma processual aplica-se tão logo entre em vigor, sem prejuízo da validade dos atos já 
praticados anteriormente. O fundamento da aplicação imediata da lei processual é que se presume 
seja ela mais perfeita do que a anterior, por atentar mais aos interesses da Justiça, salvaguardar 
melhor o direito das partes, garantir defesa mais ampla ao acusado, etc. Portanto, ao contrário da lei 
penal, que leva em conta o momento da prática delituosa (itempus delicti), a aplicação imediata da 
lei processual leva em consideração o momento da prática do ato processual {tempus regit actum).
Do princípio tempus regit actum derivam dois efeitos: a) os atos processuais praticados 
sob a vigência da lei anterior são considerados válidos; b) as normas processuais têm aplicação 
imediata, regulando o desenrolar restante do processo.
Apesar de o art. 2o do CPP não estabelecer qualquer distinção entre as normas processuais, 
doutrina e jurisprudência têm trabalhado crescentemente com uma subdivisão dessas regras:
a) normas genuinamente processuais: são aquelas que cuidam de procedimentos, atos 
processuais, técnicas do processo. A elas se aplica o art. 2o do CPP;
b) normas processuais materiais (mistas ou híbridas): são aquelas que abrigam naturezas 
diversas, de caráter penal e de caráter processual penal. Normas penais são aquelas que cuidam 
do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da condenação e do direito de punir 
do Estado (v.g., causas extintivas da punibilidade). De sua vez, normas processuais penais são 
aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final da execução ou extinção da 
punibilidade. Assim, se um dispositivo legal, embora inserido em lei processual, versa sobre 
regra penal, de direito material, a ele serão aplicáveis os princípios que regem a lei penal, de 
ultratividade e retroatividade da lei mais benigna.
Não há consenso na doutrina acerca do conceito de normas processuais materiais ou mistas. 
Uma primeira corrente sustenta que normas processuais materiais ou mistas são aquelas que, 
apesar de disciplinadas em diplomas processuais penais, dispõem sobre o conteúdo da pretensão 
punitiva, tais como aquelas relativas ao direito de queixa, ao de representação, à prescrição e à 
decadência, ao perdão, à perempção, etc.149 Uma segunda corrente, de caráter ampliativo, sustenta 
que normas processuais materiais são aquelas que estabelecem condições de procedibilidade, meios 
de prova, liberdade condicional, prisão preventiva, fiança, modalidade de execução da pena e todas 
as demais normas que produzam reflexos no direito de liberdade do agente - , ou seja, todas as 
normas que tenham por conteúdo matéria que seja direito ou garantia constitucional do cidadão.150
Independentemente da corrente que se queira adotar, é certo que às normas processuais 
materiais se aplica o mesmo critério do direito penal, isto é, tratando-se de norma benéfica ao
149 Com esse entendimento: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 5 ̂ ed. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 139. Para o autor, as regras vinculadas à prisão do réu também 
devem ser consideradas normas processuais penais materiais, uma vez que se referem à liberdade do indivíduo.
150 Nesse sentido: BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. As reformas no processo penal: as novas Leis de 2008 
e os projetos de reforma. Coordenação Maria Thereza Rocha de Assis Moura. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2008. p. 22.
M ANUAL DE PR O CESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima98
agente, mesmo depois de sua revogação, referida lei continuará a regular os fatos ocorridos 
durante a sua vigência (ultratividade da lei processual penal mista mais benéfica); na hipótese 
de novatio legis in mellius, referida norma será dotada de caráter retroativo, a ela se conferindo 
o poder de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente a sua vigência.
São inúmeros os exemplos de normas processuais materiais que têm se sucedido no tem­
po.151 Vejamos alguns deles.
5.1. Lei n° 9.099/95 e seu caráter retroativo
De acordo com o art. 90 da Lei n° 9.099/95, as disposições da Lei dos Juizados Especiais 
Criminais não seriam aplicáveis aos processos penais cuja instrução já estivesse iniciada. Dis­
cutiu-se, à época, se seria possível que esse dispositivo restringisse a aplicação da referida lei 
aos processos penais cuja instrução já estivesse em curso.
Sem dúvida alguma, trata-se a Lei n° 9.099/95 de norma processual híbrida ou mista, por­
quanto reúne dispositivos de natureza genuinamente processual e de natureza material. De fato, 
no tocante ao procedimento sumaríssimo ali previsto, fica evidente que se aplica o art. 2o do 
CPP, já que se trata de norma genuinamente processual.
Não obstante, não se pode perder de vista que a Lei n° 9.099/95 também introduziu no 
ordenamento jurídico institutos despenalizadoresFederal.................................................. 435
4.3. Crimes políticos e infrações penais pra­
ticadas em detrimento de bens, serviços ou 
interesse da União ou de suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas, excluí­
das as contravenções penais e ressalvada a 
competência da Justiça Militar e da Justiça
Eleitoral (CF, Art. 109, inciso IV)...................... 435
4.3.1. Crimes políticos.............................. 435
4.3.2. Crimes contra a União.................... 436
4.3.3. Crimes contra autarquias federais .. 437
4.3.4. Crimes contra empresas públicas
federais...................................................... 438
4.3.5. Crimes contra fundações públicas
federais...................................................... 440
4.3.6. Crimes contra entidades de fis­
calização profissional................................ 440
4.3.7. Crimes contra a Ordem dos Ad­
vogados do Brasil (OAB)........................... 441
4.3.8. Crimes contra sociedades de eco­
nomia mista, concessionárias e permis- 
sionárías de serviço público federal......... 442
4.3.9. Bens, serviços ou interesse da 
União, das autarquias federais (funda­
ções públicas federais) e das empresas
públicas federais....................................... 443
4.3.10. Crimes previstos no Estatuto do
Desarmamento (Lei n9 10.826/03).......... 449
4.3.11. Crimes contra a Justiça Federal,
do Trabalho, Eleitoral e Militar da União .. 450 
4.3.12. Crime praticado contra funcio­
nário público federal................................ 451
4.3.13. Crime praticado por funcionário
público federal......................................... 453
4.3.14. Tribunal do Júri Federal................ 454
4.3.15. Crimes contra o meio ambiente.... 455
4.3.16. Crimes contra a fé pública............ 459
4.3.17. Execução penal............................. 466
4.3.18. Contravenções penais.................. 467
4.3.19. Atos infracionais........................... 468
4.3.20. Crimes previstos na Lei Antiter-
rorismo (Lei n5 13.260/16)........................ 468
4.4. Crimes previstos em tratado ou conven­
ção internacional, quando, iniciada a execu­
ção no País, o resultado tenha ou devesse 
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciproca­
mente (CF, Art. 109, inciso V).......................... 469
4.4.1. Tráfico internacional de drogas...... 471
4.4.2. Rol exemplifícativo de crimes de 
competência da Justiça Federal com
fundamento no art. 109, inciso V, da 
Constituição Federal................................. 475
4.5. Incidente de Deslocamento de Compe­
tência para a Justiça Federal (CF, Art. 109,
V-A, c/c Art. 109, § 59).................................... 479
4.6. Crimes contra a organização do tra­
balho e, nos casos determinados por lei, 
contra o sistema financeiro e a ordem eco- 
nômico-financeira (CF, Art. 109, VI)............... 482
4.6.1. Crimes contra a organização do
trabalho..................................................... 482
4.6.2. Crimes contra o sistema financei­
ro e a ordem econômico-financeira......... 485
4.6.2.1. Varas especializadas para pro­
cessar e julgar os crimes contra o siste­
ma financeiro nacional e os delitos de 
lavagem de capitais.................................. 489
4.7. Habeas corpus, em matéria criminal de 
sua competência ou quando o constrangi­
mento provier de autoridade cujos atos 
não estejam diretamente sujeitos a outra
jurisdição (CF, Art. 109, VII)............................. 491
4.8. Mandados de segurança contra ato de 
autoridade federal, excetuados os casos de 
competência dos Tribunais Federais (CF, Art.
109, VIII)........................................................... 492
4.9. Crimes cometidos a bordo de navios
ou aeronaves, ressalvada a competência da 
Justiça Militar (CF, Art. 109, inciso IX)............. 493
4.10. Crimes de ingresso ou permanência
irregular de estrangeiro (CF, Art. 109, X)......... 495
4.11. Disputa sobre direitos indígenas (CF,
Art. 109, XI)...................................................... 496
4.11.1. Genocídio contra índios............ 498
4.12. Conexão entre crimes de competência
da Justiça Federal e da Justiça Estadual.......... 500
5. Competência Criminal da Justiça Estadual......... 501
6. Justiça Política ou Extraordinária....................... 502
CAPÍTULO III - COMPETÊNCIA POR 
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO...................................... 506
1. Conceito.............................................................. 506
2. Regras básicas..................................................... 507
2.1. Investigação e indiciamento de pessoas
com foro por prerrogativa de função.............. 507
2.2. Arquivamento de inquérito nas hipóte­
ses de atribuição originária do Procurador- 
-Geral de Justiça ou do Procurador-Geral da 
República.......................................................... 507
2.3. Duplo grau de jurisdição.......................... 507
2.4. Crime cometido durante o exercício
funcional (regra da contemporaneidade)....... 507
2.5. Infração penal praticada antes do exer­
cício funcional (regra da atualidade)............... 510
SUMÁRIO 17
2.6. Crime cometido após o exercício fun­
cional................................................................ 513
2.7. Dicotomia entre crime comum e crime
de responsabilidade......................................... 513
2.8. Local da infração...................................... 514
2.9. Crime doloso contra a vida...................... 515
2.10. Hipóteses de concurso de agentes......... 516
2.11. Constituições Estaduais e princípio da
simetria............................................................ 518
2.12. Exceção da verdade................................ 520
2.13. Atribuições dos membros do Ministé­
rio Público perante os Tribunais Superiores.... 522
2.14. Procedimento originário dos Tribunais... 523
3. Casuística............................................................. 524
3.1. Quanto à competência dos Tribunais....... 524
3.1.1. Supremo Tribunal Federal.............. 524
3.1.2. Superior Tribunal de Justiça........... 525
3.1.3. Tribunal Superior Eleitoral.............. 527
3.1.4. Superior Tribunal Militar................ 527
3.1.5. Tribunais Regionais Federais.......... 527
3.1.6. Tribunais Regionais Eleitorais......... 528
3.1.7. Tribunais de Justiça dos Estados
e do Distrito Federal................................. 528
3.1.8. Tribunal de Justiça Militar do Es­
tado de São Paulo.................................... 529
3.1.9. Senado Federal............................... 529
3.1.10. Tribunal Especial........................... 530
3.1.11. Câmara Municipal........................ 530
3.2. Quanto aos titulares de foro por prer­
rogativa de função............................................ 530
3.2.1. Presidente da República................. 530
3.2.2. Deputados federais e Senadores.... 531
3.2.3. Ministros de Estado........................ 532
3.2.4. Membros do Conselho Nacional
de Justiça e do Conselho Nacional do 
Ministério Público.................................... 533
3.2.5. Governador de Estado................... 534
3.2.6. Desembargadores dos Tribunais
de Justiça dos Estados e do Distrito Fe­
deral e membros dos Tribunais Regio­
nais Federais.............................................. 536
3.2.7. Membros do Ministério Público
Estadual e Juizes Estaduais....................... 536
3.2.8. Membros do Ministério Público
da União.................................................... 538
3.2.9. Deputados Estaduais...................... 539
3.2.10. Prefeitos municipais..................... 540
3.2.11. Vereadores................................... 542
4. Quadro sinóptico de competência por prerro­
gativa de função...................................................... 543
CAPÍTULO IV - COMPETÊNCIA TERRITORIAL ... 545
1. Introdução........................................................... 545
2. Competência territorial pelo lugar da consu­
mação da infração.................................................. 545
3. Casuística.............................................................546
3.1. Quanto às espécies de infração penal...... 546
3.1.1. Crimes de mera conduta................ 546
3.1.2. Crimes formais............................... 547
3.1.3. Crimes materiais............................. 547
3.1.4. Crimes qualificados pelo resultado. 548
3.1.5. Crimes permanentes...................... 548
3.1.6. Infrações em continuidade delitiva. 548
3.1.7. Crimes plurilocais: princípio do
esboço do resultado................................. 548
3.1.8. Crimes à distância ou de espaço
máximo...................................................... 549
3.1.9. Crimes cometidos no estrangeiro... 550
3.1.10. Infrações cometidas a bordo de
embarcações ou aeronaves...................... 552
3.1.11. Infrações cometidas na divisa
de duas ou mais comarcas....................... 553
3.1.12. Crimes previstos na Lei de Im­
prensa (ADPF ne 130)............................... 553
3.1.13. Crimes falimentares..................... 554
3.1.14. Atos infracionais........................... 554
3.2. Quanto aos crimes em espécie.............. 554
4. Competência territorial pela residência ou
domicílio do réu ...................................................... 557
5. Competência territorial na Justiça Federal,
na Justiça Militar (da União e dos Estados) e na 
Justiça Eleitoral........................................................ 559
CAPÍTULO V - COMPETÊNCIA DE JUÍZO............... 560
1. Determinação do juízo competente................... 560
2. Juizado de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher...................................................... 561
3. Juízo colegiado em primeiro grau de jurisdi­
ção para o julgamento de crimes praticados por 
organizações criminosas......................................... 566
3.1. Conceito legal de organizações crimino­
sas 566
3.2. Formação do juízo colegiado em primei­
ro grau.............................................................. 569
4. Competência do Juízo da Execução Penal.......... 575
5. Competência por distribuição............................ 579
6. Competência por prevenção.............................. 580
CAPÍTULO VI - MODIFICAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA................................................................... 584
1. Conexão e continência.................................... 584
1.1. Introdução............................................. 584
18 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
1.2. Conexão..................................................... 586
1.3. Continência.............................................. 587
1.4. Efeitos da conexão e da continência........ 588
1.5. Foro prevalente........................................ 590
1.5.1. Competência prevalente do Tri­
bunal do Júri.............................................. 590
1.5.2. Jurisdições distintas........................ 590
1.5.2.1. Concurso entre a jurisdição
comum e a especial.................................. 590
1.5.2.2. Concurso entre órgãos de juris­
dição superior e inferior........................... 591
1.5.2.3. Concurso entre a Justiça Fede­
ral e a Estadual......................................... 591
1.5.3. Jurisdições da mesma categoria..... 591
1.6. Separação de processos........................... 592
1.6.1. Separação obrigatória dos pro­
cessos ........................................................ 593
1.6.1.1. Concurso entre a jurisdição
comum e a militar.................................... 593
1.6.1.2. Concurso entre a jurisdição
comum e a do juízo de menores.............. 593
1.6.1.3. Doença mental superveniente
à prática delituosa.................................... 594
1.6.1.4. Citação por edital de um dos
corréus, seguida de seu não-compare- 
cimento e não-constituição de defensor .. 594
1.6.1.5. Antiga hipótese de ausência 
de intimação da pronúncia ou de não- 
-comparecimento do acusado à sessão 
de julgamento do júri, em se tratando
de crime inafiançável............................... 594
1.6.1.6. Recusas peremptórias no júri...... 595
1.6.1.7. Suspensão do processo em re­
lação ao colaborador................................ 595
1.6.2. Separação facultativa de processos 595
1.6.2.1. Infrações praticadas em cir­
cunstâncias de tempo ou de lugar di­
ferentes ..................................................... 597
1.6.2.2. Excessivo número de acusados
e para não lhes prolongar a prisão pro­
visória........................................................ 597
1.6.2.3. Motivo relevante pelo qual o
juiz repute conveniente a separação....... 598
1.7. Perpetuação da competência nas hipó­
teses de conexão e continência...................... 598
2. Prorrogação de competência............................. 600
3. Perpetuação de competência............................. 601
TÍTULO 5 • PROVAS........................................................ 605
CAPÍTULO I - TEORIA GERAL DAS PROVAS........ 605
1. Terminologia da prova..................................... 605
1.1. Acepções da palavra prova.................... 605
1.2. Distinção entre prova e elementos in­
formativos ........................................................ 606
1.3. Provas cautelares, não repetíveis e an­
tecipadas .......................................................... 607
1.4. Destinatários da prova............................. 609
1.5. Elemento de prova e resultado da prova.. 609
1.6. Finalidade da prova.................................. 610
1.7. Sujeitos da prova...................................... 610
1.8. Forma da prova........................................ 611
1.9. Fonte de prova, meios de prova e meios
de obtenção de prova..................................... 611
1.9.1. Meios extraordinários de ob­
tenção de prova (técnicas especiais de 
investigação)............................................. 613
1.10. Prova direta e prova indireta.................. 613
1.11. Indício: prova indireta ou prova semi-
plena................................................................. 614
1.12. Suspeita................................................... 615
1.13. Objeto da prova..................................... 616
1.14. Prova direta (positiva) e contrária (ne­
gativa); a contraprova..................................... 618
1.15. Prova emprestada.................................. 619
1.16. Prova nominada e prova inominada...... 622
1.17. Prova típica e prova atípica.................... 622
1.18. Prova anômala e prova irritual............... 623
1.19. Critérios de decisão (standards proba­
tórios) ............................................................... 624
1.20. Cadeia de custódia das provas............... 625
2. Ônus da prova..................................................... 627
2.1. Conceito.................................................... 627
2.2. Ônus da prova perfeito e menos perfeito. 627
2.3. Ônus da prova objetivo e subjetivo......... 628
2.4. Distribuição do ônus da prova no pro­
cesso penal....................................................... 629
2.4.1. Ônus da prova da acusação e da
defesa........................................................ 629
2.4.2. Ônus da prova exclusivo da acu­
sação 631
2.5. Inversão do ônus da prova....................... 633
3. Iniciativa probatória do juiz: a gestão da prova
pelo magistrado..................................................... 634
3.1. Iniciativa probatória do juiz na fase in-
vestigatória....................................................... 634
3.2. Iniciativa probatória do juiz no curso do
processo penal................................................. 635
4. Sistemas de avaliação da prova.......................... 637
4.1. Sistema da íntima convicção do magis­
trado................................................................. 637
4.2. Sistema da prova tarifada........................ 638
4.3. Sistema do convencimento motivado
(persuasão racional do juiz)............................ 639
SUMÁRIO 19
5. Da prova ilegal..................................................... 641
5.1. Limitações ao direitoà prova................... 641
5.1.1. Provas ilícitas e ilegítimas............... 642
5.1.2. Tratamento da (in) admissibilida­
de das provas ilícitas e ilegítimas............. 644
5.2. Prova ilícita por derivação (teoria dos
frutos da árvore envenenada)......................... 646
5.3. Limitações à prova ilícita por derivação.... 649
5.3.1. Da teoria da fonte independente.... 649
5.3.2. Teoria da descoberta inevitável..... 650
5.3.3. Limitação da mancha purgada
(vícios sanados ou tinta diluída)............... 652
5.3.4. Exceção da boa-fé.......................... 654
5.3.5. A teoria do risco............................. 654
5.3.6. Limitação da destruição da men­
tira do imputado...................................... 655
5.3.7. Doutrina da visão aberta................ 655
5.3.7.1. Teoria do encontro fortuito de 
provas (serendipidade) e crime achado.... 656
5.3.8. Limitação da renúncia do interes­
sado 658
5.3.9. A limitação da infração constitu­
cional alheia.............................................. 659
5.3.10. A limitação da infração constitu­
cional por pessoas que não fazem parte
do órgão policial....................................... 659
5.4. Inutilização da prova ilícita....................... 660
5.4.1. Inutilização da prova ilícita no
Tribunal do Júri.......................................... 662
5.5. Descontaminação do julgado................... 663
6. Princípios relativos à prova penal...................... 663
6.1. Princípio da proporcionalidade................ 663
6.1.1. Princípio da proporcionalidade e
prova ilícita pro reo.................................. 663
6.1.2. Princípio da proporcionalidade e
prova ilícita pro societate......................... 664
6.2. Princípio da comunhão da prova............. 667
6.3. Princípio da autorresponsabilidade das
partes............................................................... 667
6.4. Princípio da oralidade.............................. 667
6.4.1. Princípio da identidade física do
juiz............................................................. 668
6.4.1.1. Magistrados instrutores e prin­
cípio da identidade física do juiz.............. 670
6.5. Princípio da liberdade probatória............ 671
6.5.1. Liberdade probatória quanto ao
momento da prova................................... 672
6.5.2. Liberdade probatória quanto ao
tema da prova........................................... 672
6.5.3. Liberdade probatória quanto aos
meios de prova......................................... 672
6.6. Princípio do favor rei............................. 674
CAPÍTULO II - MEIOS DE PROVA E MEIOS 
DE OBTENÇÃO DE PROVA EM ESPÉCIE................ 674
1. Exame de corpo de delito e outras perícias....... 674
1.1. Corpo de delito......................................... 674
1.2. Exame de corpo de delito e outras pe­
rícias ................................................................. 675
1.3. Laudo pericial............................................ 676
1.3.1. Momento para a juntada do lau­
do pericial.................................................. 677
1.3.2. Sistemas de apreciação dos lau­
dos periciais.............................................. 678
1.3.3. Laudo pericial e contraditório........ 678
1.4. Obrigatoriedade do exame de corpo
de delito: infrações transeuntes e não tran­
seuntes............................................................. 678
1.5. Exame de corpo de delito direto e indi­
reto................................................................... 679
1.5.1. Casuística........................................ 680
1.6. Ausência do exame de corpo de delito.... 683
1.7. Peritos: oficiais e não oficiais................... 684
1.7.1. Número de peritos......................... 685
1.8. Assistente técnico..................................... 687
1.9. Autópsia e exumação para exame ca-
davérico............................................................ 688
1.10. Laudo pericial complementar no crime
de lesões corporais.......................................... 688
1.11. Exame pericial de local de crime............ 689
1.12. Perícias de laboratório........................... 689
1.13. Exame pericial para avaliação do pre­
juízo causado pelo delito................................. 689
1.14. Exame pericial nos casos de incêndio.... 690
1.15. Exame pericial para reconhecimento
de escritos....................................................... 690
1.16. Exame pericial dos instrumentos do
crime................................................................ 690
1.17. Exame pericial por meio de carta pre­
catória .............................................................. 690
2. Interrogatório judicial......................................... 691
2.1. Conceito................................................... 691
2.2. Natureza jurídica...................................... 691
2.3. Momento para a realização do interro­
gatório .............................................................. 692
2.4. Condução coercitiva................................. 694
2.5. Foro competente para a realização do
interrogatório................................................... 696
2.6. Ausência do interrogatório....................... 696
2.7. Características do interrogatório.............. 697
2.7.1. Ato personalíssimo......................... 697
2.7.2. Ato contraditório............................ 697
20 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima
2.7.3. Ato assistido tecnicamente............ 698
2.7.4. Ato oral........................................... 699
2.7.5. Ato individual................................. 699
2.7.6. Ato bifásico..................................... 700
2.7.7. Ato protegido pelo direito ao si­
lêncio 700
2.7.8. Liberdade de autodeterminação.... 701
2.7.9. Ato público..................................... 703
2.7.10. Ato realizável a qualquer mo­
mento, antes do trânsito em julgado....... 703
2.8. Local da realização do interrogatório....... 704
2.9. Nomeação de curador.............................. 705
2.10. Interrogatório por videoconferência...... 705
2.10.1. Breve histórico da Lei 
ne 11.900/09: a Lei paulista ne 11.819/05 705
2.10.2. A entrada em vigor da Lei
n2 11.900/09............................................ 706
2.10.3. Finalidades do uso da videocon­
ferência...................................................... 708
2.10.4. Intimação das partes da realiza­
ção da videoconferência.......................... 709
2.10.5. Direito de presença remota do 
acusado aos demais atos da audiência
una de instrução e julgamento................ 709
2.10.6. Direito de entrevista prévia e
reservada com o defensor........................ 709
2.10.7. Da (in) constitucionalidade do
interrogatório por videoconferência........ 710
3. Confissão............................................................. 711
3.1. Conceito.................................................... 711
3.2. Classificação da confissão........................ 712
3.3. Características da confissão..................... 712
3.4. Valor probatório da confissão.................. 713
3.5. Circunstância atenuante da confissão...... 713
4. Declarações do ofendido.................................... 714
5. Prova testemunhai............................................. 715
5.1. Conceito de testemunha e sua natureza
jurídica.............................................................. 715
5.2. Características da prova testemunhai...... 715
5.3. Deveres das testemunhas........................ 717
5.3.1. Dever de depor.............................. 717
5.3.2. Dever de comparecimento............. 718
5.3.3. Dever de prestar o compromisso
de dizer a verdade.................................... 721
5.3.4. Dever de comunicar mudança de
residência.................................................. 722
5.4. Espécies de testemunhas......................... 722
5.4.1. Testemunhas vulneráveis e de­
poimento sem dano (depoimento es­
pecial)........................................................724
5.5. Procedimento para a oitiva de testemu­
nhas.................................................................. 725
5.5.1. Apresentação do rol de testemu­
nhas 725
5.5.2. Intimação das testemunhas........... 726
5.5.3. Substituição de testemunhas......... 727
5.5.4. Desistência da oitiva de testemu­
nhas 727
5.5.5. Incomunicabilidade das testemu­
nhas 728
5.5.6. Retirada do acusado da sala de
audiência................................................... 728
5.5.7. Assunção do compromisso de
dizer a verdade.......................................... 729
5.5.8. Qualificação da testemunha.......... 729
5.5.9. Contradita e arguição de parcia­
lidade da testemunha.............................. 730
5.5.10. Colheita do depoimento: exa­
me direto (direct-examination) e exame 
cruzado (cross-examination).................... 730
5.5.11. Inversão da ordem de oitiva das
testemunhas.............................................. 733
5.6. Direito ao confronto e produção de
prova testemunhai incriminadora................... 734
5.6.1. Testemunhas anônimas e direito
ao confronto.............................................. 736
5.6.2. Testemunhas ausentes e direito
ao confronto.............................................. 738
6. Reconhecimento de pessoas e coisas................ 739
6.1. Conceito e natureza jurídica..................... 739
6.2. Procedimento............................................ 740
6.3. Reconhecimento fotográfico e fonográ-
fico.................................................................... 740
7. Acareação............................................................ 741
7.1. Conceito e natureza jurídica..................... 741
7.2. Procedimento probatório......................... 742
7.3. Valor probatório........................................ 743
8. Prova documental............................................... 743
8.1. Conceito e espécies................................... 743
8.2. Produção da prova documental............... 744
8.3. Tradução de documentos em língua
estrangeira........................................................ 746
8.4. Restituição de documentos...................... 746
9. Indícios................................................................ 746
10. Busca e apreensão............................................ 746
10.1. Conceito e natureza jurídica................... 746
10.2. Iniciativa e decretação........................... 747
10.3. Objeto...................................................... 748
10.4. Espécies de busca.................................... 750
10.4.1. Busca domiciliar........................ 750
10.4.1.1. Mandado de busca e apreensão 755
SUMÁRIO 21
10.4.1.2. Execução da busca domiciliar.... 756
10.4.1.3. Descoberta de outros elemen­
tos probatórios e teoria do encontro 
fortuito de provas..................................... 757
10.4.2. Busca pessoal............................. 758
11. Interceptação telefônica................................. 759
11.1. Sigilo da correspondência, das comu­
nicações telegráficas, de dados e das comu­
nicações telefônicas......................................... 759
11.2. Direito intertemporal e Lei n3 9.296/96.. 760
11.3. Conceito de interceptação..................... 762
11.4. Interceptação e escuta ambiental.......... 764
11.5. Gravações clandestinas (telefônicas e
ambientais)....................................................... 766
11.6. Comunicações telefônicas de qualquer
natureza............................................................ 769
11.6.1. Gerações de provas (trilogia Ol- 
mstead-Katz-Kyllo) e (des) necessidade 
de autorização judicial para a extração 
de dados e de conversas registradas em
aparelhos celulares apreendidos.............. 771
11.6.1.1. Direito probatório de l 3 gera­
ção: o caso Olmstead............................... 771
11.6.1.2. Direito probatório de 23 gera­
ção: o caso Katz......................................... 772
11.6.1.3. Direito probatório de 33 gera­
ção: o caso Kyllo....................................... 772
11.6.1.4. (Des) necessidade de autori­
zação judicial prévia para a extração de 
dados e de conversas registradas em 
aparelhos celulares apreendidos............. 773
11.7. Quebra do sigilo de dados telefônicos.... 775
11.8. Finalidade da interceptação telefônica: 
obtenção de elementos probatórios em in­
vestigação criminal ou instrução processual
penal................................................................. 776
11.9. Requisitos para a interceptação tele­
fônica................................................................ 778
11.9.1. Ordem fundamentada da auto­
ridade judiciária competente (teoria do
juízo aparente)......................................... 779
11.9.1.1. Da fundamentação da decisão... 782
11.9.2 Indícios razoáveis de autoria ou 
participação.............................................. 783
11.9.3. Quando a prova não puder ser
feita por outros meios disponíveis........... 784
11.9.4. Infração penal punida com pena
de reclusão (crime de catálogo)............... 785
11.9.5. Delimitação da situação objeto
da investigação e do sujeito passivo da 
interceptação............................................ 786
11.10. Sigilo profissional do advogado............ 787
11.11. Encontro fortuito de elementos pro­
batórios em relação a outros fatos delituo­
sos (serendipidade)......................................... 788
11.11.1. Encontro fortuito de diálogos 
mantidos com autoridade dotada de 
foro por prerrogativa de função e mo­
mento adequado para a remessa dos
autos ao Tribunal competente................. 790
11.12. Procedimento....................................... 792
11.13. Decretação da interceptação telefô­
nica de ofício pelo juiz..................................... 793
11.14. Segredo de justiça................................ 794
11.15. Duração da interceptação.................... 794
11.16. Execução da interceptação telefônica... 796
11.17. Incidente de inutilização da gravação
que não interessar à prova.............................. 799
11.18. Resolução n3 59 do Conselho Nacio­
nal de Justiça.................................................... 800
11.19. Caso Escher e outros (Corte Intera-
mericana de Direitos Humanos)...................... 801
12. Quebra do sigilo de dados bancários, finan­
ceiros e fiscais......................................................... 801
13. Colaboração premiada..................................... 807
13.1. Origem e conceito.................................. 807
13.2. Distinção entre colaboração premiada
e delação premiada (chamamento de corréu). 808
13.3. Ética e moral........................................... 810
13.4. Direito ao silêncio................................... 810
13.5. Previsão normativa................................. 811
13.5.1. Lei de proteção às testemunhas
(Lei n3 9.807/99)...................................... 815
13.5.2. Nova Lei das Organizações Cri­
minosas (Lei n3 12.850/13)...................... 816
13.6. Voluntariedade e motivação da cola­
boração............................................................. 818
13.7. Eficácia objetiva da colaboração pre­
miada................................................................ 819
13.8. Prêmios legais........................................ 821
13.9. Natureza jurídica da colaboração pre­
miada................................................................ 827
13.10. Valor probatório da colaboração pre­
miada: regra da corroboração......................... 828
13.11. Acordo de colaboração premiada........ 830
13.11.1. Legitimidade para a celebração
do acordo de colaboração premiada....... 832
13.11.2. Retratação do acordo................. 835
13.11.2.1. Distinção entre retratação, 
rescisão e anulação do acordo de cola­
boração premiada.................................... 836
13.11.3. Intervenção do juiz..................... 837
13.11.4. Momento para a celebração
do acordo de colaboração premiada....... 841
13.11.5. Publicidade

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