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Imprensa e Literatura

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Ficção vs. Realidade:
onde termina uma e
onde começa a outra?
A importância da literatura para
a consolidação do Jornalismo Moderno.
“Não existem fatos, apenas interpretações”
Friedrich Nietzsche
Ficção X Realidade
Até a chegada da imprensa a ficção era função da literatura e do teatro.
Com a imprensa de massa, a linguagem da imprensa convergiu com a da literatura. 
Antes, a realidade pautava a ficção e agora a ficção pauta a realidade. Inversão de valores. 
Ficção X Realidade
Houve um surto de realismo em todas as formas de narrativas.
Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo. Entre 1850 e 1880 o movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes. 
Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na arquitetura.
Ficção X Realidade
Realidade vira um objeto de culto e de consumo.
Escultura: Auguste Rodin
Ficção X Realidade
Teatro: Alexandre Dumas Filho – “A dama das camélias”
Literatura: 
Gustave Flaubert (Madame Bovary)
Honoré de Balzac (A comédia humana)
Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas)
Eça de Queirós (O crime do padre amaro e O primo Basílio)
Fiódor Dostoiévsky (Crime e Castigo)
Charles Baudelaire (Paraísos artificiais e Flores do mal)
Charles Bukowski (Cartas na Rua e Hollywood)
Bukowski
Se vai tentar 
siga em frente.
Senão, nem começe!
Isso pode significar perder namoradas
esposas, família, trabalho...e talvez a cabeça.
Pode significar ficar sem comer por dias,
Pode significar congelar em um parque,
Pode significar cadeia,
Pode significar caçoadas, desolação...
A desolação é o presente
O resto é uma prova de sua paciência,
do quanto realmente quis fazer
E farei, apesar do menosprezo
E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.
Se vai tentar,
Vá em frente.
Não há outro sentimento como este
Ficará sozinho com os Deuses
E as noites serão quentes
Levará a vida com um sorriso perfeito
É a única coisa que vale a pena.
Bukowski
O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.
Ficção X Realidade
Literatura inaugurou o século 20 sob uma crise de representação, para a qual contribuiu o surgimento da reportagem. Desta forma, a literatura trouxe para si novos modelos do discurso.
Ficção X Realidade
A descentralização do sujeito, produto da modernidade, e o surgimento das vanguardas vão derrubar os alicerces da arte convencional, e a literatura será afetada diretamente por esse novo discurso que também se aproxima do pragmático e das novas experimentações, apropriado para acompanhar uma realidade sempre em processo de mudança. 
Ficção X Realidade
É dentro deste contexto de rupturas da arte com o tradicional, da procura de novas linguagens, que a literatura atravessará o século 20 numa perspectiva pluralista que tanto poderá abarcar as preocupações de cunho mais individualista, mítico e intimista a exemplo dos romances como Ulisses, de James Joyce, e Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, como trazer para si o caráter mais objetivo e a urgência e o imediatismo da linguagem jornalística.
Convergência entre Jornalismo e Literatura
Jornalismo, em certo sentido, pode ser considerado um gênero literário, pois no texto de ficção é indispensável o mesmo rigor técnico utilizado na elaboração do texto jornalístico. Desde a construção da frase até a preocupação com a harmonia e uso de cada palavra, nada disso está restrito apenas às regras do jornalismo.
No Jornalismo existem gêneros que possibilitam utilizar de técnicas literárias, como por exemplo, as reportagens investigativas.
Convergência entre Jornalismo e Literatura
O jornalismo é diferente da literatura porque nele a objetividade é essencial
O princípio básico do jornalismo: a obediência à factualidade. 
A literatura seria descompromissada com a verdade e com o fato. Nela, uma apropriação ficcional da realidade que é diferente da apropriação factual demandada pelo jornalismo.
As diferenças entre jornalismo e literatura trouxe a diferença entre fato e imaginação. 
Convergência entre Jornalismo e Literatura
O jornalista colocaria no papel realizações, fatos e eventos variados na medida em que extrai do mundo a matéria-prima e a transforma em narração. 
No caso do escritor, aconteceria o inverso: o mundo exterior também seria fundamental, mas não determinante como o é para o jornalista.
Convergência entre Jornalismo e Literatura
Se cada um dispõe de sua própria especificidade, com técnicas e estilos diferenciados, a natureza dessa contaminação ocorre, não somente no campo da temática, mas também no interior do discurso, de forma que a função exercida, no caso específico da atividade jornalística –pretensamente comprometida com a verdade dos fatos -, tenha sido determinante para a busca da construção de uma linguagem objetiva, de um estilo próprio, para retratar uma realidade onde são apagadas quaisquer marcas de subjetividade e de autoria. 
Convergência entre Jornalismo e Literatura
Jornalismo que prima pela clareza, concisão e objetividade, como se a realidade pudesse se apresentar por si só sem a interferência do processo de escolha, dos pontos de vista, enfoques e hierarquias nas decisões editoriais.
A literatura transforma e intensifica a linguagem comum, tendo a ilusão de que se afasta da fala cotidiana
Convergência entre Jornalismo e Literatura
Ao contrário da literatura, no decorrer do século 20, o jornalismo buscou numa sociedade industrial, marcada por relevantes transformações tecnológicas e redução do analfabetismo, projetar-se como uma entidade estável, autônoma.
A credibilidade do veículo de comunicação, no caso específico do jornal, nas sociedades tidas como democráticas, estaria respaldada por um novo modo de estruturar o produto jornalístico, tendo como ponto de partida a configuração de uma linguagem objetiva, se afastando do caráter subjetivista da literatura, embora a tendo como base em suas origens. 
Convergência entre Jornalismo e Literatura
A objetividade jornalística apresenta-se então enquanto construção resultante de uma nova estratégia comercial da imprensa”, já que a extensão e diversificação dos públicos aconselham uma nova atitude, a de tentar construir um discurso que seja compreendido por todos. 
Convergência entre Jornalismo e Literatura
Desta forma, o jornalismo empreendeu grandes esforços para traduzir a realidade, procurando capturá-la no seu imediatismo, na factualidade do instante em que os acontecimentos se sucedem. 
O próprio surgimento da reportagem e das entrevistas reforça a premissa de que mais do que um trabalho de tese, de retórica argumentativa e opinativa, o jornalismo adentrou o século XX sob a influência do pensamento racional, científico, no qual o fato era necessário ser revelado na sua essência, como ele próprio se apresenta.
Convergência entre Jornalismo e Literatura
No Brasil, a implantação do lead e do copy-desk ocorreu no final dos anos 40, no Diário Carioca, pelo jornalista Pompeu de Souza, numa iniciativa que logo depois foi adotada pelos também jornais cariocas Tribuna de Imprensa, Jornal do Brasil e Última Hora. 
A idéia era uniformizar o texto e torná-lo objetivo. A adoção da novidade americana (que já não era tão nova assim lá fora) foi um choque para o setor mais conservador da imprensa carioca, nacional na época. Alguns profissionais consagrados reagiram negativamente àquela verdadeira revolução
Convergência entre Jornalismo e Literatura
A defesa pela ausência de juízo de valores na representação da realidade no campo jornalístico configurou-se, na prática,
como essencial para o estabelecimento de uma suposta verdade, embora não se possa desprezar o fato de que o discurso humano é parcial por natureza.
Não existe a possibilidade do discurso neutro. “Todo enunciado emerge sempre e necessariamente num contexto cultural, saturado de significados e valores e é sempre um ato responsivo, isto é, uma tomada de posição neste contexto. 
Convergência entre Jornalismo e Literatura
Transplantando para o discurso jornalístico, não se pode destituir do enunciador, ou melhor ,do profissional que atua nesta área, a sua classe social e sua visão de mundo no momento da apreciação dos fatos e na sua formulação verbal, o que coloca em dúvida a objetividade quanto ao seu poder de verdade absoluta. 
Convergência entre Jornalismo e Literatura
Se na literatura o que importa é o caráter verossímil do discurso, ou seja, o pacto de verdade firmado com leitor de um mundo possível com relação a determinada história, no jornalismo a suposta verdade dos fatos, é amparada pela existência de provas, sejam elas materiais, testemunhais ou científicas. 
Jack, The Ripper (1888)
O Jornalismo Moderno se apropriou da linguagem da literatura da época para vender mais exemplares de uma indústria crescente: o jornal impresso
O folhetim era a forma popular de literatura: uma novela em capítulos onde os leitores aguardavam a próxima edição para acompanhar a história
Exatamente como hoje fazemos com as telenovelas
O primeiro grande exemplo desta apropriação foi o caso de um assassino em série, que matava e esquartejava prostitutas nas ruas desertas de Londres
25
Guerra dos Mundos
Em 30/10/1938, Orson Welles revoluciona o rádio, com um programa que anuncia a invasão dos EUA por marcianos, como se fosse verdade noticiada
Gerou pânico em Nova York, com milhões de pessoas acreditando, porque havia entrevistas, sons de naves espaciais e relatos “ao vivo” da cena da invasão
Era véspera do Halloween e Welles anunciou que era brincadeira antes de começar, mas o anúncio passou despercebido pela maioria dos ouvintes
Will Eisner (★1917†2005)
Revolucionou a narrativa visual impressa ao trazer para os quadrinos, originalmente publicados nos jornais, a arte sequencial da linguagem cinematográfica, arte que estava crescendo e ganhando força na época
Os quadrinhos não eram mais herméticos, mas se interpunham, traçando uma narrativa onde o foco psicológico de planos abertos e fechados se sucedem para contar uma história, mesmo sem uso de palavras
Na zona barata
         Geme o gramofone, enquanto as três, ao som da valsa, dansam escandalosamente
         E a policia nada
         O gramophone gemia sobre a mesa da sala de visitas. A agulha corria pela chapa que transmitia as notas agudas de uma valsa de Viúva Alegre, já muito gasta.
         Uma mulher gorduchona, os cabellos soltos e um par de seios semelhantes a dois colossaes mamões, assobia à janela.
         - Quer dansar? Indagou de um curioso que passava.
         - Onde?
         - Aqui. Entre, somos três.
         O homem desconfiou. Preferiu ver de fora.
         Abertas de par em par as janellas, toda gente que passou hontem pela manhã, ali pela Rua da Conceição, testemunhou uma dessas scenas capazes de fazer corar um frade de pedra.
         Tres mulheres, semi-nuas, os peitos caídos, cabellos soltos em desalinho, valsando ao som de um trágico gramophone...
(Correio da Manhã, 3 de maio de 1913, p.?). 
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