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ESTÉTICA E ARTE: PROCESSOS 
DE INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE 
NO AUDIOVISUAL 
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1.
0
22 
© 2019 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou 
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Revisor
Rogério Pelizzari de Andrade
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sampaio, Jurema Luzia de Freitas 
S192e Estética e arte: processos de inovação e criatividade no 
 audiovisual/ Jurema Luzia de Freitas Sampaio, – Londrina: 
 Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019.
 135 p.
ISBN 978-85-522-1520-2
1. Recursos audiovisuais. 2 Gêneros cinematográficos. I. 
 Sampaio, Jurema Luzia de Freitas. Título. 
 CDD 700
Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject=
http://www.kroton.com.br/
3 3
ESTÉTICA E ARTE: PROCESSOS DE INOVAÇÃO E 
CRIATIVIDADE NO AUDIOVISUAL 
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 4
Um pouco de História 6
Cultura Popular, Cultura de Massa, Indústria Cultural e o Kitsch 33
TV no Brasil: História e a Estética das novelas 57
Filmes clássicos: estéticas da linguagem audiovisual 80
Análise da Produção Nacional: identidade, estética e linguagem 99
Produção audiovisual na Internet: estética e linguagem de produções 
em plataformas digitais 128
Os novos modelos de produção audiovisual e o formato streaming 150
44 
Apresentação da disciplina
Saudações, “terráqueos”!
(E se eu estiver falando com algum aluno extraterrestre, saudações, 
igualmente, ok ?)
Bom... vamos lá! É comum ouvirmos falar em “criatividade & inovação”, 
não é verdade? E, geralmente, as duas palavras vêm associadas, como se 
fossem quase sinônimos. Mas... não são, sabia? Embora, naturalmente, 
elas se relacionem, “criatividade” e “inovação” são conceitos distintos. 
Criatividade é um potencial, uma capacidade inerente aos seres 
humanos, e como diz a pesquisadora do tema, Fayga Ostrower, é “uma 
visão política, histórica e filosófica” (1977, p.17). Em síntese, a criatividade 
é um modo de ser, estar e ver o mundo que se manifesta na capacidade 
de solucionar problemas de forma diferente das usuais, ou seja, de uma 
forma nova. É um “passo” anterior à inovação. 
A inovação é, por sua vez, o resultado da aplicação da criatividade. Ao 
aplicar criatividade na resolução de uma questão, a consequência é 
gerar inovação. Parece até “mágica”! Mas não é, não... É importante 
entender bem que “criatividade & inovação” podem ser desenvolvidas, 
“alimentadas” e que, quanto mais praticarmos, melhores seremos em 
aplicar ambos os conceitos: sendo mais criativos e mais inovadores.
A disciplina ‘Estética e arte: processos de inovação e criatividade 
no audiovisual’ busca atingir exatamente essa meta: proporcionar 
informações e reflexões para que você alimente seu potencial criativo, a 
fim de desenvolver suas habilidades naturais, seus conhecimentos e seu 
repertório pessoal, gerando inovação, como modo de colaborar efetiva e 
positivamente na profissionalização da produção audiovisual brasileira, 
pela compreensão da importância do embasamento conceitual e teórico 
na formação desses profissionais.
55 5
Durante as unidades da disciplina vamos conhecer um pouco da história 
da Linguagem Audiovisual; compreender a influência dos movimentos 
artísticos na produção de conteúdo audiovisual, estudando sobre 
História da Arte. Com isso, vamos buscar desenvolver habilidades 
críticas da estética utilizada nas produções de cinema, TV e Internet; 
analisar fenômenos contemporâneos de comunicação de massa e 
buscar desenvolver o repertório criativo individual e coletivo para 
produção de conteúdo nesses cenários, por meio de reflexões acerca de 
materiais existentes e de criação autoral de novos conteúdos.
É uma disciplina que vem “para incomodar”, para problematizar e 
“colocar minhocas na cabeça” de profissionais e futuros profissionais 
do audiovisual, instigando você a não se deixar acomodar, ou seja, 
sair das “zonas de confortos” ou “caixinhas”, para usar um vocabulário 
que, “vamos combinar”, embora até “pareça descolado”, é só o uso de 
linguagem popular num texto escrito... (Assim como o emoji aí ao lado...)
Brincadeiras à parte, vamos “tacar fogo no parquinho”? 
É hora de “arregaçar as mangas” e... “mãos à obra”! 
Conto com você... Vamos?
Jurema Sampaio1 
OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1977
666 
Um pouco de História
Autora: Jurema L. F. Sampaio
Objetivos
• Conhecer a linha do tempo das 
manifestações da arte.
• Compreender a alternância de preceitos 
estéticos entre os períodos históricos.
• Investigar a origem dos conceitos 
fundamentais de estética.
77 7
1. De onde partimos?
Toda jornada tem um começo e, para dar início ao nosso estudo, 
vamos conhecer um pouco da História da Arte. A visão que trazemos 
nesta proposta de estudo é uma visão, portanto, histórica. Você 
pode estudar arte de diversos modos, dentre eles, os aspectos 
históricos se configuram como uma forma de contextualizar as 
informações de forma que o passar do tempo oriente nossa visão, 
para construir conhecimento. A ideia é termos uma perspectiva 
panorâmica dos períodos que antecedem a arte na idade moderna, 
no mundo e, em especial, no Brasil.
Vamos, ainda, procurar entender os caminhos que levaram, no século 
XX, ao evento que se chamou Semana de Arte Moderna de 1922, uma 
das responsáveis por nossa percepção artística, estética e de inovação, 
no mundo contemporâneo.
Desde a pré-história, as relações entre a humanidade e as 
manifestações artísticas são marcadas pela necessidade de expressar e 
comunicar por meio de vários tipos de suportes: imagens, gestos, sons, 
etc. Da pré-história ao início do século XX, uma imensa quantidade de 
movimentos artísticos compõe uma bagagem de conhecimentos que, 
certamente, colaboram na construção de nossa percepção e, mais certo 
ainda, influenciam nossa visão de mundo e, por consequência, nossas 
poéticas e a estética contemporânea.
88 
Figura 1 – Síntese da linha dos períodos históricos, 
da Pré-História à Contemporaneidade
Fonte: Elaborada pela autora.
PARA SABER MAIS
Se fosse para escolher um único livro 
para estudar História da Arte, com 
certeza escolheria o do Gombrich, que 
faz parte da bibliografia deste tema. 
Não o indico porque seja o 
“melhor”, já que temos vários 
autores e vários livros de excelente 
qualidade, mas justamente por ser 
um dos mais tradicionais, e que 
apresenta um grau de profundidade bastante seguro 
em termos de pesquisa e documentação.
99 9
Dele podemos partir até mesmo para questionar e 
discordar, visto que o conhecimento deve ser sempre 
questionado mesmo. Mas, se o usarmos como um guia 
para a compreender o “roteiro” dessa “viagem” que foi, 
e é, a História da Arte, podemos construir uma base 
sólida de conhecimentos. 
Dedique um tempo para conhecerde 
criação. Conhecer estilos, saber reconhecer traços característicos, cores, 
sons, imagens, movimentos é o primeiro passo para a criação desde 
relações estéticas e culturais. E, assim, todas as formas de cultura são 
importantes na construção dessas relações.
A cultura pop, por exemplo, com seus super-heróis, ícones da 
cultura nerd e estreita relação com as tecnologias digitais, apresenta 
relações culturais com mitos gregos, que muitas vezes nem notamos 
claramente, mas estão lá, na composição das criações, que extrapolam 
a sua cultura original e se espalham pelo mundo (Figura 7) pelo 
fenômeno da globalização.
Figura 7 – Imagens de super-heróis americanos
Fonte: Rweisswald/iStock.com.
4949 49
Os repertórios podem e devem ser sempre atualizados para que 
tenhamos flexibilidade criativa, essa atualização pode ser feita 
sistematicamente, por meio de leituras, frequência a exposições, 
cinema, teatro, em que as novas formas que conhecemos vão se 
acumulando no nosso próprio repertório, como também podem ser 
feitas premeditadamente, por meio de exercícios, projetos e propostas 
que tenham como meta estudar o modo que uma cena ou imagem 
de séculos anteriores poderia ser representada nos dias atuais. Um 
exemplo bastante interessante é a pesquisa da historiadora Dra. 
Suzannah Lipscomb, da Universidade de Roehampton, sobre como 
seriam as imagens de personalidades históricas, atualizadas de acordo 
com suas características, gostos pessoais e costumes, segundo a sua 
época, nos dias atuais. A pesquisa foi combinada com o trabalho de 
artistas digitais para produzir uma galeria de fotos mostrando o que 
figuras históricas podem parecer agora.
A ideia da pesquisadora foi a de cruzar referências dos hábitos de 
personalidades históricas como Henrique VIII, Elizabeth I, Shakespeare 
e Maria Antonieta, vistos aos olhos do mundo contemporâneo, pela 
cultura das ‘celebridades’. O resultado é bastante interessante! A 
Rainha Maria Antonieta, da França, conhecida por suas excentricidades 
em relação à moda e trocar de roupa três vezes ao dia, na leitura 
contemporânea veste um modelo de grife moderno. Como é relatado 
nos livros de história que usava acessórios variados como uma espécie 
de “termômetro” de seu humor, como os adereços de sua famosa 
peruca, feitos especialmente para ela por seus estilistas, na atualização 
de imagem ela usa um ‘fascinator’, no estilo Philip Treacy, conhecido 
designer de chapéus, inglês, autor de vários desses acessórios para a 
nobreza, inclusive Kate Middleton.
5050 
Figura 8 – Imagem da Rainha Maria Antonieta, atualizada na pesquisa da 
Dra. Suzannah Lipscomb
Fonte: THELEGRAPH, The. “Shakespeare e Henrique VIII deram a reforma do século XXI”. 
In: How about that? The Telegraph. Edição de 2 mai.2013. Disponível em: https://www.
telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-
given-21st-Century-makeover.html. Acesso em: 26 maio 2019.
E o Rei Henrique VIII, conhecido por ser vaidoso e generoso, e ostentar 
sua riqueza, teve seu volumoso traje de veludo com mangas bufantes 
atualizado em um terno preto de grife, usando um anel de diamante 
cintilante e um relógio de grife (Figura 8).
Figura 9 – Imagem do Rei Henrique VIII, atualizada na pesquisa da 
Dra. Suzannah Lipscomb
Fonte: THELEGRAPH, The. “Shakespeare e Henrique VIII deram a reforma do século XXI”. 
In: How about that? The Telegraph. Edição de 2 mai.2013. Disponível em: https://www.
telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-
given-21st-Century-makeover.html. Acesso em: 26 maio 2019.
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
5151 51
A cultura popular brasileira faz parte do repertório de todos nós, brasileiros, 
em maior ou menor escala, respeitando os regionalismos, ampliada ou 
reduzida à medida que viajamos pelos país ou entramos em contato com 
pessoas de outros lugares de origem, com quem trocamos informações.
Tomemos como exemplo as festas juninas. De origem religiosa, trazidas 
para cá pelos imigrantes, refletem diversas outras influências ao longo 
dos estados brasileiros. Apesar de na essência se assemelharem, 
como a devoção aos santos Juninos, Antônio, João e Pedro, cujas 
datas comemorativas são 13, 24 e 29 de junho, respectivamente, em 
cada região tem itens acrescentados ou subtraídos de acordo com 
as influências de repertórios variados. No nordeste brasileiro são 
muito marcadas, movimentando a economia da região, e em algumas 
localidades, sendo a principal data do calendário de efemérides. Sudeste 
e centro-oeste também contam com suas festas juninas, porém com 
características regionais próprias. No sul, por exemplo, o tradicional 
churrasco não pode faltar, nem as danças gaúchas.
Nos trabalhos do artista brasileiro Alfredo Volpi podemos encontrar com 
frequência as tradicionais bandeirolas juninas (Figura 9), que enfeitam 
as festas populares, revelando, assim, parte do repertório visual desse 
artista, composto por percepções e experiências estéticas nesse tema.
Figura 9 – Quadro Bandeirinhas, têmpera sobre tela
Fonte: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 
2019. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1797/bandeirinhas. 
Acesso em: 24 de maio 2019. Verbete da Enciclopédia.
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1797/bandeirinhas
5252 
TEORIA EM PRÁTICA
Numa produção audiovisual, as referências podem acontecer 
de forma sutil ou mais claramente mostradas. Recortadas 
de seus contextos originais, proporcionam novas leituras, 
porém, carregam em si também suas cargas de informação.
A animação Kunstbar, The Petrie Lounge, de 2002 (http://
www.whitehouseanimationinc.com/), foi toda construída com 
base em referências a obras artísticas dos “grandes mestres” 
das artes visuais. É muito interessante! Assista à animação 
e reflita sobre as obras apresentadas e a relação que os 
autores fazem na animação, percebendo como releem as 
visualidades dos trabalhos, expressando sentimentos, ideias 
e pensamentos encadeados numa produção nova. Selecione 
entre 5 e 10 obras de sua preferência e faça o rascunho de 
um pequeno roteiro para uma animação de uma historieta 
de sua escolha. Pense em como as obras iriam contar 
sua história e como gostaria de sequenciá-las para que 
construísse o sentido da história que está contando. Você 
pode até mesmo tentar realizar essa animação usando 
algum software simples. Lembre-se que o objetivo é exercitar 
a criatividade e a inovação na integração das referências, não 
necessariamente fazer a animação! 
Veja o trailer em: https://www.youtube.com/
watch?v=PD8K7BBAR38
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. As diversas matrizes que embasam a cultura brasileira 
colaboram...
http://www.whitehouseanimationinc.com/
http://www.whitehouseanimationinc.com/
https://www.youtube.com/watch?v=PD8K7BBAR38
https://www.youtube.com/watch?v=PD8K7BBAR38
5353 53
a. na composição da identidade das produções 
brasileiras e originam-se de práticas culturais diversas, 
sejam elas regionais ou nacionais.
b. exclusivamente na Indústria Cultural e não nas 
possibilidades derivadas dessas reflexões.
c. na Cultura de Massa e na Cultura Popular, mas sem 
estabelecer relações entre as possibilidades.
d. nas reflexões provocadas pela Indústria Cultural ao se 
transformarem em Cultura Popular.
e. na construção do estilo Kitsch, pois hora 
complementam, horaquestionam as produções 
audiovisuais.
2. A cultura pop, com seus super-heróis, ícones da cultura 
nerd e estreita relação com as tecnologias digitais 
apresenta relações culturais...
a. com faraós egípcios.
b. com a composição das criações.
c. somente com a sua cultura original.
d. com a falta de globalização.
e. com mitos gregos.
3. A cultura popular brasileira faz parte do repertório de 
todos nós, brasileiros, porque...
a. cada região tem itens restritos de acordo com 
as influências de repertórios limitados por suas 
fronteiras estaduais.
5454 
b. o artista brasileiro Alfredo Volpi pinta bandeirolas 
juninas, que enfeitam as festas populares em 
seus quadros.
c. é ampliada ou reduzida à medida que viajamos pelos 
país ou entramos em contato com pessoas de outros 
lugares de origem, com quem trocamos informações.
d. revela parte do repertório visual de todos os 
brasileiros como artistas com percepções e 
experiências estéticas nesse tema.
e. refletem diversas outras influências de origem 
religiosa, trazidas para cá pelos imigrantes, ao longo 
dos estados brasileiros.
Referências bibliográficas
ADORNO, T. & HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos 
Filosóficos, 1947.
ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. Seleção de textos Jorge Mattos 
Brito de Almeida, trad. Juba Elisabeth Levy... [et a1.]. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
ASHTON, Sally-Ann. Cleopatra and Egypt. London: Blackwell Publishing, 2008.
BANDEIRINHAS. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. 
São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
obra1797/bandeirinhas. Acesso em: 27 de maio 2019. Verbete da Enciclopédia.
BBC Brasil. Cientista recria rosto de Cleópatra para documentário. BBC Brasil, 16 
de dezembro, 2008. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/
story/2008/12/081216_cleopatrarosto_np.shtml. Acesso em: 10 maio 2019.
BOSI, A. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
CASCUDO, L.C. Dicionário do Folclore Brasileiro. 11. ed. ilustrada. São Paulo: 
Global, 2002.
CRAWFORD, A. Who Was Cleopatra? Mythology, propaganda, Liz Taylor and the real 
Queen of the Nile. In: SMITHSONIAN.com, 31 mar. 2007. Disponível em: https://
www.smithsonianmag.com/history/who-was-cleopatra-151356013/. 
Acesso em: 26 maio 2019. 
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1797/bandeirinhas
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1797/bandeirinhas
https://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2008/12/081216_cleopatrarosto_np.shtml
https://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2008/12/081216_cleopatrarosto_np.shtml
https://www.smithsonianmag.com/history/who-was-cleopatra-151356013/
https://www.smithsonianmag.com/history/who-was-cleopatra-151356013/
5555 55
DALRYMPLE. T. Sociedade e Política — Por que Havana Estava Condenada. In: 
Nossa Cultura... ou o que restou dela. Trad. Maurício G. Righi. - 1. ed. São Paulo: 
Realizações Ed., 2015, p.221-230.
GREENBERG, C. Vanguarda e Kitsch. In: FERREIRA, Glória e MELLO, Cecilia Cotrim de. 
(Org.). Clement Greenberg e o debate crítico. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. 
Rio de Janeiro: Zahar/Funarte, 1997.
KITSCH. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São 
Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
termo3798/kitsch. Acesso em: 26 de maio 2019. Verbete da Enciclopédia.
NOGUEIRA, André. Conheça o verdadeiro rosto de Cleópatra, a última Rainha 
do Egito. In: AH - Aventuras da História, 22 maio 2019. Disponível em: https://
aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/conheca-o-verdadeiro-rosto-
de-cleopatra.phtml. Acesso em: 26 maio 2019.
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Bernadotte Perrin. Cambridge/Massachusetts/London: William Heinemann & 
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THELEGRAPH, The. Shakespeare e Henrique VIII deram a reforma do século XXI. 
In: How about that? The Telegraph. Edição de 2 maio 2013. Disponível em: https://
www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-
Henry-VIII-given-21st-Century-makeover.html. Acesso em: 26 maio 2019.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: A
As diversas matrizes que embasam a cultura brasileira colaboram 
na composição da identidade das produções brasileiras e originam-
se de práticas culturais diversas, sejam elas regionais ou nacionais. 
Desse modo, é possível compreender que a “cultura é o conjunto 
das práticas, das técnicas, dos símbolos e dos valores que se devem 
transmitir às novas gerações para garantir a reprodução de um estado 
de coexistência social” (BOSI, 1992, p.10). Seus valores e estéticas, 
somados aos conceitos, análises e reflexões acerca de propostas 
como Indústria Cultural, Cultura de Massa, Cultura Popular; as 
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3798/kitsch
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3798/kitsch
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/conheca-o-verdadeiro-rosto-de-cleopatra.p
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/conheca-o-verdadeiro-rosto-de-cleopatra.p
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/conheca-o-verdadeiro-rosto-de-cleopatra.p
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
https://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/10030286/Shakespeare-and-Henry-VIII-given-2
5656 
relações entre todas as possibilidades derivadas dessas reflexões 
e, ainda, as variadas proposições estéticas que circulam desde 
a modernidade, como o kitsch, etc., ora complementam, ora 
questionam as produções audiovisuais contemporâneas.
Questão 2 – Resposta: D
A cultura pop, por exemplo, com seus super-heróis, ícones da 
cultura nerd e estreita relação com as tecnologias digitais apresenta 
relações culturais com mitos gregos, que muitas vezes nem 
notamos claramente, mas estão lá, na composição das criações, 
que extrapolam a sua cultura original e se espalham pelo mundo 
(Figura 7), pelo fenômeno da globalização.
Questão 3 – Resposta: C
A cultura popular brasileira faz parte do repertório de todos 
nós, brasileiros, em maior ou menor escala, respeitando os 
regionalismos, ampliada ou reduzida à medida que viajamos pelos 
país ou entramos em contato com pessoas de outros lugares de 
origem, com quem trocamos informações.
5757 57
TV no Brasil: História e a Estética 
das novelas
Autora: Jurema L. F. Sampaio
Objetivos
• Conhecer a história, narrativas e conteúdo 
da televisão brasileira.
• Compreender o público consumidor dos 
produtos e serviços televisivos.
• Perceber a transformação da produção com 
o crescente das novas tecnologias.
5858 
1. A história da TV no Brasil
Nesta aula vamos conhecer um pouco sobre a História das produções 
de TV no Brasil, desde as primeiras transmissões até a revolução 
digital, trazida com as mudanças provocadas pela evolução das 
tecnologias de informação e comunicação. Vamos também conhecer 
um pouco sobre a estética televisiva, a estrutura narrativa das novelas 
e o perfil do público consumidor de TV, na tentativa de entender os 
caminhos da produção nacional nessa área.
Voltando algumas décadas do tempo, vamos até a metade do século XX. 
O ano era 1950 e, no dia 18 de setembro, era inaugurada em São Paulo 
a primeira emissora de televisão do Brasil, a TV Tupi. Quando, “às sete 
em ponto” (MORAIS, 1994, p.364), o radialista Walter Forster “esperava a 
luz vermelha da câmera se acender para pronunciar uma breve mensagem: 
Está no ar a PRF-3-Tv Tupi de São Paulo, a primeira estação de televisão da 
América Latina”, deu-se o início oficial história da TV no Brasil.
O pronunciamentoe as demais atrações da estreia foram assistidos 
pelos cidadãos da capital paulista, já que “em pontos estratégicos da 
cidade foram instalados 22 receptores nas vitrinas das dezessete lojas 
revendedoras de televisores, em quatro bares e no saguão dos Diários 
Associados, na rua Sete de Abril” (MORAIS, 1994, p. 364).
Mas a história não começa exatamente nesse ponto. A primeira 
transmissão de TV, que foi efetivamente um marco histórico, foi possível 
como realização de uma mistura de sonho e teimosia de um homem. 
A primeira emissora de TV brasileira foi montada com equipamentos 
trazidos para o país pelo empresário Francisco de Assis Chateaubriand 
Bandeira de Mello, mais conhecido como Assis Chateaubriand.
Chatô, como era chamado pelos amigos e colegas de trabalho, 
de acordo com o que nos conta Fernando Morais (1994), autor da 
biografia de Assis Chateaubriand, era muito rico e “um dos homens 
5959 59
mais poderosos do Brasil” (MORAIS, 1994, p.7), dono e diretor dos 
Diários Associados, grupo de comunicação que contava com “sete 
jornais e O Cruzeiro” (MORAIS, 1994, p.189). O poderoso empresário 
tinha uma espécie de ‘trânsito livre’ entre autoridades e celebridades, 
fato que dava ao jornalista uma grande ‘intimidade com o poder’. Isso 
lhe facilitou, e muito, alguns procedimentos para realizar o sonho de 
trazer a televisão para o Brasil.
Para haver quem assistisse à programação da televisão imaginada, 
Fernando Morais (1994) conta que Chateaubriand importou aparelhos 
de TV, de forma inusitada e “curiosa”. Numa passagem interessante da 
biografia do jornalista, Morais diz que, ao ser alertado para o fato de que 
ninguém no país tinha aparelhos de TV para receber as transmissões 
que ele pretendia realizar, Chatô
telefonou ao dono de uma grande empresa de importação e exportação 
e pediu-lhe que trouxesse por avião, dos Estados Unidos, duzentos 
aparelhos de tv, de modo que chegassem a São Paulo três dias depois. 
O homem explicou que não era tão simples: por causa da morosa 
burocracia do Ministério da Fazenda, um processo de importação 
(mesmo que fosse agilizado por ordem do presidente da República, 
como Chateaubriand sugeria) iria consumir pelo menos dois meses 
até que os televisores fossem postos no aeroporto de Congonhas. 
Chateaubriand não se assustou:
- Então traga de contrabando. Eu me responsabilizo. O primeiro receptor 
que desembarcar eu mando entregar no Palácio do Catete, como presente 
meu para o presidente Dutra (MORAIS, 1994, p.363).
Morais destaca que o jornalista realmente fez o que havia prometido,
os dois primeiros televisores que recebeu, dos duzentos contrabandeados, 
Chateaubriand deu de presente, respectivamente, a Vera Faria, sua 
secretária particular em São Paulo, e ao presidente Dutra. O de Dutra só 
serviu, durante um ano, como insólita peça de decoração de seu gabinete: 
a TV Tupi do Rio só seria inaugurada em 1951 (MORAIS, 1994, p.365).
6060 
Essa passagem pitoresca da biografia do ‘quase mitológico’ jornalista 
nos mostra claramente a estreita relação entre Assis e o Presidente 
Eurico Gaspar Dutra, e a influência de Chateaubriand junto às mais 
altas esferas de poder do país.
Quatro meses depois da festa em São Paulo, foi a vez do Rio de 
Janeiro receber a TV Tupi, com a inauguração acontecida em 20 de 
janeiro de 1951, dia do padroeiro da cidade, São Sebastião. A data 
foi escolhida justamente por ser feriado municipal na cidade, com 
a ideia de conquistar mais expectadores para a chamada TV Tupi 
da Guanabara. O nome mudou depois da fusão dos estados do 
Rio de Janeiro e Guanabara, em 1975, quando a emissora passou 
a se chamar TV Tupi Rio. A TV Tupi “apresentava programa idênticos 
nos dois estados e era obrigada a manter esquemas semelhantes de 
produção naquelas cidades em que Chateaubriand iria instalando suas 
afiliadas” (BRANDÃO, 2010, p.39).
Em 1952, entrava no ar a terceira emissora de televisão no Brasil e 
a segunda em São Paulo: a TV Paulista, no canal 5. No ano de 1953 
foi inaugurada a TV Record, em SP, e em 1955 a TV Rio é inaugurada, 
juntando-se à Record nas Emissoras Unidas. Também em 1955, no dia 
8 de setembro, entrou no ar a TV Itacolomi canal 4 de Belo Horizonte, 
de propriedade das Emissoras Associadas. Era o início da operação 
da televisão em Minas Gerais. Em 1957 dez emissoras estavam em 
operação no Brasil (MATTOS, 1990, p. 42).
Em 1959 surge a TV Continental, canal 9, no Rio de Janeiro, 
inaugurando a era do videoteipe, que acabava de chegar ao Brasil. 
A concessão da TV Continental foi cassada em 1972. Em 1960 é 
inaugurada a TV Excelsior em São Paulo e, em 1963, chega a TV 
Excelsior Rio de Janeiro. As duas saíram do ar por decisão do governo 
militar, em 1970. Vale destacar que a TV Excelsior “foi considerada 
como a primeira emissora a ser administrada dentro dos padrões 
empresariais de hoje” (MATTOS, 1990, p.13).
6161 61
Em dia 26 de abril de 1965 é inaugurada a TV Globo Rio, de 
propriedade do jornalista Roberto Marinho, dono do jornal O Globo e 
de emissoras de rádio de mesmo nome. A concessão havia sido obtida 
em 1957, quando o Conselho Nacional de Telecomunicações fez um 
decreto público que concedeu a quatro canais de frequência em Rio de 
Janeiro à TV Globo Ltda., com
uma programação baseada em jornalismo e entretenimento, tendo a 
novela como carro chefe, logo se firma e passa a ser distribuída para 
outros estados por meio de emissoras próprias adquiridas de outros 
empresários, e de emissoras afiliadas. Em pouco tempo forma-se a Rede, 
com a transmissão simultânea da programação da Globo para todo o país. 
(GLOBO, 2013, s/p).
No dia seguinte à inauguração, estreou, às 17 horas, “Capitão Furacão”, 
primeiro programa infantil e, de noite, “Ilusões Perdidas”, escrita por 
Enia Petri e estrelada por Leila Diniz.
A TV Tupi Rio e TV São Paulo, e mais 5 emissoras próprias da Rede 
Tupi, operaram até 18 de julho de 1980, quando tiveram suas 
concessões cassadas pelo Governo Federal, por problemas financeiros 
e administrativos, e dívidas com a Previdência Social, como as principais 
justificativas alegadas (RAMOS, 1995).
Em 19 agosto de 1981 Silvio Santos funda o Sistema Brasileiro de 
Televisão - SBT.
Em 1983 o empresário Adolpho Bloch, dono da Bloch Editores, consegue 
a concessão de um canal, ao qual batizou de TV Manchete, em referência 
ao maior sucesso editorial de suas empresas, a Revista Manchete. 
Entre 5 de junho de 1983 e 10 de maio de 1999, quando encerrou suas 
atividades, a TV Manchete desenvolveu “uma boa grade de programas 
jornalísticos, esportivos e de entretenimento” (TARDÁGUILA, 2013, s/p).
6262 
Em maio de 1999, os empresários Amilcare Dallevo e Marcelo de 
Carvalho assumiram todas as concessões da Manchete, transferiram 
a sede para a cidade de Barueri, na Grande São Paulo, e o nome da 
emissora foi mudado para RedeTV! (FOLHA, 2013, s/p).
PARA SABER MAIS
A jornalista Cristina Tardáguila, no Observatório da 
Imprensa, tem um artigo bem interessante sobre o destino 
do acervo da TV Manchete quando a emissora pediu 
concordata. Nele, a jornalista discute questões sobre direito 
patrimonial, produções audiovisuais e traz a opinião de 
especialistas em processos de falência. Vale a leitura!
TARDÁGUILA, Cristina. “TV Manchete, um inventário - na 
prateleira da memória”. In: Observatório da Imprensa, 
edição nº 730, 22 jan. 2013.
1.1 A transformação da produção
O início da produção televisiva brasileira se caracterizou por uma 
espécie de laboratório de experimentações. As emissoras não tinham 
parâmetros e seguiram “exibindo uma programação ao vivo, pela 
inexistência do videoteipe” (BRANDÃO, 2010, p.39). Na produção, a falta 
de referências, que poderia ser um problema, também era, ao mesmo 
tempo, uma possibilidade imensa de criação, pois “sem contar com 
qualquer experiência quanto ao uso da imagem, só restava aos primeiros 
profissionais a alternativa de aprender fazendo. E assim foi sendo 
montada a equipe pioneira (BRANDÃO, 2010, p. 46).
Depois da estreia,houve a necessidade de dar continuidade à iniciativa 
e, então, tudo era novidade e, assim, tudo era possível na abordagem 
das pessoas envolvidas.
6363 63
E assim foi sendo montada a equipe pioneira, fundada apenas no 
entusiasmo e abnegação de Cassio Gabus Mendes, Luís Gallon, Walter 
Tasca, Régis Cardoso, Walter George Durst, Dionísio de Azevedo, Ribeiro 
Filho, Tulio de Lemos, Walter Avancini, Álvaro Moya, Geraldo Vietri, entre 
outros, em São Paulo. Já no Rio de Janeiro tínhamos João Loredo, Chianca 
de Garcia, Pernambuco de Oliveira, Dermival Costa Lima, Fábio Sabag, Sadi 
Cabral, Herval Rossano, Paulo Bandeira, Daniel Filho, Maurício Sherman e 
inúmeros outros (BRANDÃO, 2010, p. 46).
A imagem de um imenso laboratório de ideias acompanha o imaginário 
desses primeiros tempos da TV brasileira. O que foi um rico momento 
de criatividade em que, ao olharmos para a história, percebemos que 
de passo em passo as apostas eram feitas numa mistura de criatividade, 
risco calculado e audácia, com tudo bem interessante.
Uma análise da programação levada ao ar durante os primeiros meses 
mostra claramente um engatinhar hesitante na busca de atrações e 
programas para preencher os horários das transmissões, mas levaria 
ainda algum tempo para que as estações de TV pudessem estruturar 
sua programação, uma verdadeira caixa de surpresas para os primeiros 
telespectadores. Registramos o exemplo do “Teatro Walter Foster” 
(pequenas cenas românticas) apresentado após a estreia da televisão 
nos seus primeiros dias de funcionamento. [...] Antes de partir para 
a encenação de uma peça de fôlego, a TV brasileira ensaiava, em São 
Paulo, pequenas dramatizações destinadas ao público jovem feminino. 
(BRANDÃO, 2010, p. 38-39).
Profissionais de diversas áreas, das artes e da comunicação, como teatro 
e rádio, envolveram-se na produção e desenvolvimento de propostas de 
conteúdo e formatos de atrações para esse novo suporte e 
Faziam um pouco de tudo, chegando até mesmo a pintar cenários, e 
ajudavam-se mutuamente. Era comum atravessarem as noites, após a 
programação se encerrar, experimentando ângulos diferentes e novas 
tomadas de câmera, pesquisando efeitos especiais e reproduzindo 
truques, misturando ideias próprias com o que viam nos filmes. 
(BRANDÃO, 2010, p. 46).
6464 
Todas as iniciativas eram válidas e todas também, de algum modo, 
terminavam colaborando para a construção da identidade própria e da 
linguagem da TV brasileira, diferente de outros países.
Ao contrário da TV americana que já encontrava no cinema uma 
infraestrutura de imagem e som para o fornecimento de recursos 
humanos - bem como experiência com produções de Hollywood 
diretamente para a televisão -, a nossa televisão iria abastecer-se no 
rádio. Como a Vera Cruz encerrava suas produções em 1954 e nas telas 
predominavam as chanchadas, desprezadas como produtos de ínfima 
qualidade, a televisão encontraria no teatro a sua fonte fornecedora de 
pessoal e dramaturgia.
[...]
Em toda a América Latina a programação ficcional televisiva norteava-se 
por seus teleteatros aparecendo como programas mais importantes do 
período, mas, tal qual no Brasil, caracterizados pela convergência dos 
recursos técnicos incipientes, pela orientação criativa dos pioneiros e 
pela acolhida de uma audiência que começava a se perfilar. (BRANDÃO, 
2010, p. 40).
Em 1953, o noticiário Repórter Esso foi trazido do rádio para a TV, 
marcando o início de um formato para telejornais. O radialista 
mineiro Gontijo Teodoro foi o âncora do programa por 18 anos e 
virou sinônimo de confiabilidade, chegando ao ponto de as pessoas 
se referirem ao noticiário como “Se o Repórter Esso não deu, não 
aconteceu” (TEODORO, 2003, s/p).
Telejornais, programas de entrevistas, teleteatro adulto e infantil, 
como o Sítio do Pica-Pau Amarelo, de 1954, baseado em obra de 
Monteiro Lobato, e atrações como o programa de variedades Alô, 
Doçura!, compunham a programação das emissoras. Ainda em 
1956 foi transmitida a primeira partida de futebol pela televisão 
(MATTOS, 1990, p. 42).
6565 65
Em 1956 Manuel da Nóbrega cria o primeiro programa humorístico, 
Praça da Alegria, num formato muito simples: um banco de praça aonde 
os humoristas trazidos do rádio revezavam seus personagens sob a 
coordenação do próprio Nóbrega.
O programa se tornou um sucesso, sendo referência na TV até os dias 
atuais, em variantes como A praça é Nossa e similares. No mesmo ano, a 
TV Rio cria o TV Rio Ringue, primeiro programa esportivo que exibia lutas 
de boxe ao vivo, aos domingos. No geral, as grades de programação eram 
regionais, porém, “de gêneros diversos, romântico, dramático, humorístico, 
policial ou terror, os teleteatros ocupavam quase todos os horários na 
programação (à tarde, à noite e de madrugada)” (BRANDÃO, 2010, p. 41).
Em agosto de 1957, uma novidade: uma transmissão entre Rio de 
Janeiro e São Paulo, simultaneamente, com um link entre a TV Rio e a 
TV Record para a transmissão do Grande Prêmio Brasil de Turfe, direto 
do Hipódromo da Gávea no Rio de Janeiro. Essa novidade permitiu o 
surgimento de um novo tipo de produção: as transmissões diretas. 
Assim, em 12 de outubro do mesmo ano, a TV Rio e a TV Record 
transmitiram, direto da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a missa 
em homenagem à padroeira do Brasil.
Em 1960 a TV Tupi usou, pela primeira vez, o videoteipe, numa adaptação 
de “Hamlet”, de Shakespeare. Foi o primeiro teleteatro a usar o VT no 
Brasil (MATTOS, 1990, p.43). Também em 1960 foi transmitido pela TV 
Cultura de São Paulo o primeiro Telecurso brasileiro, visando preparar 
candidatos ao “exame de admissão ao ginásio” (MATTOS, 1990, p. 42).
O ano de 1962 traz um marco para a TV brasileira: foi promulgado o 
Código Brasileiro de Telecomunicações (MATTOS, 1990, p.43) que passou 
a reger as comunicações no Brasil, inclusive a televisão, e o Decreto 
No. 52.795, de 31 de outubro de 1962, regulamentou os serviços de 
radiodifusão, fixando os objetivos do rádio e da televisão, considerados 
de interesse nacional (MATTOS, 1990, p. 43).
6666 
O Golpe Militar de 1964 tem grande impacto na TV brasileira, que passa 
a sofrer restrições governamentais ao conteúdo veiculado. A situação vai 
ficando cada vez mais restritiva até que em 13 de dezembro 1968 o Ato 
Institucional No. 5 institui de vez a censura prévia de toda a produção, 
como nos esclarece Sérgio Mattos:
Durante o período compreendido entre 1968 e 1979, os veículos de 
comunicação operaram sob as restrições do Ato Institucional No. 5, o qual 
concedia ao poder executivo federal o direito de censurar os veículos, 
além de estimular a prática da autocensura, evitando assim qualquer 
publicação ou transmissão que pudesse levá-los a ser enquadrados e 
processados na Lei de Segurança Nacional. (MATTOS, 1985, p. 68).
Até a década de 1980 todas as emissoras têm seu conteúdo e 
programação aprovados pelo governo federal para poder ser exibido. 
Uma lembrança marcante foi a proibição da exibição da telenovela 
“Roque Santeiro”, de Dias Gomes, que só foi veiculada pela Rede Globo 
10 anos depois (MATTOS, 1985, p. 45).
Nos anos de 1990, a TV brasileira já havia conquistado respeito mundial, 
com diversas premiações internacionais de reconhecimento de mérito, 
como o infanto-juvenil Sítio do Pica-pau Amarelo, exibido entre 1977 
a 1985, que foi considerado pela UNESCO como o melhor programa 
infantil do mundo e o Prêmio Asa de Ouro do Sucesso, à telenovela 
“Dancin’ Days”, produzida pela TV Globo e transmitida no Brasil 
(MATTOS, 1985, p.47).
ASSIMILE
“A TV brasileira acompanhava, em sua teledramaturgia, 
a tendência mundial. Basta dizer que em muitos outros 
países, entre eles os Estados Unidos, o ‘live drama’ 
constituiu-se na antologia dos anos dourados dos canais 
de TV. A diferença é que lá muitos espetáculos ao vivo 
6767 67
foram também registrados em películas e cuidadosamente 
arquivados, deixando, no seu rastro, uma vasta bibliografia 
do período e, no Brasil, mesmo nos anosem que os 
espetáculos já poderiam ser gravados em videoteipe, as 
fitas foram apagadas e grandes espetáculos tele teatrais, 
varridos da memória do público e alijados da história da 
nossa televisão” (BRANDÃO, 2010, p.39-40).
1.2 A TV por assinatura e o Streaming
No Brasil, a TV por assinatura tem uma história recente, se comparada 
a outros países, como os EUA. O jornalista Maurício Araújo, estudioso 
sobre o tema, nos conta que
Oficialmente, a história da TV paga no Brasil teve início no dia 23 de 
fevereiro de 1988, quando o decreto 95.744, do então presidente da 
república José Sarney regulamentou o chamado Serviço Especial de 
Televisão por Assinatura, realizado inicialmente em transmissões através 
da faixa UHF e via satélite. O novo serviço tornou-se realidade em 24 
de março de 1989, quando o Ministério das Comunicações anunciou o 
resultado da concorrência para a exploração da TV paga em São Paulo 
(ARAÚJO, 2010, s/p).
Na TV por assinatura, o assinante escolhe a programação dos canais 
que exibem conteúdos exclusivos para assinantes. Esse formato foi 
criado pela emissora norte-americana HBO, em 1972. O pagamento 
pela assinatura se justificava na ideia de não haver intervalos 
comerciais, como nas TV abertas, em que os comerciais sustentam as 
emissoras, patrocinando as atrações.
Porém, hoje em dia, mesmo pagando, não são raros os comerciais nas 
emissoras de TV a cabo, o que torna essa justificativa questionável.
6868 
O que mais caracteriza a TV por assinatura, hoje em dia, não é a 
exclusividade de conteúdo, embora ainda seja um forte argumento, 
mas a segmentação de interesses de assuntos. Por exemplo, há canais 
temáticos, como esportes ou filmes, em que o assinante tem acesso ao 
conteúdo que deseja, filtrado os demais tipos de produtos televisivos. 
Com uma grade que, com a ajuda da tecnologia contemporânea, é 
controlada pelo telespectador, torna a experiência de assistir televisão 
muito mais personalizada.
Os serviços de assinatura de TV têm evoluído bastante nas últimas 
décadas, em especial pela concorrência dos serviços de streaming, que 
proporcionam ainda mais personalização de programação, estando 
literalmente nas mãos dos espectadores as escolhas do que e quando 
assistir à programação, podendo parar, retomar, rever a qualquer 
momento o conteúdo escolhido.
Derivado do verbo stream, em inglês, ‘fluxo’, streaming é uma tecnologia 
que envia informações multimídia, através da transferência de dados 
de forma contínua, utilizando redes de computadores, especialmente a 
Internet, e foi criada para tornar as conexões mais rápidas. Os dados são 
processados de forma diferente dos dados em lote, das transmissões 
mais antigas e, assim, aumentam a velocidade das transmissões, 
permitindo que o usuário assista ao conteúdo ao mesmo tempo em que 
ele é “baixado”, sem necessidade de esperar o carregamento total dos 
dados. Há desafios com o streaming de conteúdo na Internet. Se o usuário 
não tiver largura de banda suficiente em sua conexão com a Internet, 
poderá haver paradas, atrasos ou buffer lento do conteúdo. Alguns 
usuários podem não conseguir transmitir determinados conteúdos devido 
a não terem sistemas de computador ou software compatíveis.
O termo streaming foi usado pela primeira vez para unidades de fita 
fabricadas pela Data Electronics Inc. para se referir aos seus vídeos que 
permitiam acesso ao que chamou-se “sob demanda”, como também 
é conhecido o serviço, visto o total controle de exibição que o usuário 
tem sobre o conteúdo.
6969 69
A TV por streaming é uma realidade e as possibilidades trazidas pelos 
serviços de telefonia mobile (Figura 1) colocam literalmente nas mãos 
dos consumidores as escolhas do que assistir, quando e onde. A 
produção de conteúdo original e de qualidade vai, cada vez mais, 
enfrentar a questão de produzir conteúdo para veiculação em veículos 
cada vez menos hegemônicos, trazendo para perto dos produtores de 
conteúdos a necessidade e obrigatoriedade de conhecer, cada vez mais 
e melhor, seu telespectador.
Figura 1 – Ilustração que mostra a imensa quantidade de possibilidades 
de programação de uma fornecedora de conteúdos sob demanda
Fonte: Metamorworks/iStock.com.
Alguns serviços populares de streaming incluem os sites de 
compartilhamento de vídeos YouTube, Twitch e Mixer, que transmitem 
ao vivo videogame. Netflix e Amazon Video streaming de filmes e 
programas de TV, e Spotify, Apple Music fluxo de música.
O streaming de música é uma das formas mais populares pelas 
quais os consumidores interagem com a mídia de streaming. Na 
era da digitalização, o consumo privado de música se transformou 
em um bem público, em grande parte devido a um participante do 
mercado: o Napster.
7070 
O sistema colocou em xeque diversos modelos de negócio de 
comercialização de música ao demonstrar o poder das redes P2P 
(neologismo para “person to person”, em inglês, que significa ‘de pessoa 
para pessoa’ ou distribuição sem intermediários) em transformar qualquer 
arquivo digital em um bem público e compartilhável. Isso também 
impactou as leis, que tiveram que ser rediscutidas, em especial sobre 
direitos autorais e patrimoniais, de propriedade intelectual. Transmitir 
conteúdo protegido por direitos autorais pode envolver a falsificação de 
cópias das obras em questão, mas a tecnologia que permite a transmissão 
em fluxo contínuo ou a visualização de conteúdo na Internet é legal, 
mesmo que o material seja protegido por direitos autorais.
2. Estética das novelas
Já vimos que, na origem da TV brasileira, os teleteatros tiveram 
significativa colaboração na construção de um público de 
telespectadores. Junto com as notícias, os teleteatros compunham 
grande parte da programação. O fascínio do brasileiro pela televisão 
é explicado, em parte, pela simplicidade e semelhança com a vida dos 
telespectadores. Diferente de outras formas artísticas,
na televisão e na percepção do público que visualiza as suas imagens há 
um só tempo, e esse é o presente. Um presente estendido que engloba 
o passado tornando presente e o futuro transfigurado em extensão do 
mesmo presente. (BARBOSA, 2010, p. 34).
Isso traz identificação e proximidade ao telespectador que se identificou 
imediatamente, em especial com as histórias dos teleteatros, assim 
como já acontecia com as radionovelas.
Precursores das telenovelas brasileiras, os teleteatros se caracterizavam 
pelo formato “unitário”, que é “um formato de programa levado ao ar uma 
única vez, isto é, numa única transmissão, sem diluí-la em capítulos como são 
as telenovelas ou as minisséries” (BRANDÃO, 2010, p.41). A cada seção, uma 
história é contada (ou recontada, quando novamente exibida) na íntegra.
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No formato “unitário” são estabelecidos “parâmetros de produção 
próprios” (BRANDÃO, 2010, p.42)”, que desenvolviam encenações 
únicas, assemelhadas às peças encenadas em teatros e que, por isso, 
“poderia ultrapassar uma hora de duração” (BRANDÃO, 2010, p. 42). Os 
teleteatros eram sucesso absoluto de público e se constituíram no
Principal gênero dramático da televisão brasileira a que se assistiu nos 
anos 1950, o teleteatro foi o programa ficcional de maior prestígio junto ao 
público, aos profissionais da televisão e aos críticos que acompanhavam as 
tele peças em todos os horários e emissoras existentes naqueles primeiros 
anos da TV. Isso se deve, em parte, ao fato de que os principais teleteatros 
(“Grande Teatro Tupi”, “TV de Vanguarda”, “TV de Comédia”, “Câmera Um”) 
trazerem para a TV um referencial da chamada “alta cultura”, exibindo os 
clássicos da dramaturgia e literatura mundial e, ainda, levando à telinha 
os atores mais representativos do nosso teatro. Sua produção/exibição se 
organizou com o virtual monopólio de um grupo - a Rede Tupi de Televisão 
- que integrava o primeiro oligopólio da informação no Brasil, os Diários 
Associados, de propriedade de Assis Chateaubriand (BRANDÃO, 2010, p. 36).
Os primeiros teleteatros que fizeram muito sucesso (Tabela1) chegaram a 
ser exibidos por anos, semanalmente contando uma nova história, em que
Os telespectadores “privilegiados” com a aquisição de um aparelho de 
TV - sinônimo de status social - assistiam junto aos televizinhos, até a 
madrugada, aos teleteatros que desfilavam um repertório de autores 
como Shakespeare, Ibsen, Goethe, Pirandello, Strindberg, Maughan, 
Dostoievski, Lorca, Nelson Rodrigues, entre outros (BRANDÃO, 2010, p. 39).
Tabela 1 – Primeiros teleteatros que fizeram sucesso
Teleteatro Período de exibição Canal
Tv de Vanguarda 1952 a 1967 (semanal) TV Tupi (SP)
O Sítio do Pica-Pau Amarelo 1952 a 1963 (semanal) TV Tupi (SP)
Câmera Um 1953 a 1967 (semanal) TV Tupi (RJ)
Teatro Cacilda Becker 1953 a 1955 (semanal) TV Paulista e Tv Record
Teledrama 1955 a 1963 (semanal) TV Paulista
Fonte: BRANDÃO, Cristina. “As primeiras produções teleficcionais”. In: RIBEIRO, Ana Paula; 
SACRAMENTO, Igor & ROXO, Marco. (Org.) História da televisão no Brasil: do início aos dias 
de hoje. São Paulo: Contexto, 2010. p. 37-55.
7272 
Não são poucos os estudiosos da TV brasileira que destacam a vocação 
para a dramaturgia da TV brasileira já nos anos iniciais de suas 
produções. Em seguida aos teleteatros vieram as novelas.
O desafio de produzir uma peça a cada semana, mesmo se mostrando 
como sucesso inicial, trazia complicações de produção que tinham 
custos. Com a ideia de reduzir custos, e espelhados nas novelas 
radiofônicas, surgiu a ideia de contar no formato de novelas, as histórias 
dos teleteatros. Surgiu, assim, a telenovela.
A primeira telenovela brasileira foi
Sua Vida me Pertence, que estreou no dia 21 de dezembro de 1951 na 
extinta TV Tupi. Escrita, dirigida e protagonizada por Walter Foster, a 
novela começou a ser exibida pouco mais de um ano após a implantação 
da televisão no Brasil e ficou no ar até o dia 8 de fevereiro de 1952. 
Naquele tempo, como não existia o videoteipe para gravar imagens, 
todos os programas, incluindo a novela, eram encenados ao vivo. Ao 
todo foram 15 capítulos, exibidos às terças e quintas-feiras às 20 horas. 
Sua Vida me Pertence também apresentou o primeiro beijo na boca das 
novelas nacionais, na verdade um selinho bem-comportado entre Foster 
e a atriz Vida Alves. O enredo girava em torno do despertar da paixão de 
um homem mais velho (Foster) por uma jovem garota (Vida). O ator Lima 
Duarte também fazia parte do elenco. (MUNDO ESTRANHO, 2001, s/p).
Sua Vida me Pertence não só foi a primeira novela brasileira, como a 
primeira telenovela do mundo, nesse formato (MUNDO ESTRANHO, 2001, 
s/p) e ainda guarda outra marca histórica: nela aconteceu o primeiro beijo 
da televisão brasileira. No último capítulo da novela, os protagonistas, 
vividos pelos atores Vida Alves e Walter Foster, trocaram um rápido 
’selinho’, mas o fato ficou marcado quase como um escândalo de ousadia.
A atriz Vida Alves, que era avó da cantora brasileira Tiê, morreu em 2017, 
aos 88 anos. Até o fim de sua vida ficou marcada pela ousadia da cena 
histórica. Também foi dela outra cena historicamente ousada. Junto com 
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Geórgia Gomide também foi a protagonista do primeiro beijo gay da TV 
brasileira, no teleteatro “Calúnia”, no início da década de 1960. Como os 
teleteatros eram ao vivo e sem registro do videoteipe, a cena era relatada 
boca a boca entre atores, e sempre foi confirmada pelas duas atrizes.
Mesmo com a comparação às “soap operas” norte americanas (termo 
que teve origem em dramas de rádio patrocinados por fabricantes de 
sabão nos EUA, nos anos de 1950), as telenovelas se diferenciam dessas 
pela forma de seriação.
Enquanto as “soap opera” são exibidas em episódios, com começo, meio 
e fim de cada história contada, por episódio, as telenovelas são exibidas 
em capítulos, como as novelas literárias, que também são fontes de 
inspiração das radionovelas.
O formato diário de exibição de capítulos só apareceu em 1963, como 
vemos a seguir.
Já a primeira novela exibida diariamente no Brasil foi produzida pela 
TV Excelsior em 1963. 2-5499 Ocupado foi ao ar em julho daquele ano, 
sendo inicialmente transmitida às segundas, quartas e sextas-feiras. Em 
setembro, a história sobre o amor impossível entre uma detenta que 
trabalhava como telefonista num presídio e um homem que liga para lá 
por engano passou a ser exibida diariamente. Escrita por Dulce Santucci, 
2-5499 Ocupado reuniu pela primeira vez o casal romântico Glória 
Menezes e Tarcísio Meira. (MUNDO ESTRANHO, 2001, s/p).
3. Quem é o público consumidor de novelas?
As telenovelas brasileiras são famosas quase no mundo todo, por meio 
de comercialização direta das obras. Avenida Brasil, produção de 2012 
da Rede Globo, é a novela mais vendida para o exterior, e já foi exibida 
em 130 países, levando a cultura brasileira para todo o mundo. O Brasil 
coleciona 12 indicações na categoria de telenovela no International Emmy 
Awards, das quais 6 foram vencedoras.
7474 
Os temas das produções são variados, muitas vezes literários, e noutras, 
espelham a cultura brasileira em suas produções, além de trazerem ao 
debate público, temas polêmicos e atuais.
Se hoje e nas telenovelas ou minisséries que encontramos a linguagem e 
o padrão de qualidade, tão procurados no universo ficcional da TV, não 
há dúvida de que o teleteatro, nas duas primeiras décadas de instalação 
da TV brasileira, foi o desbravador do desconhecido terreno da linguagem 
televisiva. (BRANDÃO, 2010, p. 41).
Os enredos das novelas são executados ao mesmo tempo, cruzam-
se e levam a novos desenvolvimentos. Um capítulo individual de 
uma novela geralmente alterna entre vários tópicos narrativos 
simultâneos, diferentes, que às vezes podem interconectar-se e afetar-se 
mutuamente ou podem ser totalmente independentes um do outro.
São chamadas de “obras abertas”, pois os autores iniciam o trabalho 
apresentando uma trama que pode se desenrolar dentro de algumas 
possibilidades, que são definidas ao longo do desenvolvimento da 
trama, contando, inclusive, com a participação do público, direta ou 
indiretamente (por meio de pesquisas de opinião).
O público que assiste novelas é bastante variado. Senso 
comum, considera-se que o gênero de teledramaturgia seja 
predominantemente assistido por mulheres na faixa de idade adulta, 
mas ainda produtiva. Os dados da pesquisa que o jornalista Ricardo 
Feltrin, colunista da revista ‘TV e Famosos’ (2018) divulgou, baseado 
num estudo junto aos dados consolidados da Kantar Ibope Media para 
saber o perfil de quem assistia às três novelas em cartaz na TV aberta 
em agosto de 2018, da Globo, Record e SBT, mostra que isso está perto 
da verdade. Os resultados são interessantes.
7575 75
Tabela 2 – Perfil do público de novelas da TV aberta, agosto de 2018
“Segundo 
Sol”, da Globo. “Jesus”, da Record. “As Aventuras de 
Poliana”, do SBT.1
Gênero 62% mulheres X 
38% homens.
57% mulheres X 
43% de homens .
66% mulheres e meninas X 
34% de homens e meninos.
Idade
27% do público 
está na faixa etária 
entre 35 e 49 anos;
18% tem de 50 a 
59 anos, e 24% tem 
60 anos ou mais.
25% têm idade 
entre 35 a 49 anos;
25%, 60 
anos ou mais;
19% tem de 50 
a 59 anos.
17% têm de 4 a 11 anos
12% tem de 12 a 17 anos;
8%, de 18 a 24 anos;
14% vai de 25 a 34 anos;
21% de 25 a 49 anos;
11% tem de 50 a 59 anos; e
16% tem 60 anos ou mais.
Classe Social
33% são das 
classes AB;
30% da classe C1, e
26% da classe C2;
12% pertencem 
às classes D e E.
32% pertencem 
à classe AB;
24% são da chamada 
classe C1;
30% da classe C2 e 
14% da classe DE.
19% de quem vê “Poliana” 
são das classes AB;
26% são classe C1;
35% --o maior público--, 
da classe C2; e
20% da classe D e E.
 1 A Novela do SBT tem forte apelo infantil, assim, a classificação etária é mais abrangente.
Fonte: Tabela feita pela autora, com dados da pesquisa Kantar Ibope Media divulgados 
na Revista TV e Famosos. 25 ago.2018.
4. Considerações finais
• Nesta aula vimos um pouco da história da TV no Brasil, suas 
características e destaques. Alémde conhecer os aspectos 
históricos, também falamos sobre as atuais tendências do 
mercado de audiovisual no Brasil, em especial sobre as 
possibilidades do streaming como suporte de uma TV cada vez 
mais personalizada.
• As novelas, tão presentes na cultura brasileira, exercem grande 
influência na sociedade, seja na maneira de se vestir, no jeito de 
abordar um assunto e até mesmo na forma de pensar. Criam 
e disseminam modas, expressões e alteram comportamento, 
quando, por exemplo, os telespectadores se identificam com 
algum personagem e acabam tentando adotar os estilos parecidos 
em sua vida. A cada nova novela personagens e tramas mudam, 
7676 
e os assuntos abordados também, assim, a sociedade vai 
respondendo a este estímulo produzido diariamente. Às vezes 
de forma positiva, noutras, negativa, rejeitando um conceito 
ou proposta, demonstrando sua insatisfação e até mesmo 
imaturidade para lidar com a questão naquele momento.
TEORIA EM PRÁTICA
Um programa de TV pode ser classificado como educativo, 
sem que necessariamente tenha sido feito com esse fim. A 
qualidade educativa de uma produção diz respeito ao seu 
conteúdo e à sua forma. Uma animação pode ser educativa, e 
um filme também, assim como uma novela, ou qualquer peça 
da teledramaturgia. Em que aspectos a televisão brasileira 
contribui para a educação e para a educação das pessoas? 
Como a televisão poderia contribuir de maneira mais efetiva 
para elevar o nível educacional e cultural da população?
Vamos pensar em possíveis soluções, mas que sejam 
possíveis aos indivíduos, e não somente às políticas 
públicas de comunicação. Plagiando o poeta, a TV não 
muda o mundo. A TV pode mudar as pessoas, e pessoas 
mudam o mundo.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. A primeira emissora de TV do Brasil foi:
a. Rede Tupi.
b. TV Globo.
c. Rede Bandeirantes.
7777 77
d. TV Tupi.
e. Rede Globo.
2. As telenovelas brasileiras são famosas quase no 
mundo todo...
a. porque o idioma português é o mais falado no mundo.
b. por meio de comercialização direta das obras.
c. porque trazem artistas novos e bonitos no elenco.
d. importando a cultura estrangeira para o Brasil.
e. porque ganharam 6 prêmios Oscar.
3. Qual a diferença entre telenovela e ‘soap opera’?
a. As “soap opera” são exibidas diariamente e 
por temporadas, as telenovelas são exibidas 
semanalmente, em capítulos.
b. As “soap opera” são exibidas semanalmente e por 
temporadas, as telenovelas são exibidas diariamente, 
em episódios.
c. Não há diferenças, ‘soap opera’ e telenovelas são o 
mesmo tipo de teledramaturgia.
d. As telenovelas são exibidas em episódios, com 
começo, meio e fim de cada história contada, por 
episódio, as ‘soap opera’ são exibidas em capítulos.
e. As “soap opera” são exibidas em episódios, com 
começo, meio e fim de cada história contada, por 
episódio, as telenovelas são exibidas em capítulos.
7878 
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ao Museu da Televisão Brasileira. 06 set.2003. Disponível em: https://
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Gabarito
Questão 1 – Resposta: D
O ano era 1950 e no dia 18 de setembro era inaugurada, em 
São Paulo, a primeira emissora de televisão do Brasil, a TV Tupi. 
Quando, “às sete em ponto” (MORAIS, 1994, p. 364), o radialista 
Walter Forster “esperava a luz vermelha da câmera se acender para 
pronunciar uma breve mensagem: Está no ar a PRF-3-Tv Tupi de São 
Paulo, a primeira estação de televisão da América Latina”, deu-se o 
início oficial história da TV no Brasil.
Questão 2 – Resposta: B
As telenovelas brasileiras são famosas quase no mundo todo, por 
meio de comercialização direta das obras. Avenida Brasil, produção 
de 2012 da Rede Globo, é a novela mais vendida para o exterior, e 
já foi exibida em 130 países, levando a cultura brasileira para todo o 
mundo. O Brasil coleciona 12 indicações na categoria de telenovela 
no International Emmy Awards, das quais 6 foram vencedoras.
Questão 3 – Resposta: E
Enquanto as “soap opera” são exibidas em episódios, com começo, 
meio e fim de cada história contada, por episódio, as telenovelas 
são exibidas em capítulos, como as novelas literárias, que também 
são fontes de inspiraçãodas radionovelas.
808080 
Filmes clássicos: estéticas da 
linguagem audiovisual
Autora: Jurema L. F. Sampaio
Objetivos
• Analisar a estética de filmes clássicos.
• Observar a linguagem audiovisual 
empregada nas produções.
• Conhecer obras de grande relevância 
para estudos da história do cinema.
8181 81
1. O cinema mudou o mundo e o mundo 
mudou o cinema
Nesta aula vamos conhecer e analisar um pouco da estética dos filmes 
clássicos. Ao observar a linguagem audiovisual empregada nesses filmes, 
compreendemos o motivo pelos quais se tornaram clássicos e passaram 
a servir de referência para as produções que vieram depois deles.
Conhecer ao menos um pouco da história do cinema e de como este se 
constituiu como uma linguagem artística, ajuda a compreender o modo 
como os filmes foram e são desenvolvidos, e suas variadas formas de 
expressão estética.
Em 1895, os irmãos Auguste e Louis Lumière fazem a primeira exibição 
pública de seu invento, o cinematógrafo. Por cerca de vinte minutos, as 
pessoas presentes se encantaram com o aparelho, assistindo a imagens 
de empregados saindo das Fábrica Lumière e da chegada de um trem 
a uma estação, como contam diversos historiadores. Este fato marca a 
invenção do cinema. O impacto no mundo das artes foi tamanho que
[...] logo, os críticos passaram a considerá-lo um tipo mais recente de arte. No 
século XX, Ricciotto Canudo, intelectual italiano radicado na França, escreveu 
o Manifesto das Sete Artes. “Nele, Canudo define o cinema como a sétima 
arte por ser a arte plástica em movimento, aquela que consegue congregar 
todas as outras em uma só”, diz Ana Maria Giannasi, professora do curso de 
audiovisual do Senac São Paulo (GIANNASI apud LOPES, 2013, s/p).
ASSIMILE
Sétima Arte é como o cinema é chamado. Quais são as 
outras seis?
“São a música, a dança, a pintura, a escultura, a arquitetura 
e a poesia. Essa definição começou a tomar forma na 
8282 
Europa durante o século XVIII, quando surgiu o conceito de 
belas-artes – artes preocupadas com a criação do belo, sem 
utilidade prática, a não ser representar a própria beleza”.
LOPES, Noêmia. Se o cinema é a sétima arte, quais são as 
outras?. In: Revista Superinteressante, 24 maio 2013. 
MUNDOESTRANHO-134-55-B-620.
Por sua natureza, ora de entretenimento, ora de comunicação, outras 
vezes, ainda, de expressão artística, não nos parece realmente certo 
afirmar que o cinema seja pertencente à categoria das “Belas Artes”, 
visto que assume funções outras além da representação do belo, como 
o termo define. Mas certamente é uma forma contundente de expressão 
estética que, se analisado frente aos conceitos mais contemporâneos, 
pode ser definido como arte.
Já em 1900 há a primeira versão para o cinema do romance de William 
Shakespeare, “Romeu e Julieta”, e uma imensa quantidade de produções 
sucederam, numa velocidade assombrosa, durante o século XX, também 
chamado de século das comunicações. De certa forma, o cinema vem 
de uma espécie de ‘evolução’ do teatro, na realidade, a possibilidade de 
registrar o que era encenado pelos atores foi a base dos primeiros filmes 
que se tem registro. Assim, a maioria dos filmes era feita para que fosse 
assistida por um público que estaria sentado confortavelmente em suas 
poltronas, como no teatro, vendo o desenrolar da trama na sua frente. 
Desse modo, as primeiras formas de enquadramento foram também 
reflexo dessa “passividade” dos espectadores. Ou seja, a câmera fazia o 
“papel”, como se fosse o espectador propriamente dito. Estática sobre 
um tripé também estático. Atores se movimentavam e não a câmera. 
Do mesmo modo, a edição dos primeiros filmes era sempre linear, 
cronologicamente montada, de modo a contar histórias com “começo”, 
“meio” e “fim”, exatamente na ordem temporal que os fatos aconteciam. 
8383 83
As inovações surgiram muito mais por criatividade dos realizadores, que 
decidiram, em dado momento, experimentar coisas novas, do que por 
alguma limitação tecnológica.
O enquadramento do tipo “Point of View” (ponto de vista), em “primeira 
pessoa”, ou seja, como se a câmera estivesse ainda nos olhos do público, 
- mas este participa da cena, e não fica somente a assistindo -, foi uma 
imensa inovação na linguagem cinematográfica, trazendo intensidade 
dramática às cenas memoráveis do cinema, como o ataque no banho, 
em Psicose, de Alfred Hitchcock.
ASSIMILE
Uma injustiça histórica: Dentre as técnicas mais copiadas 
de Alfred Hitchcock, estão, além da câmera em primeira 
pessoa, o uso de sombras para gerar ansiedade e 
apreensão no espectador e, principalmente, o uso 
intenso da trilha-sonora para incentivar e construir o 
“clima” das sensações, em especial as de tensão. Apesar 
de ser considerado um gênio como diretor, ele jamais 
ganhou um Oscar de melhor diretor, nem nenhum dos 
grandes prêmios do mundo do cinema, pela direção de 
um filme. Cannes, Veneza, Globo de Ouro ou Bafta jamais 
reconheceram seu trabalho.
Numa visão panorâmica da construção da linguagem cinematográfica 
e sua consolidação como arte, vamos partir de uma lista de 12 filmes, 
que são considerados pela crítica especializada como clássicos, e 
que de alguma forma contribuíram para a construção da estética do 
cinema. Vamos conhecer os motivos por que foram e são destaques 
até os dias atuais.
8484 
É natural que, para cada pessoa que construa qualquer lista de “os X 
mais”, em relação a filmes, essa lista incluirá preferências pessoais. Na 
presente lista, para além de gostos pessoais, o que nos guia é a ideia 
da promoção de uma visão estética abrangente sobre os filmes que, 
de forma surpreendente, inovadora e criativa, “mudaram” o cinema 
por algum motivo. De outro modo, seja por inovação técnica ou de 
linguagem, esses filmes trouxeram imensas contribuições ao cinema 
como um todo, configurando-o como arte.
Na nossa lista de filmes que mudaram o mundo do cinema temos 
alguns inesquecíveis, outros, complexos ou polêmicos, mas todos 
eles marcaram época e a história do cinema ao trazerem para 
a ‘telona’ uma estética específica, um estilo, novas ideias ou um 
gênero em especial, e contribuíram para construir sonhos e imagens 
mentais, estéticas e conceitos.
1. E o vento levou... (1939).
2. Cidadão Kane (1941).
3. O crepúsculo dos deuses (1950).
4. 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968).
5. Laranja Mecânica (1971).
6. O Poderoso Chefão (1972).
7. Star Wars (1977).
8. Apocalypse Now (1979).
9. Blade Runner (1982).
10. Pulp Fiction (1994).
11. Matrix (1999).
12. Avatar (2009).
8585 85
Vamos aos filmes!
1.1 E o vento levou... (1939).
Diretores: Victor Fleming, com colaboração de George Cukor e Sam Wood. 
Em 1939, a estrutura e a linguagem narrativa do cinema já estavam 
definidas. O som já estava presente nos filmes há mais de uma década 
e alguns filmes já eram coloridos. Com todo esse avanço tecnológico 
na indústria cinematográfica, os estúdios da Metro-Goldwyn-Mayer 
investiram muito nesse projeto. É o clássico dos clássicos, ganhador 
de 10 Oscars, é uma superprodução que se mantém, ainda hoje, como 
o filme mais assistido de todos os tempos. Foi uma das primeiras 
produções em cores no mundo, com seu magnífico Tecnicolor, e a 
memorável trilha sonora de Max Steiner. É a síntese estética do que 
de melhor foi feito na Era de Ouro de Hollywood. A tríplice direção é 
apontada pela crítica como perceptível em alguns momentos quando 
podem ser percebidas as diferenças de estilos.
Adaptado do romance de mesmo nome, escrito em 1936 por Margaret 
Mitchell, é um romance histórico épico norte-americano que tem 
como pano de fundo da Guerra Civil Americana, a conhecida “Guerra 
da Secessão”. Pioneiro de um estilo de filmes em que acontecimentos 
marcantes da história mundial são tratados como pano de fundo de 
grandes histórias de amor que “não dão certo”, como em “Doutor Jivago” 
(1965), que se passa durante a Revolução Russa e que tem na morte 
do protagonista o fim do romance; e “Titanic” (1997), em que o casal 
central enfrentaa grande tragédia do célebre naufrágio, que os separa 
definitivamente com a morte de Jack; em “E o Vento Levou”, Scarlett 
O’Hara (interpretada por Vivien Leigh) e Rhett Butler (papel do galã 
Clark Gable) se enfrentam e se desentendem boa parte do filme. Até 
mesmo na cena final, antológica, após Scarlett finalmente dizer que o 
ama e implorar que fique, dizendo que não sabe o que vai fazer sem ele, 
Rhett Butler a abandona, com a mais famosa frase de todos os tempos: 
“Francamente, minha querida, eu não dou a mínima”.
8686 
Figura 1 – Reprodução de ilustração do pôster do filme “E o vento levou”
Fonte: Traveler1116/iStock.com.
1.2 Cidadão Kane (1941)
Diretor: Orson Welles.
Produtor, corroteirista, diretor e estrela, Orson Welles realizou o filme 
quase biográfico sobre a vida de Charles Foster Kane, personagem 
baseado em parte nos magnatas norte-americanos William Randolph 
Hearst e Joseph Pulitzer. O filme foi indicado para o Oscar em nove 
categorias e considerado por muitos críticos, cineastas e fãs, como 
o maior filme já feito. Cidadão Kane é particularmente elogiado pela 
cinematografia, edição, música e estrutura narrativa, todas consideradas 
inovadoras e definidoras de precedentes. Apesar do sucesso frente a 
crítica, a produção não conseguiu recuperar seus custos nas bilheterias.
1.3 O Crepúsculo dos Deuses (1950)
Diretor: Billy Wilder.
No original, em inglês, chama-se “Sunset Boulevard”. É um filme do 
gênero “noir”. Esse termo cinematográfico é usado principalmente para 
8787 87
descrever dramas de crimes estilosos de Hollywood, particularmente 
aqueles que enfatizam atitudes cínicas e motivações sexuais. O período 
clássico do cinema noir de Hollywood é do início dos anos 1920 até o 
final dos anos 1950. O filme noir dessa época está associado a um estilo 
de visual discreto, geralmente em preto e branco, que tem raízes na 
cinematografia expressionista alemã. Muitas das histórias prototípicas e 
muito da atitude do noir clássico derivam da escola hard boiled de ficção 
de crime que surgiu nos Estados Unidos durante a Grande Depressão.
Crepúsculo dos Deuses foi dirigido e coescrito por Billy Wilder, e 
coproduzido e coescrito por Charles Brackett. Aclamado por vários 
críticos na época em que foi lançado, foi indicado para onze Oscars, 
tendo recebido três. É considerado como um dos filmes mais notáveis 
do cinema americano.
No início, uma voz em ‘off’ começa a narrar a história, que se desenrola 
com todo o ‘climão’ dos filmes da estética ‘noir’. A voz é justamente do 
morto que vai nos contar como o crime ocorreu. “Sunset Boulevard” 
(título original) é o mesmo nome de uma rua, que atravessa toda Los 
Angeles e Beverly Hills, na Califórnia, geralmente associada ao luxo e à 
riqueza, mas a primeira cena do filme, um close da Sunset Boulevard 
numa entrada de esgoto, literalmente.
Crepúsculo dos Deuses tem seu lugar na história como um dos 
melhores filmes de todos os tempos pela construção da metáfora visual 
que se refere à decadência de costumes no meio cinematográfico, 
transformando o filme numa dura crítica aos costumes da época e 
daquela comunidade, apontando para a real necessidade de saber 
administrar emocionalmente a fama, em especial, a perda dela. Apesar 
do tempo passado, a crítica cabe bem aos dias atuais, à sociedade de 
celebridades, no sentido de alerta, para a percepção de que após os 15 
minutos de fama, como afirmou certa vez o cineasta e pintor americano 
Andy Warhol, tudo pode se perder.
8888 
1.4 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968)
Diretor: Stanley Kubrick.
Em 1968, o filme de Stanley Kubrick revolucionou o cinema de ficção 
cientifica usando técnicas de filmagem e efeitos especiais nunca antes 
vistos em nenhuma outra produção. Suas técnicas, como a grande 
ênfase no visual, poucos diálogos, som como narrativa, imagens 
ambíguas próximas ao surrealismo, criaram novas formas de contar 
uma história e serviram de inspiração, e algumas foram mesmo 
copiadas e repetidas em outros filmes e franquias de ficção cientifica, 
como Star Wars e Star Trek, tornando-se referências no gênero.
O filme tem uma trilha sonora inesquecível, marcada pelo contraste 
de valsas, como Danúbio Azul, de Johann Strauss II, e o clássico poema 
sinfônico de Richard Strauss, Also sprach Zarathustra, “para mostrar a 
evolução filosófica do Homem, teorizado no trabalho de Friedrich Nietzsche 
de mesmo nome” (HUGES, 2000, p.135).
1.5 Laranja Mecânica (1971).
Diretor: Stanley Kubrick.
O nome original é “A Clockwork Orange”. É um filme de ficção ambientado 
em um futuro distópico, sobre violência e crimes, baseado no romance 
de mesmo nome, de Anthony Burgess. A trilha sonora do filme 
conta com uma primorosa seleção de música clássica, somadas às 
composições autorais com sintetizador eletrônico.
Laranja Mecânica impressiona por sua linguagem direta e estética 
agressiva, que foi repetidamente rejeitada pela crítica por, segundo 
eles próprios, fazer apologia à violência. Mas o filme mostra tudo de 
maneira tão fortemente literal, justamente porque sua profundidade 
está na instigação de questões acerca das deduções que a sociedade 
faz sobre a violência mostrada de maneira tão clara, e não na violência 
8989 89
em si. O diretor faz uso de imagens fortes de violência, que chegam 
a ser perturbadoras para tratar de temas difíceis como a própria 
violência da delinquência juvenil, ação de gangues e outros assuntos 
sociais, mas numa distópica Inglaterra de um futuro próximo, propondo 
uma tentativa de interromper a violência promovida pelos jovens 
delinquentes, também uma forma de violência.
O filme de Kubrick segue a mesma linha de violência explícita 
apresentada no romance de Burgess, em que a questão central do 
filme (como em muitos dos livros de Burgess), é a definição moral de 
“bondade” e o questionamento do sentido de usar terapia psicológica 
para cessar o comportamento violento.
Ao longo de décadas o filme Laranja Mecânica tem servido de influência 
em diversos campos das artes com o icônico pôster de divulgação, que 
foi criado por Philip Castle, com o layout desenvolvido pelo designer Bill 
Gold, sendo elevado à condição de objeto de arte.
1.6 O Poderoso Chefão (1972)
Diretor: Francis Ford Coppola.
O Poderoso Chefão é considerado um dos mais importantes da 
história do cinema e um dos melhores, de todos os tempos, pela crítica 
especializada. Isso porque inovou na forma de fazer filmes sobre 
mafiosos e, abandonando a estética “noir”, até então usada para tratar 
o tema, trazendo “glamour” e sofisticação ao tratar as personagens. 
Diálogos inteligentes, humor e certo cinismo nas falas, características 
tão presentes nos personagens dirigidos por Coppola, que também 
escreveu o roteiro junto com Mario Puzo, fazem do mafioso Don 
Corleone quase um “galã”, certamente, um mito e são, ainda hoje, 
encontrados como referências ao filme em diversos trabalhos 
cinematográficos e em séries. A fotografia é perfeita e a trilha sonora é 
das que não se esquece nunca mais.
9090 
O estilo inconfundível e genial de Coppola também pode ser observado 
em outros dos grandes filmes do século XX, como Apocalypse Now e 
Drácula, de Bram Stoker, entre outros. O diretor e produtor já foi indicado 
14 vezes ao Oscar e venceu por 5 vezes.
1.7 Star Wars (1977)
Diretor: George Lucas.
Star Wars marcou uma época e uma geração. Ou gerações, como dizem 
os especialistas e estudiosos em cultura “nerd”. O sucesso do filme foi 
imenso e mudou a forma de se fazer filmes de ficção cientificas. Os efeitos 
especiais, que hoje parecem até mesmo simples e “toscos” para uma 
geração acostumada às maravilhas tecnológicas, foram, nos anos 1970, 
inovadores ao extremo. As guerras espaciais do filme foram consideradas 
um marco para o cinema, pois nunca haviam sido usadas técnicas sequer 
semelhantes, muito menos uma linguagem tão inovadora. Mesmo com 
alguns questionamentos sobre o comportamento do fogo e do som no 
espaço, que estariam em oposição aos conhecimentos científicosvigentes, 
o efeito estético foi realmente inovador e sensacional.
Figura 2 – Personagens de Star Wars, incluindo Darth Vader, 
os Stormtroopers, Chewbacca e Jawas, numa feira Comic Con, 
em Doncaster, Inglaterra
Fonte: Teamjackson/iStock.com.
9191 91
1.8 Apocalypse Now (1979)
Diretor: Francis Ford Coppola.
Outro dos trabalhos de Coppola, em que a música The End, do The 
Doors, tocando, mais o barulho dos helicópteros e do ventilador do 
quarto com um Martin Sheen completamente possuído no meio de 
tudo isso abre o filme de forma surpreendente, é Apocalypse Now. 
A sequência de ataque dos helicópteros ao som de “A Cavalgada das 
Valquírias” é um dos momentos de genial equilíbrio estético entre 
música e imagem neste filme que a crítica considera o melhor filme de 
guerra já feito em toda a história do cinema. Há duas versões dele, a 
primeira é a melhor delas, a Redux deixa desejar, e as inclusões feitas 
nela são de qualidade inferior ao filme original. A ácida e crítica frase do 
personagem ‘Coronel “surfista” Kilgore’ (interpretado por Robert Duvall), 
que diz “adoro o cheiro de napalm pela manhã” entrou para as eternas 
citações do cinema, sendo referenciada em diversos outros filmes, em 
momentos de indisfarçável cinismo.
Ganhou sete prêmios internacionais, dentre eles, a Palma de Ouro, no 
Festival de Cannes de 1979. Levou os prêmios de melhor fotografia 
e melhor som no Oscar de 1980, quando foi indicado também para 
direção de arte, ator coadjuvante, diretor e edição, além de melhor filme 
- drama. No Globo de Ouro, de 1980, ganhou nas categorias de diretor, 
ator coadjuvante, argumento original. No Prêmio David di Donatello, 
de 1980, na Itália, venceu na categoria de “Melhor diretor - filme 
estrangeiro”. É considerado, até hoje, “culturalmente, historicamente 
e esteticamente significante” (COWIE, 1990, p.132) pelo National Film 
Registry, pela crítica contundente à Guerra do Vietña.
1.9 Blade Runner (1982)
Diretor: Ridley Scott.
Blade Runner é considerado pela crítica especializada uma “obra-prima” 
da cultura Cyberpunk. É um filme de ficção científica neo-noir, gênero 
totalmente inovador na época de seu lançamento, ambientado em 
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um futuro distópico de uma Los Angeles de 2019, na qual humanos 
sintéticos são bioprojetados para trabalhar em colônias fora da Terra. 
Quando foi lançado teve um desempenho ruim nos cinemas e 
uma imensa polarização da crítica. Enquanto alguns elogiaram sua 
complexidade temática e visual, outros apontavam um ritmo lento 
de narrativa e falta de ação como pontos fracos. Posteriormente foi 
aclamado como filme cult e considerado um dos melhores filmes de 
ficção científica de todos os tempos. 
Revolucionou a forma de filmar e usar efeitos especiais não 
computadorizados. Seu design de produção se propunha a retratar 
um futuro “modernizado” (para a época), resultando numa estética 
que influenciou muitos filmes de ficção científica, videogames, 
animes e séries de televisão. A trilha sonora, composta por Vangelis, é 
inesquecível e fantástica.
1.10 Pulp Fiction (1994)
Diretor: Quentin Tarantino.
Tarantino é um diretor conhecido por muitos filmes de sucesso, mas 
Pulp Fiction, que também escreveu além de dirigir, é definitivamente 
um dos seus mais icônicos trabalhos. Com diálogos marcantes e cenas 
inesquecíveis, o filme trouxe uma linguagem ágil, forte e não-linear para 
o cinema, ao contar, entremeadamente, várias histórias distintas, ao 
mesmo tempo autônomas e entrelaçadas, uma característica marcante 
das obras do diretor. O autor/diretor inova ao usar recursos comuns da 
linguagem cinematográfica de maneira surpreendente:
Recursos de flashback e flash forward não são nada novos em narrativas 
cinematográficas, mas seu uso em Pulp Fiction deixa os espectadores 
desnorteados com os ladrões que somem após a sequência de abertura, 
os personagens que morrem e reaparecem etc. Lendo o roteiro, fica 
claro que isso foi planejado desde sua redação. Ainda assim, podemos 
remontar o filme em grandes blocos, como se estivéssemos em um 
processador de textos. (TIETZMANN, 1997, p. 127).
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Pulp Fiction venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1994 
e foi um grande sucesso comercial, além da crítica, que o considera 
a obra-prima de Tarantino, com elogios especiais por seu roteiro. A 
autorreflexividade, estrutura não convencional, extensa homenagem e 
pastiche levaram os críticos a descrevê-lo como um marco cultural pós-
moderno, influenciando filmes e outras mídias que adotaram elementos 
de seu estilo e de sua estética.
1.11 Matrix (1999)
Diretores: Lana (Larry) e Lilly (Andy) Wachowski.
Matrix revolucionou o cinema com uma técnica inovadora de filmagem, 
criada especialmente para o filme (e usada, posteriormente nas 
sequências), chamada de “Bullet-time”. Nessa técnica, trabalhada 
essencialmente por computadores, o objeto filmado tem sua 
velocidade drasticamente reduzida para ênfase dramática. Outra 
técnica que marcou a estética do filme foi a de usar várias câmeras 
estrategicamente posicionadas ao redor dos objetos que faziam 
centenas de fotos por segundo, fornecendo material para a edição 
trabalhar em modo de câmera super lenta, além de possibilitar o 
“congelamento” total das imagens na montagem. Essa inovação criou 
cenas memoráveis, repletas de carga dramática tão intensa que 
construiu uma nova estética visual: o “efeito Matrix”, nas cenas.
1.12 Avatar (2009)
Diretor: James Cameron.
Filme de ficção científica ambientada em meados do século XXII, escrito 
pelo próprio Cameron em 1994, as filmagens deveriam ocorrer após a 
conclusão de outro filme do diretor: Titanic, de 1997. Porém, segundo 
o próprio diretor, que declarou em diversas entrevistas na época, a 
tecnologia necessária ainda não estava disponível para alcançar sua 
visão do filme. Dessa forma, James Cameron aguardou até 2009 para 
realizar seus sonhos cinematográficos.
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Avatar estreou em dezembro de 2009, com os críticos se desmanchando 
em elogios aos seus efeitos visuais inovadores, quebrando vários 
recordes de bilheteria e se tornando o filme de maior bilheteria de 
todos os tempos, superando mesmo Titanic, do próprio Cameron, que 
vinha mantendo esses registros por doze anos. Foi o primeiro filme a 
arrecadar mais de 2 bilhões de dólares de bilheteria. Indicado para nove 
Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, ganhou três: Direção de 
Arte, Fotografia e Efeitos Visuais.
Embora Avatar não tenha sido o primeiro filme a ser feito em formato 
3D, a maneira como o recurso foi utilizado jamais havia sido feito antes. 
Além disso, a fotografia e os efeitos utilizados surpreenderam a todos, 
assistindo ao filme fica difícil diferenciar ficção da realidade, levando o 
público a uma experiência estético sensorial única.
Figura 3 – Embalagem do DVD de Avatar
Fonte: ABDESIGN/iStock.com.
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PARA SABER MAIS
Poderíamos fazer uma lista com 25, 50, 100 filmes! A 
produção cinematográfica do século XX certamente é 
imensa e conta com uma infinidade de modos de análise. 
Cada um dos filmes que traz uma nova ideia, um novo 
aspecto, uma nova leitura do mundo, seja na forma que 
aborda um tema ou como inova ao contar uma história, 
contribuiu de forma significativa para a construção 
do cinema, mas creio que esses, aqui apresentados, 
são suficientes para ajudar a começar a construir um 
bom repertório estético na linguagem audiovisual 
cinematográfica. Se não viu ainda algum deles, corra 
para assistir! Os serviços de streaming oferecem vários 
deles em seus catálogos. Escolha seus preferidos, 
construa suas análises e faça você mesmo sua lista dos 
“X melhores filmes”, que tal?
É fato que abordamos neste conteúdo 12 filmes comerciais, 
que entraram no circuito “blockbusters”, ou “arrasa quarteirão”, 
movimentando milhares de dólares e um verdadeiro batalhão de 
pessoas que os assistiram. Se formos nos dedicar a estudar cada tipo de 
possíveis estéticas cinematográficas, teríamos que nos debruçar sobre o 
cinema italiano,o conteúdo deste livro. 
Vai valer a pena! 
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: 
LTC Editora, 2000.
ASSIMILE
Se aceitarmos o significado de arte em função de atividades 
tais como a edificação de templos e casas, realização de 
pinturas e esculturas, ou tessitura de padrões, nenhum povo 
existe no mundo sem arte. Se, por outro lado, entendermos 
por arte alguma espécie de belo artigo de luxo, algo para 
nos deleitar em museus e exposições, ou certa coisa especial 
para usar como preciosa decoração na sala de honra, 
cumpre-nos entender que esse uso da palavra constitui um 
desenvolvimento muito recente e que muitos dos maiores 
construtores, pintores ou escultores do passado nunca 
sonharam sequer com ele (GOMBRICH, 2000, p.14).
Pré-História
A arte da pré-história, também chamada de Arte Primitiva, é como 
chamamos os registros arqueológicos encontrados em pesquisas, 
em especial aos referentes ao período Neolítico. Os objetos como 
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esculturas não eram considerados como arte, não no mesmo sentido 
que consideramos o que é a arte atualmente. Acredita-se que as 
imagens rupestres, por exemplo, teriam função ritualística, ou seja, 
eram realizadas para servir às crenças do “pensamento mágico”.
Segundo Lucien Lévy-Bruhl (1922), essas sociedades tinham o que 
chamou de uma mentalidade “pré-lógica”, baseada em representações 
míticas do pensamento mágico, o que teria levado o homem pré-
histórico à criação de imagens em rituais para controlar as forças da 
natureza. Ou seja, a representação da vitória na luta com um bisão, por 
exemplo, influenciaria no sucesso da caçada desse animal.
A arte primitiva não visava o belo, conceito que só veio a surgir na 
antiguidade clássica, com os gregos, nem aspectos decorativos. Os 
povos primitivos não faziam distinção entre imagem e realidade e, 
portanto, também não faz sentido avaliar as manifestações primitivas 
com relação às técnicas de representação, pois as imagens não tinham 
função de expressar realidade, mas sim de representar uma ideia, 
ou um fim religioso, sejam pinturas, esculturas, objetos, máscaras ou 
monumentos megalíticos.
2. Arte Egípcia
Falar de Arte Egípcia nos faz lembrar, imediatamente, as imagens das 
pirâmides e da esfinge. Está estreitamente relacionada à religião e, 
embora essa arquitetura seja frequentemente associada à ideia de 
monumentos, sabe-se que por mais recursos que o Egito contasse, por 
mais poder econômico que tivessem os faraós, os custos de construção 
das pirâmides, financeiros e humanos, eram demasiadamente altos para 
se justificarem em um “mero monumento” (GOMBRICH, 2000, p. 24).
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Com as representações das imagens de seus faraós, nas pinturas 
e baixos-relevos, sendo apresentadas sempre numa mesma 
representação do corpo (com as figuras humanas sempre retratadas 
de perfil e com os olhos, ombros e o tronco voltados para frente), 
criaram o que se convencionou chamar de Lei da Frontalidade, que 
valoriza cada elemento do corpo humano. Pernas, pés e rostos são 
desenhados em perfil, para serem exibidos a maioria de seus detalhes, 
mas o peito é sempre representado de frente. Os olhos também são 
sempre representados de frente, por acreditarem que dessa forma se 
mostram mais característicos e reveladores.
A escultura egípcia também se desenvolveu apresentando características 
bastante particulares e se caracterizavam por reunir e apresentar uma 
quantidade significativa de informações de caráter social, profissional e 
étnico da pessoa representada.
No governo de Tutancâmon (o jovem faraó coroado com apenas 9 anos, 
que reinou por aproximadamente 10 anos), a arte egípcia passou a 
exibir uma evidente conotação política, além da religiosa, passando a 
usar os espaços mortuários para também exibir o registro dos grandes 
feitos dos faraós sepultados. O arqueólogo e egiptólogo egípcio Zahi 
Hawass conta que a tumba, descoberta em 1922, “ainda continha peças 
de ouro, tecidos, mobília, armas e textos sagrados que revelam muito sobre 
o Egito de 3400 anos atrás” (HAWASS, 2010, p. 46).
A máscara mortuária desse faraó (Figura 2), descoberta pelo arqueólogo 
Howard Carter, em 1925, que atualmente está exposta no Museu Egípcio 
no Cairo, de acordo com o egiptólogo Nicholas Reeves, “é uma das mais 
conhecidas obras de arte do mundo” [...],”não só por excelência do túmulo 
de Tutancâmon, mas talvez seja o objeto mais conhecido do próprio Egito 
Antigo” (REEVES, 2015, p. 521-522).
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Figura 2 – Máscara Mortuária de Tutancâmon
Fonte: José Ignácio Soto/iStock.com.
No fim do império de Tutancâmon, a civilização egípcia foi alvo de 
sucessivas invasões de diversos povos, isso trouxe uma série de 
influências estéticas desses povos invasores, principalmente dos gregos, 
promovendo alterações significativas na arte egípcia.
3. Arte Grega
A cultura grega é de imensa importância na formação da civilização 
ocidental, cultural e politicamente. A cultura grega exerceu grande 
influência sobre os romanos que, com a expansão do poderio imperial, 
se encarregaram de espalhá-la pelas variadas partes do mundo que se 
incorporaram ao Império Romano ao longo dos séculos.
Não há dúvida de que a civilização grega foi uma das mais avançadas. 
Os gregos criaram a Filosofia, com Sócrates, Platão e Aristóteles; a 
Democracia e os Jogos Olímpicos, e proporcionaram significativas 
colaborações à arquitetura, escultura, pintura e ao teatro, além de vários 
avanços matemáticos, com os estudos de Pitágoras. A arte Grega se 
caracterizava pela “mestria de movimento e expressão [...], que persistiu até 
à era romana” (GOMBRICH, 2000, p. 83). Deles, herdamos o conceito de 
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belo clássico, que perdura até os dias de hoje, com base em equilíbrio 
e harmonia e “a grande revolução da arte grega, a descoberta de formas 
naturais e do escorço ” (GOMBRICH, 2000, p.42).
Uma das mais significativas contribuições dos gregos para as artes foi 
a criação do teatro. Sendo uma das mais expressivas manifestações 
da cultura grega, o teatro grego é, até hoje, bastante influente nas 
diversas formas de arte.
Surgido no período arcaico, derivando da organização sistemática das 
manifestações religiosas e festas para Dionísio, deus da fertilidade e do 
vinho (Baco, para os romanos), atinge o ápice em Atenas, no século V a.C. 
O nome “theatrum”, em latim, e “θέατρον” em grego, é derivado do verbo 
“κοιτάξτε” que significa “olhar”, e designava “o lugar de onde se vê” (MALUF 
& AQUINO, p. 62). É tanto o lugar de onde se olha (as arquibancadas) 
quanto o que é visto (a cena na qual o espetáculo acontece).
Durante o período clássico da história da Grécia (século V a.C.) foram 
estabelecidos os estilos mais conhecidos de teatro: a tragédia e a 
comédia. Ésquilo, o mais antigo dos três grandes tragediógrafos 
atenienses (ARISTÓTELES, 2008, p. 44), e Sófocles, autor de ‘Rei Édipo1’, 
e “um dos três grandes autores da tragédia ática” (ARISTÓTELES, 2008, 
p. 62), são os dramaturgos de maior destaque desta época. Aristófanes, 
“o maior dos comediógrafos atenienses” (ARISTÓTELES, 2008, p.41), 
foi o escritor de sátiras contundentes que criticavam em especial os 
aspectos sociais e políticos da sociedade ateniense.
Também no período clássico foram erguidos diversos teatros ao ar 
livre. Colinas e montanhas serviam de suporte para a construção de 
arquibancadas apoiadas pelo relevo natural (Figura 3), em torno de 
vales que, por sua boa acústica, proporcionavam excelentes espaços 
para as encenações. Os atores se apresentavam usando máscaras, 
as quais Aristóteles (2008) afirma desconhecer a origem, de acordo 
com o personagem.
1 Escorço: desenho ou pintura de qualquer objeto que o reproduz de maneira reduzida, em proporções menores.
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Figura 3 – Teatro Grego no Monte Etna, na Sicília, Itália
Fonte: Fotooiason/iStock.com.
A Grécia antiga já conhece a noção de fantasia teatral: atores usam 
roupas, sapatos que não são os da vida cotidiana. Algumas vezes 
também eram erguidos cenários para proporcionaro cinema francês, o cinema iraniano e mesmo o cinema 
indiano, com as produções fantásticas de Bollywood, cheias de luzes, 
cores música e dança, tão características da cultura indiana.
Esta aula não pretende ser um fim, ao contrário, coloca-se como 
um início. O começo de uma jornada apaixonante de estudo de 
cinema, essa linguagem tão surpreendente que, por isso mesmo, 
é chamada de sétima arte, numa alusão de grandeza que a 
aproximaria às seis artes clássicas.
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TEORIA EM PRÁTICA
Quando um filme se torna um clássico, é comum acontecer 
de sua estética vir a influenciar produções posteriores a 
ele. Um exemplo é a estética visual de Star War, que surgiu 
no ano de 1977, mas se popularizou tanto na cultura pop 
que muitas vezes não nos damos conta da presença dessa 
referência em outras peças de comunicação audiovisual. 
Você notou que quando a 20th Century Fox divulgou dois 
comerciais da animação “Kung Fu Panda 3″, centradas no 
reencontro de Po com sua família desconhecida, uma das 
prévias fazia uma divertida referência a “Star Wars” – mais 
especificamente a uma famosa cena de “O Império Contra-
Ataca” (1980). Você saberia identificar a cena? 
Ou ainda no filme “O Homem de Aço”, Nicky Fury diz que 
Loki “transformou dois dos homens mais inteligentes que 
ele conheceu em macacos voadores”, logo em seguida, Thor 
pergunta “como assim, eu não entendi?” E em seguida o 
Capitão América diz “eu sim, eu entendi a referência”. Para 
quem não entendeu essa referência no filme, ele se referre 
a “O Magico de Oz”, em que uma Bruxa Verde, que se 
assemelha ao Loki, controla dois macacos voadores.
Que outros exemplos de referência cruzada em filmes você 
conhece? Procure localizar ao menos um caso e analise 
a forma como a referência foi construída, em especial 
destacando a adequação ao público-alvo.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Em 1895 os irmãos Auguste e Louis Lumière fazem 
a primeira exibição pública de seu invento, o 
cinematógrafo. Por cerca de vinte minutos, as pessoas 
presentes se encantaram com o aparelho, assistindo a 
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imagens de empregados saindo das Fábrica Lumière e 
da chegada de um trem a uma estação, como contam 
diversos historiadores. Este fato marca:
a. a invenção do cinema.
b. a invenção do teatro.
c. a invenção da fotografia.
d. a comercialização dos ingressos.
e. a ocupação dos teatros pelo cinema.
2. O cinema é chamado de Sétima Arte. Quais são as 
outras seis?
a. A dança, a pintura, a escultura, a arquitetura, a cirurgia 
e a poesia.
b. A pintura, a escultura, a maquiagem, a culinária, a 
arquitetura e a poesia.
c. A escultura, a culinária, a dança, a pintura, a 
arquitetura e a poesia.
d. A arquitetura, a pintura, a cirurgia, a culinária, a dança 
e a poesia.
e. A música, a dança, a pintura, a escultura, a arquitetura 
e a poesia.
3. O diretor de 2001 – Uma Odisseia no Espaço foi o 
mesmo de Laranja Mecânica. O nome dele é:
a. Billy Wilder.
b. Quentin Tarantino.
c. Stanley Kubrick.
d. George Lucas.
e. Ridley Scott.
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Referências bibliográficas
COWIE, Peter. Coppola (em inglês). Nova Iorque: Charles Scribner’s Sons, 1990.
HUGHES, David. The Complete Kubrick. Londres: Virgin Publishing Ltda., 2000.
LOPES, Noêmia. “Se o cinema é a sétima arte, quais são as outras?”. In: Revista 
Superinteressante. 24 maio 2013. MUNDOESTRANHO-134-55-B-620. Disponível 
em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/se-o-cinema-e-a-setima-arte-quais-
sao-as-outras/. Acesso em: 20 jun. 2019.
TIETZMANN, Roberto. “Pulp Fiction e a não-linearidade narrativa”. In: Revista 
FAMECOS. Porto Alegre, v.4, n.7, 1997. Disponível em: http://revistaseletronicas.
pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/2992/2274. 
Acesso em: 20 jun. 2019.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: A
Em 1895, os irmãos Auguste e Louis Lumière fazem a primeira 
exibição pública de seu invento, o cinematógrafo. Por cerca de vinte 
minutos, as pessoas presentes se encantaram com o aparelho, 
assistindo a imagens de empregados saindo das Fábrica Lumière 
e da chegada de um trem a uma estação, como contam diversos 
historiadores. Este fato marca a invenção do cinema.
Questão 2 – Resposta: E
São a música, a dança, a pintura, a escultura, a arquitetura e a 
poesia. Essa definição começou a tomar forma na Europa durante 
o século XVIII, quando surgiu o conceito de belas-artes – artes 
preocupadas com a criação do belo, sem utilidade prática a não 
ser representar a própria beleza.
Questão 3 – Resposta: C
Laranja Mecânica e 2001 – Uma Odisseia no Espaço foram ambos 
dirigidos por Stanley Kubrick.
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/se-o-cinema-e-a-setima-arte-quais-sao-as-outras/
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/se-o-cinema-e-a-setima-arte-quais-sao-as-outras/
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/2992/2274
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/2992/2274
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Análise da Produção Nacional: 
identidade, estética e linguagem
Autora: Jurema L. F. Sampaio
Objetivos
• Analisar a Produção Nacional audiovisual.
• Compreender a estética e linguagem de 
documentários, filmes e séries.
• Identificar a Identidade nacional e compreender a 
influência de produções estrangeiras.
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1. Audiovisual no Brasil
A primeira coisa que vamos abordar nesta aula é a desmistificação 
da ideia de que “o cinema brasileiro é ruim”. Essa é uma daquelas 
frases repetidas, infelizmente, muitas vezes, por quem quer “pagar 
de conhecedor” de cinema, mas que, na verdade, não conhece nada. 
Além de demonstrar um profundo preconceito. O Brasil produz e 
coproduz, sim, muitos filmes excelentes. Além de outros conteúdos 
como séries, filmes de animação, especiais, documentários e 
programas audiovisuais de ótima qualidade.
O país poucas vezes foi indicado ao Oscar (direta ou indiretamente), 
e nunca conseguiu vencer nessa premiação com uma produção 
totalmente brasileira, mas tem um histórico bastante consistente em 
relação ao prêmio.
Seja a Vera Cruz, passando por diretores como Glauber Rocha, que 
foi um marco no cinema nacional, e os premiados Walter Salles, Laís 
Bodanzky, Anna Muylaert, José Padilha, Fernando Meirelles e Héctor 
Babenco (argentino naturalizado brasileiro), até as produções mais 
contemporâneas, como as séries e web séries, além do conteúdo de 
streaming da Globo Play e de produtoras independentes, o Brasil 
tem um catálogo de produções de valor estético e artístico, que tem 
representatividade mundial. Do ponto de vista internacional, como 
enfatizam Almeida & Butcher (2003, p 48), “Cidade de Deus consolidou 
o interesse do mercado externo no cinema feito por aqui”.
Também produzem coisas ruins, é claro. Mas Hollywood certamente 
não produz somente coisas boas. Não é verdade?
Nesta aula vamos conhecer um pouco da produção audiovisual 
brasileira de qualidade, além das novelas, que são reconhecidas 
mundialmente por seu valor, e aprender a reconhecer a qualidade dos 
profissionais e produtos audiovisuais brasileiros.
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ASSIMILE
Participações brasileiras no Oscar:
• Em 1945, Ari Barroso, juntamente com o americano Ned 
Washington, concorreu ao Oscar de Melhor Canção pelo 
filme “Brazil”, de 1944, com a música Rio de Janeiro.
• Em 1959, o filme Orfeu do Carnaval ganhou o prêmio de 
Melhor Filme em Língua Estrangeira. Mas quem levou 
o Oscar foi a França, pois era uma produção do francês 
Marcel Camus.
• Em 1962, O Pagador de Promessas foi indicado ao 
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, com o título de 
The Given World.
• Em 1978, a coprodução franco-brasileira Raoni concorreu 
para Melhor Documentário de Longa Metragem.
• Em 1982, El Salvador: Another Vietnam concorreu a 
Melhor Documentário.
• Em 1985, O Beijo da Mulher Aranha, uma produção 
brasileira e norte-americana, concorreu a quatro prêmios: 
Melhor Filme; Melhor Diretor, com Hector Babenco; 
Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator, vencendo nesta 
última categoria com o ator William Hurt.
• Em 1993, com Howard End;1994, com The Remains os the 
Day e 2000, com Anna e o Rei, a brasileira Luciana Arrighi 
concorreu a Melhor Direção de Arte. Ganhou em 1993.
• Em 1996, O Qu4trilho, de Fábio Barreto, concorreu a 
melhor filme estrangeiro.
• Em 1998, O Que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto, 
concorreu a melhor filme estrangeiro.
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• Em 1999, Central do Brasil, do diretor Walter Salles, 
concorreu a Melhor Filme Estrangeiro e Fernanda 
Montenegro estava entre as finalistas ao Oscar de 
Melhor Atriz.
• Em 2001, Uma História de Futebol, de Paulo Machline, 
concorreu na categoria de Melhor Curta-metragem em 
Live-action.
• Em 2003, Era do Gelo, de direção de Carlos Saldanha, 
concorreu a Melhor filme de Animação.
• Em 2004, Cidade de Deus concorreu em quatro 
categorias: Direção, com Fernando Meirelles; Roteiro 
Adaptado, com Bráulio Mantovani; Fotografia, com Sérgio 
Charlone e Montagem.
• Em 2004, novamente Carlos Saldanha, dirigindo Gone Nutty, 
concorreu como Melhor Curta-metragem de Animação.
• Em 2005, a coprodução franco-germano-chileno-peruano-
argentino-norteamericano-brasileira, dirigida por Walter 
Salles, concorreu a Melhor Roteiro Adaptado e ganhou o 
prêmio de Melhor Canção Original.
• Em 2011, a coprodução brasileira Lixo Extraordinário 
concorreu a Melhor Documentário.
• Em 2015, O Sal da Terra concorreu a Melhor Documentário.
• Em 2016, O Menino e o Mundo concorreu a Melhor Filme 
de Animação.
1.1 Era uma vez...
A história do cinema no Brasil ocorre em paralelo aos acontecimentos 
mundiais. Pouco depois da apresentação ao mundo do cinematógrafo 
dos irmãos Lumiére, em Paris, em 28 de dezembro de 1895, aconteceu 
no Rio de Janeiro, em julho de 1896, a primeira exibição de cinema 
103103 103
no país. O filme apresentado foi o mesmo de Paris, “Saída dos 
Trabalhadores da Fábrica Lumière”, dos irmãos Lumiére, “uma iniciativa 
do belga Henri Paillie, um exibidor itinerante” (TRIBUNA, 2011, s/p). 
No ano seguinte, em 1887 é inaugurada a primeira sala de cinema na 
capital carioca, “por iniciativa dos irmãos italianos Paschoal e Afonso 
Segreto, junto com José Roberto Cunha Salles” (SOUZA, 2007, p.21) 
e “as primeiras imagens brasileiras foram captadas sobre película 
cinematográfica e exibidas ao público nesse mesmo ano” (SOUZA, 
2007, p.22). Os irmãos também foram considerados os primeiros 
cineastas no país, uma vez que realizaram várias filmagens da Baía de 
Guanabara, em 1898 (TRIBUNA, 2011, s/p).
Figura 1 – Cinema Antigo
Fonte: Selimaksan/iStock.com.
Em 1908, o cineasta luso-brasileiro António Leal apresenta sua película 
“Os Estranguladores” (SOUZA, 2007, p. 24), considerado o primeiro filme 
de ficção brasileiro, com duração de 40 minutos e, também, o “primeiro 
grande triunfo do cinema brasileiro, alcançando mais de 800 exibições 
em apenas dois meses” (SOUZA, 2007, p. 24) e, “em 1910, chega ao Rio 
de Janeiro Francisco Serrador, que instalara as primeiras salas fixas de 
São Paulo em 1907” (SOUZA, 2007, p. 25).
104104 
Na mesma época começam a chegar os filmes estrangeiros ao Brasil 
e, “em 1911 alguns cinemas já anunciam a exibição exclusiva de filmes 
americanos da Vitagraph” (SOUZA, 2007, p. 25). É o que os pesquisadores 
chamaram de invasão estrangeira do cinema, “num país que aceitava com a 
maior cordialidade a entrada de interesses estrangeiros em todas as áreas 
de sua estrutura econômica, ninguém sequer pensava na possibilidade 
de dificultar a entrada do filme estrangeiro” (SOUZA, 2007, p.26). Mas a 
produção brasileira resiste, conseguindo realizar trabalhos significativos.
Em 1916, o mesmo grupo paulista de Inocência, filma O guarani, que 
estreia em noite memorável, sob a dupla égide das bandeiras italiana 
e brasileira, ao som dos acordes de Carlos Gomes, com a presença de 
autoridades especialmente convidadas e a fina flor da colônia italiana em 
São Paulo. Esse filme marca a estreia no cinema de Georgina Marchiani, 
atriz dos grupos Liga Lombarda e Muse Italiche, que seria a estrela de 
outras fitas. Georgina tinha um rosto nobre e bem feito e, como os 
filmes em que trabalhou não existem mais, apenas através de fotografias 
podemos recuperar seu rosto que é o mais próximo de uma “diva italiana” 
de todas as atrizes do cinema brasileiro antigo. Em O guarani, Victorio 
Capellaro não era apenas diretor: representava também o papel de 
Peri. Este O guarani foi precursor de uma série de outros, realizados por 
décadas afora, em São Paulo e no Rio de Janeiro. (SOUZA, 2007, p. 28).
Com o surgimento do som nos filmes nos anos de 1930, os estúdios 
norte-americanos haviam investido fortunas no negócio e, como 
desdobramento, passaram a investir também em equipar salas de 
exibição para abrir espaços e mercados para seus filmes. Assim, 
passaram a comercializar suas produções em “lotes” e a dominar o 
novo mercado. A situação do cinema nacional ficou tão delicada que o 
governo federal, na figura do presidente Getúlio Vargas, instituiu uma 
comissão nacional para tratar da questão.
O governo acabou nomeando uma comissão para tratar do assunto, 
mas aconteceu algo que depois se repetiria muitas vezes. Em vez de 
cuidar do cinema brasileiro, foram abordados os problemas da classe 
cinematográfica brasileira, num sentido amplo que abrangia toda a gente 
105105 105
que tinha sua atividade ligada ao cinema, em primeiro lugar o setor 
do comércio cinematográfico, totalmente subordinado aos interesses 
da indústria americana de cinema. O governo aceitou as sugestões da 
comissão e prometeu: para os comerciantes, a diminuição de 60% das 
taxas que incidiam sobre os filmes importados; para os produtores, 
uma lei obrigando os cinemas a passarem um complemento nacional 
por sessão e uma fita de longa metragem por ano. A promessa para 
os comerciantes e para os americanos foi cumprida imediatamente, e 
ampliou-se ainda mais a entrada em nosso mercado do produto norte-
americano. (SOUZA, 2007, p. 35).
Com o Estado Novo, de Getúlio, veio também a censura e, por meio do 
Departamento de Imprensa e Propaganda do Governo Federal, iniciou-
se produção de jornais cinematográficos, que veiculavam notícias de 
interesse da administração federal (SOUZA, 2007, p. 36).
A historiadora Lays Rocha (2013, s/p) destaca que merece registro, em 
meio à “invasão norte-americana” das salas de cinema nacionais, e da 
censura imposta pelo governo, a iniciativa de Edgar Roquette-Pinto, que 
cria o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), em 1936, e produz 
o filme épico ‘O Descobrimento do Brasil’, com forte apelo nacionalista 
e música de Heitor Villa-Lobos. O uso da música de Villa-Lobos na 
produção foi acusado pelo também músico e pesquisador José Ramos 
Tinhorão, como “arma política de propaganda”. Tinhorão, que havia 
chamado Villa-Lobos de “o maestro da ditadura” (LORENZOTTI, 2009, 
s/p), posteriormente se retrata ao declarar seu arrependimento: “Eu me 
arrependi de ter escrito esse artigo. Claro que ele foi um funcionário da 
ditadura, era publicado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda. 
Mas cheguei à conclusão de que Villa-Lobos não colaborou com a 
ditadura, ele a usou” (LORENZOTTI, 2009, s/p). 
A produção foi um marco importante do cinema nacional, apesar da falta 
de interesse do público, já acostumado às legendas e à grandiosidade 
das produções norte-americanas, e do forte viés ideológico da produção, 
repleta de referências nacionalistas como destacam os historiadores 
Maria Helena Capelato (2007, s/p) e Jorge Edson Garcia:
106106 
Sem possuir uma indústria cinematográfica capaz de suprir as 
necessidades do mercado, já convertido em bom receptor dos filmes 
hollywoodianos, o cinema educador/nacionalista brasileiro resultou em 
fracasso de bilheteria: os temas [...] não seduziam o espectador, mas sim 
convertiam-se em lemas nacionalistas. (CAPELATO, 2017, s/p).
O lançamento de o Descobrimento do Brasil foi cercado de publicidade 
nos jornais, exibições para as autoridades, mas o filme não alcançou 
propriamente um grande sucesso, nem no Brasilnem em Portugal, onde 
foi exibido pouco depois. Apesar da relevância do episódio na história dos 
dois países, não havia propriamente um enredo que atraísse o público, e os 
poucos diálogos do filme eram, na maior parte, em tupi. (GARCIA, 1997, s/p).
Os anos de 1930 a 1940 foram muito prósperos para o cinema 
norte-americano, mas, no final da década de 1940, surge a primeira 
iniciativa brasileira de industrialização do cinema, a Companhia 
Cinematográfica Vera Cruz.
1.2 Companhia Cinematográfica Vera Cruz
A Companhia Cinematográfica Vera Cruz, ou Vera Cruz, como era 
conhecida, foi um estúdio cinematográfico brasileiro, com sede em São 
Bernardo do Campo/SP, de fundação e propriedade do produtor italiano 
Franco Zampari e do industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, que 
produziu e distribuiu filmes entre 1949 e 1954. Era também conhecida 
como a Hollywood Brasileira, tendo produzido ou coproduzido mais de 
40 filmes de longa-metragem (CALLEGARI & GEORGINO, 2013, s/p).
Na sua melhor fase, os anos de ouro, produziu 18 filmes. Dentre eles, os 
principais foram:
• Caiçara – Ano: 1950. Diretor: Adolfo Celi.
• Tico-Tico no Fubá – Ano: 1952. Diretor: Adolfo Celi.
• Sai da Frente – Ano: 1951/1952. Diretor: Abílio Pereira de Almeida.
107107 107
• O Cangaceiro – Ano: 1952. Diretor: Lima Barreto.
• Sinhá Moça – Ano: 1952/1953. Diretor: Tom Payne e 
Osvaldo Sampaio
• Floradas na Serra – Ano: 1953/1954. Diretor: Luciano Salce.
Em 1954, depois de ter entregado seus bens para pagamentos de 
dívidas ao Banespa, Franco Zampari se afastou da companhia. O 
Banespa nomeou o produtor e diretor da companhia, Abílio Pereira de 
Almeida, para gerenciar a companhia e foi criada uma nova empresa, 
chamada Brasil Filmes. Essa empresa produziu sete novos filmes, com a 
estrutura de equipamentos da Vera Cruz.
Nos anos 1970, a Brasil Filmes estava a ponto de ser fechada, mas os 
irmãos cineastas Walter Hugo e William Khouri decidem se arriscar a 
adquirir várias cotas de acionistas minoritários para assumir a empresa. 
Passaram a produzir filmes até 1976. Na gestão de Wilfred, filho de 
Walter Hugo, a antiga Vera Cruz se dedicou a relançar seus títulos em 
DVD, preservar o acervo e novas produções, como o documentário 
sobre Lima Barreto (CALLEGARI & GEORGINO, 2013, s/p).
1.3 Companhia Atlântida Cinematográfica
No início da década de 1950, o cinema nacional, já livre da censura 
de Vargas, enfrenta nova série de questionamentos, causados pela 
insatisfação dos cineastas brasileiros, que estavam bastante perturbados 
pela popularidade de produções como as chanchadas da Companhia 
Atlântida Cinematográfica, que havia sido fundada no Rio de Janeiro 
em 18 de setembro de 1941 (ANCINE, s/d, s/p), por Moacir Fenelon e 
os irmãos José Carlos e Paulo Burle, com o objetivo de “promover o 
desenvolvimento industrial do cinema brasileiro” (ANCINE, s/d, s/p).
As produções da Atlântida se concentravam, no início, em cinejornais, 
como o Atualidades Atlântida. A partir de 1943
108108 
se consolidou como a maior produtora brasileira: nesse período foram 
produzidos 12 filmes, como Gente Honesta, de Moacir Fenelon, com 
Oscarito, e Tristezas Não Pagam Dívidas, de José Carlos Burle: foi neste 
filme que Oscarito e Grande Otelo atuaram juntos pela primeira vez. [...] 
Em 1947, o controle da empresa foi assumido pelo exibidor Luís Severiano 
Ribeiro Jr., que imprimiu uma linha mais comercial à produtora. [...] A 
Atlântida produziu um total de 66 filmes até 1962, quando interrompeu 
suas atividades. (ANCINE, s/d, s/p).
Os cineastas brasileiros se incomodavam muito com o que 
consideravam que as chanchadas da Atlântida promoviam: 
“identificação com a estética e a narrativa do cinema americano 
marcava, até certo ponto, uma relação de dependência do cinema 
brasileiro em relação à indústria de Hollywood”. As chanchadas eram 
filmes “em que predominavam um humor ingênuo, burlesco, de caráter 
popular” (MUNDO ESTRANHO, 2011, s/p), e os críticos da época não 
reconheciam seu valor como arte, fato que só ocorreu mais tarde, nos 
anos de 1970, “quando uma nova geração de especialistas identificou na 
chanchada qualidades até então despercebidas, sobretudo o conteúdo 
crítico de seus enredos” (ANCINE, s/d, s/p).
O clima de insatisfação inicia-se nos fins da década de 1950, permeia os 
anos de 1960 até depois do Golpe Militar de 1964 e o Ato Institucional 
n.5, de 1968, que instituiu novamente a censura no Brasil.
Com produtores e diretores como Roberto Santos, em São Paulo, e 
Alex Viany e Nelson Pereira dos Santos n,o Rio de Janeiro (com ‘Rio, 
40 graus’, de 1955), que, influenciados pelo Neorrealismo italiano de 
Rosselini e Mario Serandrei, e pela Nouvelle Vague francesa, partem em 
busca da construção do que chamaram de Realismo Brasileiro (VIANY, 
1970, pp.141-144). Surge então o movimento que ficou conhecido 
como Cinema Novo. Na Bahia desponta um jovem que é alçado ao 
posto de “maior representante do movimento: seu nome é Glauber 
Rocha” (JOHNSON & STAM, 1995, p. 42).
109109 109
1.4 O Cinema Novo
O movimento cinematográfico brasileiro que se definia por uma estética 
em que a ênfase na igualdade social era o marco central. Assuntos fortes 
e duros como racismo e diferenças sociais eram a tônica das produções 
cujo tema mais forte é a “estética da fome”, desenvolvida pelo estreante 
cineasta Glauber Rocha. Depois de Barravento, em 1961, que já abordava 
a dicotomia misticismo-engajamento político, Glauber Rocha realizou sua 
obra-prima, Deus e o Diabo na Terra do Sol. Em seu ensaio de 1965, ‘Uma 
estética da fome’, Glauber (1965, p. 2) afirmou que “a fome latina, por isto, 
não é somente um sistema alarmante: é o nervo da sua própria sociedade 
[...] Nossa originalidade é nossa fome e nossa maior miséria é que esta 
fome, sendo sentida, não é compreendida” (ROCHA, 1965, p.2).
Figura 2 – Glauber Rocha
Fonte: Arquivo nacional – Domínio Público. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/
Glauber_Rocha#/media/Ficheiro:Glauber_Rocha,_sem_data.tif. Acesso em: 24 maio 2019.
Falar de Glauber Rocha é entrar num mundo quase mítico. Sua 
célebre frase, “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, enfatiza 
entendimento de um cinema engajado na realidade do país e voltado 
para a transformação da sociedade, defendendo o uso dos meios de 
produção artística a serviço da transformação social.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Glauber_Rocha#/media/Ficheiro:Glauber_Rocha,_sem_data.tif
https://pt.wikipedia.org/wiki/Glauber_Rocha#/media/Ficheiro:Glauber_Rocha,_sem_data.tif
110110 
Caçado depois da promulgação do Ato Institucional 5, em 1968, Glauber 
foi para Cuba, onde realizou o documentário intitulado História do 
Brasil. Em seguida, no Congo, dirigiu o longa ‘O leão das sete cabeças’, 
com temática que denunciava a exploração dos países do Terceiro 
Mundo pelo imperialismo multinacional. Já na Europa, realizou os filmes 
‘Cabeças cortadas’ e ‘Claro’, com forte influência de Jean-Luc Godard, 
cineasta francês que, ao lado do espanhol Luis Buñuel e do italiano Píer 
Paolo Pasolini, foi fonte de inspiração ao jovem Glauber.
A obra de Glauber Rocha foi realizada no período que antecede ao golpe 
militar de 1964 e se estende até a abertura política, no início da década 
de 1980, espelhando e refletindo esse contexto histórico.
PARA SABER MAIS
Filmes de Glauber Rocha como diretor:
1962 – Barravento.
1963 – Deus e o Diabo na Terra do Sol.
1967 – Terra em Transe.
1969 – O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro.
1970 – O Leão de Sete Cabeças.
1970 – Cabeças Cortadas. 
1972 – Câncer.
1975 – Claro.
1977 – Di (Curta-metragem).
1980 – A Idade da Terra.
111111 111
2. As políticas públicas de cultura e o audiovisual
Como pudemos ver, a interferência do governo no cinema nacional 
tem fortes motivações ideológicas, além de comerciais. Inicialmente 
proposta como forma de garantir o mercado do filme norte-americano, 
seguida pela tentativa de atendimento das ambições nacionalistas 
de industrialização, podemos perceberque, desde 1932, já há leis de 
obrigatoriedade de exibição de produções brasileiras (para os cinejornais, 
desde 1932 e para os filmes de longa metragem, desde 1939).
Em 1966, o Instituto Nacional de Cinema Educativo - INCE é 
transformado no Instituto Nacional de Cinema - INC, cujos principais 
objetivos são estimular a produção e exibição de filmes brasileiros 
(SIMIS, 2008, p.252) e em 1969 é criada a Empresa Brasileira de Filmes 
- EMBRAFILME. O governo federal passa a financiar as produções de 
cinema nacional e é criado o Conselho Nacional de Cinema - CONCINE, 
para tratar da legislação do setor. Os recursos para isso vêm da taxação 
sobre os lucros das distribuidoras de filmes estrangeiros no Brasil 
com o sistema de escolha dos filmes a serem financiados totalmente 
controlada pelo governo federal (SIMIS, 2008, p.253).
2.1 Histórico da indústria nacional cinematográfica
Entre 1974 e 1984, o cinema brasileiro atingiu o ápice no mercado 
interno de salas de exibição, graças à atuação direta do governo na 
distribuição e na produção, através da EMBRAFILME. Nogueira (apud 
MINISTÉRIO DA CULTURA, 1997-1998, p. 53) mostra a relevância da ação 
da EMBRAFILME, entre 1969 e 1990, para o cinema nacional:
A Embrafilme atuando como agência distribuidora, financiadora e 
coprodutora, foi a grande propulsora da produção cinematográfica nacional 
durante os anos setenta e oitenta. De 1969 a 1990, a empresa funcionou com 
um orçamento anual de cerca de 12 milhões de dólares, dos quais 70% a 80% 
eram destinados à investimentos na produção de filmes de longa-metragem. 
Esses recursos produziram cerca de 25 filmes por ano, com orçamento de 
produção que se situavam, na média, entre 500 e 600 mil dólares por filme 
(NOGUEIRA apud MINISTÉRIO DA CULTURA, 1997-1998, p. 53).
112112 
Na década de 1980, a tecnologia do videocassete e o advento 
comercial das videolocadoras causam um impacto significativo no 
cinema nacional. Mesmo a ampliação das atribuições da EMBRAFILME, 
concedida pela Lei n° 6281, de 1975, o modelo de arrecadação é 
abalado com essa nova forma de ver filmes, pois é embasado em 
recolhimento de percentual cobrado das salas de distribuição, e começa 
a ser questionado. A substituição das idas ao cinema pelas sessões 
caseiras de filmes e a consequente diminuição de arrecadação dos 
cinemas apontam para uma necessidade urgente de descobrir novas 
formas de financiamento do cinema nacional. Muitos pesquisadores 
destacam que isso teria sido a ‘ponta do iceberg’, pois acreditam que o 
erro do governo foi centrar a arrecadação somente nas salas de cinema, 
sem vincular a obrigatoriedade de exibição de conteúdo nacional na 
programação das grades das emissoras de televisão para garantir o 
consumo da produção nacional cinematográfica.
Somente em 1991 surge uma alternativa ao decadente modelo 
de financiamento da EMBRAFILME: a Lei Rouanet, que possibilitou 
uma retomada da produção audiovisual, com um novo modelo de 
financiamento de produção, via isenção fiscal de patrocinadores, ou seja, 
um modelo de intervenção indireta do governo federal. A Lei nº 8.313 é 
de 23 de dezembro de 1991 e também instituiu o Programa Nacional de 
Apoio à Cultura – Pronac.
A Secretaria do Audiovisual - SAv foi criada pela Lei nº 8.490, de 19 de 
novembro de 1992, com o nome de Secretaria para o Desenvolvimento 
Audiovisual. Tem as atribuições de cuidar e “fomentar a formação, 
produção inclusiva, regionalização, difusão não-comercial, 
democratização do acesso e preservação dos conteúdos audiovisuais 
brasileiros, respeitadas as diretrizes da política nacional do cinema 
e do audiovisual e do Plano Nacional de Cultura” (SAV, 2019, s/p), e é 
responsável por diversos editais de fomento à produção audiovisual 
brasileira, que podem ser acessados na página de Editais e Apoios.
113113 113
Em 20 de julho de 1993 é promulgada a Lei do Audiovisual, n. 8.685. 
Segundo o Relatório das Atividades da Secretaria do Audiovisual do 
Ministério da Cultura 1995-2002 (2002, p. 3), no período do governo de 
Fernando Henrique Cardoso “o setor do audiovisual, que começara a 
receber apoio por meio das leis do Mecenato [Rouanet] e Audiovisual, 
passou a ser considerado prioritário para o desenvolvimento nacional” 
(Minc, 2002, p. 3). E no governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, as 
leis de incentivo permaneceram como um instrumento fundamental para 
a indústria cinematográfica brasileira. Segundo Almeida e Butcher (2003):
Ambas as leis permitem às empresas que o dinheiro investido na 
produção de filmes brasileiros seja deduzido de seus impostos de renda. 
A Lei do Audiovisual tem dois dispositivos principais: o artigo 1° determina 
que as empresas podem deduzir até 3% do total do seu imposto de renda 
se esse dinheiro for revertido para a produção de obras audiovisuais; o 
artigo 3°, por sua vez, incentiva as distribuidoras estrangeiras a investir 
na produção nacional [como coprodutoras], permitindo a dedução de até 
70% do imposto sobre a remessa de lucros para o exterior [...] A política 
de incentivos fiscais que se estabeleceu obedecia a princípios muito 
diversos, com o Governo Federal transferindo para agentes privados e 
empresas públicas a iniciativa de escolha e investimento nos projetos a 
serem realizados [...] Pela complexidade dos mecanismos, essa política 
demorou alguns anos para apresentar os primeiros resultados, mas o fato 
é que conseguiu fazer a máquina da produção voltar a se movimentar. 
Em um tempo relativamente curto foi retomado o ritmo de lançamentos, 
que chegou a 12 títulos por ano (em 1995), depois 20 e, entre 2000 e 2002, 
estabilizou em cerca de 30 por ano. (ALMEIDA E BUTCHER, 2003, p. 25).
Os novos modelos de financiamento e produção de cinema e do 
audiovisual em geral abrem caminhos para um novo modo de produzir. 
Os anos de 1990 são anos de intensa atuação no setor.
Tendo como base essa política de incentivos, bem como o surgimento de 
novas políticas públicas e de novos parâmetros estruturais favoráveis ao 
desenvolvimento da indústria cinematográfica no país, tem aumentado 
114114 
o fluxo anual de produções nacionais e o seu desempenho no mercado 
interno de cinemas frente aos filmes norte-americanos e de demais 
nacionalidades. (MATTA, 2007, p. 9).
Em matéria do Jornal Valor Econômico, de 2014, a jornalista Ana Paula 
Sousa (2014, p. 28) destaca que a indústria nacional cinematográfica está 
se consolidando, produzindo filmes de sucesso comercial. Sousa diz que 
“o cinema brasileiro bateu recorde em 2013, com mais de 127 longas-
metragens que chegaram às telas, 9 dos quais fizeram mais de 1 milhão 
de espectadores, enquanto 88 foram visto por menos de 10 mil pessoas, 
de acordo com informações divulgadas pela Agência Nacional do Cinema”, 
com filmes que agradam ao público, como as comédias ‘Minha Mãe é 
uma Peça’ e ‘De Pernas pro Ar 2’, embora a crítica especializada não seja 
muito favorável quando se trata de comentar a qualidade estética das 
produções. O crítico da Folha de São Paulo, Inácio Araújo, afirma que
o cinema brasileiro continua a buscar seu público. E a referência 
desse público amplo, hoje, é a estética dos programas da Globo ou os 
blockbusters americanos. Esses últimos não podemos imitar. Então o 
cinema imita, no que pode, a Globo. São essas comédias idiotas, com 
atores que se esforçam para imitar atores de teatro colegial, aquela luz 
esbranquiçada. O público responde bem a isso. Que dizer? Não é o cinema 
brasileiro que está doente. É o cinema. (ARANTES, 2014, s/p).
No entanto, desde que o filme ‘Central do Brasil’ coloca o Brasil 
definitivamente no circuito mundial e a primeira década do século 
XXI conta com produções como ‘Cidade de Deus’ (2002), de Fernando 
Meirelles, ‘Carandiru’ (2003) de Hector Babenco e ‘Tropa de Elite’ (2007) 
de José Padilha.
PARA SABER MAIS
A Agência Nacional do Cinema – ANCINE - é um órgão 
oficial do governo federal do Brasil, criada por Medida 
Provisória como autarquia especial, e constituída como 
115115115
agência reguladora, com sede na cidade de Brasília, 
cujo objetivo é fomentar, regular e fiscalizar a indústria 
cinematográfica e vídeo fonográfica nacional. Instituída 
em 2001, começando a atuar efetivamente em 2002, está 
vinculada ao Ministério da Cultura.
A mesma medida provisória alterou a legislação sobre a 
Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica 
Nacional – CONDECINE, cujo recolhimento passou a caber à 
ANCINE, sendo parte da contribuição revertida para o custeio das 
atividades da agência reguladora. (MATTA, 2007, p. 10).
Visite o site da ANCINE e conheça mais sobre as políticas 
de financiamento de cinema no Brasil: https://www.
ancine.gov.br/
3. Filmes Brasileiros para não deixar de ver
Se você ainda acredita que o Cinema Nacional não tem qualidade, 
experimente você mesmo e tire suas conclusões. A seguir, preparamos 
para você uma lista com 15 filmes brasileiros que a crítica destaca como 
muito bons para ver e conhecer.
3.1 O que é isso, companheiro? (1997)
Direção: Bruno Barreto.
Filme que trata da história recente do Brasil, pós golpe de 1964, 
quando, 1968, o Ato Institucional número 5 é implementado, 
acabando com a liberdade de imprensa, instituindo a censura e 
eliminando vários direitos civis dos brasileiros, gerando situações 
limites de tortura e atos extremos, como sequestro de embaixadores 
e o movimento armando.
https://www.ancine.gov.br/
https://www.ancine.gov.br/
116116 
3.2 Central do Brasil (1998)
Direção: Walter Salles.
Filme que é considerado pela crítica um marco do cinema brasileiro, por 
recolocar o Brasil no circuito internacional de cinema. Com a indicação 
de Fernanda Montenegro para o Oscar de Melhor Atriz, o filme conta 
a história de uma mulher que ganha a vida escrevendo cartas para 
migrantes analfabetos darem notícias aos parentes deixados para trás 
em suas jornadas de busca de melhores condições de vida, um dos 
grandes temas sociais brasileiros.
3.3 Bicho de sete cabeças (2000)
Direção: Laís Bodanzky.
O tema delicado do filme, o preconceito com relação à loucura e 
os pacientes que precisam de tratamentos, partindo dos próprios 
familiares, é o tema central deste que é um dos filmes brasileiros mais 
sensíveis já produzidos. A moralidade “classe média”, que mascara 
o profundo desrespeito aos problemas mentais por trás de orgulho 
doente de pais que também precisam de apoio para lidar com o 
desequilíbrio do filho.
3.4 Auto da Compadecida (2000)
Direção: Guel Arraes.
A comédia literato-teatral de Ariano Suassuna é a base desse filme 
premiado, que conta, em formato de teatro popular, as aventuras e 
desventuras de Chicó e João Grilo, personagens que retratam o homem 
simples do povo e suas crendices e pequenos golpes para sobreviver. O 
próprio Suassuna declarou, em entrevista de 2000 ao Jornal O Estado de 
São Paulo, sobre a interpretação de Chicó por Matheus Nachtergaele: 
“Sua atuação é impecável, pois consegue passar toda a esperteza do 
personagem, que luta contra o patriarcado rural, a burguesia urbana, a 
polícia, o cangaceiro, e até contra o diabo” (AGÊNCIA ESTADO, 2000, s/p).
117117 117
3.5 Abril Despedaçado (2001)
Direção: Walter Salles.
A produção suíço-franco-brasileiro de 2001 é baseada no romance 
‘Prilli i Thyer’ de Ismail Kadare, adaptado por Karim Aïnouz. Foi o 
filme que deu a Rodrigo Santoro o “passaporte internacional” do ator, 
quando esteve entre os indicados como Melhor Filme Estrangeiro, no 
Oscar de 2002. Teve uma curtíssima exibição, de apenas uma semana 
em um único cinema, em Salvador, o que é uma pena, pois deixou 
em esquecimento este que é um dos melhores filmes brasileiros já 
feitos. Santoro é brilhante interpretando um jovem atormentado 
pelo pai para vingar a morte do irmão. A história se passa em 1910, 
e é um retrato da organização social do Brasil no início do século XX. 
Vale cada minuto! E entrou na lista da Associação Brasileira de Críticos 
de Cinema (Abraccine), em 2015, como um dos 100 melhores filmes 
brasileiros de todos os tempos.
3.6 Cidade de Deus (2002)
Direção: Fernando Meirelles.
O filme já falava, em 2002, do fenômeno social da gentrificação urbana, 
que foi o conceito base para a criação do bairro chamado Cidade de 
Deus, nos anos de 1960, na cidade do Rio de Janeiro. Baseado no livro 
de mesmo nome, de Paulo Lins, que é considerado um dos primeiros 
romances contemporâneos a narrar a vida dos moradores da favela 
com um ponto de vista dos moradores de uma. Fala da tentativa de 
“afastar os pobres” do centro da cidade, mudando-os obrigatoriamente 
para bairros distantes, ocorrida nos anos 1980. Narrado pela visão de 
Buscapé, personagem que é um dos moradores da favela que cresceu 
dentro do ambiente de violência do bairro, conheceu bandidos célebres 
e conseguiu não ser envolvido no crime, a produção marcou época 
no cinema nacional, sendo considerado o filme símbolo do fim da era 
chamada pelos historiadores de “Cinema de Retomada”. Inovou ao 
118118 
trabalhar com oficinas de atores em comunidades, tendo envolvido 
mais de 500 jovens nessas oficinas, de onde saíram novos e bons atores 
como os intérpretes dos principais papéis. No total, mais de 60 atores 
principais, 150 secundários e 2600 figurantes fazem de Cidade de Deus 
um marco de representatividade negra no cinema brasileiro.
3.7 Lisbela e o Prisioneiro (2003)
Direção: Guel Arraes.
Comédia romântica brasileira, que é uma adaptação da peça de teatro 
de mesmo nome do escritor Osman Lins em coprodução entre a Globo 
Filmes, Natasha Filmes e o estúdio norte-americano Twentieth Century 
Fox. Apresenta uma característica estética de semelhança com as 
novelas televisivas, que é creditada ao fato de ser a primeira experiência 
cinematográfica do diretor Guel Arraes, conhecido diretor de novelas. Um 
destaque especial da crítica sempre foi feito à trilha sonora, com nomes 
como Sepultura, Zé Ramalho, Caetano Veloso e Elza Soares. Este fato 
levou ao lançamento, junto com o filme, de um DVD com apresentações 
ao vivo da trilha, feitas pelos intérpretes dos temas sonoros da trilha, com 
destaque especial para ‘Você Não Me Ensinou a Te Esquecer’, de autoria 
de Fernando Mendes, considerada um clássico da música brega, alçada à 
categoria ‘cult music’ ao ser interpretada por Caetano Veloso como tema 
de Lisbela e Leléu, os protagonistas da história. Recebeu dois prêmios no 
Grande Prêmio Cinema Brasil: melhor ator e melhor trilha sonora. Teve 
ainda mais dez indicações: melhor filme, melhor diretor, melhor ator 
coadjuvante, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro adaptado, melhor 
figurino, melhor maquiagem, melhor montagem e melhor som.
3.8 Carandiru (2003)
Direção: Héctor Babenco.
É um dos filmes nacionais mais conhecidos. E é uma das poucas 
‘superproduções’ nacionais. O roteiro foi baseado no livro ‘Estação 
Carandiru’, do médico Dráuzio Varella, que narra as experiências do 
119119 119
dr. Dráuzio com a realidade dos presídios brasileiros num trabalho de 
prevenção à AIDS, realizado na antiga “Casa de Detenção de São Paulo, 
mais conhecida como Presídio do Carandiru, bairro onde se localizava a 
instituição. Está na lista dos “100 melhores filmes brasileiros”, segundo 
a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). É ainda um 
dos filmes brasileiros mais premiados e que recebeu maior número de 
indicações de prêmios. Cinco indicações no Prêmio Qualidade Brasil; 
indicado a Melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Mar del 
Plata; Melhor Filme, crítica e público, no Festival de Cinema de Havana, 
Cuba; no Grande Prêmio Cinema Brasil recebeu o Prêmio Especial do 
Júri e Prêmio do Público, além de Melhor Diretor e Melhor Roteiro, 
recebendo mais 11 indicações. No Festival Internacional de Cinema de 
Cartagena foi o Melhor Filme e Prêmio de Melhor som, no Prêmio ABC 
de Cinematografia. Teve ainda indicação para a Palma de Ouro, em 
Cannes; e para Melhor Filme, no Bangkok International Film Festival.
3.9 O homem que copiava (2003)
Direção: Jorge Furtado.O núcleo de cinema gaúcho é responsável por uma tradição 
cinematográfica de destaque no Brasil. O filme tem um roteiro 
inteligente, que não subestima a audiência, apesar do tema improvável 
de se ter “sucesso financeiro” copiando notas numa máquina 
copiadora. A linguagem narrativa do início é um pouco monótona 
e dá um “tom” quase didático ao filme, o que seria lamentável, mas 
felizmente dura pouco, e logo o filme toma um ritmo interessante. 
Venceu nas categorias de melhor diretor, melhor montagem, melhor 
filme, melhor roteiro original, melhor ator coadjuvante e melhor atriz 
coadjuvante, no Festróia 2004, em Portugal; foi indicado ao Golfinho de 
Ouro no Festival de Havana, Cuba, em 2003 e Lázaro Ramos ganhou o 
prêmio de Melhor Ator, no Troféu APCA 2003.
120120 
3.10 Cinema, aspirina e urubus (2005)
Direção: Marcelo Gomes.
O filme fala de maneira delicada do quanto o próprio cinema tem a 
capacidade de atingir as pessoas. Numa realidade de guerra do ano de 
1942, filmado no sertão e cariri da Paraíba, conta a os desdobramentos 
da declaração de guerra brasileira à Alemanha e as decisões do governo 
brasileiro, com o recrutamento dos nordestinos para ir para a Amazônia 
para trabalhar como ‘Soldados da Borracha’. Um capítulo quase 
esquecido da história do Brasil.
3.11 O cheiro do ralo (2006)
Direção: Heitor Dhalia.
Do mesmo diretor de ‘Nina’, o filme é baseado em livro de mesmo 
nome, do escritor Lourenço Mutarelli, e teve roteiro escrito por Marçal 
Aquino junto com o próprio diretor, Heitor Dhalia. Foi realizado com 
um baixíssimo orçamento para um longa. Apenas 315 mil reais. Mesmo 
assim, consegue ser de uma poesia ímpar e vale a pena conferir o 
motivo dele ter recebido tantos prêmios: no Festival do Rio 2006, 
nas categorias de melhor ator (Selton Mello, dividindo o prêmio com 
Sidney Santiago); prêmio especial do júri e da FIPRESCI da 30ª Mostra 
Internacional de Cinema de São Paulo; Melhor Filme (Júri Oficial e 
Crítica) e Menção Honrosa do Júri Oficial para todo o elenco no 2007 
Sundance Filme Festival; no 4º Festival de Cinema de Campo Grande, 
Melhor Filme Nacional; e no 10º Festival de Cinema de Punta Del Leste, 
Melhor Ator para Selton Mello.
3.12 Tropa de Elite (2007)
Direção: José Padilha.
A violência carioca, junto com a atuação do Batalhão de Operações 
Policiais Especiais - BOPE e da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 
são os temas centrais. O roteiro, de Bráulio Mantovani e Rodrigo 
121121 121
Pimentel, junto com José Padilha, que o dirigiu, baseia-se em elementos 
do livro ‘Elite da Tropa’, de André Batista e Rodrigo Pimentel, em parceria 
com Luiz Eduardo Soares. Muita gente acredita que a popularidade 
deste filme se deu por causa da pirataria sofrida, meses antes do 
lançamento, que teria feito uma divulgação favorável ao filme. A Revista 
Veja chegou a afirmar que “11 milhões de brasileiros teriam visto o filme 
de forma ilegal” (BOSCOV, 2007, s/p). Um tema para além da temática 
central, mas ainda assim importante a ser discutido pelo cinema: a 
pirataria de conteúdos audiovisuais.
3.13 Estômago (2007)
Direção: Marcos Jorge.
O site de crítica cinematográfica Adoro Cinema diz que, segundo a 
descrição do próprio diretor do filme, o curitibano Marcos Jorge, Estômago 
“pode ser definido como ‘uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e 
culinária’ (JORGE, 2013, s/p)”. Ao assistir ao filme, você pode perceber 
que ele realmente é isso: Uma fábula nada infantil sobre os temas poder, 
sexo e culinária. O filme foi sucesso “de público & crítica”, como se fala no 
modo popular, por tratar de um tema infelizmente muito perto de todos 
nós, a corrupção do dia a dia, em que as pessoas parecem realmente não 
considerar errado “levar vantagens” em situações cotidianas, obtendo 
‘poder’ em trocas de favores. No Festival do Rio, de 2007, recebeu quatro 
prêmios: melhor filme pelo público, melhor diretor, melhor ator e prêmio 
especial do júri. No Ganhou o Lions Award, no Festival Internacional de 
Rotterdam, na Holanda; e prêmio de participação especial no Festival de 
Berlim de 2008 e melhor filme no Festival de Punta del Este, no Uruguai.
3.14 De pernas para o ar (2010)
Direção: Roberto Santucci.
O primeiro, da sequência de três comédias de mesmo nome, o filme 
é uma crítica bem-humorada ao preconceito quanto ao trabalho de 
mulheres de sucesso profissional. Classificada como “doente” ao se 
122122 
comportar profissionalmente como qualquer empresário de sucesso, 
a protagonista é forçada a acreditar que precisa escolher entre o 
casamento ou a carreira. O tema em si dá a devida importância ao filme, 
mas alguns errinhos de produção fazem parte da crítica especializada 
“torcer o nariz” para o filme, além, claro, do preconceito comum que as 
comédias sofrem da mesma crítica. Como Carina Toledo, em sua crítica 
para o portal de crítica de cinema Omelete, que disse:
De Pernas pro Ar traz uma premissa relativamente inusitada, 
considerando o espectro das comédias brasileiras. Seu roteiro, no entanto, 
é permeado por uma série de situações comuns ao gênero, que se salvam 
do fracasso total apenas pelo talento para comédia de Ingrid Guimarães, 
que faz rir sem parecer forçada. (TOLEDO, 2010, s/p).
3.15 Que horas ela volta? (2015)
Direção: Anna Muylaert.
Filme lindo, que trata, com um olhar feminino na direção, de um 
delicado tema social ao abordar a realidade da profissão de empregada 
doméstica no Brasil. Mostrando como muitas mulheres têm que 
deixar de lado seus próprios filhos para cuidar dos filhos das famílias 
ricas, como única forma de sustento e os desdobramentos e impactos 
disso em suas próprias vidas e famílias. Delicado, intenso, firme, mas 
esperançoso, ao final. Também está na lista dos “100 melhores filmes 
brasileiros”, segundo a Associação Brasileira de Críticos de Cinema 
(Abraccine) e é, realmente, um belíssimo filme.
Procure assistir aos filmes indicados nesta lista, minimamente para 
conhecer e ampliar seu repertório audiovisual. E, lembre-se, o cinema 
nacional pode ser ainda melhor, se houver valorização da produção 
brasileira que, como vimos, tem qualidade.
123123 123
TEORIA EM PRÁTICA
Você já deve ter ouvido alguém esbravejar críticas à Lei 
Rouanet, em especial quando algum caso de mau uso dos 
recursos é noticiado. Mas você sabe como funciona a lei 
Rouanet, Lei n. 8313, de 23 de dezembro 1991? 
Vamos imaginar que você tenha em mãos um roteiro 
cinematográfico de boa qualidade e precisa conseguir 
apoio e patrocínio para realizar essa produção. Quais 
são os passos a seguir, para conseguir aprovação via Lei 
Rouanet para iniciar a captação? Vamos elaborar um plano 
de trabalho para isso? Consulte o site do Ministério da 
Cultura, em especial o da Lei de Incentivo à Cultura (http://
leideincentivoacultura.cultura.gov.br/) e elabore a proposta 
de um projeto cultural para ser apresentado à Comissão 
Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC). 
A Lei 8313 está disponível, na íntegra, em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L8313cons.htm. Acesso em: 21 jun. 2019. 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. A história do cinema no Brasil ocorre em paralelo aos 
acontecimentos mundiais. Qual desses acontecimentos 
marca o início da história do cinema no Brasil?
a. A apresentação do filme “Saída dos Trabalhadores 
da Fábrica Lumière”, dos irmãos Lumiére, no Rio 
de Janeiro.
b. Apresentação ao mundo do cinematógrafo dos irmãos 
Lumiére, em Paris, em 28 de dezembro de 1895.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8313cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8313cons.htm
124124 
c. A inauguração da primeira sala de cinema na capital 
carioca, de propriedade dos irmãos italianos Paschoal 
e Afonso Segreto.
d. A exibição das primeiras imagens brasileiras captadas 
sobre película cinematográfica, em São Paulo.
e. Apresentação no Rio de Janeiro das filmagens da Baía 
de Guanabara, em 1898.
2. Com o surgimento do som nos filmes, nos anos de 
1930, os estúdios norte-americanos haviam investido 
fortunasno negócio e, como desdobramento, passaram 
a investir também em
a. equipar com som salas de exibição.
b. melhorar o cinema nacional.
c. abrir espaços e mercados para seus filmes.
d. comercializar suas produções em “lotes”.
e. instituir a comissão nacional para tratar da questão.
3. O filme ‘O Descobrimento do Brasil’, com música de 
Heitor Villa-Lobos marca:
a. A “invasão norte-americana” das salas de cinema 
nacionais.
b. A censura imposta pelo governo federal aos filmes 
de guerra.
c. A criação do Instituto Nacional de Cinema 
Educativo (INCE).
125125 125
d. O forte apelo nacionalista pela produção de jornais 
cinematográficos.
e. A política nacionalista do Estado Novo, Governo de 
Getúlio Vargas.
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em: http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-368/filmografia/. 
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Secretaria do Audiovisual: 1995 – 2002. 2002. Disponível em: http://www9.cultura.
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Gabarito
Questão 1 – Resposta: B
A história do cinema no Brasil ocorre em paralelo aos 
acontecimentos mundiais. Pouco depois da apresentação ao 
mundo do cinematógrafo dos irmãos Lumiére, em Paris, em 28 de 
dezembro de 1895, aconteceu no Rio de Janeiro, em julho de 1896, 
a primeira exibição de cinema no país. O filme apresentado foi o 
mesmo de Paris, “Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumiére”, 
dos irmãos Lumiére. No ano seguinte, em 1887, é inaugurada a 
primeira sala de cinema na capital carioca.
Questão 2 – Resposta: A
Com o surgimento do som nos filmes nos anos de 1930, os estúdios 
norte-americanos haviaminvestido fortunas no negócio e, como 
desdobramento, passaram a investir também em equipar salas de 
exibição para abrir espaços e mercados para seus filmes. Assim, 
passaram a comercializar suas produções em “lotes” e a dominar 
o novo mercado. A situação do cinema nacional ficou tão delicada 
que o governo federal, na figura do presidente Getúlio Vargas, 
instituiu uma comissão nacional para tratar da questão.
Questão 3 – Resposta: E
A historiadora Lays Rocha (2013, s/p) destaca que merece registro, em 
meio à “invasão norte-americana” das salas de cinema nacionais e da 
censura imposta pelo governo, a iniciativa de Edgar Roquette-Pinto, 
que cria o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), em 1936, 
e produz o filme épico ‘O Descobrimento do Brasil’, com forte apelo 
nacionalista e música de Heitor Villa-Lobos. O uso da música de Villa-
Lobos na produção foi acusado pelo também músico e pesquisador 
José Ramos Tinhorão, como “arma política de propaganda”.
128128128 
Produção audiovisual 
na Internet: estética e 
linguagem de produções em 
plataformas digitais
Autora: Jurema L. F. Sampaio
Objetivos
• Analisar a estética e a linguagem de produções 
em plataformas digitais.
• Conhecer e identificar as características de 
material para redes sociais e YouTube.
• Investigar a ascensão do conteúdo produzido 
por youtubers.
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1. Uma história recente
Nesta aula você vai conhecer e compreender a estética das produções 
audiovisuais, em especial nas plataformas digitais, como o trabalho 
dos “youtubers”, ou seja, desse pessoal que vem ganhando milhões 
de seguidores e ficando bem famoso, produzindo conteúdo digital, 
distribuído pela internet em canais do YouTube, a mais famosa das 
plataformas. Como destaca Daniella Buttler (2017, s/p):
Lançar um canal no YouTube e em alguns meses ganhar notoriedade de 
artista pop, foi o destino de muitos jovens brasileiros. E todos começaram 
assim: brincando! Os Youtubers saíram da internet para a livraria, para a 
TV aberta e até para o cinema. Eles começaram no site de vídeos e hoje 
faturam como estrelas internacionais. E alguns deles não são apenas 
ouvidos, mas venerados por milhões que lotam bienais, estádios, livrarias 
e teatros. (BUTTLER, 2017, s/p).
Você sabe quando surgiu esse verdadeiro fenômeno de comunicação? 
O YouTube foi fundado em 14 de fevereiro de 2005, em San Mateo, 
na Califórnia, EUA, em instalações bastante rudimentares. Lembro de 
conversas em chats da época que diziam que “ficava em cima de uma 
pizzaria e um restaurante japonês” (KLEINA, 2005, s/p). A ideia era bem 
simples: dar suporte ao compartilhamento de vídeos digitais de forma 
mais rápida, nem os próprios criadores tinham muitas expectativas: “os 
criadores nem sabiam direito para onde o site iria e achavam até que seria 
uma plataforma mais privada, para você só hospedar vídeos e mandar para 
pessoas próximas” (KLEINA, 2005, s/p).
A iniciativa, que não foi a primeira do gênero, foi resultado do trabalho 
e desejo de três “caras” que trabalhavam no PayPal (até o eBay comprar 
o sistema de pagamentos) na época. Eles são Chad Hurley, Steve Chen 
e Jawed Karim. As “e-lendas” da Internet, como costumo chamar, ou 
“mitos”, dizem que Chad, que era designer, juntou-se com Chen e Karim, 
que eram programadores, quando, numa festa, todos reclamavam das 
“agruras” e das “aventuras” de se tentar assistir a vídeos na internet. 
130130 
Dessa conversa nasceu a ideia do YouTube e Chad se tornou o primeiro 
CEO, enquanto Chen ficou com a chefia de tecnologia. Karim, que 
permaneceu somente como acionista, nem é considerado fundador por 
alguns historiadores da internet. Atualmente a sede da empresa fica em 
San Bruno, também na Califórnia, desde que foi adquirida pelo Google, 
em 2006, quando este encerrou as atividades do Google Vídeos.
Na primeira versão do YouTube só havia, como recursos, os vídeos, 
e as abas de favoritos, mensagens e o seu perfil. Na tela inicial não 
havia nada além do espaço de ‘login’, como nos mostra o print de tela 
a seguir (Figura 1).
Figura 1 – Homepage do YouTube em 28 de abril de 2005, registro mais 
antigo do WebArquive.Org.
Fonte: https://web.archive.org/web/20050428014715/http://www.youtube.com/ 
Acesso em: 14 jun. 2019.
O primeiro vídeo da história do YouTube foi um ‘vlog’ curtíssimo postado 
pelo próprio Karim, publicado em 23 de abril de 2005, em que o jovem 
Yakov Lapitsky fala de elefantes no zoológico de San Diego, chamado 
“Me at the zoo” (“Eu no Zoológico”).
https://web.archive.org/web/20050428014715/http://www.youtube.com/
131131 131
A compra pelo Google deu impulso ao YouTube, iniciando o que chamo 
de “era Google” dos serviços de vídeo:
Em 2006, o YouTube já era uma sensação e um dos sites de maior 
crescimento na rede. A plataforma chamou a atenção da Google, que até 
aquele momento usava o bem inferior Google Vídeos. [...] A revista TIME 
sente que a época estava mudando e coloca “You”, isto é, “Você”, como 
a pessoa do ano de 2006, por causa da explosão de conteúdos criados 
por gente comum e postado na internet. Outro avanço foi nos debates 
presidenciais dos Estados Unidos em 2007, quando a CNN usa na TV 
perguntas feitas e postadas por eleitores no YouTube. Hoje seria tudo 
bem mais fácil, ao vivo e com o chat. Esse ano, o site faz o seu primeiro 
YouTube Awards para premiar os melhores vídeos do site naquele período. 
[...] Aí o YouTube começa a pensar em ganhar dinheiro e fazer os criadores 
faturarem também. Nesse ano, são lançados o programa de parcerias, o 
Content ID para pagamento de direitos autorais e os anúncios dentro dos 
vídeos. O ano de 2008 é marcante pelo surgimento dos vídeos em 480p e 
da versão mobile do site, enquanto o HD só apareceu no ano seguinte. O 
reconhecimento de fala, que é tão poderoso hoje em dia, só foi adicionado 
em 2009 (KLEINA, 2005, s/p).
Em paralelo aos avanços tecnológicos implementados no site, surgem 
os primeiros “canais” do YouTube, com gente “comum” produzindo 
conteúdo de forma muitas vezes ‘amadora’, mas com qualidade, 
que passou a interessar aos “seguidores”, como são chamados os 
assinantes de um conteúdo/canal.
Os próprios canais têm história semelhante à do site. Pessoas que 
começaram em suas casas, quase sempre com poucos recursos (um 
notebook, uma câmera doméstica, etc.), falando de coisas de seus 
próprios interesses, sem grandes pretensões de alcance de seguidores. 
Foram crescendo e arregimentando verdadeira legiões de fãs, chegando, 
atualmente, nas casas dos milhões. No início de 2019, registramos que 
os três maiores youtubers do mundo são, em números de seguidores:
132132 
• PewDiePie: Felix Arvid, um sueco de 27 anos, é o dono do canal 
que reúne mais de 60 milhões de inscritos. Desde 2013, seu 
canal é “o maior do mundo”, segundo o VidMonsters (2019, 
s/p), distribuindo conteúdos de vlog e gameplays, inclusive 
transmissões de partidas entre gamers famosos. 
• Dude Perfect: Os irmãos gêmeos norte-americanos Coby e 
Cory Cotton, mais os amigos Garrett Hilbert, Cody Jones e Tyler 
Toney comandam um canal cuja temática gira em torno de 
entretenimento esportivo. Tem mais de 40 milhões de seguidores.
• HolaSoyGerman: O espanhol Germán Garmendian, também 
de 27 anos, controla o canal, que também é sobre conteúdos 
de vlog e gameplays. Além disso, também conta com esquetes 
engraçados, que falam de situações complicadas e/ou 
constrangedoras que pessoas comuns passam e enfrentam no 
dia a dia. Tem 39,5 milhões de inscritos.
A estética predominante dos youtubers de sucesso inclui inteligência, 
irreverência e simpatia, independente do tema/assunto do canal. 
Uma intimidade é criada com os seguidores, que são tratados como 
“amigos”, próximos o suficiente para gerarem a credibilidade e, por 
consequência, a fidelidade de público.
No Brasil, o fenômeno de comunicação digital não fica atrás, quando 
se fala em números de seguidores, e alguns ostentam marcas 
surpreendentes em relação ao número de seguidores. Em algunscasos, 
milhões de pessoas. Endereços como o ‘Porta dos Fundos’, de esquetes 
de humor (com mais de 15 milhões de inscritos, em junho de 2019) e o 
de Júlio Cocielo (do ‘Canal Canalha’, terceira página com maior número 
de inscritos no YouTube Brasil em 2019: mais 18 milhões de assinantes, 
junho de 2019) são empreendimentos de sucesso.
O Canal KondZilla é o maior canal de YouTube do Brasil e o quarto maior do 
mundo, com mais de 50 milhões de inscritos e 23 bilhões de visualizações 
(KONDZILLA, 2019, s/p). O termo é o nome artístico de Konrad Dantas, um 
produtor brasileiro de vídeos musicais de funk. É o primeiro brasileiro a 
aparecer na lista mundial de maiores canais no YouTube.
133133 133
O canal do humorista Whindersson Nunes (com mais de 20 milhões 
de inscritos e mais de 1 bilhão de visualizações, é o nono maior canal 
do mundo em número de seguidores, segundo a jornalista Gabriela 
Zocchi (2018, s/p).
No segmento infantil, a ‘Galinha Pintadinha’ segue na liderança no Brasil. 
São 17 milhões de inscritos e 10 bilhões de visualizações, segundo os 
dados disponíveis no próprio YouTube (GALINHA PINTADINHA, 2019, s/p).
Basta uma pesquisa superficial e rápida pelos canais de sucesso para 
perceber que os maiores públicos se concentram em canais “jovens” 
ou dedicados a esse segmento da população e se apresentam, em 
geral, com uma estética leve e baseada em humor. Mas não são 
exclusivamente os jovens que assistem aos youtubers. Muito menos só 
as temáticas dirigidas a esse público as que têm sucesso.
O Canal ‘5-Minutes Crafts’, que se especializou em vídeos com diversas 
dicas de “Crafts”, ou seja, Trabalhos Manuais, e curiosidades como 
‘dicas para pintar as unhas’, conta com números impressionantes: mais 
de 57 milhões de inscritos e 12 bilhões de visualizações (5-MINUTE 
CRAFTS, 2019, s/p). A versão infantil conta com 13 milhões de 
assinantes no mundo.
Embora seja o maior deles, o YouTube certamente não é o único site do 
gênero. Nomes como Vimeo, Flickr, DailyMotion, Veoh, ZippCast, Twitch, 
Blip.tv, Viddler e Metacafe (que, por sinal, foi o primeiro site deste tipo 
a ir ao ar na internet, em 2003) são referências mais ou menos comuns 
no nosso dia a dia digital. Certeza você já viu conteúdo em algum deles, 
só não “reparou” no endereço.
Procure prestar atenção ao que circula nas redes sociais e poderá 
comprovar. Mesmo o Facebook e o Instagram, as redes sociais mais 
tradicionais, têm suporte para distribuição de mídia audiovisual.
Vamos conhecer alguns deles.
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1.1 Vimeo
O Vimeo é um site de compartilhamento de vídeo ad-free com sede 
em Nova York. Concorrente direto do YouTube, foi fundado por Zach 
Klein e Jakob Lodwick, em dezembro de 2004. Ou seja, é anterior ao 
YouTube. Nele os usuários podem fazer upload, partilhar e ver vídeos 
com um diferencial: em 2007, o Vimeo se tornou o primeiro site de 
compartilhamento de vídeos a suportar vídeo de alta definição. Alguns 
usuários se referem a ele, muitas vezes, como “melhor” que o YouTube. 
É verdade que os recursos sociais, o sistema de acompanhamento de 
métricas e o controle de publicidade do Vimeo sejam melhores (não tem 
as irritantes telinhas de monetização do YouTube sobre os vídeos), os 
recursos grátis como legendas, tornar um vídeo 3D e editar um vídeo já 
postado a qualquer hora (coisas que o Vimeo não oferece) seduzem os 
usuários menos experientes. Mas o que mais se destaca na preferência 
dos usuários, e que o Vimeo não oferece aos usuários gratuitos, são 
as ‘Soluções Móveis’ do app YouTube. Apesar de limitadas, o acesso a 
favoritos, histórico, playlists, inscrições, comentários e “populares” da 
rede é amplo. No app Vimeo não é possível carregar vídeos e não há 
acesso aos álbuns e grupos, apenas ao feed, favoritos e “watch later”. Ou 
seja, uma experiência pouco interativa para influenciadores digitais, que 
desejam postar vídeos em ‘tempo real’.
1.2 Flickr
Embora muita gente não saiba e considere o Flickr (Figura 2), site 
canadense que foi desenvolvido pela Ludicorp em fevereiro de 2004 
(também antes do YouTube), somente um suporte de flogs, e até mesmo 
ultrapassado, o sistema dá suporte à publicação de vídeos. Não oferece 
os serviços do YouTube e do Vimeo e, por isso, é usado pela maioria 
dos assinantes como armazenador de conteúdo, mas por muito poucos 
como canal de material audiovisual.
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Seu sistema de buscas, que permite localizar conteúdos por buscas de 
cor predominante e tipos de textura, é fascinante para vídeos de arte e, 
claro, fotografias. Mas menos interessante para influenciadores digitais 
construírem e administrarem suas marcas/nomes.
A obrigatoriedade de ter um e-mail Yahoo para cadastrar-se no serviço 
afasta muita gente que não gosta do servidor de e-mails.
Figura 2 – Print da página de busca de vídeos do Flickr
Fonte: https://www.flickr.com/search/?text=v%C3%ADdeos. Acesso em: 14 jun. 2019.
1.3 Metacafe
É o primeiro site de distribuição de vídeos do mundo. Fundado por 
Eyal Hertzog, Arik Czerniak e Ofer Adler, em julho de 2003. Segundo a 
jornalista de tecnologia Teresa Furtado, do site TechTudo:
O Metacafe é um site especializado em entretenimento multimídia, ou 
seja, você encontra conteúdo em categorias como filmes, vídeos, canções, 
videogames e televisão. Seu grande diferencial é parceria com grandes 
estúdios de cinema, gravadoras musicais, ligas esportivas, redes de 
TV e outros. O que proporciona ao usuário um infinito de material de 
qualidade. Seu conteúdo está dividido em três grandes categorias: filmes, 
jogos e música. Dentro delas, temos diversas sub que facilitam seu acesso 
ao que procura. (FURTADO, 2012, s/p).
https://www.flickr.com/search/?text=v%C3%ADdeos
136136 
O destaque maior do Metacafe é que não se limita a vídeos, e a 
segmentação de games se subdivide em plataformas disponíveis: 
PlayStation, Xbox 360, Wii, PC, PSP, DS, Mobile e Browse, o que faz a 
alegria dos gamers.
Conta ainda com um software gratuito que pode ser instalado junto ao 
navegador que permite baixar para sua máquina os conteúdos que mais 
gostar, e um diferencial bastante interessante é que utiliza filtros para 
não repetir vídeos na busca, o que ajuda muito nas pesquisas. Oferece 
monetização para conteúdo de sucesso. Se seu vídeo ultrapassar 20 mil 
visualizações, pagam $5 para cada 1 mil visualizações.
Figura 3 – Print da página inicial do Metacafe
Fonte: http://www.metacafe.com/. Acesso em: 14 jun. 2019.
2. Youtuber ou digital influencer?
O nome “youtuber” se refere, obviamente, ao suporte, o site YouTube. 
Um youtuber é alguém que comanda um canal no YouTube. Mas com os 
outros sites e possibilidades de compartilhar conteúdos audiovisuais, o 
termo passou a ‘incomodar’ os jornalistas. Em especial, pelo surgimento 
http://www.metacafe.com/
137137 137
da ‘monetização’, ou seja, esses canais passaram a valer dinheiro, e 
muito, simplesmente fazer propaganda ‘de graça’ para o YouTube 
começou a impulsionar os jornalistas a buscarem alternativas ao 
termo. Surgiu, então, a expressão “digital influencer”, ou, “influenciador 
digital”, em português. Que é como são chamados mais recentemente 
os criadores de conteúdo audiovisual para web. Ou seja, youtuber é 
um tipo de influenciador digital, que pode ter seu material e conteúdo 
disponível em diversas plataformas.
Youtubers podem ser considerados os influenciadores mais populares 
em todo o mundo, atualmente, mas os blogueiros foram os primeiros 
influenciadores digitais da internet e a atividade continua em alta. A 
maioria dos blogueiros mantêm uma página com criação de conteúdo, 
mas aparece também em outras plataformas, como Facebook e Instagram.
De ser considerado uma distração de adolescentes a passar a uma das 
profissões mais cobiçadas da atualidade, os influenciadores digitais 
chegaram ‘para ficar’. Geralmente o influenciador aborda um nicho 
específico de atuação, como esporte, educação, nutrição, gastronomia, 
tecnologia, cursos, moda, aventura, saúde, viagens, etc., e com ocrescimento da base de seguidores expande também para outras áreas.
Quando um influenciador atinge uma quantia considerável de 
seguidores, desperta o interesse das marcas que atuam no seu nicho 
de mercado e frequentemente passa a receber produtos e serviços 
gratuitos para experimentar. Naturalmente que o objetivo é que eles 
comentem e divulguem a marca. Alguns influenciadores, como as 
blogueiras que vieram do mundo da moda, ou ‘fashion’, têm mesmo 
‘media kit’, detalhando o valor e condições para fazerem divulgação de 
marcas, empresas e produtos: é o chamado publipost, ou postagem 
publicitária. O investimento de empresas em influenciadores digitais é 
chamado de marketing de influência, e essa estratégia tem se mostrado 
bastante eficiente em termos de custo-benefício, pois os bloggers e 
vloggers têm visibilidade e credibilidade junto a seus fãs.
138138 
Bloggers e vloggers? Blog, vlog ou flog? Que termos são esses? O que 
significam? São todos neologismos, ou seja, palavras novas no nosso 
idioma, ‘importadas’ do universo digital.
O Jornalista Caio Ramos, da Revista Superinteressante, registra que
O blog é uma página de internet composta de parágrafos dispostos em 
ordem cronológica, que pode ser atualizada frequentemente. Muitas 
vezes, eles funcionam como uma versão eletrônica e pública dos velhos 
diários pessoais. [...] A atualização é automática e não é necessário 
dominar HTML, o código usado na internet. Mas nem sempre foi assim. 
Por volta de 1996, um weblog era um guia de links, e criá-lo requeria 
conhecimentos específicos. [...] Os blogs explodiram – no bom sentido – 
em 11 de setembro de 2001, quando relataram os ataques terroristas nos 
Estados Unidos minuto a minuto. (RAMOS, 2017, s/p).
ASSIMILE
Blog é derivado de ‘weblog’, ou seja, ‘web + ‘log’, ou, “diário 
da rede”, em português. Já usamos o termo ‘blogue’ em 
nosso idioma, mas, na origem, o termo é em inglês: blog. 
Um ‘vlog’ é a abreviação de ‘videoblog’ ou “vídeo diário da 
rede” e, por fim, ‘flog’ vem de “foto + blog”, ou, “foto diário 
da rede” e é o mais “estranho” dos neologismos, pois, em 
inglês, seria ‘photo’ e não ‘foto’.
3. O que é preciso para ser um digital influencer 
de sucesso
Os youtubers, como vimos, são os influenciadores digitais que trabalham 
com a plataforma YouTube. Outro tipo de influenciador são os 
Blogueiros, que cuidam de blogues de conteúdos, e os Instagrammers, 
139139 139
que utilizam o Instagram para produzir conteúdo. Independentemente 
da plataforma usada, a primeira e mais importante condição para ter 
sucesso nesse mercado é ter conteúdo original.
Em evento da Fundação Telefônica, acontecido em 12 de novembro de 
2012, em Madrid, com transmissão direta via web, a diretora executiva 
da rede de supermercados DIA e fundadora da ideas4all Innovation, 
Ana María Llopiz, chamou de “La Ley de Internet: 90 / 9 / 1” (Figura 4). 
Ou seja, a cada 100 conteúdos disponíveis na rede, 90% das pessoas 
somente replicam, 9% interage com esses conteúdos e somente 1% 
produz conteúdo novo (SAMPAIO, 2014, p. 128): “A ‘inovação’, tão falada 
e mesmo tida como o ‘caminho’ do ‘futuro da Internet’ estaria no conteúdo, 
mas no conteúdo ORIGINAL de quem realmente PRODUZ conteúdo” 
(SAMPAIO, 2014, p. 129).
Figura 4 – Gráfico ilustrativo da “Lei da Internet 90 / 9 / 1”, 
de Ana María Llopiz
Fonte: Elaborada pela autora.
Para ser realmente um(a) bom(boa) digital influencer é preciso trazer algo 
realmente inovador, com qualidade, que interesse às pessoas a ponto 
de fidelizar seguidores, ou seja, a ponto de seus seguidores ‘quererem’ 
ver/ouvir o que você tem a dizer.
140140 
A professora Daniella Barbosa Buttler (2017, s/p), doutora em Linguística 
Aplicada em Estudos da Linguagem pela PUC-SP, disse ao Estadão 
Educação que considera que
O segredo para ter um canal de sucesso hoje é apresentar o conteúdo 
com um diferencial, irreverente, para não ser apenas mais do mesmo. Há 
que ter a noção que para conseguir sucesso, um Youtuber deve criar algo 
pessoal, único e, de preferência, com qualidade (BUTTLER, 2017, s/p).
Uma das estratégias, e realmente a mais comum, é o humor. Mas 
não só de humor se sustenta um influenciador digital. Ele(a) precisa 
ter ‘presença’, ter carisma, representar a imagem do que as pessoas 
desejam, seja em moda, seja em produtos de consumo, sejam games, 
enfim, em qualquer segmento.
Mas a estética dos blogs e vlogs não é estanque ou fixa. Um exemplo 
é o trabalho do influenciador Felipe Neto. Inicialmente, meio que 
buscando seu próprio estilo, Neto aparecia na frente da câmera 
falando palavras desconexas, fazendo piadas e comentários 
aleatórios. O estilo informal abriu caminho para o surgimento 
do primeiro formato do ‘Não Faz Sentido!’. Felipe encontrou seu 
personagem em uma atuação com óculos escuros e comentários 
sobre um tema específico, diferente a cada vídeo novo. Esse foi o 
formato que trouxe a popularização para o seu canal.
O caso de Kéfera Buchmann, outro fenômeno youtuber, que começou, 
em 2010, em seu canal ‘5inco Minutos’ reclamando das vuvuzelas da 
Copa do Mundo, ‘trocou’ várias vezes de estilo e assumiu diversas 
‘personagens’ antes de assumir seu ‘papel’ que parece ser o definitivo: 
influenciadora digital. Mesmo com atuações como as de escritora e atriz, 
o maior patrimônio de Kéfera é sua imagem. Também vem do exemplo 
de Kéfera as possibilidades de negócios e atividades que se desdobram 
da atuação dos influenciadores digitais.
141141 141
Desde 2010, além do canal, Kéfera já lançou 3 livros, participou de 7 
peças de teatro, 7 filmes, 3 novelas, atuou como VJ, fez um programa de 
rádio na Jovem Pan FM de Curitiba e comanda uma série de empresas, 
como a Kéfera Store (loja online, com produtos personalizados do canal 
‘5inco Minutos’); a linha de comidas ‘Fit e Saudáveis’, que inclui a dieta 
líquida ‘Tudo Leve by Kéfera Buchmann’ (sem glúten, zero lactose e 
fibra); a sua própria linha de esmaltes, ‘Oi Oi Gente - Kéfera Buchmann 
by Studio 35’; um sabor de sorvete para a ‘Bacio di Latte’, chamado 
‘Kéfera di Latte’ (zero lactose, associando um problema de saúde da 
moça ao negócio); a ‘Coleção Kéfera’, uma linha de óculos da Chilli 
Beans, que traz armações com hastes com as palavras “Together” e 
“Forever”, frase que a moça tem tatuada no braço; e uma coleção de 
joias para a joalheria Monte Carlo: “junto com outras das quatro das 
maiores youtubers do Brasil — Bruna Santina; Bruna Vieira, Bianca 
Andrade e Taciele Alcoela. Cada uma delas desenhou cinco pingentes 
que representam seus momentos favoritos e suas paixões para a 
coleção” (ASTUTO, 2016, s/p).
O que se pode perceber, principalmente, é que influenciadores digitais 
trabalham e vendem sua imagem pessoal como se fossem marcas, e 
que essa imagem é seu patrimônio, seu principal conteúdo. Outro ponto 
importante de destacar quando pensamos em desvendar os ‘mistérios’ 
dos influenciadores digitais é o tempo. Os vídeos do ‘5inco Minutos’ 
quase nunca têm cinco minutos de duração. O que sempre deixou seus 
seguidores curiosos foi ‘explicado’ pela curitibana em várias entrevistas 
como sendo um dos objetivos centrais do canal: oferecer vídeos de, no 
máximo, cinco minutos de duração, demonstrando um conhecimento, 
inicialmente meio que intuitivo, do que viria a se consolidar como uma 
das características importantes dos conteúdos audiovisuais na web que 
‘funcionam’: são curtos, diretos. Isso porque a velocidade de assimilação 
e descarte de informações na atualidade é grande e, programada ou 
não, uma verdade a ser considerada com atenção no planejamento e 
produção de conteúdo audiovisual para web.
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Os blogueiros foram os primeiros influenciadores digitais da internet 
e a atividade continua em alta. A maioria dos blogueiros mantém uma 
página com criação de conteúdo, mas aparece também em outras 
plataformas, como Facebook e Instagram.
PARA SABER MAIS
O conceito de obsolescência programada surgiu 
após a depressão Norte Americana, na qual Bernard 
Londonmaior realismo às 
cenas e encenações (BROCKETT, 1999, p. 16-17).
4. Arte Romana
A História da cultura romana é dividida basicamente em três momentos 
distintos: monarquia, república e império. A monarquia romana é o 
período mais antigo e suas características são bastante variadas, muito 
ligadas aos reis e seus respectivos reinados. A República Romana teve 
início em 509 a.C. e vai até o estabelecimento do Império Romano 
em 27 a.C. (TITO, 2008, p.8). Por fim, o Império Romano, que nasceu 
oficialmente em 27 a.C. e terminou em 476 d.C., data da queda do 
Império do Ocidente (LE ROUX, 2009), dando início à Idade Média.
A arte romana é fortemente influenciada pelos padrões estéticos gregos, 
expressando o ideal de beleza. Ao final do século I d.C.m Roma já havia 
superado as influências gregas, vindo a desenvolver criações próprias.
1515 15
Na arquitetura, a maior de todas as expressões artísticas dos romanos, 
as edificações abobadadas (GOMBRICH, 2000, p.113) são suas mais 
significativas características. Estão presentes em anfiteatros, templos, 
aquedutos, muralhas, dentre outras formas de arquitetura, que retratam 
a magnitude da civilização romana.
A pintura romana se distinguia pelo uso do realismo na representação, 
somado à imaginação, nas temáticas, eram geralmente feitas em 
grandes dimensões, se valiam de recursos de ilusão, como a sugestão 
de profundidade. De essência decorativa, os painéis, compostos por 
pessoas, animais e objetos, ocupavam grandes espaços, enriquecendo 
ainda mais a arquitetura.
Em relação às esculturas, os romanos se diferenciavam dos gregos 
em alguns aspectos. Ao invés da representação do ideal de beleza, 
a escultura romana procurava a ‘cópia fiel’, buscando retratar traços 
particulares dos retratados. Exemplos disso podem ser percebidos na 
estátua do imperador Augusto (Figura 4), datada por volta de 19 a.C. 
O artista retratou as feições reais do Imperador, a couraça e as capas 
romanas. Essas características também podem ser encontradas nos 
relevos esculpidos, retratando acontecimentos e pessoas participantes 
deles, são “os métodos narrativos [...] desenvolvidos pela arte romana” 
(GOMBRICH, 2000, p.83) que colaboravam na propagação das vitórias do 
exército romano e nas conquistas do império.
Figura 4 – Estátua do Imperador César Augusto. Brindisi, Itália
Fonte: Fotooiason/iStock.com.
1616 
Outra grande contribuição da cultura romana às artes foi a criação do 
Teatro Romano, também chamado de Teatro de Arena ou anfiteatro. 
Um anfiteatro é uma espécie de “fusão” de dois teatros gregos em 
uma única construção, espelhados. Os teatros romanos são estruturas 
arquitetônicas amplas, construídas com uso de abóbadas e arcos, que 
acolhiam muitas pessoas e eram compostas de um espaço central em 
formato elíptico, a arena, circundado pelas arquibancadas, com grande 
número de fileiras distribuídas em torno dessa arena.
Os anfiteatros romanos não apresentavam representações teatrais, mas 
era onde se realizavam grandes espetáculos populares, como as lutas 
dos gladiadores. Para isso, não era necessário um palco para apreciar 
o espetáculo. Esses eventos tinham forte conotação política, pois ao 
entreterem a massa, a mantinham sob controle dos dirigentes, num 
período marcado por grandes desequilíbrios sociais. Dessa prática vem a 
expressão “política do pão e circo” (panem et circenses, em Latim original), 
que “foi usada pela primeira vez durante a administração Caio Graco 
pelo poeta satírico Juvenal em suas Sátira” (GARRAFFONI, 2005, p. 77-78; 
ARAUJO & VIEIRA, 2015, p. 30). As obras desse poeta, que era de origem 
aristocrática, “além de imbuídas de fortes valores morais, demonstram certa 
aversão para com a plebe romana” (GARRAFFONI, 2005, p. 79).
Juvenal (apud GARRAFFONI, 2005, p. 81-84) descreve a plebe como
viciada, apática e dependente do pão e do circo dado pelo Império 
Romano, por esse motivo alguns historiadores acabaram utilizando 
dessa expressão para designar o controle da plebe pelos imperadores 
feito através do pão (distribuição do trigo) e do circo (espetáculos). 
(GARRAFFONI, 2005, p. 81-84).
O maior dos exemplos dos anfiteatros romanos é o Coliseu (Figura 5), em 
Roma, que é considerado uma das sete maravilhas do mundo moderno.
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Figura 5 – Panorâmica interna do Coliseu. Roma, Itália
Fonte: Power of Forever/iStock.com.
5. Idade Média
O fim do Império Romano marca o início da Idade Média, ou período 
medieval, ou, ainda, a idade das trevas. Durou dez séculos, entre os 
séculos V e XV, e é dividida em dois períodos: Alta e Baixa Idade Média. 
A arte desse período se chama Arte Medieval e mantém forte influência 
da igreja católica, o que faz com que a maior parte dos trabalhos desse 
período tenha temática religiosa.
Com o declínio do Império Romano, o Império Romano do Oriente 
sobrevive e se reorganiza no Império Bizantino, tendo como grande 
expressividade artística sua arte em mosaicos, que perdura até hoje.
6. Alta Idade Média
Na Europa, a queda do Império Romano do Ocidente inicia um 
período de reorganização social tendo a igreja Católica como fator de 
centralização, visto que grande parte desse império era cristã. Mesmo 
1818 
com o desmonte do Império Romano do Ocidente, a reorganização 
social não foi pacífica e houve diversos conflitos entre os reinos, 
somados às invasões de povos bárbaros, como francos, celtas e vikings, 
vindo do norte europeu. A cultura greco-romana prevaleceu na maioria 
do ocidente e o cristianismo se expandiu, espalhando monastérios e 
igrejas “de forma surpreendentemente homogênea” (BENTON, 2002, p.55). 
Aperfeiçoando a estética romana, muitas vezes reconstruindo templos 
originais romanos, transformando-os em templos católicos, numa 
tentativa de manter o poderio católico, em que “praticamente todos estes 
espaços foram decorados com pinturas murais” (DOWELL, 1993, p. 37). Isso 
faz com que a estética romana ressurja no que se passou a chamar de 
“Estilo Românico” (BENTON, 2002, p. 55).
As características do Estilo Românico, o predominante da Alta Idade 
Média, que mais se destacam são “o uso do arco de volta perfeita, 
aberturas de pequena dimensão e o uso de arcaria cega nas paredes” 
(ADAMS, 2001, p. 181-189).
6.1 Iluminuras e manuscritos
As principais formas de arte da Alta Idade Média são as Iluminuras. 
Como a alfabetização era quase restrita aos religiosos, eram eles quem, 
geralmente, realizavam a escrita dos textos e as ilustrações e decorações 
dos manuscritos chamadas de iluminuras.
Em definição simples, um manuscrito iluminado é um texto escrito à 
mão, geralmente em pergaminho, decorado com ilustrações feitas em 
ouro ou prata, e cores oriundas de pigmentos desenvolvidos pelos 
próprios artistas, como o pó de grafite. Os tons de vermelho vinham 
do chumbo (tetróxido de chumbo) ou, como o Carmesim, também 
conhecido como ‘kermes’, que era extraído do inseto ‘Kermes vermilio’.
O uso de ouro é, de longe, uma das características mais marcantes dos 
manuscritos iluminados. Um manuscrito não era considerado iluminado 
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a menos que uma ou muitas iluminações apresentassem detalhes ou 
folhas de ouro ou fossem ‘escovadas’ com partículas de ouro, num 
processo conhecido como polimento. A inclusão do ouro nas iluminuras 
tem muitos significados, por exemplo, se o texto é de natureza religiosa, 
o ouro é um sinal de exaltação do texto.
Iluminados ou não, os manuscritos eram escritos em pergaminho (mais 
comumente da pele de bezerro, de ovelha ou de cabra) ou foram criados 
como códices (manuscritos gravados em madeira), que haviam substituído 
os pergaminhos. Porém, os textos importantes o suficiente para serem 
iluminados foram escritos sobre pergaminhos da melhor qualidade.
Seja pelas capitulares, em que o texto é complementado com decoração 
com iniciais trabalhadas, ou seja, pelas bordas (marginalia) e desenhos 
em miniatura, o termo ‘iluminuras’ refere-se a qualquer manuscrito 
decorado ou ilustrado nas tradições ocidentais.
A iluminaçãopropunha “uma redução na vida útil das 
mercadorias, com o intuito de impulsionar a economia 
norte americana que estava estagnada” (BULOW, 1986, 
pp.729–749). É uma teoria já bastante estudada pelos 
pesquisadores do tema “obsolescência programada”, 
procure conhecer mais sobre este conceito.
BULOW, Jeremy. An Economic Theory of Planned 
Obsolescence. The Quarterly Journal of Economics (em 
inglês). 101 (4): 729–749. 1986.
4. Audiovisual nas redes sociais
As redes sociais são, em si, um fenômeno de comunicação que merece 
estudo dedicado. Os audiovisuais em redes sociais já são uma realidade 
e há uma grande tendência de que, a cada dia mais, ocupem essas 
mesmas redes. Para que conteúdo audiovisual em redes sociais seja 
eficiente, é preciso que seja relevante e traduza os valores do perfil 
que o compartilha. A estética e a linguagem utilizada devem estar 
adequadas ao público-alvo. Assim como em qualquer outra peça de 
comunicação, o planejamento é essencial para o sucesso de qualquer 
estratégia. Com o audiovisual não é diferente.
143143 143
Conteúdos bem planejados e bem desenvolvidos ajudam a fidelizar 
públicos por meio de temas e assuntos relevantes e que estejam 
em acordo com o universo do produto ou serviço a que se referem. 
Por mais que seja uma verdade de que é possível fazer um vídeo 
com qualquer smartphone, se a ideia é construir material consistente 
e efetivamente adequado, é extremamente importante pensar na 
qualidade da produção.
Um dos pontos importantes das redes sociais, e que as vezes é 
esquecido pelos produtores audiovisuais, é que não adianta muito 
haver postagens de vídeos ‘impecáveis’ se não houver oportunidade de 
interação com os seguidores. É essa relação de interação onde “mora” 
o “segredo” dos bons desempenhos de material audiovisual em redes 
sociais. Mais até que a qualidade do vídeo, muitas vezes a interação 
por meio de respostas a comentários, por exemplo, seja em conteúdos 
assíncronos ou em tempo real, as “lives” são essenciais.
Uma dica importante para orientar o início do planejamento de 
produção audiovisual para rede social: busque construir uma proposta 
em que já nos primeiros 5 ou, no máximo 10 segundos iniciais do seu 
material, seja absolutamente interessante, pois eles é que vão definir a 
permanência ou não do público até o fim.
Cuide da frequência de exibição do material. Pesquise dias e horários 
mais interessantes para seu público-alvo e mantenha-se o mais possível 
dentro desses parâmetros. E, lembre-se, exposição excessiva pode 
“queimar” um bom material. Junto com o planejamento de mídia é 
muito importante dimensionar a intensidade da exibição da mensagem, 
equilibrando frequência e impacto. Agindo desse modo você já terá 
um ótimo início e isso logo se refletirá nas métricas de seu material. 
Mas lembre-se de sempre manter uma observação constante a essas 
mesmas métricas para monitorar o desempenho, analisando número de 
visualizações, curtidas e interações, verificando sempre a necessidade de 
ajustes para melhorar os resultados da estratégia adotada.
144144 
As redes sociais oferecem algumas das melhores estratégias para 
engajamento de marcas e produtos, e isso acontece porque têm como 
característica principal o apelo visual – de imagens e vídeos. Mas cada 
uma delas tem seu próprio ritmo, estética e dinâmica de funcionamento. 
O Instagram, por exemplo, pede vídeos mais curtos e diretos. O Facebook 
permite conteúdo um pouco mais extenso, mas, ainda assim, compacto.
Os motivos para que o YouTube continue sendo o “mais querido” dos 
webplayers de vídeo online não são exatamente unanimidade entre 
especialistas, mas podemos especular alguns deles, com alguma 
segurança, defendidos pela experiência dos profissionais da área. 
Primeiro, o sistema de busca. A busca no YouTube conta com o suporte 
de um sistema robusto e eficiente, faz com que se possa encontrar 
facilmente o que se procura, com poucos cliques ou algumas hashtags. 
O editor online, Creator Academy, disponível gratuitamente, é de fácil 
operação e conta com um banco de recursos também gratuitos, muito 
interessante. Por fim, mas não menos importante, a interface intuitiva, 
simples de usar, sem exigir grandes conhecimentos técnicos também 
é um fator relevante. A Revista Exame veiculou um conteúdo de 
Publicidade Corporativa em que dizia que
hoje, 74% dos consumidores se orientam por meio de suas redes 
sociais para realizar uma compra, de acordo com estudo realizado pela 
Sprout Social, e, segundo a Nielsen, 84% dos consumidores tomam 
decisão com base nas opiniões de fontes confiáveis, acima de outras 
formas de publicidade. Além disso, de 2016 para 2017, o tempo gasto 
pelos brasileiros na internet dobrou, de 8 horas semanais para 16 
horas semanais. De olho nesses dados, as empresas apostam forte nos 
influenciadores. (DINO, 2018, s/p).
Qualidade e profissionalização de recursos de áudio, iluminação, 
direção e edição fazem toda a diferença e influenciam diretamente 
na performance de seu material audiovisual para redes sociais. Desse 
modo, mesmo com recursos controlados e principalmente por isso, 
para evitar desperdícios e retrabalho, é essencial planejar o material 
145145 145
audiovisual de acordo com cada canal de divulgação. É primordial 
começar com um planejamento global, mas não se deve ignorar as 
características de cada rede social. Por isso, adapte as estratégias 
sempre que isso se mostrar necessário.
A tendência do futuro é a diversificação das fontes de informação e a 
inovação na forma de produzir e absorver conteúdo. E isso se reflete 
na forma como esse conteúdo é apresentado. A profissão de digital 
influencer se apresenta, cada vez mais, como uma forte opção de 
atuação no mercado de comunicação e as empresas de RH são quase 
unânimes em apontá-la com frequência nas listas de “profissões de 
futuro”. Um futuro que já começou.
TEORIA EM PRÁTICA
Você deve saber que a maioria dos vídeos comerciais 
tem 15 ou 30 segundos de duração. Mas já reparou 
que dentro do YouTube, antes de um vídeo começar, 
muitas vezes temos comerciais também em vídeo, que 
são exibidos nos canais monetizados, obrigatoriamente 
por cinco segundos antes de aparecer o botão “pular 
anúncios” possa ser acionado? Isso força o usuário a 
assistir ao menos 5 segundos do vídeo comercial, antes 
de poder “pular” a propaganda e ter acesso ao conteúdo 
que deseja ver. Elabore um projeto de roteiro para uma 
peça audiovisual comercial de 15 segundos, em que nos 
5 primeiros segundos seja efetivamente passada uma 
mensagem que mantenha o usuário sem apertar o “pular 
comercial” e o faça querer assistir aos 15 segundos totais 
dos comerciais. Que tipos de mensagem inicial deve haver 
nesses cinco segundos iniciais para que a atenção do 
usuário seja capturada? O que deve ser priorizado nesse 
tempo para que se mantenha SEM apertar o botão de 
‘pular comercial’ e assista a toda peça?
146146 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Sobre o YouTube é verdadeiro afirmar que
a. foi fundado em 14 de fevereiro de 2015 na 
California, EUA.
b. foi o primeiro serviço de compartilhamento de 
vídeos do mundo.
c. os próprios criadores tinham muitas expectativas no 
seu lançamento.
d. foi resultado do trabalho e desejo de três funcionários 
do PayPal.
e. Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, os criadores, 
eram programadores.
2. A estética predominante dos youtubers de 
sucesso inclui...
a. inteligência, irreverência e simpatia.
b. irreverência, distanciamento e monetização.
c. intimidade, inteligência e segmentação.
d. proximidade, escárnio e distanciamento.
e. inteligência, formalidade e discrição.
3. Sobre o público dos youtubers, é verdadeiro 
afirmar que...
a. são na maioria pessoas superficiais e rápidas.
147147 147
b. gostam de uma estética definida e clássica.
c. só as temáticas dirigidas aos jovens têm sucesso.
d. são exclusivamente os jovens que assistem aos 
youtubers.
e. os maiores públicos se concentram em canais jovens.
Referências bibliográficasASTUTO, Bruno. “Cinco das principais youtubers do país lançam juntas coleção 
de joias. Kéfera Buchmann, Bruna Santina, Bruna Vieira, Bianca Andrade e Taciele 
Alcoela dominam a chamada blogosfera. Revista Época, 22/02/2016 - 12h00 - 
Atualizado 22/02/2016. Disponível em: https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/
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juntas-colecao-de-joias.html. Acesso em: 21 jun. 2019.
BULOW, Jeremy. An Economic Theory of Planned Obsolescence [Uma Teoria 
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Estadão Educação. 27 set.2017. Disponível em: https://educacao.estadao.com.
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mercado, diz master coach”. In: Publicidade Corporativa. Revista Exame. 3 maio 
2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/dino/influenciadora-
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FURTADO, Teresa. “O que é Metacafe?” In: TechTudo. 8 maio 2012. Disponível em: 
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https://exame.abril.com.br/negocios/dino/influenciadora-digital-profissao-e-nova-aposta-de-mercado-d
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148148 
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HTML, o código usado na internet. Mas nem sempre foi assim. In: Revista 
Superinteressante. 31 out. 2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/
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SAMPAIO, Jurema L. F. O que se ensina e o que se aprende nas licenciaturas em 
artes visuais a distância? Tese de doutorado. Programa de pós-graduação em 
Artes, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Área de 
Teoria, Ensino e Aprendizagem. Orientação a Profª. Drª. Ana Mae T.B. Barbosa. 2014. 
VIDMONSTERS. “PewDiePie: conheça a história do youtuber mais famoso do 
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Gabarito
Questão 1 – Resposta: D
O YouTube foi fundado em 14 de fevereiro de 2005, em San 
Mateo, na Califórnia/EUA. A ideia era bem simples: dar suporte ao 
compartilhamento de vídeos digitais de forma mais rápida, nem 
os próprios criadores tinham muitas expectativas. A iniciativa, que 
não foi a primeira do gênero, foi resultado do trabalho e desejo 
de três “caras” que trabalhavam no PayPal (até o eBay comprar 
o sistema de pagamentos) na época. Eles são Chad Hurley, Steve 
https://www.tecmundo.com.br/youtube/118500-historia-youtube-maior-plataforma-videos-do-mundo-video.h
https://www.tecmundo.com.br/youtube/118500-historia-youtube-maior-plataforma-videos-do-mundo-video.h
https://www.youtube.com/user/CanalKondZilla
https://www.youtube.com/user/CanalKondZilla
https://super.abril.com.br/tecnologia/o-que-e-blog/
https://super.abril.com.br/tecnologia/o-que-e-blog/
https://vidmonsters.com/blog/youtuber-mais-famoso-do-mundo/
https://vidmonsters.com/blog/youtuber-mais-famoso-do-mundo/
https://capricho.abril.com.br/famosos/sabia-que-dois-brasileiros-estao-entre-os-10-maiores-canais-do
https://capricho.abril.com.br/famosos/sabia-que-dois-brasileiros-estao-entre-os-10-maiores-canais-do
https://www.youtube.com/channel/UC57XAjJ04TY8gNxOWf-Sy0Q
https://www.youtube.com/channel/UC57XAjJ04TY8gNxOWf-Sy0Q
https://www.youtube.com/channel/UC295-Dw_tDNtZXFeAPAW6Aw
https://www.youtube.com/channel/UC295-Dw_tDNtZXFeAPAW6Aw
149149 149
Chen e Jawed Karim. Chad era designer, Chen e Karim eram 
programadores. Atualmente a sede da empresa fica em San Bruno, 
também na Califórnia, desde que foi adquirida pelo Google, em 
2006, quando este encerrou as atividades do Google Vídeos.
Questão 2 – Resposta: A
A estética predominante dos youtubers de sucesso inclui 
inteligência, irreverência e simpatia, independente do tema/assunto 
do canal. Uma intimidade é criada com os seguidores, que são 
tratados como “amigos”, próximos o suficiente para gerarem a 
credibilidade e, por consequência, a fidelidade de público.
Questão 3 – Resposta: E
Basta uma pesquisa superficial e rápida pelos canais de sucesso 
para perceber que os maiores públicos se concentram em 
canais “jovens” ou dedicados a esse segmento da população e 
se apresentam, em geral, com uma estética leve e baseada em 
humor. Mas não são exclusivamente os jovens que assistem aos 
youtubers. Muito menos só as temáticas dirigidas a esse público 
as que têm sucesso.
150150150 
Os novos modelos de produção 
audiovisual e o formato 
streaming
Autora: Jurema L. F. Sampaio
Objetivos
• Conhecer os novos modelos de produção 
audiovisual.
• Conhecer os formatos streaming.
• Diferenciar os modelos de distribuição streaming: 
NetFlix, GloboPlay, Amazon Prime Video.
151151 151
1. Tecnologia streaming
Nesta aula você vai conhecer um pouco sobre os novos modelos de 
produção audiovisual; conhecer os formatos streaming e aprender a 
diferenciar os modelos de distribuição streaming.
A crescente penetração da Internet na vida cotidiana de milhões de 
pessoas no mundo através de diferentes plataformas tem concentrado as 
especulações e as disputas teóricas sobre as lógicas sociais emergentes 
no campo cultural, em especial no mercado do audiovisual. Com as 
mudanças no cenário tecnológico, econômico,artístico e social, renasce 
a preocupação com os novos hábitos culturais que se desenvolvem no 
entorno online e suas funções dentro do atual regime social. (SANTINI & 
CALVI, 2013, p. 161).
Para entender os novos modelos de produção e consumo de 
audiovisual é importante compreender bem e assimilar a evolução 
tecnológica dos últimos 30 anos, que atingiu em cheio a área. Katia 
Fujisawa (2016, p.118) aponta para o caminho percorrido:
o consumo de audiovisuais (grande parte gratuita), ou seja, filmes, 
programas de televisão, animações, videoclipes, vídeos amadores etc., são 
principalmente difundidos de duas formas: por download e por streaming 
(tecnologia possibilitada pela banda larga, pela qual o usuário consome o 
conteúdo por transmissão instantânea de dados de áudio e vídeo, sem a 
necessidade de fazer download). (FUJISAWA, 2016, p. 118).
Dos modelos convencionais de produção (como filmes, de cinema e 
fotografia, discos, fitas, etc.) aos contemporâneos suportes de distribuição 
de conteúdo de modo personalizado e direto, muita coisa aconteceu ao 
audiovisual. Inclusive às linguagens. Os formatos e conteúdos audiovisuais 
incluem os filmes, programas de TV, videogames, videoclipes (vídeos 
musicais), videoarte (net-art), animações (cartoon), vídeos amadores, 
adultos (net-porn), notícias, entretenimento, documentários e vídeos 
152152 
educativos (SANTINI & CALVI, 2013, p. 167) e a “análise fílmica e televisiva 
pode ser transformada em documento para a pesquisa histórica ao articular, 
ao contexto histórico e social que o produziu, um conjunto de elementos 
intrínsecos à expressão audiovisual” (KORNIS, 2008, p. 29).
Com relação à distribuição e consumo audiovisual na Internet é possível 
perceber duas principais modalidades: assistir aos conteúdos por 
streaming ou fazer download deles e, dentre as plataformas e sistemas 
de difusão e consumo audiovisual na internet, incluem-se:
1. conteúdos audiovisuais de televisão ou vídeo na web, gratuitos ou 
pagos, que se visualizam em um computador, tablet ou celular com 
conexão a Internet (Internet vídeo to PC/mobile: streaming);
2. intercâmbio nas Redes P2P e portais de enlaces (file sharing: download);
3. conteúdos audiovisuais de televisão ou vídeo na web, gratuitos ou 
pagos, que se visualizam em um aparelho de TV (Internet video to TV);
4. redes de usuários abertas ou fechadas, como no caso dos jogos on-line 
(Internet gaming);
5. difusão e visualização de conteúdos nas redes sociais (social networks); 
6. difusão de vídeos através do correio eletrônico (web/e-mail);
7. vídeo comunicações, que incluem todas as aplicações de chamadas 
telefônicas com vídeo, chats e webcams (Internet video communications);
8. conteúdos audiovisuais ambientais (ambient video), que correspondem 
à transmissão de vídeo através da web em espaços fechados ou 
abertos. (SANTINI & CALVI, 2013, p.167-168).
A partir daí vamos iniciar nossa “conversa” e conhecer alguns desses 
serviços, como Netflix, GloboPlay e Amazon Prime Video, que oferecem 
streaming de filmes e programas de TV, e Spotify, Apple Music, que 
promovem fluxo de música.
153153 153
Figura 1 – Qualquer hora, em qualquer lugar...
Fonte: damircudic/iStock.com.
2. Conceito de streaming
Você sabe o que é streaming?
O termo streaming foi usado pela primeira vez pela empresa Data Electronics 
Inc. em referência aos vídeos que permitiam acesso “sob demanda”, ou seja, 
sob total controle de exibição de conteúdo, por parte do usuário.
O termo vem de stream, em inglês, que significa ‘fluxo’. Passou a nomear a 
tecnologia streaming por apresentar a característica de envio de multimídia 
por meio de transferência de dados em modo contínuo, pela internet ou 
outras redes de computadores. O surgimento do streaming se deu devido 
à busca por aumentar a velocidade de conexões de transmissões de dados 
que, antes, eram feitas sob a forma de “pacotes”, ou “lotes”, o que fazia com 
que fosse necessário aguardar toda a transmissão dos dados para, depois, 
ter acesso ao conteúdo. A transmissão em streaming permite que um 
conteúdo seja assistido ao mesmo tempo que é transferido, sem ter que 
esperar o “carregamento” dos dados.
154154 
Algumas características são necessárias para a efetiva utilização de serviços 
por streaming: a “largura de banda” (que é a medida da capacidade de 
transmissão de bits por segundo de um determinado meio, conexão ou 
rede, determinando a velocidade que os dados passam através desta rede 
específica) é a principal delas, e deve ser ampla o suficiente para não haver 
paradas ou atrasos na transmissão e, assim, tornar o buffer lento. Para 
entender, podemos usar uma metáfora simples, como canos hidráulicos: 
quanto maior a largura do cano, mais quantidade de água passa por ele.
A televisão por streaming é uma realidade até mesmo em telefonia mobile, 
personalizando ainda mais o consumo de produções audiovisuais.
Por sinal, este é o principal “desafio” da produção audiovisual 
contemporânea. Quanto mais controle de personalização o usuário/
expectador tem, maior a necessidade de desenvolvimento de 
produtos e serviços que atendam a essas necessidades e interesses. 
O monitoramento de resultados é, então, a “chave do sucesso” dos 
distribuidores de conteúdo streaming.
3. Modelos de distribuição streaming
Tradicionalmente o consumo de audiovisual, antes das tecnologias 
digitais, tinha formas específicas de acontecer. Filmes eram vistos no 
cinema, que era, inclusive, um programa social relevante e movimentava 
negócios paralelos aos da produção cinematográfica, como as salas de 
exibição e mesmo os carrinhos de pipoca em que eram adquiridos os 
saquinhos da iguaria, considerada a melhor companhia para um filme.
O videocassete já promoveu, nos anos de 1980, uma revolução nesse 
modo de consumo e, consequentemente, também nos negócios anexos, 
pois da ida à sala de cinema, passou-se às seções privadas, às vezes na 
companhia de amigos, para assistir às fitas. Mesmo que acompanhadas 
de pipoca, nessas seções, as pipocas não eram mais adquiridas nos 
carrinhos, mas sim feitas em casa, na maioria das vezes, no micro-ondas, 
tecnologia de popularização contemporânea ao videocassete.
155155 155
A música, que antes era ou ouvida em concertos ou adquirida para 
execução particular em algum tipo de mídia de suporte, desde os 
vinis antigos, passando pelas fitas K7 até os CD, ao ser digitalizada e 
compactada, com tecnologias do tipo mp3, passa pela mudança de 
comercialização. Antes, comprávamos discos ou CD, com uma coleção 
de músicas escolhidas pelo produtor musical e/ou artista, sem escolhas. 
Dessa forma, ao adquirir um disco, você levava também algumas faixas 
que não tinha interesse. Depois, a comercialização de faixas individuais 
faz com que a escolha se torne personalizada. Mais recentemente, a 
distribuição de música por streaming dá ainda mais poderes de escolha 
aos consumidores que, agora, pagam não mais pelas faixas, mas pelos 
serviços de execução de música, em que podem selecionar play lists 
completamente personalizadas.
Quando pensamos em televisão, embora ainda seja difícil para alguns se 
desligarem do modelo “grade de programação”, com a ideia de “horário 
nobre” guiando inclusive a comercialização de espaços de propaganda 
comercial, a mudança começou com o videocassete, fazendo com 
que as emissoras passassem a comercializar fitas de vídeos contendo 
programas de sua produção para serem assistidos pelos espectadores 
quando desejassem. Mesmo modelo ainda reproduzido com os DVD 
que, embora os conteúdos já estivessem em suporte digital, o modelo 
de consumo era o mesmo das fitas de videocassete: adquiridos ou 
alugados em empresas locadoras de mídia. Em seguida, o mercado do 
cinema e da TV enfrentam a ideia da TV a cabo, ou TV por assinatura, em 
que o assinante escolhe a programação dos canais que deseja assinar 
e que produziam e exibiam conteúdos exclusivos para assinantes. O 
formato de TV por assinatura foi criado pela HBO,em 1972, e, em menos 
de uma década, atingiu grande parte do mundo. A ideia de exclusividade 
de conteúdo da TV por assinatura evoluiu para a de segmentação 
de interesses e surgiram os canais por assinatura temáticos, onde o 
assinante tem acesso com exclusividade e somente ao conteúdo que 
deseja. Esse modelo, porém, ainda guarda aproximação com o modelo 
156156 
convencional, pela ideia “broadcasting” (o sistema de distribuição de 
conteúdo de áudio ou vídeo para comunicação de massa) e a ideia 
de “grade” ainda está presente. Ou seja, o usuário deve se adaptar ao 
horário em que a emissora vai transmitir o conteúdo.
São as tecnologias digitais contemporâneas, controladas pelo 
telespectador, que tornam a experiência de assistir televisão muito 
mais personalizada. E faz com que os serviços de assinatura de TV 
tenham uma evolução imensa nas duas primeiras décadas do século 
XXI, e caminhemos a passos largos para a consolidação dos conteúdos 
de audiovisual transmídia.
Uma história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas 
de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa 
para o todo. Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que 
faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida num 
filme, ser expandida pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo 
possa ser explorado em games ou experimentado como atração de um 
parque de diversões. (JENKINS, 2008, p. 141).
Você está preparado para produzir nesse contexto?
Contradições, confusões e múltiplos pontos de vista são esperados num 
momento de transição, em que um paradigma midiático está morrendo 
e outro está nascendo. Nenhum de nós sabe realmente como viver numa 
nesta época de convergência das mídias, inteligência coletiva e cultura 
participativa. (JENKINS, 2008, p. 248).
A concorrência trazida pelos serviços de streaming, que proporciona 
ainda mais personalização de programação, acirra também a disputa 
por assinantes, pois os fornecedores como NetFlix, GloboPlay e 
Amazon Prime Video forçam às televisões abertas, inclusive as de 
distribuição via cabo, a reverem constantemente seus objetivos e 
atualizarem seus modelos de negócios.
157157 157
3.1 NetFlix
A NetFlix, fundada em 1997 por Reed Hastings e Marc Randolph, é um 
americano provedor de serviços de mídia.
O modelo de negócios inicial da Netflix incluía vendas e aluguel de DVD 
por correio, mas Reed Hastings abandonou as vendas cerca de um ano 
após a fundação da empresa se concentrar no negócio inicial de aluguel 
de DVD. Em 2010, a Netflix expandiu seus negócios com o início da 
transmissão de mídia, mantendo os negócios de locação de DVD e, na 
época, também Blu-ray.
A expansão internacional também acontece em 2010, com 
disponibilização de serviços de streaming no Canadá, e, em seguida, para 
a América Latina e Caribe.
Somente em 2012 a Netflix entrou no negócio de produção de conteúdo, 
estreando sua primeira série: Lilyhammer. A partir daí, assume cada vez 
mais o papel de produtora, além de distribuidora de conteúdo, criando e 
desenvolvendo uma variedade de conteúdo chamado “Netflix Original”, 
incluído, com destaque, em seu catálogo.
Figura 2 – NetFlix
Fonte: mphillips007/iStock.com.
158158 
3.2 Globoplay
A plataforma de streaming da Rede Globo de Comunicação, que teve o 
seu lançamento somente em 2017, disputando mercado com a maior 
concorrente, NetFlix, por meio de oferta de conteúdo exclusivo, seu 
principal diferencial: as produções do catálogo da TV Globo, lançadas 
antecipadamente na plataforma.
Em 2018 começou a disponibilizar um acervo, também exclusivo, de 
produções estrangeiras de sucesso, como as séries norte-americanas 
The Good Doctor e O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale). Para o ano de 
2019 estão previstas novidades, dentre elas, Deadly Class, Modern Family, 
Smallville e Arquivo X.
E já foram também anunciadas, para entrar no catálogo: Homeland, The 
Vampire Diaries, Will & Grace e American Horror Story, integrando TV 
Globo e Globoplay numa estratégia de “uma plataforma abastecendo e 
divulgando a outra” (COSTA, 2019, s/p), como declarou Fábio Costa, do 
Observatório da Televisão.
3.3 Amazon Prime Video
Este é o serviço de streaming da Amazon, que está em expansão para 
mais de 200 países e investimentos em produções originais. A empresa 
do multimilionário Jeff Bezos quer “abocanhar uma fatia” do mercado 
liderado pela NetFlix.
Tem boa atuação nos computadores, smartphones e tablets, funcionando 
bem nos principais navegadores e não exige nenhum plugin. Desempenha 
com tranquilidade em alguns modelos de TV e nos consoles que também 
suportem NetFlix. Só não está disponível para Chromecast nem Apple 
TV. Em mobile possibilita fazer download do conteúdo para assistir 
posteriormente, mesmo sem conexão à internet, permitindo escolher 
onde armazenará os arquivos: cartão de memória ou armazenamento 
interno. Além de oferecer a opção de app para Android e iOS.
159159 159
A Amazon vem produzindo boas séries (“American Gods”, “Jack Ryan”, 
“Maravilhosa Sra. Maisel”, “O Homem do Castelo Alto” e “Transparent”) e 
filmes como “Valerian”, “A Chegada”, “Lady Bird” e “Extraordinário”, mas 
o serviço ainda é mais simples, com um preço único, incluindo “tudo” e 
libera conteúdo em 1080p em todos os principais browsers por meio do 
player em HTML5. Uma grande vantagem!
4. Mais opções
Além das que já falamos, ainda existem outras opções de serviços 
que atendam às mais diversas necessidades e objetivos. Esses são 
os principais serviços de streaming em funcionamento no Brasil, em 
junho de 2019.
HBO Go – É o serviço de streaming exclusivo da HBO. Ótima opção 
para quem é fã das séries exclusivas do canal, como Game of Thrones, 
Westworld, Silicon Valley, O Negócio, Last Week Tonight, entre outras, 
pois você só vai encontrá-las no HBO Go.
Fox+ – A plataforma de streaming dos canais Fox oferece filmes, séries 
de TV e programas esportivos, além dos 11 canais da rede ao vivo pelo 
aplicativo, independentemente de ter assinatura com TV paga ou plano 
de telefonia. As atrações principais são as series, como “Homeland”, 
“The Walking Dead”, “Os Simpsons”, “The Gifted”, “Vikings” e “Outlander”. 
Também estão disponíveis filmes como “Django Livre”, “João e 
Maria: Caçadores de Bruxas” e outras produções dos estúdios Fox; a 
programação esportiva da Fox Sports e dos canais da National Geographic.
Telecine Play – Serviço de streaming que se destaca por apresentar, 
antes de todos os outros canais, os lançamentos do ano logo em 
seguida de saírem dos cinemas. Destaques: Lançamentos como 
“Fragmentado”, “Pantera Negra”, “A Forma da Água”, “Maze Runner: 
Cura Mortal”, “Trama Fantasma”, “Star Wars: Os Últimos Jedi”, entre 
outros. A plataforma não possui séries de TV.
160160 
Crackle – O streaming da Sony que, assim como o Amazon Prime Video, 
produz conteúdo original, além de filmes e séries licenciados.
Looke – Este serviço de streaming brasileiro, que precisa do app Looke 
(Android ou iPhone), oferece filmes e séries sob demanda (você só paga 
o que usar), mas também possibilita o streaming. No modo assinatura 
é paga uma taxa baixa por mês, como o modelo convencional, e tem 
acesso a alguns títulos, mas não a todo o catálogo.
Mubi – Oferece um serviço de streaming com curadoria do conteúdo. 
Por uma mensalidade fixa, ele oferece 30 filmes mensais para 
assistir ou baixar. O principal diferencial é o catálogo de filmes ‘cult’ e 
independentes, títulos clássicos ou fora do eixo Hollywoodiano.
YouTube Premium – A assinatura do YouTube Premium remove 
propagandas e permite download para ver offline no celular, além 
de séries autorais como “Cobra Kai”, “Museo”, “Champaign ILL”, 
“Sideswiped” e “Dallas & Robo”. A assinatura também libera o YouTube 
Music Premium e o Google Play Música.
NetMovies – Mensalidade baixa, que oferece streaming de séries e filmes, 
com catálogo imenso: mais de 12 mil títulos.
A Google Play Store, a mesma loja de app da Google,oferece a opção 
de alugar filmes. Podem ser encontrados filmes como “It: A Coisa”, “O 
Poderoso Chefinho” e “Mulher-Maravilha”. Procure pela seção “Filmes” 
no Google Play.
iTunes Store – Se você é usuário Apple, pode alugar filmes pelo iTunes, 
num Mac, iPhone ou iPad. Se for usuário de Windows, pode baixar o 
iTunes para PC e ter acesso ao catálogo.
Microsoft Store – Opção para quem usa Windows, a seção de Filmes da 
Microsoft Store tem um catálogo bastante interessante para comprar. 
Entre no site da Microsoft Store e procure pela aba Filmes e TV.
161161 161
ASSIMILE
Se você é cliente de alguma operadora de telefonia, 
também dá para assistir a filmes e séries. NET Now Online, 
Vivo Play, Claro Vídeo e Cine Sky HD são algumas opções, e 
os serviços terceirizados como o Telecine Play e o TNT Go 
funcionam com algumas delas.
Opção não falta!
Figura 3 – Um mundo de opções nas telas
Fonte: Vertigo3d/iStock.com.
PARA SABER MAIS
Conheça mais sobre o universo profissional do audiovisual 
visitando o site do SindCine (http://www.sindcine.com.
br/site/), Sindicato dos Trabalhadores na Indústria 
Cinematográfica e do Audiovisual dos Estados de São 
Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do 
Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal.
http://www.sindcine.com.br/site/
http://www.sindcine.com.br/site/
162162 
No site você encontra a legislação, tabelas de honorários e 
aprende como tirar seu registro da Delegacia Regional do 
Trabalho - DRT, que é o registro profissional da categoria 
nas Superintendências Regionais do Trabalho.
Novos tempos, novas gerações, novas necessidades.
O mais importante é estar sempre aberto ao que surge, sem esquecer 
que a atual geração de consumidores já transita de forma transmidiática 
com desenvoltura. Segundo Henry Jenkins (2008), a geração transmídia 
é aquela derivada de uma cultura de participação, habituada a 
consumir conteúdos dispersos sistematicamente entre os múltiplos 
canais com a proposta de criar uma única e coordenada experiência de 
entretenimento (JENKINS, 2008, p.29). Para ele:
A lógica econômica de uma indústria de entretenimento integrada 
horizontalmente – isto é, uma indústria onde uma única empresa pode ter 
raízes em vários diferentes setores de mídia – dita o fluxo de conteúdos 
pelas mídias. (JENKINS, 2008, p.142).
O campo da produção de conteúdos audiovisuais digitais interativos 
para televisão digital e multiplataformas no Brasil é ainda pouco 
desenvolvido e demanda soluções criativas e eficientes, mas é uma 
nova perspectiva de atuação para profissionais de audiovisual. “Além da 
digitalização dos equipamentos, uma alteração no conceito de produção 
de conteúdos audiovisuais, que passam agora a contemplar a perspectiva 
de programação não-linear, interativa e para múltiplas plataformas” 
(ANGELUCI & CASTRO, 2010, p. 3).
Para isso, além de conhecer as linguagens do audiovisual, cada vez 
mais será necessário conhecer padrões de tecnologia para explorar 
adequadamente as possibilidades de criação multiplataformas. Alan 
César Belo Angeluci e Cosette Castro, no Congresso Pan-americano de 
Comunicação - PANAM, afirmaram que
163163 163
Interatividade não é nenhuma novidade na televisão mundial desde seus 
primórdios. O que torna essa característica tão inovadora é a possibilidade 
de feedback por parte da audiência através da própria televisão, por 
meio do canal de retorno, seja a partir do controle remoto ou mesmo 
de um celular. Essa inovação é permitida pelo processo de digitalização 
e, sobretudo, pelas características do sistema nipo-brasileiro que rege a 
televisão digital no país. (ANGELUCI & CASTRO, 2010, p. 2).
Com todo o avanço tecnológico e necessidades de aprendizagem 
novas e constantes, é importante sempre lembrar que é o “humano” 
que faz a diferença, em qualquer produção audiovisual. Como destaca 
Herbert Zettl:
Mesmo os mais sofisticados equipamentos para produção de televisão 
e interfaces de computador não poderão substituí-lo no processo de 
produção de televisão. Você e sua equipe de trabalho ainda reinam 
absolutos – pelo menos até́ o momento. Os equipamentos não são 
capazes de tomar decisões éticas e estéticas por você nem lhe dizer 
exatamente quais partes de o evento selecionar e como apresentá-las 
para estabelecer uma comunicação ideal. Essas decisões são suas e 
baseiam-se no contexto do propósito geral da comunicação e na interação 
com outros membros da equipe de produção – o pessoal de produção, as 
equipes técnicas, os engenheiros e os funcionários administrativos. Cedo 
ou tarde, você descobrirá que a principal tarefa em produção de televisão 
envolve menos trabalho com equipamentos e mais com pessoas. De 
modo geral, podemos dividir a equipe de produção em equipe não técnica 
e técnica. (ZETTL, 2017, p. 5).
TEORIA EM PRÁTICA
Você foi responsabilizado por escolher o serviço de 
assinatura de streaming que sua empresa irá contratar. Com 
o objetivo de fornecer aos funcionários a maior variedade 
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de entretenimento, com o menor custo por pessoa, analise 
os pacotes de serviços disponíveis em sua região e escolha 
três deles para apresentar ao seu chefe como opções. Um 
“completo” (e mais caro), um intermediário, e um com os 
serviços básicos. Argumente em defesa de cada um deles, 
comparando prós e contras, levando em consideração que, 
para atender a um maior número de usuários, deve oferecer, 
em primeiro lugar, acesso multiplataformas. O segundo 
critério de escolha deve ser a possibilidade de interação e/ou 
interatividade com os conteúdos. Leve em consideração ainda 
o percentual de conteúdo por gênero. Por onde começar 
a pesquisa? Como estabelecer as metas e prioridades de 
escolha? Como redigir os resultados? Faça uma planilha 
comparativa como resultado final de sua pesquisa.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. O termo streaming foi usado pela primeira vez pela 
empresa Data Electronics Inc. em referência aos vídeos 
que permitiam acesso “sob demanda”, ou seja, sob total 
controle de exibição de conteúdo, por parte do usuário. 
O termo vem de stream, em inglês, que significa:
a. Demanda.
b. Multimídia.
c. Contínuo.
d. Conexões.
e. Fluxo.
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2. Dos modelos convencionais de produção audiovisual aos 
contemporâneos suportes de distribuição de conteúdo, 
de modo personalizado e direto, muita coisa aconteceu 
ao audiovisual. Inclusive às linguagens. Com relação à 
distribuição e consumo audiovisual na Internet é possível 
perceber duas principais modalidades:
a. Assistir aos conteúdos por streaming ou fazer 
download deles.
b. Serviços de streaming como Netflix, GloboPlay e 
Amazon Prime Video.
c. As plataformas e sistemas de difusão e consumo 
audiovisual na internet.
d. Os modelos convencionais de produção e os 
contemporâneos suportes de distribuição 
de conteúdo.
e. Conteúdos audiovisuais de televisão ou vídeo na 
web, gratuitos ou pagos, que se visualizam em um 
computador.
3. Algumas características são necessárias para a efetiva 
utilização de serviços por streaming, a principal delas é:
a. Televisão por streaming.
b. Controle de personalização.
c. Ampla largura de banda.
d. Taxas de compactação.
e. Antenas digitais de TV.
166166 
Referências bibliográficas
ANGELUCI, Alan César Belo & CASTRO, Cosette. Oito Categorias para Produção de 
Conteúdo Audiovisual em Televisão Digital e Multiplataformas. In: Congresso 
Pan-americano de Comunicação - PANAM. Brasília, 2010.IPEA - Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/panam/pdf/GT1_
Art6_Alan.pdf. Acesso em: 24 jun. 2019.
COSTA, Fábio. Globoplay: um passo de cada vez na conquista da preferência do 
público de streaming. In: Observatório da Televisão. 06 maio 2019. Disponível em: 
https://observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br/critica-de-tv/2019/05/globoplay-um-
passo-de-cada-vez-na-conquista-da-preferencia-do-publico-de-streaming. 
Acesso em: 24 jun. 2019.
FUJISAWA, Katia Sayuri. Novas tecnologias aplicadas à comunicação. Londrina: 
Editora eDistribuidora Educacional S.A., 2016.
JENKINS, Henry. A Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008.
KORNIS, Monica Almeida. Cinema, televisão e história. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 
SANTINI, R. M.; CALVI, J. C. O consumo audiovisual e suas logicas sociais na rede. 
Comunicação, Mídia e Consumo. São Paulo, v. 10, n. 27, p. 159-182, mar. 2013. 
Disponível em: http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/531. 
Acesso em: 21 jun. 2019.
ZETTL, Herbert. Manual de produção de televisão. São Paulo: Cengage 
Learning, 2017.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: E 
O termo vem de stream, em inglês, que significa ‘fluxo’. Passou a 
nomear a tecnologia streaming por apresentar a característica de 
envio de multimídia por meio de transferência de dados em modo 
contínuo, pela internet ou outras redes de computadores.
Questão 2 – Resposta: A
Com relação à distribuição e consumo audiovisual na Internet, 
é possível perceber duas principais modalidades: assistir 
aos conteúdos por streaming ou fazer download dos mesmos 
e, dentre as plataformas e sistemas de difusão e consumo 
audiovisual na internet.
http://www.ipea.gov.br/portal/panam/pdf/GT1_Art6_Alan.pdf
http://www.ipea.gov.br/portal/panam/pdf/GT1_Art6_Alan.pdf
https://observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br/critica-de-tv/2019/05/globoplay-um-passo-de-cada-vez-
https://observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br/critica-de-tv/2019/05/globoplay-um-passo-de-cada-vez-
http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/531
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Questão 3 – Resposta: C
Algumas características são necessárias para a efetiva utilização 
de serviços por streaming: a “largura de banda” (que é a 
medida da capacidade de transmissão de bits por segundo 
de um determinado meio, conexão ou rede, determinando a 
velocidade que os dados passam através desta rede específica) 
é a principal delas, e deve ser ampla o suficiente para não haver 
paradas ou atrasos na transmissão e, assim, tornar o buffer 
lento. Para entender, podemos usar uma metáfora simples, 
como canos hidráulicos: quanto maior a largura do cano, mais 
quantidade de água passa por ele.
168168 
	Apresentação da disciplina 
	Um pouco de História 
	Objetivos
	1. De onde partimos? 
	2. Arte Egípcia 
	3. Arte Grega 
	4. Arte Romana 
	5. Idade Média 
	6. Alta Idade Média 
	7. Baixa Idade Média 
	Teoria em prática 
	Verificação de leitura 
	Referências bibliográficas 
	Gabarito 
	Cultura Popular, Cultura de Massa, Indústria Cultural e o Kitsch 
	Objetivos
	1. O que é cultura? 
	2. O que é cultura de massa? 
	3. O que é o Kitsch? 
	4. Relações culturais e estéticas e a construção de repertórios 
	Teoria em prática 
	Verificação de leitura 
	Referências bibliográficas 
	Gabarito
	TV no Brasil: História e a Estética das novelas 
	Objetivos
	1. A história da TV no Brasil 
	2. Estética das novelas 
	3. Quem é o público consumidor de novelas? 
	4. Considerações finais 
	Teoria em prática 
	Verificação de leitura 
	Referências bibliográficas 
	Gabarito
	Filmes clássicos: estéticas da linguagem audiovisual 
	Objetivos
	1. O cinema mudou o mundo e o mundo mudou o cinema 
	Teoria em prática 
	Verificação de leitura 
	Referências bibliográficas 
	Gabarito
	Análise da Produção Nacional: identidade, estética e linguagem 
	Objetivos
	1. Audiovisual no Brasil 
	2. As políticas públicas de cultura e o audiovisual 
	3. Filmes Brasileiros para não deixar de ver 
	Teoria em prática 
	Verificação de leitura 
	Referências bibliográficas 
	Gabarito
	Produção audiovisual na Internet: estética e linguagem de produções em plataformas digitais 
	Objetivos
	1. Uma história recente 
	2. Youtuber ou digital influencer? 
	3. O que é preciso para ser um digital influencer de sucesso 
	4. Audiovisual nas redes sociais 
	Teoria em prática 
	Verificação de leitura 
	Referências bibliográficas 
	Gabarito
	Os novos modelos de produção audiovisual e o formato streaming 
	Objetivos
	1. Tecnologia streaming 
	2. Conceito de streaming 
	3. Modelos de distribuição streaming 
	4. Mais opções 
	Teoria em prática 
	Verificação de leitura 
	Referências bibliográficas 
	Gabaritodos manuscritos, como forma de engrandecer 
documentos antigos, auxiliou sua preservação e valor informativo em 
uma era em que novas classes dominantes não eram mais alfabetizadas 
na linguagem usada nos manuscritos.
Figura 6 – Tomo antigo com ilustração em miniatura, aberto dentro de 
uma vitrine da biblioteca nacional austríaca. Viena, Áustria.
Fonte: Cristiano Alessandro/iStock.com.
2020 
Manuscritos iluminados continuaram a ser produzidos no início do 
século XVI, mas em números muito menores e, principalmente, para 
os muito ricos. Eles estão entre os itens mais característicos da arte 
da Idade Média; e também são os mais bem conservados exemplares 
sobreviventes da pintura medieval. De fato, para alguns períodos de 
tempo, eles são os únicos exemplos sobreviventes de pintura.
7. Baixa Idade Média
A Baixa Idade Média teve início depois do ano 1000. O estilo artístico 
predominante nesse período é o Gótico, que se desenvolveu no norte 
da França a partir de arte românica no século XII, acompanhado pelo 
desenvolvimento simultâneo da arquitetura e se espalhou por toda a 
Europa Ocidental e grande parte da Europa Central e do Sul.
As mudanças facilmente reconhecíveis na arquitetura, do romanesco ao 
gótico, e do gótico ao renascentista, são frequentemente usadas para 
definir os períodos da arte e a arquitetura gótica é bastante particular.
As características mais marcantes da arquitetura gótica eram elementos 
de engenharia, como o arco pontiagudo e o cofre de ‘costelas’, que 
permitiam maior altura e mais espaço para as janelas nos edifícios, 
assim como o uso extensivo de vitrais e as rosáceas, para trazer luz 
e cor para o interior (DUCHER, 1988, p.46). Essas características já 
existiam na arquitetura românica, mas foram usadas de forma mais 
ampla e inovadora para tornar as catedrais góticas “mais altas, mais 
fortes e cheias de luz” (BECHMANN, 1981, p.180).
A Catedral Basílica de Saint Denis (Figura 7), em Île-de-France, datada 
do início do século XII, concluída em 1144, mostra o primeiro uso de 
todos os elementos da arquitetura gótica numa construção, embora 
a Catedral de Dublim, na Irlanda, fundada no ano 1030 já possa ser 
classificado como estilo pré-gótico.
2121 21
Figura 7 – Catedral de St. Denis Paris, França
Fonte: Stockam/iStock.com.
O estilo gótico se firmou com a ascensão das cidades, a fundação de 
universidades, o aumento do comércio, o estabelecimento de uma 
economia baseada no dinheiro e a criação de uma classe burguesa 
que podia se dar ao luxo de patrocinar as artes e comissionar obras, 
assim, as formas de arte no período gótico incluem escultura, pintura de 
painéis, vitrais, afrescos e também ainda os manuscritos iluminados.
Na arte gótica são encontradas imagens cristãs, com ilustrações de 
histórias do Novo e do Antigo Testamentos, lado a lado, e as histórias 
de vida dos santos eram frequentemente descritas em imagens, assim 
como as representações da Virgem Maria, que mudaram da forma 
icônica bizantina para uma mãe mais humana e afetuosa, acariciando 
seu bebê, e mostrando as maneiras refinadas de uma dama 
aristocrática e bem-educada da corte.
No final do século XIV, desenvolveu-se o sofisticado estilo de corte do 
gótico internacional, que caracteriza o estilo, como o arco em bico, 
e que continuou a evoluir até o final do século XV. Especialmente na 
Alemanha, a arte gótica tardia continuou até o século XVI, antes de ser 
incluída na arte renascentista.
2222 
Idade Moderna
O início do século XVI e o período compreendido entre 1453 e 1789 - data 
que marca o início da Revolução Francesa -, chama-se Idade Moderna 
e, junto com o Renascimento, a Era dos Descobrimentos e a Reforma 
Protestante, caracterizam um período de grandes transformações em 
todo o mundo. É importante não confundir Idade Moderna, com Arte 
Moderna, movimento artístico que só vai acontecer no século XX.
O período moderno tardio começou aproximadamente em meados do 
século XVIII; com marcos históricos que incluem a Revolução Americana, 
a Revolução Industrial, a Grande Divergência e a Revolução Russa.
Com todos os acontecimentos, mais os avanços científicos que 
acompanharam as evoluções, era de se esperar que as artes refletissem 
todas essas transformações.
Renascimento
Também chamado de Renascença, foi um dos mais produtivos períodos 
artísticos, marcando a transição da Idade Média para a modernidade, 
numa ruptura com o passado, e do feudalismo para o capitalismo.
Iniciado na Toscana, região da Itália, ficou conhecido como a “italianização 
da Europa” pela busca da revalorização das referências da Antiguidade 
Clássica Romana, em oposição direta ao dogmatismo religioso que 
dominava a Idade Média. Racionalidade e ciência são a base na validação 
do ser humano no centro da Criação, e por isso deu-se à principal 
corrente de pensamento deste período o nome de humanismo.
A pintura é fortemente representada, o desenho era considerado a base 
de todas as artes visuais e seu domínio era um requisito fundamental 
para todo artista. Contando com artistas como Michelangelo, Leonardo 
da Vinci, Rafael e muitos outros, distribuídos entre as fases do Trecento, 
a Quattrocento, a Alta Renascença, o Cinquecento e o Maneirismo 
italiano, a Renascença é um manancial de arte de qualidade inegável.
2323 23
Uma das características distintivas da arte renascentista foi o 
desenvolvimento de uma perspectiva linear altamente realista, que foi 
parte de uma tendência mais ampla em direção ao realismo nas artes. 
Os pintores desenvolveram outras técnicas, estudando luz, sombra e, 
especialmente no caso de Leonardo da Vinci, a anatomia humana.
Figura 8 – O Homem Vitruviano de Leonardo da Vince
Fonte: Vaara/iStock.com.
Em paralelo a essas mudanças nos métodos artísticos, também surgia 
um desejo renovado de retratação da natureza e desvendar questões 
da estética, com os trabalhos de Leonardo, Michelangelo e Rafael 
representando o ápice artístico do belo, que foram muito imitados 
por outros artistas. São ainda notáveis no período: Sandro Botticelli, 
trabalhando para os Medici, em Florença, Donatello, outro florentino, e 
Ticiano, em Veneza, entre outros.
2424 
Barroco
Desenvolveu-se, primeiramente, nas artes visuais, em especial pintura 
e escultura, manifestando-se também na literatura, teatro e na música. 
Surgiu no século XVII, na Itália, e se estendeu por toda a Europa. 
Holanda, Bélgica, França e Espanha em especial, permanecendo ativo 
até o XVIII. Na América Latina chegou ainda no século XVII, trazido por 
artistas que viajavam para estudar na Europa.
Aconteceu em paralelo à contrarreforma do catolicismo (em reação á 
reforma protestante) iniciada com a convocação do Concílio de Trento 
(1545-1563). Foi financiado pela Igreja Católica, que patrocinou grande 
parte da produção artística da época como parte da estratégia de 
recobrar os fiéis perdidos para os protestantes, por meio de uma arte 
carregada de intencionalidade político-religiosa. Obras impregnadas 
de imagens naturalistas com temas da espiritualidade, como que para 
construir uma visão “real” de conceitos abstratos religiosos, como 
paraíso, céu e inferno, anjos e demônios.
Figura 9 – O Êxtase de Santa Teresa
Fonte: Filipe Lopes/iStock.com.
2525 25
Elementos rebuscados, retorcidos, excesso de detalhes, ouro e prata, 
além de pedras preciosas, acrescentam a suntuosidade exagerada que 
caracteriza o período. Na arquitetura, o palácio de Versalhes talvez não 
seja a sua expressão maior, mas é um exemplo consistente do barroco 
francês. Os principais artistas barrocos foram: Caravaggio, Pieter 
Bruegel, Bernini (Figura 9), Van Dyck, Rembrandt, Diego Velasquez.
No Brasil, o Barroco assumiu características bastante significativas. 
Enquanto na Europa o barroco encerrou-se definitivamente no fim do 
século XIV, com o início das vanguardas, por aqui ele influenciou até 
por boa parte do século XX, com especial destaque para o Barroco 
Mineiro, que tem em Aleijadinho (escultor) e Mestre Ataíde (pintor)seus 
principais representantes.
Neoclassicismo e o Iluminismo
Ao final do século XVIII – o século das luzes – o mundo conhece um novo 
movimento cultural: o Iluminismo. Também chamado de Século de 
Frederico, em referência ao rei filósofo Frederico da Prússia. O século da 
razão, do pensamento, em que nomes como Newton, Espinosa, Locke, 
Descartes, Diderot, Montesquieu, Pope, Gibbon, Rousseau, Hume, Voltaire 
e Kant surgem e se destacam, espalhando seus ideais de pensamento 
laico. O homem é o centro e seu pensamento é seu guia, sem necessidade 
de igreja ou reis para dizerem o que ele deve ou não fazer e pensar.
Alguns consideram a publicação de Isaac Newton, ‘Principia 
Mathematica’, de 1687, como o primeiro grande trabalho iluminista. 
Porém, os historiadores datam o Iluminismo entre 1715 a 1789, desde 
o início do reinado de Luís XV até a Revolução Francesa e terminando 
na virada do século XIX. O período se caracteriza pela ampla divulgação 
de ideias de filósofos e cientistas, por meio de encontros em academias 
científicas, lojas maçônicas, salões literários, cafeterias e em livros 
impressos, revistas e panfletos. As ideias do Iluminismo minaram 
a autoridade da monarquia e da Igreja e abriram o caminho para 
2626 
as revoluções políticas dos séculos XVIII e XIX. Uma variedade de 
movimentos do século XIX, incluindo o liberalismo e o neoclassicismo, 
consolidam-se como herança intelectual.
A arte produzida no período se chama Neoclássica e um dos principais 
destaques é Goya, que abraçou os princípios iluministas, acreditava 
na razão e na liberdade como os caminhos a serem seguidos pela 
humanidade. “O triunfo da claridade sobre as trevas, herdado do Iluminismo, 
é celebrado reiteradamente por obras demonstrativas de uma tradição 
consolidada.” (COLI, 1996, p.303). Outros artistas que merecem menção 
são: Joseph Wrigth, com seus fortes efeitos de luz e sombra (princípios do 
chiaroscuro), utilizava luz artificial e, principalmente, velas; Jacques Louis 
David, com seus “A Morte de Marat” e “O Juramento dos Horácios”.
O Neoclassicismo no Brasil deve sua existência à influência europeia, 
onde era cultivado desde meados do século XVIII. Com a instalação 
da corte portuguesa no Rio de Janeiro desde 1808, a arquitetura sofre 
imenso impacto neoclássico, trazido pelas preferências dos europeus 
que aqui chegaram e, com a chegada da Missão Artística Francesa, 
em 1816, e a fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, o 
neoclassicismo, com seus arcos e deuses, foi institucionalizado e seu 
ensino sistematizado num modelo conhecido como Academismo.
A Arte Moderna - Os Ismos
O século XIX foi uma época agitada para as artes. Durante e maior parte 
do século, o Neoclassicismo, o Romantismo e o Realismo se alternaram 
como principais estilos. Na aproximação do fim do século, no entanto, 
os avanços tecnológicos e científicos, como a invenção da fotografia e do 
cinema, os questionamentos sobre qual seria, então, a função da arte, 
agitam a cena artística mundial.
Surgiram: o Impressionismo, Pós-Impressionismo, Expressionismo, 
Fauvismo, Cubismo, Abstracionismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo, 
Construtivismo, Concretismo, Simbolismo... São tantos os “ismos” 
distribuídos em pouco tempo, muitos deles em paralelo. O maior 
destaque é a efervescência em que o mundo das artes se encontrava na 
virada do século XX.
2727 27
E a chamada Arte Moderna. O modernismo abrange vários estilos, 
com uma ideia em comum: questionar a arte convencional. Cada um 
desses movimentos tem suas características próprias, artistas que os 
representam em maior ou menor intensidade, e mesmo alguns que 
iniciam suas carreiras num movimento, atravessam outros, ou mudam 
seus estilos ao longo do tempo.
Cada um dos movimentos merece ser estudado detalhadamente, para 
que se possa conhecer suas visualidades, porém é mais importante 
ainda entender a transição que a arte enfrentou nessas buscas dos 
artistas. Ou seja, entender o percurso de construção da visualidade 
contemporânea da representação da realidade para a sua interpretação, 
pelas novas e diversas formas propostas pelos artistas.
Da imagem como índice até a imagem/objeto conceito de Duchamp, 
a abstração cromática de Kandinsky, que deságua no expressionismo 
e, posteriormente, na iconização. Ou da análise formal cubista, que 
também abstrai, só que pela forma. Passa pela análise lógica de 
Mondrian, a cinética e o minimalismo, alterando a percepção da função 
da arte, ampliando possibilidades e abrindo perspectivas. Assim, a arte 
contemporânea resultante desse processo assimila, digere e retorna 
tudo isso em sua essência.
Para compreender a visualidade contemporânea, é preciso entender, 
também, como ela se formou, constituindo-se como resultado de 
séculos de experimentações, pesquisas e conhecimento acumulados, 
desde os povos primitivos.
A Semana de Arte Moderna de 1922
O Brasil foi descoberto durante a época das Grandes Navegações, em 
1500, ou seja, no início da Idade Moderna. Assim, é comum acreditar 
que a história da arte do Brasil se resuma às manifestações artísticas 
ocorridas depois da colonização. Porém, as primeiras manifestações 
artísticas do Brasil, como dos povos primitivos, registradas na Serra da 
Capivara, no Piauí, e a arte indígena mostram que a arte está no Brasil 
desde bem antes dos portugueses aportarem nas terras brasileiras.
2828 
No início do século XX, com a arte brasileira espelhando as influências 
da Europa e suas escolas artísticas, um grupo de intelectuais brasileiros, 
composto por artistas, escritores e jornalistas, incomodava-se com a 
falta de uma identidade nas produções nacionais. 
Dessas inquietações, surgiu a ideia de realizar uma Semana de Arte, 
que se configurou como um evento sem precedentes de arte e cultura. 
Foram feitas experimentações e proposições que rompiam com cânones 
da arte clássica, buscando a renovação das linguagens, conceitos e 
mesmo formas de proposição artística, como a declamação poética, 
que até então não era considerada arte. Foi também proposta a 
apresentação de maquetes, trazendo aproximação da arquitetura, até 
então somente vista em desenhos bidimensionais. 
A Semana de Arte Moderna de São Paulo ocorreu entre os dias 11 e 18 
de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da cidade de São Paulo e se 
perpetuou como marco oficial do início do modernismo no Brasil.
Participaram do evento: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, 
Víctor Brecheret, Anita Malfatti, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, 
Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeida, Di Cavalcanti e, do Rio de 
Janeiro, vieram os artistas Plínio Salgado e Menotti Del Picchia. Tarsila 
do Amaral, artista brasileira modernista, cujo nome está intima e 
constantemente ligado aos demais artistas, não participou do evento, 
porque estava em viagem à Paris na ocasião. 
Resumindo...
Nesta aula vimos um resumo amplo da História da Arte, concentrando 
nossa atenção nas características estéticas que construíram o percurso 
que nos levou do surgimento da arte à idade moderna e concentramos 
nosso interesse na Semana de Arte Moderna de 1922, marco da arte 
brasileira que proporcionou a efetivação de uma arte nacional, com 
características próprias. 
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Partimos da Pré-História, passamos pela Antiguidade, Idade Média, 
Idade Moderna chegando à Contemporaneidade, percebendo que o 
movimento pendular, ou seja, hora se aproximando, hora se afastando 
dos ideias clássicos, é uma constante ao longo dos séculos e podemos 
constatar que a arte manteve, ao longo de todo esse mesmo tempo, um 
diálogo constante com os acontecimentos da história da humanidade e da 
evolução da ciência, visto que a própria ideia de evolução, tão natural para 
nós nos dias de hoje, vem da ciência. Naturalmente que não tratamos de 
toda a História da Arte, da Pré-História à Contemporaneidade. O objetivo 
principal foi o de fazermos justamente uma vista panorâmica para ajudar a 
sua compreensão da construção da visualidade contemporânea, refletidanos produtos audiovisuais que nossa sociedade produz e consome.
Desse modo, do “pensamento mágico” primitivo, que fazia com que 
pintassem animais nas cavernas com a ideia de projetar sua vitória nas 
caçadas, passando pelos objetos rituais de tribos africanas e indígenas 
que buscavam “representar as várias figuras e totens de seus mitos” 
(GOMBRICH, 2000, p. 21), passando pelo Egito antigo; pela arte grega, 
com sua busca da representação do belo; pela religiosidade da idade 
média e o racionalismo pragmático do Renascimento; até chegar 
à Realidade Virtual da contemporaneidade, podemos ressaltar a 
necessidade de representação visual de sua cultura e seus ideais.
TEORIA EM PRÁTICA
Reflita sobre a seguinte situação: você já deve ter reparado 
que o que é arte hoje em dia é muitas vezes bem diferente 
do que as expectativas das pessoas consideram que 
seja arte. Como você responderia a uma pessoa que 
questione um trabalho de arte contemporânea com a 
pergunta “mas isso é arte?”, diante de um trabalho que 
ela não compreenda ou em que seja tratado algum tema 
socialmente polêmico? Como explicaria que o conceito de 
arte hoje não segue os mesmos padrões da antiguidade, 
tanto em forma quanto em conteúdo?
3030 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. No que se baseia a arte primitiva?
a. No conceito do belo clássico.
b. Em representações realísticas do pensamento mágico.
c. Em imagens e rituais para se proteger da natureza.
d. Para decorar as cavernas para ficarem mais bonitas.
e. Para representar uma ideia ou um fim religioso.
2. Na arte gótica são encontradas:
a. Esculturas sobre as histórias de vida dos santos.
b. Arcos redondos e construções baixas e robustas.
c. Imagens cristãs, com ilustrações de histórias somente 
do Novo Testamentos.
d. Representações da Virgem Maria mostrando as 
maneiras de uma dama da corte.
e. Templos originais romanos transformados em 
templos católicos, numa tentativa de manter o 
poderio católico.
3. São artistas do Renascimento:
a. Caravaggio, Pieter Bruegel e Bernini.
b. Van Dyck, Rembrandt e Diego Velasquez.
c. Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael.
d. Newton, Espinosa, Locke e Descartes.
e. Montesquieu, Rousseau e Voltaire.
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Gabarito
Questão 1 – Resposta: E
O povos primitivos não faziam distinção entre imagem e realidade 
e, portanto, também não faz sentido avaliar as manifestações 
primitivas com relação às técnicas de representação, pois as 
imagens não tinham função de expressar realidade, mas sim 
de representar uma ideia ou um fim religioso, sejam pinturas, 
esculturas, objetos, máscaras ou monumentos megalíticos.
Questão 2 – Resposta: D
As características mais marcantes da arquitetura gótica eram 
elementos de engenharia, como o arco pontiagudo e o cofre de 
‘costelas’, que permitiam maior altura e mais espaço para as janelas 
nos edifícios, assim como o uso extensivo de vitrais e as rosáceas 
para trazer luz e cor para o interior. Imagens cristãs, com ilustrações 
de histórias do Novo e do Antigo Testamentos, lado a lado, e as 
histórias de vida dos santos eram frequentemente descritas em 
imagens, assim como as representações da Virgem Maria, que 
mudaram da forma icônica bizantina para uma mãe mais humana e 
afetuosa, acariciando seu bebê, e mostrando as maneiras refinadas 
de uma dama aristocrática e bem-educada da corte.
Questão 3 – Resposta: C
Caravaggio, Pieter Bruegel, Bernini, Van Dyck, Rembrandt e Diego 
Velasquez são artistas do Barroco. Newton, Espinosa, Locke, 
Descartes, Diderot, Montesquieu, Pope, Gibbon, Rousseau, Hume, 
Voltaire não são artistas, são filósofos. Os artistas do renascimento 
são: Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael.
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Cultura Popular, Cultura de 
Massa, Indústria Cultural e o Kitsch
Autora: Jurema L. F. Sampaio
Objetivos
• Compreender a influência dos movimentos 
artísticos na produção de conteúdo audiovisual.
• Compreender o modo como a cultura de massa 
se constrói e como se manifestam os repertórios 
criativos na produção de conteúdo.
• Diferenciar conceitos como cultura popular, 
gosto e Kitsch nas produções audiovisuais.
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1. O que é cultura?
No que diz respeito ao conceito de cultura, segundo Alfredo Bosi (1992, 
p.53), em seu livro Dialética da Colonização, este vem do verbo ‘colo’ 
que, para os antigos romanos, significava ‘eu cultivo’, em particular, o 
solo. O sentido básico de ‘colo’ é ‘tomar conta’, ou seja, cuidar. ‘Cultus’, 
o particípio passado de ‘colo’, é aquilo que já foi trabalhado. De ‘cultus’ 
deriva outro particípio, o futuro, ‘culturus’, que é o que será trabalhado. 
Inicialmente, a palavra cultura, por ser um derivado de ‘colo’, significava, 
rigorosamente, “aquilo que deve ser cultivado” (BOSI, 1992, p. 53). 
Ainda segundo Bosi (1992, p. 53), “esse significado material da palavra, 
relacionado com a sociedade agrária, durou séculos” e, do ponto de vista 
histórico, a cultura se aproximou de ‘colo’ e se distanciou de ‘cultus’. 
É nesse sentido que compreender o que é cultura é de fundamental 
importância, pois conhecer a cultura do outro é saber como este ser 
humano pode complementar a nossa. Conhecemos muito sobre nós 
mesmos ao compreender o outro, pois:
[...] o alimento, o vestuário, a relação homem-mulher, a habitação, os 
hábitos de limpeza, as práticas de cura, as relações de parentesco, a 
divisão das tarefas durante a jornada e, simultaneamente, as crenças, 
os cantos, as danças, os jogos,a caça, a pesca, o fumo, a bebida, 
os provérbios, os modos de cumprimentar, as palavras tabus, os 
eufemismos, o modo de olhar, o modo de sentar, o modo de andar, o 
modo de visitar e ser visitado, as romarias, as promessas, as festas de 
padroeiro, o modo de criar galinha e porco, os modos de plantar feijão, 
milho e mandioca, o conhecimento do tempo, o modo de rir e de chorar, 
de agredir e de consolar. (BOSI, 1992, p. 53).
As diversas matrizes que embasam a cultura brasileira colaboram na 
composição da identidade das produções brasileiras e originam-se de 
práticas culturais diversas, sejam elas regionais ou nacionais. Desse 
modo, é possível compreender que a “cultura é o conjunto das práticas, 
das técnicas, dos símbolos e dos valores que se devem transmitir às novas 
gerações para garantir a reprodução de um estado de coexistência social” 
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(BOSI, 1992, p.10). Seus valores e estéticas, somados aos conceitos, 
análises e reflexões acerca de propostas como Indústria Cultural, Cultura 
de Massa, Cultura Popular; às relações entre todas as possibilidades 
derivadas dessas reflexões e, ainda, às variadas proposições estéticas que 
circulam desde a modernidade, como o kitsch etc., ora complementam, 
ora questionam as produções audiovisuais contemporâneas.
A estética das produções audiovisuais brasileiras reflete essa 
multiplicidade de valores estéticos e multiculturais que compõem nossa 
cultura e, assim, abarcam uma imensa pluralidade de estilos e modos 
de ser e fazer, mas mantêm em comum um traço de brasilidade, já 
defendido pelos modernistas, mesmo que, contemporaneamente, 
suavizados pela globalização.
2. O que é cultura de massa?
Para Adorno e Horkheimer (1947), Indústria Cultural, voltada para 
produção de bens culturais voltados para serem consumidos sem 
crítica pela massa (1947, p.117) ,distingue-se de Cultura de Massa, 
propriamente, pois “o entretenimento e os elementos da indústria cultural 
já existiam muito tempo antes dela” [a cultura de massa] (1947, p. 63). 
Os processos de produção e distribuição diferenciam os conceitos 
um do outro, isso porque a Indústria Cultural, “ao mesmo tempo que 
já determina o consumo, ela descarta o que ainda não foi experimentado 
porque é um risco” (1947, p.63). E o que está em risco é o lucro. E o lucro 
é a meta, portanto, não pode ser colocado em risco.
Como Cultura de Massa se origina do povo, seus costumes e modos de 
ser e agir, das regionalizações, e não tem necessariamente ambições 
comerciais, ou seja, não visa ser objeto de venda como meta existencial, 
seu objetivo maior é atingir ao maior número de expectadores/
consumidores, porém mantendo suas características estéticas originais. 
Já a Indústria Cultural se concentra na repetição massiva de padrões 
estéticos intencionalmente construídos com a finalidade de que sejam 
consumidos, visando o lucro de quem os negocia.
3636 
É certo que a arte e a cultura, sejam populares ou eruditas (embora essa 
diferenciação também posso ser questionada e problematizada, pois 
carrega em si uma visão específica de modos de produção de arte e 
cultura bastante carregados de ideologias), também podem ser (e são!) 
comercializadas, porém o lucro a qualquer curso não é seu objetivo 
primordial ou principal. Não é sua motivação ou razão de ser. Ou seja, 
arte e cultura produzidas sem originalidade e espontaneidade, feitas a 
fim de atender a um padrão estético de consumo pré-estabelecido, a 
ser comercializada segundo interesses que sejam relativos somente à 
geração de maior lucro, é a essência da Indústria Cultural.
A Cultura de Massa é, muitas vezes, chamada erroneamente de Cultura 
Popular. O erro se dá por se acreditar que algo ser “popular” seja 
sinônimo de ser massificado e feito exclusivamente com objetivos 
comerciais, ou seja, produzido e consumido sem nenhuma reflexão 
estética, o que não é verdadeiro. Os produtos da Cultura Popular refletem 
as questões estéticas do povo, das comunidades que os produzem.
É preciso entender, também, que ‘massa’ não é uma definição de classe 
social, e sim uma forma de se referir a maioria da população. Cultura 
de Massa se refere ao alcance numérico de conhecedores. Quanto 
mais gente conhecer e consumir algo, ou seja, a massa (em termos 
numéricos), “melhor”.
A Cultura de Massa pode ser tanto popular quanto erudita, pois a 
classificação de ‘massa’ não faz referência ao tipo ou qualidade do 
produto cultural e, certamente, a Indústria Cultural se baseia em 
distribuição de seus produtos junto à massa, porém sem buscar 
promover novas experimentações estéticas, e mesmo desencorajando-
as. As experiências estéticas da cultura de massa são, muitas vezes, 
superficiais, porém proporcionam senso de coletividade à massa 
exposta a elas. Absorve as criações cotidianas populares e elabora 
um ou mais produtos a partir de representações populares, sem se 
preocupar com as significações, e esses produtos só terão vida por 
pouco tempo, pois logo perderão a representação e, então, um novo 
produto será criado, vendido e consumido. Num círculo vicioso que cada 
vez mais pede “novidades”, porém que sejam “seguras”.
3737 37
No entanto, é necessário perceber que nem tudo é negativo em 
relação à Indústria Cultural. Muitos pesquisadores acreditam, com 
razão, que, por meio dela, também se pode conseguir alcançar a 
democratização de acesso a produtos culturais pela massa que, de 
outra forma, ficariam restritos às regiões produtoras daquela forma 
ou manifestação, ou a um público restrito.
PARA SABER MAIS
Para discutir e estudar sobre Cultura de Massa e suas 
relações com as produções audiovisuais, é importante 
e necessário conhecer e compreender bem o conceito 
de “Indústria Cultural”. Se você ainda não o conhece ou 
tem dúvidas de seu entendimento efetivo, vale a pena 
pesquisar um pouco para aprofundar sua compreensão. O 
termo foi cunhado pelos alemães Theodor Adorno e Max 
Horkheimer para se referir ao lugar da arte na sociedade 
capitalista industrial, na década de 1940, no livro Dialética 
do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos, no capítulo 
chamado “O iluminismo como mistificação das massas”, 
publicado em 1947. Procure conhecer mais sobre Indústria 
Cultural lendo os livros abaixo indicados:
1. ADORNO, Theodor & HORKHEIMER, Max. Dialética do 
Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos, 1947.
2. ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. 
Seleção de textos Jorge Mattos Brito de Almeida, trad. 
Juba Elisabeth Levy... [et a1.]. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
2.1 Cultura popular X Cultura erudita
Ao longo da história sempre nos deparamos com ideias interessantes, 
que são apresentadas como opostas entre si, como os termos ‘cultura 
popular’ e ‘cultura erudita’. Em linhas gerais, essa classificação separa 
3838 
a cultura em dois tipos, de acordo com a sua forma de produção, 
sendo a cultura popular feita e destinada ao povo, e a cultura erudita, 
idem, feita e destinada a um público elitizado, que se diferencia 
do povo, por deter um certo nível de ‘saberes’, necessariamente 
superiores aos populares.
A sociedade de classes separa ‘ato’ de ‘projeto’, o ‘saber’ do ‘fazer’, 
destinando o saber às classes sociais mais abastadas e o fazer aos 
menos favorecidos economicamente e, por isso, considerados inferiores. 
Essas são noções surgidas a partir do ideário romântico europeu 
do século XIX, e são as mesmas que dão origem ao termo Folclore, 
neologismo inglês folk-lore, que designa o “saber do povo”, 
diferenciando-o do “saber erudito” (CASCUDO, 2002, p. 240). Porém, se 
a sociedade não fosse dividida em classes, não haveria uma ‘Cultura 
Popular’, pois esta não teria como se opor à outra cultura qualquer.
Figura 1 – Ciclo da construção das produções culturais
Fonte: Elaborada pela autora.
“Saber” e “fazer” são partes de um todo na construção dos objetos 
culturais (Figura 1) e se alimentam reciprocamente na construção da 
cultura. Assim como Cultura Popular e Cultura Erudita são, ambas, parte 
da Cultura (Figura 2) e seguemalimentando-se mutuamente.
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Figura 2 – Composição da Cultura
Fonte: Elaborada pela autora.
A compreensão de que cultura é uma construção viva e constante 
nos faz perceber que não há motivos reais para a diferenciação entre 
popular e erudito, sendo, ambos, parte da cultura, devem, também 
ambos, ter a mesma valorização. No entanto, devemos estar atentos 
às apropriações da cultura por meio da Indústria Cultural, cuidando 
atentamente para que os bens e produtos culturais não se “percam” 
ou “esvaziem-se” de sentido, em função do lucro. Porém, a ampliação 
do acesso a esses mesmos bens deve sempre ser vista como positiva 
quando proporciona democratização de saberes culturais, produzindo 
significados, ainda que novos, pois o próprio processo cultural é, 
como dito, dinâmico e vivo.
3. O que é o Kitsch?
Sua definição não é fácil. Em princípio o Kitsch é, para além de um 
estilo artístico, uma estética, um modo de ver o mundo em que os 
parâmetros de regulação são próprios e o conceito de belo é diferente 
do da estética convencional, clássica, é “o feio, discordante e sem sentido, 
passa a ser belo” (SONTAG, 2015, p.15).
4040 
O estilo se popularizou na década de 1930 com os estudos de Theodor 
Adorno e Clement Greenberg. Para Clement Greenberg, Kitsch “é um 
produto da revolução industrial que, urbanizando as massas da Europa 
ocidental e da América, implantou a chamada alfabetização universal” 
(GREENBERG, 1997, p. 32). Adorno, considera-o no centro da indústria 
cultural. O termo, que significa “empréstimo”, em alemão, defende a 
supressão do senso crítico, gerando, assim, uma percepção e proposição 
diferenciada da estética, “que usa como matéria-prima os simulacros 
aviltados e academicizados da cultura genuína” [...], é experiência por 
procuração e sensações falsificada” (GREENBERG, 1997, p. 32). Também 
chamado de estética do simulacro, evidencia-se, preferencialmente, 
nas simulações, cópias e demais formas “efeitos de fachada”, o que é 
“feito por máquinas” (GREENBERG, 1997, p. 34) , é como um “Maxfield 
Parrish ou um equivalente que penduramos nas nossas paredes, em vez de 
Rembrandt ou Michelangelo” (GREENBERG, 1997, p. 35).
É considerado como um fenômeno moderno, coincidindo com as 
mudanças sociais nos séculos recentes, como a Revolução Industrial, 
o processo de urbanização, a produção em massa de produtos, de 
materiais modernos e de meios tais, como plásticos, rádio e televisão, 
a ascensão da classe média e a implantação da educação pública, 
tudo isso contribuiu para uma percepção de supersaturação da 
arte produzida para o gosto popular. Flores de plástico, pinguins de 
geladeira, flamingos e anões de jardim, estampas de pele de animais, 
bibelôs e lembrancinhas de viagens, e tudo que “simule” o que não é, 
pertence à estética kitsch. Assim como, em decoração, por exemplo, 
ambientes “montados” com a intenção de “parecer ser” o que não são 
também podem ser classificados como kitsch, como revestimentos, 
cerâmicas e porcelanatos que “imitem” madeiras, pinturas que 
simulem pedras como mármores e granitos. Assim como “a literatura 
popular e comercial, com seus cromotipos, capas de revistas, ilustrações, 
anúncios, subliteratura, histórias em quadrinhos, a música do Tin Pan Alley, 
sapateado, filmes de Hollywood, etc.” (GREENBERG, 2013, p. 32). Assim 
como o pinguim de geladeira (Figura 3), que sugere que o ambiente é 
tão frio que atrairia pinguins, ou seja, a ideia do simulacro, do “como se 
fosse” está presente em vários itens do cotidiano.
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Figura 3 – Pinguim de geladeira
Fonte: Miriam Mesquita/iStock.com.
O Kitsch questiona a estética do belo clássico, desconectando-a do 
senso de equilíbrio de harmonia clássicos, para aproximá-lo das 
expressões de experiências estéticas de prazer, independentemente de 
serem, ou não, harmônicas e equilibradas. Embora bastante associados 
às vanguardas, pelos questionamentos estéticos similares que as 
vanguardas artísticas já haviam iniciado na metade do século XIV, o 
Kitsch, como estética popular, retoma-os ao questionar os modos de 
fazer arte convencionais. Vale ressaltar, no entanto, que não procura 
impor nada, mas sim aproximar a arte do povo, trazendo a estética 
popular para o universo elitista das artes convencionais, coisa que 
mesmo as vanguardas não teriam conseguido “desconstruir”.
Como ferramenta política, o kitsch se mostrou extremamente “útil” 
ao ser usado como estética “oficial” de governantes radicais abusivos, 
totalitaristas, como na Alemanha nazista e na Revolução Comunista 
Russa, que visavam domínio das massas, por refletir o gosto popular 
em suas produções, em oposição e detrimento da estética clássica. 
Como ainda Clemente Greenberg nos esclarece que 
o principal problema com a arte e a literatura de vanguarda, do ponto de 
vista de fascistas e stalinistas, não é que sejam demasiado críticas, mas 
que sejam excessivamente “inocentes”, sendo muito difícil injetar-lhes uma 
propaganda efetiva, ao passo que o kitsch é mais maleável para esse fim. 
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0 kitsch mantem um ditador em estreito contato com a “alma” do povo. Se 
a cultura oficial ficasse acima do nível geral das massas, haveria o perigo 
do isolamento. (GREENBERG, 1997, p. 39).
Mas o estilo, em si, não se compromete ideologicamente com fascismo 
ou nenhuma outra ideologia, tendo se configurado numa corrente de 
grande peso na cultura norte-americana do pós-guerra, que dali passou 
a influenciar uma verdadeira ressurreição do kitsch em larga escala, 
chegando a ganhar espaço em alguns museus respeitados.
Tendo autonomia de pensamento estético, os artistas kitsch não se 
preocupam com a manipulação da massa, mas sim em expressar e 
refletir seu gosto e suas experiências estéticas. Artistas como Jeff Koons 
(Figura 4) e o designer de objetos Philippe Starck são adeptos da estética 
kitsch em suas produções.
Figura 4 – Escultura de Jeff Koons em aço
Fonte: Jeff Koons/iStock.com.
ASSIMILE
Em linguagem popular, costuma-se referir ao Kitsch como 
sinônimo de ‘cafona’, ‘brega’, ou seja, quase os mesmos 
adjetivos que se usam para sinônimos de ‘gosto popular’. 
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Porém, o kitsch não é a ausência do “bom gosto”, mas sim o 
questionamento desses conceitos de “bom” ou “mau” gosto, 
que hierarquiza socialmente as classes sociais. Tendo, 
necessariamente, o “bom gosto” estreita relação com as 
classes mais abastadas e, em oposição, o mau “gosto” 
situado nas classes economicamente menos favorecidas.
Denominar algo como kitsch é, geralmente, pejorativo, pois insinua que 
o item apontado é “berrante”, “inadequado” e mesmo “feio”, em análise 
por estética clássica ou que serve apenas a um propósito ornamental e 
decorativo, em vez de equivaler a um trabalho do que pode ser visto como 
verdadeiro mérito artístico. No entanto, a arte considerada kitsch pode ser 
apreciada de uma maneira totalmente positiva, apesar de considerações 
tendenciosas, em geral elitistas, como a que diz que: “Um gosto pelo kitsch 
entre os abastados é sinal de empobrecimento espiritual; mas entre os pobres 
representa um esforço em nome do belo, uma aspiração sem a probabilidade 
de sua realização” (DALRYMPLE, 2015, p. 227).
Nesse sentido, sobre a relação do pop com a estética kitsch:
No período posterior à Segunda Guerra Mundial, 1939-1945, a arte pop 
retira o sentido pejorativo que cerca o kitsch. A arte pop se apresenta como 
um dos movimentos que recusam a separação arte/vida, e o faz - eis um de 
seus traços característicos - pela incorporação das histórias em quadrinhos, 
da publicidade, das imagens televisivas e do cinema. Ao aproximar arte 
e design comercial, os artistas superam, propositadamente, as fronteiras 
entre arte erudita e arte popular, ou entre arte elevada e cultura de massa, 
flertando sistematicamente com o kitsch. Podem ser citadas, entre outros, a 
colagem de Richard Hamilton (1922), O que Exatamente Torna os Lares de 
Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?, de 1956; as naturezas-mortas de Tom 
Wesselmann (1931),compostas com produtos comerciais; os quadrinhos de 
Roy Lichtenstein (1923); as esculturas de Claes Oldenburg (1929), em Duplo 
Hamburguer , 1962; e as obras de Andy Warhol (1928-1987), 32 Latas de 
Sopas Campbell, 1961-1962, Caixa de Sabão Brilho, 1964, entre outras. No 
Brasil as obras de Nelson Leirner (1932) e Wesley Duke Lee (1931-2010) são 
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pioneiras na incorporação dessas discussões. O pós-modernismo da década 
de 1980 rompe mais uma vez, e com resultados diversos, as fronteiras entre 
o kitsch e a chamada arte erudita. (KITSCH, 2019, s/p).
A seguir, um tópico sobre as relações culturais e estéticas na construção de 
repertórios, incluindo a contribuição dessa intersecção no processo criativo.
4. Relações culturais e estéticas e a construção de 
repertórios
O estabelecimento de relações entre estética e cultura é mais simples 
do que parece, e mais comum de acontecer do que nos damos conta. É, 
inclusive, a base de muitos processos criativos.
Por exemplo, se você fosse convidado, ou convidada, para uma festa à 
fantasia, com temática egípcia, certamente encontraria várias mulheres 
de franjinha e com olhos bem delineados em preto, além de roupas 
brancas, longas e com cintura bem marcada. Não é verdade?
Tudo isso, numa tentativa de “parecer” com Cleópatra e outros 
elementos da cultura egípcia, perpetuados pelas imagens encontradas 
nos templos e tumbas egípcios, e nos papiros (Figura 5) encontrados nas 
escavações arqueológicas.
Figura 5 – Reprodução de papiro egípcio
Fonte: Photoservice/iStock.com.
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Mas a imagem que as pessoas têm de Cleópatra, ou seja, o repertório 
de referências da maioria das pessoas, em que a rainha aparece sempre 
de franjinha e com os belos olhos bem delineados é uma construção do 
cinema norte americano, de 1963. Para destacar os belos olhos violetas 
de Elizabeth Taylor, os figurinistas desenvolveram a personagem com 
essas características. Além disso, propuseram roupas com cintura fina, 
bem marcada, valorização dos seios fartos, igualmente como a atriz 
tinha, e que era valorizado, na época, como padrão de beleza. Sem 
nem comentar a pele clara e as feições delicadas de Liz Taylor, em 
especial o nariz delicado que, definitivamente, não se assemelham às 
características do povo egípcio.
Cleópatra foi realmente a mais conhecida das rainhas do Egito, 
mas nasceu na cidade de Alexandria, no Egito, que tinha influências 
helenísticas, núbias e semitas, o que está bem longe da imagem 
caucasiana conhecida da rainha. A história registra suas habilidades como 
estadistas e inteligência acima da média, em especial porque, sendo 
mulher numa sociedade machista e patriarcal, destacava-se por sua 
impetuosidade e enfrentamento, usando a astúcia, sedução e raciocínio 
contra a truculência masculina, mas, definitivamente, a beleza não fazia 
parte de seus atributos. Muito menos a beleza clássica de Liz Taylor.
Certamente, a ideia por trás da escolha da atriz está repleta de referências 
culturais. Principalmente porque, para justificar as conquistas e poder 
de sedução de Cleópatra, a também machista indústria cinematográfica 
norte-americana achou por bem caracterizar seu poder de sedução, 
que conquistou Júlio César e Marco Aurélio, por sua “beleza física”, 
pois somente isso “explicaria” a capacidade de sedução. Uma visão 
culturalmente pejorativa das capacidades das mulheres.
Para desconstruir essa imagem, muita pesquisa vem sendo feita. 
Segundo a BBC (2008), os restos mortais, descobertos na Turquia, 
da princesa Arisnoe, irmã de Cleópatra, indicam que ela e a mãe de 
Cleópatra tinham um “esqueleto africano” (CRAWFORD, 2007, s/d).
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Em 2007, a egiptóloga Sally-Ann Ashton (2008), da Universidade de 
Cambridge, baseou-se em gravuras de moedas antigas, em esculturas 
e reproduções de decorações de diversos templos de Dendera, uma 
cidade a oeste do rio Nilo, e imagens gravadas em artefatos antigos, 
como um anel que data da época do seu reinado, há 2 mil anos, para 
buscar reconstituir o rosto da rainha e elencar definitivamente os seus 
traços físicos (BBC, 2008), e criou uma animação 3D baseada em análise 
forense (Figura 5) que mostra Cleópatra como uma mulher de pele 
morena e trancinhas. De acordo com o Smithsonian, uma moeda que 
data de 32 a. C, encontrada em 2007, mostra que Cleópatra tinha um 
“nariz grande, lábios estreitos e um queixo pontiagudo” (CRAWFORD, 2007, 
s/d) e, “além disso, também tinha aproximadamente 1,52 m de altura e pele 
escura” (NOGUEIRA, 2019, s/p). A beleza de Cleópatra (ou a falta dela) era 
irrelevante para os romanos que a conheciam e para o povo egípcio que 
ela governava. Cleópatra tinha carisma e sua sensualidade derivava de 
sua inteligência - o que Plutarco (1968, s/p) descreveu como “o encanto 
de sua conversa”, pois, para o autor, “a atuação política da rainha egípcia 
esteve pautada em sua perspicácia retórica” (PELLING, 2005, s/p).
Figura 6 – Projeção de como seria o rosto verdadeiro de Cleópatra
Fonte: ASHTON, Sally-Ann. Cleopatra and Egypt. London: Blackwell Publishing, 2008. AH - 
Aventuras da História, 22 mai.2019. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/
noticias/reportagem/conheca-o-verdadeiro-rosto-de-cleopatra.phtml. 
Acesso em: 26 maio 2019.
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/conheca-o-verdadeiro-rosto-de-cleopatra.p
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Na indústria cinematográfica, os processos de produção visam 
principalmente o lucro, todos os produtos culturais são pensados para 
que haja um grande consumo por parte das massas, ou seja, para 
que um filme seja um blockbuster. Essa é a essência do Star System 
de Hollywood, a fábrica de estrelas e templo máximo da Indústria 
Cultural que, permeado pela estética kitsch de simulacro, transforma 
pessoas comuns em semideuses, com a construção de imagens que se 
consolidam no imaginário coletivo como ‘verdades’, que nem sempre 
correspondem à história e aos fatos.
Mais recentemente, a imagem de Cleópatra no cinema foi “atualizada”, 
mas guardando as mesmas ideias que fizeram a base da escolha de Liz 
Taylor nos anos de 1960, ainda aposta na ideia da beleza física como 
razão da capacidade de articulação e sedução da Rainha do Egito. Em 
2018, a atriz apontada para a refilmagem do clássico é Angelina Jolie. 
Sem dúvidas, uma mulher lindíssima, mas também com características 
físicas não compatíveis com as do povo egípcio. A crítica especializada 
apontou, imediatamente, que Jolie é “muito branca” para o papel e 
aponta para a cantora e atriz Lady Gaga como mais adequada.
Construção de repertórios
Você sabe o que quer dizer ‘repertório’? Um cantor ou cantora costumam 
interpretar uma série específica de cações em suas apresentações, ou seja, 
costumam ter um repertório que conhecem bem e que está confortável em 
performar. Isso também acontece com as pessoas que não são artistas.
Todas as informações que vamos acumulando ao longo da vida 
constituem nosso repertório individual, ou seja, temas e assuntos em 
que estamos confortáveis, que não nos causam estranhamento e que 
costumamos conviver. Por exemplo, o repertório culinário. Arroz, feijão, 
carne e vegetais fazem parte do repertório da maioria dos brasileiros, 
sendo mesmo reconhecido como característicos do nosso povo. O 
repertório italiano inclui massas, molhos, etc. O francês, considerado 
requintado, também conta com uma série de pratos característicos, 
como croissant, patês e outros itens.
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Com todo tipo de assunto podemos falar em repertórios. Quem 
trabalha ou deseja trabalhar com criação ou inovação, em qualquer 
profissão, precisa ‘alimentar’ o seu repertório pessoal para que seja 
sempre atualizado e para que a variedade de informações possa 
colaborar na criação de novas propostas. Arte, literatura, cinema, 
música, dança, viagens, tudo é importante para a construção de 
repertórios ricos e que sejam efetivamente úteis como ferramentas

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