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CADERNO DE QUESTÕES 
 AGEPEN MG 
 
 
 www.monsterconcursos.com.br 
 
 
Texto 
A mentirosa liberdade 
 Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura 
expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, 
na alma - como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo 
isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela 
turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da 
melhor balada, de um clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a 
tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres. 
 Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em 
liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que 
constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas 
somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas 
que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a 
gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados 
a remédio), [...] a alegria, de tanta tensão, nos escapa. [...] 
 Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? 
O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? [...] Treze anos e ainda 
não ficou? [...] Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão 
pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort? 
 Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo 
deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa correnteza. Ter 
opiniões próprias, amadurecer ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, 
ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, 
isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um aprendizado, mas leva algum 
tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem ser uma linda mulher nem um 
homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem 
um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, 
como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em 
crise. Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de 
construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão 
pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver 
conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para 
descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito. 
 (LUFT, Lya. Veja, 25/03/09, 
adaptado) 
Em “Nunca se falou tanto em liberdade” (2°§), ao observar a posição do pronome oblíquo 
em destaque, percebe-se que ela, em função da norma padrão, 
a) poderia ser alterada para mesóclise. 
b) relaciona-se com o vocábulo “tanto”. 
c) obedece à flexão do verbo. 
d) deveria ser alterada para ênclise. 
e) se deve ao advérbio “nunca”. 
 
Questão 24 
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Observando o padrão culto da língua, assinale a alternativa cujo fragmento transcrito do 
texto represente um emprego INCORRETO de colocação pronominal: 
a) “Me conquistou.” (1°§) 
b) “E já estão me confundindo com Artur da Távola?” (2 °§) 
c) “Disse que me lia sempre (...) (3°§) 
d) “(...)sempre fui confundido com o Zuenir, o Veríssimo, o Arnaldo... só não me lembro (...)” 
(4 °§) 
e) “(...)nunca escrevi às sextas, mas ela me interrompeu (...)” (4 °§) 
 
Questão 25 O PADEIRO 
 
 Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo 
café vou me lembrando de um homem que conheci antigamente. Quando vinha deixar o 
pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os 
moradores, avisava gritando: 
 
 - Não é ninguém, é o padeiro! 
 
 Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? Então você não é 
ninguém? 
 
 Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes 
lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou 
outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e 
ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o 
padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém... 
 
 Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. 
 
(Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, Crônicas. Editora do autor, Rio de Janeiro, 1960) 
 
Assinale a alternativa que apresenta o comentário CORRETO sobre o trecho abaixo: 
 
“Assim ficara sabendo que não era ninguém..." (4°§) 
a) “Ninguém" é um advérbio de negação. 
b) O verbo “ficara" está flexionado no pretérito-mais-que-perfeito do indicativo. 
c) Seria possível substituir “ninguém" por “alguém" sem mudança de sentido. 
d) Os dois verbos destacados estão flexionados na primeira pessoa do singular. 
 
Questão 26 
Não quer ajudar, não atrapalha 
 (Gregório Duvivier) 
 
 É sempre a mesma coisa. Primeiro todo o mundo põe um filtro arco-íris no avatar. 
Depois vem uma onda de gente criticando quem trocou o avatar. Depois vem a onda 
criticando quem criticou. Em seguida começam a criticar quem criticou os que 
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criticaram. Nesse momento já começaram as ofensas pessoais e já se esqueceu o porquê 
de ter trocado o avatar, ou trocado o nome para guarani kayowá, ou abraçado qualquer 
outra causa. 
 Toda batalha pode ser ridicularizada. Você é contra a homofobia: essa bandeira é 
fácil, quero ver levantar bandeira contra a transfobia. Você é contra a transfobia: 
estatisticamente a transfobia afeta muito pouca gente se comparada ao machismo. Você 
é contra o machismo: mas a mulher está muito mais incluída na sociedade do que os 
negros. E por aí vai. Você é de esquerda, mas não doa pros pobres? Hipócrita. Ah, você 
doa pros pobres? Populista. Culpado. Assistencialista. 
 Cintia Suzuki resumiu bem: “Você coloca um avatar coloridinho, aí não pode porque 
tem gente passando fome. Aí o governo faz um programa pras pessoas não passarem 
mais fome, e aí não pode porque é sustentar vagabundo (...). Moral da história: deixa os 
outros ajudarem quem bem entenderem, já que você não vai ajudar ninguém". 
 Todo vegetariano diz que a parte difícil de não comer carne não é não comer carne. 
Chato mesmo é aguentar a reação dos carnívoros: “De onde você tira a proteína? Você 
tem pena de bicho? Mas de rúcula você não tem pena? E das pessoas que colhem a 
rúcula, você não tem pena? E dos peruanos que não podem mais comprar quinoa e estão 
morrendo de fome?" 
 O estranho é que, independentemente da sua orientação em relação à carne, não há 
quem não concorde que o vegetarianismo seria melhor para o mundo, seja do ponto de 
vista dos animais, ou do meio ambiente, ou da saúde, ou de tudo junto. O problema é 
exatamente esse: alguém fazendo alguma coisa lembra a gente de que a gente não está 
fazendo nada. Quando o vizinho separa o lixo, você se sente mal por não separar. A 
solução? Xingar o vizinho, esse hipócrita que separa o lixo, mas fuma cigarro. Assim é 
fácil, vizinho.Quem não faz nada pra mudar o mundo está sempre muito empenhado em provar que 
a pessoa que faz alguma coisa está errada — melhor seria se usasse essa energia para 
tentar mudar, de fato, alguma coisa. Como diria minha avó: não quer ajudar, não 
atrapalha. 
(Disponível em: http://www1 .folha.uol.com.br/colunas/ 
areaorioduvivier/2015/07/1654941-nao-auer-aiudar-nao-atrapalha.shtml. Acessoem: 
10/09/15) 
Sobre o emprego do pronome “você", no segundo parágrafo, assinale a única 
opção INCORRETA: 
a) revela um tratamento informal. 
b) tem apenas o autor como interlocutor. 
c) está seguido de um verbo flexionado em 3ª pessoa. 
d) faz referência à segunda pessoa do discurso. 
 
Questão 27 
 
Texto I 
 Quindins Quando sentiu que ia morrer, o Dr. Ariosto pediu para falar a sós com a 
mulher, dona Quiléia (Quequé). 
 - Senta aí, Quequé. 
 Ela sentou na beira da cama. Protestou, chorosa, quando o marido disse que sabia 
que estava no fim. Mas o Dr. Ariosto a acalmou. Os dois sabiam que ele tinha pouco

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