Prévia do material em texto
FACULDADE DE MEDICINA - RIO DE JANEIRO/RJ DISCIPLINA: SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS CARLOS EDUARDO VIDAL FRANCISCO/2639168 7º PERÍODO TICS - TRANSTORNO DE SINTOMA SOMÁTICO RIO DE JANEIRO - RJ 2025 QUANDO SUSPEITAR DE TRANSTORNO DE SINTOMA SOMÁTICO EM UM PACIENTE REGULARMENTE ACOMPANHADO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE? O Transtorno de Sintoma Somático (TSS) é caracterizado pela presença de um ou mais sintomas físicos que causam sofrimento significativo ou comprometimento funcional, e que não podem ser totalmente explicados por uma condição médica ou outro transtorno mental. Alguns sinais indicativos de TSS em um paciente regularmente acompanhado na Unidade Básica de Saúde (UBS) SINAIS E SINTOMAS INDICATIVOS Sintomas Persistentes: O paciente apresenta sintomas físicos persistentes (ex.: dor, fadiga, distúrbios gastrointestinais) que não respondem a tratamentos convencionais e que não têm uma base orgânica clara. Preocupação Excessiva: O paciente demonstra preocupação excessiva com a gravidade dos sintomas, levando a um nível elevado de ansiedade e estresse, mesmo diante de avaliações médicas que não indicam anormalidades significativas. Impacto Funcional: Os sintomas interferem significativamente nas atividades diárias do paciente, como trabalho, relacionamentos e autocuidado, resultando em incapacidade funcional. Histórico Médico Extenso: O paciente pode ter um histórico de múltiplas consultas médicas, exames tratamentos para os mesmos sintomas, sem diagnóstico conclusivo. Isso pode incluir visitas frequentes a diferentes especialidades médicas. Mudanças no Comportamento: O paciente pode apresentar comportamentos de busca constante por cuidados médicos, incluindo a solicitação repetida de exames e intervenções, mesmo após explicações claras sobre a ausência de patologia. Comorbidades Psicológicas: A presença de comorbidades psiquiátricas, como depressão ou transtornos de ansiedade, pode ser um indicativo adicional. Pacientes com TSS frequentemente apresentam condições psicológicas associadas. Resistência ao Diagnóstico: O paciente pode rejeitar diagnósticos que não confirmem suas crenças sobre a gravidade de sua condição, insistindo que seus sintomas são reais e não podem ser atribuídos a fatores psicológicos. Na atenção primária, muitas vezes (30 - 60%), nenhuma doença grave é encontrada para explicar as queixas físicas apresentadas pelos pacientes. É alta prevalência de sofrimento emocional, incluindo transtornos de ansiedade e depressivos e outros quadros associados à presença de sintomas somáticos. Tradicionalmente, a apresentação desses transtornos se dá por meio de queixas somáticas (BOTEGA, 2017). ABORDAGEM CLÍNICA Avaliação Completa: Realizar uma avaliação clínica abrangente, incluindo história médica detalhada e exame físico, para descartar condições médicas subjacentes. Empatia e Escuta Ativa: Estabelecer uma relação de confiança com o paciente, ouvindo suas preocupações e validando seus sentimentos, sem desconsiderar a experiência subjetiva do sintoma. Encaminhamento para Especialistas: Se necessário, considerar encaminhamentos para profissionais de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras, para avaliação e manejo adequado. CONDUTA NA UBS Educação do paciente: Explicar que o sofrimento é real, mas que a preocupação exagerada pode piorar os sintomas. Evitar exames desnecessários: Priorizar reavaliações clínicas e não reforçar a crença em doenças graves. Abordagem biopsicossocial: Explorar estressores emocionais, apoiar psicologicamente e incentivar atividades que reduzam a preocupação excessiva. Encaminhamento para Saúde Mental: Psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC) e, se necessário, uso de antidepressivos (ex.: ISRS para ansiedade associada). O manejo do TSS na UBS exige um equilíbrio entre validar o sofrimento do paciente e evitar intervenções excessivas que reforcem a doença CONSIDERAÇÕES FINAIS A identificação precoce do Transtorno de Sintoma Somático é crucial para evitar intervenções médicas desnecessárias e promover um tratamento eficaz que aborde tanto os aspectos físicos quanto psicológicos da condição. A abordagem deve ser multidisciplinar, envolvendo médicos, psicólogos e outros profissionais de saúde para garantir um cuidado integral ao paciente. REFERENCIAS 1- Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM -5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ... e t a l.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli ... [et al.] . – 5. ed . – Porto Alegre : Artmed, 2014. 2- Botega, N. J. (Org.). Prática psiquiátrica no hospital geral : interconsulta e emergência . 4. e d. Porto Alegre: Artmed, 2017