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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
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I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação 
de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas 
ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sin-
dical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em 
qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econô-
mica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalha-
dores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à 
área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio 
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
dependentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a 
sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações 
coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas 
organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação 
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do 
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga-
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas 
as condições que a lei estabelecer.
O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º, CF: 
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os 
interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá 
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas 
da lei.
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o exer-
cício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o 
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá ou-
tras providências. Enquanto não for disciplinado o direito de greve 
dos servidores públicos, esta é a legislação que se aplica, segundo 
o STF.
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: 
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalhadores e 
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus in-
teresses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão 
e deliberação.
Por fim, aborda-se o direito de representação classista no ar-
tigo 11, CF: 
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empregados, 
é assegurada a eleição de um representante destes com a finalida-
de exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os em-
pregadores.
2) Nacionalidade
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem a ser 
corolário dos direitos políticos, já que somente um nacional pode 
adquirir direitos políticos.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um indiví-
duo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar o 
povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações. 
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não é a 
mesma coisa que população. População é o conjunto de pessoas 
residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros residentes no país 
e os apátridas.
2.1) Nacionalidade como direito humano fundamental
Os direitos humanos internacionais são completamente con-
trários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indivíduo que 
não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum Estado. Logo, a 
nacionalidade é um direito da pessoa humana, o qual não pode ser 
privado de forma arbitrária. Não há privação arbitrária quando res-
peitados os critérios legais previstos no texto constitucional no que 
tange à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte 
brasileiro não admite a figura do apátrida.
Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacionalidade 
não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o direito de 
deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de outro, mu-
dando de nacionalidade, por um processo conhecido como natu-
ralização.
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu ar-
tigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II) Nin-
guém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do 
direito de mudar de nacionalidade”.
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprofunda-se 
em meios para garantir que toda pessoa tenha uma nacionalidade 
desde o seu nascimento ao adotar o critério do jus solis, explicitan-
do que ao menos a pessoa terá a nacionalidade do território onde 
nasceu, quando não tiver direito a outra nacionalidade por previ-
sões legais diversas.
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa humana. 
Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indivíduo não pode 
ficar ao mero capricho de um governo, de um governante, de um 
poder despótico, de decisões unilaterais, concebidas sem regras 
prévias, sem o contraditório, a defesa, que são princípios funda-
mentais de todo sistema jurídico que se pretenda democrático. A 
questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
to séria” .
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e internacional 
a previsão do direito de asilo, consistente no direito de buscar abri-
go em outro país quando naquele do qual for nacional estiver so-
frendo alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter motivos 
legítimos, como a prática de crimes comuns ou de atos atentatórios 
aos princípios das Nações Unidas, o que subverteria a própria fina-
lidade desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direito 
de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos humanos de 
uma pessoa por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, 
os governantes e os entes sociais como um todo –, e não proteger 
pessoas que justamente cometeram tais violações.
2.2) Naturalidade e naturalização
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são os na-
cionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: natos e natura-
lizados. Percebe-se que naturalidade é diferente de nacionalidade 
– naturalidade é apenas o local de nascimento, nacionalidade é um 
efetivo vínculo com o Estado.
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tanto por 
ter nascido no território brasileiro quanto por voluntariamente se 
naturalizar como brasileiro, como se percebe no teor do artigo 12, 
CF. O estrangeiro, num conceito tomado à base de exclusão, é todo 
aquele que não é nacional brasileiro.
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a) Brasileiros natos
Art. 12, CF. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de 
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu 
país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
tiva do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e 
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira.
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atribuição 
da nacionalidade primária – nacional nato –, notadamente: ius soli, 
direito de solo, o nacional nascido em território do país indepen-
dentemente da nacionalidade dos pais; e ius sanguinis, direito de 
sangue, que não depende do local de nascimento mas sim da des-
cendência de um nacional do país (critério comum em países que 
tiveram êxodo de imigrantes).
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no terri-
tório brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais estran-
geiros, desde que não sejam estrangeirosque estejam a serviço de 
seu país ou de organismo internacional (o que geraria um conflito 
de normas). Contudo, também é possível ser brasileiro nato ainda 
que não se tenha nascido no território brasileiro. 
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato também 
pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais estiver a serviço 
do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo que nasça em outro 
país. Se qualquer dos pais não estiverem a serviço do Brasil e a pes-
soa nascer no exterior é exigido que o nascido do exterior venha ao 
território brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em 
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos, mani-
festar-se sobre desejar permanecer com a nacionalidade brasileira 
ou não.
b) Brasileiros naturalizados
Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, 
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na 
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade 
brasileira.
 
A naturalização deve ser voluntária e expressa. 
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a questão da 
naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112:
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão da 
naturalização: 
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil;
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo míni-
mo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de natu-
ralização;
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condi-
ções do naturalizando;
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manu-
tenção própria e da família;
VI - bom procedimento;
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no 
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena 
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) 
ano; e
VIII - boa saúde.
Destaque vai para o requisito da residência contínua. Em regra, 
o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos contínuos, conforme 
o inciso III do referido artigo 112. No entanto, por previsão constitu-
cional do artigo 12, II, “a”, se o estrangeiro foi originário de país com 
língua portuguesa o prazo de residência contínua é reduzido para 1 
ano. Daí se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização 
ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordinária no 
artigo 12, II, “a”.
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária se 
aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o qual “a 
satisfação das condições previstas nesta Lei não assegura ao estran-
geiro direito à naturalização”. Logo, na naturalização ordinária não 
há direito subjetivo à naturalização, mesmo que preenchidos todos 
os requisitos. Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. 
O mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quando há 
direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder Judiciário para 
fazê-lo valer . 
c) Tratamento diferenciado
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou natura-
lizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste sentido, o artigo 
12, § 2º, CF: 
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção en-
tre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta 
Constituição. 
Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabelece a 
não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as hipóteses 
de distinção.
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram enume-
radas no parágrafo seguinte.
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no exer-
cício da presidência da República ou de cargo que possa levar a 
esta posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente o 
Presidente da República, seu vice-presidente desempenha o cargo; 
ausente este assume o Presidente da Câmara; também este ausen-
te, em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, 
o Presidente do Supremo pode assumir a presidência na ausência 
dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido num 
critério de revezamento nenhum membro pode ser naturalizado); 
ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de 
representação do país ou de segurança nacional.
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Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro na-
turalizado como membro do Conselho da República (artigos 89 e 
90, CF); impossibilidade de ser proprietário de empresa jornalística, 
de radiodifusão sonora e imagens, salvo se já naturalizado há 10 
anos (artigo 222, CF); possibilidade de extradição do brasileiro natu-
ralizado que tenha praticado crime comum antes da naturalização 
ou, depois dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). 
2.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência permanen-
te no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão 
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previs-
tos nesta Constituição. 
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mes-
mo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade, 
Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a 
República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto nº 
3.927/2001).
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não 
sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se re-
sidir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. No 
caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os direitos 
desta natureza ficam suspensos no outro país, ou seja, não exerce 
simultaneamente direitos políticos nos dois países.
2.4) Perda da nacionalidade 
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade do 
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em 
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao 
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para 
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18 
de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição da 
nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo deve 
ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura é do Pro-
curador da República. 
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se 
a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a 
pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento 
tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro 
país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição 
da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá 
permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não 
o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e, 
provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira.
2.5) Deportação, expulsão e entrega
A deportação representa a devolução compulsória de um es-
trangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no territó-
rio nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em seus artigos 
57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer ato nocivo ao 
Brasil,havendo, pois, mera irregularidade de visto.
A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de um 
estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo 65 e seu 
parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei-
ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a 
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a 
economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveni-
ência e aos interesses nacionais. 
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro 
que:
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência 
no Brasil;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, 
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, 
não sendo aconselhável a deportação;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para 
estrangeiro.
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um nacional 
a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte. É o que 
ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um brasileiro para 
julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (competência reco-
nhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º).
2.6) Extradição
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da en-
trega. Extradição é um ato de cooperação internacional que con-
siste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou 
mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese alguma, 
extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturalizados assim 
permite caso tenham praticado crimes comuns (exceto crimes po-
líticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois 
da naturalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito de 
entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro só 
pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do pe-
dido de extradição. O importante é que o extraditado só seja sub-
metido às penas relativas aos crimes que foram objeto do pedido 
de extradição. 
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve ser 
punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato ser 
típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se houve 
prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer a extra-
dição).
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um trata-
do de extradição entre dois países ter sido celebrado após a ocor-
rência do crime não impede a extradição.
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se o 
crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo 5º, 
XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se houver a co-
mutação da pena, transformação para uma pena aceita no Brasil.
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº 
6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento:
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo 
requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao 
Brasil a reciprocidade. 
Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalida-
de verificar-se após o fato que motivar o pedido;
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no 
Brasil ou no Estado requerente;
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III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o 
crime imputado ao extraditando;
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou 
inferior a 1 (um) ano;
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver 
sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se 
fundar o pedido;
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei 
brasileira ou a do Estado requerente;
VII - o fato constituir crime político; e
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requeren-
te, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando 
o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou 
quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato 
principal.
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a 
apreciação do caráter da infração.
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar 
crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quaisquer 
autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, sabota-
gem, sequestro de pessoa, ou que importem propaganda de guerra 
ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social.
Art. 78. São condições para concessão da extradição: 
I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente 
ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a 
prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou autoridade 
competente do Estado requerente, salvo o disposto no artigo 82.
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da 
mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque-
le em cujo território a infração foi cometida. 
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, suces-
sivamente:
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido o 
crime mais grave, segundo a lei brasileira;
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do extra-
ditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do extra-
ditando, se os pedidos forem simultâneos.
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Go-
verno brasileiro.
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados 
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito à 
preferência de que trata este artigo.
Art. 80.A extradição será requerida por via diplomática ou, 
quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça, 
devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certidão 
da sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz ou 
autoridade competente. 
§ 1oO pedido deverá ser instruído com indicações precisas so-
bre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso, 
a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos legais sobre 
o crime, a competência, a pena e sua prescrição. 
§ 2oO encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça 
ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos. 
§ 3oOs documentos indicados neste artigo serão acompanha-
dos de versão feita oficialmente para o idioma português. 
Art. 81.O pedido, após exame da presença dos pressupostos 
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será 
encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal Fe-
deral. 
Parágrafo único.Não preenchidos os pressupostos de que trata 
o caput, o pedido será arquivado mediante decisão fundamentada 
do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de renovação do pe-
dido, devidamente instruído, uma vez superado o óbice apontado. 
Art. 82.O Estado interessado na extradição poderá, em caso de 
urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou con-
juntamente com este, requerer a prisão cautelar do extraditando 
por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Ministério 
da Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos formais 
de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará 
ao Supremo Tribunal Federal.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 
2013)
§ 1oO pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido e 
deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio, 
fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure 
a comunicação por escrito.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 
2013)
§ 2oO pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Mi-
nistério da Justiça por meio da Organização Internacional de Polícia 
Criminal (Interpol), devidamente instruídocom a documentação 
comprobatória da existência de ordem de prisão proferida por Esta-
do estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 3oO Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa) dias 
contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do extra-
ditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação dada pela Lei 
nº 12.878, de 2013)
§ 4oCaso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no § 
3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admitindo 
novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a extra-
dição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela Lei nº 
12.878, de 2013)
Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre sua 
legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão. 
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pedido 
será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. 
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final do 
Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade vigiada, 
a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora 
para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-lhe-á 
curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interrogatório o 
prazo de dez dias para a defesa.
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada, 
defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da 
extradição.
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tri-
bunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá 
converter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo 
improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido 
será julgado independentemente da diligência.
§ 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data da 
notificação que o Ministério das Relações Exteriores fizer à Missão 
Diplomática do Estado requerente.
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado atra-
vés do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomática do 
Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da comunicação, 
deverá retirar o extraditando do território nacional.
Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do 
território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto em 
liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o 
motivo da extradição o recomendar. 
Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido ba-
seado no mesmo fato. 
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Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou 
tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena pri-
vativa de liberdade, a extradição será executada somente depois 
da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvado, 
entretanto, o disposto no artigo 67.
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente 
adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por cau-
sa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial.
Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda que 
responda a processo ou esteja condenado por contravenção. 
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado reque-
rente assuma o compromisso:
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos 
anteriores ao pedido;
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta 
por força da extradição;
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal 
ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei 
brasileira permitir a sua aplicação;
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do 
Brasil, a outro Estado que o reclame; e
V - de não considerar qualquer motivo político, para agravar a 
pena.
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis brasi-
leiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos e 
instrumentos do crime encontrados em seu poder. 
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste ar-
tigo poderão ser entregues independentemente da entrega do ex-
traditando.
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado re-
querente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou por 
ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente por via 
diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades. 
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permitido, 
pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de pesso-
as extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da respectiva 
guarda, mediante apresentação de documentos comprobatórios de 
concessão da medida. 
2.7) Idioma e símbolos
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da República 
Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, 
o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter 
símbolos próprios.
Idioma é a língua falada pela população, que confere caráter 
diferenciado em relação à população do resto do mundo. Sendo 
assim, é manifestação social e cultural de uma nação.
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da nação e 
permitem o seu reconhecimento nacional e internacionalmente.
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão é 
feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda o tema. 
3) Direitos políticos
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos direitos 
políticos, já que somente um nacional pode adquirir direitos políti-
cos. No entanto, nem todo nacional é titular de direitos políticos. Os 
nacionais que são titulares de direitos políticos são denominados 
cidadãos. Significa afirmar que nem todo nacional brasileiro é um 
cidadão brasileiro, mas somente aquele que for titular do direito de 
sufrágio universal.
3.1) Sufrágio universal
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania popu-
lar será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleitorais, a 
capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta – e a capa-
cidade passiva – ser eleito como representante no modelo da de-
mocracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal é o direito de todos 
cidadãos de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se 
exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto.
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas não 
apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem toda pessoa 
que tem capacidade ativa tem também capacidade passiva, embora 
toda pessoa que tenha capacidade passiva tenha necessariamente 
a ativa.
3.2) Democracia direta e indireta
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio uni-
versal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, 
nos termos da lei, mediante: 
I - plebiscito; 
II - referendo; 
III - iniciativa popular
A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, porque 
possibilita a participação popular direta no poder por intermédio 
de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. 
Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia in-
direta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do sufrá-
gio universal e do voto direto e secreto com igual valor para todos. 
Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento para o 
exercício da capacidade ativa do sufrágio universal. 
Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referendo é o 
momento da consulta à população: no plebiscito, primeiro se con-
sulta a população e depois se toma a decisão política; no referendo, 
primeiro se toma a decisão política e depois se consulta a popula-
ção. Embora os dois partam do Congresso Nacional, o plebiscito é 
convocado, ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), 
ambos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é que 
os dois são “formas de consulta ao povo para que delibere sobre 
matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legis-
lativa ou administrativa” .
Nainiciativa popular confere-se à população o poder de apre-
sentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante assinatura 
de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estados no mínimo, 
com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. Em com-
plemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida pela 
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito 
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído 
pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por 
cento dos eleitores de cada um deles.
3.3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de dezoito 
anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade para os anal-
fabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e 
menores de dezoito anos. 
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais brasilei-
ros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os es-
trangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os 
conscritos.

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