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Aula 02
Filosofia do Direito p/ DPE-PR (Defensor Público)
Karoline Strapasson Jambersi
12154402607 - Bruno Beltrão
FILOSOFIA DO DIREITO – DPE-PR 
teoria e questões 
Aula 01 – Profa. Karoline Strapasson 
 
 
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AULA 01 
HANS KELSEN 
SUMÁRIO 
Considerações iniciais ........................................................................ 2 
1. Aspectos iniciais da teoria de Hans Kelsen ........................................ 3 
1.1 Normativismo jurídico kelseniano ............................................. 3 
1.2 Teoria Pura do Direito ............................................................. 4 
1.3 Separação entre ser e dever-ser ............................................... 7 
1.4 Relação entre Direito e Moral ................................................... 8 
1.5 Estática e dinâmica jurídica .................................................... 10 
2. Sobre a norma jurídica ............................................................ 11 
2.1 Norma jurídica fundamental ................................................... 11 
2.2 Norma jurídica e ordenamento jurídico .................................... 12 
2.3 Norma jurídica geral e individual ............................................ 13 
2.4 Norma jurídica e discricionariedade do aplicador ....................... 15 
Lista das Questões de Aula .............................................................. 18 
Considerações Finais ....................................................................... 20 
 
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HANS KELSEN 
 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
A aula de hoje versará sobre a filosofia desenvolvida por Hans Kelsen, um 
dos expoentes do positivismo jurídico.1 
Nossa banca examinadora apresentou no item 2 os seguintes pontos a 
serem cobrados referentes a este autor: Normativismo jurídico kelseniano. 
Teoria pura do direito. Separação entre ser e dever ser. Relação entre 
direito e moral. Norma jurídica fundamental. Norma jurídica e ordenamento 
jurídico. Estática e dinâmica jurídica. Norma jurídica geral e individual. 
Norma jurídica e discricionariedade do aplicador. 
Nossos temas foram divididos da seguinte forma: 
 
Antes de começarmos nosso estudo é importante analisar quem foi 
Hans Kelsen 
Hans Kelsen (1881-1973) foi um jurista austríaco nascido em Praga, mas 
criado em Viena, um dos principais responsáveis pela redação da 
Constituição da Áustria, inclusive pela técnica de controle de 
constitucionalidade a qual exerceu depois como magistrado. No entanto, 
por ser de etnia judaica sofreu perseguição pelo nazismo alemão, tendo 
 
1 É importante ressaltar que o positivismo não começou as teorias de Kelsen, mas com a 
Escola da Exegese após o advento do Código Napoleônico. Os seus defensores buscavam 
descobrir o sentido expresso do Direito na vontade do legislador. O seu foco é a análise do 
Direito exclusivamente pela lei baseada em uma compreensão universal, atemporal e 
rígida. 
ͻ Normativismo jurídico kelseniano 
ͻ Teoria pura do direito
ͻ Separação entre ser dever ser
ͻ Relação entre Direito e Moral
ͻ Estática e dinâmica jurídica
Aspectos iniciais de Hans Kelsen
ͻ Norma jurídica fundamental
ͻ Norma jurídica e ordenamento jurídico
ͻ Norma jurídica geral e individual 
ͻ Norma jurídica e discricionariedade do aplicador 
Sobre a norma jurídica
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abandonado sua cátedra em Colônia na Alemanha, passando parte 
significativa de sua vida nos Estados Unidos. 
É muito importante percebermos a relação entre Kant e Kelsen, pois 
é possível que os autores sejam cobrados de maneira conjunta. 
Especialmente pelo fato de Kelsen ser neokantiano; isto é parte de seu 
pensamento é marcado com características próximas ao estilo utilizado por 
Kant. 
As razões de Kelsen para sua teoria estão envolvidas como contexto 
da Europa durante o século XX. A 1ª e 2ª Guerra Mundial, somada 
com o advento de regimes totalitários demonstravam a 
inconstância dos fatores sociais e políticos. Kelsen com sua teoria 
responde a cenários de instabilidade, para tanto o Direito deveria 
ser compreendido como uma ciência autônoma. 
1. ASPECTOS INICIAIS DA TEORIA DE HANS KELSEN 
1.1 Normativismo jurídico kelseniano 
A obra de Kelsen Teoria pura do Direito mencionada pelo nosso edital, é um 
os pilares teóricos do positivismo jurídico. O positivismo jurídico é uma 
teoria que se opõe a influência naturalistas, metafísicas, 
sociológica, histórica e antropológica no Direito. 
Kelsen em sua obra procura delinear o Direito como uma ciência 
desprovida de qualquer influência externa. O isolamento causado pela 
não interação com outras disciplinas garantiriam ao Direito a chave para 
sua autonomia como ciência. 
Haveria no Direito uma base universal? Vejamos as ciências naturais e a 
física, lá temos leis universais como a lei da gravidade. O mesmo ocorre no 
Direito? Para Kelsen isso não é possível, pois as regras sociais sofrem 
influência de sua situação histórica. 
Por isso Kelsen não analisa o conteúdo das normas jurídicas, mas 
sim a sua estrutura, para buscar elementos comuns de caráter 
universal. Como havíamos mencionado Kelsen recebeu influência de Kant. 
Em nossa aula passada analisamos o caráter universal da teoria kantiana, 
principalmente no conceito de imperativo categórico. 
É importante reconhecer que o Direito é um fenômeno cultural e normativo. 
Assim, o que há de comum entre os diferentes ordenamentos 
jurídicos não é o conteúdo das normas, mas sim o seu formato: a 
estrutura normativa. 
Kelsen quer entender o Direito a partir de uma característica 
universal, por isso a sua teoria analisa as normas jurídicas, essa é 
a razão para chamarmos de normativista. 
Quando fazemos menção ao aspecto jurídico estamos deduzindo que estas 
normas não são morais, éticas, religiosas, mas sim decorrem da relação 
do Estado e seus cidadãos sendo necessariamente positivas. 
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Logo, o conteúdo da norma não é mais relevante do que a forma. A 
validade de uma norma estaria em sua entrada regular no 
ordenamento jurídico, seguindo os pressupostos legais, 
respeitando a hierarquia, estrutura, e lógica da produção 
normativa. 
 
 
1.2 Teoria Pura do Direito 
Vamos analisar um ponto importante do pensamento de Hans Kelsen: a 
teoria pura do Direito. Como Kelsen tinha a pretensão de isolar o Direito 
para conferir um caráter científico, ele retira toda a influência de outras 
disciplinas: a História, Sociologia, noções sobre justiça, Teologia. 
 
 
 
Kelsen logo no início de sua obra justifica por que emprega o termo “pura” 
para a Teoria do Direito. A pureza consiste em garantir que será 
analisado apenas o conhecimento dirigido ao Direito, excluindo o 
que não pertença ao objeto e o que não pode ser considerado 
rigorosamente como Direito. 
Essa é uma opção metodológica de Kelsen, isso quer dizer que seu 
pensamento se estrutura a partir do isolamento do Direito das outras 
disciplinas, bem como dos valores e princípios morais. É importante reforçar 
que Kelsen convida a essa postura racional para estudar ciência do Direito, 
em prol da objetividade da técnica. 
Kelsen procura responder com sua Teoria Pura do Direito 
seguinte pergunta: o que é e como é o Direito?1178772
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A ciência do Direito na perspectiva kelseniana sofre uma redução 
de todos os aspectos da realidade jurídica para apenas os limites do 
normativo estatal. 
Vejamos algo interessante para Kelsen: de um 
lado está a ciência do Direito de outro está a 
prática do Direito. O estudo de Kelsen está 
apenas na ciência do Direito. 
Isso quer dizer que Kelsen não generaliza que a 
prática do Direito seja compreendida apenas no 
aspecto normativo. O próprio autor reconhece 
as contradições sociais dos operadores. Para 
Kelsen: a pureza é para o estudo do Direito, 
uma pureza teórica. 
É primordial a importância da norma jurídica 
para o pensamento de Kelsen. A medida 
científica do Direito está na norma. 
 A análise da norma jurídica em Kelsen não 
parte da realidade social (do que é/ o que vamos chamar daqui por diante 
de ser), mas sim do dever-ser da prescrição normativa a respeito de um 
comportamento. Mesmo que a legislação seja desrespeitada (não 
tenha eficácia), se a norma ingressou corretamente no 
ordenamento jurídico ela permanece válida. 
Não é necessário que haja a plena aderência social a uma norma, deve-se 
verificar se sua origem está respaldada por normas de hierarquia 
superiores à dela. Afastam-se os juízos morais, a reconstituição histórica, 
sociológica para explicar o fenômeno jurídico. A análise é lógica, e é pela 
lógica que se extrai a coerência do ordenamento jurídico. 
 
 
“Há mais de duas 
décadas que empreen-
di desenvolver uma 
teoria jurídica pura, 
isto é, purificada de 
toda a ideologia 
política e de todos os 
elementos de ciência 
natural, uma teoria 
jurídica consciente da 
sua especificidade por 
que consciente da 
legalidade específica 
do seu objeto.” Kelsen 
 
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QUESTÃO - FEPESE - DPE-SC - Defensor Público - 2012 
Hans Kelsen afirmou que a teoria pura do direito é uma teoria geral do 
direito positivo. Para ele, o Direito é “uma ordem normativa da conduta 
humana, ou seja, um sistema de normas que regulam o comportamento 
humano”. Com o termo norma, Kelsen buscou significar algo que “deve ser 
ou acontecer, especialmente que um homem se deve conduzir de 
determinada maneira” 
Na obra Teoria Pura do Direito , que leva o mesmo nome da teoria de 
Kelsen, o autor afirma que essa teoria pura busca única e exclusivamente 
conhecer o seu próprio objeto, ou seja: 
 a) o que é e como é o Direito. 
 b) como deve ser o Direito. 
 c) como deve ser feito o Direito. 
 d) como deve ser feita a política do Direito. 
 e) como ocorre a relação entre o Direito e as demais áreas do saber. 
Comentários 
Kelsen tem a pretensão de compreender o que é o Direito e como ele é. 
Para isso é necessário extrair tudo o que não é o Direito, fazendo assim 
uma análise pura do Direito. O examinador nesta questão quer confundir o 
examinando com os conceitos de ser e dever-ser, os quais vamos analisar 
na sequência. O ser diz respeito a realidade e as ações humanas dentro de 
um contexto, já o dever-ser é próprio das normas jurídicas pois vai 
apresentar uma prescrição normativa, exigir um comportamento ou ainda 
atribuir uma competência. 
GABARITO: A. 
 
QUESTÃO - FCC - DPE-SP - 2013 
Considere as seguintes afirmações sobre a Teoria Pura do Direito de Hans 
Kelsen: 
I. A Teoria Pura do Direito trata o Direito como um sistema de normas 
válidas criadas por atos de seres humanos. 
II. A Teoria Pura do Direito, assumindo o sincretismo metodológico, 
pretende ser a única ciência do Direito possível ou legítima. 
III. A Teoria Pura do Direito limita-se a uma análise estrutural do Direito 
positivo. 
Está correto APENAS o que se afirma em: 
 a) I e III. 
 b) I 
 c) II 
 d) III 
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 e) I e II. 
Comentários 
I) Verdadeiro. O Direito positivado é analisado por Kelsen, fruto da 
deliberação humana e sem influência do jusnaturalismo. 
II) Falso. O termo sincretismo significa fusão. Logo a ideia apresentada 
pela assertiva é uma fusão de metodologias. Kelsen prega o oposto retirar 
a influência de outras disciplinas para não misturar suas metodologias. 
III) Verdadeiro. Kelsen não analisa o conteúdo das normas, mas sim a 
estrutura do ordenamento jurídico. 
GABARITO: A 
1.3 Separação entre ser e dever-ser 
A teoria de Kant trabalha com duas ideias importantes: o ser e o dever-ser. 
Para compreendermos essas duas categorias é preciso analisar a norma 
jurídica. 
O que é a norma jurídica? A norma jurídica nada mais é do que um ato 
por meio do qual uma conduta é prescrita, permitida ou facultada à 
competência de alguém. 
Na norma jurídica temos um ato intencional dirigido para um grupo 
de pessoas. O legislador quer a atuação de acordo com aquilo que 
está prescrito. No entanto, uma situação bem diferente é se as 
pessoas irão ou não agir de acordo com a prescrição. 
 
Agora vamos analisar um exemplo proposto por Kelsen para 
compreendermos estes conceitos. Temos duas proposições: 
1ª) A porta será fechada 
2ª) A porta deve ser fechada 
No primeiro caso: O enunciado descreve uma realidade. No segundo 
caso: o enunciado prescreve uma ação a ser desempenhada por alguém. 
Para Kelsen a conduta que é e a conduta que deve ser não são idênticas. 
A segunda conduta é semelhante a primeira, porém se diferencia pela 
circunstância. Assim, a conduta estatuída em uma norma como 
devida, é distinta da conduta de fato. 
O ser e o dever-ser são polos com os quais Kelsen diferencia a realidade 
do Direito, sendo que os dois caminham em clara falta de sintonia. É pela 
O dever-ser é uma 
ordem, uma prescrição, 
algo que é dirigido a um 
ser. 
O ser é o que realmente 
ocorre é a atuação em 
um determinado 
contexto. 
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quebra entre o ser e o dever-ser que Kelsen opera a diferenciação do que 
é jurídico e do que não é jurídico. 
 
É importante compreender que a interpretação das ciências naturais 
parte da ideia de causalidade. Podemos pensar na refração da luz, causa 
natural do arco-íris. 
Já na ciência do Direito temos a ideia de imputação, pois a sanção a um 
comportamento pode ou não ser aplicada. Além dessa consideração temos 
o conceito de responsabilidade que analisa um conjunto de fatores para 
verificar que a sanção pode ou não ser aplicada ao sujeito. A capacidade do 
sujeito, a exemplo da criança ou da pessoa com deficiência grave que 
impedem a responsabilização de determinada conduta. 
Com isso fica evidente a distinção do ser e do dever-ser, e as consequências 
de suas implicações no estudo do Direito. 
1.4 Relação entre Direito e Moral 
Além do Direito outras disciplinas trabalham com a ideia de norma sociais. 
A Moral compreende um conjunto de normas sociais. A Ética é o ramo da 
filosofia que analisa racionalmente a fundamentação da moral. Como a 
Moral está associada a ideia de justiça o Direito também recebe influência 
dessa relação. 
A Ética estuda o que está certo ou errado na conduta humana, podendo 
estatuir direitos e deveres amparados nos costumes. Kelsen discorda de um 
princípio que vimos em Kant: que a Moral seria uma decisão interna, 
enquanto o Direito seria uma coerção externa. 
Em Kelsen a Moral se refere aos motivosda conduta. Esses motivos 
levam a reprimir intenções e não agir de modo egoísta, mas só teriam valor 
se além de ser o motivo determinante, o modo de agir do indivíduo também 
fosse correspondente a Moral. A exemplo da virtude moral da coragem, 
ela deve passar por um estado de alma, mas também por uma 
conduta exterior condizente. 
A Moral também poderá ser positiva, isto é, escrita. As normas morais 
são conhecidas pelos costumes, mas também por um fundador de uma 
religião, ou por um profeta. 
Mas enfim o que difere o Direito da Moral? A diferença não está no que 
é prescrito por essas duas ordens, mas sim em como prescrevem ou 
proíbem as condutas. 
DEVER-SER
Jurídico: fenômeno 
jurídico puro
SER
Não jurídico: cultura, 
antropologia, ética, 
metafísica, religão
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O Direito é concebido como uma ordem de coação. A ordem normativa 
quer uma conduta humana determinada, ligando à conduta contrária um 
ato de coerção socialmente organizado. 
Já a Moral é uma ordem social que não apresenta os mesmos tipos de 
sanção, apenas aprovação ou desaprovação da conduta sem 
emprego de força física. 
Kelsen reconhece que o conceito de Moral, justiça e Direito possuem 
relações em razão de seu conteúdo. Mas, a opção metodológica 
kelseniana é voltada a estrutura normativa, para o Direito e a Moral 
são distintos. 
Ao fazer a distinção entre Direito e Moral alguns autores supõem que existe 
apenas uma única Moral, logo ela seria absoluta. Não é isso o que defende 
Kelsen. Para ele afirmar a distinção entre Moral e Direito é reforçar 
o caráter autônomo do Direito, a ordem jurídica positiva é 
independente de uma suposta Moral absoluta. 
Kelsen vê o Direito como um valor jurídico e um valor moral relativo. 
Afirmar que o Direito tem caráter de moral relativa, não significa uma 
discordância ou desarmonia com as normas morais. Mas sim, que a 
validade de uma ordem jurídica positiva é independente da sua 
concordância ou discordância com qualquer sistema de Moral. 
Quando afirmamos que uma ordem jurídica é moral ou imoral, justa 
ou injusta por contrastar com os sistemas morais isso não retira a 
validade da norma jurídica, pois ela deverá observar os 
procedimentos legais. Uma norma jurídica pode ser considerada válida 
mesmo que contrarie a ordem moral. 
 
 
 
 
 
 
Direito
ͻ Ordem de coação
ͻ Normas jurídicas positivas 
separadas dos valores e 
da moral
Moral
ͻ Aprovação e reprovação
ͻ Normas sociais
ͻ Motivos da conduta e 
atuação condizentes entre 
si
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==11fc94==
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QUESTÃO ADAPTADA - CESPE - DPE-RO - Defensor Público - 2012 
Considerando os conceitos de direito e de moral, julgue o item a seguir: 
Hans Kelsen formulou a teoria da bilateralidade atributiva, asseverando que 
a moral não se distingue do direito, mas o complementa por meio da 
bilateralidade ou intersubjetividade. 
Certo ou errado? 
Comentários 
A assertiva está errada. Kelsen opta pela abordagem metodológica da 
pureza da Ciência do Direito, deste modo é preciso isolar o Direito de outras 
disciplinas como a Moral, História, Sociologia. Esse isolamento significa que 
uma norma jurídica será válida não em razão da Moral ou dos valores que 
a fundamentam, mas sim por que está de acordo com o ordenamento 
jurídico vigente. 
GABARITO: ERRADA. 
1.5 Estática e dinâmica jurídica 
Kelsen diferencia duas esferas de abordagem da norma: uma estática e 
outra dinâmica. 
A estática tem por objeto descrever sistema de normas postas. A 
dinâmica envolve o processo de produção e aplicação do Direito, ou seja, 
traz a ideia de movimento. 
O entendimento das normas jurídicas em si mesmas, pois todas em uma 
universalidade que as constitui. 
A dinâmica das normas jurídicas é observada por um processo 
legislativo amparado por outras normas jurídicas. O próprio Direito 
regula a sua produção e aplicação. Assim, o processo legislativo, é regulado 
pela Constituição, e as leis formais ou processuais, por seu turno, regulam 
a aplicação das leis materiais pelos tribunais ou pelas autoridades 
administrativas. 
As normas jurídicas recém editadas poderão ser contraditórias, e, deste 
modo, devemos buscar interpretá-las de acordo com a hierarquia normativa 
para verificar em uma ordem superior a integração entre os diplomas 
normativos. 
Neste caso é preciso compreender que o ordenamento jurídico possui uma 
validade que exige a adequação entre as normas, assim uma norma 
somente terá sua adequação se for condizente com as normas 
hierarquicamente superiores. 
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2. SOBRE A NORMA JURÍDICA 
2.1 Norma jurídica fundamental 
Como analisamos no item anterior quando existe um conflito sobre uma 
norma jurídica contraditória devemos analisar a hierarquia e a compreensão 
de totalidade do ordenamento jurídico. 
A hierarquia das normas é representada por uma pirâmide. Essa disposição 
gráfica não é feita por Kelsen, mas sim de modo didático para facilitar o 
conhecimento. 
Quando falamos em hierarquia das normas identificamos a norma 
constitucional como irradiadora do ordenamento jurídico. A 
Constituição vai definir a configuração do Estado e servir como critério de 
interpretação para os conflitos. 
Kelsen trabalha com uma visão além. Ele usa um artifício para fundamentar 
sua teoria uma hipótese sobre uma norma que fundamentará inclusive a 
Constituição e, por consequência, o ordenamento jurídico. 
A norma fundamental é um imperativo para a ciência do direito ela 
garante a validade do sistema jurídico. A validade está ligada com 
a ideia de respeito a um escalão hierárquico das normas no 
ordenamento jurídico. 
Podemos nos perguntar: Mas qual é a norma que dá validade para as 
normas constitucionais? E aí fazemos uma ressalva: na teoria kelseniana 
a norma hipotética fundamental é uma presunção para pensar 
ordenamento jurídico. 
Trata-se de uma condição para o entendimento lógico da cadeia de 
validades das normas. Como Kelsen recebeu influência kantiana busca 
interpretar o direito sem ser conduzido pela fundamentação religiosa ou 
naturalista, e sim descrever de modo objetivo as normas jurídicas. 
A norma hipotética fundamental não está ligada aos conceitos de 
verdade ou falsidade, mas sim de validade ou invalidade, pois ela 
fundamenta o ordenamento jurídico. 
Estática
ͻNormas postas
ͻAs normas estão paradas.
Dinâmica
ͻUm processo que cria normas jurídicas
ͻNormas em movimento, são criadas 
pelo Direito e recriam o Direito nas 
relações.
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Kelsen refuta a perspectiva valorativa, para ele a norma fundamental 
independe de qualquer conceito de justiça ou de paz, seu sentido estrito é 
jurídico e exige a existência de um Estado. 
Assim, a norma fundamental é a constituição do ordenamento 
jurídico em um sentido lógico da estrutura jurídica, de modo bem 
diferente do conceito de Constituição positivada. 
Vamos analisar a hierarquia das normas apresentadas pelo autor? 
 
 
A norma hipotética fundamental foi alvo de várias críticas e considerada por 
opositores a Kelsen como um furo em sua teoria, pois era um aspecto de 
transcendência estranho a uma forma de pensar o Direitofocada na lei 
positiva. 
Em outra obra Teoria geral das normas Kelsen mudou sua posição 
considerando a norma fundamental como uma ficção. Uma ficção é um 
recurso do pensamento do qual se serve caso não se possa alcançar um 
pensamento com o material existente. 
2.2 Norma jurídica e ordenamento jurídico 
Em nosso estudo já comentamos sobre a hierarquia das normas jurídicas, 
essa hierarquia é essencial quando existe um conflito entre as normas 
jurídicas. Quando há um conflito analisamos as normas hierarquicamente 
superiores para chegar em uma solução. 
Norma hipotética fundamental 
Constituição ʹ vértice do sistema 
jurídico que confere validade aos 
poderes estatais legítimos. Lei 
suprema que configura o Estado.
Normas gerais ʹ legislação 
infraconstitucional, decretos, 
jurisprudência, e os costumes.
Normas individualizadoras ʹ
contratos e decisões judiciais. 
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Estudar de modo isolado uma norma não é suficiente para 
compreender o Direito. A matriz do pensamento de Kelsen é a norma, 
mas elas apenas terão validade se estiverem em harmonia com a norma 
fundamental e com o sistema de normas desenvolvido a partir dela. Esse 
conjunto de normas podemos chamar de ordem ou de ordenamento. 
Kelsen apresenta uma estrutura de normas hierárquica, a qual nós 
representamos como uma pirâmide. É a partir do vértice superior que 
encontramos a norma fundamental que compõe todo o conjunto sistêmico 
e ordenado, capaz de empregar validade a todo o ordenamento jurídico com 
unidade, coerência e completitude. 
A primeira característica ordenamento jurídico é a unidade em razão do 
modo com que as normas são postas estão em subordinação à norma 
fundamental. 
De acordo com o pensamento de Kelsen o Direito só existe dentro de 
um ordenamento jurídico imposto pelo Estado. A norma precisa 
pertencer a uma ordem jurídica para se verificar a sua validade a partir da 
norma hipotética fundamental. 
Uma violação ao ordenamento jurídico estaria na aplicação oriunda de um 
órgão que não tem competência para legislar sobre determinado tema. A 
subsunção de uma norma ao caso concreto, e a sua validade de acordo com 
o sistema jurídico demonstram o correto funcionamento do Direito Positivo. 
Kelsen utiliza um exemplo interessante sobre o ordenamento jurídico e 
sua legitimidade. Caso um bando de salteadores ou de gângsteres 
emanassem uma ordem no que ela seria distinta a uma ordem do Estado? 
Para Kelsen, o que diferencia uma ordem da outra é a ausência de 
positivação daquela. Mesmo que os salteadores positivem suas normas, 
não seriam uma ordem jurídica. Isto só ocorreria se estes crescessem 
de tal modo que confrontassem o ordenamento jurídico vigente e 
tomassem o poder, essa nova ordem se perdurar no tempo será 
válida. 
2.3 Norma jurídica geral e individual 
Antes de compreendermos as normas jurídicas gerais e individuais é 
necessário distinguir o que são normas jurídicas de proposições jurídicas. 
As normas são produzidas pelos órgãos jurídicos a fim de por eles 
serem aplicadas e serem observadas pelos destinatários do Direito 
Já as proposições são juízos hipotéticos que estão em conformidade 
com uma ordem jurídica nacional ou internacional – de acordo com 
os pressupostos fixados por esse ordenamento. 
Assim as preposições são formuladas por pensadores e cientistas 
em seus estudos. Já a normas surgem dos órgãos de poder e são 
impostas a comunidade jurídica. 
O nosso foco aqui são as normas jurídicas, Kelsen distinguiu as normas com 
um caráter geral ou individual. A norma geral é desenvolvida pelo 
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legislador de possui ampla aplicação. Já a norma individual é aquela 
aplicada pelo julgador em sua competência. É um poder jurídico 
conferido ao indivíduo pela ordem jurídica. 
É o Poder Judiciário apenas que pode aplicar a norma geral que lhe cumpre 
aplicar, e assim estabelecer a norma jurídica individual, por meio do 
procedimento jurisdicional. O fato ilícito verificado pelo julgador acarretará 
uma consequência jurídica, pela petição do autor que desencadeou o 
procedimento jurisdicional. 
 
 
 
 
 
QUESTÃO - FCC - DPE-PR - Defensor Público - 2012. 
Um argumento correto quanto à doutrina da norma para Hans Kelsen é: 
 a) Para Kelsen as normas jurídicas são juízos, isto é, enunciados sobre um 
objeto dado ao conhecimento. São apenas comandos do ser. 
 b) Para Kelsen, na obra Teoria Pura do Direito, norma é o sentido de um 
ato através do qual uma conduta é prescrita, permitida ou, especialmente, 
facultada, no sentido de adjudicada à competência de alguém. 
 c) Kelsen não reconhece a distinção entre normas jurídicas e proposições 
normativas. 
 d) Para Kelsen a norma que confere validade a todo o sistema jurídico ou 
conjunto de normas é a norma fundamental que se confunde com a 
Constituição, já que ambas são postas e impostas. 
 e) Segundo Marta Machado, Kelsen, enquanto jusnaturalista, reduz o 
direito à norma, mas desenvolve a noção de direito objetivo enquanto coisa 
devida e a de justiça como Direito Natural. 
Comentários 
a)Errada. A alterativa não descreve a norma jurídica, mas sim a proposição. 
b)Correta. A norma é um ato com sentido jurídico que vai prescrever, 
permitir ou conferir competência para alguém. 
Norma geral
ͻCriada pelo Legislador
ͻAplicada pelo Poder Judiciário
Norma individual 
ͻAplicação de uma norma geral 
a um caso, após a provocação 
do Poder Judiciário 
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c) Errada. As proposições jurídicas são hipóteses próprias do estudo da 
Ciência do Direito, já as normas estão relacionadas ao Direito criado pelo 
Estado e aplicado pelo órgão jurisdicional. 
d)Errada. A norma hipotética fundamental é anterior a Constituição. É uma 
hipótese que fundamenta o ordenamento jurídico. 
e) Errada. A teoria positivista se opõe ao jusnaturalismo, deste modo a 
visão de Kelsen não busca na natureza ou na justiça a fundamentação do 
Direito. 
GABARITO: B. 
2.4 Norma jurídica e discricionariedade do aplicador 
A interpretação é uma operação mental realizada no processo de 
aplicação do Direito. Ela deve levar em consideração a hierarquia das 
normas jurídicas para deduzir qual será aplicada ao caso concreto. 
Na interpretação jurídica existem normas 
determinadas, em que não há dúvida sobre as 
possibilidades de aplicação, e outras que deixam 
certa discricionariedade para o aplicador. 
Kelsen descreve o Direito como uma moldura com 
a qual existem várias possibilidades de aplicação, 
desse modo pode ser dado várias soluções para um 
mesmo caso. 
Podemos extrair duas formas de interpretação de acordo com o 
pensamento kelseniano: a interpretação do Direito pelo órgão que o 
aplica (esta é chamada de autêntica) e aquela que é realizada por um 
estudioso da ciência do Direito (não autêntica). 
A interpretação autêntica cria o Direito, representa a criação de uma 
norma geral. Quando pensamento em um caso concreto é levado para ao 
Tribunal Constitucional e transita em julgado temos um direito individual 
que não pode ser anulado. 
Já a interpretação não autêntica é incapaz de criar Direito. Mesmo 
que os autores do Direito busquem sanar uma lacuna jurídica por meio da 
criação de uma teoria, apenas os intérpretes autênticos têm condição de 
resolvê-la. 
"Sendo assim, a interpretação de uma lei não deve 
necessariamente conduzir a uma única solução comosendo 
a única correta, mas possivelmente a várias soluções que - 
na medida em que apenas sejam aferidas pela lei a aplicar - 
têm igual valor, se bem que apenas uma delas se torne 
Direito positivo no ato do órgão aplicador do Direito - no ato 
do tribunal, especialmente." Kelsen 
Tese A 
Tese B 
Tese C 
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Como o intérprete deve se guiar, já que se pode dar várias soluções 
para um mesmo caso? 
O intérprete deve fazer uso de um método que possibilite ajustar o Direito 
ao caso, mas não pela sua vontade e sim por um exercício da razão. O 
método empregado é um ato intelectual de compreensão e 
intelecção para que frente às possibilidades normativas escolhesse 
aquela que corresponde algo correto e ajustado ao Direito Positivo. 
Kelsen convida o intérprete a analisar o Direito de modo científico 
compreendendo todas as possíveis significações da norma jurídica, 
sabendo das várias interpretações ao escolher uma delas. O autor 
rejeita a ideia de que só há uma solução, e que a interpretação "correta" é 
uma ficção jurídica. 
É preciso compreender a hierarquia das normas jurídicas e fazer uma 
análise que revele todos os significados possíveis, mesmo que 
existam alguns politicamente indesejáveis e até mesmo não 
pretendidos pelo legislador, para assegurar a segurança jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO - CESPE - DPU - Defensor Público Federal - 2015 
Com relação à filosofia do direito, julgue o próximo item. 
Na teoria pura do direito de Kelsen, a interpretação autêntica é realizada 
pelo órgão aplicador do direito, ou seja, tanto pelo Poder Judiciário quanto 
pelo Poder Legislativo. 
Certo ou Errado? 
Comentários: 
A interpretação autêntica dentro do pensamento kelseniano envolve a 
aplicação do Direito pelo órgão julgador. O candidato poderia ficar em 
dúvida em relação a atuação do Poder Legislativo como autêntica. Kelsen 
em sua obra descreve a interpretação autêntica como aquela que cria 
Autêntica
ͻRealizada pelo julgador ou pelo 
legislador. É o Estado interpretando a 
norma ao utilizá-la.
ͻParte de uma norma geral para criar 
uma norma individual.
Não Autêntica
ͻEstudiosos e cientistas do Direito ao 
se debruçar sobre as normas 
interpretam o seu sentido.
ͻNão cria normas. 
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Direitos, é realizada pelos órgãos do Estado e representa uma produção de 
uma norma geral. 
GABARITO: Certo. 
 
QUESTÃO - CESPE - TRF 5ª Região - Juiz Federal Substituto - 2015. 
A prática constitucional brasileira, por se tornar a cada dia mais complexa, 
exige o incremento do estudo da teoria da Constituição com o objetivo de 
se compreender e justificar a atuação cada vez mais proeminente do Poder 
Judiciário. Acerca desse assunto, assinale a opção correta. 
 a) De acordo com o positivismo de Hans Kelsen, a escolha de uma 
interpretação dentro da moldura de possibilidades proporcionada pela 
norma jurídica realiza-se segundo a livre apreciação do tribunal, e não por 
meio de qualquer espécie de conhecimento do direito preexistente. 
 b) Para Ronald Dworkin, princípios constitucionais são conceituados como 
mandamentos de otimização que conduzem à única resposta correta. 
 c) A corrente doutrinária denominada não interpretacionismo defende que 
os juízes, ao decidirem questões constitucionais, devem limitar-se a fazer 
cumprir as normas explícitas ou claramente implícitas na Constituição 
escrita. 
 d) A teoria da Constituição dirigente, por conceber um projeto bastante 
ambicioso e totalizante da Constituição, implica a adoção de uma concepção 
procedimentalista do papel institucional das cortes constitucionais 
 e)Segundo a teoria substancialista, o Poder Judiciário deve decidir os casos 
constitucionais de maneira estreita e rasa, utilizando-se apenas dos 
argumentos estritamente necessários para a solução do litígio, deixando de 
parte questões morais controversas. 
Comentários 
Esta questão envolve o Direito Constitucional, por isso apresenta 
autores diversos em suas alternativas. 
a) Como vimos o positivismo parte das normas jurídicas para a 
interpretação, podem haver várias possibilidades de resolução. Quem tem 
o condão de resolver os critérios de aplicação é unicamente o aplicador do 
Direito. 
b) O pensamento descrito na assertiva é de Alexy que considera os 
princípios como mandamentos de otimização, que conduzem a uma única 
resposta. 
c) A corrente interpretativista compreende que os juízes ao interpretar a 
Constituição devem captar o sentido dos preceitos expressos na 
constituição de modo claro ou indireto. Já o não-interpretativismo prega 
que o julgador pode buscar valores e princípios substantivos para 
interpretar a Constituição. 
d) Quando uma constituição é dirigente não é o enfoque procedimentalista 
que recebe o maior enfoque, mas sim o substancialista. Busca-se os valores 
para proteger minorias e como ferramenta de protagonismo judicial. Já a 
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posição procedimentalista a qual há um foco no papel instrumental da 
Constituição, ligado a regulação do processo de tomada de decisões. 
e) A alternativa destoa do que seria a teoria substancialista a qual está 
ligada a valores e a uma interpretação em prol da efetivação de direitos na 
Constituição. 
GABARITO: A. 
LISTA DAS QUESTÕES DE AULA 
QUESTÃO - FEPESE - DPE-SC - Defensor Público - 2012 
Hans Kelsen afirmou que a teoria pura do direito é uma teoria geral do 
direito positivo. Para ele, o Direito é “uma ordem normativa da conduta 
humana, ou seja, um sistema de normas que regulam o comporta- mento 
humano”. Com o termo norma, Kelsen buscou significar algo que “deve ser 
ou acontecer, especialmente que um homem se deve conduzir de 
determinada maneira” 
Na obra Teoria Pura do Direito , que leva o mesmo nome da teoria de 
Kelsen, o autor afirma que essa teoria pura busca única e exclusivamente 
conhecer o seu próprio objeto, ou seja: 
 a) o que é e como é o Direito. 
 b) como deve ser o Direito. 
 c) como deve ser feito o Direito. 
 d) como deve ser feita a política do Direito. 
 e) como ocorre a relação entre o Direito e as demais áreas do saber. 
GABARITO: A. 
 
QUESTÃO - FCC - DPE-SP - 2013 
Considere as seguintes afirmações sobre a Teoria Pura do Direito de Hans 
Kelsen: 
I. A Teoria Pura do Direito trata o Direito como um sistema de normas 
válidas criadas por atos de seres humanos. 
II. A Teoria Pura do Direito, assumindo o sincretismo metodológico, 
pretende ser a única ciência do Direito possível ou legítima. 
III. A Teoria Pura do Direito limita-se a uma análise estrutural do Direito 
positivo. 
Está correto APENAS o que se afirma em: 
 a) I e III. 
 b) I 
 c) II 
 d) III 
 e) I e II. 
GABARITO: A 
 
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QUESTÃO ADAPTADA - CESPE - DPE-RO - Defensor Público - 2012 
Considerando os conceitos de direito e de moral, julgue o item a seguir: 
Hans Kelsen formulou a teoria da bilateralidade atributiva, asseverando que 
a moral não se distingue do direito, mas o complementa por meio da 
bilateralidade ou intersubjetividade. 
Certo ou errado? 
GABARITO: ERRADA. 
 
QUESTÃO - FCC - DPE-PR - Defensor Público - 2012. 
Um argumento correto quanto à doutrina da normapara Hans Kelsen é: 
 a) Para Kelsen as normas jurídicas são juízos, isto é, enunciados sobre um 
objeto dado ao conhecimento. São apenas comandos do ser. 
 b) Para Kelsen, na obra Teoria Pura do Direito, norma é o sentido de um 
ato através do qual uma conduta é prescrita, permitida ou, especialmente, 
facultada, no sentido de adjudicada à competência de alguém. 
 c) Kelsen não reconhece a distinção entre normas jurídicas e proposições 
normativas. 
 d) Para Kelsen a norma que confere validade a todo o sistema jurídico ou 
conjunto de normas é a norma fundamental que se confunde com a 
Constituição, já que ambas são postas e impostas. 
 e) Segundo Mata Machado, Kelsen, enquanto jusnaturalista, reduz o direito 
à norma, mas desenvolve a noção de direito objetivo enquanto coisa devida 
e a de justiça como Direito Natural. 
GABARITO: B. 
 
QUESTÃO - CESPE - DPU - Defensor Público Federal - 2015 
Com relação à filosofia do direito, julgue o próximo item . 
Na teoria pura do direito de Kelsen, a interpretação autêntica é realizada 
pelo órgão aplicador do direito, ou seja, tanto pelo Poder Judiciário quanto 
pelo Poder Legislativo. 
Certo ou Errado? 
GABARITO: Certo. 
 
QUESTÃO - CESPE - TRF 5ª Região - Juiz Federal Substituto - 2015. 
A prática constitucional brasileira, por se tornar a cada dia mais complexa, 
exige o incremento do estudo da teoria da Constituição com o objetivo de 
se compreender e justificar a atuação cada vez mais proeminente do Poder 
Judiciário. Acerca desse assunto, assinale a opção correta. 
 a) De acordo com o positivismo de Hans Kelsen, a escolha de uma 
interpretação dentro da moldura de possibilidades proporcionada pela 
norma jurídica realiza-se segundo a livre apreciação do tribunal, e não por 
meio de qualquer espécie de conhecimento do direito preexistente. 
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 b) Para Ronald Dworkin, princípios constitucionais são conceituados como 
mandamentos de otimização que conduzem à única resposta correta. 
 c) A corrente doutrinária denominada não interpretacionismo defende que 
os juízes, ao decidirem questões constitucionais, devem limitar-se a fazer 
cumprir as normas explícitas ou claramente implícitas na Constituição 
escrita. 
 d) A teoria da Constituição dirigente, por conceber um projeto bastante 
ambicioso e totalizante da Constituição, implica a adoção de uma concepção 
procedimentalista do papel institucional das cortes constitucionais 
 e)Segundo a teoria substancialista, o Poder Judiciário deve decidir os casos 
constitucionais de maneira estreita e rasa, utilizando-se apenas dos 
argumentos estritamente necessários para a solução do litígio, deixando de 
parte questões morais controversas. 
GABARITO: A. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Chegamos ao final da nossa aula demonstrativa! Tratamos sobre o nosso 
primeiro item: 
 
Nosso intuito primordial foi demonstrar os principais elementos da Filosofia 
de Kelsen. No próximo encontro vamos dedicar nosso estudo para o nosso 
segundo item do edital a obra de Herbert Hart. 
 
kstrapasson@gmail.com 
 
Um abraço e bons estudos! 
Karoline Strapasson 
ͻ Normativismo jurídico kelseniano 
ͻ Teoria pura do direito
ͻ Separação entre ser dever ser
ͻ Relação entre Direito e Moral
ͻ Estática e dinâmica jurídica
Aspectos iniciais de Hans Kelsen
ͻ Norma jurídica fundamental
ͻ Norma jurídica e ordenamento jurídico
ͻ Norma jurídica geral e individual 
ͻ Norma jurídica e discricionariedade do aplicador 
Sobre a norma jurídica
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