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TSE - NOÇÕES DE DIREITO ELEITORAL 
 
Resumo de Direito Eleitoral 
Definição e Finalidade: O Direito Eleitoral é um ramo do Direito Público que assegura a 
identidade da vontade soberana do povo e a formação da vontade política do Estado. Regula o 
exercício da soberania popular, manifestada por meio do sufrágio universal, voto direto, secreto e 
igual, plebiscito, referendo, iniciativa popular de leis, ação popular e outros meios. 
Objeto e Função: O Direito Eleitoral cuida do alistamento eleitoral, aquisição, perda e 
suspensão dos direitos políticos, sistemas eleitorais, propaganda eleitoral, garantias eleitorais, 
crimes e ilícitos eleitorais, eleições, entre outros temas. Sua função principal é assegurar que a 
conquista do poder ocorra dentro de parâmetros legais, sem uso de força ou subterfúgios. 
Distinção entre Direito Eleitoral e Direito Partidário: O Direito Eleitoral abrange 
regras sobre direitos políticos (art. 14 a 16 da CF/1988), enquanto o Direito Partidário trata dos 
partidos políticos (art. 17 da CF/1988). 
Fontes do Direito Eleitoral: 
1. Fontes Materiais: São os fatores sociais, éticos, políticos, econômicos e religiosos que 
influenciam a formação das normas jurídicas, como a atuação de grupos organizados, lobbies 
e manifestações sociais. 
2. Fontes Formais: São os meios pelos quais uma norma jurídica entra na ordem jurídica. 
Incluem: 
o Constituição Federal: Principal fonte, com princípios básicos e regras fundamentais 
do Direito Eleitoral (art. 1º, 14 a 16, 118 a 121). 
o Código Eleitoral (Lei n. 4.737/1965): Regula competências da Justiça Eleitoral, direitos 
políticos, alistamento, sistemas eleitorais, registro de candidaturas, apuração, 
diplomação e crimes eleitorais. Parte do código foi recepcionada pela CF/1988 com 
status de lei complementar, especialmente sobre organização e competências da 
Justiça Eleitoral. 
o Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/1995): Regula partidos políticos e sua filiação, 
crucial para a elegibilidade. 
o Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/1990): Define casos de 
inelegibilidade e prazos de cessação. 
o Lei das Eleições (Lei n. 9.504/1997): Estabelece normas para as eleições. 
o Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): Regulamentações e resoluções 
emitidas pelo TSE, conforme o poder regulamentar conferido pelo Código Eleitoral (art. 
23, IX). 
Poder Regulamentar do Tribunal Superior Eleitoral 
Função e Limitações: O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possui a competência para editar 
resoluções visando a regulamentação do Código Eleitoral, conforme o parágrafo único do art. 1º do 
Código Eleitoral. As resoluções do TSE têm a finalidade de assegurar a execução fiel da legislação 
eleitoral, mas não podem contrariar disposições legislativas, devendo ser secundum ou praeter 
legem (em conformidade ou além da lei, sem inovar no ordenamento jurídico). 
Exercício do Poder Regulamentar: 
• Art. 105 da Lei n. 9.504/1997: Determina que até 5 de março do ano eleitoral, o TSE pode 
expedir todas as instruções necessárias para a execução da lei eleitoral, ouvindo previamente 
os representantes dos partidos políticos em audiência pública. 
• Restrições: A competência normativa do TSE está limitada às matérias especificamente 
autorizadas em lei. O art. 23-A do Código Eleitoral, inserido pela Lei n. 14.211/2021, proíbe o 
TSE de tratar de assuntos relativos à organização dos partidos políticos. 
• Controle de Legalidade: Resoluções que contrariem a legislação podem ser questionadas 
por meio de mandado de segurança ou recurso, mas não por ação direta de 
inconstitucionalidade. No entanto, se inovarem no ordenamento jurídico, podem ser 
contestadas via ação direta de inconstitucionalidade. 
Exceções para Inovação no Ordenamento Jurídico: De forma excepcional e transitória, o Supremo 
Tribunal Federal (STF) permitiu que o TSE edite resoluções que inovem no ordenamento jurídico nas 
seguintes condições: 
1. Relevância e Urgência da Matéria. 
2. Omissão do Congresso Nacional no Exercício da Função Legislativa. 
Essas resoluções terão efeito até que o Congresso Nacional suprima a omissão. Um exemplo é a ADI 
n. 3.999, onde o STF reconheceu a constitucionalidade da Resolução do TSE n. 22.610/2007, que 
trata da fidelidade partidária. 
Competência Legislativa: 
• Competência Privativa da União: Apenas a União pode legislar sobre Direito Eleitoral, 
conforme art. 22, I, da CF/1988, e essa competência é exercida pelo Congresso Nacional com 
a sanção do presidente da República (art. 48 da CF/1988). 
• Legislação Ordinária e Complementar: 
o Lei Ordinária: Usada para a maioria dos temas eleitorais, como alistamento, eleição, 
propaganda eleitoral, financiamento de campanha e condições de elegibilidade. 
o Lei Complementar: Necessária para tratar de inelegibilidades infraconstitucionais (art. 
14, § 9º da CF/1988) e para a organização e competências da Justiça Eleitoral (art. 121 
da CF/1988). 
Direitos Políticos na Constituição Brasileira: Uma Análise Detalhada 
1. Previsão Constitucional dos Direitos Políticos 
A Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, representa a base jurídica do sistema político 
do país. Uma de suas partes mais fundamentais é a previsão dos direitos políticos, que garantem aos 
cidadãos a participação ativa na vida política e na tomada de decisões do Estado. 
2. Exercício da Soberania Popular 
Os direitos políticos são essenciais para o exercício da soberania popular, um dos princípios 
fundamentais da democracia. Através do sufrágio e do voto, os cidadãos expressam suas vontades e 
escolhem os representantes que os governarão. 
3. Direitos Políticos: Conceito e Definição 
Os direitos políticos englobam um conjunto de prerrogativas e deveres que permitem aos cidadãos 
participar ativamente do processo político de uma nação. Eles garantem não apenas o direito ao 
voto, mas também o direito de ser votado, de se filiar a partidos políticos e de participar de 
plebiscitos e referendos. 
4. Direitos Políticos: Previsão na Constituição Federal 
A Constituição Federal de 1988 estabelece os direitos políticos como um dos pilares do Estado 
Democrático de Direito. Ela prevê os principais direitos políticos dos cidadãos brasileiros e 
estabelece as regras para seu exercício. 
5. Classificação dos Direitos Políticos 
• Direitos Políticos Ativos e Passivos: Os direitos políticos ativos referem-se à participação 
direta do cidadão no processo político, como o direito de votar e ser votado. Os direitos 
políticos passivos, por sua vez, dizem respeito à possibilidade de uma pessoa ser eleita para 
cargos públicos. 
• Direitos Políticos Positivos e Negativos: Os direitos políticos positivos são aqueles que 
conferem prerrogativas aos cidadãos, como o direito de votar e de se candidatar a cargos 
eletivos. Já os direitos políticos negativos são restrições impostas a determinadas pessoas, 
como a proibição de se candidatar em razão de inelegibilidade. 
6. Direito ao Sufrágio 
O direito ao sufrágio é a garantia fundamental de que todo cidadão tem o direito de participar do 
processo eleitoral, expressando sua vontade através do voto. 
7. Direito ao Voto: Características 
O direito ao voto é uma das principais formas de participação política do cidadão. Caracteriza-se por 
ser universal, secreto, igual, direto e periódico, garantindo assim a legitimidade do processo eleitoral. 
8. Plebiscito e Referendo 
Além do direito ao voto nas eleições regulares, a Constituição Federal prevê outras formas de 
participação popular, como o plebiscito e o referendo. Esses instrumentos permitem que os cidadãos 
participem diretamente da tomada de decisões em assuntos de relevância nacional. 
9. Alistamento Eleitoral: Conceito e Requisitos 
O alistamento eleitoral é o processo pelo qual os cidadãos se inscrevem para participar das eleições. 
Para se alistar, é necessário preencher certos requisitos, como ter nacionalidade brasileira, estar em 
pleno gozo dos direitos políticos e possuirinfluenciam a opinião popular e a orientação 
política do país”. 
Para fixar, Celso Ribeiro Bastos afirma que “trata-se de uma organização de pessoas reunidas em 
torno de um mesmo programa político com a finalidade de assumir o poder e de mantê-lo ou, ao 
menos, de influenciar na gestão da coisa pública através de críticas e oposição”. 
A partir desses dois conceitos, pode-se tirar alguns elementos importantes: 
• Trata-se de uma associação de pessoas; 
• Pessoas unidas em torno de um mesmo programa ou mesma ideologia política; 
• Querem, de forma legítima, acessar o poder e definir a gestão da coisa pública. 
Quanto à natureza jurídica, os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado. Essa 
caracterização está contida no art. 44 do Código Civil. 
Disposições Preliminares 
A Constituição inicia o tratamento da disciplina partidária com a consagração de um importante 
princípio: princípio da liberdade de organização partidária. Determina a Constituição, em seu art. 17, 
caput: “É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos [...]”. 
Há uma ampla liberdade para a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos. O 
Estado não pode impor limites ou criar barreiras à organização de novas agremiações partidárias. 
Esse princípio da liberdade de organização partidária envolve quatro operações partidárias: 
• Criação – organização de uma nova agremiação partidária; 
• Fusão – união de dois ou mais partidos, com o consequente surgimento de uma terceira 
agremiação. Os partidos originários extinguem-se; 
• Incorporação – união de dois ou mais partidos políticos. Ao final do processo de incorporação, 
o partido incorporador mantém sua personalidade jurídica e os partidos incorporandos 
extinguem-se. 
• Extinção – perda da personalidade jurídica de um partido político. 
Para a prática de quaisquer dessas operações partidárias, não há necessidade de aquiescência, 
homologação ou autorização da Justiça Eleitoral. Lembre-se: os partidos políticos são pessoas 
jurídicas de direito privado. 
Dúvida que pode surgir: quer dizer que o princípio da liberdade de organização partidária é absoluto? 
Não há limites à criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos? 
A própria Constituição, no mesmo art. 17, caput, responde essa nossa indagação: “É livre a criação, 
fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime 
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana [...]”. 
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO 
1ª FASE – REGISTRO DO PARTIDO POLÍTICO NO CARTÓRIO 
O processo de formação de uma nova agremiação partidária é composto por três fases, conforme 
delineado nos artigos 7º a 9º da Lei dos Partidos Políticos. Inicialmente, abordaremos a primeira fase, 
que consiste no registro do partido político no Cartório de Registro Civil e de Pessoas Jurídicas. Desde 
a Lei n. 13.877/2019, não é mais necessário registrar o partido político na Capital Federal, mas sim no 
local definido pelo estatuto partidário como sua sede. 
Ressalta-se que, para o registro, é necessário o requerimento assinado por pelo menos 101 
fundadores, com domicílio eleitoral em, no mínimo, 1/3 dos estados. Além disso, o pedido deve ser 
acompanhado de cópia autêntica da ata da reunião de fundação, exemplares do Diário Oficial que 
publicou o programa e o estatuto, e uma relação completa dos fundadores. 
2ª FASE – BUSCA DO APOIAMENTO MÍNIMO 
Na segunda fase, o partido político busca o apoiamento mínimo necessário para comprovar seu 
caráter nacional. Esse apoio é definido como o equivalente a pelo menos meio por cento dos votos 
dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuídos por um terço dos estados, 
com um mínimo de um décimo por cento do eleitorado em cada um deles. 
Para obter o apoiamento mínimo, o partido deve preencher três requisitos: obter apoio de eleitores, 
buscar assinaturas em pelo menos um terço dos estados, e obter assinaturas correspondentes a 
pelo menos um décimo por cento do eleitorado em cada estado onde busca apoio. Esse processo 
deve ser concluído dentro de dois anos a partir da constituição civil do partido. 
3ª FASE – REGISTRO DO ESTATUTO DO PARTIDO NO TSE 
Após adquirir a personalidade jurídica e obter o apoiamento mínimo, o partido político deve registrar 
seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse registro não confere a personalidade jurídica, 
que é obtida com o registro no Cartório de Registro Civil e de Pessoas Jurídicas da Capital Federal. 
O registro no TSE é necessário para o exercício de diversos direitos, como participação no processo 
eleitoral, recebimento de recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e televisão. O 
requerimento de registro deve ser acompanhado de diversos documentos, incluindo cópia do 
programa e estatuto, certidão do registro civil da pessoa jurídica, e certidões dos cartórios eleitorais 
que comprovem o apoiamento mínimo. 
FEDERAÇÕES PARTIDÁRIAS 
A Lei n. 14.208/2021 estabeleceu a possibilidade de formação de federações partidárias, 
constituídas por partidos políticos com registro definitivo no TSE. Essas federações têm 
personalidade jurídica pro tempore e são formadas para exercer conjuntamente suas funções, 
inclusive disputar eleições. 
As federações partidárias são uma modalidade de união de partidos políticos, permitindo o exercício 
conjunto das atividades partidárias, como participação no processo legislativo e distribuição de 
recursos do fundo partidário. Para sua constituição, são necessários requisitos como a observância 
dos partidos integrantes por no mínimo quatro anos e o registro no TSE até seis meses antes das 
eleições. 
DO PROGRAMA E DO ESTATUTO 
Todo partido político possui dois documentos fundamentais: o estatuto e o programa. Cada um tem 
sua própria finalidade e é essencial para a organização e funcionamento da agremiação. Vamos 
explorar as características distintas de cada um. 
Estatuto Partidário: Organização e Estrutura Interna 
O estatuto partidário é o documento que trata da organização, funcionamento e estrutura interna do 
partido. É essencialmente organizacional e define como a agremiação é administrada. Por sua vez, o 
programa partidário contém a ideologia e os objetivos políticos do partido. 
De acordo com o artigo 15 da Lei n. 9.096/1995, o estatuto deve conter no mínimo: 
• Nome, denominação abreviada e sede no território nacional; 
• Regras de filiação e desligamento de membros; 
• Direitos e deveres dos filiados; 
• Estrutura organizacional nos níveis municipal, estadual e nacional, incluindo duração de 
mandatos e processo eleitoral; 
• Normas de fidelidade e disciplina partidárias, com procedimentos para apuração de infrações 
e aplicação de penalidades; 
• Regras para escolha de candidatos a cargos eletivos; 
• Normas financeiras e contábeis; 
• Critérios de distribuição de recursos do fundo partidário entre os órgãos do partido; 
• Procedimento para reforma do programa e do estatuto. 
Apesar de não estar diretamente relacionado ao estatuto e programa partidário, o artigo 15-A aborda 
a responsabilidade dos órgãos partidários por atos civis, trabalhistas e eleitorais, especificando que 
apenas o órgão diretamente envolvido é responsável. 
FILIAÇÃO PARTIDÁRIA 
A filiação partidária é o vínculo entre um cidadão e um partido político, sendo um requisito para 
concorrer a cargos eletivos. Segundo o artigo 16 da Lei n. 9.096/1995, só pode se filiar quem estiver 
no pleno gozo de seus direitos políticos. 
É importante observar alguns pontos sobre a filiação: 
• A filiação é restrita a cidadãos alistados perante a Justiça Eleitoral; 
• A perda ou suspensão dos direitos políticos impede a filiação; 
• Inelegíveis podem se filiar, exceto para cargos eletivos; 
• A filiação deve obedecer às regras estatutárias do partido; 
• É necessário um período mínimo de filiação para concorrer a cargos eletivos. 
O prazo mínimo defiliação pode ser alterado pelo estatuto do partido, mas com limitações, como 
não reduzir o prazo em ano eleitoral. 
FIDELIDADE E DISCIPLINA PARTIDÁRIA 
Os partidos políticos têm autonomia para organizar-se e estabelecer normas de disciplina e 
fidelidade partidárias em seus estatutos, conforme previsto no artigo 17, § 1º da Constituição 
Federal. A violação dessas normas deve ser apurada e punida conforme o estatuto de cada partido, 
garantindo o contraditório e ampla defesa aos filiados. 
A infidelidade partidária, caracterizada pela mudança de partido sem justa causa, pode resultar na 
perda do mandato parlamentar. Essa questão é regulada por lei e pelas resoluções do Tribunal 
Superior Eleitoral. 
PERDA DE MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA - CARGOS 
Até 2007, os parlamentares podiam trocar de partido sem punição. Porém, uma decisão do Tribunal 
Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal estabeleceu que o mandato pertence ao partido, 
não ao candidato. Assim, mudanças de partido podem resultar na perda do mandato, especialmente 
no sistema proporcional. 
Existem hipóteses de desfiliação partidária consideradas justas, como mudança substancial do 
programa partidário, grave discriminação pessoal e mudança de partido próximo ao prazo de filiação 
eleitoral. 
A reforma eleitoral de 2017 introduziu uma nova hipótese de desfiliação justificada: a falta de acesso 
a recursos do fundo partidário e ao tempo de rádio e TV devido à cláusula de barreira. 
HIPÓTESES DE JUSTA CAUSA DE DESFILIAÇÃO 
O Tribunal Superior Eleitoral estabeleceu hipóteses permissíveis de desfiliação partidária, como 
mudança substancial do programa partidário, discriminação política pessoal e mudança próxima ao 
prazo de filiação eleitoral. 
A mudança de partido próxima ao prazo de filiação é permitida apenas para parlamentares no último 
ano de mandato. A EC n. 111/2021 introduziu a carta de anuência como nova justificativa para 
desfiliação partidária, permitindo que o parlamentar deixe o partido sem perder o mandato mediante 
autorização da agremiação. 
DA FUSÃO, INCORPORAÇÃO E EXTINÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS 
Partidos políticos podem ser extintos licitamente por dissolução, fusão ou incorporação. Na 
dissolução, ocorre por decisão interna dos membros do partido. Na fusão, dois ou mais partidos se 
unem para formar um novo. Na incorporação, um partido absorve os outros. Todos esses processos 
respeitam o princípio da liberdade partidária. 
Por outro lado, há situações ilícitas que levam ao cancelamento do registro do partido, como receber 
recursos estrangeiros, estar subordinado a entidades estrangeiras, não prestar contas à Justiça 
Eleitoral e manter organização paramilitar. Essas ações são decididas pelo Tribunal Superior Eleitoral 
e resultam na extinção do partido. 
Sistemas Eleitorais: Organização e Funcionamento 
O sistema eleitoral constitui um conjunto de disposições destinadas a estruturar a representação do 
eleitorado e regular os procedimentos das eleições. Trata-se de uma estrutura complexa e dinâmica 
que visa garantir a representação do povo no aparato estatal, mediante a captação eficiente e 
imparcial da vontade popular expressa democraticamente. 
Objetivos Fundamentais 
O sistema eleitoral desempenha duas funções primordiais: organizar as eleições e transformar os 
votos em mandatos políticos. Além disso, busca assegurar a legitimidade dos mandatos eletivos, 
fortalecer as relações entre representantes e representados, e promover a representação dos 
diversos grupos sociais. Para alcançar tais objetivos, é essencial a implementação de um sistema 
eleitoral confiável, dotado de técnicas seguras e transparentes. 
Segundo a Constituição Federal brasileira, são adotados dois tipos de sistemas eleitorais: o 
majoritário e o proporcional. 
Tipos de Sistemas Eleitorais 
Existem duas espécies básicas de sistemas eleitorais: 
• Representação Proporcional: Permite uma distribuição mais equitativa dos votos e 
resultados, garantindo uma maior representatividade. 
• First Past The Post (FPTP) - Majoritário: Os grupos ou candidatos são eleitos com base na 
obtenção da maioria dos votos, independentemente da diferença. 
Sistema Majoritário: Princípios e Aplicações 
No sistema majoritário, o candidato mais votado é considerado eleito, sendo o sistema dividido em 
dois tipos: 
• Maioria Simples ou Relativa: O candidato mais votado, independentemente do percentual de 
votos, é eleito em um único turno. 
• Maioria Absoluta: O candidato deve obter mais da metade dos votos válidos. Se nenhum 
candidato alcançar esse percentual, é realizado um segundo turno, onde o vencedor precisa 
da maioria simples dos votos válidos. 
Esse sistema é aplicado nas eleições para presidente, governador, prefeito e senador. 
Sistema Proporcional: Princípios e Funcionamento 
O sistema proporcional busca garantir uma representação mais equitativa dos diferentes segmentos 
da sociedade no parlamento. Ele leva em conta não apenas os votos recebidos pelos candidatos, 
mas também os votos recebidos pelos partidos, distribuindo as cadeiras de acordo com esses 
resultados. 
Esse sistema é utilizado nas eleições para deputados federais, estaduais, distritais e vereadores. 
TÉCNICA DA MAIOR MÉDIA 
Distribuição das Sobras Eleitorais 
Após o cálculo do quociente partidário, os lugares não preenchidos são distribuídos usando a técnica 
da maior média. Esta técnica envolve dividir o número de votos válidos de cada partido pelo número 
de lugares que ele conquistou mais um. O partido com a maior média ganha um dos lugares a 
preencher. Este processo é repetido para cada vaga restante, conforme estabelecido pelo art. 109 do 
Código Eleitoral. 
Regras para Distribuição das Sobras 
1. Divide-se o número de votos válidos de cada partido pelo número de lugares que conquistou 
mais um. O partido com a maior média ganha um dos lugares a preencher, desde que tenha 
candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima. 
2. Repete-se a operação para cada vaga a preencher. 
3. Quando não houver mais partidos com candidatos que atendam às exigências do item 
anterior, as cadeiras serão distribuídas aos partidos com as maiores médias. 
Cálculo da Técnica da Maior Média 
A fórmula matemática para a técnica da maior média é: 
TMM=nuˊmero de votos do partidonuˊmero de cadeiras conquistadas+1\text{TMM} = 
\frac{\text{número de votos do partido}}{\text{número de cadeiras conquistadas} + 
1}TMM=nuˊmero de cadeiras conquistadas+1nuˊmero de votos do partido 
Exemplo Didático 
Para exemplificar, vamos considerar um município com nove cargos de vereador e 50.000 votos 
válidos. Os votos recebidos pelos partidos foram: 
• Partido A: 12.000 votos 
• Partido B: 15.000 votos 
• Partido C: 4.000 votos 
• Partido D: 19.000 votos 
Inicialmente, calculamos o quociente eleitoral, que neste caso é 5.556. Depois, calculamos o 
quociente partidário de cada partido, que nos permite preencher sete vagas. Sobram duas cadeiras, 
então aplicamos a técnica da maior média para preenchê-las. 
Resultados: 
• Partido A: 2 cadeiras 
• Partido B: 3 cadeiras 
• Partido D: 4 cadeiras 
Com isso, determinamos as vagas conquistadas pelos partidos, conforme o Código Eleitoral. Os 
candidatos mais votados de cada partido são eleitos, e os demais são considerados suplentes. 
SISTEMA BICAMERAL FEDERATIVO 
No Brasil, o Poder Legislativo é composto por duas Casas: o Senado Federal e a Câmara dos 
Deputados. O Senado tem 81 senadores, enquanto a Câmara possui 513 deputados federais. Nos 
estados, a composição é unicameral, com o número de deputados estaduais correspondendo ao 
triplo dos deputados federais. 
Eleições e Sistemas Eleitorais 
As eleições para diversos cargos seguem diferentes sistemas eleitorais, como o majoritário de dois 
turnos para presidente, governador e prefeito de municípios com mais de 200 mil eleitores, e o 
proporcional para senadores, deputados federais, estaduais, distritais e vereadores. As datas das 
eleições sãoestabelecidas pela Lei das Eleições. 
SUPLÊNCIA 
O suplente é o candidato mais votado de um partido entre os não eleitos. Em caso de empate na 
votação, o de maior idade é considerado. Se houver vacância no cargo, realiza-se uma nova eleição, 
salvo se faltarem menos de quinze meses para o término do mandato. 
VACÂNCIA PARA OS CARGOS DE PRESIDENTE E VICEPRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Em caso de vacância desses cargos, são realizadas eleições noventa dias depois da última vaga. Se 
ocorrer nos últimos dois anos do mandato, a eleição é feita trinta dias depois, pelo Congresso 
Nacional. 
 
 
ELEIÇÕES 
No Brasil, a legislação eleitoral costumava ser criada para cada eleição, o que levava a normas 
casuísticas e influenciadas pelo grupo político dominante. Isso comprometia a lisura do pleito. A fim 
de garantir isonomia e segurança jurídica, surgiu a Lei n. 9.504/1997, conhecida como Lei das 
Eleições. Esta lei visava disciplinar todas as eleições futuras, exigindo do legislador uma atuação 
mais imparcial, já que o grupo político dominante poderia mudar. 
Apesar da existência da Lei das Eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) emite instruções 
complementares para sua execução, respeitando os direitos estabelecidos em lei. O processo de 
elaboração dessas instruções envolve audiências públicas com representantes partidários para 
contribuir com sua formação. 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
As eleições para todos os cargos, do presidente ao vereador, ocorrem no primeiro domingo de 
outubro. No entanto, as eleições para vereador, prefeito e vice-prefeito são realizadas em anos 
diferentes dos demais cargos. 
Os eleitos para presidente, governador e prefeito (em municípios com mais de 200 mil eleitores) são 
aqueles que obtiverem maioria absoluta de votos, excluindo brancos e nulos. Se nenhum candidato 
alcançar maioria absoluta no primeiro turno, uma nova eleição é realizada, concorrendo os dois mais 
votados. 
A maioria absoluta é calculada como o primeiro número inteiro acima da metade do eleitorado, não 
como "metade mais um". Por exemplo, em um eleitorado de 1.001 pessoas, a maioria absoluta seria 
de 501 votos, não 501,5. 
REALIZAÇÃO DE SEGUNDO TURNO – REQUISITOS 
Para presidente e governador, um segundo turno é necessário se nenhum candidato obtiver maioria 
absoluta. Para prefeito, o segundo turno só ocorre se nenhum candidato alcançar maioria absoluta e 
o município tiver mais de 200 mil eleitores. 
Em caso de morte, desistência ou impedimento legal do candidato titular entre os turnos, o 
remanescente com maior votação é convocado. Se houver empate, o mais idoso é chamado. Essa 
regra se aplica apenas quando o titular da chapa é afetado. 
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE DA CHAPA ÚNICA MAJORITÁRIA 
A eleição do presidente, governador e prefeito implica na eleição do vice, seguindo o princípio da 
indivisibilidade da chapa única majoritária. Portanto, a perda do mandato de um afeta o do outro, 
conforme jurisprudência do TSE. 
Este princípio é aplicado quando há cancelamento do registro do titular após o pleito, atingindo o 
registro do vice. Ambos são penalizados por irregularidades eleitorais, garantindo a integridade da 
chapa. 
COLIGAÇÕES 
A definição de coligação é crucial para entendermos este tema complexo. Segundo Zilio (2012, p. 67), 
"A coligação é uma união formal de partidos políticos, de caráter transitório, para o fim de 
participarem juntos em uma eleição". 
A formação de uma coligação ocorre mediante a vontade formal de partidos políticos, registrada em 
ata de convenção entre 20 de julho e 5 de agosto do ano eleitoral. Esta ata é registrada em livro aberto 
e rubricada pela Justiça Eleitoral (art. 8º da LE). 
Durante a convenção partidária, é possível delegar à Comissão Executiva ou a outro órgão partidário 
a formação da coligação ou a escolha de candidatos, até 5 de julho do ano da eleição (TSE, Respe 
26.763, J. 21/9/2006). 
Independentemente da homologação pela Justiça Eleitoral, a coligação existe a partir do acordo de 
vontade dos partidos políticos (TSE, Respe 25015, DJ 30/9/2005). 
Após a formação da coligação, os partidos perdem sua autonomia no processo eleitoral perante a 
Justiça Eleitoral. A coligação, então, assume uma natureza de "superpartido", com prerrogativas e 
obrigações, e somente os representantes da coligação podem agir perante a Justiça Eleitoral (STF, 
30260, DJE 29/8/2011). 
Legitimidade de Atuação 
Os partidos coligados não têm legitimidade para atuar isoladamente na Justiça Eleitoral (TSE, Respe 
21970, Publicado em sessão de 18/9/2004). No entanto, podem questionar a validade da própria 
coligação durante o período entre a convenção e o prazo final para impugnação do registro de 
candidatos (art. 6º, § 4º, da LE). 
Esta limitação de atuação isolada inicia-se com a formação da coligação e termina após o dia da 
eleição. Após esse período, os partidos podem atuar individualmente (TSE, Respe 25547, DJ 
21/2/2007). 
Efeitos Pós-Eleição 
Após a eleição, os efeitos da coligação continuam a existir, determinando a ordem de ocupação dos 
cargos e o exercício dos mandatos conquistados (STF, 30260, DJE 29/8/2011). 
No entanto, esses efeitos não eliminam a natureza transitória da coligação, que se extingue 
automaticamente com o fim do pleito, exceto em casos específicos. No entanto, a Justiça Eleitoral 
deve evitar o desfazimento intempestivo de coligações sem seguir as regras de substituição de 
candidatos, para proteger os direitos dos candidatos e a integridade das eleições. 
Proibição de Coligações Proporcionais 
A Emenda Constitucional nº 97/2017 proibiu coligações para eleições proporcionais, admitindo-as 
apenas para as eleições de presidente, governador, prefeito e senador da república. O artigo 6º da Lei 
nº 9.504/1997 permite aos partidos políticos formar coligações para eleições majoritárias dentro da 
mesma circunscrição. 
Verticalização de Coligações 
Antes da EC 97/2017, havia uma regra de verticalização de coligações, onde os partidos que 
formavam uma coligação para a eleição presidencial não podiam formar coligações diferentes para 
outras eleições. No entanto, essa regra foi revogada pela EC 52/2006. 
Essas são as principais considerações sobre coligações, desde sua formação até seus efeitos após 
as eleições. 
 
ESCOLHA EM CONVENÇÃO PARTIDÁRIA 
A escolha dos candidatos para concorrerem às eleições ocorre mediante convenção partidária, uma 
assembleia realizada pelos partidos políticos conforme as normas do estatuto partidário. Essas 
convenções não apenas definem os candidatos, mas também proporcionam um espaço para 
discussão sobre os rumos do partido e a possível formação de coligações, fundamentais para a 
estratégia política em uma eleição. 
Todos os candidatos devem ser escolhidos em convenção partidária, já que a filiação partidária é 
uma das condições de elegibilidade estabelecidas pela Constituição. Não há candidaturas avulsas, o 
que ressalta a importância desse processo interno para a democracia representativa. 
As convenções partidárias ocorrem em três níveis da federação: 
• Nacional: destinada a escolher os candidatos a presidente, vice-presidente e deliberar sobre 
coligações em âmbito nacional. 
• Estadual: responsável pela escolha dos candidatos a governador, vice-governador, deputado 
federal, deputado estadual e senador, além de discutir coligações estaduais. 
• Municipal: voltada para a definição dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, e 
também para deliberar sobre coligações municipais. 
PRAZO DE REALIZAÇÃO 
As convenções devem ser realizadas entre 20 de julho e 5 de agosto do ano eleitoral. Esse período foi 
estabelecido para garantir que as decisões partidárias ocorram com antecedência suficiente para a 
organização do pleito. Após a convenção, a ata deve ser lavrada e publicada para garantir 
transparência e dar publicidade às deliberações. 
É importante ressaltar que após 5 de agosto não são permitidas alterações na composição das 
coligações nem substituiçõesde candidatos, salvo em casos excepcionais previstos em lei. 
PROCEDIMENTOS 
Os procedimentos das convenções devem seguir as normas do estatuto do partido. Na ausência 
dessas normas, o órgão de direção nacional do partido estabelece os procedimentos, publicando-os 
no Diário Oficial da União até 180 dias antes das eleições. Esses procedimentos incluem o quórum 
de abertura da convenção, o quórum de aprovação de suas decisões, quem pode votar e outros 
aspectos organizacionais. 
Nas convenções, além da escolha dos candidatos, define-se se haverá formação de coligação. Em 
algumas situações excepcionais, a convenção pode delegar essa decisão a um órgão do partido, 
desde que a decisão final seja tomada até 5 de julho, data limite para o registro de candidaturas. 
ANULAÇÃO DE CONVENÇÃO PARTIDÁRIA 
Se uma convenção municipal decidir de forma contrária ao que foi estabelecido pela convenção 
nacional ou pelo órgão de direção nacional, o último pode anular a deliberação e os atos dela 
decorrentes, não sendo necessário convocar outra convenção nacional para isso. A anulação deve 
ser comunicada à Justiça Eleitoral em até 30 dias após o prazo final para registro de candidatos. 
Se novos candidatos precisarem ser escolhidos após a anulação, o pedido de registro deve ser feito à 
Justiça Eleitoral em até 10 dias após o fato, permitindo o registro mesmo após o prazo final 
estabelecido. 
CANDIDATURA NATA 
A chamada "candidatura nata", que garantia a detentores de mandato o direito ao registro de 
candidatura para o mesmo cargo pelo partido, foi declarada inconstitucional pelo STF por violar 
princípios constitucionais como a autonomia partidária e a isonomia entre candidatos. Essa decisão 
fortaleceu os princípios democráticos ao nivelar as condições de disputa entre todos os postulantes 
a cargos eletivos. 
UTILIZAÇÃO DE PRÉDIOS PÚBLICOS 
Os partidos podem utilizar prédios públicos gratuitamente para realizar suas convenções, e essa 
possibilidade se estende a eventos similares relacionados à atividade partidária. Em caso de danos 
decorrentes desses eventos, os partidos são responsáveis por repará-los, demonstrando a 
responsabilidade que acompanha o exercício da democracia e da participação política. 
 
REGISTRO DE CANDIDATURA: 
NATUREZA JURÍDICA 
O processo de registro de candidatura é um procedimento administrativo que estabelece uma 
relação jurídica entre o requerente, aquele que deseja se candidatar, e o órgão da Justiça Eleitoral 
responsável pela análise do pedido. Este órgão pode ser um juiz eleitoral, para cargos de prefeito ou 
vereador; um Tribunal Regional Eleitoral, para deputados estaduais, federais, senadores ou 
governadores; e o TSE, para a presidência da República. O Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação 
Originária n. 510 de 26/8/1998, confirmou a natureza administrativa do pedido de registro de 
candidatura. No entanto, esse procedimento pode adquirir uma dimensão judicial caso haja 
impugnação ao pedido, o que altera a relação jurídica para uma natureza angular, tornando a questão 
judicial. Esta transformação é evidenciada pela inclusão da impugnação nos autos do pedido de 
registro de candidatura, com reautuação para constar na capa do processo os nomes do impugnante 
e do impugnado. Portanto, o registro de candidatura começa como um processo administrativo e 
pode assumir um caráter judicial durante sua tramitação, dependendo da presença de impugnações. 
REQUISITOS 
O pedido de registro de candidatura é feito pelo partido ou coligação após as convenções partidárias, 
e deve ser instruído com diversos documentos, incluindo a ata da convenção, autorização do 
candidato, prova de filiação partidária, declaração de bens, título eleitoral, certidão de quitação 
eleitoral, certidões criminais, fotografia do candidato e propostas defendidas pelo candidato. 
PRAZO PARA REGISTRO DE CANDIDATURA 
Os partidos e coligações devem solicitar o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 
15 de agosto do ano eleitoral. Caso o partido ou coligação não solicite o registro, os candidatos 
podem fazê-lo perante a Justiça Eleitoral nas 48 horas seguintes à publicação da lista dos candidatos 
que tiveram seus pedidos requeridos pelos partidos políticos. 
DA QUANTIDADE DE CANDIDATOS 
Cada partido pode registrar até 100% do número de lugares a preencher mais 1 (um) para cargos de 
deputados, vereadores, e outros, em todas as esferas da federação. Se as convenções não indicarem 
o número máximo de candidatos, os órgãos de direção dos partidos podem preencher as vagas 
remanescentes até sessenta dias antes do pleito. 
DO PERCENTUAL DE VAGAS DE CADA SEXO 
Os partidos devem preencher no mínimo 30% e no máximo 70% das vagas com candidatos de cada 
sexo, observando o número efetivo de candidatos apresentados. 
IDENTIFICAÇÃO DOS CANDIDATOS 
A identificação dos candidatos é feita tanto nominal quanto numericamente, seguindo critérios 
estabelecidos pela legislação eleitoral. 
SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATOS 
A substituição de candidatos pode ocorrer em determinadas circunstâncias, como indeferimento do 
registro, cassação, renúncia ou falecimento, seguindo prazos e procedimentos estabelecidos pela 
legislação eleitoral. 
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATOS (AIRC) 
Após a publicação do edital com a relação dos pré-candidatos, inicia-se o prazo de cinco dias para 
impugnação da candidatura, por meio da AIRC, um instrumento processual que visa ao 
indeferimento do registro de candidatura. São legitimados para propor a AIRC o Ministério Público, os 
partidos políticos, as coligações e os próprios candidatos. A AIRC é processada perante a Justiça 
Eleitoral e segue um rito específico, com prazos e procedimentos estabelecidos em lei. 
CANCELAMENTO DO REGISTRO 
O cancelamento do registro de candidatura pode ocorrer caso o candidato seja expulso do partido, 
após processo com garantia de ampla defesa e observância das normas estatutárias, mediante 
solicitação do partido e decisão da Justiça Eleitoral. 
 
PROPAGANDA ELEITORAL 
A propaganda eleitoral é uma ferramenta crucial onde partidos políticos e candidatos buscam 
conquistar votos do eleitorado para eleger representantes nos cargos eletivos. É por meio dela que se 
demonstra ao eleitorado quem é o candidato mais qualificado para ocupar determinada posição em 
disputa. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, propaganda eleitoral constitui um ato que visa 
divulgar a candidatura, a ação política ou as razões que sugerem que o beneficiário seja o mais apto 
para a função pública (AI n. 9936, DJe de 5/8/2010). 
Distinta da propaganda partidária, que aborda a história, missão, valores e programas do partido 
político, a propaganda eleitoral foca nos candidatos e em seus projetos individuais para convencer os 
eleitores a votarem neles. 
Além disso, difere da propaganda intrapartidária, onde o foco está nos filiados do partido com direito 
a voto para escolher o candidato em convenção, e só pode ocorrer nos quinze dias que antecedem 
essas convenções. 
Regulada pelo Código Eleitoral (art. 240 a 256) e pela Lei das Eleições (art. 36 a 57, alterados pelas 
Leis n. 11.300/2006 e n. 12.034/2009), a propaganda eleitoral é um direito dos partidos, coligações e 
candidatos, sujeito a restrições e sanções legais, mas que deve ser exercido dentro dos limites 
estabelecidos pela legislação. 
PROPAGANDAS ELEITORAIS VEDADAS 
O Código Eleitoral lista diversos tipos de conteúdos que não podem ser veiculados na propaganda 
eleitoral, incluindo mensagens de guerra, incitação à violência, desobediência à lei, oferta de 
vantagens financeiras, perturbação do sossego público, entre outros. 
PROPAGANDA ELEITORAL – PODER DE POLÍCIA 
A propaganda eleitoral está sujeita ao controle da Justiça Eleitoral, que fiscaliza e aplica sanções para 
punir irregularidades. O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral é exercido pelos juízes 
eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais Eleitorais. Essepoder se restringe a 
tomar medidas para inibir práticas ilegais, sem censura prévia sobre o conteúdo dos programas a 
serem exibidos na televisão, rádio ou internet. 
PERÍODO DE REALIZAÇÃO DA PROPAGANDA ELEITORAL 
A propaganda eleitoral só é permitida após 15 de agosto do ano da eleição e deve ser encerrada 48 
horas antes do pleito, exceto em caso de segundo turno, onde pode começar 24 horas após o 
primeiro turno. 
IDENTIFICAÇÃO E IDIOMA 
Toda propaganda eleitoral deve mencionar a legenda partidária e ser feita em língua nacional, sem 
utilizar meios publicitários para manipular as emoções do público. 
PROPAGANDA EXTEMPORÂNEA 
A propaganda eleitoral antes de 16 de agosto do ano das eleições é considerada extemporânea e 
sujeita a multa, exceto em casos específicos como menção à pretensa candidatura, exaltação das 
qualidades pessoais dos pré-candidatos, entre outros atos permitidos pela lei. 
PROPAGANDA IRREGULAR 
Propaganda irregular ocorre quando as regras da legislação eleitoral são violadas, sem configurar 
crime. Exemplos incluem propaganda extemporânea e propaganda eleitoral fora dos limites legais. 
PROPAGANDA EM BEM PÚBLICO E DE USO COMUM 
A propaganda em bens públicos e de uso comum é proibida, incluindo postes, sinais de tráfego, 
viadutos, entre outros. Há multas para violações dessas regras. 
PROPAGANDA EM BEM PARTICULAR E PÚBLICO 
A propaganda em bens públicos e de uso particular é restrita, exceto em situações específicas como 
o uso de bandeiras ao longo de vias públicas e adesivos em automóveis. 
PROPAGANDA NAS DEPENDÊNCIAS DO LEGISLATIVO 
A veiculação de propaganda eleitoral nas dependências do Poder Legislativo fica a critério da Mesa 
Diretora, mas a Justiça Eleitoral verifica o cumprimento das regras eleitorais. 
PROPAGANDA EM VEÍCULOS AUTOMOTORES 
A propaganda em veículos automotores é permitida mediante adesivos microperfurados e faixas, 
desde que não ultrapassem certas dimensões e não sejam veiculadas de forma sonora. 
PROPAGANDA EM MEIOS ELETRÔNICOS 
A propaganda eleitoral na internet é regulada pela Lei n. 12.034/2009, que estabelece as regras para 
divulgação de sites de candidatos e partidos, além de proibir a venda de espaço publicitário em sites 
não autorizados. 
PROPAGANDA NO RÁDIO E NA TELEVISÃO 
A propaganda eleitoral no rádio e na televisão é gratuita e regulada pela Lei n. 9.504/1997, que 
estabelece a divisão do tempo entre os partidos políticos e coligações, com base na representação 
na Câmara dos Deputados. 
PROPAGANDA EM JORNAIS E REVISTAS 
A propaganda em jornais e revistas é permitida mediante pagamento de valores previamente 
estipulados, sendo proibida a veiculação de notícias pagas como se fossem matérias jornalísticas. 
PROPAGANDA EM BANDEIRAS, BANDEIRÕES E BONECOS 
A propaganda em bandeiras, bandeirões e bonecos é permitida desde que móveis e não atrapalhem 
o trânsito de pessoas e veículos. 
PROPAGANDA EM PANCARTAS 
A propaganda em cartazes é permitida em bens particulares desde que móveis, sem infração às leis 
de trânsito, e obedecendo a legislação local. 
PROPAGANDA EM CARROS DE SOM 
A propaganda em carros de som é permitida desde que observadas as regras da legislação local e 
respeitado o limite de decibéis estabelecido pela legislação. 
PROPAGANDA EM COMÍCIOS 
Os comícios são permitidos até a véspera da eleição e devem observar as regras da legislação local 
quanto a horário, localização e respeito à ordem pública. 
PROPAGANDA NA MÍDIA ALTERNATIVA 
A propaganda em mídia alternativa, como panfletos e adesivos, é permitida desde que respeitadas as 
regras da legislação local. 
PROPAGANDA ELEITORAL NEGATIVA 
A propaganda eleitoral negativa é permitida, mas sujeita à comprovação de fatos e vedada a 
disseminação de informações caluniosas ou difamatórias. 
PROPAGANDA ELEITORAL MEDIANTE A DISTRIBUIÇÃO DE BENS OU VANTAGENS 
Na campanha eleitoral, é vedada a confecção, utilização, distribuição por comitê, candidato, ou com 
a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer 
outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor. Logo, a distribuição de 
objetos que não tragam vantagens ao eleitor não está incluída na vedação legal. Pode-se, por 
exemplo, distribuir “santinhos” com a imagem de candidato. Não se pode, por sua vez, impedir o 
cidadão de expressar-se e manifestar-se. Dessa forma, desde que por conta própria e para seu uso, o 
eleitor poderá confeccionar bandeiras, broches, dísticos e adesivos (art. 39-A, Lei n. 9.504/1997). 
Embora seja possível o eleitor portar os objetos retromencionados, é vedada, no dia do pleito, até o 
término do horário de votação, a aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, de modo 
a caracterizar manifestação coletiva, com ou sem utilização de veículos (§ 1º, art. 39-A, Lei n. 
9.504/1997). 
PROPAGANDA MEDIANTE PANFLETAGEM 
Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de 
propaganda eleitoral pela distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, os quais 
devem ser editados sob a responsabilidade do partido, coligação ou candidato. Todo material 
impresso de campanha eleitoral deverá conter o número de inscrição no Cadastro Nacional da 
Pessoa Jurídica – CNPJ ou o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF do 
responsável pela confecção, bem como de quem a contratou, e a respectiva tiragem (§ 1º, art. 38, Lei 
das Eleições). É possível que panfletos, folhetos e volantes contenham propaganda eleitoral 
conjunta. Quando o material impresso veicular propaganda conjunta de diversos candidatos, os 
gastos relativos a cada um deles deverão constar na respectiva prestação de contas, ou apenas 
naquela relativa ao que houver arcado com os custos (§ 2º, art. 38, Lei n. 9.504/1997). A distribuição 
de propaganda eleitoral mediante panfletos é livre desde a data do início da propaganda até a 
véspera da eleição. No que se refere aos adesivos, eles poderão ter a dimensão máxima de 50 
centímetros por 40 centímetros. 
PROPAGANDA NA INTERNET 
A propaganda eleitoral na internet é permitida após o dia 5 de julho do ano da eleição. Trata-se de 
inovação introduzida pela Lei n. 12.034/2009. Estas são as novas disposições acerca da propaganda 
eleitoral na internet: Art. 57-A. É permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta Lei, 
após o dia 15 de agosto do ano da eleição. (Redação dada pela Lei n. 13.165, de 2015) Art. 57-B. A 
propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas: (Incluído pela Lei n. 
12.034, de 2009) (Vide Lei n. 12.034, de 2009) I - em sítio do candidato, com endereço eletrônico 
comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de 
internet estabelecido no País; (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009) II - em sítio do partido ou da 
coligação, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou 
indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País; (Incluído pela Lei n. 12.034, 
de 2009) III - por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo 
candidato, partido ou coligação; (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009) IV – por meio de blogs, redes 
sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado 
por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural. (Incluído pela Lei 
n. 12.034, de 2009) 
UTILIZAÇÃO DE SÍMBOLOS DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E IMAGENS DE EMISSORAS DE 
TELEVISÃO, RÁDIO, JORNAL E REVISTA EM PROPAGANDA ELEITORAL 
A utilização, em propaganda eleitoral, de símbolos de órgãos oficiais internacionais, de organismos 
nacionais de promoção e defesa das relações de trabalho, de empresas públicas, de concessionárias 
de serviço público e de empresas públicas de capital misto depende de autorização expressa da 
respectiva entidade. Ademais, é vedada a veiculação de propaganda queimplique oferecimento, 
promessa ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza, exceto 
para a realização de despesas de campanha eleitoral, desde que comprovadas na prestação de 
contas (art. 39, § 6º, da Lei das Eleições). Não se admite também a veiculação de propaganda 
eleitoral que possa depreciar ou ridicularizar candidatos, sujeitando-se o infrator à multa no valor de 
R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), ou ao equivalente ao custo da 
propaganda, se este for maior (art. 57-C da Lei das Eleições). 
 
CONDUTAS VEDADAS A AGENTES PÚBLICOS 
Com o propósito de preservar a integridade das eleições, assegurar a igualdade de oportunidades 
aos candidatos e evitar possíveis abusos de poder político, a Lei das Eleições estabeleceu uma série 
de ações proibidas aos agentes públicos. Em particular, diante da perspectiva de reeleição para 
ocupantes de cargos no Executivo, tornou-se essencial enumerar um conjunto de condutas que 
poderiam distorcer o resultado das eleições. 
As condutas vedadas aos agentes públicos são definidas nos artigos 73 a 78 da Lei das Eleições. 
CONCEITO DE AGENTE PÚBLICO 
Para efeitos da proibição de certas condutas durante o processo eleitoral, considera-se agente 
público qualquer indivíduo que exerça, ainda que temporariamente ou sem remuneração, por meio 
de eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, 
um mandato, cargo, emprego ou função em órgãos ou entidades da administração pública direta, 
indireta ou fundacional (parágrafo 1º do artigo 73 da Lei das Eleições). 
ROL DE CONDUTAS VEDADAS 
Durante a campanha eleitoral, é vedado aos agentes públicos: 
• Ceder ou utilizar, em favor de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis 
pertencentes à administração direta ou indireta da União, estados, Distrito Federal, territórios 
e municípios, exceto para realização de convenção partidária. Esta proibição não se aplica ao 
uso de transporte oficial pelo presidente da República, devendo o partido político reembolsar 
os gastos, nem ao uso das residências oficiais pelos candidatos à reeleição para presidente, 
vice-presidente, governador, vice-governador, prefeito e vice-prefeito, para contatos de 
campanha, desde que não tenham caráter público. 
• Utilizar materiais ou serviços custeados pelos governos ou Casas Legislativas que excedam as 
prerrogativas definidas nos regimentos e normas dos órgãos em questão. 
• Ceder servidores públicos ou empregados da administração direta ou indireta para comitês de 
campanha eleitoral durante o horário de expediente normal, exceto se estiverem licenciados. 
• Promover ou permitir uso promocional, em favor de candidato, partido político ou coligação, 
de distribuição gratuita de bens e serviços sociais custeados pelo Poder Público. 
• Realizar diversas ações relacionadas à nomeação, contratação, exoneração ou remoção de 
servidores públicos durante o período que antecede as eleições. 
• Efetuar transferência voluntária de recursos da União aos estados e municípios, exceto em 
casos específicos. 
• Autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos 
órgãos públicos, salvo em situações de grave e urgente necessidade pública reconhecida pela 
Justiça Eleitoral. 
• Fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão fora do horário eleitoral gratuito, exceto 
em casos urgentes e relevantes característicos das funções de governo. 
• Empenhar despesas com publicidade que excedam limites pré-estabelecidos durante o ano 
de eleição. 
• Realizar revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da 
perda de poder aquisitivo ao longo do ano eleitoral. 
• Distribuir gratuitamente bens, valores ou benefícios pela Administração Pública, salvo em 
situações de calamidade pública, emergência ou programas sociais autorizados em lei e já em 
execução orçamentária no ano anterior à eleição. 
No ano eleitoral, a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios pela Administração Pública é 
proibida, exceto em circunstâncias específicas. 
SANÇÕES 
Se um agente público em campanha eleitoral cometer uma das ações proibidas, o ato deve ser 
imediatamente suspenso, quando aplicável, e os responsáveis estarão sujeitos a multa. Além disso, 
o candidato beneficiado, seja ou não agente público, pode ter seu registro ou diploma cassado. 
A Lei das Eleições estipula que a prática dessas condutas proibidas constitui ato de improbidade 
administrativa, sujeitando o infrator à perda do cargo público e à suspensão dos direitos políticos. No 
entanto, a aplicação dessas penalidades não é de competência da Justiça Eleitoral e depende do 
ajuizamento de uma ação específica perante o juiz competente. 
Essas sanções podem ser aplicadas cumulativamente, e no caso de multa, em caso de reincidência, 
a mesma será duplicada. Se o beneficiado for um partido político, ele será excluído da distribuição 
das cotas do fundo partidário. 
 
ABUSO DE PODER E CORRUPÇÃO NO PROCESSO ELEITORAL 
No contexto político, a integridade das eleições é uma pedra angular da democracia. É através do 
processo eleitoral que os cidadãos exercem seu direito fundamental de escolher seus representantes 
e influenciar o curso de suas sociedades. No entanto, esse processo pode ser comprometido por 
práticas como o abuso de poder e a corrupção, que distorcem a vontade popular e minam a 
legitimidade das instituições democráticas. 
ABUSO DO PODER POLÍTICO 
O abuso do poder político é uma das formas mais insidiosas de corrupção eleitoral. Consiste no uso 
indevido de recursos e influência por parte de detentores de cargos públicos para favorecer 
determinados candidatos ou partidos políticos. Isso pode incluir desde a utilização da máquina 
administrativa para promover campanhas eleitorais até a coação de eleitores através de ameaças ou 
favores. O impacto desse tipo de abuso é profundo, minando a igualdade de oportunidades entre os 
concorrentes e comprometendo a representatividade do processo democrático. 
ABUSO DO PODER ECONÔMICO 
O abuso do poder econômico é outra faceta preocupante da corrupção eleitoral. Refere-se ao uso 
excessivo de recursos financeiros para influenciar o resultado das eleições, muitas vezes através de 
práticas como compra de votos, financiamento ilegal de campanhas e manipulação de informações. 
O poder econômico pode ser utilizado para distorcer o debate público, minar a concorrência justa 
entre os candidatos e perpetuar desigualdades socioeconômicas no processo político. 
ABUSO DE PODER NO USO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO 
Os meios de comunicação desempenham um papel crucial na formação da opinião pública e na 
divulgação de informações relevantes durante as eleições. No entanto, quando esses meios são 
controlados por interesses políticos ou econômicos, podem ser utilizados de forma abusiva para 
manipular a percepção do eleitorado e favorecer determinados candidatos ou partidos. O monopólio 
da mídia, a disseminação de notícias falsas e a censura são algumas das maneiras pelas quais o 
poder dos meios de comunicação pode ser mal utilizado para influenciar o processo eleitoral. 
INSTRUMENTOS PARA COMBATER O ABUSO DE PODER NO PROCESSO ELEITORAL 
Para combater o abuso de poder e a corrupção no processo eleitoral, são necessários mecanismos 
eficazes de supervisão, fiscalização e punição. Isso inclui a aplicação rigorosa da legislação eleitoral, 
a investigação imparcial de denúncias de irregularidades e a garantia de transparência e integridade 
em todas as etapas do processo eleitoral. Além disso, é fundamental promover a conscientização 
pública sobre os riscos do abuso de poder e a importância da participação cívica na defesa da 
democracia. Somente através de um esforço conjunto da sociedade civil, das autoridades eleitorais e 
dos órgãos de controle será possível proteger a integridade das eleições e fortalecer as instituições 
democráticas.idade mínima prevista em lei. 
10. Espécies de Alistamento 
• Alistamento Obrigatório: Todos os cidadãos que preencham os requisitos previstos em lei 
são obrigados a se alistar como eleitores. 
• Alistamento Facultativo: Em certos casos, o alistamento eleitoral é facultativo, como para os 
analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito 
anos. 
• Alistamento Vedado: Há também casos em que o alistamento é vedado, como para os 
conscritos durante o serviço militar obrigatório. 
Elegibilidade: Requisitos e Condições para Concorrer a Cargos Públicos 
1. Introdução 
O direito à elegibilidade é essencial para aqueles que desejam concorrer a cargos públicos eletivos. 
Ele se classifica como um direito político passivo, decorrente da capacidade eleitoral passiva, e está 
sujeito a certas condições e requisitos estabelecidos na Constituição Federal. 
2. Condições de Elegibilidade 
As condições de elegibilidade estão definidas no art. 14, § 3º, da Constituição Federal e incluem: 
• Nacionalidade brasileira; 
• Pleno exercício dos direitos políticos; 
• Alistamento eleitoral; 
• Domicílio eleitoral na circunscrição; 
• Filiação partidária; 
• Idade mínima, variando de acordo com o cargo almejado. 
3. Norma Constitucional e Efetividade 
Essa norma constitucional é considerada de eficácia contida, o que significa que desde a 
promulgação da Constituição, qualquer cidadão que deseje se candidatar a cargos eletivos deve 
atender a esses requisitos. No entanto, o legislador ordinário pode estabelecer novos critérios para o 
exercício do direito político passivo. 
4. Distinção entre Condições de Elegibilidade e Inelegibilidades 
É importante não confundir as condições de elegibilidade com as inelegibilidades. Enquanto as 
condições de elegibilidade são requisitos que devem ser preenchidos para concorrer a eleições, as 
inelegibilidades são impedimentos que podem surgir mesmo que todas as condições de 
elegibilidade sejam atendidas. 
5. Nacionalidade Brasileira 
A nacionalidade brasileira é o primeiro requisito de elegibilidade listado na Constituição Federal. Isso 
significa que apenas os brasileiros podem participar do processo eleitoral como candidatos, com 
exceções específicas para os naturalizados em relação a certos cargos. 
6. Alistamento Eleitoral 
O alistamento eleitoral é outra condição fundamental de elegibilidade. Apenas cidadãos previamente 
inscritos no cadastro eleitoral podem concorrer a cargos eletivos. 
7. Pleno Gozo dos Direitos Políticos 
A plenitude dos direitos políticos é crucial para a elegibilidade. Isso implica que o cidadão não pode 
estar sujeito a nenhuma das hipóteses de perda ou suspensão desses direitos para concorrer a 
cargos públicos. 
8. Domicílio Eleitoral 
O domicílio eleitoral define o local da candidatura e do exercício dos direitos políticos do cidadão. Ele 
não se confunde necessariamente com o domicílio civil e pode ser mais flexível, considerando os 
vínculos políticos, sociais e afetivos do candidato com o município. 
Princípios Eleitorais 
Os princípios eleitorais são fundamentais para orientar a aplicação das regras eleitorais e garantir a 
democracia. Eles incluem a democracia, moralidade eleitoral, democracia partidária, sufrágio 
universal, liberdade de organização partidária, fidelidade partidária, lisura das eleições, 
aproveitamento do voto e anterioridade eleitoral. 
Democracia 
A democracia é essencial para os Estados modernos, garantindo que o poder pertença ao povo. No 
Brasil, a Constituição Federal busca estabelecer um regime democrático genuíno. 
Princípio da Moralidade Eleitoral 
Este princípio visa proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício de cargos eletivos. 
A Lei da Ficha Limpa é um exemplo de legislação que promove a moralidade eleitoral. 
Princípio da Democracia Partidária 
Os partidos políticos têm um papel crucial na democracia brasileira, representando os interesses dos 
cidadãos e protegendo os direitos fundamentais. A filiação partidária é condição para candidatura. 
Princípio do Sufrágio Universal 
O sufrágio universal garante o direito de votar e ser votado, sem discriminação, contribuindo para a 
formação da vontade estatal. 
Princípio da Liberdade de Organização Partidária 
Os partidos políticos têm autonomia para definir sua estrutura interna e funcionamento, desde que 
respeitem princípios democráticos. 
Princípio da Fidelidade Partidária 
Os eleitos devem agir de acordo com os princípios e ideais de seus partidos, sob pena de perderem 
seus mandatos em caso de desfiliação injustificada. 
Princípio da Lisura das Eleições 
As eleições devem ser livres de corrupção e fraude, garantindo igualdade de oportunidades para 
todos os candidatos. 
Princípio do Aproveitamento do Voto 
Visa preservar a soberania popular, permitindo a convalidação de nulidades que não afetem a 
vontade do eleitor. 
Princípio da Anterioridade Eleitoral 
Garante estabilidade jurídica ao processo eleitoral, impedindo mudanças casuísticas que possam 
prejudicar a igualdade de participação dos envolvidos nas eleições. 
Justiça Eleitoral: Estrutura e Funções 
A Justiça Eleitoral é um braço especializado do Poder Judiciário, composta por órgãos colegiados e 
monocráticos, com competência para resolver questões eleitorais em todo o país. Seus principais 
órgãos são o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), as Juntas 
Eleitorais e os Juízes Eleitorais. 
Composição: 
• TSE: Órgão superior com jurisdição em todo o território nacional, composto por ministros do 
Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e advogados. 
• TREs: Atuam nos estados e no Distrito Federal, compostos por membros do Tribunal de 
Justiça local e por advogados. 
• Juntas Eleitorais: Responsáveis pela organização das eleições em cada município, 
compostas por um juiz de direito e cidadãos designados. 
• Juízes Eleitorais: Responsáveis pela condução de processos eleitorais em suas respectivas 
zonas. 
Características: 
• Jurisdição Especializada: Julga litígios eleitorais com caráter definitivo. 
• Inexistência de Magistratura Própria: É formada por juízes de outros ramos do Poder 
Judiciário. 
• Funcionamento Permanente: Além das eleições, executa funções administrativas 
relacionadas aos pleitos. 
• Divisão Territorial Própria: Organiza-se em circunscrições, zonas e seções eleitorais para o 
exercício da jurisdição. 
Funções: 
• Jurisdicional: Julga conflitos relacionados ao Direito Eleitoral. 
• Administrativa: Responsável pela organização e administração das eleições e do cadastro de 
eleitores. 
• Consultiva: Responde consultas sobre matéria eleitoral. 
• Regulamentar: Pode expedir instruções sobre a execução das leis eleitorais, respeitando o 
princípio da legalidade. 
Tribunal Superior Eleitoral (TSE): 
• Órgão máximo da Justiça Eleitoral, com jurisdição em todo o país. 
• Composição mínima de sete membros, incluindo ministros do STF, do STJ e advogados. 
• Escolha dos ministros provenientes dos tribunais superiores por eleição e dos advogados por 
nomeação do Presidente da República, a partir de lista tríplice elaborada pelo STF. 
Tribunal Regional Eleitoral 
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) é órgão colegiado de 2ª instância da Justiça Eleitoral, com 
jurisdição em todo o território do respectivo estado ou do Distrito Federal, conforme determinado 
pelo art. 120 da Constituição Federal. 
Jurisdição e Sede do TRE 
Em cada estado da Federação e no Distrito Federal há um Tribunal Regional Eleitoral, estabelecendo-
se assim a sua jurisdição. 
Composição do TRE 
O TRE é composto por sete juízes, com uma composição denominada de mista ou eclética, de 
acordo com o art. 120, § 1º, da CF. Este órgão inclui juízes do Poder Judiciário da União (Juiz Federal), 
do Poder Judiciário Estadual (desembargadores e juízes de Direito) e da classe dos advogados. 
Processo de Escolha de Membros do TRE 
O processode escolha dos membros do TRE é detalhado e distingue-se de acordo com a origem dos 
juízes: 
• Escolha de Juízes do TRE das Classes de Desembargador (TJ) e Juiz de Direito (JE): 
Realizada por eleição secreta no Tribunal de Justiça, sem participação do Presidente da 
República. Os juízes substitutos são escolhidos da mesma forma. 
• Escolha de Membros do TRE da Classe do TRF (JF): Realizada pelo Tribunal Regional Federal 
(TRF) ou pelo próprio juiz federal, sem eleição. 
• Escolha de Membros do TRE da Classe dos Advogados: Compete ao presidente da 
República nomear dois juízes do TRE entre seis advogados de notável saber jurídico e 
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. O processo envolve uma lista tríplice 
homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 
Vedação à Escolha dos Membros do TRE 
As vedações para a escolha dos membros do TRE incluem restrições relacionadas a parentesco, 
cargos públicos demissíveis ad nutum, vínculos com empresas beneficiadas por contratos com a 
administração pública e o exercício de mandatos políticos. 
O processo de escolha dos membros do TRE é cuidadosamente regulamentado para garantir a 
imparcialidade e a competência do órgão na condução dos assuntos eleitorais em sua jurisdição. 
TRE: Definição dos Cargos e Temporalidade dos Membros 
• Cargos no TRE: Presidente e vice-presidente são desembargadores do TJ, enquanto a escolha 
do corregedor-regional eleitoral depende do regimento interno de cada TRE. 
• Temporalidade no TRE: Os membros do TRE servem por dois anos, no mínimo, e nunca por 
mais de dois biênios consecutivos, salvo exceções como afastamentos por candidaturas. 
Juiz Eleitoral: Escolha e Competências 
• Processo de Escolha: Designação pelo TRE, priorizando juízes de direito da Justiça Estadual, 
podendo ser vitalícios ou não. 
• Competências e Jurisdição: Responsável por uma zona eleitoral, sua atuação segue a mesma 
lógica temporal dos membros do TRE. 
Junta Eleitoral: Composição e Vedações 
• Composição: Presidida por um juiz de direito, conta com dois ou quatro cidadãos, escolhidos 
pelo presidente do TRE. 
• Vedações: Membros da junta não podem ter parentesco com candidatos, estar em diretorias 
partidárias, serem autoridades policiais ou pertencerem ao serviço eleitoral. 
Competências da Justiça Eleitoral 
• Funções Peculiares: Administrativa, consultiva, jurisdicional e regulamentar, com 
competências definidas pelo Código Eleitoral, recepcionado como lei complementar pela 
Constituição. 
Competências da Justiça Eleitoral: Um Resumo 
Fixação de Datas das Eleições 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) têm competências 
específicas para fixar as datas das eleições, conforme estabelecido pela legislação. 
Registro de Candidatura 
O processo de registro de candidaturas é atribuído à Justiça Eleitoral, com competências divididas 
entre o TSE, os TREs e os juízes eleitorais, dependendo da circunscrição da eleição. 
Expedição de Diplomas 
A expedição de diplomas para os candidatos eleitos é uma responsabilidade da Justiça Eleitoral, 
realizada pelos órgãos competentes, como o TSE, os TREs e as juntas eleitorais. 
Registro e Cancelamento de Diretórios de Partidos Políticos 
A competência para o registro e cancelamento de diretórios de partidos políticos é atribuída aos 
Tribunais Eleitorais, tanto em nível nacional quanto regional e municipal. 
Conflitos de Jurisdição 
Os conflitos de jurisdição dentro da Justiça Eleitoral são resolvidos conforme a legislação, com 
competências definidas para evitar choques entre autoridades jurisdicionais. 
Suspeição ou Impedimento 
A análise de suspeição ou impedimento de autoridades na Justiça Eleitoral é realizada pelos tribunais 
competentes, garantindo a imparcialidade e a transparência dos processos. 
Afastamento de Exercício dos Cargos Efetivos de Juízes 
Os procedimentos para o afastamento de membros da Justiça Eleitoral são regulamentados pela 
legislação, com competências específicas para concessão e aprovação de afastamentos. 
Crimes Cometidos por Membros da Justiça Eleitoral 
A competência para julgar crimes cometidos por membros da Justiça Eleitoral varia conforme o tipo 
de crime e a posição hierárquica do membro, sendo atribuída ao STF, STJ, TREs e juntas eleitorais. 
Remédios Constitucionais: Mandado de Segurança e Habeas Corpus 
Os remédios constitucionais são aplicáveis no contexto eleitoral, com competências determinadas 
pela legislação e a natureza dos casos. 
Alteração na Competência do Mandado de Segurança 
Anteriormente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possuía competência para julgar mandados de 
segurança contra atos do presidente da República e ministros de Estado. No entanto, essa 
competência foi revogada, transferindo-a para outros órgãos. Agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) 
é competente para apreciar mandados de segurança contra atos do presidente da República, 
enquanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julga os impetrados contra atos de ministros de Estado. 
Competência do TRE para Mandado de Segurança 
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tem competência para julgar mandados de segurança contra atos 
de seus membros. Essa competência abrange tanto os atos de natureza eleitoral quanto os 
administrativos relacionados ao funcionamento do próprio tribunal. 
Competência do Juiz Eleitoral para Mandado de Segurança 
Quando o ato impugnado por meio de mandado de segurança é de competência do colegiado do 
TRE, o juiz eleitoral é competente para julgar, diferenciando atos de natureza administrativa, que são 
de competência do TRE, e atos de natureza eleitoral, que são de competência do TSE. 
Mudança na Competência do Habeas Corpus 
O habeas corpus em matéria eleitoral, que anteriormente era de competência do TSE, passou para o 
STF. Assim, o STF é competente para julgar habeas corpus em que o paciente seja o presidente da 
República ou ministros de Estado. 
Pedido de Desaforamento 
O pedido de desaforamento é uma medida utilizada na Justiça Eleitoral para requerer que o processo 
seja submetido a julgamento por um órgão diverso daquele inicialmente competente, devido à 
demora no julgamento. No entanto, seu uso é pouco frequente devido ao excesso de demanda no 
Poder Judiciário. 
Divisão ou Criação de Zonas Eleitorais 
A divisão ou criação de zonas eleitorais nos estados segue um processo que envolve os TREs e o TSE. 
Os TREs elaboram e encaminham propostas de criação ou alteração ao TSE, que as aprova. O juiz 
eleitoral tem competência para proceder à divisão em seções eleitorais. 
Requisição de Força Federal 
A requisição de força federal, feita para garantir o cumprimento da lei, decisões judiciais ou a lisura 
do pleito eleitoral, é uma prerrogativa exclusiva do TSE. Mesmo quando um TRE pretende fazer uso 
dela, o pedido deve ser dirigido ao TSE, que encaminha ao Poder Executivo. 
Consultas Eleitorais 
A função consultiva da Justiça Eleitoral permite esclarecer dúvidas sobre matéria eleitoral. O TSE 
responde consultas de autoridades públicas com jurisdição federal e partidos políticos nacionais, 
enquanto os TREs respondem consultas de autoridades de qualquer nível e partidos regionais. 
Recursos na Justiça Eleitoral 
Os recursos das decisões dos juízes e juntas eleitorais são julgados pelos TREs, enquanto os 
recursos das decisões dos TREs são julgados pelo TSE. As decisões do TSE são, em regra, 
irrecorríveis, exceto quando contrariam a Constituição ou negam habeas corpus ou mandado de 
segurança, nestes casos, podem ser impugnadas no STF. 
Competências dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) no Brasil 
Os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) desempenham um papel fundamental no sistema judiciário 
brasileiro, especialmente no que diz respeito à organização e realização das eleições. Suas 
competências abrangem uma série de atividades essenciais para garantir a lisura, transparência e 
eficiência do processo eleitoral em todo o país. Abaixo, destacamosalgumas das principais 
competências dos TREs: 
Elaboração do Regimento Interno 
Um dos primeiros passos dos TREs ao assumirem suas funções é a elaboração do regimento interno. 
Esse documento estabelece as regras e procedimentos que orientarão o funcionamento do tribunal, 
desde questões administrativas até aspectos processuais dos casos eleitorais. 
Constituição das Juntas Eleitorais 
Durante o período eleitoral, as juntas eleitorais desempenham um papel crucial na organização e 
apuração dos votos. Os TREs têm a competência de constituir esses órgãos colegiados, que são 
responsáveis por expedir os diplomas aos eleitos para cargos municipais, conferindo legitimidade ao 
processo democrático. 
Proposição ao Congresso Nacional 
Os TREs têm o poder de propor ao Congresso Nacional a criação ou supressão de cargos na Justiça 
Eleitoral. Essas propostas visam garantir uma estrutura organizacional adequada para o efetivo 
funcionamento do sistema eleitoral, assegurando recursos humanos e materiais suficientes para 
suas atividades. 
Designação das Varas Eleitorais 
A designação das varas eleitorais pelos TREs é essencial para distribuir de forma eficiente as 
responsabilidades relacionadas ao serviço eleitoral em cada localidade. Essa atribuição permite uma 
melhor organização das atividades judiciais, facilitando o acesso dos cidadãos aos serviços da 
Justiça Eleitoral. 
Aplicação de Penas Disciplinares 
Os TREs têm competência para aplicar penas disciplinares aos juízes eleitorais que descumprirem 
suas obrigações ou cometerem infrações. Essas medidas disciplinares visam garantir o bom 
funcionamento do sistema judicial eleitoral e a confiança da sociedade no processo democrático. 
Indicação ao Tribunal Superior 
Por fim, os TREs indicam ao Tribunal Superior as zonas eleitorais onde a contagem dos votos deve ser 
feita pelas mesas receptoras. Essa atribuição visa garantir uma distribuição equitativa e eficiente dos 
recursos disponíveis, contribuindo para eleições transparentes e seguras em todo o país. 
Essas competências dos Tribunais Regionais Eleitorais refletem o compromisso da Justiça Eleitoral 
com os princípios democráticos e o Estado de Direito, garantindo a integridade do processo eleitoral 
e a consolidação da democracia no Brasil. 
Ministério Público Eleitoral: Instituição e Funcionamento 
Instituição e Finalidades: O Ministério Público Eleitoral (MPE) é um órgão autônomo e independente, 
com finalidades essenciais à ordem jurídica e ao regime democrático. Sua autonomia garante que 
não esteja subordinado aos Poderes Executivo, Judiciário ou Legislativo, possibilitando o exercício 
imparcial e livre de suas funções. Sua missão fundamental é zelar pela regularidade dos processos 
eleitorais, assegurando a legitimidade do sistema democrático brasileiro. 
Estrutura e Organização: O MPE divide-se em Ministério Público da União (MPU), que engloba 
diversos órgãos, e Ministérios Públicos dos Estados. No MPU, o Procurador-Geral da República lidera 
a instituição, sendo nomeado pelo Presidente da República após aprovação pelo Senado. Essa 
estruturação garante uma atuação coordenada e eficaz em todo o território nacional. 
Procurador-Geral Eleitoral: O Procurador-Geral Eleitoral é a autoridade máxima do MPE perante o 
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Seu mandato é de dois anos, podendo ser reconduzido, e é 
responsável por representar o Ministério Público Eleitoral em questões de relevância nacional. Além 
disso, designa o Vice-Procurador-Geral Eleitoral e outros membros do MPU para auxiliá-lo em suas 
atribuições. 
Procuradores Regionais Eleitorais: Os Procuradores Regionais Eleitorais atuam perante os Tribunais 
Regionais Eleitorais (TREs), sendo designados pelo Procurador-Geral Eleitoral. Sua função é fiscalizar 
a regularidade dos processos eleitorais em suas respectivas regiões, podendo requisitar membros do 
Ministério Público dos estados para auxiliá-los nesse trabalho. 
Promotores Eleitorais: Os Promotores Eleitorais desempenham suas funções na primeira instância 
da Justiça Eleitoral, perante juízes e juntas eleitorais. São indicados pelo procurador-geral de justiça e 
nomeados pelo procurador regional eleitoral. Sua atuação é essencial para garantir a lisura e a 
transparência dos pleitos em âmbito municipal. 
Alistamento Eleitoral: O alistamento eleitoral é o procedimento pelo qual um cidadão é admitido no 
corpo eleitoral, garantindo-lhe o exercício do direito ao voto. É obrigatório para maiores de 18 anos, 
facultativo para analfabetos, maiores de 16 e menores de 18 anos, e maiores de 70 anos. Sua 
realização é regida por normas específicas estabelecidas na Constituição Federal, no Código 
Eleitoral e em resoluções do Tribunal Superior Eleitoral. 
Classificação e Legislação: A legislação eleitoral classifica o alistamento como obrigatório, 
facultativo ou impedido, de acordo com as condições específicas de cada cidadão. Os critérios e 
procedimentos para o alistamento estão delineados de forma clara e objetiva na legislação 
pertinente, garantindo a igualdade e a universalidade do acesso aos direitos políticos. 
IMPEDIMENTO DO ALISTAMENTO 
Além de casos de alistamento obrigatório e facultativo, há também aqueles nos quais incide um 
impedimento legal que inviabiliza o alistamento eleitoral. O primeiro impedimento se aplica aos 
estrangeiros, os quais não podem se alistar como eleitores (art. 14, § 2º, da CF). No entanto, há uma 
exceção. Havendo reciprocidade em Portugal, aos portugueses com residência habitual no Brasil há 
mais de três anos, é permitido o alistamento eleitoral, mesmo sem naturalização. Cabe aqui lembrar 
que o gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do exercício dos 
mesmos direitos no Estado da nacionalidade. Assim, o português que se alistar no Brasil não pode 
exercer, enquanto se beneficiar da reciprocidade, o mesmo direito em Portugal (art. 14, § 2º, da CF). 
São também impedidos de se alistar como eleitores, durante o período militar obrigatório, os 
conscritos. Para fins de impedimento de alistamento eleitoral, conscritos são: 
a) brasileiro que, no ano que completa 18 anos, é selecionado para prestar o serviço militar 
obrigatório, seja ele no Exército, na Marinha ou na Aeronáutica; b) os médicos, dentistas, 
farmacêuticos e veterinários que não prestaram o serviço militar obrigatório em virtude de adiamento 
de incorporação para a realização dos respectivos cursos superiores e, uma vez concluídos os seus 
cursos de graduação, venham a prestar o serviço militar obrigatório; c) alunos dos órgãos de 
formação de reserva, tais como o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) e o Núcleo de 
Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR). O alcance da expressão “conscritos”, definido nas alíneas 
“b” e “c”, é jurisprudencial. 
Nesse sentido: Direto do TSE Jurisprudência – A palavra “conscrito” constante deste dispositivo 
alcança também aqueles matriculados nos órgãos de formação de reserva e os médicos, dentistas, 
farmacêuticos e veterinários que prestam serviço militar inicial obrigatório (Res. TSE n. 15.850/89). 
De outro modo, são excluídos da abrangência da expressão “conscritos” e, portanto, podem se 
alistar, os engajados no serviço militar, ou seja, aquele que, uma vez cumprido o período militar 
obrigatório, decidiram continuar no serviço militar, além dos oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-
marinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior 
para formação de oficiais. 
Além desses dois casos de impedimento, a jurisprudência do TSE é pacífica ao afirmar a vedação ao 
alistamento que se impõe em face da incapacidade absoluta nos termos da lei civil. Direto do TSE 
Jurisprudência – Consoante o § 2º do artigo 14 da CF, a não alistabilidade como eleitores somente é 
imputada aos estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, aos conscritos, 
observada, naturalmente, a vedação que se impõe em face da incapacidadeabsoluta nos termos da 
lei civil (TSE, PA n. 19.840/2010). Cumpre ainda informar que, recentemente, o TSE decidiu que a 
vedação ao alistamento para os que não saibam exprimir-se na língua nacional, contida no art. 5º, II, 
do CE, não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. 
Segundo o TSE: Jurisprudência – Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não 
esteja previsto na Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar a 
inexigibilidade de fluência da língua pátria para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro possam 
alistar-se eleitores. Declarada a não recepção do art. 5º, inciso II, do Código Eleitoral pela 
Constituição Federal de 1988. (TSE, PA n. 19.840/2010). 
CANCELAMENTO E EXCLUSÃO ELEITORAL 
Hipóteses de Cancelamento da Inscrição Eleitoral 
As inscrições eleitorais, por princípio, são definitivas. Contudo, o art. 71 do Código Eleitoral prevê 
situações que podem ensejar o cancelamento da inscrição do eleitor. 
Infração dos Artigos 5º e 42 do Código Eleitoral 
A primeira hipótese de cancelamento da inscrição eleitoral está relacionada à infração dos artigos 5º 
e 42 do Código Eleitoral. Ela alcança aqueles que infringirem o art. 5º, III, do CE, ou seja, os que 
insistirem no alistamento mesmo privados temporária ou definitivamente dos direitos políticos, bem 
como aqueles que se alistarem fora do seu domicílio (art. 42 do CE). 
Perda ou Suspensão dos Direitos Políticos 
A segunda hipótese de cancelamento está ligada aos casos de perda ou suspensão dos direitos 
políticos, conforme elencados no art. 15 da CF, como a incapacidade civil absoluta, a condenação 
criminal transitada em julgado, a recusa em cumprir obrigação imposta ou prestação alternativa, e a 
condenação por ato de improbidade administrativa. Nessas situações, o cancelamento da inscrição 
é uma consequência jurídica. 
Mais de uma Inscrição Eleitoral 
Outra hipótese de cancelamento ocorre quando se verifica que o eleitor possui mais de uma 
inscrição eleitoral. Isso é detectado por meio do procedimento de batimento ou cruzamento das 
informações cadastrais, realizado pelo TSE. 
Regularização de Situação Eleitoral 
A regularização da situação eleitoral de pessoas com restrições de direitos políticos só é possível 
mediante a comprovação de cessação do impedimento. Isso envolve um processo que inclui 
preenchimento de requerimento e apresentação de documentação comprobatória. 
Título Eleitoral 
O título eleitoral é o documento oficial que comprova a cidadania brasileira. Ele pode ser emitido 
tanto na forma impressa quanto na forma digital, de acordo com as normas estabelecidas pelo TSE. A 
via digital pode ser obtida por meio de um aplicativo da Justiça Eleitoral, exigindo dados mínimos 
acerca da identidade da pessoa eleitora para validação. 
PRAZOS PARA JUSTIFICAÇÃO 
Existem dois prazos para que o eleitor possa justificar a sua ausência ao pleito eleitoral. São eles: 
Dentro do Território Nacional 
Se o eleitor estiver em território nacional, poderá justificar o não comparecimento às eleições em até 
sessenta dias após a realização da eleição. Nessa hipótese, o termo inicial para a contagem do prazo 
de justificação é a data da eleição. 
No Exterior 
Se o eleitor estiver no exterior, poderá justificar sua ausência ao pleito eleitoral em até trinta dias a 
contar de seu retorno ao Brasil, salvo se o prazo de sessenta dias, a contar da data da eleição, for 
mais benéfico. Nesse caso, o início da contagem do prazo de justificativa eleitoral depende do 
ingresso do eleitor em território nacional. 
Em qualquer caso, o pedido de justificação eleitoral ou o pagamento da multa devem ser anotados 
no cadastro eleitoral. 
Caso o eleitor não justifique sua ausência dentro do prazo estabelecido (sessenta ou trinta dias, se o 
eleitor estiver no Brasil ou no exterior, respectivamente), será imposta, pelo juiz eleitoral uma multa. 
Se a multa for paga, será emitida a certidão de quitação. Isso quer dizer que, mesmo se o eleitor não 
votar, não justificar, mas arcar com o valor da multa eleitoral, ele ficará em dia com suas obrigações 
eleitorais. 
Além disso, o pagamento da multa eleitoral afasta a aplicação de todas aquelas sanções que são 
impostas ao eleitor que violar seus deveres eleitorais. 
Disposições da Resolução TSE n. 23.659/2021 
CAPÍTULO IX - DAS PROVIDÊNCIAS E PENALIDADES DECORRENTES DA AUSÊNCIA ÀS URNAS OU 
DA NÃO APRESENTAÇÃO AOS TRABALHOS ELEITORAIS SEM JUSTIFICATIVA 
Seção I - DA MULTA 
Incorrerá em multa a ser arbitrada pelo juiz ou pela juíza eleitoral e cobrada na forma prevista na 
legislação eleitoral e nas normas do Tribunal Superior Eleitoral que dispuserem sobre a matéria o 
eleitor ou a eleitora que deixar de votar e: 
• Não se justificar, nos seguintes prazos: 
o 60 dias, contados do dia da eleição; e 
o 30 dias, contados do seu retorno ao país, no caso de se encontrar no exterior na data 
do pleito, salvo se lhe for mais benéfico o prazo da alínea a deste inciso. 
• Tiver o processamento de seu pedido de justificativa rejeitado pelo sistema, em razão do 
preenchimento com dados insuficientes ou inexatos, que impossibilitem sua identificação no 
cadastro eleitoral, ou 
• Tiver seu pedido de justificativa indeferido pelo juiz ou pela juíza da zona a que pertence sua 
inscrição eleitoral. 
Nos prazos previstos no inciso I deste artigo, o eleitor ou a eleitora poderá formular o requerimento de 
justificativa por ferramenta eletrônica disponibilizada pela Justiça Eleitoral ou perante o juízo de 
qualquer zona eleitoral em que se encontre, devendo o cartório providenciar a remessa ao juízo 
competente. 
A fixação da multa observará a variação entre o mínimo de 3% e o máximo de 10% do valor utilizado 
como base de cálculo, podendo ser decuplicado em razão da situação econômica do eleitor ou da 
eleitora. 
Antes de arbitrada a multa pelo juízo competente, o eleitor ou a eleitora que pretender obter certidão 
de quitação ou requerer operação por meio do serviço disponibilizado no sítio do Tribunal Superior 
Eleitoral poderá quitá-la pelo pagamento do valor máximo, correspondente a 10% do valor utilizado 
como base de cálculo. 
A pessoa que declarar, sob as penas da lei, perante qualquer juízo eleitoral, seu estado de pobreza 
ficará isenta do pagamento da multa por ausência às urnas. 
O recolhimento da multa será feito nas formas previstas para a arrecadação de valores ao Tesouro 
Nacional, cabendo aos tribunais eleitorais disponibilizar, em seus sítios eletrônicos e aplicativos, 
ferramentas que facilitem o adimplemento. 
Identificado o pagamento da multa, a zona eleitoral em que a pessoa for inscrita providenciará a 
emissão de certidão de quitação. 
A certidão de quitação eleitoral com validade de 60 dias será emitida mediante requerimento do 
interessado ou da interessada, independentemente do pagamento de multa, e expedida pelo cartório 
ou pelo posto de atendimento eleitoral ao qual estiver vinculado, podendo ser expedida também pelo 
Tribunal Superior Eleitoral ou pelo Tribunal Regional Eleitoral. 
Na hipótese de comprovada urgência, a critério do juiz ou da juíza eleitoral, poderá ser autorizada a 
emissão da certidão de quitação sem a observância dos prazos previstos no parágrafo único deste 
artigo. 
A certidão de quitação eleitoral será exigida, exclusivamente, para fins de prova de quitação eleitoral, 
nas situações previstas em lei, observado o prazo de validade previsto no art. 7º desta resolução. 
A Justiça Eleitoral encaminhará à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e aos órgãos fazendários 
estaduais e municipais, a relação das pessoas que, por omissão no dever de votar, incorrerem na 
aplicação de multa. 
A multa por ausência às urnas é considerada dívida ativa da União e será inscrita em dívida ativa da 
União, para fins de cobrança judicial ou extrajudicial. 
Os eleitores e as eleitoras que, ao tempo da eleição, tiverem entre dezoito e dezenove anos ou mais 
de setenta anosficarão dispensados do pagamento de multa, desde que informem essa condição à 
Justiça Eleitoral. 
O juiz ou a juíza eleitoral poderá, de ofício ou mediante provocação, dispensar o pagamento de multa, 
inclusive mediante reconhecimento de situação de pobreza, por decisão motivada, observado o 
contraditório e a ampla defesa, cabendo recurso ao Tribunal Regional Eleitoral, com efeito 
suspensivo. 
Se a multa não for paga, o eleitor ou a eleitora ficará sujeito à inscrição no cadastro eleitoral como 
devedor ou devedora eleitoral, sendo-lhe, contudo, facultado o parcelamento da dívida nos termos 
da legislação aplicável. 
Capítulo X - DA COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL E DAS SANÇÕES DECORRENTES DA 
AUSÊNCIA ÀS URNAS OU DA NÃO APRESENTAÇÃO AOS TRABALHOS ELEITORAIS SEM 
JUSTIFICATIVA 
Seção I - DA COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL 
Poderá ser exigida a comprovação de quitação eleitoral nas seguintes hipóteses: 
• Assunção de cargo ou função pública; 
• Recebimento de remuneração, salário, proventos de função ou emprego público, autárquico 
ou paraestatal, bem como de pensão correspondentes aos meses anteriores ao da eleição; 
• Realização de concorrência pública ou administrativa da União, dos estados, dos territórios, 
do Distrito Federal ou dos municípios, ou das respectivas autarquias; 
• Obtenção de empréstimos nas autarquias, nas sociedades de economia mista, nas caixas 
econômicas federais e estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em 
qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo governo, ou com a sua assistência, e; 
• Prática de qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda. 
Da Comprovação de Quitação Eleitoral para Efeito de Registro de Candidatura 
A partir de 1º de outubro do ano da eleição, o partido político requererá à Justiça Eleitoral a relação 
dos candidatos e das candidatas que tenham assegurado a eficácia de sua filiação partidária, na 
forma do art. 19 da Lei nº 9.096/1995, e a certidão de quitação eleitoral emitida pela respectiva zona 
eleitoral, obrigatoriamente no domicílio eleitoral do candidato ou da candidata, ou em órgão da 
Justiça Eleitoral a ela autorizado, sob pena de indeferimento do pedido de registro de candidatura. 
A certidão de quitação eleitoral será expedida mediante requerimento do interessado ou da 
interessada, que deverá ser instruído com a relação de multas, comprovante de pagamento ou de 
parcelamento e comprovante de requerimento de dispensa de pagamento de multa. 
A certidão de quitação eleitoral será fornecida, no prazo de cinco dias, e deverá conter o número do 
título e o domicílio eleitoral do candidato ou da candidata, bem como o período abrangido pela 
quitação, e será fornecida pelo cartório ou pelo posto de atendimento eleitoral ao qual estiver 
vinculado o domicílio eleitoral do interessado ou da interessada, podendo ser fornecida também pelo 
Tribunal Superior Eleitoral ou pelo Tribunal Regional Eleitoral. 
Se a certidão não for fornecida dentro do prazo de cinco dias, o partido político poderá apresentar 
comprovante do pedido de certidão e o protocolo de sua entrega ao juízo eleitoral, a fim de que o 
candidato ou a candidata obtenha o registro de candidatura. 
A exigência de que trata o inciso I deste artigo aplica-se, inclusive, aos candidatos e às candidatas a 
vice-presidente, a vice-governador e a vice-prefeito. 
A pessoa que comprovar, perante o juízo ou a juíza eleitoral, estar em situação de pobreza, na forma 
da lei, ficará isenta do pagamento de multa eleitoral. 
A decisão proferida pelo juiz ou pela juíza eleitoral que deferir ou que indeferir o pedido de certidão de 
quitação eleitoral é suscetível de recurso ao Tribunal Regional Eleitoral. 
A apresentação de recurso ao Tribunal Regional Eleitoral não impedirá a proclamação dos eleitos até 
decisão final pelo Tribunal Superior Eleitoral. 
O recurso ao Tribunal Regional Eleitoral será interposto sem efeito suspensivo, observado o disposto 
no § 3º deste artigo. 
Se o Tribunal Regional Eleitoral, em recurso, deferir o pedido de certidão de quitação eleitoral, a 
decisão terá efeito imediato e dispensará a nova expedição da certidão, devendo ser averbada 
naquela que se encontra nos autos. 
Contra a decisão que indeferir o pedido de certidão de quitação eleitoral é cabível recurso especial, 
nos termos do art. 276 da Lei nº 4.737/1965. 
São dispensados do pagamento de multa eleitoral os eleitores e as eleitoras que, ao tempo da 
eleição, tiverem entre dezoito e dezenove anos ou mais de setenta anos. 
Seção II - DAS SANÇÕES DECORRENTES DA AUSÊNCIA ÀS URNAS OU DA NÃO APRESENTAÇÃO 
AOS TRABALHOS ELEITORAIS SEM JUSTIFICATIVA 
A sanção pela ausência às urnas é a aplicação de multa, nos termos da legislação eleitoral. 
Além disso, a pessoa que deixar de votar em três eleições consecutivas e não justificar sua ausência 
ou não quitar a multa correspondente terá sua inscrição eleitoral cancelada. 
INELEGIBILIDADES 
As inelegibilidades são restrições que impedem um cidadão de concorrer validamente a um mandato 
eletivo, independentemente da natureza jurídica do fato que as originou. A ilegalidade não é um 
elemento essencial do conceito de inelegibilidade. Inelegibilidade é uma consequência jurídica, uma 
restrição atribuída a algum fato ou conjunto de fatos descritos na norma eleitoral. José Jairo Gomes 
(2012) define inelegibilidade como: 
"Denomina-se inelegibilidade ou ilegibilidade o impedimento ao exercício da cidadania passiva, de 
maneira que o cidadão fica impossibilitado de ser escolhido para ocupar cargo político-eletivo. Em 
outros termos, trata-se de um fator negativo que obstrui ou retira a capacidade eleitoral passiva do 
nacional, tornando-o inepto para receber votos e, consequentemente, exercer mandato 
representativo. Tal impedimento é provocado pela ocorrência de determinados fatos previstos na 
Constituição ou em lei complementar." 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) define as inelegibilidades como: 
"A inelegibilidade importa no impedimento temporário da capacidade eleitoral passiva do cidadão, 
que consiste na restrição de ser votado, não atingindo, portanto, os demais direitos políticos, como, 
por exemplo, votar e participar de partidos políticos." 
As inelegibilidades podem decorrer de sanções, parentesco com ocupantes de cargos eletivos, ou 
mesmo em função do exercício de funções, cargos ou empregos que possam comprometer a 
normalidade e legitimidade das eleições. 
INELEGIBILIDADES: CLASSIFICAÇÃO 
As inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas: 
• Inelegibilidade absoluta: Impede o cidadão de concorrer a qualquer cargo público eletivo 
enquanto persistir a situação geradora da inelegibilidade. Exemplos incluem a inalistabilidade 
e o analfabetismo. 
• Inelegibilidade relativa: Impedem o cidadão de concorrer a alguns cargos eletivos, mas não 
impedem completamente o exercício do direito à elegibilidade. Exemplos incluem a 
inelegibilidade para os mesmos cargos em um terceiro mandato subsequente, inelegibilidade 
decorrente de incompatibilidade e inelegibilidade decorrente de parentesco. 
INELEGIBILIDADES CONSTITUCIONAIS 
A Constituição Federal enumera diversas hipóteses de inelegibilidade, tais como inalistabilidade, 
analfabetismo, inelegibilidade decorrente da reeleição para o terceiro mandato consecutivo, 
inelegibilidade decorrente da incompatibilidade e inelegibilidade decorrente do parentesco. Estas 
inelegibilidades estão estabelecidas no art. 14, §§ 4º a 7º, da Constituição Federal. 
INALISTÁVEIS 
A inelegibilidade decorrente da inalistabilidade, prevista no art. 14, § 4º, da Constituição, impede os 
estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório de concorrerem a cargos públicos. 
Essa é uma inelegibilidade absoluta, criticada por alguns doutrinadores pela falta de técnica 
constitucional. 
ANALFABETOS 
A inelegibilidade dos analfabetos, também prevista no art. 14, § 4º, impede que estes se candidatem 
a cargos públicos.O conceito de analfabetismo ainda gera controvérsias, mas a jurisprudência do 
Tribunal Superior Eleitoral considera que candidatos semialfabetizados podem ter seus registros de 
candidatura deferidos. 
REELEIÇÃO 
A Constituição Federal, no art. 14, § 5º, permite a reeleição para um único período subsequente para 
o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os 
houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos. Essa possibilidade de reeleição visa garantir 
a continuidade político-administrativa. A reeleição para o terceiro mandato consecutivo é vedada, 
visando evitar a perpetuação no poder. 
Se os chefes do Poder Executivo desejarem concorrer a outros cargos, devem renunciar até seis 
meses antes do pleito. Essa regra não se aplica aos membros do Poder Legislativo, que podem se 
reeleger por vários mandatos consecutivos. A proibição de concorrer a três mandatos consecutivos 
se estende também à família do titular do cargo eletivo, visando evitar a perpetuação de grupos 
familiares no poder. 
INELEGIBILIDADE REFLEXA 
A inelegibilidade reflexa, também denominada de inelegibilidade decorrente do parentesco ou por 
afinidade, está prevista no art. 14, § 7º, CF/1988. Foi instituída com a finalidade de garantir a 
isonomia entre postulantes a cargos eletivos e a normalidade e legitimidade das eleições contra a 
influência do abuso de poder político. Com efeito, para evitar a utilização da máquina pública, por 
meio da definição de políticas públicas ou da execução de medidas executiva, em prol de 
candidatura, o grupo familiar do chefe do Poder Executivo é considerado inelegível na circunscrição 
do cargo do parente paradigma. 
INELEGIBILIDADES INFRACONSTITUCIONAIS 
A CF autoriza a instituição de novas hipóteses de inelegibilidade pelo legislador infraconstitucional. 
Para tanto, o Congresso Nacional deverá editar uma lei complementar. Nessa lei é proibida a 
instituição de inelegibilidade com prazo de incidência ou de duração indeterminada, já que, nos 
termos do art. 14, § 9º, da CF, é dever da lei complementar estabelecer os prazos de cessação das 
inelegibilidades por ela instituídas. 
DA PESSOALIDADE DAS INELEGIBILIDADES 
A inelegibilidade é uma causa impeditiva ao exercício do direito à elegibilidade pessoal, ou seja, só 
atinge o cidadão que incidir em uma das hipóteses de inelegibilidade (intranscendência). Assim, se, 
após o pedido de registro de candidaturas a cargos majoritários, for constatado que um dos 
candidatos que compõe a chapa (titular ou vice) é inelegível, essa restrição não atinge o outro 
integrante da mesma chapa. A inelegibilidade de um dos concorrentes não contamina a chapa. 
Essa é a previsão legal contida no art. 18 da Lei Complementar n. 64/1990: “Art. 18. A declaração de 
inelegibilidade do candidato à Presidência da República, Governador de Estado e do Distrito Federal 
e Prefeito Municipal não atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-Governador ou Vice-Prefeito, 
assim como a destes não atingirá aqueles”. 
Sobre a aplicabilidade desse dispositivo, este é o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral: 
Direto do TSE 
Jurisprudência – Ac.-TSE, de 26/10/2006, no REspe n. 25.586: [...] o art. 18 da LC n. 64/1990 é 
aplicável aos casos em que o titular da chapa majoritária teve seu registro indeferido antes das 
eleições. Assim, o partido tem a faculdade de substituir o titular, sem qualquer prejuízo ao vice. 
Entretanto, a cassação do registro ou diploma do titular, após o pleito, atinge o seu vice, perdendo 
este, também, o seu diploma, porquanto maculado restou a chapa. Isso com fundamento no 
princípio da indivisibilidade da chapa única majoritária [...]. Desse modo, [...] incabível a aplicação do 
art. 18 da LC n. 64/1990, pois, no caso dos autos, a candidata a prefeita teve seu registro indeferido 
posteriormente às eleições. 
INELEGIBILIDADE DOS INALISTÁVEIS E ANALFABETOS 
O art. 1º, I, alínea “a”, da LC n. 64/1990 repete a disposição contida no art. 14, § 4º, da Constituição 
Federal. Esta é a disposição referida: “Art. 1º São inelegíveis: I – para qualquer cargo: a) os inalistáveis 
e os analfabetos; [...].” 
Trata-se da inelegibilidade dos inalistáveis e analfabetos. Essa hipótese de inelegibilidade já foi 
analisada no tópico “Inelegibilidades Constitucionais”. 
INELEGIBILIDADE DECORRENTE DA PERDA DE MANDATO LEGISLATIVO 
O art. 1º, I, alínea “b”, da LC n. 64/1990 dispõe: 
Art. 1º São inelegíveis: I – para qualquer cargo: [...] b) os membros do Congresso Nacional, das 
Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os 
respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição 
Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis 
Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período 
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da 
legislatura; (Redação dada pela LCP n. 81/1994) 
Essa hipótese de inelegibilidade é aplicável aos membros do Poder Legislativo que perderem seus 
mandatos parlamentares em virtude de exercício de cargo, emprego ou função nas hipóteses 
vedadas pelo art. 544 da CF/1988 ou de quebra de decoro parlamentar. Não se aplica essa hipótese 
de inelegibilidade quando a perda do mandato parlamentar decorrer da aplicação das demais 
situações prescritas no art. 55 da CF/1988. 
Os casos de perda de mandato parlamentar estão previstos no art. 55 da Constituição Federal. São 
eles: 
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: I – que infringir qualquer das proibições 
estabelecidas no artigo anterior; II – cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro 
parlamentar; III – que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões 
ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; IV – que perder ou 
tiver suspensos os direitos políticos; V – quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos 
nesta Constituição; VI – que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. 
Por conseguinte, havendo cassação de mandato de membro do Poder Legislativo com base nos 
incisos I e II do art. 55 da CF/1988, o cidadão que perdeu o cargo estará inelegível pelo período 
restante do mandato para o qual foi eleito, assim como para as eleições que se realizarem nos oito 
anos subsequentes. 
PERDA DE MANDATO DE CHEFE DO PODER EXECUTIVO 
O art. 1º, I, alínea “c”, da LC n. 64/1990 prescreve: 
Art. 1º São inelegíveis: I – para qualquer cargo: [...] c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e 
do Distrito Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a 
dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do 
Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos 
subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos; (Redação dada pela Lei 
Complementar n. 135/2010) 
A partir da análise dessa hipótese de inelegibilidade, vê-se que, se o Chefe do Poder Executivo 
estadual ou municipal perder o seu mandato em razão de violação de dispositivos da Constituição 
Estadual ou de Leis Orgânicas ficará inelegível para as eleições que se realizarem durante o período 
remanescente do mandato e nos oito anos subsequentes ao término do mandato. 
Contudo, essa prescrição impeditiva somente alcança os chefes do Executivo estadual ou municipal. 
Não ficará inelegível o presidente da República que perder o seu cargo por infringência a disposições 
constitucionais. Em outras palavras: a responsabilização do presidente da República pela prática de 
crime de responsabilidade após o desenvolvimento do processo de impeachment não acarreta a sua 
inelegibilidade. Na verdade, diante dessa circunstância, o presidente da República ficará inabilitado 
para o exercíciode qualquer cargo, emprego ou função pública. Trata-se de consequência jurídica 
mais intensa e extensa do que a inelegibilidade. Sobre essa situação de inelegibilidade, José Jairo 
Gomes (2012, p. 175) ensina que: 
Cogita-se aí de perda de cargo eletivo em virtude de processo de impeachment instaurado contra o 
chefe do Executivo estadual, distrital ou municipal, cuja finalidade é apurar crime de 
responsabilidade. O processo e o julgamento competem às respectivas casas legislativas. [...] E 
quanto ao titular do Executivo federal? Se condenado em processo de impeachment, o Presidente da 
República fica inabilitado pelo prazo de oito anos para o exercício de função pública. É o que prevê o 
art. 52, parágrafo único, da Constituição Federal. Note-se que a sanção de inabilitação é mais 
abrangente que a de inelegibilidade, pois, por ela, fica inviabilizado o exercício de quaisquer cargos 
públicos, e não apenas os eletivos. É assente que a inelegibilidade obstrui tão-só a capacidade 
eleitoral passiva. 
INELEGIBILIDADE DECORRENTE DE ABUSO DE PODER ECONÔMICO E POLÍTICO 
O estatuto legal da inelegibilidade decorrente do abuso de poder econômico e político está 
estabelecido no artigo 1º, inciso I, alínea "d", da Lei Complementar nº 64/1990, que declara: 
Inelegíveis são: I – para qualquer cargo: [...] d) aqueles contra quem haja representação julgada 
procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, 
em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual 
concorrem ou foram diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; 
(Redação dada pela Lei Complementar n. 135, de 2010) 
Esta condição de inelegibilidade foi estabelecida por exigência constitucional expressa. O artigo 14, 
parágrafo 9º, da Constituição Federal de 1988 determina a criação de casos de inelegibilidade para 
garantir a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do abuso do poder 
econômico ou do abuso do exercício de cargo, emprego ou função pública. 
Para compreender a aplicação dessa disposição legal, é crucial definir o abuso de poder econômico 
e político. O abuso de poder econômico é a utilização indevida e excessiva de recursos financeiros 
em campanhas eleitorais, enquanto o abuso de poder político é o uso indevido de cargo, emprego ou 
função pública em favor de candidatos ou com finalidade eleitoral. 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entende que o abuso de poder econômico se materializa com o 
mau uso de recursos patrimoniais, ultrapassando os limites legais e desequilibrando o pleito em 
favor dos candidatos beneficiários. 
Portanto, o uso indevido de recursos financeiros em campanhas eleitorais para beneficiar 
candidaturas constitui abuso de poder econômico. Essa conduta compromete a normalidade e a 
legitimidade das eleições, pois o uso excessivo do poderio financeiro pode manipular a vontade do 
eleitorado e quebrar a igualdade de oportunidade entre os candidatos. 
Por sua vez, o abuso de poder político ocorre quando a normalidade e a legitimidade das eleições são 
comprometidas por condutas de agentes públicos que, valendo-se de sua condição funcional, 
beneficiam candidaturas em desvio manifesto de finalidade. 
A prática de abuso de poder econômico ou político, quando reconhecida no julgamento da Ação de 
Investigação Judicial Eleitoral, acarreta a inelegibilidade. Apesar de o texto legal mencionar 
explicitamente o julgamento de uma representação, esse termo legal refere-se à Ação de 
Investigação Judicial Eleitoral, conforme estabelecido no artigo 22 da Lei Complementar nº 64/1990. 
A condenação pela prática de abuso de poder econômico ou político em outra espécie de ação 
eleitoral, como a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo ou, quando era possível, o Recurso contra 
a Expedição de Diploma, ou em decisões da Justiça Comum, não atrai a incidência da inelegibilidade 
prevista no artigo 1º, inciso I, alínea “d”, da LC nº 64/1990. 
Além disso, é importante questionar se essa inelegibilidade deve incidir apenas quando o cidadão 
pratica o abuso de poder econômico ou político em benefício de sua própria candidatura, ou se 
também se aplica quando o abuso é praticado em favor de terceiros. A interpretação dessa 
disposição normativa pode levar a duas situações: 
• A inelegibilidade se aplica ao candidato que pratica abuso de poder em benefício de sua 
própria candidatura; 
• A inelegibilidade se aplica àquele que pratica abuso de poder em benefício próprio, bem como 
àquele que pratica abuso em favor de terceiros. 
O entendimento do TSE é que a inelegibilidade do abuso de poder deve ser aplicada tanto aos 
candidatos que praticam abuso para viabilizar suas eleições quanto aos terceiros que praticam esses 
ilícitos eleitorais em favor de campanhas eleitorais de terceiros. 
Em ambas as situações, a finalidade da norma é garantir a igualdade entre os candidatos e a lisura 
das eleições, coibindo práticas que possam comprometer a vontade popular. Portanto, é 
fundamental que a Justiça Eleitoral esteja atenta para coibir e punir essas práticas, assegurando a 
integridade do processo eleitoral e a legitimidade do resultado das eleições. 
INELEGIBILIDADE DECORRENTE DA REJEIÇÃO DE CONTAS 
O artigo 1º, inciso I, alínea "g", da Lei Complementar nº 64/1990 estabelece: 
Art. 1º São inelegíveis: I – para qualquer cargo: [...] g) os que tiverem suas contas relativas ao 
exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato 
doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta 
houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 
(oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do 
artigo 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários 
que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135/2010) 
A inelegibilidade decorrente da rejeição de contas foi instituída pelo legislador complementar com a 
finalidade de proteger a probidade administrativa, nos termos do artigo 14, parágrafo 9º, da 
Constituição Federal de 1988. Essa situação impeditiva busca evitar que cidadãos, gestores da coisa 
pública e que exerceram com improbidade suas funções, possam concorrer a cargos eletivos e 
tornar-se representantes do povo. 
A partir da análise do presente dispositivo legal, vê-se que, para a incidência dessa inelegibilidade, é 
indispensável a presença dos seguintes requisitos: 
• a decisão deve ter sido proferida pelo órgão competente; 
• a decisão deve ser irrecorrível no âmbito administrativo (coisa julgada administrativa); 
• a rejeição das contas deve ter sido proferida em razão da existência de irregularidade 
insanável; 
• a irregularidade insanável deve configurar ato doloso de improbidade administrativa; 
• ter sido, na decisão de rejeição de contas, imputado débito a ser ressarcido; 
• inexistência de provimento judicial suspendendo ou anulando a decisão de rejeição das 
contas. 
Aliás, sobre a exigência da imputação de débito como requisito para a incidência dessa 
inelegibilidade, trata-se de novidade inserida por meio da Lei Complementar nº 184/2021, nos 
seguintes termos: “Art. 1º, § 4º-A. A inelegibilidade prevista na alínea "g" do inciso I do caput deste 
artigo não se aplica aos responsáveis que tenham tido suas contas julgadas irregulares sem 
imputação de débito e sancionados exclusivamente com o pagamento de multa”. 
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DAS CONTAS 
Os gestores públicos têm o dever de prestar contas do uso dos recursos públicos que estavam sob 
sua responsabilidade. Essa exigência decorre do princípio republicano que permite a punição e 
responsabilização daqueles que exercem cargos, empregos ou funções públicas. 
Em regra, as contas devem ser prestadas perante os Tribunais de Contas, que exercem, auxiliandoo 
Poder Legislativo, a análise contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da 
administração pública direta ou indireta. Nessa fiscalização, são aferidas a legalidade, a legitimidade, 
a economicidade dos gastos públicos, assim como a aplicação das subvenções e renúncia de 
receitas. Trata-se de exercício de função fiscalizatória. 
No exercício da atribuição de análise das prestações de contas, os Tribunais de Contas exercem duas 
funções: emitem parecer prévio sobre as contas apresentadas; ou julgam as contas apresentadas. 
Veja que, a depender da situação, os Tribunais de Contas não têm a competência para aprovar ou 
rejeitar as contas, mas somente emitem um parecer para viabilizar o julgamento delas pelo Poder 
Legislativo. 
É de suma importância a definição do órgão competente para julgamento das contas, pois essa 
inelegibilidade depende de que as contas sejam rejeitadas pelo órgão competente. Isso quer dizer 
que a emissão de parecer prévio pelo Tribunal de Contas não tem o condão de tornar alguém 
inelegível, mas sim o julgamento pelo Poder Legislativo, após o recebimento desse parecer. 
 
IMPEDIMENTO À ELEGIBILIDADE DECORRENTE DA RENÚNCIA AO MANDATO 
A renúncia ao mandato parlamentar, motivada pelo exercício de cargo ou função vedada, conforme o 
art. 54 da CF/1988, ou por quebra de decoro parlamentar, assim como a cassação do mandato de 
chefe do Poder Executivo estadual ou municipal por violação das Constituições Estaduais e Leis 
Orgânicas, resulta na aplicação das inelegibilidades previstas nas alíneas “b” e “c” do inciso I do art. 
1º da Lei Complementar n. 64/1990. Essas inelegibilidades demandam a perda do cargo para serem 
evitadas. Assim, para evitar tal desfecho, os detentores de cargos eletivos poderiam simplesmente 
renunciar antes da sanção de perda do cargo. 
Com o intuito de garantir a probidade administrativa e a moralidade no exercício de cargos eletivos, a 
Lei Complementar n. 135/2010 introduziu uma nova hipótese de inelegibilidade. Trata-se da alínea 
“k” do art. 1º, I, da Lei Complementar n. 64/1990, que estipula que ficam inelegíveis o Presidente da 
República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso 
Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais que 
renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar 
a abertura de processo por violação a dispositivos constitucionais, estaduais ou municipais, para as 
eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato e nos 8 (oito) anos 
subsequentes ao término da legislatura. 
Com essa nova hipótese de inelegibilidade, a renúncia ao cargo eletivo após a instauração de 
representação ou petição capaz de levar à cassação do mandato resultará na aplicação da 
inelegibilidade da alínea “k”, independentemente da motivação da renúncia. A análise do motivo da 
renúncia ou do mérito da representação não é relevante para a aplicação dessa restrição de direitos 
políticos. A única verificação necessária é se houve renúncia após o oferecimento da representação. 
Da mesma forma, mesmo que o processo de cassação do mandato não tenha sido instaurado, se a 
representação ou petição com potencial para levar à cassação tiver sido protocolada, o ocupante do 
cargo eletivo que renunciar ficará inelegível pelo restante do mandato e pelos oito anos 
subsequentes. 
INELEGIBILIDADE DECORRENTE DA DEMISSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO 
Conforme a Lei Complementar n. 64/1990: 
Art. 1º São inelegíveis: I – para qualquer cargo: [...] o) os que forem demitidos do serviço público em 
decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, 
salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei 
Complementar n. 135/2010) 
A demissão do serviço público, resultante de processo administrativo ou judicial, acarreta a 
inelegibilidade pelo período de oito anos, conforme a alínea “o” do inciso I do art. 1º da Lei 
Complementar n. 64/1990. Essa penalidade disciplinar é aplicada após o devido processo legal, 
abrangendo condutas ilícitas graves. 
Além disso, essa inelegibilidade também se estende aos militares que sofrem sanções equiparáveis à 
demissão, conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (Ac.-TSE, de 18.12.2018, no RO n. 
060079292). 
A suspensão dessa inelegibilidade pode ocorrer por decisão judicial, mediante ação anulatória que 
desfaça a sanção ou anule a demissão. Dessa forma, os efeitos da inelegibilidade podem ser 
temporariamente suspensos ou anulados. 
INELEGIBILIDADE DECORRENTE DA DOAÇÃO ELEITORAL ILÍCITA 
Segundo a Lei Complementar n. 64/1990: 
Art. 1º São inelegíveis: I – para qualquer cargo: [...] p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas 
jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou 
proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, 
observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído pela Lei Complementar n. 135/2010) 
As doações eleitorais ilegais resultam em inelegibilidade tanto para a pessoa física doadora quanto 
para os dirigentes das pessoas jurídicas. Essa medida visa evitar abusos de poder econômico e 
garantir a lisura do processo eleitoral. 
É importante notar que, mesmo quando a multa eleitoral é direcionada à pessoa jurídica, a 
inelegibilidade afeta seus dirigentes. Isso ocorre porque a pessoa jurídica não possui capacidade 
eleitoral passiva, tornando a inelegibilidade incompatível com sua natureza jurídica. 
A jurisprudência estabelece que não é necessário que os dirigentes da pessoa jurídica façam parte 
do processo judicial eleitoral para que a inelegibilidade seja aplicada. O importante é que a 
ilegalidade da doação seja reconhecida por decisão transitada em julgado ou órgão colegiado. 
INELEGIBILIDADE DECORRENTE DA APOSENTADORIA COMPULSÓRIA OU PERDA DE CARGO POR 
MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO OU JUÍZES 
Essa inelegibilidade está prevista no art. 1º, I, alínea “q”, da Lei Complementar n. 64/1990: 
Art. 1º São inelegíveis: I – para qualquer cargo: [...] q) os magistrados e os membros do Ministério 
Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o 
cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de 
processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar n. 
135/2010)[...] 
Essa inelegibilidade incide quando magistrados ou membros do Ministério Público sofrem 
aposentadoria compulsória, perda do cargo por decisão judicial ou solicitam exoneração ou 
aposentadoria voluntária durante um processo administrativo disciplinar. 
PARTIDOS POLÍTICOS 
Em primeiro lugar, faz-se uma distinção técnica: o Direito Eleitoral não trata da matéria referente aos 
partidos políticos. Ele está relacionado à soberania popular, aos direitos políticos, às eleições. 
Deveras, o ramo do Direito que cuida da criação, organização e relações partidárias é o Direito 
Partidário. Embora haja uma íntima relação entre eleições e partidos políticos, os tópicos 
relacionados aos partidos políticos submetem-se a princípios específicos e, por isso, há esse ramo 
Direito Partidário, distinto do Direito Eleitoral. 
Importância do Título V da Constituição Federal 
Em razão da influência de alguns institutos do Direito Partidário no processo eleitoral e da 
importância dos partidos políticos no regime democrático brasileiro, trataremos, nesta obra, sobre os 
principais aspectos sobre a criação, organização e participação em partidos políticos. 
Os partidos políticos têm sua disciplina normativa inscrita no art. 17 da Constituição Federal e na Lei 
n. 9.096/1995. 
Conceito e Natureza Jurídica dos Partidos Políticos 
De acordo com Bulos, os “partidos políticos são associações de pessoas, unidas por uma ideologia 
ou interesses comuns, que, organizadas estavelmente,

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