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DISCIPLINA: ANATOMIA COMPARADA DISCENTE: JEAN CARLOS SANTOS GOMES DE LIMA RESUMO RESPIRAÇÃO INTRODUÇÃO: O sistema respiratório é responsável pela troca de gases entre o organismo e o ambiente, permitindo a absorção de oxigênio (O₂) e a eliminação de dióxido de carbono (CO₂). Ele é composto por órgãos e estruturas que garantem essa função essencial para a sobrevivência. ÓRGÃOS RESPIRATÓRIOS: • Brânquias: As brânquias são os órgãos respiratórios de muitos animais aquáticos, como peixes, anfíbios, crustáceos e moluscos. Elas permitem a captação de oxigênio dissolvido na água e a eliminação do dióxido de carbono (CO₂), funcionando de maneira semelhante aos pulmões nos vertebrados terrestres. Como funcionam as brânquias? 1. Entrada da água: O animal faz a água passar pelas brânquias através da boca ou de aberturas especializadas. 2. Trocas gasosas: O oxigênio presente na água atravessa as membranas das células branquiais e entra na corrente sanguínea, enquanto o CO₂ é eliminado. Esse processo ocorre por difusão, pois há maior concentração de oxigênio na água do que no sangue do animal. 3. Saída da água: Após a troca gasosa, a água pobre em oxigênio é expelida pelas aberturas branquiais. • Bexigas de Gás: Bexiga natatória, uma estrutura respiratória presente em alguns peixes, ou às bolhas de gás no sistema respiratório humano, que podem causar problemas como embolia gasosa. Vou explicar os dois: 1. Bexiga Natatória (em Peixes) • A bexiga natatória é um órgão cheio de gás presente em muitos peixes ósseos. Ela ajuda na flutuação, permitindo que o peixe controle sua posição na água sem precisar nadar constantemente. • Funciona regulando a quantidade de gás no interior, geralmente oxigênio, absorvido ou liberado pelo sangue. • Alguns peixes também usam a bexiga natatória para auxiliar na respiração ou até na produção de sons. • Peixes cartilaginosos, como tubarões, não possuem bexiga natatória e compensam isso nadando continuamente ou armazenando óleo no fígado. • Órgãos Respiratórios Cutâneos: A respiração cutânea ocorre quando os gases respiratórios (oxigênio e CO₂) trocam diretamente através da pele, sem a necessidade de órgãos respiratórios complexos. Animais com respiração cutânea: o Anfíbios (ex: sapos e salamandras) → Podem respirar pela pele, principalmente em ambientes úmidos. o Minhocas → Não possuem pulmões nem brânquias, dependendo totalmente da pele para respirar. o Equinodermos (ex: estrelas-do-mar) → Realizam trocas gasosas por projeções da pele chamadas pápulas. Características da pele para respiração cutânea: o Úmida e fina para facilitar a difusão dos gases. o Bem vascularizada para rápida troca de gases com o sangue. • Órgãos Acessórios da Respiração Aérea Alguns animais possuem estruturas adicionais para complementar a captação de oxigênio, especialmente em ambientes com baixa oxigenação. Exemplos de órgãos acessórios: o Pulmões primitivos (ex: peixe pulmonado) → Peixes pulmonados possuem pulmões rudimentares além das brânquias. o Arborescências branquiais (ex: caranguejos terrestres) → Adaptadas para captar oxigênio do ar. o Cavidade bucofaríngea (ex: sapos) → Alguns anfíbios realizam trocas gasosas na mucosa da boca. o Tráqueas (ex: insetos) → Sistema de tubos que levam o oxigênio diretamente às células, sem o uso de sangue para transporte. • Respiração em Embriões O modo como os embriões respiram depende do seu ambiente de desenvolvimento. Diferentes tipos de respiração embrionária: o Em embriões aquáticos (ex: peixes e anfíbios) → Absorvem oxigênio dissolvido na água por difusão através da pele. o Em embriões de ovos terrestres (ex: répteis e aves) → O oxigênio entra pela casca por poros microscópicos, e o embrião o utiliza para respirar. o Em mamíferos → O oxigênio é trocado pela placenta, sem que o embrião precise de respiração própria até o nascimento. Esses mecanismos garantem que o embrião obtenha oxigênio suficiente para seu desenvolvimento até que possa respirar de forma independente. MECANISMOS DE VENTILAÇÃO: A ventilação respiratória é o processo de movimentação do ar ou da água sobre as superfícies respiratórias para garantir a troca eficiente de gases. Esse processo pode ocorrer por diferentes mecanismos, dependendo do tipo de organismo e ambiente. 1. Ventilação por Cílios: Os cílios são pequenas estruturas semelhantes a fios que ajudam no movimento de fluidos sobre superfícies respiratórias. Exemplo: Moluscos e Anfíbios → Em alguns animais aquáticos, os cílios movimentam a água sobre as brânquias para aumentar a absorção de oxigênio. No sistema respiratório humano → Os cílios do epitélio respiratório ajudam a remover muco e partículas, facilitando a passagem de ar nos pulmões. 2. Mecanismos Musculares da Ventilação: Em animais mais complexos, os músculos desempenham um papel essencial na ventilação, promovendo a entrada e saída do ar. Nos Vertebrados Terrestres: o Mamíferos: O diafragma e os músculos intercostais controlam a expansão e contração dos pulmões. Inspiração → O diafragma contrai e desce, expandindo os pulmões e puxando o ar para dentro. Expiração → O diafragma relaxa e sobe, expulsando o ar. o Répteis: Usam músculos torácicos para expandir e contrair os pulmões, já que não possuem diafragma bem desenvolvido. o Aves: Possuem sacos aéreos que garantem um fluxo unidirecional de ar pelos pulmões, aumentando a eficiência da troca gasosa. Nos Peixes e Anfíbios: o Peixes ósseos: Utilizam a bomba bucofaríngea, abrindo e fechando a boca para forçar a passagem da água pelas brânquias. o Anfíbios: Além da respiração cutânea, usam a bomba bucal, onde o ar é empurrado para os pulmões por movimentos da boca. Esses mecanismos garantem uma ventilação eficiente para a obtenção de oxigênio em diferentes ambientes. FILOGENIA: A evolução do sistema respiratório reflete a adaptação dos animais aos diferentes ambientes. Nos vertebrados, ele se desenvolveu para garantir uma troca gasosa eficiente, desde os agnatos primitivos até os mamíferos e aves altamente especializados. 1. Agnatos (Peixes Sem Mandíbula – Lampreias e Mixinas) • Possuem brânquias simples alojadas em bolsas branquiais. • A água entra pela boca ou por poros branquiais e passa pelas brânquias para trocas gasosas. • Em lampreias parasitas, a água entra diretamente pelos poros branquiais, pois a boca está fixada no hospedeiro. 2. Elasmobrânquios (Tubarões e Raias – Peixes Cartilaginosos) • Brânquias livres, sem opérculo, localizadas em fendas branquiais. • Possuem um espiráculo (abertura perto dos olhos) que ajuda na ventilação, principalmente em raias que vivem no fundo. • Ventilação ram (ventilação por natação): Alguns tubarões precisam nadar constantemente para manter o fluxo de água sobre as brânquias. 3. Peixes Ósseos • Possuem brânquias protegidas por um opérculo, que melhora a eficiência da ventilação. • Utilizam a bomba bucofaríngea, que força a água a passar pelas brânquias. • Alguns peixes (ex: piramboia e peixe pulmonado) possuem pulmões primitivos, permitindo respiração aérea complementar. 4. Resumo da Respiração dos Peixes • Todos os peixes respiram predominantemente por brânquias. • Peixes cartilaginosos têm fendas branquiais abertas, enquanto os ósseos têm opérculo. • Alguns peixes podem realizar respiração aérea (ex: piramboia e cascudo). • A ventilação pode ocorrer por bomba bucal ou pela natação contínua. 5. Anfíbios • Respiração cutânea: A pele úmida permite a troca gasosa. • Respiração pulmonar: Pulmões simples, menos eficientes que os dos répteis e mamíferos. • Respiração bucofaríngea: Trocas gasosas ocorrem pela mucosa da boca. • Exemplo: Os girinos respiram por brânquias antes da metamorfose. 6. Répteis • Pulmões mais desenvolvidos que os anfíbios, com maior superfície de trocas gasosas. • Possuemventilação pulmonar ativa, usando músculos torácicos para expandir os pulmões. • Alguns podem usar a cloaca para absorver oxigênio (ex: algumas tartarugas aquáticas). 7. Mamíferos • Pulmões altamente desenvolvidos, com milhões de alvéolos para trocas gasosas. • Diafragma permite ventilação eficiente. • Trocas gasosas exclusivamente pulmonares (não há respiração cutânea). • Fluxo de ar bidirecional (entra e sai pelo mesmo caminho). 8. Aves • Sistema respiratório mais eficiente entre os vertebrados. • Possuem sacos aéreos que garantem um fluxo unidirecional de ar pelos pulmões, aumentando a oxigenação. • As trocas gasosas ocorrem nos parabrônquios dos pulmões. • O fluxo contínuo de oxigênio é essencial para sustentar o metabolismo elevado do voo. Conclusão A evolução do sistema respiratório nos vertebrados reflete a transição da vida aquática para terrestre, com adaptações cada vez mais eficientes. Enquanto os peixes dependem das brânquias, os répteis, mamíferos e aves desenvolveram pulmões altamente especializados. FORMA E FUNÇÃO: A estrutura do sistema respiratório está diretamente ligada à sua função: garantir a troca eficiente de gases entre o organismo e o ambiente. A evolução e a adaptação aos diferentes meios (água e ar) resultaram em diferentes padrões de transferência gasosa e mecanismos de ventilação. 1. Padrões de Transferência Gasosa Os gases respiratórios (oxigênio – O₂ e dióxido de carbono – CO₂) movem-se por difusão em direção ao local de menor concentração. Os organismos desenvolveram diferentes estratégias para maximizar essa troca gasosa: Tipos de padrões de transferência gasosa: 1. Fluxo unidirecional: O fluido (água ou ar) passa em uma única direção sobre a superfície respiratória. Exemplo: Brânquias dos peixes, pulmões das aves. 2. Fluxo bidirecional (ou corrente-tidal): O ar entra e sai pelo mesmo caminho. Exemplo: Pulmões de mamíferos. 3. Troca a contracorrente: O fluido respiratório e o sangue circulam em direções opostas, maximizando a absorção de oxigênio. Exemplo: Brânquias dos peixes. 2. Taxas de Transferência de Gases • A eficiência da troca gasosa depende de: • Superfície de contato: Quanto maior a área de troca, maior a captação de O₂. (Ex: pulmões altamente alveolados nos mamíferos). • Diferença de concentração: Quanto maior a diferença entre a concentração de oxigênio no meio e no sangue, mais eficiente é a difusão. • Espessura da membrana respiratória: Membranas finas facilitam a troca gasosa (Ex: brânquias e alvéolos). • Modo de ventilação: Fluxo contínuo (aves e peixes) é mais eficiente do que ventilação bidirecional (mamíferos). 3. Respiração na Água A água contém menos oxigênio dissolvido que o ar, então os organismos aquáticos precisam de adaptações para otimizar a captação de O₂. Características da respiração aquática: • Brânquias altamente vascularizadas → Maximizam a troca gasosa. • Ventilação contínua → Muitos peixes forçam a passagem da água pelas brânquias. • Troca gasosa a contracorrente → Mantém um gradiente de oxigênio eficiente. • Maior gasto energético → Respirar na água exige mais esforço do que no ar, pois a água é mais densa. Exemplo: Peixes ósseos usam a bomba bucofaríngea para garantir fluxo constante de água sobre as brânquias. 4. Respiração no Ar O ar tem muito mais oxigênio disponível do que a água e é menos denso, facilitando a ventilação pulmonar. Características da respiração aérea: • Pulmões internos → Evitam perda excessiva de água por evaporação. • Superfície alveolar grande → Maximiza a absorção de O₂ em mamíferos. • Sistemas de ventilação eficientes → Diafragma nos mamíferos, sacos aéreos nas aves. • Menor gasto energético → Respirar no ar exige menos esforço do que na água. Exemplo: As aves têm um sistema de ventilação único, onde o ar flui continuamente pelos pulmões, garantindo uma oxigenação eficiente mesmo durante o voo. EVOLUÇÃO DOS ÓRGÃOS RESPIRATÓRIOS: A evolução do sistema respiratório nos vertebrados reflete adaptações para diferentes ambientes, desde a vida aquática até a terrestre. Isso incluiu mudanças na ventilação, regulação acidobásica e eficiência da captação de oxigênio. 1. Regulação Acidobásica O sistema respiratório tem um papel essencial no equilíbrio ácido-base do organismo, mantendo o pH sanguíneo estável. Mecanismos de regulação: • A respiração regula os níveis de CO₂, que influencia diretamente a acidez do sangue. • Hiperventilação (aumento da frequência respiratória) reduz CO₂, tornando o sangue mais alcalino. • Hipoventilação (redução da respiração) retém CO₂, aumentando a acidez sanguínea. Os peixes e anfíbios regulam o pH através da troca de íons (H⁺ e HCO₃⁻) nas brânquias e pele. Mamíferos e aves utilizam pulmões eficientes e mecanismos renais para manter o equilíbrio ácido-base. 2. Ventilação A ventilação é o processo que movimenta o ar ou a água sobre a superfície respiratória, garantindo a troca gasosa. Evolução da ventilação nos vertebrados: • Peixes: Dependem da bomba bucofaríngea ou da ventilação por natação para mover a água pelas brânquias. • Anfíbios: Usam um mecanismo de bomba bucal, forçando o ar para os pulmões. • Répteis: Possuem músculos torácicos que expandem e contraem os pulmões, melhorando a ventilação. • Mamíferos: Desenvolveram um diafragma muscular, que torna a respiração mais eficiente. • Aves: Possuem sacos aéreos que garantem um fluxo contínuo de ar pelos pulmões, otimizando a captação de oxigênio. 3. Transição da Água para a Terra A passagem dos vertebrados do meio aquático para o terrestre exigiu mudanças significativas no sistema respiratório: Principais desafios: • A água fornece suporte ao corpo, enquanto o ar exige adaptações para sustentar a ventilação pulmonar. • A respiração na água depende das brânquias, mas no ar, a evaporação da água corporal se torna um problema. • A necessidade de um sistema respiratório interno para evitar a desidratação levou ao desenvolvimento dos pulmões. Evolução dos pulmões: • Alguns peixes pulmonados já possuíam estruturas primitivas que captavam oxigênio do ar. • Os anfíbios desenvolveram pulmões simples, mas ainda dependem da respiração cutânea. • Nos répteis, os pulmões se tornaram mais compartimentados, aumentando a eficiência. • Em mamíferos e aves, os pulmões evoluíram para maximizar a captação de oxigênio com superfícies altamente vascularizadas. 4. Pulmões e Sacos Aéreos das Aves As aves desenvolveram o sistema respiratório mais eficiente dos vertebrados, adaptado ao metabolismo exigente do voo. Estrutura do sistema respiratório das aves: • Pulmões compactos e rígidos, com trocas gasosas nos parabrônquios. • Sacos aéreos que armazenam e movimentam o ar, garantindo um fluxo unidirecional contínuo. • Dupla ventilação: O ar fresco entra nos pulmões tanto na inspiração quanto na expiração. Vantagens do sistema respiratório das aves: • Maior eficiência na extração de oxigênio, essencial para o voo em grandes altitudes. • Ventilação constante evita o acúmulo de CO₂, otimizando o transporte de gases. • Redução do peso corporal devido aos sacos aéreos, contribuindo para a aerodinâmica. Conclusão • A evolução do sistema respiratório nos vertebrados reflete as necessidades impostas pelo ambiente: • Peixes dependem de brânquias e fluxo de água constante. • Anfíbios fazem a transição para pulmões primitivos, mas ainda usam a pele. • Répteis e mamíferos desenvolveram pulmões eficientes para a vida terrestre. • As aves possuem o sistema mais avançado, com sacos aéreos e fluxo contínuo de ar.