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frederico_rabelo@protonmail.com Pág. QUESTÕES ANOTADAS DIREITO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE ESTUDOS REDUZIDOS Sobre o Direito da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que: Teve origem no Brasil com a Constituição Federal e tem como base os princípios da proteção integral e prioridade absoluta. Fonte 1: Resumo base. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - FMB FEDERAL 2014. Princípios fundamentais Como base desses direitos fundamentais existe os princípios. São quatro princípios básicos que podemos destacar para dar uma sustentação a esse novo direito. 1º) Princípio da proteção integral É uma doutrina universal que inspirou a Constituição Federal e a respectiva inclusão da condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos. O princípio da proteção integral é o primeiro princípio que podemos destacar como princípio basilar desse novo direito da criança e do adolescente. Diz-se que é proteção integral porque há um rol de direitos a serem protegidos, então se protege integralmente todos os interesses desses indivíduos (criança e adolescente). De outro lado, proteção integral também se realiza chamando todos indistintamente (Estado, Sociedade e Família) à tutela desses novos direitos. De um lado Estado, Sociedade e Família e de outro lado um rol extenso de direitos fundamentais, que também tutelam com integralidade a vida da criança e do adolescente, por isso chamar-se proteção integral. Isso veio na CF/88, no art. 227 e o ECA, dois anos depois, explicitou esses direitos fundamentais, desde vida e saúde, passando por convivência familiar e comunitária, até proteção ao trabalho, do não trabalho, etc. O ECA continua quando termina a tutela dos direitos, a descrição dos direitos fundamentais, bem como estabelecendo regras de proteção desses direitos fundamentais pelo Estado, Sociedade e Família. O ECA ainda fala do Judiciário, MP, DP, PC, Conselho Tutelar, Conselho dos Direitos, ações para proteção de interesses difusos e coletivos e estabelece infrações adm. e crimes para tutelar o direito da criança e adolescente. Então, surge o ECA e explicita pormenorizadamente o direito da criança e do adolescente na perspectiva da proteção integral. A proteção integral é esse primeiro princípio, é o princípio basilar a sustentar todo esse novo direito da criança e do adolescente. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Mas, a proteção integral não vem sozinha, há outros regramentos constitucionais que também visam a proteção e a tutela, por exemplo: o salário mínimo, só que ele, na realidade, não protege como se esperava. Para que a proteção integral não fosse mais um direito inócuo, veio um 2º princípio que vai nortear cada regramento, cada tutela de direitos da criança e do adolesc. É o princípio da prioridade da prioridade absoluta. 2º) Princípio da Prioridade Absoluta Esse princípio é previsto também na Constituição Federal, no art. 227, ou seja, Estado, Sociedade e Família devem assegurar os direitos fundamentais da criança e do adolescente com absoluta prioridade. Prioridade absoluta é assegurar esse direito antes de outras coisas. É assegurar com efetividade. Então, o direito a educação, a creche, ao ensino fundamental, a saúde, a medicamentos, a cirurgias, etc. são prioritários. O ECA, no art. 4º, explicita algumas situações dessa garantia de prioridade. É um rol exemplificativo, porque a própria Constituição Federal prevê a garantia de prioridade para todos os direitos fundamentais. Por exemplo, a prioridade na pauta de julgamento dos tribunais dos recursos afetos à criança e ao adolescente. Então, criança e adolescente tem que ter os seus direitos fundamentais protegidos integralmente com prioridade absoluta e essa prioridade absoluta vale para o Estado, a Sociedade e a Família. Especialmente em relação ao Estado, um exemplo da efetivação desse princípio são as ações civis públicas que tem sido ajuizadas em face do Estado para a tutela de direitos difusos e coletivos ou sócio individuais. Foi-se o tempo que era discricionário atender com prioridade o direito da criança e adolesc., hoje desatendê-lo é praticar ilegalidade e, diante dela, o Judiciário deve intervir para a mudança de um cenário de omissão estatal. Esse princípio da prioridade absoluta é muito importante e se junta ao princípio da proteção integral. Não se pode esquecer que, nesse cenário de prioridade absoluta também se encaixa o idoso por seu estatuto (art. 3º). frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Sobre o Direito da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que: É diretriz a municipalização do atendimento, com a descentralização político-administ. e a participação dos entes federados com a criação de Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais dos direitos das crianças e adolescentes. Fonte 2: Lei. ECA. Título I - Da Política de Atendimento/Capítulo I - Disposições Gerais 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. 87. São linhas de ação da política de atendimento: I. políticas sociais básicas; II. políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem; III. serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; IV. serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; V. proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente; VI. políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; VII. campanhas de guarda de crianças/adolesc. afastados do convívio familiar e à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. 88. São diretrizes da política de atendimento: I. municipalização do atendimento; II. criação de conselhos mun., est. e nacional dos direitos da criança e adolescente, órgãos deliberativos das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas; III. criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa; IV. manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente; V. integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente no mesmo local, para agilização do atendimento inicial a adolescente infrator; VI. integração operacional do Judiciário, MP, DP, Cons. Tutelar, para agilizar atendimento de crianças e adolesc. de programas de acolhimento familiar/institucional, para rápida reintegração à família original ou, substituta; VII. mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e não será remunerada. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Sobre o Direito da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que: Permite que o juiz da infância, por meio de portaria, somente limite a permanência de adolescentes e de crianças em casos concretos e específicos. Fonte 3: Lei. ECA. Seção II - Do Juiz 146. A autoridade a que se refere esta Leié o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei de organização judiciária local. 147. A competência será determinada: I. pelo domicílio dos pais ou responsável; II. pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável. §1. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. §2. A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente. §3. Na infração cometida por rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras do estado. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para: I. conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis; II. conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo; III. conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; IV. conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209; V. conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; VI. aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança o adolescente; VII. conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. §. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: a. conhecer de pedidos de guarda e tutela; b. conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda; c. suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; frederico_rabelo@protonmail.com Pág. d. conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; g) conhecer de ações de alimentos; h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em: a) estádio, ginásio e campo desportivo; b) bailes ou promoções dançantes; c) boate ou congêneres; d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. II - a participação de criança e adolescente em: a) espetáculos públicos e seus ensaios; b) certames de beleza. §1. Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em conta, dentre outros fatores: a) os princípios desta Lei; b) as peculiaridades locais; c) a existência de instalações adequadas; d) o tipo de frequência habitual ao local; e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de crianças e adolescentes; f) a natureza do espetáculo. § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Sobre o Direito da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que: Está previsto no ECA o direito das crianças e adolescentes serem ouvidas em todas as questões pertinentes a elas, inclusive havendo previsão semelhante na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança. Fonte 4: Lei. Convenção sobre os Direitos da Criança. Decreto 99.710/90. 8.1. Os Estados Partes se comprometem a respeitar o direito da criança de preservar sua identidade, inclusive a nacionalidade, o nome e as relações familiares, de acordo com a lei, sem interferências ilícitas. 8.2. Quando uma criança se vir privada ilegalmente de algum elemento que configure sua identidade, os Estados Partes deverão prestar assistência e proteção adequadas com vistas a restabelecer rapidamente sua identidade. 9.1. Deve-se zelar para a criança não ser separada dos pais contra a vontade dos mesmos, exceto quando, sujeita à revisão judicial, as autoridades determinarem que a separação é necessária ao interesse maior da criança. 9.2. Caso seja adotado qualquer procedimento em conformidade com o estipulado no 9.1., todas as partes interessadas terão a oportunidade de participar e de manifestar suas opiniões. 9.3. Os Estados Partes respeitarão o direito da criança que esteja separada de um ou de ambos os pais de manter regularmente relações pessoais e contato direto com ambos, a menos que isso seja contrário ao interesse maior da criança. 9.4. Quando essa separação ocorrer por causas ocorridas aos pais da criança ou da própria criança, o Estado, quando solicitado, proporcionará ao familiar, informações básicas do paradeiro, salvo se prejudicial à criança. 10.1. Toda solicitação apresentada para ingressar ou sair de um Estado com vistas à reunião da família, deverá ser atendida pelos Estados de forma positiva, humanitária e rápida. E isso não acarretará consequências adversas. 10.2. O direito de sair de qualquer país estará sujeito, apenas, às restrições legais necessárias a segurança nacional, a ordem pública, a saúde ou os direitos e as liberdades de outras pessoas. 11.1. Os Estados Partes adotarão medidas a fim de lutar contra a transferência ilegal de crianças para o exterior e a retenção ilícita das mesmas fora do país. 11.2. Para tanto, aos Estados Partes promoverão a conclusão de acordos bilaterais ou multilaterais ou a adesão a acordos já existentes. 12.1. É assegurado à criança que estiver capacitada a formular seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões livremente, levando-se devidamente em consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade. 12.2. Proporcionar-se-á à criança a oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou adm. que a afete, diretamente quer por um representante ou órgão apropriado, de acordo com as regras processuais nacionais. 13.1. A criança terá direito à liberdade de expressão. Esse direito incluirá a liberdade de divulgar informações e ideias de todo tipo, independentemente de fronteiras, por qualquer meio escolhido pela criança. 13.2. O exercício de tal direito poderá estar sujeito a determinadas restrições, que serão unicamente as previstas pela lei e consideradas necessárias: a. para o respeito dos direitos ou da reputação dos demais, ou frederico_rabelo@protonmail.com Pág. b. para a proteção da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger a saúde e a moral públicas. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Sobre o Direito da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que: Abrange os adolescentes entre dezesseis e dezoito anos que foram emancipados. Fonte 5: Doutrina específica. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado Artigo por Artigo. 2014. Luciano Alves Rossato, Paulo Eduardo Lépore e Rogério Sanches Cunha. Capacidade civil, emancipação e reflexos nos direitos dispostos no Estatuto (art. 2. º) Crianças e adolescentes não podem ser considerados incapazes para todos os atos de suas vidas, haja vista serem pessoas completas, com a singularidadede se encontrarem em situação de desenvolvimento. O regime de capacidade civil não gera qualquer reflexo no ECA. As normas elencadas pelo Estatuto têm natureza pública, representando direitos de proteção a serem exercidos em relação com o Estado. Nenhum adolescente deixa de ser titular de direitos assegurados no Estatuto porque se emancipou, sob pena de imperdoável ofensa à doutrina da proteção integral. *Vide ainda: STF, HC 94.938/RJ, Primeira Turma, Min. Rel. Carmen Lúcia, julgado em 12/08/2008. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Sobre a aplicação de medidas socioeducativas, é correto dizer que: Conforme o ECA, é possível aplicação de medida socioeducativa de advertência, mesmo que não haja prova da autoria e materialidade. No entanto, essa previsão é inconstitucional. Fonte 6: Resumo base. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - FMB FEDERAL 2014. Medidas socioeducativas A medida socioeducativa não tem um caráter meramente protetivo, mas também punitivo. É um misto de punição com processo pedagógico. De um lado, então, visa-se inserir no adolescente valores positivos que permitam a sua evolução como pessoa humana e, de outro lado, é uma medida de punição. São penas também, porém de natureza socioeducativa. Essa natureza mista é que torna impossível negociar, no campo processual, com as garantias processuais, o contraditório, a ampla defesa e tudo mais. Portanto, a natureza dessas medidas socioeducativas é a natureza dual: de um lado processo pedagógico, de outro lado medida de punição. Prevalece na jurisprudência e na doutrina, a natureza específica socioeducativa dessas medidas e não o caráter penal. O STF, quando aplica prescrição penal ao ECA, justifica como sendo uma medida de equidade, para fazer um paralelismo com o adulto que sofre um proc. penal. Mas se explica dizendo que não se trata de medida penal. Os pressupostos para aplicação das medidas socioeducativas são: prova da autoria e da materialidade do ato infracional. Excepcionalmente, admite-se aplicação dessas medidas sem prova efetiva da autoria e da materialidade. Por exemplo, no caso da medida de advertência. Essa previsão é temerária, porque se admite a aplicação de uma medida, de caráter também punitivo, embora pedagógico, sem prova efetiva da autoria, com meros indícios. As medidas que podem acompanhar a remissão são tão somente aquelas medidas não privativas de liberdade. Nela também prescinde-se de prova da autoria e materialidade, porque ñ se investiga o mérito no procedimento. O ECA tem os seus critérios para se chegar às medidas adequadas ao caso concreto (art. 112). Deve o juiz investigar a gravidade e as circunstâncias do ato infracional, bem como a capacidade do adolescente cumprir a medida. A gravidade do ato infracional será investigada de duas formas, basicamente. Primeiro, se verificando os próprios elementos compositivos do ato infracional, ou seja, da infração penal que corresponde àquele ato infracional. Se houver violência/grave ameaça compondo o ato infracional, isso informa que se trata de um ato infracional grave. A outra forma de investigarmos se aquele ato infracional é grave, é verificar qual é o preceito secundário que corresponde àquele ato infracional. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Então, se no preceito secundário da pena criminal correspondente houver uma privação de liberdade, é sinal que nós vamos ter ali um ato infracional grave. O segundo critério são as circunstâncias do ato infracional. São todos os aspectos que gravitam em torno dele e vão influenciar na sua reprovabilidade social. Nem sempre a questão será a maior ou menor gravidade, às vezes será a qualidade da medida que se busca, uma medida de acompanhamento do adolescente, ou uma medida instantânea (advertência, reparação de dano, etc). Agora, no terceiro critério, deixa-se o ato infracional e se investiga o adolescente. Deve-se olhar o adolescente e seu entorno social. Daí vislumbra-se a capacidade de o adolescente cumprir a medida e entende-la. Por isso todo o procedimento de apuração de ato infracional deve ter um estudo técnico, por equipe interprofissional, onde se analisam os aspectos psicológicos e sociais do caso que envolve o adolescente. Essas medidas podem ser aplicadas isoladas ou cumulativamente, conforme a necessidade pedagógica do adolescente e conforme a possibilidade de cumulá-las. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Sobre a aplicação de medidas socioeducativas, é correto dizer que: Com base na Convenção das Nações Unidas do Direito da Criança, assegura-se ao adolescente infrator o respeito a sua condição humana, nunca podendo receber tratamento inferior ao do adulto em situação semelhante. Fonte 7: Lei. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE. Lei 12.594/2012. TÍTULO II - DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS/CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS 35. A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes princípios: I. legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; II. excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; III. prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas; IV. proporcionalidade em relação à ofensa cometida; V. brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente); VI. individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; VII. mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida; VIII. não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e IX. fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo. CAPÍTULO II - DOS PROCEDIMENTOS 36. A competência para jurisdicionar a execução das medidas socioeducativas segue o determinado pelo art. 146 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 37. A defesa e o Ministério Público intervirão, sob pena de nulidade, no procedimento judicial de execução de medida socioeducativa, asseguradas aos seus membros as prerrogativas previstas na Lei 8.069/90 (ECA). 38. As medidas de proteção, de advertência e de reparação do dano, quando aplicadas de forma isolada, serão executadas nos próprios autos do processo de conhecimento. 39. Para aplicação das medidas socioeducativas de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internação, será constituído proc. de execução para cada adolescente, autuadas essas peças: I. documentos de caráter pessoal do adolescente existentes no processo de conhecimento, especialmente os que comprovem sua idade; e II . as indicadas pela autoridade judiciária, sempre que houver necessidade e, obrigatoriamente: frederico_rabelo@protonmail.com Pág. a. cópia da representação; b. cópia da certidão de antecedentes; c. cópia da sentença ou acórdão; e d. cópia de estudos técnicos realizados durante a fase de conhecimento. §. Procedimento idêntico será observado na hipótese de medida aplicada em sede de remissão, como forma de suspensão do processo. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Sobre a aplicação de medidas socioeducativas, é correto dizer que: A personalidade e o contexto social do adolescente, e as necessidades pedagógicas da medida não devem preponderar sobre a gravidade e as circunstânciasda infração. *Vide Fonte 6. *Comentários do CEI-DPE’s: Se a medida socioeducativa se baseasse exclusivamente na personalidade e no contexto social do adolescente, perpetuar-se-ia aplicação da superada doutrina da situação irregular. Essa doutrina associava os adolescentes vulneráveis social e economicamente à delinquência. A fim de evitar essa consequência, eram tratados como objeto de políticas paternalistas, sem considerar seus interesses e direitos. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Sobre a aplicação de medidas socioeducativas, é correto dizer que: No caso de ato infracional cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, se comprovadas a autoria e a materialidade, é faculdade da autoridade judicial aplicar medida socioeducativa de internação. Fonte 8: Doutrina específica. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Coleção Leis Especiais para Concursos. 2015. GUILHERME FREIRE DE MELO BARROS. 106, ECA. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. 1. Privação de liberdade: tem-se que há duas hipóteses legítimas de privação de liberdade: (i) o flagrante e (ii) a ordem judiciária . 2. Flagrante de ato infracional: há a necessidade de se valer dos conceitos estabelecidos pelo Código de Processo Penal. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I. está cometendo a infração penal; II. acaba de cometê-la; III. é perseguido, logo a pós, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV. é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Diante da configuração das situações do art. 302 do CPP, o adolescente é apreendido em flagrante de ato infracional e deve ser encaminhado à autoridade policial com atribuição para lavrar a ocorrência. 3. Ordem da autoridade judiciária: toda decisão judicial deve ser fundamentada. Trata-se da materialização do princípio constitucional da motivação da decisão judicial. Decisão sem fundamentação é nula e inconstitucional. Para que seja determinada apreensão provisória do adolescente, a decisão deve-se fundar em três requisitos: (i) indícios suficientes de autoria; (ii) materialidade; e (iii) imperiosa necessidade da medida. 4. Súmula 718 do STF: é rechaçada a fundamentação judicial baseada na gravidade abstrata do delito. “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada”. Fonte 9: Resumo base. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - FMB FEDERAL 2014. Internação Trata-se de medida privativa de liberdade, muito embora o adolescente poderá realizar tarefas externas, a critério da entidade de internação. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Para que o juiz proíba qualquer tarefa externa, a proibição deve vir expressamente na sentença/execução da medida socioeducativa. A internação não é de todo igual ao regime fechado do sistema prisional do adulto. Vamos pegar primeiro o princípio da brevidade e ver algumas regras da internação. A internação é regida pelo princípio da brevidade, ou seja, ela deve ser o mais breve possível para cumprir os seus objetivos de proteção social, de recuperação do adolescente e porque é privação de liberdade. A aplicação da internação é por prazo indeterminado. Todavia, ela pode durar até 3 anos, mas ela não será aplicada por prazo certo, devendo ser reavaliada a cada 6 meses. Então, o juiz, a cada 6 meses, deve proferir uma decisão, fundamentada, dizendo se deve continuar ou não a internação. Outra regra: a medida pode se estender até a fase adulta do adolescente, mas ela será rompida, compulsoriamente, quando ele completar 21 anos de idade. Por ex., quando adolescente completa 1 ano de internação e pratica um novo ato infracional dentro da própria entidade, por esse novo ato deve sofrer uma nova medida socioeducativa de internação. É outro processo. Como nós vamos ficar, em relação aos 3 anos? Ele já cumpriu 1. Como é que fica essa nova sentença? Não há regramento no ECA a respeito. A doutrina sugere a aplicação de uma regra semelhante ao art. 75 do CP, que é aquele que fixa a unificação de 30 anos para cumprimento de pena criminal. Ficará assim: tem mais 3 anos, ou seja, mais uma perspectiva de 3 anos de privação de liberdade, desprezando-se o tempo anterior. Evidentemente que mais 6 meses pode ter mudado todo o quadro do adolescente e pode se encerrar a medida. Mas abre-se a perspectiva de novos 3 anos. Os 3 anos devem ser levados em conta na prática de cada fato. O outro princípio que norteia a aplicação da medida de internação é o princípio da excepcionalidade, ou seja, a internação é medida excepcional. Não deve ser a regra. É a exceção. Portanto, em nome do princípio da excepcionalidade, nós temos a necessidade de enquadramento da situação ou no inciso I ou no inciso II do art. 122, para aplicação da medida socioeducativa de internação por até 3 anos. Ainda que seja fato grave, de péssimas circunstâncias, que a personalidade do adolesc. seja complicada, que exija processo educativo contundente, não poderá ser aplicada a internação sem enquadramento em um dos incisos. Basta se enquadrar no inciso I ou no inciso II, não precisa ser nos dois. Inciso I Aqui tem-se que apresentar os atos infracionais graves, praticados com violência ou grave ameaça contra a pessoa. Exemplos: homicídio, roubo, extorsão, estupro, e assim por diante, são atos infracionais graves. Há atos infracionais que têm violência/grave ameaça, mas que nem por isso pode ser aplicada a medida de internação, porque não são graves. Por exemplo: lesão corporal leve, crime de ameaça, vias de fato, etc. O STJ tem reformado decisões, por ofensa ao principio da legalidade, que aplicam a internação, por esse inciso, entendendo que se tratava de ato infracional praticado em contexto violento. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. Então, tráfico de drogas não tem violência contra a pessoa nos seus elementos compositivos, nem grave ameaça. Não é possível a internação do adolescente autor de tráfico de drogas pelo inciso I do art. 122 do ECA. Inciso II A outra possibilidade de internação do adolescente se dá pela reiteração na prática de outros atos infracionais graves. No inciso II, de certo modo, a sua interpretação remete à norma do inciso I, que fala outros atos infracionais graves, então no inciso I o ato infracional também tem que ser grave. São aqueles atos infracionais punidos com reclusão, contudo, sem violência ou grave ameaça contra a pessoa, que seria o caso do inciso I. É preciso a reiteração na prática desses atos. Por exemplo, a reiteração na prática de tráfico de drogas, que não tem violência contra a pessoa nem grave ameaça, mas são atos infracionais graves, crimes punidos com reclusão. Veja que não precisa ser reiteração específica, dois tráficos de drogas, dois furtos, duas receptações. Pode ser reiteração genérica, furto com tráfico de drogas, por exemplo. Parte da doutrina entende que reiteração é o mesmo que reincidência. Mas para que seja reincidente é preciso de critérios técnicos. Por exemplo, passados cinco anos da execução e extinção da medida, já não gera reincidência mais. Outra parte da doutrina entende que reiteração não é o mesmo que reincidência. Basta reiterar, ou seja, praticou uma vez e praticou de novo, está reiterando. Não haveria a necessidade dos critérios técnicos da reincidência. Por ex., se o juiz está condenando o adolescente pela prática de 4 tráfico de drogas, ele pode aplicar medida de internação.Não há, naquele instante, nenhuma sentença condenatória com trânsito em julgado. Tecnicamente, ele não é reincidente, porque ele não tinha, no momento da sua conduta, sentenças condenatórias com trânsito em julgado. Então, reincidente ele não será, mas ele é reiterante, ele reiterou. Nem todo adolescente que reitera a prática de atos infracionais graves será reincidente, mas todo aquele que é considerado reincidente segundo a técnica penal é reiterante também. O legislador do ECA conhece bem o termo reincidência, porque o usou lá nas infrações administrativas. É preceito secundário como causa de aumento de pena. É um termo específico. Se ele reiterar a prática de atos infracionais graves, ou seja, praticar mais de um ato infracional grave, ele pode ser submetido à medida de internação. É preciso sentença condenatória com transito em julgado, reconhecendo ali o ato infracional, ou que essa decisão seja prolatada numa mesma sentença, reconhecendo naquela instrução a prática dos atos infracionais graves. E o último princípio, é o princípio da condição peculiar da criança e do adolescente de pessoa em desenvolvimento. O adolescente submetido à medida de internação deve ser submetido à série de ações e serviços que busquem a sua evolução como pessoa humana. frederico_rabelo@protonmail.com Pág. A entidade de internação deve ser responsável por desencadear uma série de ações e serviços dentro desse processo pedagógico, sendo responsável pela recuperação do adolescente, pela introjeção de valores positivos. Se a entidade ela não cumprir com suas obrigações, ela será ré de um procedimento de apuração de irregularidade das entidades. Ela é fiscalizada pelo MP, pelo Poder Judiciário, pelo Conselho Tutelar. Fechamos então os três princípios da internação: brevidade, excepcionalidade e condição peculiar do adolescente de pessoa em desenvolvimento. Por fim, como medida aplicável a esse adolescente, nós temos a possibilidade também de aplicar as medidas de proteção, além das outras medidas socioeducativas. Nas medidas de proteção, encontramos uma série de medidas que buscam assegurar ao adolescente direito à saúde, à educação, à inserção social. O adolescente portador de doença física ou mental deve ser tratado e cuidado pelo Estado no âmbito socioeducativo e protetivo dos arts. 112 e 101 do ECA. Se ele tem doença mental, é obrigação do Estado tratá-lo. Não há medida de segurança para adolescente. A medida de segurança é sanção penal, somente aplicável a adulto inimputável, na forma do art. 26 do CP. O adolescente portador de doença mental, dentro das situações analógicas ao art. 26 do CP deverá ser tratado pelo Estado na sua saúde, no âmbito socioeducativo e no âmbito protetivo.
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