Buscar

Crianças e adolescente_ o ato infracional e as medidas socioeducativas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 1/34
Crianças e adolescente: o ato infracional e as
medidas socioeducativas
A evolução jurídica do direito da criança e do adolescente no Brasil e a demonstração da
eficácia da aplicabilidade das medidas socioeducativas.
RESUMO
Este trabalho tem por fundamento pesquisar, analisar e descrever a evolução jurídica do direito da criança e do adolescente
no Brasil, bem como demonstrar a eficácia da aplicabilidade das medidas socioeducativas. O estudo visa apresentar um
apanhado geral do conceito e da natureza jurídica do ato infracional medidas socioeducativas e medidas de proteção. Irá
identificar e conceituar as espécies de medidas socioeducativas. Esclarecerá a eficácia da aplicabilidade das medidas
socioeducativas. O ato infracional ora cometido por crianças e adolescentes é punido com a aplicação das medidas
socioeducativas, o que a torna tema de grande relevância para o Direito, haja vista, o crescimento de menores infratores, e
assim, com estas medidas temos a possibilidade de que estes infratores menores de dezoito anos possam responder pela
prática do crime ou contravenção penal cometida Obteve-se o alicerce de que o Estatuto precisaria ser aplicado
devidamente certo, para que as medidas pudessem ter a eficácia almejada, ou seja, para que consigam alcançar a plena
reeducação e reintegração do adolescente infrator.
Palavras Chave: Criança. Adolescente. Medidas. Ato infracional. Lei.
ABSTRACT
This work is based query, analyze and describe the evolution of the legal rights of children and adolescents in Brazil, as well
as demonstrate the applicability of the effectiveness of educational measures. The study aims to present an overview of the
concept and legal nature of the infraction educational measures and protective measures. Will identify and conceptualize the
kinds of educational measures. Clarify the applicability of the effectiveness of educational measures. The offense now
committed by children and adolescents is punished with the application of educational measures, which makes it highly
relevant topic for the law, given the growth of juvenile offenders, and thus, these measures have the possibility that these
offenders under eighteen can answer for the crime or misdemeanor committed obtained the foundation that the statute would
need to be applied properly right so that any measures would have the desired efficacy, ie, so that they can achieve full
rehabilitation and reintegration of the offender teenager.
Keywords: Children. Adolescents. Measures. Offense. Law.
user
Realce
user
Realce
user
Realce
user
Realce
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 2/34
INTRODUÇÃO
A Constituição Federal trouxe elementares alterações em nosso sistema jurídico, esclarecendo um novo dogma na proteção
dos interesses da infanto- juventude. Adiantando-se à Convenção das Nações Unidas de 1989, a Constituição Federal,
associou-se ao processo garantista da Doutrina da Proteção Integral à crianças e adolescentes, o qual elevou esta clientela
à condição de sujeitos de direitos (ALVES, 2009).
Com o estabelecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/1990, o contexto infância e juventude começou
a ter um cuidado técnico processual e estabeleceu-se um preceito dos direitos fundamentais da criança e do adolescente
em permutação a Doutrina da Situação Irregular (ALVES, 2009).
Na nossa atualidade, temos observado que os direitos da criança e do adolescente adquirem cada vez mais conteúdo em
meio a sociedade. Aumenta o entender de que é permitido criar uma sociedade mais justa e solidária, em prejuízo da
sociedade individualista e voltada ao capital, existente nos dias atuais (ROBERTI. JR, 2013).
Constata-se que a juventude está em discordância com a lei, e vivem com o descumprimento das normas referentes à
medida socioeducativa e o ato infracional.
Nesse desatino, o sistema de responsabilização e as medidas socioeducativas tem sofrido diversas desaprovações,
especialmente em razão da influência desempenhada através dos meios de comunicação, que diariamente noticiam o
envolvimento de adolescentes em crimes de certa complexidade, propondo a infundada idéia de impunidade.
Seguindo da premissa da crença equivocada de impunidade dos jovens infratores que gira na sociedade, o trabalho em
destaque tem por objetivo demonstrar algumas considerações sobre as medidas socioeducativas e os atos infracionais
listados no ECA, relacionados quanto ao objeto de responsabilização do adolescente em conflito com a lei, sem livrar a
classificada Doutrina da Proteção Integral, enaltecida na Constituição Federal e em documentos internacionais, dos quais o
Brasil é precursor.
Partindo desse preceito, o presente estudo se estruturara em quatro capítulos que disponibilizará um breve demonstrativo
de conteúdo em torno das crianças e adolescentes, e as medidas socioeducativas e os atos infracionais.
No primeiro momento, será trazido em contexto voltado para a explicação da evolução histórica dos direitos da criança e do
adolescente.
Em seguida, no segundo capitulo, será trabalhado um os conceitos e naturezas jurídicas do ato infracional, medidas de
proteção e das medidas socioeducativas.
No terceiro capitulo, o estudo se volta para a contextualização das espécies de medidas socioeducativas.
user
Realce
user
Realce
user
Realce
user
Realce
user
Realce
user
Realce
user
Realce
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 3/34
Já no quarto capitulo, será tratado do foco principal do trabalho, que é a aplicabilidade das medidas socioeducativas e sua
eficácia, o que elas trazem de problemas e de soluções para a sociedade, o que precisa ser modificada e o que precisa ser
mantido ou aprimorado.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
BREVE HISTÓRICO
É praticamente improvável entender certos direitos, sem ao menos ter em mente sua origem, desta forma, é preciso fazer
entender, a evolução histórica do direito em relação as crianças e os adolescentes desde o início dos tempos até a
atualidade.
Nas palavras de Joao Paulo Roberti Junior:
As crianças e os adolescentes desde os tempos mais remotos, nos egípcios emesopotâmios,
passando pelos romanos e gregos, até os povos medievais e europeus, não eram considerados
como merecedores de proteção especial (ROBERTI JUNIOR, 2012, p. 3).
Foi em meados da Idade Contemporânea, que foi possível destacar uma alavancada na firmação das políticas e práticas de
proteção social para criança e para o adolescente. Com isso, o Brasil como no alicerce internacional, bem como outros
países, dão um pulo alto na proporção dos direitos das crianças e dos adolescentes (ROBERTI JUNIOR, 2012, p. 4).
Em resumo a esta evolução histórica dos direitos infanto-juvenis, cita-se as palavras de José de Farias Tavares que dispõe
a seguinte síntese:
• 1919 - Manifestação sobre os direitos da criança, em Londres, “SavetheChildrenFund”: A
Sociedade das Nações cria o Comitê de Proteção da Infância que faz com que os Estados não
sejam os únicos soberanos em matéria dos direitos da criança - (Londres);
• 1920 - União Internacional de Auxílio à Criança - (Genebra).
• 1923: EglantyneJebb (1876-1928), fundadora da SavetheChildren, formula junto com a União
Internacional de Auxílio à Criança a Declaração de Genebra sobre osDireitos da Criança,
conhecida por Declaração de Genebra.
• 1924 - A Sociedade das Nações adota a Declaração dos Direitos da Criança deGenebra, que
determinava sobre a necessidade de proporcionar à criança umaproteção especial. Pela primeira
vez, uma entidade internacional tomou posição definida ao recomendar aos Estados filiados
cuidados legislativos próprios, destinados a beneficiar especialmentea população infanto-juvenil.
user
Realce
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 4/34
• 1927 – Ocorre o IV Congresso Panamericano da criança, onde dez países (Argentina, Bolívia,
Brasil, Cuba, Chile, Equador, Estados Unidos, Peru, Uruguai eVenezuela) subscrevem a ata de
fundação do Instituto Interamericano da Criança (IIN - Instituto Interamericano Del Niño) que
atualmente encontra-se vinculado à Organização dos Estados Americanos – OEA, e estendido à
adolescência, cujo organismo destina-se a promoção do bem-estar da infância e da maternidade
naregião.
• 1946 – é recomendada pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas a adoção da
Declaração de Genebra. Logo após a II Guerra Mundial um movimentointernacional se manifesta
a favor da criação do Fundo Internacional de Emergênciadas Nações Unidas para a Infância -
UNICEF.
• 1948 - em 10 de dezembro de 1948 a Assembleia das Nações Unidas proclama a Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Nela os direitos e liberdades das crianças e adolescentes estão
implicitamente incluídos, nomeadamente no art. XXV, item II, que consubstancia que a
maternidade e a infância têm direito a cuidados eassistência especiais, bem como que a todas as
crianças nascidas dentro ou fora domatrimônio é assegurado o direito a mesma proteção social.
• 1959 – adota-se por unanimidade a Declaração dos Direitos da Criança, emboraque este texto
não seja de cumprimento obrigatório para os estados-membros.
• 1969 – É adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana sobre
Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em 22/11/1969.Neste documento o art. 193
estabelece que todas as crianças têm direito às medidasde proteção que a sua condição de
menor requer, tanto por parte da sua família, como da sociedade e do Estado.
• 1989 - A Convenção Internacional relativa aos Direitos da Criança - CDC é adotada pela
Assembleia Geral da ONU e aberta à subscrição e ratificação pelos Estados. A Convenção
Internacional sobre os Direitos da Criança foi o marcointernacional na concepção de proteção
social â infância e adolescência e que deu as bases para a Doutrina da proteção integral, que
fundamentou o Estatuto da Criança edo Adolescente (ECA Lei nº 8.069, de 13.07.1990).
• 1990 – É celebrada a Cúpula Mundial de Presidentes em favor da infância, onde se aprova o
Plano de Ação para o decênio 1990-2000, que serve de marco dereferência para os Planos
Nacionais de Ação para cada Estado parte da Convenção.
• 1992 – É instituído no Brasil o Decreto nº 678, de seis de novembro de 1992, que Promulga a
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de
novembro de 1969.
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 5/34
• 1996 – São instituídas as Regras Mínimas das Nações Unidas para a proteção dos Jovens
Privados de Liberdade e o Tratado da União Europeia, sobre a exploração sexual de crianças
(TAVARES, 2001, p 77-79).
Várias foram as tentativas de busca a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes, e detalhá-los se tornaria algo
muito extenso, e por isso, será feito apenas algumas abordagens de relevância durante essa transgressão de tempo.
Em meio a tantos acontecimentos ao longo dos anos, destaca-se a manifestação inicial de proteção especial para o
aglomerado de crianças e adolescente, teve sua aparição formal em 1924, com a Declaração dos Direitos da Criança, de
Genebra, que afirmava entre outros fatores essenciais, a relevância de se elucidar e fornecer uma proteção especial à
criança e ao adolescente (ALVES, 2009, p.10).
Entretanto, sendo a Convenção taxada como problemática, sem forças principiológicas, e sem obrigações destinadas ao
estado, foi esta Declaração excluída (ALVES, 2009, p.10).
Em seguida, pulando mais alguns anos, evidencia-se o Serviço de Assistência aos Menores (SAM), criado em 1942 com o
objetivo de atender os jovens em situação de abandono ou em conflito com a lei. Mas aqueles que incidiam em atos
infracionais, o sistema um meio corretivo e de muita repressão (ALVES, 2009, p.11).
Ainda segundo os dizeres de Danielle Barboza Alves:
Em 1948 foi aprovada em Paris, pela Assembleia das Nações Unidas a Declaração dos Direitos
Humanos que fez referência aosdireitos infanto juvenis, na medida em que tinha por objetivo
garantir a todo homem, bem como à criança e ao adolescente, o direito à vida e à liberdade e o
direito a um padrão de vidacondigno que veio a se incorporar na Constituição de 1988 como o
princípio da dignidade humana (ALVES, 2009, p.12).
Tempos depois, outro marco de destaque foi a Declaração Universal dos direitos das Crianças, com aprovação concedida
pela ONU em 1959, e trouxe em seus artigos, uma forma rígida de reprimir qualquer requinte de violência contra criança ou
adolescente.
Já em 1964, surgiu a Fundação Nacional do Menor, cuja finalidade é manter a ordem através do autoritarismo. Anos após,
com também grande destaque veio a Convenção de Direitos Humanos, que evidenciou um tópico de proteção a crianças e
adolescentes, continuando a receber durante anos novas redações que buscavam a proteção das crianças, onde acabou se
fixando com amplitude, através da Constituição Federal Brasileira de 1988 que concretizou os direitos da criança e do
adolescente.
Tudo isso, foi definitivamente afirmado em 1989, com a criação e aprovação da Convenção Internacional dos direitos das
Crianças pela Assembleia das Nações Unidas que se aprimorou durante algum tempo até se firmar por completo.
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 6/34
DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI 8.069/1990)
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi promulgado no dia 13 de julho de 1990 pela Lei n° 8.069 e publicado no Diário
Oficial da União (DOU) em 16 de julho do corrente ano. Seu período de vacatio legis foi de 90 (noventa) dias.
Cristiane Dupret assevera que:
O Direito da Criança e do Adolescente vem se tornando um ramo autônomo, formado por uma
rede de proteção com variados diplomas legais e normativos em geral. O Estatuto da Criança e
do Adolescente é um dos diplomas mais expressivos desse Direito, formado ainda pela
Constituição Federal, pela Convenção Internacional dos Direitos da Criança, pela Declaração dos
Direitos da Criança e por várias Portaria e Resoluções que dispõe sobre variados assuntos que
visam à proteção do menor de 18 (dezoito) anos (DUPRET, 2010, p. 21).
Para substituir o Código de Menores que estava em vigor desde 10 de outubro de 1979, foi criado o Estatuto da Criança e
do Adolescente em 1990. O Estatuto é avaliado como uma das leis mais evoluídas no âmbito da menoridade e apresenta
diferenças significativas em relação ao Código de Menores.
Nos dizeres de CASSANDRE, o Estatuto é visto assim:
Houve uma grande transformação no Direito da Criança e do Adolescente com a Lei 8.069/90,
trazendo a teoria da proteção integral. Esse novo aspecto é baseado nos direitos essenciais das
crianças e adolescentes, posto que estão em condição de pessoas especiais, ou seja, em
desenvolvimento, sendo necessário uma proteção diferente e integral (CASSANDRE,2008, p.10).
Já segundo os conceitos de Fonseca:
O Estatuto é destinado a todas as pessoas com menos de 18 anos de idade e não somente
destinado a menores de (dezoito) anos em situações especiais, como era no Código. Está
pautado nos princípios da Constituição Brasileira de 1988, expressos especialmente nos artigos
227 e 228 (FONSECA, 2008, p. 43).
Essencialmente, ressalta-se que o Estatuto da criança e do adolescente, surgiu com o apelo e súplica populacional por um
sistema mais firme e justo de proteção aos direitos desses indivíduos.
Nesse sentido dispõe Joao Paulo Roberti Junior a seguinte descrição:
Perante essasnormativas e visando evitar a construção social que separa os “menores” das
crianças e dirige às crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, o ECA trouxegrandes
mudanças na política de atendimento às crianças e adolescentes por meio da criaçãode
user
Realce
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 7/34
instrumentos jurídicos que viabilizam, ou pretende viabilizar além do atendimento, a garantia dos
direitos que são assegurados às crianças e aos adolescentes (ROBERTI JUNIOR, 2012, p.12).
São três os princípios básicos que conduzem o Estatuto, são eles: princípio da proteção integral, em que a criança e o
adolescente têm direito à proteção na totalidade das esferas de sua vida (art. 1º); garantia de absoluta prioridade, que
confere o direito da criança e do adolescente serem protegidos e atendidos com prioridade em suas necessidades, no
recebimento de socorro, na utilização de serviços públicos e na destinação de verbas e políticas sociais públicas (art. 4º); e,
por fim, a condição de pessoa em desenvolvimento, no qual a criança e o adolescente são indivíduos que necessitam de
cuidados especiais em cada fase da vida, para que possam ter um desenvolvimento sadio e harmonioso (art. 6º).
Desse modo, com a promulgação do Estatuto, a criança e o adolescente passaram a serem sujeitos de Direito.
Para o Estatuto, a criança e o adolescente são pessoas que carecem de assistência especial, pois ainda não alcançaram
sua maturidade total. De acordo com TAVARES:
O Estatuto da Criança e do Adolescente inovou ao abranger toda criança e adolescente em
qualquer situação jurídica, rompendo definitivamente com a doutrina da situação irregular,
assegurando que cada brasileiro que nasce possa ter assegurado seu pleno desenvolvimento,
mesmo que cometa um ato ilícito (TAVARES, 2011, p. 7).
O Estatuto da Criança e do Adolescente, constituiu-se reproduzido no espírito da Constituição Federal a teoria da proteção
incondicional, que garante ás crianças e aos adolescentes a guarda da família, da sociedade e do Estado. Assim explicita o
artigo 227 da Constituição Federal:
Art. 227, caput: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL. Constituição Federal de 1988).
Um dos elementos essenciais do Estatuto é a participação popular na fiscalização e cobrança política. A lei deixa claro que
o Estado deve atuar sobre a infância em conjunto com a sociedade organizada, tendo como instrumento para isso os
Conselhos de Direito.
No antigo Código de Menores, quem solucionava, investigava e julgava era o juiz, que tinha quase um poder absoluto, sem
limites e não havia participação da sociedade.
No momento presente, o Estatuto, o juiz e a promotoria da infância são forçados a compartilhar poder com os Conselhos
Tutelares, integrado por pessoas escolhidas pela sociedade, que participam e zelam pelo direito da criança.
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 8/34
Segundo Saraiva, o ECA se estrutura a partir de três grandes sistemas de garantia, harmônicos entre si, que são:
a) o Sistema Primário, que dá conta das Políticas Públicas de Atendimento a crianças e
adolescentes (especialmente os arts. 4° e 85/87);
b) o Sistema Secundário que trata das Medidas de Proteção dirigidas a crianças e adolescentes
em situação de risco pessoal ou social, não autores de atos infracionais, de natureza preventiva,
ou seja, crianças e adolescentes enquanto vítimas, enquanto violados em seus direitos
fundamentais (especialmente os arts. 98 e 101);
c) o Sistema Terciário, que trata das medidas socioeducativas, aplicáveis a adolescentes em
conflito com a Lei, autores de atos infracionais, ou seja, quando passam à condição de
vitimizadores (especialmente os arts. 103 e 112) (SARAIVA, 2003, p.62).
Portanto, quando a criança ou o adolescente desviar do sistema primário de prevenção, será acionado o sistema
secundário, cujo agente operador é o Conselho Tutelar e, se for atribuído ao adolescente a prática de algum ato infracional,
será ajuizado o terceiro sistema de prevenção, operador das medidas socioeducativas.
Assim, o Estatuto é o alicerce base que se une a Constituição no suporte e controle dos direitos e também deveres de uma
conduta correta das crianças e dos adolescentes.
PRINCIPIOS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Com a promulgação da Constituição de 1988 juntamente com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente que
proporcionou um novo modelo jurídico de responsabilização dos jovens infratores, similar à legislação penal aplicada aos
adultos, surgiram princípios comuns e princípios específicos relacionados à matéria.
Esses princípios se fizeram necessários para que as normas protetivas fossem asseguradas e diferenciadas em relação à
incriminação penal aplicadas aos adultos e aplicadas aos adolescentes. Pois, como prevê o artigo 228 da constituição
federal, são inimputáveis penalmente os menores de dezoito anos, sendo concedido à criança e ao adolescente direitos
preferenciais em relação aos maiores de dezoito anos. Como bem diz Shecaira, “Quis o constituinte separar os direitos e
garantias das crianças e adolescentes do conjunto da cidadania com objetivo de melhor garantir sua defesa” (SHECAIRA,
2008. p. 137).
Principio da proteção Integral
Tal princípio está previsto no art. 1º do referido diploma e diz: “esta lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao
adolescente”.
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 9/34
Assim, conceitua Munir Cury, como:
[...] a síntese do pensamento do legislador constituinte, expresso na consagração do preceito de
que “os direitos de todas as crianças e adolescentes devem ser universalmente reconhecidos.
São direitos especiais e específicos, pela condição de pessoas em desenvolvimento. Assim, as
leis internas e o direito de cada sistema nacional devem garantir a satisfação de todas as
necessidades das pessoas de até 18 anos, não incluindo apenas o aspecto penal do ato
praticado pela ou contra a criança, mas o seu direito à vida, saúde, educação, convivência, lazer,
profissionalização, liberdade e outros” (CURY, 2006, p.15).
Percebe-se que os direitos das crianças e adolescentes não podem ser exclusivos de uma ou outra categoria e sim que
sejam englobadas todas elas, infratores ou não, sendo aplicadas a todas indistintamente.
Segundo Cury, o mesmo relata que o Estatuto tem como objetivo a proteção integral da criança e do adolescente, e cada
brasileiro que nasce possa ser assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as físicas até a moral e religiosa (CURY,
2006, p. 115).
Portanto, o princípio visa proteger a todos e todas formas possíveis, sendo-lhes resguardados seus direitos e garantias,
proporcionando pleno desenvolvimento e desta forma concretizando o principio da dignidade da pessoa humana (SÁ, 2009,
p. 46).
Princípio da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento
Este princípio está intimamente ligado aos demais princípios, vem descrito no art. 6º: “Na interpretação desta Lei levar-se-
ão em conta os fins sociais a que a ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos,
e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento” (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
O artigo 6º é o ponto principal para a leitura e interpretação do ECA, pois para sua adequada compreensão devem ser
considerados vários aspectos, como, por exemplo,a finalidade social, as condições do bem comum, os direitos e deveres
individuais e coletivos e a condição particular da pessoa em desenvolvimento (COSTA, 2006, p. 55).
Tal princípio é entendido como base para a nova legislação somando-se à condição jurídica de sujeito de direito e à
condição política de absoluta prioridade. Ademais, tem-se que a criança e o adolescente não conhecem totalmente, nem
possuem condições de defender e de fazer valer plenamente seus direitos, e não tem ainda capacidades plenas de suprir
suas necessidades básicas (COSTA, 2006, p. 55).
Entretanto, a referida condição particular de desenvolvimento, não pode ser estabelecida apenas com base no que a
criança não saiba, tenha condições ou não seja capaz. Deve ser analisada cada fase de forma particular, sendo cada etapa
um período de totalidade devendo ser compreendida pela família, pela sociedade e pelo Estado (COSTA, 2006, p. 55).
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 10/34
Assim, afirma Shecaria, que o principio da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento traz o reconhecimento da
desigualdade do adolescente em relação ao adulto, que em razão desta não pode ter o mesmo tratamento (SHECAIRA,
2008. p. 27).
Principio da Intervenção mínima
Está previsto no art. 37, b, na Convenção sobre os Direitos da Criança que dispõe: “nenhuma criança seja privada de sua
liberdade de forma ilegal ou arbitrária. A detenção, a reclusão ou a prisão de uma criança, serão efetuadas conforme em
conformidade com a lei e apenas com último recurso, e durante o mais breve período de tempo que for apropriado”
(BRASIL. Lei n. 8.069/90).
O referido princípio busca orientar a intervenção mínima nas punições, devendo apenas ser castigadas as infrações mais
prejudiciais à sociedade e de relevância social mais significativa, devendo ser imposto um castigo proporcional à gravidade
do delito. Com isso, a norma penal juvenil somente será utilizada para defender bens jurídicos essenciais de agressões
mais gravosas, ou ainda, ser usada de maneira secundaria em condutas que não possam ser tratadas por outros meios de
controle social (VÁZQUEZ GONZÁLEZ apud SHECAIRA, 2008, p. 147).
A Constituição Federal de 1988 também consagra em seu art. 227, §3º, V que o direito a proteção especial abrangerá “a
obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento,
quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade”. Desta forma, fica claro que a aplicação de medidas
punitivas aplicáveis aos jovens deve ser utilizada em último caso pelo sistema de justiça da infância e juventude. Dispositivo
que é reafirmado no art. 112 do ECA ao dizer que a autoridade “poderá” aplicar ao adolescente as medidas nele previstas
(DE SÁ, 2009, p. 47).
Portanto, quanto maior for a possibilidade de desjudicialização melhor será, atendendo ao princípio da intervenção mínima.
Principio da proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade não está disposto expressamente nos dispositivos legais, porém é possível encontra-lo em
alguns artigos dispostos no texto constitucional, quais são: art.1º, III; art.3º, I; art.5º, caput, etc. Ademais, pode-se encontrar
no capítulo que trata da criança e do adolescente na Constituição em seu art. 227, §3º, IV (SHECAIRA, 2008. p. 150).
Ainda, a intervenção punitiva no âmbito formal tanto em matéria de pena, quanto na aplicação de medida socioeducativa,
deve ser sujeitada ao princípio da proporcionalidade, quando for cominada a pena, judicialmente quando aplicar a pena no
caso concreto executando as medidas coercitivas. Assim, cabe ao juiz, no momento da aplicação, analisar se a medida
cabível devera se mais rigorosa ou mais branda (SHECAIRA, 2008. p. 150).
Ã
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 11/34
DO ATO INFRACIONAL, DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E DAS MEDIDAS
SOCIOEDUCATIVAS
ATO INFRACIONAL
A conduta da criança e do adolescente, quando coberta de ilicitude, reflete obrigatoriamente no contexto social em que vive.
E, a despeito de sua maior incidência nos dias atuais, tal fato não constitui ocorrência apenas deste século, mas é nesta
quadra da história da Humanidade que o mesmo assume proporções alarmantes, principalmente nos grandes centros
urbanos, não só pelas dificuldades de sobrevivência como, também, pela ausência do Estado nas áreas da educação, da
saúde, da habitação e, ainda, da assistência social (AMARANTE, 2002, p. 324).
Por outra parte, a falta de uma política séria em termos de ocupação racional dos espaços geográficos, a ensejar migração
desordenada, produtora de favelas periféricas nas capitais dos Estados, ou até mesmo nas médias cidades, está permitindo
e vai permitir, mais ainda, pela precariedade de vida de seus habitantes, o aumento, também, da delinquência infanto-
juvenil (AMARANTE, 2002, p. 324).
O Ato infracional é “ação condenável, de desrespeito às leis, à ordem pública, aos direitos dos cidadãos ou ao patrimônio,
cometido por crianças ou adolescentes”. Somente haverá o ato infracional se a conduta for correspondente a uma hipótese
prevista em lei que determine sanções ao seu autor (AQUINO, 2012).
O Estatuto da Criança e do Adolescente conceitua em seu art. 103 o ato infracional: “Art. 103. Considera-se ato infracional a
conduta descrita como crime ou contravenção penal”. Desta forma, considera-se ato infracional todo fato típico, descrito
como crime ou contravenção penal (AQUINO, 2012).
Tal definição decorre do principio constitucional da legalidade. É preciso por tanto para a caracterização do ato infracional
que este seja típico antijurídico e culpável garantindo ao adolescente por um lado, um sistema compatível com o seu grau
de responsabilização e por outro a coerência com os requisitos normativos provenientes da seara criminal. Assim, João
Batista Costa Saraiva esclarece: “Não pode o adolescente ser punido onde não o seria o adulto” (SARAIVA, 2002).
Ainda, João Batista Costa Saraiva explica:
O garantismo penal impregna a normativa relativa ao adolescente infrator como forma de
proteção desta em face de ação do Estado. A ação do Estado autorizando-se a sancionar o
adolescente e infligir-lhe uma medida socioeducativa fica condicionada a apuração dentro do
devido processo legal que este agir típico se faz antijurídico e reprovável - daí culpável
(SARAIVA, 2002, p.66).
O Estatuto ao definir o ato infracional, adotou um conteúdo certo e determinado, abandonando as expressões como ato
antissocial, desvio de conduta e outros, de significado jurídico impreciso, afastando-se qualquer subjetivismo do intérprete
quando da analise da ação ou omissão (PAULA, 2002).
user
Realce
user
Realce
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 12/34
Crianças e adolescentes podem praticar ações ilícitas ao preceito legal e são nomeados atos infracionais, desta forma,
recebem tratamento distintos, como o disposto no art. 105 do ECA, estes somente obedecerão às medidas exclusivas
previstas no art. 101 do mesmo diploma. Toda criança e adolescente recebem tratamento individualizado e especial, mesmo
quando praticam condutas que sejam tipificadas no Código Penal (RAMIDOFF, 2008, 74).
Para RAMIDOFF:
A prática de ato infracional não se constitui numa conduta delituosa, precisamente por inexistir
nas ações/omissões infracionais um dos elementos constitutivos e estruturantes do fato punível,
isto é, a culpabilidade – a qual, por sua vez, não se encontra regularmente composta,
precisamente por lhe faltar a imputabilidade, isto é, um elemento seu constitutivo e que
representa a capacidade psíquica para regular a válida prática da conduta dita delituosa,
enquanto decorrência mesmo da opção política do Constituinte de 1987/1988. Esta consignou a
idadede maioridade penal em 18 (dezoito) anos, alinhando-se, assim, à diretriz internacional dos
Direitos Humanos, como alternativa válida e legítima que reflete a soberania popular e a
autodeterminação do povo brasileiro (RAMIDOFF, 2008, p. 75).
NATUREZA JURÍDICA DO ATO INFRACIONAL
No ordenamento jurídico brasileiro, os crimes e as contravenções penais só podem ser atribuídas, para efeitos da
respectiva pena, às pessoas imputáveis, que via de regra, são as com mais de 18 anos de idade. Se a conduta ilícita partir
de uma criança e adolescente, não será crime ou contravenção e sim um ato infracional em fase da ausência de
culpabilidade e consequente punibilidade (ENGEL, 2006).
Segundo o Desembargador Napoleão X. do Amarante:
Significa dizer que o fato atribuído à criança ou ao adolescente, embora enquadrável como crime
ou contravenção, só pela circunstância de sua idade, não constitui crime ou contravenção, mas,
na linguagem do legislador, simples ato infracional. O desajuste existe, mas, na acepção técnico-
jurídica, a conduta do seu agente não configura uma ou outra daquelas modalidades de infração,
por se tratar simplesmente de uma realidade diversa. Não se cuida de uma ficção, mas de uma
entidade jurídica a encerrar a ideia de que também o tratamento a ser deferido ao seu agente é
próprio e específico.
Assim, quando a ação ou omissão venha a ter o perfil de um daqueles ilícitos, atribuível,
entretanto, à criança ou ao adolescente (v. art. 2°), são estes autores de ato infracional com
conseqüências para a sociedade, igual ao crime e à contravenção, mas, mesmo assim, com
contornos diversos, diante do aspecto da inimputabilidade e das medidas a lhes serem aplicadas,
user
Realce
user
Realce
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 13/34
por não se assemelharem estas com as várias espécies de reprimendas (AMARANTE, 2002, p.
325).
No mesmo contexto Vater Kenji Ishilda:
Pela definição finalista, crime é o fato típico e antijurídico. A criança e o adolescente podem vir a
cometer crime, mas não preenchem o requisito da culpabilidade, pressuposto da aplicação da
pena. Isso porque a imputabilidade penal inicia-se somente aos 18 (dezoito) anos, ficando de
medida socioeducativa por meio de incidência. Dessa forma, a conduta delituosa da criança e do
adolescente é denominada de ato infracional, abrangendo tanto o crime como a contravenção
(ISHILDA, 2001, p.160).
Para Paulo Lucio Nogueira: “O estatuto considera o ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
Assim não há diferença entre crime e ato infracional, pois ambos constituem condutas contrarias ao direito positivo, já que
se situa na categoria ilícito penal” (NOGUEIRA, 1998, p. 149).
Assim, tem-se duas correntes, uma qual a conduta praticada pela criança ou adolescente esteja revestida dos elementos
que caracterização crime ou contravenção, e outra que não vislumbra a diferença entre ato infracional crime e contravenção
(ENGEL, 2006).
Ato infracional praticado por criança e/ou adolescente
Com relação às crianças, pessoas de até doze anos de idade incompletos e, adolescentes de até dezoito anos de idade,
que cometem infrações penais, o ECA excluiu da aplicação de medidas socioeducativas, e deu a aplicação de medidas de
proteção, podendo elas serem aplicadas de forma isolada ou cumulativa.
O Estatuto da Criança e do Adolescente não especificou o procedimento na apuração do ato infracional, somente
esclareceu que caberá ao Conselho Tutelar e não ao Juízo da Vara da Infância e Juventude a aplicação das medidas de
proteção dispostas no art. 136, I do referido diploma.
APURAÇÃO DO ATO INFRACIONAL
Por serem as crianças e adolescentes dotados de condição especial de desenvolvimento, e as soluções dos problemas
devem ser rápidas, pois a demora no atendimento podem produzir danos irreparáveis. Eles possuem ritmo de vida mais
acelerado e a sensação de impunidade pode acarretar uma sequencia de atos infracionais que resultarão em sua interação
(UNIPLAC, 2010).
Assim, de acordo com art. 106 do Eca, o adolescente poderá ser apreendido em flagrante delito, no sentido que “nenhum
adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 14/34
autoridade judiciária competente”.
Desta forma, no art. 107 do mesmo diploma que a apreensão do adolescente feita em flagrante deve ser imediatamente
comunicada a autoridade judiciária competente, aos pais ou responsáveis ou quem ele indicar.
A autoridade policial deverá desde logo verificar a possibilidade da liberação do adolescente isto, sob pena de
responsabilização. O adolescente assina um termo de compromisso onde os pais se comprometerão em apresentar o
adolescente ao representante do Ministério Público em dia determinado.
Poderá também o Ministério Público de acordo com o art. 180 do ECA, a promoção do arquivamento dos autos, a
concessão de remissão ou ainda a representação à autoridade judiciária para a aplicação das medidas socioeducativas.
De acordo com o Estatuto, quanto ao arquivamento dos autos, deve ser pedido fundamentado na inexistência do ato
infracional, inexistência da prova de participação do adolescente no ato, deve estar presente a excludente de
antijuridicidade ou culpabilidade e inexistência de prova suficiente para a condenação (ELIZEU, 2010).
O art. 184 do referido diploma, assim como o art. 41 do Código de Processo Penal, a representação é oferecida por petição,
observando o principio do contraditório e ampla defesa, assim que recebida pelo juiz, o processo será iniciado.
Assim, o juiz poderá solicitar a apresentação do adolescente, fazendo por citação, bem como de seus pais ou responsáveis
para que compareçam em juízo acompanhado de advogado. Se caso o adolescente não for encontrado, o juiz expedira
mandado de busca e apreensão e o processo ficará suspenso até que seja o adolescente apresentado.
Assim que o adolescente se apresentar em juízo, será marcada audiência, onde será feito o interrogatório. Após serão
ouvidos os pais ou responsáveis quando apreciará a aplicação da remissão. Caso não haja remissão o processo terá
continuidade com a apresentação de defesa previa e rol de testemunhas, podendo o juiz determinar diligencias, neste caso
será designada nova audiência (ELIZEU, 2010).
Concluída a oitiva das testemunhas, é dada a palavra ao Ministério Púbico e em seguida ao defensor. Poderá os debates
ser substituída por acusação e defesa escrita, desde que na forma de memoriais, nos preceitos legais. Logo após, será
proferida a decisão do juiz, que poderá determinar a aplicação de uma das medidas socioeducativas, relacionados no art.
112 do ECA.
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
De acordo com De Plácido Silva, conceitua proteção como:
Do latim protectio, de protegere (cobrir, amparar, abrigar), entende-se toda espécie de assistência
ou de auxílio, prestado às coisas ou às pessoas, a fim de que se resguardem contra os males que
lhes possam advir. Em certas circunstâncias, a prostituição revela-se o favor ou o benefício,
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 15/34
tomando, assim, o caráter de privilégio ou de regalia. Desta acepção é que se deriva o conceito
de protecionismo, na linguagem econômica e tributária (SILVA, 1999, p. 1121).
Com base no conceito retro, pode-se dizer que as medidas de proteção que estão previstas no Estatuto da Criança e do
Adolescente são aplicadas pela autoridade competente, sejam juízes, promotores, conselheiros tutelares, às crianças e
adolescentes que tiveram seus direitos fundamentais ameaçados ou violados (ZAINAGHI, 2002).
O art. 98 do ECA estabelece que:
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescenteserão aplicáveis sempre que os
direitos reconhecidos, nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I –por ação ou omissão da sociedade ou Estado;
II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis;
III – em razão de sua conduta (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
Na aplicação das medidas de proteção será levado em conta de acordo com o art. 100 do ECA, as necessidades
pedagógicas, preferindo as que visam o fortalecimento dos vínculos familiares e sociais.
As medidas de proteção a serem aplicadas estão dispostas no art. 101 do referido Estatuto:
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV – inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao
adolescente;
V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
VII – acolhimento institucional;
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 16/34
VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
Observa-se que no disposto artigo, o legislador teve a preocupação em tocar tanto na criança quando na família, pois
quando uma criança/adolescente comete ato infracional, entende-se que a base familiar não está bem, não conseguindo
sustentar a criança dentro da sociedade (CASSANDRE, 2008, 34).
DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
O Estatuto da Criança e do Adolescente elenca as medidas socioeducativas no artigo 112 e seguintes, como consequências
da prática de ato infracional praticado por adolescente, são elas:
Art. 112. Verificada a pratica de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços a comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as
circunstâncias e a gravidade da infração.
§2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual
e especializado, em local adequado às suas condições (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
É necessário distinguir medidas socioeducativas de medidas de proteção, para DUPRET:
Faz-se necessário distinguir as medidas protetivas das medidas socioeducativas. As medidas
protetivas podem ser plicadas tanto a criança quanto ao adolescente que se encontre em
situação de risco. Já as medidas socioeducativas se restringem a situação de risco prevista no
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 17/34
artigo 98, III, quando é o adolescente que se coloca nessa condição em razão de sua própria
conduta, pela prática de ato infracional (DUPRET, 2010. p. 171).
De forma diferente da criança, o adolescente infrator é sujeito a tratamento mais severo, sendo o rol de medidas expresso
na legislação taxativo e sua limitação deriva do princípio da legalidade, sendo proibida a imposição de medidas diferentes
das enunciadas na legislação (MAIOR NETO, 2006. p. 378).
Entretanto, o ECA, ao mencionar sobre o enfrentamento da delinquência infanto-juvenil, não se resume apenas nas
medidas citadas. Ao ser empregada a doutrina do princípio da proteção integral, o legislador admitiu que a forma mais
eficaz de prevenção da criminalidade está no objetivo de derrotar a situação de marginalidade experimentada pela maioria
das crianças e adolescentes (MAIOR NETO, 2006. p. 378).
É sabido que a principal finalidade das medidas socioeducativas é buscar a reeducação e ressocialização do menor infrator,
possuindo um elemento de punição, tendo como finalidade impedir futuras condutas ilícitas. Não se pode negar o caráter
não punitivo, entretanto, as medidas possuem semelhança com as penas previstas no Código Penal, tendo um caráter
penal especial, como forma de retribuição ou punição imposta ao menor infrator (DA SILVA, 2008. p. 23).
DAS ESPÉCIES DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
No artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente estão elencadas as medidas de caráter socioeducativo aplicáveis
aos adolescentes autores de atos infracionais.
É um rol taxativo, e não exemplificativo, sendo vedada a estipulação de medidas diferentes daquelas dispostas no referido
artigo.
São previstas no artigo 112 do ECA as seguintes medidas:
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV- liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI- internação em estabelecimento educacional;
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 18/34
VII- qualquer uma das previstas no art.101, I a VI (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
A aplicação da medida socioeducativa tem como objetivo impedir a reincidência entre os menores infratores, e sua
finalidade é pedagógico-educativa.
De mais a mais, as medidas, tem caráter impositivo, pois não é de cunho do infrator escolher ou acatar a medida
determinada. Possui, ainda, finalidade sancionatória, uma vez que descumprida a regra de convivência por meio de ação ou
omissão do menor, ele responderá por seus atos na proporção de sua atitude, sendo-lhe aplicada a medida cabível e
necessária.
DA ADVERTÊNCIA
Dispõe o art. 115 do ECA, que “A advertência consistirá na admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada”. O
termo advertência significa admoestação, observação, aviso, ato de advertir.
É a primeira das medidas aplicáveis ao menor que revela comportamento antissocial, mas de menor gravidade. O menor
será entregue a seus responsáveis, mediante advertência verbal, reduzida a termo e assinada pela autoridade judicial.
De acordo com Nogueira “a advertência deve ser a medida mais usada, uma vez que toda medida aplicada ao menor visa à
sua integração sócio familiar”. (NOGUEIRA apud CHAVES, 1997, 517)
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a aplicação da referida medida às seguintes situações:
a) ao adolescente, no caso de prática de ato infracional (art. 112, I, c/c o art. 103);
b) aos pais ou responsáveis, guardiões de fato ou de direito, tutores, curadores etc. (art. 129, VII);
c) às entidades governamentais ou não governamentais que atuam no planejamento e na
execução de programas de proteção e socioeducativas destinados a crianças e adolescentes (art.
97, I, “a”, e II, “a”) (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
De acordo com o artigo 114, parágrafo único do Estatuto, para que seja feita a advertência é necessária prova da
materialidade do fato e indícios suficientes de autoria.
Nos dizeres de Mayara Yamada Dias Fonseca:
Sendo a advertência a mais leve das medidas socioeducativas, sua imposição dispensa a
sindicância ou o procedimento contraditório, já que deve ser imposta mediante o boletim de
ocorrência elaborado pela autoridade policial ou informação do comissário (FONSECA, 2006.
p.34).
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 19/34
Entretanto, Cury, Silva e Mendez, entendem no seguinte sentido:
[...] embora a advertência possa vira ser aplicada no primeiro contato com o sistema de Justiça
da Infância e da Juventude, na audiência de apresentação ao órgão do Ministério Público (art.
197 do ECA), nada impede que decorra do procedimento apuratório do ato infracional, através do
respectivo procedimento contraditório (CURY, SILVA, MENDEZ, 2002, p. 254).
Assim, tem-se que a advertência deve ser destinada, em regra, a adolescentes que não possuam antecedentes infracionais
e para os casos de infrações brandas.
DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
Preconiza o art. 116 do Estatuto que “em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima” (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
Essa medida socioeducativa pode ser injetada ao adolescente autor de ato infracional e, consequentemente, ao seu
responsável legal.
Não é tranquila a ideia de que essa medida deve ser colocada em procedimento contraditório, pois incube ao adolescente
fazer a sua defesa devidamente assistida por advogado.
De acordo com o parágrafo único do artigo 116, a medida de obrigação de reparar o dano pode ser substituída por outra
adequada, caso seja evidente a manifesta impossibilidade de sua aplicação (FONSECA, 2006, p 38).
DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
A prestação de serviços à comunidade obriga ao adolescente autor de ato infracional, o cumprimento de tarefas de caráter
coletivo, visando interesses e bens comuns (SÁ, 2009, p. 46).
Essa prestação é realizada gratuitamente, com o fim de proporcionar ao adolescente a possibilidade de adquirir valores
sociais positivos, por meio da vivência de relações de solidariedade.
As características dessa prestação de serviços comunitários estão explicitadas no artigo 117 do ECA abaixo transcrito:
Art. 117 - A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de
interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários
ou governamentais.
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 20/34
Parágrafo único - As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
em dias úteis, de modo a não prejudicara frequência à escola ou jornada normal de trabalho
(BRASIL. Lei n. 8.069/90).
Segundo Cury, Silva e Mendez é uma das medidas socioeducativas que se reveste, hoje, de um grande e profundo
significado pessoal e social para o adolescente infrator. (MENDES, 2002, 255)
Como dispõe o parágrafo único deste artigo que trata da prestação de serviços à comunidade, as tarefas serão atribuídas
conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos
sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de
trabalho.
A supervisão será realizada pela autoridade judiciária, do Ministério Público, de técnicos sociais, informando suas atividades
e comportamento por meio de relatórios, e da comunidade (FONSECA, 2006, p.38).
DA LIBERDADE ASSISTIDA
A aplicação da liberdade assistida está prevista no artigo 118 do ECA, qual seja:
Art. 118 - A liberdade Assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada
para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1° - A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser
recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º - A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer
tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
Público e o defensor (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
O menor, depois de entregue aos responsáveis ou após liberação do internato, será submetido à assistência, como objetivo
de impedir a reincidência e obter a certeza da reeducação (AQUINO, 2012, p.27).
Essa medida será determinada pelo prazo mínimo de 6 (seis) meses, sendo possível a qualquer tempo ser prorrogada,
revogada ou substituída por outra sempre que preciso, ouvindo o orientador, o Ministério Público e o defensor. Devido a sua
finalidade, não há prazo máximo para ser cumprido, sendo admissível enquanto o Juiz considerar necessário ao
adolescente (CASSANDRE, 2008, p. 48).
Em regra, essa medida é aplicada a menores que são reincidentes em infrações menos gravosas, entretanto também pode
ser aplicada aos que cometeram infrações mais graves, mas que, realizado o estudo social, foi verificado que a melhor
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 21/34
opção é deixá-los com sua família, para que possam se reintegrar à sociedade. Também é aplicado aos que estavam em
regime de semiliberdade ou de internação, quando é constatado que já se recuperaram parcialmente e não são um perigo à
sociedade (FONSECA, 2006, p.43).
No artigo 119 do Estatuto estão previstos os encargos do orientador, com apoio e supervisão da autoridade competente,
quais sejam: orientar o adolescente, colocando-o, se preciso, em programas de auxílio e assistência social; supervisionar
sua frequência e aproveitamento escolar e promover sua matrícula; diligenciar no sentido de profissionalização e inserção
do adolescente no mercado de trabalho e, por fim, apresentar relatórios do caso (DIAS, 2010, p.39).
As condições que serão cumpridas pelo adolescente não estão especificadas no ECA, sendo de incumbência da autoridade
judiciária, que individualizará o tratamento tutelar, aplicando no caso concreto as condições, que poderão abarcar as
relações de trabalho, escola e familiares. Ademais, deve-se sempre considerar a capacidade do adolescente de cumprir
essas condições, as circunstâncias e a gravidade da infração, de acordo com o que dispõe o artigo 112, § 2°.
DO REGIME DE SEMILIBERDADE
A medida socioeducativa da semiliberdade está contemplada no artigo 120 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
que assim preceitua:
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de
transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser
utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições
relativas à internação (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
O regime de semiliberdade é a medida mais rigorosa da liberdade pessoal depois da internação. Entre as medidas previstas
no artigo 112 para o adolescente infrator, essas são as duas únicas medidas que geram a institucionalização. A
semiliberdade pertence às medidas socioeducativas que o artigo 114 solicita a existência de provas suficientes da autoria e
da materialidade da infração (FONSECA, 2006, p.47).
Geralmente a semiliberdade é utilizada quando o menor a que foi aplicada a medida de internação deixou de ser um perigo
para a sociedade passando para um regime mais brando, como também quando o menor, mesmo que tenha cometido uma
infração grave, não é considerado perigoso, sendo necessário apenas a semiliberdade para a sua reintegração à sociedade
e à família (MATIAS, 2012, p.33).
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 22/34
Compreende-se, por semiliberdade, como uma medida socioeducativa destinada a adolescentes infratores, que trabalham e
estudam durante o dia, e à noite recolhem-se a uma entidade especializada. São obrigatórias a escolarização e a
profissionalização(SANTOS, 2012, p. 51).
De acordo com o parágrafo 2º do art. 120 do Estatuto, a semiliberdade não possui prazo determinado, sendo aplicado, no
que couberem, as disposições relacionadas à internação, inclusive quanto aos direitos do adolescente privado de sua
liberdade (ABREU, 2009, p. 28).
DA INTERNAÇÃO
A medida de internação combina com a ideia de retirar o adolescente infrator do convívio com a sociedade. Em
compensação, a internação, também possui a capacidade pedagógica, objetivando à reinserção do jovem infrator ao
ambiente familiar e comunitário, bem como o seu aperfeiçoamento profissional e intelectual.
O art. 121, caput, do ECA permite o entendimento sobre a medida, suas condições de imposição e desenvolvimento: “A
internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento” (CAVALCANTE, 2008, p.32).
Em decorrência do princípio da brevidade, a internação deve ser mantida pelo menor espaço de tempo possível, sendo que,
de acordo com o artigo 121 § 2º e § 3º, 3 anos é o limite máximo de duração da medida, de forma que a cada período de,
no máximo, 6 meses, deve ocorrer uma reavaliação para verificar a necessidade de manter o adolescente internado
(CAVALCANTE, 2008, p.33).
O princípio da excepcionalidade integra-se no fato de que só deve ser aplicada a medida de internação nos casos em que
não há cabimento para nenhuma outra medida socioeducativa.
O princípio de respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento está expressamente previsto no art. 277 da
Constituição Federal/88. Segundo tal princípio, deve ser utilizado um tratamento jurídico especial à criança e adolescente
posto que são indivíduos que ainda estão formando sua personalidade.
Ao atingir o limite máximo de 3 anos, o adolescente deverá ser liberado, posto em regime de semiliberdade ou de liberdade
assistida, sendo a liberação compulsória aos 21 anos de idade. Assim, após essa idade não poderá ser aplicada qualquer
medida socioeducativa (AQUINO, 2012. p.29).
As hipóteses de cabimento da internação estão previstas no artigo 122, que são:
Art.122: A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I) quando se tratar de ato infracional cometido com grave ameaça ou violência a pessoa;
II) reiteração no cometimento de outras infrações graves;
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 23/34
III) descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta (BRASIL. Lei n.
8.069/90).
Ao restringir as hipóteses em que a medida de internação poderá ser aplicada, o artigo 122 em seus incisos de I a III, está
regulamentando o princípio da excepcionalidade. E, ainda, como menciona o § 2º, ela deve ser evitada se houver antes
dela outras medidas de caráter mais adequado (CARDOSO, 2006, p.50).
A internação somente poderá ser executada pela autoridade judiciária competente em decisão qualificada, devendo ser
cumprida, segundo o art. 123, em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele intitulado ao abrigo,
sendo obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração, sendo obrigatório
durante o seu período a realização de atividades pedagógicas.
Os direitos do adolescente privado de sua liberdade encontram-se previstos no artigo 124 do Estatuto, assim dispostos:
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus
pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 24/34
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los,
recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em
sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou
responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do
adolescente (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
A desinternação, em qualquer hipótese, deverá sempre ser antecedida de autorização judicial e devendo ser ouvido o
Ministério Público.
O promotor Paulo Affonso Garrido de Paula, citado por Wilson Donizeti Liberati, assim destacava a finalidade da medida de
internação ainda na vigência do Código de Menores:
 
A internação tem finalidade educativa e curativa. É educativa quando o estabelecimento escolhido
reúne condições de conferir ao infrator instrumentos adequados para enfrentar os desafios do
convívio social. Tem finalidade curativa quando a internação se dá em estabelecimento
ocupacional, psicopedagógico, hospitalar ou psiquiátrico, ante a ideia de que o desvio de conduta
seja oriundo da presença de alguma patologia, cujo tratamento em nível terapêutico possa
reverter o potencial criminológico do qual o menor infrator seja portador (PAULA apud LIBERATI,
2000, p. 95).
José Farias Tavares salienta que há quem atribua caráter punitivo à medida de internação, apesar das disposições do ECA
quanto à proteção do adolescente, e exemplifica essa hipótese citando um acórdão do eminente Des. Yussef Cahali:
As medidas socioeducativas previstas no ECA também visam punir o delinquente, mostrando-lhe
a censura da sociedade ao ato infracional que cometeu, e protegendo os cidadãos honestos da
conduta criminosa daqueles que ainda não são penalmente responsáveis (TAVARES, 2010, p.
20).
REMISSÃO
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 25/34
Remissão significa clemência, indulgência, perdão, renúncia. O artigo 126 do Estatuto prevê a remissão como maneira de
exclusão, suspensão ou extinção do processo para apuração do ato infracional, in verbis:
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o
representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do
processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à
personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária
importará na suspensão ou extinção do processo (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
A remissão por exclusão do processo é para as seguintes hipóteses: a infração não possuir caráter grave, o menor não
apresentar antecedentes e quando a família, a escola ou outras instituições já reagiram de maneira adequada e construtiva
ou que venham a reagir desse modo (CURY; SILVA; MENDEZ, 2002, p. 412).
Segundo Chaves:
Se do sistema processual penal deflui o princípio da obrigatoriedade de propositura da ação
penal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao instituir a remissão como forma de exclusão do
processo, expressamente adotou o princípio da oportunidade, conferindo aotitular da ação a
decisão de invocar ou não a tutela jurisdicional. A decisão nasce do confronto dos interesses
sociais e individuais tutelados unitariamente pelas normas insertas no ECA (CHAVES, 1997, p.
558).
A exclusão da medida socioeducativa por meio da remissão explica-se quando o interesse de defesa social assume valor
menor àquele representado pelo custo, viabilidade e eficácia do processo.
Desse modo, contravenções e infrações de menor gravidade, impostas a adolescentes primários, marcadas pela previsão
de dificuldades na coleta da prova, cujo resultado, além de incerto, constituirá mera advertência, podem ser remidas
plenamente pelo representante da sociedade (FONSECA, 2006, p. 39).
É medida exclusiva do representante do Ministério Público por força dos artigos 180, inciso II e 201, inciso I, que, em lugar
de pedir a execução do procedimento, concede a remissão, podendo incluir a aplicação de qualquer das medidas previstas
na lei, exceto a disposição em regime de semiliberdade e a internação, como estabelece o artigo 127. A manifestação deve
ser fundamentada e o pedido homologado pelo juiz, que, não concordando com sua aplicação, deve remeter os autos ao
Procurador-Geral de Justiça (ABREU, 2009, p. 30).
A remissão pode ser posta como perdão puro e simples, sem a aplicação de qualquer medida, ou ainda, como uma espécie
de transação, a critério do representante do Ministério Público ou da autoridade judiciária, como diminuição das
consequências do ato infracional (CURY; SILVA; MENDEZ, 2002, p. 413).
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 26/34
Importante se faz os ensinamentos de Mirabete:
A remissão pode ser concedida como perdão puro e simples, sem a aplicação de qualquer
medida, ou, a critério do representante do Ministério Público ou da autoridade judiciária, como
uma espécie de transação, como mitigação das consequências do ato infracional. Nesta última
hipótese ocorre a aplicação de medida específica de proteção ou socioeducativa, excluídas as
que implicam privação da liberdade (encaminhamento aos pais ou responsáveis, advertência etc).
Excluem-se as medidas de semiliberdade e internação diante do princípio do devido processo
legal, consagrado na Constituição Federal (art. 5º, LIV). Essa transação sem a instauração ou
conclusão do procedimento tem o mérito de antecipar a execução da medida adequada, a baixo
custo, sem maiores formalidades, diminuindo também o constrangimento decorrente do próprio
desenvolvimento do processo (MIRABETE, 2003, p. 426-427).
De acordo com Cury, Silva e Mendez:
Quando a remissão constituir perdão puro e simples ou vier acompanhada de medida que se
esgote em si mesma, ocorrerá a exclusão do processo, se concedida pelo representante do
Ministério Público, ou a extinção do processo, se concedida pelo juiz. Não ocorrendo uma dessas
hipóteses, o processo ficará suspenso até que se cumpra a medida eventualmente aplicada pela
remissão. As medidas aplicadas, ainda que pelo Ministério Público, serão sempre executadas
pela autoridade judiciária (CURY; SILVA; MENDEZ, 2002, p. 413).
Segundo Chaves (1997, p. 566), a concessão da remissão como causa de suspensão ou extinção do procedimento de
investigação do ato infracional compete à autoridade judiciária e, só serão aceitas no curso do processo, quando madura a
decisão ou quando alcançado o objetivo a que se presta o procedimento, qual seja, a educação e a reintegração do
adolescente às normas sociais de conduta. Já como forma de exclusão do processo, é responsabilidade do membro do
Ministério Público podendo ser concedida quando comprovado que o início do procedimento não trará benefícios ao
adolescente.
O artigo 128 do Estatuto dispõe que a medida aplicada devido a remissão poderá ser reanalisada judicialmente, em
qualquer momento, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.
Ao decidir a revisão, a autoridade judiciária poderá:
a) cancelar a medida aplicada, sendo retornada à situação processual anterior;
b) substituí-la por outra, com exceção do regime de semiliberdade e da internação;
c) convertê-la em perdão.
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 27/34
Para que seja aplicada medida de regime de semiliberdade ou internação deverá ser instaurado o procedimento referente
ao devido processo legal, ou então, se estava suspenso ou extinto, será dado continuação na forma regular (FONSECA,
2006, p.31).
Quanto à constitucionalidade dos artigos 126 a 128 Cury, Silva e Mendez (2002, p. 414), entendem que a aplicação da
remissão com medidas previstas na lei não acarreta, necessariamente, reconhecimento ou comprovação de
responsabilidade, nem predomina como antecedentes e, ainda, quando aplicada pelo Ministério Público se sujeita ao
controle jurisdicional.
Ademais, como estabelece o artigo 128, é facultado o pedido de revisão a qualquer tempo. Portanto, esses artigos não
podem ser considerados inconstitucionais (FONSECA, 2006, p.33).
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Aos adolescentes infratores serão impostas medidas socioeducativas, que são designadas à formação do tratamento
integral empreendido, com a finalidade de reestruturar o adolescente para alcançar a normalidade da integração social.
(ALVES, 2006, p. 46)
São aplicadas medidas socioeducativas aos adolescentes quando estes estiverem envolvidos na pratica do ato infracional,
levando em conta sua capacidade de cumpri-la, as circunstancias e a gravidade da infração. (ALVES, 2006, p. 46)
Uma medida quando bem executada, seja em meio fechado ou aberto, pode produzir novos cenários aos adolescentes,
inclusive para as famílias destes.
Segundo palavras de RAMIDORFFI:
Toda e qualquer medida legal que se estabeleça aos jovens, consoante mesmo restou
determinado normativamente tanto pela Constituição da República de 1988, quanto pela Lei
Federal 8.069, de 13.07.1990 e, também, sobremodo, material e fundamentalmente, pela
Doutrina da Proteção Integral, deve favorecer a maturidade pessoal (educação), a afetividade
(valores humanos) e a própria humanidade (Direitos Humanos: respeito e solidariedade) dessas
pessoas que se encontram na condição peculiar de pessoa em desenvolvimento de suas
personalidades (RAMIDORFFI, 2010, p. 101).
Tendo por fundamento a doutrina integral, verifica-se que para atingir a finalidade da medida socioeducativa, é importante
destacar que se estabeleça uma proposta socioeducativa, contando com orientação pedagógica psicológica e profissional
(MATOS, 2011, p. 37).
Tais medidas devem ser trabalhadas para o desenvolvimento dos menores infratores, visando orientá-los quanto aos seus
direitos e deveres perante a sociedade. Ainda, buscando desenvolver a educação profissional para que possam pleitear
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 28/34
oportunidades de emprego, assim ser reinseridos na sociedade de forma que possam sentir pertencentes a ela (MATOS,
2011, p. 37).
A aplicação das medidas socioeducativas impostas ao menor infrator conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente,
juntamente com os valores humanos, são temáticas e implicam quando não permitem certa recorrência necessária
precisamente nas ocasiões em que se afloram preconceitos vinculados apenas na dimensão comportamental socialmente
fixada (ELIZEU, 2010, p. 32).
Assim, faz-se necessário adotar certa instrumentalidade normativa se não novas categorias jurídicas, instituindo a própria
natureza jurídica que se atribui à medida socioeducativa, para então, assegurar legalmente todas as oportunidades e
facilidades ao desenvolvimento de capacidades, realizações pessoais, seja na área da infância ou juventude do
desenvolvimento da própria personalidade (ELIZEU, 2010, p. 32).As medidas socioeducativas previstas no ECA, possui caráter educativo pedagógico e por isso, considera-se afirmar que tal
medida não constitui sansão. A medida é a estipulação de uma relação conceitual normativa, estimativa e limitada, para
assemelhar aquelas situações que permitem a intervenção do Estado. Resultando a natureza jurídica educativa-pedagógica
(ELIZEU, 2010, p. 33).
Para confirmar tal, veja o disposto no artigo 104 do referido diploma legal: “Art. 104. São plenamente inimputáveis os
menores de 18 (dezoito) anos, sujeitos às medidas previstas nesta lei”, no mesmo sentido, exalta o art. 228 da Constituição
da República de 1988.
Assim, toda e qualquer medida legal que estabelecida aos jovens, restou determinado normativo tanto pela Constituição,
quanto pela Lei Federal 8.069 de 1990, devendo priorizar a maturidade pessoal, afetividade e a própria humanidade, destes
que se encontram na condição peculiar de desenvolvimento de suas personalidades (ELIZEU, 2010, p. 33).
De acordo com Mario Luiz RAMIDOFF:
A medida socioeducativa é uma mistura complexa e plurimensional que não se limita apenas na
proposta material interventiva – intromissão e ingerência estatal – e externa, mas também,
compõe-se de razões profundas, quais tal se origina e quais os valores fundamentais que traz em
si. A medida socioeducativa, por si só, já se configura numa intervenção – ingerência – exterior
sobre a pessoa do adolescente autor de um comportamento contrário à lei. A questão central é
precisamente a da idéia de educação não apenas acerca do conteúdo ou valor que se pretenda
oferecer “interiorizar” mas, sim, auxiliá-lo – o adolescente – nas tomadas de decisões talvez mais
importantes de sua vida, quando não, auxiliando-o a realizar-se como pessoa humana, também,
enquanto tarefa pessoal. Em decorrência disso, é importante dizer que a medida socioeducativa,
não deixando de ser uma ação moram, por certo, não se limita também a ser uma mera
seqüência de atos desconexos, nem uma pura execução mecânico-material de determinados
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 29/34
atos conexos, os quais são determinados por um comportamento idealizado legalmente e tomado
da experiência paralela do mundo adulto como modelo. O exemplo mais eloqüente é a
famigerada proposta de uma “Lei de Diretrizes Socioeducativas”, através da qual pretende-se
resolver a histórica crise do Direito, qual seja, a sua falta de efetividade. E mais uma vez, para
isto, socorre-se da interposição legislativa, vale dizer, da criação de mais e mais textos legais que,
para além de uma conformação interna e autoprodutiva do próprio Direito, também, relativiza todo
um sistema conjugado de garantias, enfraquecendo, pois, os valores fundamentais,
precisamente, pelo paralelismo legislativo, ou seja, pela difusão de regras e regulamentos
(RAMIDOFF, 2008, p. 101-102).
Ainda se tem divergências quanto a natureza jurídica das medidas socioeducativas, pois alguns doutrinadores entendem
que elas têm o caráter de reeducar, ressocializar e outros acreditam que ao estabelecer o art. 112 do Estatuto, medida
privativa e restritiva de liberdade, impôs-se natureza sancionatória (CASSANDRE, 2008, p. 48).
As medidas estão postas no Estatuto e foram descritas de forma correta, pois a finalidade não é punir e sim ressocializar o
adolescente para que este possa viver em sociedade. Na pratica, observa-se que tais medidas não possuem eficácia, uma
vez que aplicados de forma incorreta, como prevê o ECA (CASSANDRE, 2008, p. 48).
Pode-se visualizar que as medidas impostas aos menores infratores estão distantes de atingir o objetivo para que foram
criadas, já que no dia-a-dia observa-se que as crianças e adolescentes recebem essas medidas e logo cometem
novamente o ato infracional, não se conscientizando o ato que praticou (CASSANDRE, 2008, p. 48).
Em nosso país existem programas sociais para reeducar e ressocializar o menor infrator, porém muitas vezes esses
projetos se tornam ineficazes, pois família que nesta fase é de extrema importância, não participa dos trabalhos realizados
pelos profissionais o que dificulta a inserção dos jovens infratores. Ainda, em alguns projetos como a Fundação Casa, onde
os adolescentes na verdade ficam presos, tal maneira não permite a evolução e a capacidade de reinserção na sociedade,
valendo ressaltar que na maioria dos casos esses adolescentes ao saírem voltam a cometer atos infracionais
(CASSANDRE, 2008, p. 49).
É interessante ressaltar o papel da autoridade judiciária, que para que as medidas socioeducativas tenham efeito, é
necessário que o Juiz a aplique de forma inteligente, sendo analisado cada caso concreto (CASSANDRE, 2008, p. 48).
A eficácia das medidas está diretamente ligada a um atendimento completo que promova além de escolarização,
profissionalização, projetos que visem a reinserção do jovem infrator na sociedade ainda e atendimento médico
especializado, uma mobilização de todo o Estado e sociedade no auxílio e monitoramento dos adolescentes em
cumprimento de medidas socioeducativas.
As medidas de prestação de serviços e a liberdade assistida possibilitam uma melhora no comportamento do menor infrator,
pois proporciona a ele oportunidades de ressocialização, pois estão em contato com a sociedade e ainda permite que o
user
Realce
user
Realce
user
Realce
13/05/2020 Crianças e adolescente: o ato infracional e as medidas socioeducativas
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/15063 30/34
adolescente reflita sobre seus atos (MATOS, 2011, p. 45).
Com relação a medida de privação de liberdade, está é a maneira menos eficaz e mais cruel de aplicação das medidas
socioeducativas, pois além de excluir o menor infrator do convívio familiar, também é retirado da sociedade, contando
apenas com as regras da instituição e com outros infratores que talvez sejam delinquentes irrecuperáveis, pois muitas das
vezes o adolescente que não é de alta periculosidade ou não cometeu infração usando de violência ou grave ameaça,
passa a conviver com jovens que podem e vão ensinar sua maneira de agir, marginalizando todos os outros conviventes.
Desta forma o regime que poderia ser positivo, acaba por influências os outros internos (MATOS, 2011, p. 47).
Percebe-se que a intenção do Estatuto da Criança e do Adolescente, é a de conferir às medidas socioeducativas um caráter
pedagógico-protetivo, entretanto, aqui no Brasil, isto não vingou, pois não há estrutura para tal. Assim mesmo possuindo
uma legislação voltada a proteção da classe infanto-juvenil, o país não consegue conferir-lhe a aplicabilidade. A falha não
advém da normatização do sistema, mais sim do despreparo das instituições para execução das medidas socioeducativas
(CASSANDRE, 2008, p. 49).
Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente não determinou a aplicação de sanções aos atos infracionais, mas sim,
apresentou meios para que o menor infrator seja reinserido na sociedade. Porem, para que isso ocorra em sua eficácia
plena, é necessário que o Estado seja utilizado corretamente, sendo observada a realidade adolescente infrator
(CASSANDRE, 2008, p. 49).
CONCLUSÃO
O Estatuto da Criança e do Adolescente juntamente com Constituição Federal de 1988, em seu texto, visa que os direitos
sejam resguardados e garantidos as crianças e adolescentes, mais também impõe deveres e estes também devem ser
respeitados.
Por muitos anos, as crianças e adolescentes não tinha a devida proteção, seus direitos e garantias deixava a desejar
justamente na fase de desenvolvimento, onde a criança necessita de mais atenção e cuidado. Com a promulgação do texto
constitucional de 1988, deu-se mais ênfase à infância e juventude, dando a eles proteção integral, ou seja, que as crianças
e adolescentes sejam sujeitos de direito, com garantias e prioridade absoluta.
A adolescência é uma fase de grandes transformações, na qual o individuo esta se preparando para entrar no mundo adulto

Outros materiais