Prévia do material em texto
Radioproteção na Odontologia GESING, M.C.1; BORSATO, L.A.2 1 Pós-graduando do Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná(Curitiba, PR). 2 MSc. Orientadora do Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná(Curitiba, PR). Endereço para correspondência: mcgesing@yahoo.com.br ______________________________________________________________________ RESUMO: O cuidado em qualquer atividade que utilize radiações ionizantes é fundamental. Os raios X são imperceptíveis aos sentidos e por isto tendem a ser subestimados. O uso incorreto pode ocasionar problemas sérios à saúde principalmente aos profissionais que cotidianamente fazem uso destas radiações. O objetivo deste trabalho é avaliar por meio de revisão de literatura a melhor maneira de utilização dos raios X na Odontologia sem que estes causem danos aos pacientes e profissionais que deles utilizam. Não se discute a importância da utilização das radiações ionizantes, mas seu uso correto, pois as vantagens das boas práticas no diagnóstico por imagem, refletem-se em toda a vida clínica dos profissionais da saúde, seu relacionamento com os pacientes e sua qualidade de vida. Palavras chave: proteção radiológica, radioproteção, radiação ionizante. ________________________________________________________________________________ ABSTRACT: Care in any activity that uses ionizing radiation is essential. The X rays are imperceptible to the senses and therefore tend to be underestimated. But improper use can cause serious health problems especially to professionals who daily make use of these radiations. The aim of this study is to evaluate through a literature review how best to use the X rays in dentistry, without they cause harm to patients and professionals who use them. We do not dispute the importance of the use of ionizing radiation, but their proper use, since the benefits of good practices in diagnostic image reflects throughout the lifetime of the health professionals, their relationship with patients and their quality of life. Keywords: Radiological protection, radioprotection, ionizing radiations ___________________________________________________________________________ 1 INTRODUÇÃO Desde o desenvolvimento das primeiras experiências por Wilhelm Conrad Röntgen, com os chamados raios X, começaram a surgir as primeiras suspeitas sobre os possíveis efeitos deletérios destes sobre os organismos vivos. O uso dos raios X constitui riscos para os profissionais que o utilizam para diagnosticar patologias e para os pacientes a eles submetidos (FENYO- PEREIRA; PINTO, 2006). Atualmente o diagnóstico e a utilização clínica dos raios X na odontologia estão 1 fortemente disseminados que se torna impossível imaginar como poderíamos proporcionar um tratamento de qualidade aos nossos pacientes sem a eventual utilização desta importante ferramenta. Em 1999 Silva et al. descreveram que a radiação X é uma energia ionizante que, sendo manipulada corretamente, traz mais benefícios que danos. O objetivo deste trabalho é avaliar por meio de revisão de literatura a melhor maneira de utilização dos raios X na Odontologia sem que estes causem danos aos pacientes e profissionais que deles utilizam. 2 REVISÃO DE LITERATURA Williams ; Gray (1986) relataram que os benefícios do uso correto dos raios X superam os danos que possam ser ocasionados. Muitas condições anormais dos dentes e outras estruturas podem ser mais facilmente detectadas pelo uso de pequenas doses de radiação do que por outro meio e às vezes somente por este meio. Nenhuma dose de radiação por si só é benéfica, porém existe uma dose abaixo da qual qualquer alteração somática é aceitável para a população como um todo. As crianças são mais suscetíveis, mas existe uma dose abaixo da qual, mesmo aplicada antes do final do período reprodutivo a probabilidade de defeitos genéticos é pequena. Diante da exposição insignificante das gônadas, não há necessidade de preocupação excessiva sobre o exame radiográfico dentário da gestante, quando for indicado. O uso de avental de chumbo ajudará a tranqüilizar a paciente. Todavia, é preciso prudência na decisão da necessidade do exame. Deve-se considerar a possibilidade de esperar o fim da gravidez, o desejo da paciente e suas opiniões pessoais. Garcez Filho; Rocha ; Oliveira (1990) realizaram uma pesquisa sobre os meios de proteção utilizados pelos Cirurgiões- Dentistas em seus consultórios e as conclusões foram muito desfavoráveis, apontando que 41,7% usualmente seguravam a película para o paciente, 30% não utilizavam avental plumbífero durante exames de raios X em pacientes grávidas e 7% não utilizavam qualquer proteção contra os efeitos deletérios dos raios X. Agravado pela utilização do aparelho emissor dos raios X estar normalmente instalado na sala clínica de atendimento aos pacientes. Em 1° de junho de 1998 a portaria nº 453, do Ministério da Saúde/Serviço de Vigilância Sanitária estabeleceu as diretrizes básicas de proteção radiológica em diagnóstico médico/odontológico no 2 Brasil. Esta portaria demonstra que o uso das radiações ionizantes representa um grande avanço na área da saúde, requerendo, entretanto, que as práticas que dão origem a exposições radiológicas sejam efetuadas em condições otimizadas de proteção. Isto é: a necessidade de garantir a qualidade dos serviços de radiodiagnóstico prestados à população, assim como de assegurar os requisitos mínimos de proteção radiológica aos pacientes, aos profissionais e ao público em geral. A portaria regula a limitação de dose de radiação ao paciente e aos profissionais da radiologia, trata de tópicos como gravidez, idade mínima para exercício da radiologia (18 anos), prevenção de acidentes, licenciamento de serviços de radiodiagnóstico, controle ocupacional, padronização dos equipamentos utilizados nos exames, controle ambiental dos serviços para garantir um padrão seguro. Em seu capítulo 5 cita os requisitos para radiologia odontológica. Neste capítulo além de listar normas técnicas como sinalização, e uso de material de radioproteção como vestimentas plumbíferas, normatiza os equipamentos intra e extra-orais, citando quais as características que devem possuir. Procedimentos de trabalho como a exigência de realizar exames radiográficos somente após exame clínico e a consideração das necessidades de saúde geral e dentária. Capelozza et al. (1998) relataram que os efeitos da radiação ionizante sobre tecidos podem ser morfológicos e funcionais. A intensidade das reações provocadas nos tecidos vai depender da dose, da área irradiada, da sensibilidade do tecido e do estágio de desenvolvimento das células. Uma célula em reprodução ou quando jovem sofre mais os efeitos da radiação. Os tecidos mais sensíveis são: sangue, epitélio, endotélio, conjuntivo, nervos e músculos. Os conceitos de radioproteção envolvem o estabelecimento de doses limites e de doses permitidas. Deve-se seguir o conceito ALARA (as low as reasonably achiavable) “tão baixo quanto razoavelmente possível” ou seja usar o mínimo de radiação que produza uma imagem com qualidade diagnóstica. Deve- se seguir as seguintes recomendações: filmes mais sensíveis, processamento correto do filme, uso de filtração e colimação, técnica radiográfica precisa, uso de protetor de tireóide e avental plumbífero.Proteção do operador: deve permanecer a 1,8 m do cabeçote e em um ângulo de 90 a 135°, nunca segurar o filme para o paciente e uso de dosímetros. Silva et al. (1999) descreveram que a radiação X é uma energia ionizante que, sendo manipulada corretamente, traz mais 3 benefícios que danos. Os resultados obtidos neste trabalho evidenciaram um alto índice de desinformação sobre como montar um consultório odontológico com um aparelho de raios X entre alunos da graduação. O cirurgião dentista precisa conhecer as regulamentações de radiologia odontológica para iniciar as suas atividades profissionais de maneira segura, tanto para os pacientes como para ele mesmo e de modo a não ferir a legislação vigente sobre o assunto. Rushton; Horner ; Worthington (1999) em um estudo conduzido na Grã-bretanha, analisaram a qualidade das radiografias panorâmicas usadas normalmente na prática diária e avaliaram que a maioria estava abaixo do considerado de bom padrão. A qualidade da radiografia panorâmica pode ser melhorada pela atenção cuidadosa à técnica e ao processamento. Rosa (2000) mencionou que o exercício da radiologia está sujeito à normas, embora de âmbito internacional, recebem tratamento diferente em cada país e são transformadas em legislação específica. De modo geral, em quase todos os países observa-se um texto legal bem próximo aos parâmetros internacionais de segurança contra as radiações ionizantes. No entanto, os mecanismos de fiscalização da observância da legislação são, na maioria dos casos, ineficientes. Neste aspecto reside a maior preocupação de todos aqueles que estão apreensivos com a poluição do meio ambiente. A legislação vigente no Brasil está sob a tutela de dois organismos: o serviço público e o serviço privado. O serviço público encontra-se regido por uma Lei Fundamental e dois Decretos regulamentares. A Lei fundamental promulgada em 1950 foi alterada, apenas no que diz respeito ao percentual de gratificação financeira. O serviço privado está amparado pela Consolidação das Leis do Trabalho. Freitas (2000) preconizou o uso de massa baritada em paredes da sala de raios X (1 cm igual a 1 mm de chumbo) e vidro plumbífero. O ideal na instalação de um aparelho, é posiciona-lo de tal forma que o feixe útil sempre fique direcionado para uma parede. Hemogramas periódicos, a cada semestre, deverão ser realizados, pois alterações de contagem globulares são os primeiros sinais detectáveis de possíveis lesões somáticas. Rushton; Horner ; Worthington (2001) reafirmam a validade das radigrafias intraorais na prática diária. Embora muitas descobertas sejam reveladas por radiografias panorâmicas, os dentistas clínicos gerais possuem pouca experiência em diagnosticar patologias neste tipo de exame. 4 Em 2004 a ADA (American Dental Association) sugeriu normas para o emprego de exames radiográficos: 1. Radiografia intra-oral é útil para a avaliação do trauma dentoalveolar. Se a área de interesse se estende para além da complexo dentoalveolar, imagem extrabucal deve ser indicada. 2. Cuidados devem ser tomados para examinar todas as radiografias para qualquer evidência de cárie, perda óssea por doença periodontal, anomalias do desenvolvimento e doenças ocultas. 3. O exame clínico é imprescindível, exames de raios X são complementares e não devem ser pedidos antes de exame clínico e anamnese. Oliveira et al. (2005) realizaram uma pesquisa por meio de questionário enviado a 240 consultórios notou-se que a minoria (18%) tinha sinalização sobre utilização de radiação ionizante e 42% possuíam blindagem entre o consultório (onde eram realizadas as tomadas ) e a sala de espera, somente 47% relatou utilizar avental de chumbo no paciente e apenas 11.25% utilizava proteção tanto ao operador quanto ao paciente. 40,83% permitiam acompanhante durante as tomadas, e cerca de 35,42% destes não utilizavam proteção. A calibração do aparelho era realizada a cada 2 anos por 69,17% e nunca foi feita por 10,83%. O estudo conclui que os cirurgiões dentistas negligenciam as normas de segurança em relação ao uso das radiações X. Silveira; Monteiro; Brito (2005) fizeram um trabalho de avaliação de meios de radioproteção em consultórios odontológicos em Olinda /PE e concluíram que a grande maioria dos consultórios esta equipada com protetores de chumbo (avental e/ou colar). O avental de chumbo é utilizado como único meio de proteção ao paciente em 33% dos consultórios, sendo que destes 41,7% não é utilizado junto com o colar de tireóide, devendo este ser considerado obrigatório em todas as tomadas. Apenas 28,6% dos consultórios tem suportes específicos para os aventais e colar, isto mostra desobediência ou desconhecimento por parte dos profissionais à determinação da portaria 453 da ANVISA, comprometendo a integridade destes instrumentos. A maioria dos profissionais não utiliza protetores específicos para si, mais normalmente sai da sala ou realiza a tomada radiográfica entre 2 a 3 metros do aparelho. Um maior conhecimento e obediência as normas de radioproteção aumentaria a proteção tanto a profissionais quanto aos pacientes. Fenyo-Pereira ; Pinto (2006) descreveram os raios X como altamente energéticos, tendo capacidade de atravessar as estruturas que compõe o corpo humano. 5 São denominados radiações ionizantes, relacionada a característica de remover elétrons orbitais de átomos, formando elementos que provocarão efeitos nocivos ao organismo, este pode ser somático (indivíduo que foi exposto), genético (seus descendentes). São cuidados recomendados para radioproteção: • Controle de qualidade: erro = repetição = maior dose profissional + paciente + meio ambiente. • Armazenamento correto de insumos, utilizar somente durante a validade dos produtos. • Filmes mais sensíveis E e F ( 40% de redução em exposição). • Correto processamento do filme. • Arquivamento: envelopes próprios, datados, evitam repetição. • Calibração do aparelho de raios X. • A área exposta não deve ser maior que 7 cm (colimador). • Kv não inferior a 70 Kvp ( portaria 453 de 1998/ministério da saúde). • Escolha incorreta da técnica radiográfica pode exigir novo exame e nova exposição. Exames radiográficos devem ter indicação clínica precisa. • Gestantes e crianças devem ser expostos aos raios X somente quando estritamente necessário. • Indicação precisa de raios X panorâmico, pois tem largo espectro e a exposição é bem menor que um levantamento periapical. • Uso de vestimenta plumbífera. • Esclarecimento do paciente, colaboração evita repetições. • Uso de raios X digitais necessitam menos exposição. • Para proteção ao Meio-Ambiente o feixe primário deve incidir em direção a uma parede e nunca para uma porta ou abertura que de acesso a um local onde possa haver outras pessoas. • Os líquidos processadores não devem ser dispensados no esgoto comum, pois afetam seriamente o meio-ambiente. Em 2006 o Conselho de Assuntos Científicos da ADA relatou que a American National Standards Institute e a Organização Internacional para Padronização estabeleceram padrões para velocidade dos filmes radiográficos. Velocidades de filmes disponíveis para radiografia dental são: D-speed, E-speed e F-speed, com D-speed sendo o mais lento e F-speed o mais rápido.O uso de maior velocidade de filme pode resultar em até em 50% de redução percentual da exposição para o paciente sem comprometer a qualidade de diagnóstico. Filme de uma velocidade mais lenta do que E-speed não deve ser usado para radiografias dentais. 6 White ; Pharoah (2007) descreveram uma forma de mensurar o risco das alterações genéticas pela exposição à radiação é determinar a dose cumulativa. Isto é a quantidade de radiação que uma população requer para produzir na geração seguinte um número de mutações adicionais, tão grande quanto o de mutações espontâneas. Em seres humanos, a dose cumulativa para mutações que resultam em morte é de aproximadamente 2 Sv. Uma vez que um indivíduo recebe em média, radiação nas gônadas muito menor, a radiação contribui relativamente pouco para danos genéticos as populações. Como comparação, a dose nas gônadas de homens após um exame radiográfico periapical completo com bite- wings é muito baixa, por volta de 1µSv ou menos. A dose nos ovários é de aproximadamente 50 vezes menos, na faixa de 0,02 µSv. Frederiksen et al. (2007) relataram que os clínicos devem se familiarizar com a quantidade de exposição à radiação encontrada na Odontologia, o possível perigo que tal exposição causa e os métodos utilizados que tem efeito na redução da exposição e da dose. O uso destas informações fornece o conhecimento necessário para explicar os benefícios e possíveis riscos do uso dos raios X. Em 1993, estimou-se em mais de 1 bilhão de exames radiológicos médicos e 300 milhões odontológicos. Os exames odontológicos são responsáveis por apenas 2,5% da média anual de exposição à radiação diagnóstica e 0,3% da média anual de exposição à radiação total (contando ambiental). A filosofia de radioproteção está no princípio de: “tão baixo quanto razoavelmente possível” e a dose para indivíduos operando aparelhos de raios X odontológicos está estimada em 0,4% do limite permitido. Para o paciente verificou-se que um exame intra-oral utilizando-se 20 filmes realizando uma técnica que otimize a dose, libera menos da metade da quantidade da dose de radiação que um único exame de tórax. A ADA recomenda uso de protetores de chumbo para tireóide e abdômen apesar da radiação secundária ser considerada extremamente baixa. A escolha de um bom aparelho com quilovoltagem e miliamperagem corretas e o correto processamento do filme são instrumentos de grande validade para proteção radiológica. A não ser que haja barreiras de proteção disponíveis para o operador, ele deve posicionar-se a distância de no mínimo 2 metros e numa direção que não seja a mesma do feixe útil de radiação durante a exposição. Um programa de controle de qualidade deve ser estabelecido para assegurar a qualidade da imagem radiográfica e educação continuada é sempre necessária, pois 7 adquirir conhecimento, desenvolver e manter habilidades são considerados um processo contínuo. Hirsch et al. (2008) compararam dois equipamentos de tomografia cone-beam utilizando campos de imagem (FOVs) diferentes, foram analisadas as doses absorvidas por cada aparelho utilizando diferentes FOVs. Uma das principais conclusões é que, mais importante que escolher o melhor equipamento, são as decisões tomadas na prática clínica, onde necessitamos ser conscienciosos do tipo de imagem que é realmente necessária. Profissionais da saúde devem ser adequadamente treinados e cientes da necessidade do uso do menor FOV possível e também da menor energia necessária para a realização do exame. Concluindo: a dose de radiação entregues à partir de ambas as máquinas é similar ao usar 4X4 centímetros de FOV. Um pequeno FOV deve ser utilizado para imagens dentais, FOV maiores devem se restringir aos casos em que uma visão mais ampla é necessária. Öhman et al. (2008) concluíram que a tomografia não deve ser considerada como exame padrão para planejamento de cirurgia de remoção de terceiros molares, baseado no fato que a exposição pode ser de 3 a 4 vezes mais alta na tomografia que no exame panorâmico padrão. Apenas em casos em que o terceiro molar apresente íntima ligação com o nervo alveolar inferior deve-se relevar a maior dose causada pela exposição tomográfica. Okano et al. (2009) analisaram duas marcas comerciais de tomógrafos cone beam (3D Accuitomo®;J,Morita e CB MercuRay®; Hitachi) e um tomógrafo tipo fan beam ( HiSpeed QX/i®;GE). O estudo revelou que existem diferenças na dosagem entre os dois tomógrafos cone beam, sendo que o 3D Accuitomo® é menor que o CB MercuRay® , estes apresentam exposição a radiação bem menor que o fan beam. Kim e Mupparapu (2009) fizeram um estudo relacionando a dose de radiação emitida em diferentes tomadas radiográficas e concluíram que tomografias expõem o paciente à dose de radiação pelo menos 4 vezes superior a um tomada panorâmica. Recomenda-se que filmes abaixo de e-speed não sejam usados em radiologia oral. Em radiografias panorâmicas uso de ecrans terras raras e filmes ultra rápidos são recomendados, pois diminuem a exposição em até 50% em relação aos sistemas de ecrans cálcio tungstato. Gava (2009) concluiu que tomografias cone beam, oferecem uma ótima qualidade de imagem o que pode aumentar a qualidade do atendimento ao paciente. O lado negativo é a que a dose de radiação a 8 qual o paciente é exposto é muito maior que a radiologia tradicional. Deve-se haver sempre uma clara indicação para uma investigação tomográfica. A substituição das tradicionais radiografias panorâmicas por tomografias não é recomendado. 3 DISCUSSÃO Williams ; Gray (1986) relataram que o uso correto dos raios X supera os danos que possam ser ocasionados, e muitas condições anormais dos dentes e outras estruturas podem ser mais facilmente detectadas pelo uso de pequenas doses de radiação, esta frase justifica o uso dos raios X em diagnóstico odontológico. Mas devemos estar cientes que o uso correto da radiação ionizante depende de vários fatores. Alguns são auto-evidentes como o uso de aventais de proteção, outros são mais discretos como o correto processamento e armazenamento das tomadas radiográficas para que o paciente não tenha que ser novamente exposto algum tempo depois pela degradação de um exame corretamente executado e mal acondicionado e/ou processado (FENYO- PEREIRA ; PINTO,2006). Existe ainda um descuido generalizado por parte dos profissionais da odontologia em relação aos cuidados básicos em radioproteção. Muitos ainda seguram a película durante as tomadas radiográficas (GARCEZ FILHO; ROCHA; OLIVEIRA; 1990). O uso do avental plumbífero não é generalizado (GARCEZ FILHO; ROCHA; OLIVEIRA; 1990; Oliveira et al. 2005) muitas vezes quando utilizado faz-se sem o uso do colar cervical (SILVEIRA; MONTEIRO; BRITO 2005). Estes hábitos não são aceitáveis à luz da moderna prática de radioproteção. Devemos lembrar que segundo Williams; Gray (1986), nenhuma dose de radiação é benéfica. Nossa legislação sobre radioproteção (portaria n° 453 do Ministério da saúde/Serviço de Vigilância Sanitária) reconhece que o radiodiagnóstico representa um grande avanço na área da saúde. Mas requer o uso de boas práticas para alcançar o objetivo sem causar danos ao paciente e aos profissionais que em seu dia a dia utilizam os raios X. Os conceitos de radioproteçãodevem seguir os conceitos de ALARA (as low as reasonably achiavable) “tão baixo quanto razoavelmente possível”, ou seja: usar o mínimo de radiação que produza uma imagem com qualidade diagnóstica (CAPELOZZA et al.1998). Com o advento dos exames tomográficos muito se tem discutido sobre como 9 proceder em relação à forma de utilização desta poderosa ferramenta. A dose de radiação que o paciente é exposto durante um exame tomográfico é muito maior que um exame tradicional (GAVA, 2009). Por esta característica devemos nos guiar por critérios rígidos ao sugerirmos a utilização deste tipo de exame. Segundo Öhman et al. em 2008 a tomografia não deve ser considerada o exame padrão para o planejamento de cirurgia de remoção de terceiros molares, apenas casos em que o terceiro molar apresente íntima ligação com o nervo alveolar inferior deve-se relevar a maior dose causada pela exposição tomográfica. A utilização de tomógrafos cone beam por sua menor exposição radiográfica é preferível aos tomógrafos fan beam (OKANO, 2009). Gava (2009) relatou que a substituição das tradicionais radiografias panorâmicas por tomografias não é recomendado. Hirsh et al. (2008) em seu estudo concluíram que mais importante que escolher o melhor equipamento são as decisões tomadas na prática clínica, onde necessitamos ser conscienciosos do tipo de imagem que realmente necessitamos. O exame clínico é imprescindível, exames radiográficos são complementares, e não devem ser pedidos antes de exame clínico e anamnese (portaria nº453 do Ministério da saúde/Serviço de Vigilância Sanitária). 4 CONCLUSÃO Este trabalho conclui que a utilização de radiações ionizantes para diagnóstico e uso clínico na Odontologia está consolidada. A utilização de boas práticas, segundo a regulamentação vigente (portaria nº 453, do Ministério da Saúde/Serviço de Vigilância Sanitária), garante a proteção dos profissionais da saúde que se utilizam de radiações ionizantes, dos pacientes submetidos a estes exames, bem como também ao meio ambiente. Sente-se ainda a necessidade de maior informação dos profissionais e maior engajamento destes, na utilização de métodos de proteção radiológica. 5 REFERÊNCIAS AMERICAN DENTAL ASSOCIATION: Guidelines for Presclibing Dental Radiographs.Disponível:<http.//www.ada. org/sections/professionalResources/pdfs/to pics_radiography_examinations.pdf>. BRASIL. Portaria Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância Sanitária nº 453, de 01 de junho de 1998. disponível 10 em<http://www.anvisa.gov.br/legis/portari as/453_98.htm>. CAPELOZZA, A.L.A.; ALVARES, L.C.; TAVANO, O.; FREITAS, J.A. de S.; DAMANTE, J.H. Higiene das radiações: radiologia preventiva, Curso de Radiologia em Odontologia. São Paulo: Livraria Editora Santos, 1998. p. 45-54. CONSELHO DE ASSUNTOS CIENTÍFICOS DA ADA. The Use of Dental Radiographs. Disponível em JADA vol.137< http://jada.ada.org> set 2006. FENYO-PEREIRA, M. e PINTO, R.H.R. Efeitos Biológicos e Radioproteção, Radiologia odontológica e imaginologia, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2006, p.135-145. FREDERIKSEN, N.L. Radioproteção, Radiologia Oral: Fundamentos e interpretação, RJ: Elsevier, 2007, p.47-67. FREITAS, L. Radiações Ionizantes: Higiene e Proteção, Radiologia Odontológica. São Paulo: Artes Médicas. 5ºed, 2000. GARCEZ FILHO, J. de A.; ROCHA, A.P.B.; de OLIVEIRA, M.L.B. Meios de proteção dos raios X, RGO, 38 (3) : 177- 180, mai/jun., 1990. GAVA, M. M.; What the general dental practitioner should know about cone beam computed tomography technology, in OHDMBSC – vol. VIII – n.4 – dez, 2009, disponível em< http://www.oralhealth.ro/volumes/2009/vol ume-4/V4-09-3.pdf> HIRSH, E.; WOLF, U.; HEINICKE, F.; SILVA, M.A.G.; Dosimetry of the cone beam computed tomography veraviewepocs 3D compared with the 3D Accuitomo in different fields of view, Dentomaxillofacial Radiology (2008) 37, 268-273. doi: 10.1259/dmfr/23424132. KIM, I.H. e MUPPARAPU, M.; Dental radiographic guidelines: A review, Quintessence International, mai 2009, Vol 40, ed 5 p. 389-398. ÖHMAN, A.; KULL, l.; ANDERSSON, J.; FLYGARE, L.; Radiation doses in examination of lower third molars with computed tomography and conventional radiography, Dentomaxillofacial Radiology (2008) 37, 445-452. doi: 10.1259/dmfr/86360042. OKANO,T.; HARATA,Y.; SUGIHARA, Y.; SAKAINO, R.; TSUCHIDA, R.; IWAI, K.; SEKI, K.; ARAKI, k.; Absorbed and effective doses from cone beam volumetric imaging for implant planning, Dentomaxillofacial Radiology (2009) 38, 79-85. doi: 10.1259/dmfr/14769929. OLIVEIRA, G.F.; NETO, M.L. da C.; EID, N.L.M.; PEREIRA, A.C.; Avaliação do conhecimento e dos procedimentos preventivos de radioproteção em consultórios odontológicos localizados na cidade de São Paulo, Revista da ABRO- 11 Associação Brasileira de Radiologia Odontológica, disponível em<http://www.paulogalvaoradiologiaoral. com.br/trabalhos/B276106057D.pdf>26/05 /2011. ROSA, J.E.; Legislação e Normas do Emprego dos Raios X, Radiologia Odontológica. São Paulo: Artes Médicas. 5ºed, 2000. RUSHTON,V.E.;HORNER,K;WORTHIN GTON, H.V.; The Quality of Panoramic in a Sample of General Dental Practices, British Dental Journal, Volume 186, nº12, jun 1999. p. 630-633. RUSHTON,V.E.;HORNER,K.;WORTHIN GTON, H.V.; Screening Panoramic Radiology of Adults in General Dental Practice: Radiological Findings, British Dental Journal, Volume 190, nº09, mai 2001. p. 495-501. SILVA, P.R.D.; PINTO, R.H.R.; CORRÊA, M.C.C.S.F.; YANAGUIZAWA JR., J.L. Nova Legislação Para Radiologia Odontológica. Avaliação dos Alunos da UNIMAR. São Paulo, ano 2 ,nº2, 1999, p. 63-67. SILVEIRA,M.M.F.; MONTEIRO, I. da S.; de BRITO, S.A.; Avaliação da utilização dos meios de radioproteção em consultórios odontológicos em Olinda/PE, Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 4 (1): 43-48, jan/abr. 2005. WHITE, S.C. e PHAROAH, M.J.; Radiobiologia, in Radiologia Oral: Fundamentos e interpretação, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p.25-44. WILLIAMS, M.M.D.; GRAY, J.E. Física da saúde, Diagnóstico bucal de stafne. 2 ed, Rio de Janeiro: discos cbs, 1986. p.475- 484. AGRADECIMENTOS A todos os professores, pelo apoio e compreensão ao longo deste percurso. Aos colegas, pela cumplicidade, ajuda e amizade. Em especial professora Lígia Aracema Borsato, orientadora deste trabalho, que sempre me guiou com serenidade e conhecimento. 12