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Biologia Cristiano Alves de Carvalho APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Biologia, parte inte- grante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre- sentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 CARACTERÍSTICAS DOS SERES VIVOS .................................................................................. 7 1.1 Origem da Vida na Terra ...............................................................................................................................................8 1.2 Teoria sobre a Origem da Vida .................................................................................................................................11 1.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................15 1.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................20 2 ESPÉCIE ....................................................................................................................................................... 21 2.1 Evolução das Espécies ................................................................................................................................................22 2.2 Evidências da Evolução Biológica ..........................................................................................................................25 2.3 Teoria Moderna da Evolução ....................................................................................................................................26 2.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................26 2.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................29 3 A CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA .................................................................................................. 31 3.1 Categorias Taxonômicas ............................................................................................................................................31 3.2 Regras da Nomenclatura Binomial ........................................................................................................................32 3.3 Os Reinos .........................................................................................................................................................................33 3.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................35 3.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................36 4 ORGANIZAÇÃO GERAL DAS CÉLULAS E FUNÇÕES CELULARES ....................... 37 4.1 A Célula Procarionte ....................................................................................................................................................38 4.2 Célula Eucarionte ..........................................................................................................................................................38 4.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................45 4.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................49 5 RELAÇÕES ENTRE SERES VIVOS ................................................................................................ 51 5.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................53 5.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................54 6 PRINCIPAIS BIOMAS .......................................................................................................................... 55 6.1 Principais Biomas ..........................................................................................................................................................56 6.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................62 6.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................62 7 NOÇÕES DE BOTÂNICA ................................................................................................................... 63 7.1 Evolução das Plantas ...................................................................................................................................................63 7.2 A Classificação das Plantas ........................................................................................................................................64 7.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................71 7.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................74 8 IMPACTOS DA POLUIÇÃO AMBIENTAL NOS SERES VIVOS ................................... 75 8.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................80 8.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................82 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 83 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 95 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), Nesta apostila, abordaremos vários assuntos relacionados à Biologia. Entretanto, não deixaremos de abordar assuntos relacionados à sustentabilidade, conceito tão importante para a nossasobrevivên- cia futura. Em Biologia, a parte da ciência que estuda os seres vivos, veremos como caracterizamos e clas- sificamos um ser vivo. Estudaremos como se deu a evolução das espécies, proposta esta realizada por Charles Darwin e respeitada até os dias de hoje, bem como o seu comportamento e suas relações. Em botânica, parte da biologia que estuda o Reino Vegetal, estudaremos as principais característi- cas dos dois grandes grupos vegetais: as criptógamas e as fanerógamas. Além disso, também é assunto de extrema importância os seus ciclos reprodutivos e, portanto, não deixaremos de estudá-los. Para compreendermos melhor o tipo de vegetação que nosso planeta apresenta, estudaremos os grandes biomas e suas principais características, além de alguns seres vivos que podemos encontrar neles. E, para finalizar, não podemos deixar de falar dos fatores que afetam diretamente a nossa vida e de todos que habitam nosso planeta: a poluição. Neste capítulo, citaremos os principais tipos de poluição e seus principais efeitos em nossa saúde. Também mencionaremos a reciclagem e explicaremos por que este é o caminho de nosso futuro. Bons estudos! Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 CARACTERÍSTICAS DOS SERES VIVOS 1 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, aprende- remos a origem e as características dos seres vi- vos. Você já parou para pensar como os antigos estudiosos descobriram a origem da vida? Várias experiências foram realizadas para chegarem a uma conclusão. Veremos as principais. E por que um cão é considerado ser vivo e uma mesa não? Curioso(a)? Então, bons estudos! O que nos permite diferenciar um ser vivo de um ser não vivo são as características que os seres vivos possuem. O zoólogo alemão natura- lizado norte-americano Ernst Mayr (2009) dizia: ”Não há dúvida de que os seres vivos possuem certos atributos que não são encontrados [...] em objetos inanimados.” Estudaremos, então, as ca- racterísticas dos seres vivos. Composição química da matéria viva A matéria viva possui elementos químicos que estão sempre presentes em sua composição, porém em proporções diferentes das que encon- tramos na matéria não viva. Esses elementos são o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O), o nitrogênio (N) e, em menores proporções, o fósfo- ro (P) e o enxofre (S). A união dos átomos desses elementos através de ligações químicas formam as moléculas que constituem os seres vivos, que são conhecidas como substâncias orgânicas. As principais substâncias orgânicas são as proteí- nas, os glicídios, os lipídios e os ácidos nucleicos. Organização celular e metabolismo Os seres vivos apresentam elevado grau de organização em sua composição, o que não ocorre em seres não vivos. As moléculas das subs- tâncias orgânicas (proteínas, lipídios etc.) organi- zam-se de tal maneira que formam unidades de- nominadas de células. Elas são consideradas as unidades da vida. Mas o que é uma célula, caro(a) aluno(a)? Entendemos por célula um compartimento mem- branoso microscópico e em seu interior ocorrem processos químicos que são fundamentais à vida. O conjunto desses processos químicos é chama- do de metabolismo, palavra originada de meta- bole (grego), que significa transformação. Uma célula está continuamente renovando seus átomos e suas moléculas. Para isso ocorrer, ela necessita de nutrientes orgânicos que forne- cem energia, além da matéria-prima para produ- zir novas moléculas. Vale destacar que os vírus não são consi- derados seres vivos por muitos biólogos por não apresentarem uma célula verdadeiramente orga- nizada e por não terem seu próprio metabolismo. Reação e movimento Caro(a) aluno(a), você sabia que a maioria das plantas altera a posição de suas folhas duran- te o dia para aproveitar ao máximo a luminosida- de? Isso é a capacidade de reação e movimento dos seres vivos. Os animais reagem a estímulos externos mais rapidamente, como, por exemplo, o eriçamento de pelos na tentativa de não perder calor. Até os seres microscópicos são capazes de responder a estímulos, movimentando-se ativa- mente. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Crescimento e reprodução Todo ser vivo cresce, exceto vírus. O cresci- mento de um ser vivo é um processo complexo e engloba a produção de novas substâncias orgâni- cas produzidas pelo metabolismo da célula, dife- rente do crescimento de um cristal, por exemplo, considerado ser não vivo. Este cresce pela simples agregação da matéria inorgânica capturada do meio ambiente. Os organismos que são formados por uma única célula, os unicelulares, crescem pelo au- mento do tamanho de sua célula. Já os organis- mos formados por várias células, os pluricelulares ou multicelulares, crescem principalmente pelo aumento de número de células em seu corpo. Um organismo unicelular pode se dividir em duas células menores, exatamente iguais a células que as originou, denominado processo de reprodução. Para os organismos multicelulares, a vida começa a partir de uma única célula que se multiplica até formar o organismo ou um grupo de célula que se solta do corpo do indivíduo já existente, dando origem a outro ser vivo. Hereditariedade É uma característica intimamente ligada à reprodução. Um ser vivo transmite a seus descen- dentes o material genético. Este é um conjunto de instruções de código para a formação de um novo ser. Esse material permitirá ao novo ser ex- pressar todas as características presentes em seus descendentes e sua espécie. Todas as instruções genéticas estão armazenadas em uma molécula de uma substância química chamada DNA (ácido desoxirribonucleico). Os vírus podem apresen- tam em seu material genético o DNA ou RNA (áci- do ribonucleico). Variabilidade genética Cada espécie tem suas características de- terminadas pelo seu material genético, porém os membros de uma mesma espécie podem apre- sentar variações genéticas. O conjunto dessas variações é chamado de variabilidade genética. Elas são derivadas das mudanças que os genes sofrem, as mutações genéticas. Elas se perpe- tuam de indivíduo para indivíduo no momento da duplicação do material genético. Devido a essa característica, numa mesma espécie, há in- divíduos ligeiramente diferentes uns dos outros. Alguns desses indivíduos apresentam maiores chances de se reproduzir e de sobreviver ao meio ambiente. Essa teoria foi abordada por Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Wallace (1823- 1913) e denomina-se seleção natural. Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais O que nos permite diferenciar um ser vivo de um ser não vivo são as características que os seres vi- vos possuem. São elas: composição química da matéria viva, organização celular, metabolismo, reação, movimento, crescimento, reprodução, he- reditariedade e variabilidade genética. 1.1 Origem da Vida na Terra Caro(a) aluno(a), você sabia que até meados do século XVII as pessoas acreditavam que uma força divina havia criado os seres humanos e os animais mamíferos? E que os seres mais simples, como moscas e vermes, surgiam espontanea- mente a partir de uma matéria sem vida ou mes- mo pela transformação de outros seres vivos? A partir do século XVIII, o avanço do conhe- cimento pôs em dúvida a ideia da criação divina e da geração espontânea. Em meados do século XIX, devido a dois grandes estudiosos Louis Pas- teur (1822-1895) e Charles Darwin, a Biologia deu um grande e importante passo: a descoberta da origem da vida. Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Biogênese x abiogênese Teoria da geração espontânea ou teoria da abiogênese Como já foi mencionado, até meados de sé- culo XVII acreditava-se que seres vivos geravam- -se espontaneamente,como, por exemplo: co- bras, rãs e crocodilos surgiam da lama de lagos e rios; gansos surgiam de pequenos crustáceos; moscas surgiam da carne podre etc. Essa teoria ficou conhecida como teoria da geração espon- tânea ou teoria da abiogênese. Teoria da biogênese Devido a rigorosos testes realizados por Redi, Spallanzani e Pasteur, entre outros, e a evo- lução do conhecimento científico, a teoria da abiogênese foi derrubada. Eles contribuíram com evidências indiscutíveis de que os seres vivos sur- gem somente pela reprodução de indivíduos de sua própria espécie. O caminho das experiências O grande filósofo grego Aristóteles (384- 322 a.C.) acreditava e defendia essa teoria e, de- vido a esse fato, muitos outros nomes importan- tes como o francês René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton (1642-1727) também defendiam essa teoria. O grande médico de Bruxelas e pes- quisador da fisiologia das plantas Jan Baptista van Helmont (1577-1644) che- gou a elaborar uma “receita” para produ- zir ratos pela geração espontânea. Dizia ele: “[...] colocam-se, num canto ilumina- do e sossegado, camisas sujas. Sobre elas, espalham-se grãos de trigo e o resultado será que, em 21 dias, surgirão ratos.” Sua crença nessa teoria era tanta que jamais ele poderia acreditar que os ratos sur- giam por causa das condições favoráveis para reprodução e alimentação. O experimento de Redi Francesco Redi (1626-1697) foi um médico italiano que realizou um dos primeiros experi- mentos científicos sobre a origem dos seres vivos, principalmente com seres vermiformes. Na teria da Abiogênese, acreditava-se que esses seres sur- giam espontaneamente da carne em putrefação, principalmente dos cadáveres de animais. Redi combateu essa crença com a hipótese de que os vermes eram originados pelos ovos depositados por moscas que rondavam os cadáveres. E não por geração espontânea. Em certa ocasião, Redi estava lendo o poe- ma épico Ilíada, escrito pelo grego Homero. Em uma passagem do poema, Homero cita: “Aquiles teme que o corpo de Pátrocles se torne presa das moscas [...] peça a Tétis que proteja o corpo contra os insetos que podem dar origem aos ver- mes e assim corromper a carne do morto.” Nessa passagem do poema, Redi concluiu que os an- tigos gregos já sabiam que seres vermiformes originavam-se de ovos depositados pelas moscas que rondavam o corpo. Resolveu, então, realizar um experimento para comprovar essa hipótese: pegou alguns frascos com boca larga e colocou em seu interior pedaços de cadáveres de animais (peixe podre, por exemplo). Alguns deles foram vedados com uma gaze muito fina e outros per- maneceram abertos. Após alguns dias, nos fras- cos abertos surgiram “vermes”, pois as moscas en- travam e saiam livremente. Nos frascos tampados com gaze, nada ocorreu. O experimento de Redi foi, então, confirmado e validado. Fonte: Portal educativo argentino. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 A descoberta do microscópio Apesar do experimento de Redi, alguns ain- da acreditavam que os seres microscópicos que haviam sido descobertos pelo holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723) através de um mi- croscópio de fabricação própria surgiam da gera- ção espontânea. Na época, não se podia imaginar que seres tão minúsculos pudessem surgir atra- vés da reprodução. A invenção do microscópio reforçou a teoria da abiogênese. O experimento de Needham John Turberville Needham (1713-1781), na- turalista inglês, foi um extremo defensor da Abio- gênese. Realizou várias experiências com frascos de vidro contendo em seu interior caldos nutri- tivos. Ele colocou em alguns frascos um caldo nutritivo e os fechou. Após, submeteu os frascos fechados a uma fervura por um curto tempo e os isolou fechados por alguns dias. Após observação do caldo que se manteve fechado por alguns dias e mesmo após a fervura, Needham conseguiu a proliferação de microrganismos em todos os ca- sos. Ele dizia que existia um tipo de “força vital” que era responsável pelo aparecimento dos mi- crorganismos nos frascos. Com essa experiência, a Abiogênese ganhou força novamente. Fonte: Portal educativo argentino. O experimento de Spallanzani Lazzaro Spallanzani (1729-1799), italiano, foi um padre, fisiologista e um estudioso das ciências naturais. O seu trabalho centrou-se na investigação da teoria da geração espontânea. Com suas experiências, Spallanzani mostrou que os micróbios movem-se pelo ar e que podem ser eliminados por fervura. Seu objetivo era derrubar as ideias de John Needham. Ele concluiu que o problema do ex- perimento de Needham eram os recipientes que não foram bem vedados. Dessa forma, permitia a entrada de microrganismos e a contaminação do caldo nutritivo. Também foi observado o tempo de fervura do caldo. Possivelmente não teria sido suficiente para eliminar todos os microrganismos que já estavam no caldo nutritivo. Spallanzani mostrou com seu novo experimento que, com os recipientes vedados de outra maneira mais efi- ciente e realizando a fervura por mais tempo, a vida não surgia espontaneamente. Needham x Spallanzani Em 1768, Spallanzani criticou duramente a teoria e os experimentos de Needham. Através da realização de experimentos similares e ten- do fervido os frascos bem fechados com sucos nutritivos durante um período maior, cerca de uma hora, e os colocado posteriormente de lado durante alguns dias, Spallanzani não encontrou qualquer sinal de vida. Ficou dessa forma de- monstrado que Needham falhou em não aquecer o caldo nutritivo suficientemente a ponto de ma- tar os seres preexistentes na mistura, assim como não os vedou de maneira adequada. Needham justificou-se sugerindo que, ao aquecer os líquidos a temperaturas muito altas, Spallanzani destruiu o “princípio ativo” que gera- va a vida. A hipótese de abiogênese continuava sendo aceita pela opinião pública, mas o experi- mento de Spallanzani mostrou o caminho para Louis Pasteur derrubar a abiogênese. Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Pasteur e a derrubada da abiogênese Incentivado por um prêmio oferecido pela Academia Francesa de Ciências, o cientista francês Louis Pasteur começou a estudar a origem dos se- res microscópicos. Em uma de suas experiências, ele colocou caldos nutritivos em quatro frascos de vidros. Amoleceu os seus gargalos no fogo e os modelou como “pescoço de cisne”. Ferveu os fras- cos até o momento em que saísse vapor pelo gar- galo de cada um deles, expulsando, assim, todo o ar interno dos frascos. Após a fervura, esperou os caldos resfriarem lentamente, de modo que as partículas presentes no ar voltassem aos frascos e ficassem armazenadas na curva do gargalo “pes- coço de cisne”, funcionando, assim, como um fil- tro. Após alguns dias, nenhum microrganismo foi encontrado dentro dos caldos, apesar dos frascos permanecerem abertos. Para provar que o pesco- ço era como filtro, ele quebrou um dos frascos no gargalo e em poucos dias vários microrganismos estavam presentes no caldo. Com esse brilhante experimento, Pasteur sepultou a teoria da Abiogênese. Fonte: UFRGS. 1.2 Teoria sobre a Origem da Vida Panspermia e a teoria da evolução molecular Após a queda da teoria da Abiogênese, sur- giu outra questão para os cientistas: como surgiu a vida na Terra pela primeira vez? Duas hipóteses são consideradas para a origem da vida: a pans- permia e a teoria da evolução química. AtençãoAtenção A panspermia defende a ideia de que a vida na Terra originou-se de outros seres vivos ou de substâncias provenientes de outros locais do cosmo. Essa ideia ganhou força ultimamente com a descoberta de que o espaço interestelar não é tão hostil como imaginávamos. Cristiano Alves de Carvalho Unisa| Educação a Distância | www.unisa.br 12 A teoria da evolução química, também co- nhecida como teoria da evolução molecular, de- fende que a vida na Terra surgiu através de um processo de evolução química. Os defensores dessa teoria acreditam que compostos inorgâni- cos se combinaram, formando moléculas orgâni- cas simples como os ácidos graxos e os açúcares. Estes, por sua vez, combinaram-se entre si produ- zindo moléculas mais complexas como proteínas e lipídios, que continuaram combinando-se entre si até chegarem ao ponto de originarem estrutu- ras com capacidade de se autoduplicarem e reali- zarem metabolismos. Estes sim seriam considera- dos os primeiros seres vivos. Fonte: UFRGS. Caro(a) aluno(a), as duas teorias não são antagônicas. Os próprios defensores da pansper- mia admitem que o processo de origem da vida na Terra também deve ter ocorrido pela evolução química. Dessa forma, a primeira condição foi ge- rada por um processo de abiogênese. O experimento de Miller Em 1953, o norte-americano Stanley Lloyd Miller, um jovem aluno, construiu um aparelho que simulava as condições da Terra primitiva. Esse simulador era formado por tubos e balões interli- gados. Neles foi colocada uma mistura gasosa dos gases metano (CH4), amônia (NH3), hidrogênio (H2), vapor de água (H2O) e descargas elétricas. Essa mistura simulava uma suposta atmosfera pri- mitiva da Terra e as descargas elétricas simulavam os raios produzidos durante as grandes tempes- tades. Também havia um condensador que servia para resfriar a mistura de gases e um aquecedor para fazer com que a água fosse fervida. O simulador funcionava da seguinte forma: a água que chegava à superfície do aparelho era aquecida e passava a ser vapor de água. Este se misturava com os gases metano, amônia e hidro- gênio, sofria descargas elétricas. Essa mistura de gases era resfriada através de um condensador. O vapor de água voltava para a forma líquida, acu- mulando-se novamente na superfície. Ao final de uma semana, Miller examinou o líquido acumula- do na superfície do aparelho e notou a presença de algumas substâncias que inicialmente não fa- ziam parte do líquido, como os aminoácidos ala- nina e glicina, além de outras substâncias. Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Fonte: Blog Mundo Educação. Hoje, caro(a) aluno(a), esse importante ex- perimento tem apenas valor histórico, pois já sa- bemos que a composição dos gases na Terra pri- mitiva era diferente da que Miller utilizou em seu experimento. Mas, desse experimento, surgiram outros de muita importância para a evolução da ciência e através deles já foi descoberto que di- versas substâncias orgânicas presentes nos seres vivos foram encontradas. Dessa forma, os ingre- dientes básicos para a formação da vida estavam supostamente presentes desde o início da exis- tência da Terra. A dúvida agora é: então, como es- ses ingredientes se combinaram para dar origem à vida? Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Tanto a teoria da evolução química, também conhecida como teoria da evolução molecular, quanto a panspermia não são antagônicas. Os próprios defensores da panspermia admitem que o processo de origem da vida na Terra também deve ter ocorrido pela evolução química. Os precursores das células Coacervatos e microesferas Coacervatos e microesferas não são consi- derados seres vivos e estão muito longe de resol- ver a dúvida de como se iniciou a vida em nosso planeta, mas é a ideia mais convincente aos cien- tistas sobre essa questão. Coacervatos são aglomerados de molécu- las orgânicas que foram originadas na atmosfera. Elas conseguem manterem-se aglomeradas devi- do à presença de uma película de moléculas de água organizada ao seu redor. Pode ocorrer, tam- bém, de proteínas se organizarem formando uma película ao redor do aglomerado de moléculas orgânicas. Nesse caso, a estrutura recebe o nome de microesfera. E como teria surgido a vida, caro(a) aluno(a)? No momento em que esses isolados moleculares tentaram e conseguiram adquirir a capacidade de produzir seus próprios componentes, poden- do, assim, crescer e se reproduzir. Lembrando que esta é a hipótese para o caminho da origem dos seres vivos. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Fonte: cienciadouniversocmpa.blogspot.comcienciadouniversocmpa.blogspot.com RNA Outro fator muito importante para a origem dos seres vivos foi a capacidade de reprodução, originando novos seres vivos com característi- cas semelhantes. Hoje em dia sabemos que as informações genéticas são fornecidas através do material genético presente nas células, chamado DNA. Há alguns anos, surgiu a ideia de que ou- tra substância presente nos seres vivos poderia ter sido o material genético primordial: o RNA. Alguns testes sustentaram-na ao mostrar que as moléculas de RNA podem ser formadas em con- dições abióticas. Moléculas de RNA são capazes de se multiplicar, originar moléculas semelhantes e podem atuar no controle de reações químicas, além de formarem proteínas através das ribo- zimas. Esses fatores de duplicação e formação de proteínas sugerem que esse ácido nucleico poderia estar presente no início da vida. Alguns estudiosos acreditam que nessa etapa de forma- ção da vida passou a existir o processo de seleção natural, pois o RNA quando se multiplicava podia originar novos seres com versões ligeiramente di- ferentes umas das outras. Obviamente, caro(a) aluno(a), que ainda hoje existe uma dúvida: como o mundo do RNA chegou ao mundo do DNA? Mas os estudos es- tão avançados e todos empenhados para a busca dessa resposta. Fonte: portaldodermatologista.com Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Caro(a) aluno(a), veremos a seguir os principais assuntos abordados neste primeiro capítulo. Leia atentamente a revisão. Bons estudos! O que nos permite diferenciar um ser vivo de um ser não vivo são as características que os seres vivos possuem. Revisaremos as características dos seres vivos: Composição química da matéria viva A matéria viva possui elementos químicos que estão sempre presentes em sua composição, porém em proporções diferentes das que encontramos na matéria não viva. Esses elementos são o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O), o nitrogênio (N) e, em menores proporções, o fósforo (P) e o enxofre (S). Organização celular e metabolismo Os seres vivos apresentam elevado grau de organização em sua composição, o que não ocorre em seres não vivos. As moléculas das substâncias orgânicas (proteínas, lipídios etc.) organizam-se de tal ma- neira que formam unidades denominadas de células. Elas são consideradas as unidades da vida. Uma célula está continuamente renovando seus átomos e suas moléculas. Para isso ocorrer, ela necessita de nutrientes orgânicos que fornecem energia, além da matéria-prima para produzir novas moléculas. Os vírus não são considerados seres vivos por muitos biólogos por não apresentarem uma célula verdadeiramente organizada e por não terem seu próprio metabolismo. Reação e movimento Os seres vivos são capazes de reagirem a estímulos externos. Um exemplo que ocorre com alguns animais é o eriçamento de pelos na tentativa de não perder calor. Até os seres microscópicos são capazes de responder a estímulos, movimentando-se ativamente. Crescimento e reprodução Todo ser vivo cresce, exceto vírus. O crescimento de um ser vivo é um processo complexo e engloba a produção de novas substâncias orgânicas produzidas pelo metabolismo da célula. Os organismos que são formados por uma única célula, os unicelulares, crescem pelo aumento do tamanho de sua célula. Já os organismos formados por várias células, os pluricelulares ou multicelula- res, crescemprincipalmente pelo aumento de número de células em seu corpo. 1.3 Resumo do Capítulo Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Hereditariedade É uma característica intimamente ligada à reprodução. Um ser vivo transmite a seus descendentes o material genético. Este é um conjunto de instruções de código para a formação de um novo ser. Os vírus podem apresentam em seu material genético o DNA ou RNA (ácido ribonucleico). Variabilidade genética Cada espécie tem suas características determinadas pelo seu material genético, porém os mem- bros de uma mesma espécie podem apresentar variações genéticas. O conjunto dessas variações é cha- mado de variabilidade genética. Origem da vida na Terra A partir do século XVIII, o avanço do conhecimento pôs em dúvida a ideia da criação divina e da geração espontânea. Em meados do século XIX, devido a dois grandes estudiosos Louis Pasteur (1822- 1895) e Charles Darwin, a Biologia deu um grande e importante passo: a descoberta da origem da vida. Biogênese x abiogênese Teoria da geração espontânea ou teoria da abiogênese Até meados de século XVII acreditava-se que seres vivos geravam-se espontaneamente, como, por exemplo: cobras, rãs e crocodilos surgiam da lama de lagos e rios; gansos surgiam de pequenos crustá- ceos; moscas surgiam da carne podre etc. Essa teoria ficou conhecida como teoria da geração espontâ- nea ou teoria da abiogênese. Teoria da biogênese Devido a rigorosos testes realizados por Redi, Spallanzani e Pasteur, entre outros, e a evolução do conhecimento científico, a teoria da abiogênese foi derrubada. Eles contribuíram com evidências indis- cutíveis de que os seres vivos surgem somente pela reprodução de indivíduos de sua própria espécie. O caminho das experiências Grandes filósofos como Aristóteles (384-322 a.C.), René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton (1642-1727) defendiam esta teoria. Helmont (1577-1644) chegou a elaborar uma “receita” para produzir ratos pela geração espontânea. Dizia ele: “[...] colocam-se, num canto iluminado e sossegado, camisas sujas. Sobre elas, espalham-se grãos de trigo e o resultado será que, em 21 dias, surgirão ratos.” Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 O experimento de Redi Francesco Redi (1626-1697) foi um médico italiano que realizou um dos primeiros experimentos científicos sobre a origem dos seres vivos, principalmente com seres vermiformes. Redi combateu essa crença com a hipótese de que os vermes eram originados pelos ovos depositados por moscas que ron- davam os cadáveres. E não por geração espontânea. Realizou um experimento para comprovar a teoria da biogênese: pegou alguns frascos com boca larga e colocou em seu interior pedaços de cadáveres de animais (peixe podre, por exemplo). Alguns deles foram vedados com uma gaze muito fina e outros permaneceram abertos. Após alguns dias, nos frascos abertos surgiram “vermes”, pois as moscas entravam e saiam livremente. Nos frascos tampados com gaze, nada ocorreu. O experimento de Redi foi, então, confirmado e validado. A descoberta do microscópio Apesar do experimento de Redi, alguns ainda acreditavam que os seres microscópicos que haviam sido descobertos pelo holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723) através de um microscópio de fabricação própria surgiam da geração espontânea. Na época, não se podia imaginar que seres tão mi- núsculos pudessem surgir através da reprodução. A invenção do microscópio reforçou a teoria da abio- gênese. O experimento de Needham John Turberville Needham (1713-1781), naturalista inglês, foi um extremo defensor da Abiogênese. Realizou várias experiências com frascos de vidro contendo em seu interior caldos nutritivos. Ele colocou em alguns frascos um caldo nutritivo e os fechou. Após, submeteu os frascos fechados a uma fervura por um curto tempo e os isolou fechados por alguns dias. Após observação do caldo que se manteve fecha- do por alguns dias e mesmo após a fervura, Needham conseguiu a proliferação de microrganismos em todos os casos. Ele dizia que existia um tipo de “força vital” que era responsável pelo aparecimento dos microrga- nismos nos frascos. Com essa experiência, a Abiogênese ganhou força novamente. O experimento de Spallanzani Lazzaro Spallanzani (1729-1799), italiano, foi um padre, fisiologista e um estudioso das ciências naturais. O seu trabalho centrou-se na investigação da teoria da geração espontânea. Com suas experiên- cias, Spallanzani mostrou que os micróbios movem-se pelo ar e que podem ser eliminados por fervura. Ele concluiu que o problema do experimento de Needham eram os recipientes que não foram bem vedados. Dessa forma, permitia a entrada de microrganismos e a contaminação do caldo nutritivo. Tam- bém foi observado o tempo de fervura do caldo. Possivelmente não teria sido suficiente para eliminar todos os microrganismos que já estavam no caldo nutritivo. Spallanzani mostrou com seu novo experi- mento que, com os recipientes vedados de outra maneira mais eficiente e realizando a fervura por mais tempo, a vida não surgia espontaneamente. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Needham x Spallanzani Em 1768, Spallanzani criticou duramente a teoria e os experimentos de Needham. Através da reali- zação de experimentos similares e tendo fervido os frascos bem fechados com sucos nutritivos durante um período maior, cerca de uma hora, e os colocado posteriormente de lado durante alguns dias, Spal- lanzani não encontrou qualquer sinal de vida. Ficou dessa forma demonstrado que Needham falhou em não aquecer o caldo nutritivo suficientemente a ponto de matar os seres preexistentes na mistura, assim como não os vedou de maneira adequada. Needham justificou-se sugerindo que, ao aquecer os líquidos a temperaturas muito altas, Spallan- zani destruiu o “princípio ativo” que gerava a vida. A hipótese de abiogênese continuava sendo aceita pela opinião pública, mas o experimento de Spallanzani mostrou o caminho para Louis Pasteur derrubar a abiogênese. Pasteur e a derrubada da abiogênese O cientista francês Louis Pasteur começou a estudar a origem dos seres microscópicos. Em uma de suas experiências, ele colocou caldos nutritivos em quatro frascos de vidros. Amoleceu os seus gargalos no fogo e os modelou como “pescoço de cisne”. Ferveu os frascos até o momento em que saísse vapor pelo gargalo de cada um deles, expulsando, assim, todo o ar interno dos frascos. Após a fervura, esperou os caldos resfriarem lentamente, de modo que as partículas presentes no ar voltassem aos frascos e ficas- sem armazenadas na curva do gargalo “pescoço de cisne”, funcionando, assim, como um filtro. Após al- guns dias, nenhum microrganismo foi encontrado dentro dos caldos, apesar dos frascos permanecerem abertos. Para provar que o pescoço era como filtro, ele quebrou um dos frascos no gargalo e em poucos dias vários microrganismos estavam presentes no caldo. Com esse brilhante experimento, Pasteur sepultou a teoria da Abiogênese. Teoria sobre a origem da vida Panspermia e a teoria da evolução molecular Após a queda da teoria da Abiogênese, surgiu outra questão para os cientistas: como surgiu a vida na Terra pela primeira vez? Duas hipóteses são consideradas para a origem da vida: a panspermia e a teoria da evolução química. A panspermia defende a ideia de que a vida na Terra originou-se de outros seres vivos ou de subs- tâncias provenientes de outros locais do cosmo. A teoria da evolução química, também conhecida como teoria da evolução molecular, defende que a vida na Terra surgiu através de um processo de evolução química. As duas teorias não são antagônicas. Os próprios defensores da panspermia admitem que o pro- cesso de origem da vida na Terra também deve ter ocorrido pela evolução química. Dessa forma, a pri-meira condição foi gerada por um processo de abiogênese. Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 O experimento de Miller Em 1953, o norte-americano Stanley Lloyd Miller, um jovem aluno, construiu um aparelho que si- mulava as condições da Terra primitiva. Esse simulador era formado por tubos e balões interligados. Ne- les foi colocada uma mistura gasosa dos gases metano (CH4), amônia (NH3), hidrogênio (H2), vapor de água (H2O) e descargas elétricas. Essa mistura simulava uma suposta atmosfera primitiva da Terra e as descargas elétricas simulavam os raios produzidos durante as grandes tempestades. Também havia um condensador que servia para resfriar a mistura de gases e um aquecedor para fazer com que a água fosse fervida. O simulador funcionava da seguinte forma: a água que chegava à superfície do aparelho era aque- cida e passava a ser vapor de água. Este se misturava com os gases metano, amônia e hidrogênio, sofria descargas elétricas. Essa mistura de gases era resfriada através de um condensador. O vapor de água voltava para a forma líquida, acumulando-se novamente na superfície. Ao final de uma semana, Miller examinou o líquido acumulado na superfície do aparelho e notou a presença de algumas substâncias que inicialmente não faziam parte do líquido, como os aminoácidos alanina e glicina, além de outras substâncias. Os precursores das células Coacervatos e microesferas Coacervatos são aglomerados de moléculas orgânicas que foram originadas na atmosfera. Elas conseguem manterem-se aglomeradas devido à presença de uma película de moléculas de água organi- zada ao seu redor. Pode ocorrer, também, de proteínas se organizarem formando uma película ao redor do aglomerado de moléculas orgânicas. Nesse caso, a estrutura recebe o nome de microesfera. E como teria surgido a vida, caro(a) aluno(a)? No momento em que esses isolados moleculares tentaram e conseguiram adquirir a capacidade de produzir seus próprios componentes, podendo, assim, crescer e se reproduzir. Lembrando que esta é a hipótese para o caminho da origem dos seres vivos. RNA Há alguns anos, surgiu a ideia de que outra substância presente nos seres vivos poderia ter sido o material genético primordial: o RNA. Alguns testes sustentaram-na ao mostrar que as moléculas de RNA podem ser formadas em condições abióticas. Moléculas de RNA são capazes de se multiplicar, originar moléculas semelhantes e podem atuar no controle de reações químicas, além de formarem proteínas através das ribozimas. Esses fatores de duplicação e formação de proteínas sugerem que esse ácido nu- cleico poderia estar presente no início da vida. Ainda hoje existe uma dúvida: como o mundo do RNA chegou ao mundo do DNA? Mas os estudos estão avançados e todos empenhados para a busca dessa resposta. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 1. Quais são as características que os seres vivos possuem? 2. Comente sobre as teorias da abiogênese e biogênese. 3. Comente sobre o experimento de Needham que defendia a teoria da Abiogênese. 4. Comente sobre o experimento de Spallanzani conflitando com o experimento de Needham. 5. O que são a panspermia e a teoria da evolução molecular? O que elas dizem? 6. O que são coacervatos e microesferas? 1.4 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), você sabia que o processo evolutivo dos seres vivos pode levar a formação de novas espécies (também conhecida como es- peciação)? Espécie (do latim species, “tipo” ou “aparên- cia”) é um importante conceito da Biologia que se refere à unidade básica do sistema taxonômico. Esse sistema é utilizado atualmente na classifica- ção científica dos seres vivos (Reino-Filo-Classe- -Ordem-Família-Gênero-Espécie). Por conceito, temos espécie como um grupo de indivíduos se- melhantes que na natureza podem se relacionar sexualmente, gerando descendentes férteis em condições naturais. Em condições naturais por- que existem espécies cujos membros se encon- tram em cativeiros podendo cruzar entre si e esta é uma condição artificial. Especiação é o processo que nomeamos quando ocorre a formação de nova espécie. Ve- jamos um exemplo de como uma nova espécie pode ser formada: Há um grupo de indivíduos que convive normalmente há algum tempo. De repente, ocor- re uma barreira física, que pode ser a formação de um rio ou a rachadura de um terremoto que sepa- ra esse grupo. Após o isolamento geográfico nesses dois novos grupos e com o decorrer do tempo, ocor- rerá a seleção natural, onde os indivíduos mais adaptados às condições da natureza sobrevive- rão. Com isso, algumas mutações podem ocor- rer em ambos os grupos. A probabilidade de elas serem as mesmas é muito pequena. Devido à pre- sença da barreira física, os genes surgidos através das mutações não são trocados. ESPÉCIE2 Se algum dia os indivíduos desses grupos se encontrarem antes que as características ex- ternas sejam modificadas (fenótipo) a ponto de não permitir a reprodução, eles podem cruzar e gerar descendentes férteis. No caso, os dois gru- pos continuam pertencendo a mesma espécie, porém formarão nova raça. Seres de espécies diferentes geralmente não se cruzam por apresentarem incompatibili- dade reprodutiva. Temos alguns exemplos na na- tureza de indivíduos de espécies diferentes que cruzaram e originaram descendentes inférteis: A égua e o jumento: cruzaram entre si mes- mo pertencendo a diferentes espécies, dando ori- gem ao burro ou à mula que são estéreis. O canário fêmea e o pintassilgo macho: ori- ginaram o pintagol (ou arlequim), também estéril. A leoa e o tigre: originaram o “tigão” ou “li- gre”, também estéril. AtençãoAtenção Raça é um subconjunto dentro de uma mes- ma espécie que não apresenta isolamento re- produtivo, ou seja, pode trocar genes, gerando descendentes férteis. Saiba maisSaiba mais Seres de espécies diferentes geralmente não se cruzam por apresentarem incompatibilidade re- produtiva. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Quando esses casos de cruzamentos entre indivíduos de espécies diferentes geram descen- dentes, estes são chamados de híbridos interes- pecíficos, ou seja, indivíduos misturados entre duas espécies. Especiação simpátrica e alopátrica, irradiação adaptativa e convergência adaptativa Entendemos por espécie simpátrica o gru- po que ocupa a mesma região e por espécie alo- pátrica o grupo que ocupa regiões diferentes. As espécies simpátricas podem sofrer evolução sim- pátrica, que é aquela em que não ocorre o isola- mento geográfico (presença de rio separando os grupos ou rachaduras de terremotos, como foi mencionado no exemplo anterior). As espécies alopátricas podem sofrer evolução alopátrica, que é aquela em que ocorre isolamento geográfi- co, como mencionado no exemplo. Entendemos por irradiação adaptativa a for- mação de novas espécies através de um grupo de ancestral que se dispersou por vários ambientes, selecionando diferentes variações adaptativas. Os indivíduos com essas novas variações originarão diversas espécies de acordo com as variações que desenvolveram. Os indivíduos formados com es- sas variações devido à irradiação, ou seja, devido à ocupação de diferentes habitats ou nichos eco- lógicos, sofreram irradiação adaptativa. Entendemos por convergência adaptativa as semelhanças externas adquiridas por indiví- duos de espécies diferentes, as quais não suge- rem grau de parentesco entre eles, porém suge- rem que todos sejam descendentes de ancestrais que ocuparam o mesmo ambiente. Temos como exemplos rãs, crocodilos e hipopótamos que apresentam os olhos e as narinas alinhados rente à superfície da água para que possam ficar com o corpo mergulhado sem chamar a atenção e, ao mesmo tempo, observaro que ocorre externa- mente ao ambiente. 2.1 Evolução das Espécies Caro(a) aluno(a), neste item abordaremos sobre a evolução das espécies e seus principais conceitos. Você já deve ter ouvido sobre Charles Darwin, que foi o primeiro biólogo a propor expli- cações adequadas para a evolução das espécies. Mas, você sabia que mesmo sendo considerado um dos maiores biólogos de todos os tempos, muitas pessoas não viam suas ideias sobre evo- lução com “bons olhos”? Falaremos sobre esse tema, então. Bons estudos! Para compreendermos o darwinismo, é im- portante falarmos de lamarckismo. Lamarckismo foi um conceito criado pelo francês Jean-Baptiste Lamarck, que abordava as- suntos sobre a evolução das espécies. No ano de nascimento de Darwin, em 1809, Lamarck publi- cou Filosofia zoológica que, apesar de ter sido ri- dicularizada na época, continha ideias de grande importância na história da Biologia. Para Lamarck, os seres vivos apresentavam um impulso interior capaz de permitir sua adap- tação ao meio ambiente em que vivem, desde que pressionados por alguma necessidade. Dian- te disso, os seres vivos adotariam novos hábitos de vida, utilizando algumas partes do corpo com mais intensidade do que outras. Ele acreditava que as partes mais utilizadas seriam desenvolvi- das e que as partes menos utilizadas seriam atro- fiadas. Essa hipótese foi chamada de Lei do Uso e Desuso. Outra lei defendida por ele foi a Lei da Transmissão das Características Adquiridas. Ela dizia que as mudanças sofridas pela Lei do Uso e Desuso seriam transmitidas aos descendentes através da reprodução. Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Fonte: portalsaofrancisco.com.br Hoje, podemos destacar algumas conside- rações sobre o lamarckismo: A Lei do Uso e Desuso só é válida em alguns casos. Por exemplo, no uso de músculos. Eles se desenvolvem com o uso de exercícios físicos e atrofiam com a inatividade. A Lei de Transmissão de Característica Adquirida não é válida em nenhuma situação. Os seres vivos apenas trans- mitem as características genéticas aos seus descendentes. As adapta- ções dos seres vivos são adquiri- das, porém não são transmitidas geneticamente. Charles Darwin nasceu na Inglaterra (1809-1882) e foi o primeiro a propor ideias evolucionistas, denominadas de darwinis- mo. Ele era um biólogo autodidata e em 1831 ingressou a uma viagem para atuali- zar mapas, a qual duraria 5 anos. Em uma de suas paradas, especificamente no ar- quipélago de Galápagos, que era formado por 13 ilhas vulcânicas principais e outras ilhotas, Darwin notou que nessas ilhas habitavam alguns seres vivos com características semelhan- tes ao do continente sul-americano, porém com alguns aspectos diferentes. Ele imaginou que, de alguma maneira, as espécies do continente sul- -americano chegaram até lá e que sofreram, ao longo do tempo, adaptações às condições que o arquipélago oferecia e se modificaram ao longo do tempo. Após várias observações, ao retornar à Inglaterra, ele estava convicto de que os seres vivos se alteram no decorrer de sua adaptação ao meio onde vivem. Fonte: UFRS. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 As espécies domésticas, como cavalos, car- neiros, gado e cão, deram a Darwin algumas pis- tas para explicar a teoria da adaptação. Ele criou o conceito de diversidade nas espécies, assegu- rando que os componentes de uma espécie não são todos iguais. Existem pequenas diferenças entre tamanho, peso e cor. Também esclareceu o conceito de seleção artificial, ao observar que os humanos escolhem os indivíduos de acordo com as características que mais lhe interessam. Por exemplo: escolhe as galinhas que botam mais ovos ou as vacas que produzem mais leites e colo- cam-nas para reprodução, assegurando-se, assim, que os descendentes também sejam bons produ- tores. Isso se trata de seleção de uma espécie de acordo com o interesse de cada humano. Ao ler Um ensaio sobre populações, que fa- lava sobre o crescimento populacional x dispo- nibilidade de alimento, Darwin concluiu que na natureza existe a seleção natural. Não há inter- venção humana. Se a população estava crescen- do mais rapidamente do que a disponibilidade de alimentos, a própria natureza selecionaria os indivíduos mais fortes e resistentes para gerarem descendentes através de fenômenos naturais. Um exemplo é a população de peixes em um rio. Quase todos geram descendentes, porém não há superlotação. O que ocorre é que os peixes mais lentos viram presas fáceis, assim como os que apresentam visão precária. Os que apresentam deficiência imunológica por algum motivo logo estarão contaminados por algum microrganismo presente na água. Os que apresentam coloração forte logo chamarão a atenção dos predadores, entre outras maneiras de controle populacional. Em 1858, Darwin recebeu uma cópia dos trabalhos de um naturalista chamado Alfred Rus- sel Wallace (1823-1913), que falavam sobre as mesmas ideias de Darwin sobre a evolução das espécies. Os dois providenciaram a publicação conjunta de seus trabalhos em uma revista cientí- fica da época, porém sem despertar a atenção de muitos leitores. Então, em 1859 resolveu publicar A origem das espécies e todos os seus exemplares foram esgotados no mesmo dia. Obviamente sua publicação foi criticada por contrariar a dogmas religiosos e também por falta de explicação con- vincente sobre a sua teoria que teria sido baseada em observações. Suas ideias somente foram con- firmadas apenas no início do século XX, quando Mendel explicou sobre genética. Lamarckismo x darwinismo Ambos foram evolucionistas, mas com di- vergências entre suas explicações na evolução das espécies. Para Darwin, o ambiente atuava como um agente de seleção natural, já para La- marck, o ambiente era um elemento estimula- dor de mudanças. Exemplos de processos evolutivos Estudaremos, agora, caro(a) aluno(a), alguns exemplos do processo de evolução das espécies para compreendermos melhor esse assunto. Populações de bactérias resistentes: caso um antibiótico não seja utilizado corretamente do acordo com as suas instruções, poderão surgir mutações de bactérias que sejam resistentes ou multirresistentes, dificultando o tratamento de muitas doenças. Melanismo industrial: antes da época da industrialização, os bosques da Inglaterra eram repletos de árvores com seus troncos cobertos de líquenes que possuíam coloração clara. Havia mariposas da espécie Biston betularia de cores claras e escuras que habitavam esses troncos. Elas pousavam nos troncos das árvores e os pássaros aproveitavam seu repouso para alimentarem-se delas. As mariposas escuras se destacavam entre as claras, pois estas eram confundidas com os lí- quenes e, devido ao destaque, eram presas fáceis dos pássaros. Com isso, a população de maripo- sas claras aumentava e dominava a espécie. Com a chegada da industrialização, a poluição indus- trial eliminou os líquenes e cobriu os troncos das árvores de fuligem de coloração escura. Logo, as mariposas claras eram, agora, as que se destaca- vam entre as escuras, tornando-se, assim, presas fáceis aos pássaros. A partir de então, as maripo- sas de coloração escura foram quem dominaram a espécie. Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Fonte: portalsaofrancisco.com.br 2.2 Evidências da Evolução Biológica Caro(a) aluno(a), destacaremos algumas evidências da evolução biológica: fósseis, adapta- ção dos seres vivos aos seus habitats, e anatomia e embriologia comparadas entre as espécies. Fósseis: a preservação de restos de seres vivos é denominada fóssil. Eles são restos ou ves- tígios de seres vivos que habitaram a época Pré- -Histórica. Eles são formadospor alguns tipos de processo, como âmbar e gelo que são exemplos bem raros, porém conservam inclusive as partes moles dos seres vivos; e os processos que conser- vam apenas as partes duras dos seres vivos, como depósito de sedimentos sobre as partes duras, a petrificação que é a substituição dos componen- tes do organismo por minerais, a conservação em petróleo, a conservação através de lava ou cinza vulcânica, entre outros. Saiba maisSaiba mais São raros os animais que deixaram fósseis. Dos existentes, apenas uma quantidade muito peque- na é encontrada para estudos. Adaptação: é a capacidade de um ser vivo em ajustar-se ao meio ambiente, ou seja, a capa- cidade de responder a uma alteração ambiental. Temos como exemplos a camuflagem, que é a capacidade que uma espécie apresenta em as- semelhar-se ao meio ambiente, exemplo: bicho- -pau; e o mimetismo, que é a capacidade de duas espécies diferentes de compartilharem alguma semelhança para benefício de uma ou ambas. Exemplo: coral falsa e coral verdadeira. Anatomia e embriologia comparadas en- tre as espécies: estudos atuais demonstram que há semelhanças internas entre seres de espécies diferentes e isso ocorre devido à existência de um ancestral comum. Exemplo: os embriões de cão e ser humano são muito semelhantes. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Novos conhecimentos foram adequada- mente incorporados às ideias evolucionistas nas décadas de 1930 e 1940, resultando em uma teo- ria evolucionista mais abrangente, a qual ficou conhecida como teoria moderna da evolução ou teoria sintética da evolução. A teoria moderna da evolução considera três principais fatores evoluti- vos: a mutação gênica, a recombinação gênica e a seleção natural, sendo os dois primeiros fatores responsáveis pelas diferenças genéticas entre os seres vivos, que recebe o nome de variabilidade genética. A mutação gênica é uma alteração heredi- tária que ocorre nas sequências das bases nitro- genadas do DNA, dando origem a novos alelos 2.3 Teoria Moderna da Evolução mutantes. Ela pode ocorrer naturalmente ou ser induzida por agentes externos. Um exemplo de mutação gênica na espécie humana é a anemia falciforme. A recombinação gênica é a mistura de ale- los originados de indivíduos diferentes através de reprodução sexuada. Ocorre uma “mistura de ge- nes” de gerações anteriores transmitidas através da reprodução. A mutação cromossômica é a capacidade de um cromossomo sofrer alterações, porém esse tipo de mutação tem uma relevância menor. Ela contribui para o surgimento de novas combina- ções genéticas. 2.4 Resumo do Capítulo Espécie (do latim species, “tipo” ou “aparência”) é um grupo de indivíduos semelhantes que na natu- reza podem se relacionar sexualmente, gerando descendentes férteis em condições naturais. Em condi- ções naturais porque existem espécies cujos membros se encontram em cativeiros podendo cruzar entre si e esta é uma condição artificial. Especiação é o processo que nomeamos quando ocorre a formação de nova espécie. Seres de espécies diferentes geralmente não se cruzam por apresentarem incompatibilidade re- produtiva. Temos alguns exemplos na natureza de indivíduos de espécies diferentes que cruzaram e ori- ginaram descendentes inférteis: A égua e o jumento: cruzaram entre si mesmo pertencendo a diferentes espécies, dando origem ao burro ou à mula que são estéreis. O canário fêmea e o pintassilgo macho: originaram o pintagol (ou arlequim), também estéril. A leoa e o tigre: originaram o “tigão” ou “ligre”, também estéril. Quando esses casos de cruzamentos entre indivíduos de espécies diferentes geram descendentes, estes são chamados de híbridos interespecíficos, ou seja, indivíduos misturados entre duas espécies. Especiação simpátrica e alopátrica, irradiação adaptativa e convergência adaptativa Entendemos por espécie simpátrica o grupo que ocupa a mesma região e por espécie alopátrica o grupo que ocupa regiões diferentes. Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Entendemos por irradiação adaptativa a formação de novas espécies através de um grupo de an- cestral que se dispersou por vários ambientes, selecionando diferentes variações adaptativas. Entendemos por convergência adaptativa as semelhanças externas adquiridas por indivíduos de espécies diferentes, as quais não sugerem grau de parentesco entre eles, porém sugerem que todos se- jam descendentes de ancestrais que ocuparam o mesmo ambiente. Fonte: UFRGS. Lamarckismo foi um conceito criado pelo francês Jean-Baptiste Lamarck, que abordava assuntos sobre a evolução das espécies. No ano de nascimento de Darwin, em 1809, Lamarck publicou Filosofia zoológica que, apesar de ter sido ridicularizada na época, continha ideias de grande importância na his- tória da Biologia. Para Lamarck, os seres vivos apresentavam um impulso interior capaz de permitir sua adaptação ao meio ambiente em que vivem, desde que pressionados por alguma necessidade. Diante disso, os seres vivos adotariam novos hábitos de vida, utilizando algumas partes do corpo com mais intensidade do que outras. Ele acreditava que as partes mais utilizadas seriam desenvolvidas e que as partes menos utilizadas seriam atrofiadas. Essa hipótese foi chamada de Lei do Uso e Desuso. Outra lei defendida por ele foi a Lei da Transmissão das Características Adquiridas. Ela dizia que as mudanças sofridas pela Lei do Uso e Desuso seriam transmitidas aos descendentes através da reprodução. Charles Darwin nasceu na Inglaterra (1809-1882) e foi o primeiro a propor ideias evolucionistas, denominadas de darwinismo. Ele era um biólogo autodidata e em 1831 ingressou a uma viagem para atualizar mapas, a qual duraria 5 anos. Nesta, foram feitas várias observações que o direcionaram para a teoria da evolução das espécies. Voltando da viagem, leu Um ensaio sobre populações que falava sobre o crescimento populacional x disponibilidade de alimento. Concluiu que na natureza existe a seleção natural, a qual não há inter- venção humana. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Em 1858, Darwin recebeu uma cópia dos trabalhos de um naturalista chamado Alfred Russel Wal- lace (1823-1913), que falavam sobre as mesmas ideias de Darwin sobre a evolução das espécies. Os dois providenciaram a publicação conjunta de seus trabalhos em uma revista científica da época, porém sem despertar a atenção de muitos leitores. Então, em 1859 resolveu publicar A origem das espécies e todos os seus exemplares foram esgotados no mesmo dia. Obviamente sua publicação foi criticada por contrariar a dogmas religiosos e também por falta de explicação convincente sobre a sua teoria que teria sido ba- seada em observações. Suas ideias somente foram confirmadas apenas no início do século XX, quando Mendel explicou sobre genética. Lamarckismo x darwinismo Ambos foram evolucionistas, mas com divergências entre suas explicações na evolução das espé- cies. Para Darwin, o ambiente atuava como um agente de seleção natural, já para Lamarck, o ambiente era um elemento estimulador de mudanças. Exemplos de processos evolutivos Populações de bactérias resistentes: caso um antibiótico não seja utilizado corretamente do acordo com as suas instruções, poderão surgir mutações de bactérias que sejam resistentes ou multirresistentes, dificultando o tratamento de muitas doenças. Melanismo industrial: antes da época da industrialização, os bosques da Inglaterra eram repletos de árvores com seus troncos cobertos de líquenes que possuíam coloração clara. Havia mariposas da es- pécie Biston betularia de cores claras e escuras que habitavam esses troncos. Elas pousavam nos troncos das árvores e os pássaros aproveitavam seu repouso para alimentarem-se delas.As mariposas escuras se destacavam entre as claras, pois estas eram confundidas com os líquenes e, devido ao destaque, eram presas fáceis dos pássaros. Com isso, a população de mariposas claras aumentava e dominava a espécie. Com a chegada da industrialização, a poluição industrial eliminou os líquenes e cobriu os troncos das ár- vores de fuligem de coloração escura. Logo, as mariposas claras eram, agora, as que se destacavam entre as escuras, tornando-se, assim, presas fáceis aos pássaros. A partir de então, as mariposas de coloração escura foram quem dominaram a espécie. Evidências da evolução biológica Fósseis: a preservação de restos de seres vivos é denominada fóssil. Eles são restos ou vestígios de seres vivos que habitaram a época Pré-Histórica. Eles são formados por alguns tipos de processo, como âmbar e gelo que são exemplos bem raros, porém conservam inclusive as partes moles dos seres vivos; e os processos que conservam apenas as partes duras dos seres vivos, como depósito de sedimentos sobre as partes duras, a petrificação que é a substituição dos componentes do organismo por minerais, a conservação em petróleo, a conservação através de lava ou cinza vulcânica, entre outros. Adaptação: é a capacidade de um ser vivo em ajustar-se ao meio ambiente, ou seja, a capacidade de responder a uma alteração ambiental. Temos como exemplos a camuflagem, que é a capacidade que uma espécie apresenta em assemelhar-se ao meio ambiente, exemplo: bicho-pau; e o mimetismo, que é a capacidade de duas espécies diferentes de compartilharem alguma semelhança para benefício de uma ou ambas. Exemplo: coral falsa e coral verdadeira. Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Anatomia e embriologia comparadas entre as espécies: estudos atuais demonstram que há se- melhanças internas entre seres de espécies diferentes e isso ocorre devido à existência de um ancestral comum. Exemplo: os embriões de cão e ser humano são muito semelhantes. Teoria moderna da evolução Novos conhecimentos foram adequadamente incorporados às ideias evolucionistas nas décadas de 1930 e 1940, resultando em uma teoria evolucionista mais abrangente, a qual ficou conhecida como teoria moderna da evolução ou teoria sintética da evolução. A teoria moderna da evolução considera três principais fatores evolutivos: a mutação gênica, a recombinação gênica e a seleção natural, sendo os dois primeiros fatores responsáveis pelas diferenças genéticas entre os seres vivos, que recebe o nome de variabilidade genética. 2.5 Atividades Propostas 1. Defina espécie. 2. Defina especiação. 3. Defina espécie simpátrica e espécie alopátrica. 4. O que é irradiação adaptativa? 5. O que é convergência adaptativa? 6. Explique o lamarckismo. 7. Explique as leis defendidas pelo lamarckismo e suas controvérsias atuais. 8. Explique o darwinismo. 9. Qual a principal diferença entre lamarckismo e darwinismo? 10. Quais são as principais evidências da evolução biológica? 11. Explique sobre a teoria moderna da evolução. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Caro(a) aluno(a), a parte da Biologia que es- tuda a classificação dos seres vivos é chamada de taxonomia (do grego taxon, categoria, grupo, e nomos, conhecimento). Até os dias de hoje, qua- se dois milhões de espécies já forma nomeadas. Acredita-se que ainda existam muitas espécies desconhecidas. A primeira classificação dos seres vivos foi feita no século IV a.C. por Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) caracterizando os seres vivos como aé- reos, terrestres e aquáticos, e seu discípulo Teo- frasto (372 a.C. – 287 a.C.) classificou as plantas em ervas, arbustos e árvores. Já no século IV, San- A CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA3 to Agostinho (354-430) classificou os animais em úteis, nocivos e indiferentes ao homem. Somente nos séculos XIV, XV e XVI os cientistas classifica- ram os seres vivos de acordo com as suas carac- terísticas internas. Dos sistemas de classificação da época do Renascimento, o que se destacou foi o do naturalista sueco Carl von Linné, conhecido por nós como Lineu (1707-1778), que classificou os seres vivos em relação ao plano de organiza- ção corporal, ou seja, a anatomia e a estrutura dos seres vivos, que foi publicada no livro Systema Na- turae em 1735. Essa classificação dos seres vivos serviu de base para o que utilizamos atualmente. 3.1 Categorias Taxonômicas Caro(a) aluno(a), estudaremos o conceito de espécie a seguir. Por enquanto, é importante aprendermos que: Espécies que apresentam caracterís- ticas semelhantes são agrupadas em categorias taxonômicas maiores deno- minadas Gêneros. Gêneros que apresentam característi- cas semelhantes são reunidos em cate- gorias maiores, as Famílias. Famílias que apresentam característi- cas semelhantes são reunidas em cate- gorias maiores, as Ordens. Ordens são agrupadas em Classes. Classes são agrupadas em Filos. Filos são agrupados em Reinos. Reinos são divididos em cinco tipos: Monera, Protista, Fungo, Vegetal e Ani- mal. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Das categorias taxonômicas, temos: Reino-Filo-Classe-Ordem-Família-Gênero-Espécie. Fonte: http://inovabrasil.blogspot.com.br E, ainda nas categorias, podemos encontrar os prefixos super (indicados para agrupamentos) e sub (subdivisão de uma categoria). Exemplos: dentro de uma classe pode ocorrer de ordens se- rem semelhantes entre si, então utilizamos um agrupamento especial, a superordem. 3.2 Regras da Nomenclatura Binomial Lineu associou uma nomenclatura à sua classificação. Para ele, o nome científico de um animal ou planta deveria ser escrito por duas pa- lavras, sendo a primeira o gênero e a segunda a espécie à qual pertencia. Também apontou que os nomes devem ser originados do latim e sem- pre em destaque no texto, sendo em itálicos ou grifados e sempre o gênero deve iniciar-se com letra maiúscula, seguindo de espécie com a letra minúscula. Se forem citados no texto pela primei- ra vez, devem ser escritos por extenso e nas próxi- mas vezes pode ter somente o gênero abreviado. Veja os exemplos com a espécie Musca domesti- ca: Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Reino monera É formado por seres vivos unicelulares e procariontes. Os representantes desse reino são as bactérias e as cianofíceas (ou cianobactérias). Reino protista É formado por seres unicelulares, euca- riontes e heterótrofos, como os protozoários (ameba e Tripanosoma cruzi) e uni ou pluricelu- lares, eucariontes e autótrofos fotossinteti- zantes, como as algas. Estas foram incluídas nes- se reino porque apresentam uma organização bem simples. Reino fungo É formado por seres uni ou pluricelulares, eucariontes e heterótrofos (bolores e orelha- -de-pau). Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Musca domestica: Musca refere-se ao gênero da mosca e é escrito com letra maiúscula; domestica refere-se à espécie e é escrito com letra minúscu- la. Repare que as palavras estão escritas em latim e grifadas (mas também poderia estar em itálico). Para uma primeira citação em um texto, escreve- mos Musca domestica e, para as próximas, pode- mos abreviar o gênero, ficando M. domestica. 3.3 Os Reinos Reino vegetal É formado por plantas que são pluricelula- res, eucariontes e autótrofas fotossintetizan- tes. As plantas apresentam células diferenciadas, as quais formam tecidos corporais bem definidos (samambaias, musgos e bromélias). Reino animal É formado pelos animais que são plurice- lulares, eucariontes e heterótrofos. Os animais apresentam células corporais bem diferenciadas, as quais formam tecidos e órgãos distintos (rino- cerontes, esponjas e minhocas). Cristiano Alves de CarvalhoUnisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 Fonte: cientic.com Vírus Caro(a) aluno(a), você deve estar se per- guntando: e os vírus? São seres microscópicos de extrema importância e não se encaixam em nenhum dos cinco reinos? Estudaremos um pouco, então. Os vírus não possuem células e por isso não podem ser classificados como seres vivos e pertencerem a algum reino. São formados por uma ou poucas moléculas de ácido nucleico, sendo o DNA ou RNA envolvidos por uma pro- teína. Eles são parasitas intracelulares obri- gatórios, ou seja, necessitam de uma célula para se reproduzir. Aliás, é somente isso que ele faz: hospeda uma célula para formar novos ví- rus. Se ele não estiver no interior de uma célula, permanece no meio ambiente completamente inerte, podendo ficar nessa fase por muito tem- po, meses ou anos, dependendo das condições ambientais. Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br Biologia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 A parte da Biologia que estuda a classificação dos seres vivos é chamada de taxonomia (do grego taxon, categoria, grupo, e nomos, conhecimento). Dos sistemas de classificação da época do Renascimento, o que se destacou foi o do naturalista sueco Carl von Linné, conhecido por nós como Lineu (1707-1778), que classificou os seres vivos em rela- ção ao plano de organização corporal, ou seja, a anatomia e a estrutura dos seres vivos, que foi publicada no livro Systema Naturae em 1735. Essa classificação dos seres vivos serviu de base para o que utilizamos atualmente. Categorias taxonômicas Das categorias taxonômicas, temos: Reino-Filo-Classe-Ordem-Família-Gênero-Espécie. E, ainda nas categorias, podemos encontrar os prefixos super (indicados para agrupamentos) e sub (subdivisão de uma categoria). Regras da nomenclatura binomial Lineu associou uma nomenclatura à sua classificação. Para ele, o nome científico de um animal ou planta deveria ser escrito por duas palavras, sendo a primeira o gênero e a segunda a espécie à qual per- tencia. Também apontou que os nomes devem ser originados do latim e sempre em destaque no texto, sendo em itálicos ou grifados e sempre o gênero deve iniciar-se com letra maiúscula, seguindo de espé- cie com a letra minúscula. Se forem citados no texto pela primeira vez, devem ser escritos por extenso e nas próximas vezes pode ter somente o gênero abreviado. Os reinos Reino monera É formado por seres vivos unicelulares e procariontes. Os representantes desse reino são as bac- térias e as cianofíceas (ou cianobactérias). Saiba maisSaiba mais Os vírus não possuem células e por isso não po- dem ser classificados como seres vivos e perten- cerem a algum reino da classificação taxonômica. 3.4 Resumo do Capítulo Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 Reino protista É formado por seres unicelulares, eucariontes e heterótrofos, como os protozoários (ameba e Tri- panosoma cruzi) e uni ou pluricelulares, eucariontes e autótrofos fotossintetizantes, como as algas. Estas foram incluídas nesse reino porque apresentam uma organização bem simples. Reino fungo É formado por seres uni ou pluricelulares, eucariontes e heterótrofos. Reino vegetal É formado por plantas que são pluricelulares, eucariontes e autótrofas fotossintetizantes. As plantas apresentam células diferenciadas, as quais formam tecidos corporais bem definidos. Reino animal É formado pelos animais que são pluricelulares, eucariontes e heterótrofos. Os animais apresen- tam células corporais bem diferenciadas, as quais formam tecidos e órgãos distintos. Vírus Os vírus não possuem células e por isso não podem ser classificados como seres vivos e pertence- rem a algum reino. São formados por uma ou poucas moléculas de ácido nucleico, sendo o DNA ou RNA envolvidos por uma proteína. Eles são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam de uma célula para se reproduzir. Aliás, é somente isso que ele faz: hospeda uma célula para formar novos vírus. Se ele não estiver no interior de uma célula, permanece no meio ambiente completamente inerte, podendo ficar nessa fase por muito tempo, meses ou anos, dependendo das condições ambientais. 3.5 Atividades Propostas 1. Cite as classes taxonômicas utilizadas atualmente. 2. Quais são as regras da nomenclatura binomial? 3. Quais são os Reinos existentes? Cite cada um com um representante. 4. Por que os vírus não estão classificados em nenhum reino? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 Após estudos de diversos trabalhos realiza- dos por alguns pesquisadores, em 1938 o botâni- co Mathias Jakob Schleiden (1804-1881) chegou à conclusão de que todas as plantas eram formadas por células. Cerca de um ano depois, o zoólogo Theodor Schwann (1810-1882) também concluiu que os animais se compunham de células. Dessa forma, fortalecia-se a ideia de que a célula era a unidade de que constituía todos os seres vivos. Essa generalização é hoje conhecida como Teoria Celular. A partir da Teoria celular, passou-se a estu- dar essas unidades com muita dedicação. No inte- rior das células, descobriram-se as organelas, que, através de colorações específicas para identifica- ção de seus componentes, foi possível acompa- ORGANIZAÇÃO GERAL DAS CÉLULAS E FUNÇÕES CELULARES4 nhar todos os caminhos realizados por elas. Hoje, é possível identificar as células em dois tipos: pro- carióticas (ou procariontes) e eucarióticas (ou eu- cariontes). A principal diferença entre elas é que as células procariontes (do grego eu, verdadeiro ou real, e karyon, núcleo) não apresentam um nú- cleo celular verdadeiro, sendo seu material gené- tico, espalhado pelo citoplasma celular, enquanto que as células eucariontes apresentam um núcleo verdadeiro com um complexo envoltório nuclear. Além da diferença entre o tipo de núcleo celular, as células procariontes não possuem organelas. Observe a tabela abaixo que nos mostra uma comparação entre a organização celular das célu- las procariontes e eucariontes. Tabela 1 – Quadro comparativo entre a organização celular dos procariontes e eucariontes. Fonte: moodle.ufsc.br moodle.ufsc.br Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 São células que não apresentam um núcleo celular verdadeiro, ou seja, o material genético não é envolvido por uma membrana nuclear, fi- cando espalhado pelo citoplasma da célula. A maioria dessas células vive como um organismo unicelular, podendo alguns se unir para formar cadeias ou grupos pluricelulares. Essas células po- dem habitar inúmeros locais como poças de lavas vulcânicas e até mesmo outras células. Elas po- dem ser aeróbias, utilizando o oxigênio para oxi- dar o alimento ou anaeróbias que morrem com a exposição do oxigênio. A principal representante desse grupo de seres vivos é a bactéria, porém há células vegetais que também são procariontes. 4.1 A Célula Procarionte As células procariontes desempenham um papel muito importante na Terra: outros seres vivos dependem dos compostos orgânicos que elas geram através de materiais inorgânicos. Re- centemente, o mundo dos procariontes foi divi- dido em dois domínios: Bacteria (ou eubactérias) e Archaea. A maioria dos procariontes que vivem no solo e que nos adoecem são Bacterias. As Ar- chaeas podem ser encontradas nos ambientes das Bacterias, mas também em água salgada con- centrada, em fontes ácidas quentes de origem vulcânicas, em locais com pouquíssimo ar, em borra resultante do tratamento de esgoto, em po- ças abaixo de superfícies congeladas etc. Enfim, em condições que lembram a Terra primitiva. Fonte: moodle.ufsc.br moodle.ufsc.br educarchile Por definição, caro(a) aluno(a), temos que uma célula eucarionte é aquela que possui um núcleo celular. Isso significa
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