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<p>IMUNOLOGIA</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Diferenciar os tecidos linfoides primários e secundários.</p><p>> Identificar as funções de órgãos como medula óssea, timo e baço na resposta</p><p>imune adaptativa.</p><p>> Caracterizar os vasos linfáticos aferentes e eferentes.</p><p>Introdução</p><p>O organismo é composto por tipos especializados de células, que realizam suas</p><p>atividades de acordo com o local de origem. As células de defesa, que garantem</p><p>a nossa imunidade, têm organização própria e propiciam maior eficiência no</p><p>combate aos patógenos. As células envolvidas na resposta imune encontram-se</p><p>organizadas em forma de tecidos e órgãos, formando o chamado sistema linfoide.</p><p>No sistema linfoide, estão presentes os linfócitos (nossas principais células</p><p>de defesa), os macrófagos, os apresentadores de antígenos e, em alguns tecidos,</p><p>as células epiteliais reticulares. Os órgãos e tecidos linfoides são classificados</p><p>em primários e secundários.</p><p>Neste capítulo, você vai conhecer conceitos básicos da imunidade inata e</p><p>adquirida, com foco nos tecidos linfoides, em sua organização e nos principais</p><p>elementos. Além disso, vai estudar o sistema linfático e as redes de vasos que</p><p>regulam a quantidade de fluido no corpo humano e o defendem contra infecções.</p><p>Linfa, órgãos e</p><p>tecidos linfoides</p><p>Camila Batista de Oliveira Silva Rossi</p><p>Resposta imune, linfócitos e tecidos</p><p>linfoides</p><p>Para estudarmos o tecido linfoide, precisamos entender alguns conceitos da</p><p>imunologia. Nossa resposta imunológica divide-se em dois tipos: a resposta</p><p>inata, também chamada de natural ou não específica, e a resposta adquirida,</p><p>também chamada de específica ou adaptativa. A imunidade inata é consi-</p><p>derada a primeira linha de defesa. Todo organismo humano tem proteção</p><p>rápida sem especificidade e limitada aos estímulos corporais quando imaturo</p><p>após o nascimento. Pode-se considerar a resposta inata como um processo</p><p>automático, desenvolvido para atacar toda e qualquer ameaça ao organismo.</p><p>Além disso, ela é responsável por acionar ou desencadear estímulos/mecanis-</p><p>mos de ação da imunidade adquirida. Como o próprio nome diz, a imunidade</p><p>adquirida é desenvolvida ao longo da vida e responsável pela produção de</p><p>anticorpos (resposta humoral) (LEVINSON et al., 2022). A Figura1 mostra ambas</p><p>as respostas imunológicas e seus principais elementos celulares.</p><p>Figura 1. (a) Resposta imunológica inata. (b) Resposta imunológica adquirida (imunidade</p><p>humoral).</p><p>Fonte: Adaptadas de Designua/Shutterstock.com.</p><p>Imunidade inata</p><p>Imunidade adquirida</p><p>Patógeno</p><p>Patógeno</p><p>Macrófago</p><p>Macrófago Linfócitos T</p><p>auxiliares</p><p>Ativação e</p><p>proliferação</p><p>de células B</p><p>Plasmócitos Anticorpos</p><p>ligados ao</p><p>patógeno</p><p>Linfócitos T Linfócitos T</p><p>citotóxicos</p><p>Liberação de</p><p>citocinas em resposta</p><p>a um antígeno</p><p>Citocinas</p><p>A</p><p>B</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides2</p><p>Tecidos linfoides</p><p>As células que trabalham na nossa resposta imune encontram-se no formato</p><p>de tecidos (conjuntos de células do mesmo tipo) e sistemas (conjuntos de teci-</p><p>dos de tipos diferentes). Essa organização permite que a defesa do organismo</p><p>seja mais direta e focada em destruir possíveis patógenos (TRENTIN, 2017).</p><p>Os tecidos linfoides, como o nome já diz, são formados por linfócitos e</p><p>células que dão suporte aos linfócitos, como os macrófagos e as demais</p><p>células apresentadoras de antígenos (APCs). Eles dão suporte à defesa do</p><p>corpo e organizam os tipos de linfócitos para proliferação, diferenciação e</p><p>ativação da resposta inata e adaptativa. A organização geral do tecido linfoide</p><p>abrange os seguintes tipos celulares (TRENTIN, 2017).</p><p>� Células reticulares: dão suporte às demais; servem como estroma</p><p>celular.</p><p>� Fibras reticulares: dão sustentação; são formadas por colágeno tipo 3.</p><p>� Linfócitos.</p><p>� APCs.</p><p>As células que formam os tecidos linfoides podem ser divididas em aces-</p><p>sórias e efetoras. As células acessórias reconhecem antígenos e patógenos,</p><p>enquanto as células efetoras os neutralizam ou eliminam. Todas essas células</p><p>têm origem mesenquimal e capacidade de migração e de interação com outras</p><p>estruturas (TRENTIN, 2017).</p><p>Além disso, a organização morfológica e funcional pode ser dividida</p><p>quanto à densidade de linfócitos presentes em determinado órgão linfoide,</p><p>quanto à organização em nódulos, cordões ou como difusa, além de quanto</p><p>à delimitação do tecido em encapsulado e não encapsulado. Por exemplo, os</p><p>linfonodos são tecidos linfoides encapsulados, enquanto o intestino delgado</p><p>é não encapsulado. Quanto à organização morfofuncional, podemos dividir os</p><p>tecidos em permanentes (medula óssea, baço, timo e linfonodos) e transitórios</p><p>(tecidos linfoides associados à mucosa).</p><p>A resposta adaptativa tem como componente principal os linfócitos</p><p>e é considerada dependente de ativação pela resposta inata, além</p><p>de ser mais lenta e de maior complexidade. Apesar disso, a resposta adaptativa</p><p>é extremamente mais eficiente e mais específica no combate a invasores. As</p><p>principais células da imunidade adaptativa são os linfócitos auxiliares e cito-</p><p>tóxicos, os linfócitos B e os plasmócitos (células responsáveis pela produção</p><p>de anticorpos específicos) (SOARES; ARMINDO; ROCHA, 2014).</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides 3</p><p>Linfócitos</p><p>A nossa imunidade é controlada por um conjunto de fatores internos e ex-</p><p>ternos. Uma das células que mais retratam o nosso perfil imunológico são os</p><p>linfócitos. Os tecidos linfoides primários são responsáveis pela produção e</p><p>pela maturação dos linfócitos, que auxiliam tanto a imunidade inata quanto</p><p>a imunidade adquirida (linhagens T e B). A maturação dos linfócitos T ocorre</p><p>principalmente durante o período fetal e diminui após o nascimento (LEVIN-</p><p>SON et al., 2022).</p><p>Os linfócitos são células capazes de reconhecer e diferenciar, de maneira</p><p>específica, diversos tipos de antígenos, possibilitando que nosso sistema,</p><p>ao longo da vida, desenvolva memória e produza anticorpos para futuros</p><p>ataques. Estruturalmente, os linfócitos imaturos ou inativos são chamados</p><p>de linfoblastos. Após o primeiro contato com um antígeno, há a ativação ou</p><p>maturação do linfócito (LEVINSON et al., 2022).</p><p>Os linfócitos podem ser classificados de acordo com as suas funções e as</p><p>dos marcadores presentes na superfície das células; veja a seguir (LEVINSON</p><p>et al., 2022).</p><p>� Linfócitos T, que se diferenciam em auxiliares e citotóxicos, no timo.</p><p>� Linfócitos B, que se diferenciam em plasmócitos, na medula óssea.</p><p>� Células NK (natural killer), que são tipos de linfócitos diferentes dos</p><p>tipos T e B, pois perderam seus receptores de membrana. São atuantes</p><p>na eliminação de células infectadas por liberação de citocinas, sem a</p><p>necessidade de estímulos prévios.</p><p>Os linfócitos têm a capacidade de expressar receptores na membrana</p><p>celular específicos a cada antígeno apresentado. Além disso, desempenham</p><p>funções regulatórias dentro do sistema imune. De acordo com a sua quanti-</p><p>dade e a sua morfologia no sangue, são diagnosticados diferentes tipos de</p><p>doenças sistêmicas, infecciosas e autoimunes (LEVINSON et al., 2022). A Figura</p><p>2 ilustra a estrutura dos principais tipos de linfócitos (T e B).</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides4</p><p>Figura 2. Células do sistema imunológico (linfócitos T e B).</p><p>Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com.</p><p>Linfócitos B T-cell</p><p>Antígeno</p><p>Apresentação</p><p>de antígeno</p><p>Secreção de</p><p>citocinas</p><p>Receptores de</p><p>membrana</p><p>Secreção de</p><p>anticorpos</p><p>Na próxima seção, vamos estudar as funções dos principais tecidos</p><p>linfoides.</p><p>Funções dos principais tecidos linfoides</p><p>Como já descrito, o tecido linfoide pode ser dividido em primário ou secun-</p><p>dário (central ou periférico). Os tecidos primários (medula óssea e timo) são</p><p>responsáveis pela maturação dos linfoides. Após essa maturação, os linfoi-</p><p>des migram para os tecidos linfoides secundários. Estes podem ser órgãos</p><p>encapsulados e bem estruturados, como os linfonodos e o baço, ou podem</p><p>ser formados por acúmulos não encapsulados de tecido linfoide associado</p><p>às mucosas e disperso pelo organismo (LEVINSON et al., 2022).</p><p>A principal função dos tecidos</p><p>linfoides está associada ao combate aos</p><p>antígenos invasores, identificando-os e produzindo anticorpos específicos.</p><p>Outra função básica e essencial diz respeito à distinção entre componentes</p><p>celulares próprios de não próprios. Quando não temos essa capacidade,</p><p>desenvolvemos doenças autoimunes, uma condição grave que, quando não</p><p>controlada por tratamentos específicos, pode causar a morte (LEVINSON et</p><p>al., 2022).</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides 5</p><p>Medula óssea</p><p>Encontrada no canal medular dos ossos longos e nas cavidades dos ossos</p><p>esponjosos, a medula óssea contém células-tronco hematopoéticas, res-</p><p>ponsáveis pela produção dos componentes sanguíneos (glóbulos vermelhos</p><p>ou eritrócitos e glóbulos brancos ou células de defesa), além das plaquetas,</p><p>responsáveis pela coagulação (Figura 3) (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).</p><p>Figura 3. Medula óssea e componentes celulares sanguíneos.</p><p>Fonte: Adaptada de udaix/Shutterstock.com.</p><p>Medula</p><p>Glóbulos</p><p>vermelhos</p><p>Glóbulos</p><p>brancos</p><p>Linfócito</p><p>Monócito</p><p>Eosinófilo</p><p>Basófilo</p><p>Neurófilo</p><p>Plaquetas</p><p>A medula óssea pode ser dívida em dois tipos, denominados de acordo</p><p>com as células encontradas em maior quantidade: a parte vermelha tem</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides6</p><p>maior quantidade de eritrócitos, e a parte amarela tem maior quantidade de</p><p>gordura. A medula óssea vermelha também é um tipo de tecido encontrado</p><p>com maior frequência nos ossos de crianças, diminuindo sua produção a</p><p>partir do crescimento. Nos adultos, a medula vermelha pode ser encontrada</p><p>nos ossos esterno, costelas e vértebras, ossos do crânio, pélvicos, na tíbia,</p><p>na clavícula, nas epífises do fêmur e do úmero. Dentro da medula, ocorre a</p><p>maturação dos linfócitos B (GONÇALVES, 2010; LEVINSON et al., 2022).</p><p>As medulas amarela e vermelha têm nódulos linfáticos, que são os locais</p><p>de migração dos linfócitos após maturação. Não existem vasos linfáticos na</p><p>medula óssea. A medula óssea vermelha é constituída por células reticulares,</p><p>fibras de colágeno e capilares sinusoides que formam um estroma de célula.</p><p>Entre as células reticulares, pode-se encontrar uma concentração variada de</p><p>linfócitos, macrófagos, células adiposas e hematopoéticas. Quando as células</p><p>sanguíneas atingem a maturação, elas atravessam os capilares e entram na</p><p>circulação sanguínea (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).</p><p>Recentemente, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de</p><p>Medula Óssea do Brasil (Redome) divulgou que o país tem o ter-</p><p>ceiro maior registro de doadores de medula óssea do mundo. São mais de 5,5</p><p>milhões de brasileiros cadastrados, o que permite identificar um doador até</p><p>88% compatível ainda na fase preliminar de busca. O transplante de medula</p><p>óssea pode ser autólogo (autogênio), quando a medula vem da própria pessoa,</p><p>ou alogênico, quando a medula vem de um doador (REDOME, 2022).</p><p>Timo</p><p>Considerado um órgão linfoide primário, o timo está localizado no mediastino,</p><p>posterior ao osso externo e na altura dos grandes vasos do coração, tendo um</p><p>padrão celular linfoepitelial, bilobado (zona cortical e medular), encapsulado</p><p>por tecido conjuntivo denso e nodular. Da cápsula surgem septos que dividem</p><p>todo o parênquima (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).</p><p>O timo é um órgão responsável pela diferenciação dos linfócitos T, sendo</p><p>estes as células de defesa mais abundantes. Os linfócitos T vão se diferenciar</p><p>em linfócitos T auxiliares (positivos para os marcadores CD4) e em linfócitos T</p><p>citotóxicos (positivos para os marcadores CD8). Anatomicamente, os linfócitos</p><p>estão presentes na zona cortical, enquanto na zona medular encontram-se as</p><p>células chamadas de corpúsculos de Hassal, características do timo (LEVINSON</p><p>et al., 2022). A Figura 4 ilustra a estrutura anatômica do timo.</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides 7</p><p>Figura 4. Estrutura anatômica e funcional do timo.</p><p>Fonte: Adaptada de Timonina/Shutterstock.com.</p><p>Medula</p><p>Corpúsculo</p><p>tímico</p><p>Córtex</p><p>Artéria</p><p>Ducto linfático</p><p>Cápsula</p><p>Septo</p><p>interlobular</p><p>Veia</p><p>O timo é encontrado em maior tamanho durante o período fetal, invo-</p><p>luindo de tamanho na fase adulta. Ele é considerado um órgão endócrino,</p><p>pois produz timosina, que auxilia no processo de maturação dos linfócitos.</p><p>O timo está em constante atividade, recebendo células para proliferação e</p><p>maturação (ou diferenciação) (LEVINSON et al., 2022).</p><p>Os linfócitos que não são capazes de exercer sua função de reconhecimento</p><p>de tecidos próprios e não próprios não retornam para a corrente sanguínea,</p><p>sendo eliminados por apoptose. Após saírem do timo, os linfócitos ativos vão</p><p>para tecidos linfoides secundários (NASCIMENTO JÚNIOR, 2020). Esse processo</p><p>de seleção é fundamental para que se evite a ocorrência de reinfecções e</p><p>doenças autoimunes.</p><p>Baço</p><p>O baço é considerado o maior órgão linfoide secundário do corpo humano. Ele</p><p>tem forma oval e está localizado na região superior esquerda do abdome, à</p><p>esquerda do estômago e acima do rim esquerdo. O baço tem uma cápsula de</p><p>tecido conjuntivo denso não modelado que emite trabéculas, e estas dividem</p><p>a polpa esplênica em compartimentos incompletos. Assim como os linfonodos</p><p>“filtram” a linfa, o baço atua como um filtro para o sangue. Além de filtrar o san-</p><p>gue, o baço é responsável por destruir/eliminar as células consideradas velhas</p><p>do organismo e pelo armazenamento de células sanguíneas (LINS et al., 2022).</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides8</p><p>A estrutura anatômica do baço se dá pela presença de duas partes prin-</p><p>cipais: polpa vermelha e polpa branca, que têm funções diferentes (Figura 5).</p><p>Figura 5. Estrutura anatômica e funcional do baço.</p><p>Fonte: Adaptada de medicalstocks/Shutterstock.com.</p><p>Fígado Esôfago Artéria</p><p>Veia Estômago</p><p>Polpa vermelha</p><p>Polpa branca</p><p>Artérias</p><p>Veia</p><p>Baço</p><p>Baço</p><p>Por ser um órgão intraperitoneal, o baço é dividido em duas grandes</p><p>partes: polpa vermelha e polpa branca. A polpa vermelha é capaz de filtrar</p><p>e remover as hemácias envelhecidas, além de ser o reservatório de células</p><p>sanguíneas. Por outro lado, uma característica importante da polpa branca</p><p>é sua função semelhante ao linfonodo, porém com entrada via linfática. Além</p><p>disso, é na polpa branca que ocorre a produção e a maturação dos linfócitos</p><p>B e das células T. A polpa branca é constituída por tecidos linfoides e, com o</p><p>tempo, diminui de tamanho; já a polpa vermelha é formada por seios venosos</p><p>que acumulam sangue e aumentam de tamanho (NASCIMENTO JÚNIOR, 2020).</p><p>Como o baço tem um importante papel na imunidade humoral e na remo-</p><p>ção de bactérias revestidas por anticorpos, a asplenia (perda da função por</p><p>remoção cirúrgica, doença ou defeito congênito) aumenta significativamente</p><p>o risco de infecção. Pacientes asplênicos são suscetíveis à sepse grave por</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides 9</p><p>microrganismos como Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Haemophilus</p><p>influenzae e Neisseria meningitidis (meningococo) (LINS et al., 2022).</p><p>Sistema linfático e seus canais</p><p>O sistema linfático é formado por um grupo de estruturas (vasos e órgãos)</p><p>cuja função é transportar a linfa dos tecidos para a corrente sanguínea. Devido</p><p>à sua função de balanço entre líquidos intra e extra corporais e de remoção</p><p>de patógenos do sangue por meio da filtração, o sistema linfático integra</p><p>tanto o sistema circulatório quanto o sistema imune (LEVINSON et al., 2022).</p><p>A linfa transporta substâncias consideradas muito grandes, não sendo</p><p>possível o transporte via capilares sanguíneos. O intestino delgado é um</p><p>órgão com grande potencial de drenagem, pois é um local de absorção de</p><p>nutrientes do corpo, como proteínas e lipídeos (NASCIMENTO JÚNIOR, 2020).</p><p>Os componentes básicos do sistema linfático são apresentados na Figura 6.</p><p>Figura 6. Componentes do sistema linfático.</p><p>Fonte: Adaptada de Pikovit/Shutterstock.com.</p><p>Linfonodos cervicais</p><p>Tonsilas</p><p>Ductos torácicos</p><p>Baço</p><p>Vasos linfáticos</p><p>Linfonodos</p><p>inguinais</p><p>Linfonodos</p><p>poplíteos</p><p>Timo</p><p>Linfonodos</p><p>auxiliares</p><p>Cisterna</p><p>do quilo</p><p>Linfonodos</p><p>pélvicos</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides10</p><p>Um organismo saudável é capaz de filtrar aproximadamente</p><p>dois litros</p><p>de linfa ao dia. A linfa, fluido gerado pela filtração do plasma sanguíneo,</p><p>apresenta aspecto amarelado e está difundida por todos os tecidos do corpo.</p><p>A similaridade da linfa com o plasma está na sua composição (90% água +</p><p>componentes celulares). Os demais componentes que podem ser encontrados</p><p>são proteínas, lipídeos e glicose. A composição da linfa vai depender de seu</p><p>local de produção, podendo ser bem variada (NASCIMENTO JÚNIOR, 2020).</p><p>Vasos linfáticos</p><p>Como descrito, o sistema linfático realiza o transporte da linfa através de</p><p>vasos e ductos linfáticos. Os vasos linfáticos são divididos em dois tipos:</p><p>superficiais e profundos. Os vasos superficiais, como o nome sugere, se lo-</p><p>calizam na camada subcutânea da pele, coletando a linfa dessas estruturas</p><p>mais superficiais do corpo. A direção do transporte é a mesma da circulação</p><p>sanguínea venosa, drenada para os vasos profundos (Figura 7).</p><p>Figura 7. Relação do sistema linfático com a circulação sanguínea.</p><p>Fonte: Adaptada de CLUSTERX/Shutterstock.com.</p><p>Células-tecido</p><p>Veia</p><p>Sangue</p><p>Fluido</p><p>intersticial</p><p>Linfa</p><p>Capilares</p><p>sanguíneos</p><p>Arteríolas</p><p>Sangue</p><p>Capilares</p><p>linfáticos</p><p>Os vasos linfáticos profundos transportam a linfa presente em órgãos</p><p>internos. Diferentemente dos superficiais, a direção de transporte é seme-</p><p>lhante à circulação sanguínea arterial. Os vasos profundos estão em contato</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides 11</p><p>com as paredes arteriais, auxiliando na pressão e no fluxo contínuo da linfa</p><p>(MOORE JR.; BERTRAM, 2018).</p><p>O fluxo de transporte da linfa é controlado por meio dos linfonodos que</p><p>controlam o seu conteúdo. Os vasos linfáticos que conduzem a linfa até os</p><p>linfonodos são os aferentes, e os que a transportam para fora dos linfonodos</p><p>são os eferentes. Os vasos eferentes terminam nos troncos linfáticos, deno-</p><p>minados de acordo com a região onde fazem a drenagem (lombar, bronco-</p><p>-mediastinal, subclávio e jugular) (MOORE JR.; BERTRAM, 2018).</p><p>Por fim, é necessário compreender que os vasos linfáticos não atuam</p><p>como os vasos sanguíneos, pois a direção do sistema linfático é unidirecional,</p><p>enquanto a dos vasos sanguíneos é cíclica. Basicamente, o movimento da linfa</p><p>é dos tecidos para a circulação, e o movimento dos vasos sanguíneos é por</p><p>capilares venosos e arteriais, direcionando em círculos a corrente sanguínea</p><p>(MOORE JR.; BERTRAM, 2018).</p><p>Outro ponto relevante diz respeito à pressão desses líquidos. Enquanto o</p><p>coração exerce pressão e favorece o fluxo sanguíneo, a linfa se movimenta com</p><p>a ajuda dos movimentos do corpo, da pulsação das artérias e da contração</p><p>dos músculos esqueléticos. Os vasos linfáticos têm pequenas válvulas que</p><p>evitam que o fluxo da linfa se altere, fluindo sempre na mesma direção. A</p><p>distribuição dos vasos linfáticos pelo corpo é ampla, mas não é total. Alguns</p><p>locais não têm sistema de drenagem, como a epiderme, a cartilagem, a medula</p><p>óssea e os olhos (MOORE JR.; BERTRAM, 2018).</p><p>Neste capítulo, vimos como o corpo humano exerce sua função de defesa</p><p>por meio de dois sistemas organizados e especializados: o sistema linfoide</p><p>e o sistema linfático. Além disso, estudamos alguns componentes principais</p><p>que têm função primordial para a produção e a maturação de células imu-</p><p>nes. Os tecidos linfoides primários e secundários, juntamente com os vasos</p><p>linfáticos, são responsáveis por formar uma barreira de defesa do corpo</p><p>contra invasores, além de eliminá-los por meio de anticorpos específicos</p><p>(resposta imune adquirida). Ainda, têm a função de filtrar as impurezas e os</p><p>patógenos por meio da linfa.</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides12</p><p>Referências</p><p>GONÇALVES, F. P. Célula-tronco hematopoética. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da</p><p>Educação. (org.). O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense: produção</p><p>didático-pedagógica. Curitiba: Seed, 2010. v. 2, [p. 1-34]. (Cadernos PDE).</p><p>LEVINSON, W. et al. Microbiologia médica e imunologia: um manual clínico para doenças</p><p>infecciosas. 15. ed. Porto Alegre: AMGH, 2022. E-book.</p><p>LINS, D. J. A. V. et al. Esplenectomia após ruptura esplênica em dois tempos em pa-</p><p>ciente com baço acessório: relato de caso. Brazilian Journal of Development, v. 8, n.</p><p>2, p. 11680-11691, 2022.</p><p>MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2009.</p><p>MOORE JR., J. E.; BERTRAM, C. D. Lymphatic system flows. Annual Review of Fluid Me-</p><p>chanics, v. 50, p. 459-482, 2018.</p><p>NASCIMENTO JÚNIOR, B. J. Anatomia humana sistemática básica. Petrolina: Univasf,</p><p>2020. E-book.</p><p>REDOME. Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea: dados. Instituto</p><p>Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), 2022. Disponível em: https://</p><p>redome.inca.gov.br/institucional/dados/. Acesso em: 16 nov. 2022.</p><p>SOARES, R.; ARMINDO, R. D.; ROCHA G. A imunodeficiência e o sistema imunitário: o</p><p>comportamento em portadores de HIV. Arquivos de Medicina, v. 28, n. 4, p. 113-121, 2014.</p><p>TRENTIN, R. C. Tecidos e órgãos linfoides. Laboratório de Imunofisiopatologia – ICB</p><p>USP, 2017. Disponível em: http://imunofisiopatologia.icb.usp.br:4881/area%20interna/</p><p>conteudo/leitura/resumos/Tecidos%20e%20Orgaos%20Linfoides.pdf. Acesso em: 16</p><p>nov. 2022.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores</p><p>declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Linfa, órgãos e tecidos linfoides 13</p>