Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

ECA
Prof. Dr. Carlos Eduardo Montes Netto
E-mail: carlosmontes3@hotmail.com
Evolução histórica
Idade antiga
"[...] o pai exercia poder absoluto sobre os seus. Os filhos mantinham-se sob a autoridade paterna enquanto vivessem na casa do pai, independentemente da menoridade, já que àquela época não se distinguiam maiores e menores. Filhos não eram sujeitos de direitos, mas sim objeto de relações jurídicas, sobre os quais o pai exercia um direito de proprietário. Assim, era-lhe conferido o poder de decidir, inclusive, sobre a vida e a morte dos seus descendentes" (Maciel, 2024, p. 76)
Evolução histórica
Idade antiga
"O tratamento entre os filhos não era isonômico (tratados de maneira desigual). Os direitos sucessórios limitavam-se ao primogênito e desde que fosse do sexo masculino. Segundo o Código de Manu, o primogênito era o filho gerado para o cumprimento do dever religioso, por isso privilegiado." (Maciel, 2024, p. 79)
Evolução histórica
Idade média
"O Cristianismo trouxe uma grande contribuição para o início do reconhecimento de direitos para as crianças: defendeu o direito à dignidade para todos, inclusive para os menores.
Como reflexo, atenuou a severidade de tratamento na relação pai e filho, pregando, contudo, o dever de respeito, aplicação prática do quarto mandamento do catolicismo: “honrar pai e mãe”." (Maciel, 2024, p. 79)
Evolução histórica
Idade média
"Em contrapartida, os filhos nascidos fora do manto sagrado do matrimônio (um dos sete sacramentos do catolicismo) eram discriminados, pois indiretamente atentavam contra a instituição sagrada, àquela época única forma de se constituir família, base de toda sociedade. Segundo doutrina traçada no Concílio de Trento, a filiação natural ou ilegítima – filhos espúrios, adulterinos ou sacrílegos – deveria permanecer à margem do Direito, já que era a prova viva da violação do modelo moral determinado à época." (Maciel, 2024, p. 79)
Evolução histórica
Brasil
"Durante a fase imperial teve início a preocupação com os infratores, menores ou maiores, e a política repressiva era fundada no temor ante a crueldade das penas. Vigentes as Ordenações Filipinas, a imputabilidade penal era alcançada aos 7 anos de idade. Dos 7 aos 17 anos, o tratamento era similar ao do adulto, com certa atenuação na aplicação da pena. Dos 17 aos 21 anos de idade, eram considerados jovens adultos, portanto já poderiam sofrer a pena de morte natural (por enforcamento). A exceção era o crime de falsificação de moeda, para o qual se autorizava a pena de morte natural para maiores de 14 anos" (Maciel, 2024, p. 82)
Evolução histórica
Brasil
"Houve uma pequena alteração do quadro com o Código Penal do Império, de 1830, que introduziu o exame da capacidade de discernimento para aplicação da pena. Menores de 14 anos eram inimputáveis. Contudo, se houvesse discernimento para os compreendidos na faixa dos 7 aos 14 anos, poderiam ser encaminhados para casas de correção, onde poderiam permanecer até os 17 anos de idade." (Maciel, 2024, p. 82)
Evolução histórica
Brasil
"O Primeiro Código Penal dos Estados Unidos do Brasil manteve a mesma linha do código anterior com pequenas modificações. Menores de 9 anos eram inimputáveis. A verificação do discernimento foi mantida para os adolescentes entre 9 e 14 anos de idade. Até 17 anos seriam apenados com 2/3 da pena do adulto." (Maciel, 2024, p. 82)
Evolução histórica
Doutrina da situação irregular
"A influência externa e as discussões internas levaram à construção de uma Doutrina do Direito do Menor, fundada no binômio carência-delinquência. Era a fase da criminalização da infância pobre. Havia uma consciência geral de que o Estado teria o dever de proteger os menores, mesmo que suprimindo suas garantias. Delineava-se, assim, a Doutrina da Situação Irregular." (Maciel, 2024, p. 85) (grifei) pegava os menores da rua e colocavam em casas junto com quem cometeu crime
Evolução histórica
Código de menores
"Em 1926 foi publicado o Decreto n. 5.083, primeiro Código de Menores’ do Brasil, que cuidava dos infantes expostos, menores abandonados e menores delinquentes. Cerca de um ano depois, em 12 de outubro de 1927, veio a ser substituído pelo Decreto n. 17.943-A, mais conhecido como Código Mello Mattos. De acordo com a nova lei, caberia ao Juiz de Menores decidir o destino de crianças e adolescentes abandonados e delinquentes." (Maciel, 2024, p.85)
Evolução histórica
Código Mello Mattos
"No campo infracional, crianças e adolescentes até 14 anos eram objeto de medidas punitivas com finalidade educacional. Já os jovens, entre 14 e 18 anos, eram passíveis de punição, mas com responsabilidade atenuada." (Maciel, 2024, p. 85)
Período pós-CF/88
"De acordo com suas premissas, a criança e o adolescente não mais ostentam a condição de meros objetos de proteção, conforme dispunha o revogado Código de Menores. Ao contrário, são considerados sujeitos de direitos, que, além de serem titulares das garantias expressas a todos os brasileiros, também ostentam direitos especiais, como é o direito de brincar." (Rossato; Lépore; Cunha, 2020, p. 51)
Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças ONU-1989
"Adotada pela ONU, em 1989, e vigente desde 1990, destaca-se como o tratado internacional de proteção de direitos humanos com o mais elevado número de ratificações." (Rossato; Lépore; Cunha, 2020, p. 81). Criança era até 12 anos, de 12 a 18 incompletos era adolescente.
Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças ONU-1989
Artigo 1
Para efeito da presente Convenção, considera-se como criança todo ser humano com menos de 18 anos de idade, salvo quando, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes. (grifei) A emancipação civil não reduz a maioridade penal
Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças ONU-1989
"A convenção acolhe a “concepção do desenvolvimento integral da criança”, reconhecendo-a como verdadeiro sujeito de direito, que exige proteção especial e absoluta prioridade." (Rossato; Lépore; Cunha, 2020, p. 81)
Direitos previstos na Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças ONU-1989
Direito à vida;
Proteção contra a pena de morte;
Direito à nacionalidade;
Liberdade de locomoção;
Direito à proteção de seus interesses no caso de adoção;
Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
Direito de acesso a serviços de saúde, devendo o Estado reduzir a mortalidade infantil e abolir práticas tradicionais prejudiciais à saúde;
Direito a um nível adequado de vida e segurança social;
Direitos previstos na Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças ONU-1989
9) o direito à educação, devendo os Estados oferecer educação primária compulsória e gratuita;
10) o direito à proteção contra a exploração econômica, com a fixação de idade mínima para admissão em emprego;
11) o direito à proteção contra o envolvimento na produção, tráfico e uso de drogas e substâncias psicotrópicas;
12) o direito à proteção contra a exploração e o abuso sexual.
Direitos previstos na Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças ONU-1989
“Adota-se o critério do best interests of the child – interesse maior da criança, estabelecendo a “obrigação dos Estados de respeitar as responsabilidades, direitos e obrigações dos pais de prover direção "apropriada para o exercício, pela criança, dos direitos reconhecidos na Convenção”." (Rossato; Lépore; Cunha, 2020, p. 85)
Princípio da prioridade absoluta
Princípio da prioridade absoluta (CF)
*****Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.(grifei)
Princípio da prioridade absoluta (ECA)
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Princípio da prioridade absoluta
"Estabelece a primazia em favor das crianças e dos adolescentes em todas as esferas de interesse. Seja no campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar, o interesse infantojuvenil deve ser analisado com preponderância. Não comporta indagações sobre o interesse a tutelar em primeiro lugar, já que a escolha foi realizada pela nação por meio do legislador constituinte." (Maciel, 2024, p. 128)
****Como deverá ser resolvido eventual conflito entre a prioridade em favor da infância e juventude e a prioridade estabelecida, por exemplo, no Estatuto do Idoso?
Olhar a proporcionalidade da urgência, se os dois casos forem graves, tem que atender a criança primeiro
****No caso de atendimento em emergência de unidade de saúde, com número limitado de profissionais, como decidir entre uma criança e um idoso? Ou ainda a disputa por um leito? A quem se dará prioridade?
Depende da proporcionalidade da urgência, um caso de gravidade igual o leito será para a criança
Princípio do interesse superior da criança e do adolescente ou do melhor interesse
"Mencionado no Princípio 2 da Declaração Universal dos Direitos da Criança, de 1959, e repetido no artigo 3º da Convenção dos Direitos da Criança, de 1989, o princípio do melhor interesse tem sua origem histórica no instituto protetivo do parens patriae do direito anglo-saxônico, pelo qual o Estado outorgava para si a guarda dos indivíduos juridicamente limitados – menores e loucos." (Maciel, 2024, p. 153)
Princípio do interesse superior da criança e do adolescente ou do melhor interesse
"Não raro, profissionais, principalmente da área da infância e juventude, esquecem-se de que o destinatário final da doutrina protetiva é a criança e o adolescente e não “o pai, a mãe, os avós, tios etc.”, extremamente relevantes no cotidiano das crianças nas suas relações afetivas, mas nunca os destinatários finais da norma." (Maciel, 2024, p. 165)
Direitos fundamentais
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Direitos fundamentais
"Para os efeitos da Lei n. 13.257/2016, que dispõe sobre políticas públicas para a primeira infância, considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros 6 anos completos ou 72 meses de vida da criança." (Maciel, 2024, p.177)
Direitos fundamentais
"Na fixação do âmbito de aplicação do ECA, levou-se em conta o critério biológico – objetivo, igualitário e mais seguro. Estudos demonstram que a formação do cérebro se completa apenas com o alcance da vida adulta. Na adolescência o córtex pré-frontal ainda não refreia emoções e impulsos primários. Também nessa fase de formação o cérebro adolescente reduz as sensações de prazer e satisfação que os estímulos da infância proporcionam, o que impulsiona a busca de novos estímulos. Atitudes impensadas, variações de humor, tempestade hormonal, onipotência juvenil são características comuns a essa fase de formação fisiológica do adolescente, justificando tratamento diferenciado por meio da lei especial que o acompanha durante essa etapa de vida." (Maciel, 2024, p.177) (grifei)
Direitos fundamentais
Direito à vida;
Direito à saúde;
"As crianças e adolescentes com deficiência serão atendidos em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação, incumbindo ao poder público fornecer gratuitamente, aos que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas." (Maciel, 2024, p. 210)
Direito à saúde
Tratando-se de pessoa incapaz – enquanto não alcança a maioridade civil –, ou ao menos, relativamente incapaz – enquanto não atinge a idade de 16 anos –, possui o menor autonomia para tomar decisões quanto à sua saúde? Sendo este um direito fundamental, lhe assegurado com absoluta prioridade, ao lado dos direitos à liberdade, respeito, integridade, dignidade, pode ter seu exercício limitado? Em caso positivo, sob que argumento?
Direito à saúde
O Conselho Federal de Medicina publicou o parecer CFM n. 25/2013 que distinguiu o atendimento de urgência e o eletivo, bem como o realizado a crianças e adolescentes:
2.1) Em caso de urgência/emergência, o atendimento deve ser realizado, cuidando-se para garantir a maior segurança possível ao paciente. Após esta etapa, comunicar-se com os responsáveis o mais rápido possível.
Direito à saúde
2.2) Em pacientes pré-adolescentes, mas em condições de comparecimento espontâneo ao serviço, o atendimento poderá ser efetuado e, simultaneamente, estabelecido contato com os responsáveis.
2.3) Com relação aos pacientes adolescentes, há o consenso internacional, reconhecido pela lei brasileira, de que entre 12 e 18 anos estes já têm sua privacidade garantida, principalmente com mais de 14 anos e 11 meses, considerados maduros quanto ao entendimento e cumprimento das orientações recebidas.
2.4) Na faixa de 12 a 14 anos e 11 meses, o atendimento pode ser efetuado, devendo, se necessário, comunicar os responsáveis.
Direito à saúde
"[...] ao tratar da assistência integral à saúde, recomendou o respeito à privacidade, confidencialidade, consentimento informado, no trato profissional da saúde dos adolescentes, ressalvando a quebra do sigilo médico/paciente apenas nos casos em que assim se procederia para os adultos." (Maciel, 2024, p. 228)
Crianças e adolescentes com deficiência
"Tratando-se de crianças e jovens especiais – portadores de alguma deficiência –, busca o legislador reforçar-lhes a garantia de atendimento médico e tratamentos específicos, levando-se em conta a peculiaridade de suas condições." (Maciel, 2024, p. 231)
Direito a acompanhante (ECA)
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Direitos fundamentais
3) Direito à liberdade;
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação – conselho tutelar
Direitos fundamentais
4) Direito ao respeito e à dignidade;;
“O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) proibiu a Fundação Casa (antiga Febem) de Ribeirão Preto de raspar ou cortar forçosamente o cabelo dos adolescentes internados. A decisão é resultado de uma ação proposta em 2008 pela Defensoria Pública.
Na ocasião, o defensor Carlos Eduardo Montes Netto obteve uma liminar na Vara da Infância eJuventude, proibindo a raspagem e o corte dos cabelos de maneira forçada. Para o TJ-SP, a prática da raspagem e do corte forçados impede o desenvolvimento sadio da personalidade do menor infrator, ferindo a dignidade e o direito de manter sua integridade física, psíquica e moral.” 
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ribeirao/ri0508201110.htm
Direitos fundamentais
5) Direito à educação;
6) Direito à cultura, esporte e lazer; 
7) Direito à profissionalização e à proteção ao trabalho, a partir dos 16;
"A profissionalização integra o processo de formação do adolescente e, por isso, lhe é assegurada. Contudo, sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento exige um regime especial de trabalho, com direitos e restrições." (Maciel, 2024, p.363)
Direito à convivência familiar e comunitária
"[...] após a promulgação da Constituição Federal de 1988, todos os familiares foram reconhecidos e tratados como sujeitos de direitos, respeitando-se suas individualidades e seus direitos fundamentais." (Maciel, 2024, p. 383).
Direito à convivência familiar e comunitária
O que a CF/88 considera família????
Direito à convivência familiar e comunitária
"A partir de então, a conceituação de família foi ampliada, reconhecendo-se a possibilidade de sua origem na informalidade, na uniparentalidade e, principalmente, no afeto. Tornou-se irreversível a pluralidade das entidades familiares (art. 226, §§ 1º, 3º e 4º, da CF/88)" (Maciel, 2024, p. 383)
Direito à convivência familiar e comunitária
"É indispensável, também, mencionar a garantia de toda pessoa humana ter o direito de fundar uma família. A redação sucinta, mas extremamente pertinente, da Declaração Universal dos Direitos do Homem assegura firmemente que este é um direito elementar: “A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado” (art. 16.3)." (Maciel, 2024, p. 383)
Direito à convivência familiar e comunitária
"[...] não se pode deixar de mencionar a importantíssima integração ao direito brasileiro da Doutrina da Proteção Integral, do princípio do superior interesse da criança e do adolescente e, por derradeiro, do reconhecimento do afeto e do cuidado como princípios jurídicos, sem os quais as relações familiares se consumiriam em institutos vazios e fadados a desaparecer, pois são elementos indispensáveis para a sua estruturação e manutenção." (Maciel, 2024, p. 386) (grifei)
Direito à convivência familiar e comunitária
Princípios norteadores da família no ECA:
princípio da responsabilidade parental;
princípio da prevalência da família;
boa-fé objetiva;
princípio da interdição do incesto;
princípio da monogamia (Maciel, 2024).
Poder familiar
"O poder familiar tem caráter de múnus público, logo os seus atributos são irrenunciáveis, pois se originam da lei e se protraem no tempo independentemente da vontade de quem os tem, uma vez que não são criados para o seu serviço e utilidade, mas em vista de um fim superior: o da criança e do adolescente" (Maciel, 2024, p. 423)
Poder familiar - PROVA
"Este direito é indisponível (não pode abrir mão), pois os pais não podem dele abrir mão; é inalienável (não pode vender para outro), pois não pode ser transferido; é irrenunciável e incompatível com a transação (não pode fazer acordo para passar para outro), além de imprescritível. No entanto, impõe ressalvar que os detentores do poder familiar poderão efetuar voluntária e conscientemente a entrega do filho em adoção, ato de disposição que possui previsão legal, ensejando a extinção do poder familiar por sentença (art. 19-A, §§ 1º a 9º c/c art. 166, § 1º, I e II, do ECA)." (Maciel, 2024, p. 423) (grifei)
Poder familiar
"O filho está sujeito ao poder parental até completar 18 anos, sendo pelos pais representado ou assistido, na forma prevista no art. 1.634, VII, do CC". (Maciel, 2024, p. 423). Antes do 18 é representado (até os 16) e assistido (16 ao 18 anos).
Curatela extensiva
"Ao lado dessas disposições estatutárias, todavia, foi mantida a previsão da curatela extensiva pela qual se estende ao filho a autoridade do curador nomeado ao pai/mãe curatelado (art. 1.778 do CC). No mesmo caminho, o art. 757 do CPC estabelece que “a autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens do incapaz que se encontrar sob a guarda e a responsabilidade do curatelado ao tempo da interdição, salvo se o juiz considerar outra solução como mais conveniente aos interesses do incapaz”." (Maciel, 2024, p. 429) (grifei)
Casamento ou união estável posterior do genitor ou da genitora
"Havendo casamento ou união estável posterior do genitor ou da genitora, estes não perderão o poder familiar sobre os filhos, conforme previsto expressamente no art. 1.636 e parágrafo único do Código Civil. Evidentemente que o interesse da criança deve ser observado, mas a alteração da qualificação civil do titular do poder familiar não deve interferir no exercício" (Maciel, 2024, p. 436) Ex: João divorcia e tem dois filhos, para casar de novo conserva o poder familiar em relação aos filhos.
Poder familiar - PROVA
Como é resolvida eventual divergência entre os pais no exercício do poder familiar?
Vai para o judiciário 
Guarda
"A guarda como atributo do poder familiar constitui um direito e um dever. Não é só o direito de manter o filho junto de si, disciplinando-lhe as relações, mas também representa o dever de resguardar a vida do filho e exercer vigilância sobre ele. Engloba o dever de assistência e representação" (Maciel, 2024, p. 501)
Guarda
"[...] a guarda é um dever legal de ambos os genitores para com os filhos menores de idade e somente cessa definitivamente com a maioridade civil, a emancipação ou a morte. Além dessas hipóteses, os pais podem perder a guarda dos filhos mediante decisão judicial, que pode ser revista a qualquer tempo". (Maciel, 2024, p. 507).
Guarda
O que é guarda de fato?
Não é guarda legalizada no papel, mas exerce o papel de guardiã da criança que ainda não foi regularizada.
Guarda
O que é guarda unilateral?
Guarda fica só com a mãe ou só com o pai, e o outro tem direito de visita.
Guarda
O que é guarda compartilhada?
É divido as responsabilidades do pai e mãe, e a criança fica sob responsabilidade dos genitores. Previsão legal é estabelecer a guarda compartilhada primeiro.
Guarda
O que é guarda provisória?
É uma tutela antecipada especial, até o juiz decidir o mérito do processo.
Guarda
O que é guarda permanente?
Guarda definitiva é aquela encontrada na sentença, depois da guarda provisória
Guarda
O que é guarda especial?
Situação de emergência os pais não podem exercer a guarda e o juiz nomeia alguém provisoriamente. Ex: pais viajando.
Guarda
Guarda Especial:
Quando do atendimento de situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, com o possível deferimento de direito de representação para a prática de atos determinados (Art. 167, ECA). Este tipo tem previsão, ainda, no, quando possibilita ao Juiz concedê-la.
Fonte: https://www.tjpi.jus.br/portaltjpi/wp-content/uploads/2019/10/guarda.pdf
Guarda - PROVA
O que é guarda previdenciária?
PROVA: Mora a criança, mãe e vó, os três sobrevivem através da aposentadoria, e decidem entrar no judiciário para a vó pegar a guarda do neto para se caso ela faleça o beneficio previdenciário vai para o neto, O ÚNICO objetivo é transferir o beneficio previdenciário, porém não pode ter como única finalidade isso, não é admitido
Guarda
Guarda previdenciária:
Trata-se de expressão utilizada na jurisprudência do STJ para definir a guarda que tem exclusiva finalidade de proporcionar efeitos previdenciários. Em outras palavras, quer expressar a situação na qual se pede a guarda do menor apenas para efeitos de recebimento de determinado benefício, sem contudo, haver afetividade entre o menor e o detentor da guarda.
No julgamento do REsp 1.186.086-RO, o MinistroMassami Uyeda ressaltou que o Tribunal da Cidadania censura a medida.
Fonte: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/o-que-se-entende-por-guarda-previdenciaria-aurea-maria-ferraz-de-sousa/2573337
Guarda jurisprudência - PROVA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENSÃO TEMPORÁRIA POR MORTE. SERVIDOR PÚBLICO. "GUARDA PREVIDENCIÁRIA". MAIOR INCAPAZ. DILAÇÃO PROBATÓRIA. 1. Existem nos autos indícios de um desvirtuamento do instituto da guarda, objetivada no caso concreto unicamente para viabilizar a continuidade da ajuda financeira que era prestada pela bisavó no tratamento do autor, ou seja, uma guarda para efeitos previdenciários. 2. Nos termos do art. 33, § 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, a guarda, em regra, será deferida no curso de processo de tutela ou de adoção. Apenas excepcionalmente, será deferida a guarda judicial autônoma, seja em razão da omissão dos pais ou seus substitutos legais ou por qualquer outro motivo que resulte no abandono da criança ou do adolescente. 3. Ausentes os requisitos exigidos pelo artigo 273 do CPC. O restabelecimento da pensão por morte para o maior incapaz, in casu, carece de ampla dilação probatória, incompatível com o instituto da antecipação de tutela. 4. Recurso desprovido. (TRF-2 - AG: 01040015320144020000 RJ 0104001-53.2014.4.02.0000, Relator: LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO, Data de Julgamento: 17/03/2015, 7ª TURMA ESPECIALIZADA) (grifei)
Suspensão e destituição do poder familiar
"A suspensão e a destituição do poder familiar são as medidas mais graves impostas aos genitores, devendo ser decretadas por sentença, em procedimento judicial próprio, garantindo-se-lhes o princípio do contraditório e o da ampla defesa, na hipótese de seus atos se caracterizarem como atentatórios aos direitos do filho (art. 129, X, c/c os arts. 155 a 163 da Lei n. 8.069/90). Por constituírem medidas drásticas e excepcionais, devem ser aplicadas com a máxima prudência." (Maciel, 2024, p. 605). Provisóriamente suspender o poder familiar que os pais tem sobre os filhos. Destituição quando os pais praticaram algo grave e perde o poder familiar 
Suspensão do poder familiar (CC)
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Juiz vai olhar a proporcionalidade do fato.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
Suspensão do poder familiar
“A falta aos deveres inerentes ao poder familiar (art. 22 do ECA c/c 1.634 do CC), que fundamenta a aplicação de suspensão da função parental, deve ser avaliada pelo magistrado sob o prisma da graduação da gravidade do comportamento dos genitores, de modo a diferenciar-se das causas de perda (art. 24 do ECA)." (Maciel, 2024, p. 608).
Suspensão do poder familiar
"No que toca à suspensão do poder familiar dos pais privados da liberdade, deve ser asseverado que essa causa deve estar relacionada a crime cuja vítima seja o próprio filho.
Portanto, se os pais presos não se encontrarem nesta situação e mantiverem estreita afetividade com os filhos, mesmo acolhidos institucionalmente, poderão manter contatos com eles." (Maciel, 2024, p. 608)
Suspensão do poder familiar
"Saliente-se, por oportuno, que tendo a violência que ensejou a condenação supramencionada sido perpetrada em face do filho ou contra outrem igualmente titular do poder familiar, ou sendo relacionada ao estado de filiação ou à assistência familiar, o art. 92, II, do Código Penal prevê expressamente a incapacidade para o exercício do poder familiar, como efeito da condenação." (Maciel, 2024, p. 608)
Extinção do poder familiar
O ECA prevê a extinção da autoridade parental em dois momentos: 
1) na entrega do filho pela mãe para adoção, não havendo indicação de pai no registro de nascimento ou existência de família extensa e, também; 
2) no ato de consentimento dos pais com a colocação do filho em família adotiva, no bojo deste procedimento. (Maciel, 2024).
Extinção do poder familiar (CC)
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:
I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5 o , parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
Destituição do poder familiar (CC)
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
Destituição do poder familiar (CC)
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
Tutela
"[...] o instituto mantém-se como um conjunto de poderes e encargos conferidos pela lei a um terceiro, que possua, preferencialmente, afinidade e afetividade com o pupilo, para que cuide não só da pessoa menor de 18 anos de idade que se encontra fora do poder familiar como também lhe administre os bens." (Maciel, 2024, p. 756)
Tutela
"[...] a tutela é o instituto recomendado para os casos de órfãos, de pais mortos ou declarados ausentes – presunção de morte (art. 1.728, I c/c art. 6º do CC) – e para as hipóteses de os pais biológicos ou civis serem suspensos ou decaírem do poder familiar (art. 1.728, II c/c arts. 1.626 e 1.734 do CC), quando o menor de 18 anos não puder ou não quiser ser adotado." (Maciel, 2024, p. 759)
Tutela testamentária
"Pela Lei Civil de 2002, a nomeação do tutor pode ser realizada pelos próprios pais da pessoa menor de 18 anos, mediante testamento ou documento autêntico. Quanto à instituição por pais destituídos do poder familiar, mas que ao morrerem exerciam este munus, valerá a nomeação. Contudo, se ao morrerem os genitores não exerciam mais a autoridade parental, a nomeação será nula (art. 1.730 do CC)." (Maciel, 2024, p. 762)
Tutela testamentária
"[...] denomina-se testamentária a tutela quando o pai e a mãe manifestam o desejo, por testamento ou documento autêntico (codicilo ou escritura pública, por exemplo), de colocar o filho em família substituta, indicando quem será o seu tutor, após o falecimento de ambos." (Maciel, 2024, p. 762)
Tutela legítima
"A tutela chamada legítima dá-se inexistindo a indicação testamentária pelos pais, sendo, então, deferida aos parentes consanguíneos do menor de 18 anos. Apesar de privilegiar a relação de parentesco com o infante tutelado (§ 2º do art. 28 do ECA), deve a tutela, dita legal, obedecer aos ditames dos arts. 28 e 29 do ECA, na medida em que a pessoa indicada pelo juiz precisa revelar compatibilidade com a natureza do institutoe oferecer ambiente adequado ao tutelado, além de possuir relação de afinidade e afetividade com este (§ 3º do art. 28 do ECA)." (Maciel, 2024, p. 765)
Tutela legítima
"Embora o legislador civil tenha elencado uma ordem de parentes, iniciando-se com os mais idosos (ascendentes) e seguindo-se com os mais distantes (colaterais até o terceiro grau), esta enumeração não é absoluta e deve ser flexível, considerando os interesses da criança, inclusive se observando com quem esta convive no momento da colocação em família substituta." (Maciel, 2024, p. 765)
Tutela dativa
"[...] inexistindo indicação pelos pais ou na falta de outros parentes aos quais possa o magistrado nomear para o exercício da tutela, ou, ainda, havendo tais pessoas, foram excluídas ou removidas, a tutela será exercida por tutor idôneo e residente no domicílio do menor de 18 anos não emancipado (art. 1.732 do CC)." (Maciel, 2024, p. 768)
Medidas de proteção
Referências
MACIEL, K. R. F. L. A. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2024. E-book.

Mais conteúdos dessa disciplina