Prévia do material em texto
RESUMÃO HEMATOLOGIA pt2 · Anemias hemolíticas hereditárias: Características: - As anemias hemolíticas hereditárias não tem cura, pois são genéticas. - Defeitos: · Enzimáticos: G6PD piruvato quinase (se há alteração, altera a estrutura da hemácia). · Na membrana: esferocitose e eliptocitose. · Na hemoglobina: qualitativo (anemia falciforme) e quantitativo (talassemias alfa/beta e hemoglobinopatias). - Exames (testes moleculares) que diagnosticam a anemia falciforme: · Hemograma (analisa alteração morfológica na lâmina). · Mielograma. · Provas químicas (ferro, ácido fólico, Vit. B12). · Eletroforese de proteína. · Eletroforese de hemoglobina (analisa as proteínas da membrana e identifica as alteradas). · Teste de resistência osmótica (testa o quanto a He hemolisa). · Teste de falcização. · Teste de solubilidade. · Teste de hemolisina ácida – HAM (testa o quanto a He hemolisa). · Teste de Coombs. - Nessa anemia, a sobrevida das hemácias está reduzida, ocasionando alteração estrutural nas mesmas. Isso pode ocorrer por algumas causas, sendo elas 1. Defeito na membrana: - Maleabilidade modificada e diminuição da viabilidade. a) Esferocitose hereditária. · Pode haver mutações no cromossomo, ou a mutação pode vir de variantes. · Anemia de Minkowski-Chauffard: herança autossômica variável. · Alteração de citoesqueleto – acúmulo de Na – gasto de glicose – hemólise no baço. · Deficiência: espectrina, espectrina + ankirina + banda 3 + proteína banda 4.2. · Manifestações clínicas: icterícia, fadiga, palidez, esplenomegalia – sobrecarga de ferro, eritropoiese extramedular. · Herança autossômica dominante: · Forma leve: anemia discreta ou ausente, icterícia ou esplenomegalia, variável e hiperfunção medular. · Forma moderada: anemia e icterícia com intensidade variável, esplenomegalia. · Forma severa: anemia e icterícia intensas, alterações corpóreas. · Diagnóstico através do sangue periférico: diagnóstico diferencial (hemograma – baixa Hb, alta CHCM, poiquilocitose com eferocitose, policromasia e reticulocitose). · Diagnóstico através da medula óssea: mielograma (hiperplasia eitroide) e eletroforese de membrana (diminuição de espectrina, anquirina, banda 3 e proteína 4.2). · Tratamento: esplenectomia e suplementação de folatos. · Testes e seus resultados: · Teste de Coombs – negativo. · Dosagem de enzimas eritrocitárias – normais. · Eletroforese de hemoglobina – normal. · Teste de HAM ou teste da hemolisina ácida – não ocorre hemólise. · Teste de resistência osmótica de eritrócitos – soluções salinas hipotônicas – baixa resistência – hemólise acentuada. b) Eliptocitose hereditária. · Herança autossômica dominante – homozigotos – severa – icterícia. · Diagnóstico diferencial (hemograma, mais de 20% são ovalócitos, reticulose intensa). · Testes e seus resultados: · Teste de resistência osmótica de eritrócitos – soluções salinas hipotônicas – alta – não sofrem hemólise. · Eletroforese de proteína de membrana – alteração alfa-spectrina e beta-spectrina, proteína 4.1, glicoforina. · Teste de Coombs – negativo. · Dosagem de enzimas eritrocitárias – normais. · Eletroforese de hemoglobina – normal. · Teste de HAM – normal. · Tratamento: suplementação de folatos e esplenectomia. 2. Defeito enzimático: a) Deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6DP). · Herança recessiva ligada ao cromossomo X – mutações. · Variantes: · Classe I: brancos – G6PDsolubilidade em tubo (formação de anel de precipitado de HbS). Anormalidades na síntese de cadeias das globinas: - Assincronia na síntese de uma ou de várias cadeias de globina. Talassemias: - Doença genética caracterizada por redução ou ausência de síntese de um dos tipos de cadeias de globina (alfa ou beta). Essa redução é parcial ou total, provocando desequilíbrio entre os seus tipos. - Manifestações: · Homozigotos: assintomáticos. · Heterozigotos compostos e homozigotos: manifestações clínicas de formas benignas assintomáticas a anemia fatal. - Classificação das talassemias: Alfa-talassemia: · São menos frequentes e menos graves. · Ela resulta da produção das cadeias alfa decorrente da deleção/falta de um ou mais genes alfa. · 4 cadeias produzidas, no entanto, se não há 1, a outra consegue suprir “tranquilamente”. · A classificação da doença é feita pela quantidade e localização das deleções: · Talassemia alfa +: perda de um único gene em um cromossomo (alfa/--). · Talassemia alfa 0: perda de ambos os genes no mesmo cromossomo (--/--). · Consequências da redução de síntese de cadeias alfa: · Alfa talassemia. · Doença de Hb H. · Síndrome hidrópica (hidropsia fetal). Beta-talassemia: · São mais graves. · Resulta da diminuição da produção das cadeias polipeptídicas beta decorrente de mutações ou deleções no gene da globina beta, levando ao comprometimento da hemoglobina A. · As mutações ou deleções podem resultar na perda parcial (alelo beta +) ou completa (alelo beta 0) da função da globina beta. · 2 cadeias produzidas, sendo assim, com a falta de 1, para a outra suprir é mais difícil. Existem dois genes da globina beta, e os pacientes podem ter mutações heterozigóticas, homozigóticas ou heterozigóticas compostas. · Dividida em: 1. Talassemia minor: também é conhecida como traço talassêmico ou talassemia beta heterozigótica devido à presença de uma única mutação pelo o que o indivíduo produz normalmente duas cadeias alfa e uma cadeia beta (2-alfa /1-beta). Sintomas leves ou nenhum sintoma. · Talassemia B° menor: um dos pais transmitiu a herança de complexo gênico normal e o outro transmitiu com falha total no gene beta, no entanto, há falha total de um dos genes, sendo compensado pelo outro. A anemia pode ser discreta a moderada (assintomática), com Hb A geralmente elevada. · Talassemia B+ menor: um dos pais transmitiu o complexo gênico normal e o outro transmitiu com falha parcial no gene beta. A anemia é discreta (assintomática), com Hb A geralmente elevada. 2. Talassemia intermediária: caracteriza-se por ser uma doença moderada sem necessidades transfusionais de repetição. Geralmente é secundária a duas mutações beta talassêmicas. Sintomas variáveis, moderados a graves. 3. Talassemia major: anemia de Cooley ou talassemia homozigótica, deve-se à presença de duas mutações beta talassêmicas, idênticas uma em cada cromossomo 11. Forma grave da doença com sintomas mais importantes e que precisam de tratamento. · Talassemia B° maior: herança de dois complexos gênicos com falha total no gene beta. A síntese do gene gama (Hb fetal, para transportar O2) tende a compensar essa falha, porém não há sucesso para completar a hemoglobinização. A anemia é gravíssima, com 98% de Hb fetal – pessoa doente. · Talassemia B+ maior: herança de dois complexos gênicos com falha parcial no gene beta. Neste caso, há discreta síntese de Hb A e de Hb fetal, mas a anemia ainda assim é grave. A eletroforese mostra Hb AF. · Talassemia B°/B+ maior: herança de dois complexos gênicos alterados, um com falha total e outro falha parcial. As consequências clínicas, genéticas e laboratoriais são semelhantes à talassemia B° maior. · Como a beta-talassemia é herdada? · Com o pai não afetado e a mãe portadora do traço talassêmico: 2 filhos não afetados, 2 filhos portadores do traço talassêmico. · Com o pai portador do traço talassêmico e a mãe portadora do traço talassêmico: 1 filho não afetado, 2 filhos portadores do traço talassêmico e 1 filho afetado por beta-talassemia. Hemoglobinopatias – talassemia B / Thal major: - Manifestações clínicas: · Anemia, hipodesenvolvimento somático e sexual, hiperplasia medular, alterações ósseas, dentárias, fecais e articulares, esplenomegalia ou hiperesplenismo, alterações endócrinas, cardíacas e hepáticas, lesão renal. - Diagnóstico laboratorial: · Hemograma. · Mielograma. · Eletroforese de hemoglobina. · Exames bioquímicos (ex. ferro, ferritina, bilirrubina indireta, etc.). · Análise molecular – identificação de talassemia alfa e beta homozigóticas. - Tratamento: · Transfusões(*), terapia quelante, esplenectomia, apoio psicológico, transplante de medula óssea (muito agressivo, algumas crianças morrem já na preparação do procedimento) e aconselhamento genético. (*): Transfusões sanguíneas: · Quem depende das mesmas: anemia falciforme, talassemias, leucemias e linfomas (pacientes onco-hematológicos), oncológicos (sólidos), alterações plaquetárias e hemorragias. · No doador é feito: · Testes sorológicos (HIV, HBV, HCV, HTLA, sífilis, chagas). · Testes imunohematológicos (tipagem sanguínea, pesquisa de Acs irregulares/Coombs, fenotipagem/busca de doador raro). · Tipos sanguíneos: Sistema abo: · A (com anti-B). · B (com anti-A). · AB (sem anticorpos). · O (com anti-A e anti-B). Obs: os anti-X são Acs naturais/irregulares, no entanto, esperamos que eles estejam lá. Sistema RhD: · D+ e D-. · Aloimunização: · Formação de Acs quando há a exposição do indivíduo a Ags não próprios. · Ocorre em transfusões sanguíneas. · Os Acs são importantes para que não rejeite o sangue transfusionado. É necessário compatibilizar e respeitar o sistema ABO, pois pode ser fatal. · Leucopoese: Características: - É o processo de formação dos leucócitos. - Inicia-se nas células tronco, que recebe estímulos e gera a diferenciação. - HLA (agentes leucocitários humanos) = marcadores de superfície, específico em cada linhagem, chamado de CD, cada célula tem um CD específico. - Quando há diminuição na quantidade de leucócitos = leucopenia. No entanto, quando há aumento de leucócitos = leucocitose. Tipos de leucopoese: Granulopoese: - Produção de granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos). - De 8-10 horas. - Neutrófilos: · Estimulados pelo G-CSF. · Funções: motilidade, quimiotaxia, fagocitose, ação bactericida e digestão de microorganismos. · Podem exibir estruturas citoplasmáticas: vacúolos (formados na fagocitose), granulações tóxicas e corpúsculo de Dohe (restos de RNA). · Granulações ricas em fosfatase alcalina e peroxidase, os grânulos os ajudam a digerir as células non self. · Associados a processos inflamatórios ou infecciosos. · Os bastonetes são uma etapa anterior aos neutrófilos, no entanto, são células jovens. · É o primeiro leucócito a chegar no local da reação. - Eosinófilos: · Estimulados pela IL5. · Núcleo bilobulado. · Fagocitam complexos Ag-Ac em processos parasitários e alérgicos (asma) – eosinofilia. · Encontrados em peles e mucosas. - Basófilos: · Estimulados pela IL4 e IL9. · Núcleo volumoso. · Envolvidos em reações alérgicas de hipersensibilidade imediata. · Possuem porção Fc da IgE, que iniciam reações do tipo anafilática (reações alérgicas repentinas, potencialmente graves e fatais) a drogas. Monopoese: - Produção de monócitos. - Semanas, meses e anos. - Monócitos: · Possuem núcleo irregular e por vezes, lobulado. · Fagocitam e matam microorganismos. · Produzidos na MO com capacidade de migrar para os tecidos mediante a presença de fatores quimiotáticos. · No sangue = monócito / nos tecidos = macrófago. Linfopoese: - Produção de linfócitos. - 8 horas. - Órgãos linfoides: · Conjunto de órgãos nos quais as células predominantes são os linfócitos. · Divididos em: 1. Órgãos linfoides primários: proliferação linfoide não depende de estímulo antigênico. Na medula óssea ocorre a maturação linfoide B, e no timo ocorre a maturação linfoide T. 2. Órgãos linfoides secundários: proliferação linfoide estimuladapor antigênico. Nódulos linfoides, polpa branca esplênica e tecidos linfoides das mucosas. Relacionados ao sistema linfático. - Linfócitos: 1. Linfócitos B: · CD19+. · São células de memória, por isso duram semanas e até anos no organismo. · Atuam na imunidade humoral sintetizando Acs e secretando-os após sua diferenciação em plasmócito (liberação de Acs: 1° IgM e 2° IgG). 2. Linfócitos T: · Citoplasma pequeno e escasso. · Respostas citotóxicas. · Divididos em: · TCD3+: são produzidos na MO e diferenciam-se no timo. · Natural Killer Cells (CD3-): é um tipo de linfócito importante na resposta precoce às células tumorais e infecções virais. Expressam proteína CD16+. · TCD4+ ou T helper: induzem secreção de Igs (auxiliam o sistema imune), ativam complemento, quimiotaxia de neutrófilos (os atraem), ativação de macrófagos, proliferação de células B. · Linfócitos TCD8+ ou T citotóxicos (Tc): eficazes contra vírus e células tumorais, NK, T reguladores. Alterações qualitativas e quantitativas dos leucócitos: Aumento Diminuição Leucócitos Leucocitose Leucopenia Neutrófilos Neutrofilia Neutropenia Linfócitos Linfocitose Linfopenia Monócitos Monocitose Monopenia Eosinófilos Eosinofilia Eosinopenia Basófilos Basofilia Basopenia Alteração nos neutrófilos: - Neutrofilia: 1. Primária: · Intínsecas: doenças mieloproliferativas, hiper-produção desordenada pela MO e hematopoese extramedular. · Neoplásicas: leucemia mielóide crônica (LMC), mielofibrose e síndromes displásicas. · Não neoplásicas: neutrofilia hereditária, neutrofilia idiopática crônica e reações leucemoides transitórias da síndrome de Down. Obs: doenças mieloproliferativas = doenças malignas. 2. Secundária: · RN, gravidez, estresse. · Adrenalina e corticoides. · Infecções por bactérias piogênicas Gram+. · Inflamação e necrose tissular. · Hipersensibilidade: Hg, veneno de animais peçonhentos. - Neutropenias: · Imunodeficiência e imunossupressão. · Maternas – Ac e drogas. · Hematopoese ineficiente. · Aplasia medular (a medula óssea deixa de produzir células do sangue e fica repleta de tecido gorduroso – pancitopenia: diminuição de todos os elementos figurados do sangue). - Anormalidades morfológicas dos neutrófilos: 1. Desvio à esquerda: · Aumento no número de bastonetes no sangue com a presença ou não de neutrófilos imaturos. · Principal causa: processo infeccioso bacteriano. · Desvio à esquerda grave: muitas células jovens no sangue periférico. 2. Desvio à direita: · Aumento no número de segmentados com múltiplos segmentos (5 ou mais lóbulos nucleares). 3. Anomalia de Pelger-Huet: · Sem segmentação nuclear – citoplasma normal com granulações secundárias típicas – assincronismo de maturação. · Forma congênita autossômica dominante. · Forma adquirida: mielodisplasias, leucemias agudas e recuperação de quimioterapia. 4. Granulações tóxicas: · Alteração citoplasmática. · Grânulos primários azurófilos hipercromáticos. · Inflamação severa, infecções, toxemias, queimaduras, gravidez e administração de G-CSF e GM-CSF. 5. Corpos de Dohle: · Inclusões citoplasmáticas azul-acizentadas. · Vestígio de retículo endoplasmático. · Causas: maturação acelerada em infecções, inflamação e síndromes mielodisplásicas. 6. Anomalia de May-Hegglin: · Dominante autossômica e rara. · Alteração citoplasmática – grânulos grandes e acinzentados. · Associada a plaquetas gigantes deficientes em fator plaquetário 3 ou trombocitopenia. 7. Anomalia de Alder-Reilly: · Grânulos alterados sem perda de função. · Causas: mucopolissacaridoses. · Quadro clínico variável com lesões disseminadas. 8. Anomalia de Chédiak-Higashi: · Recessiva autossômica. · Grânulos gigantes – granulócitos e monócitos – dificuldade de quimiotaxia e fagocitose. - Anomalias funcionais nos neutrófilos: · Intrínsecas: deficiência de adesão leucocitária ao endotélio, síndrome do leucócito preguiçoso, deficiência de G-6PD, deficiência de mieoperoxidase. · Extrínsecas: deficiência de fatores quimiotáticos, deficiência de opsoninas. Alteração nos linfócitos: - Linfocitose: 1. Primária: · Doenças linfoproliferativas – leucemias. 2. Secundária: · Infecções por agentes intracelulares. · Situação de estresse. · Tabagismo. · Reações alérgicas a drogas. - Linfopenia: · Efeito de glicocorticoides. · Irradiação, drogas citotóxicas. · Desnutrição grave. · Alcoolismo. · Linfomas de Hodgkin e não Hodgkin. · Artrite reumatoide e lúpus. · Imunodeficiência congênita. · Pós-transplante. · Aplasia medular. · Infecção por HTLV e HIV (AIDS). Alteração nos monócitos: - Monocitose: 1. Primária: · Doenças mieloproliferativas. 2. Secundária: · Infecções bacterianas, fúngicas e virias. · Doenças reumáticas, colagenosas, inflamatórias ou granulomatosas. · Pós-esplenectomia (retirada do baço). · Cirrose hepática. - Monocitopenia: · Após injeção de corticoides. · Leucemia de células pilosas. · Aplasia medular. Alteração nos eosinófilos: - Eosinofilia: 1. Primária: · Doenças mieloproliferativas. 2. Secundária: · Reações de hipersensibilidade, infecções por fungos, tumores sólidos e doenças reumáticas. - Eosinopenia: · Reação a estresse. · Após uso de glicocorticoides e imunossupressão. · Aplasia medular. Alteração nos basófilos: - Basofilia: · Primária: doenças mieloproli-ferativas como leucemia de basófilos ou de mastócitos, policitemia vera, mielofibrose. - Basopenia: · Aplasia medular. · Imunossupressão. · Neoplasias hematológicas mielóides e linfoides: Introdução: - 4 grupos de cânceres que acometem o sangue: leucemias, linfomas, mieloma múltiplo e síndrome mielodisplásica. - O câncer é a multiplicação celular de forma desordenada. É uma doença adquirida/crônica. · Quanto mais vivemos, mais chance temos de adquiri-lo (devido às divisões celulares). · Alteração genômica/DNA – possuímos regiões genômicas de reparo, no entanto, pode ocorrer de elas falharem. - As doenças onco-hematológicas são doenças graves. - Metástase = quando o câncer se espalha. - As células malignas quando estão na circulação, encontram os blastos. LEUCEMIAS: - Doença maligna (câncer líquido). - São alterações na linhagem mieloide/ linfoide. - Essas alterações têm origem na medula óssea (produção desregulada de uma célula hematopoética – acúmulo de células jovens anormais na M.O, que substituem as células sanguíneas normais), e podem invadir outros tipos de tecido. - Classificação por tipo celular – série branca. - Divisão pelo grau de diferenciação. - Um único blasto na lâmina já é necessária notificação, pois pode ser indício de leucemia. - Suas causas ainda não estão definidas, no entanto, há alguns fatores que aumentam a suscetibilidade de desenvolver a doença, como: · Tabagismo (LMA). · Radiação (LMA, LMC e LLA). · Síndrome de Down e outras doenças hereditárias (leucemia aguda). · Benzeno, encontrado no cigarro (LMA, LMC e LLA). · Quimioterapia (LMA e LLA). · Síndrome mielodisplásica e outras doenças sanguíneas (LMA). - Sintomas comuns: gerais (febre, perda de peso e infecções recorrentes), pulmões (falta de ar e cansaço rápido), fraqueza muscular, dor nas articulações e ossos, psicológico (astenia/falta de energia e perda de apetite), aumento dos linfonodos/gânglios, aumento do baço e/ou fígado, pele (suores noturnos, sangramento fácil e manchas roxas), problema nas plaquetas. - Divididas em: · Aguda: · LMA e LLA. · Células imaturas. · Proliferação rápida (início e evolução rápida) – geralmente é nessa que se faz transplante de MO. · Mal prognóstico. · Podem tirar função de um dia para o outro, no entanto, são graves. · Acúmulo de células malignas invadem a circulação periférica e outros órgãos. · Caracterizada pela presença de blastos na medula óssea e no sangue periférico. · Frequente em crianças e jovens. · Crônica: · LMC e LLC. · Células maduras. · Proliferação lenta (mais comumente vistas em idosos) – sintomas aparecem devagar. · Bom prognóstico. · Há vários tratamentos quimioterápicos,podendo fazê-los em casa – indústria farmacêutica com grande enfoque em medicamentos para “lidar melhor com a doença”. · Algumas podem sofrer mutação e se diferenciar em leucemia aguda. · Aumento do número de células maduras no sangue. - Tipos de leucemias: 1. Leucemia mielóide aguda (LMA): · Aproximadamente 50% de chance de cura. · Divisão antiga: M0, M1, M2, M3, M4, M5, M6 e M7. · Divisão atual: determinado por mutação no cromossomo responsável pela malignização. · Ocorre por transformação maligna das células jovens (blastos) que irão dar origem a linhagem mieloide do sangue (leucócitos, hemácias e plaquetas). · Quimioterapia, radiação ou produtos tóxicos podem aumentar o risco. 2. Leucemia mielóide crônica (LMC): · Transformação maligna das células adultas da série mieloide. · Causada por um defeito de um cromossomo (Filadélfia) – caracteriza a malignidade de da LMC. · Existe um risco de transformação blástica, tornando-se tão agressiva quanto a LMA. · Dividida em 3 fases: · Crônica: onde 85% dos pacientes são diagnosticados. Doença branda e controlada com medicação. Fase que pode durar anos. · Acelerada: acometimento dos blastos. Pouca resposta ao tratamento. · Blástica: transformação da LMC em LMA, resposta ao tratamento frustrante. Sobrevida em média de 6 meses. 3. Leucemia linfoide aguda (LLA): · Tem melhor prognóstico (70% de chance de cura no grupo de “alto risco”). · Grande produção de linfócitos imaturos (linfoblastos). · A mais comum nas crianças. · Crescimento de tecido linfoide, infiltração no SNC e testículos. · Divisão: · L1: linfoblastos pequenos e forma irregular. Pouca visão do núcleo, citoplasma escasso. · L2: linfoblastos maiores e forma irregular. Nucléolos bem visíveis. · L3: linfoblastos grandes, citoplasma abundante, basófilo e presença de vacúolos (1 a 3 núcleos). · Tratamento em 3 fases: · De indução: quimioterapia. Objetivo – eliminar todas as células neoplásicas da circulação. · De consolidação: impede o retorno das células cancerígenas após a indução, garantindo o sucesso do tratamento. · De manutenção: tratamento prolongado por mais 2 anos. Objetivo: eliminar qualquer resíduo de leucemia sem que seja detectado nos exames. Obs: juntamente ao tratamento, é tentada a cura com transplante de MO. · Ocorre translocação clássica. Todo indivíduo com doença hereditária tem maior risco de ter a leucemia, pois a chance de a célula “errar” é maior. 4. Leucemia linfoide crônica (LLC): · Leucemia dos linfócitos maduros. · Sinais mais comuns: amento dos linfonodos (gânglios) e baço. · 2 sistemas de avaliação de acordo com a gravidade: sistema Rai (dividido de 0-4) e sistema Binet (dividido em A, B e C). Levam em consideração: grau de distribuição dos linfonodos, aumento do baço e fígado e a presença de anemia e queda das plaquetas. · Depois de infecções virais, aumenta sua chance de ocorrência, isso explica uma das formas de câncer em crianças. - Diagnóstico – etapas: 1. História clínica do paciente. 2. Morfologia: hemograma, mielograma, biópsia de medula e citoquímica. 3. Imunofenotipagem (para fazê-la, já se deve ter uma suspeita se é linhagem linfoide ou mieloide) e citometria de fluxo. 4. Citogenética e cariótipo. 5. Testes moleculares (FISH/ sequenciamento). Obs: + exames de imagem. Obs2: com o diagnóstico feito, inicia-se o tratamento, pois a partir do momento que se sabe qual é a leucemia, é NECESSÁRIO iniciar o tratamento imediatamente. LINFOMAS: - Câncer que ocorre nos gânglios linfáticos (locais onde ocorre a diferenciação de linfócitos – linhagem linfoide) – linfonodos. - Afeta linfócitos B e T. - Morfologicamente variável – tumor partindo de uma mutação – crescimento de um caroço no local. - Órgãos atingidos: timo, estômago ou intestino, cérebro, pulmão, ovário ou tireoide. - Linfoma Hodgkin: · Esse linfoma caracteriza-se pela presença da célula Reed-Stemberg (RS) no momento da biópsia – linfócitos B alterados. Obs: célula RS possui 2 núcleos e é maligna. · Disseminação pelos vasos linfáticos – linfonodos – tórax – mediastino. · Fatores de risco: doenças genéticas hereditárias, AIDS e imunossupressores. · Sintomas como: febre, fadiga, sudorese noturna, perda de peso, prurido, etc. - Linfomas não Hodgkin: · Representa 80% dos linfomas. · Em geral acomete pessoas acima de 60 anos. · Divididos em: · Linfomas não-Hodgkin indolentes: são menos agressivos, com bom prognóstico. Exemplos: linfoma folicular, difuso de pequenas células, MALT, de pequenos linfócitos e macroglobulinemia de Waldenstrom. · Linfomas não-Hodgkin agressivos: têm mal prognóstico. Exemplos: linfoma difuso de grandes células B, de células do manto, linfoblástico, primário do mediastino de grandes células B, de Burkitt. - Diagnóstico: · Biópsia de linfonodo – histopatológico. · Imuno-histoquímica – testes histoquímicos e moleculares. · Exames de imagem – primordiais para a diferenciação da doença. · Estadiamento (estágios que determinam o prognósico do paciente, indo do I ao IV, sendo o IV o pior estágio). MIELOMA MÚLTIPLO: - O MM é um tipo de câncer que tem origem na MO e afeta, principalmente, idosos (não é feito transplante, é tratada com medicamentos), podendo também se desenvolver em jovens. - Ataca os plasmócitos (linfócito B), não produzindo mais a resposta imunológica – Acs. - Tratamentos: · Quimioterapia: é o tratamento mais comum. · Imunomoduladores: atuam no sistema imunológico do paciente. · Inibidores de proteassoma: conseguem atacar com mais precisão as células doentes, impactando menos nas saudáveis. · Imunoterapia: faz com que o próprio sistema imunológico do paciente reconheça as células doentes e a ataque. SÍNDROME MIELODISPLÁSICA (SMD): - São como uma neoplasia maligna dos tecidos hematopoético e linfoide. São um grupo de doenças (cânceres) nas quais a produção de células sanguíneas pela MO é deficiente. - Na SMD, a MO geralmente é mais ativa do que o normal, no entanto, as células sanguíneas que ela produz não são saudáveis (displásicas). Muitas delas sofrem apoptose, que ocasiona a “morte” das células antes de atingir a corrente sanguínea ou logo depois. Resultando na redução das células na corrente sanguínea, permanecendo na MO e morrendo. · Podendo gerar anemia. - Afetam principalmente a linhagem mieloide. - Associadas a pancitopenia: redução das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas). - Acomete principalmente idosos, eles convivem anos com a doença. Normalmente não é feito transplante de MO, e sim, uso de medicamentos para estimulá-la. - Possuem tendência de evoluir para uma leucemia mieloide aguda (LMA) ao longo do tempo, e assim, a expectativa de vida diminui. Diagnóstico – neoplasias hematológicas: - Diagnóstico laboratorial geral: · Hemograma: aparecimento de blastos (aguda) e aparecimento de células maduras (crônica). · Mielograma. · Tipo citológico: identificação através de coloração citoquímica para diferenciação de mieloblastos e linfoblastos. - Diagnóstico geral: · Imunofenotipagem: podemos encontrar marcadores como CD7 e CD13. Ela complementa o mielograma, identifica a linhagem celular e identifica o estágio de maturação. - Punção lombar: aspiração do líquor para exame citológico e também para injeção de quimioterapia (impedir o aparecimento de células leucêmicas no SNC ou para destruí-las quando existir doença nesse local. - Biopsia de medula: análise de um pequeno fragmento do osso da bacia para avaliar as características das células da medula óssea. - Cariótipo: permite avaliar número, tamanho, forma e estrutura dos cromossomos de uma célula. Pode ser realizado a partir de células da MO. - FISH (Hibridização In Situ Fluorescente): u’sa moléculas fluorescentes para marcar o gene BCR-ABL na leucemia mieloide crônica (LMC). - Quimioterapia. - Terapias biológicas. - Transfusão de sangue. - Transplante de células-tronco hematopoéeticas alogênico. - Transplante de medula óssea (TMO): · Recomendado para jovens com menos de 30 anos. · Autólogo: realizado com as próprias célulasdo indivíduo. A hematopoese é estimulada e com isso, faz-se a coleta das Stem Cells. É feita a criopreservação (terapia car T cell – consiste em retirar e isolar os linfócitos T, “reprogramá-los” para conseguirem identificar células do câncer e depois inseri-los de volta no organismo do indivíduo). · Alogênico: as células vêm de outro indivíduo. Esse doador é caracterizado pela compatibilização da HLA (antígeno leucocitário humano). · Realizado após mielossupressão total e irradiação corpórea total. · Transplante de células indiferenciadas do sangue periférico ou por punção medular na crista ilíaca de doador. · É uma forma de cura. · Durante o procedimento, mantêm-se o paciente vivo por meio do suporte transfusional (com He, etc.). · Hemostasia e coagulação: Hemostasia: - É a resposta fisiológica normal do corpo para a prevenção e a interrupção de sangramento e hemorragias. No entanto, é um processo que mantém o sangue fluido dentro dos vasos, com o auxílio de proteínas naturais que são anticoagulantes. - Dentro desse processo, está a coagulação sanguínea. - A hemostasia é diferente de homeostase (capacidade de um organismo manter um equilíbrio interno). - Elementos envolvidos no proceso: 1. Plaquetas: · Células responsáveis pelo processo hemostático (atuam na coagulação sanguínea). · Provém da linhagem mieloide, com estímulo da enzima TPO (produzida no fígado). Obs: pacientes com problemas hepáticos, tem problema na síntese de plaquetas). · São fragmentos de megacariócitos (célula da MO). · São células anucleadas, tendem a se agrupar, presença de mitocôndrias, grânulos densos e específicos. Obs: agregação de plaquetas + proteínas plasmáticas (fibrinogênio) = trombo ou coágulo. · Quando está ativada, a sua conformação muda. · Inativada: em repouso. Seus papeis tradicionais de hemostasia funcionam – adesão, agregação, formação de tampão hemostático. · Ativada. Seus papéis não tradicionais de hemostasia funcionam – processos inflamatórios, imunes e no desenvolvimento e progressão tumoral. · Sua superfície é composta de glicoproteínas – GP, são importantes para realizar a sua função biológica. · GP Ib/Ix – adesão. Relaciona-se com a Síndrome de Bernard-Soulier. · GP IIb/IIIa – agregação. Relaciona-se com a Trombastenia de Glanzmann. · O valor de referência das plaquetas é de 150-450K. Um número baixo é chamado de trombocitopenia/plaquetopenia e um número alto é chamado de trombocitose/plaquetose. 2. Vasos sanguíneos. 3. Fatores pró-coagulantes plasmáticos (proteínas). 4. Agentes fibrioníticos. - Distúrbios relacionados a hemostasia: · Trombose: formação de coágulo dentro dos vasos sanguíneos. · Hemorragia: perda excessiva de sangue. · Hipertensão: pressão arterial elevada. · Hipotensão: pressão arterial baixa. - O mecanismo hemostático inclui 3 processos: 1. Hemostasia primária (envolve as plaquetas e os vasos sanguíneos): · É o processo inicial da coagulação desencadeado pela lesão vascular. · Ao lesionar o tecido epitelial, ocorre vasoconstrição (diminuindo o fluxo de sangue no local), pois o vaso também é lesionado. · Há liberação de colágeno pelas células epiteliais. · As He começam a escapar e o colágeno chama o primeiro fator: Fator von Willebrand que chama a plaqueta (ativada). · A GP da plaqueta (Ib/Ix) se adere ao FW e há liberação de grânulos (ADP e TxA2). · O TxA2 causa vasoconstrição, promovendo agregação plaquetária, no entanto, é chamada outra plaqueta (IIb/IIIa) para a sua agregação. · É feita a ativação plaquetária e a ativação das vias de coagulação. · Ao redor das plaquetas agregadas, é necessário a formação de uma proteção (tampão hemostático). · No entanto, na fase primária (plaquetária), ocorrem processos importantes: adesão, secreção e agregação plaquetária. 2. Hemostasia secundária (envolve os fatores de coagulação): · Os fatores de coagulação (enzimas) auxiliam na formação da rede (coágulo) de fibrinas, e assim, estancar o sangramento. · Essa coagulação consiste na conversão de uma proteína solúvel do plasma (fibrinogênio) em um polímero insolúvel (fibrina) pela ação da enzima trombina (degrada o fibrinogênio). E assim, forma-se um coágulo de fibrina. · A coagulação se inicia nos fatores tissulares = proteínas plasmáticas da coagulação. · É preciso a presença de cálcio para a continuação da produção de fibrina. · Formação do tampão hemostático (tampão de plaquetas). 3. Fibrinólise (fibrina): · Degradação do tampão hemostático. · Há uma proteína no sangue (plasmina) que lisa a rede de fibrina, tendendo a eliminar o coágulo, e assim, fecha/ reconstitui o tecido epitelial formando a “casquinha”. · Resumindo: há a quebra da fibrina em fragmentos solúveis pela plasmina para a recanalização do vaso. A plasmina é derivada do plasmogênio, que está ligado internamente a rede de fibrina. A antiplasmina, presente no plasma, combina-se com o excesso de plasmina liberada, impedindo o aparecimento de fibrinólise generalizada. Alterações na hemostasia: - Sintomas: sangramento facial, hematomas, esquimoses, hemorragia e trombose. - Podem haver: alterações nas plaquetas, nos fatores de coagulação, na fibrinólise, na coagulação, alterações secundárias a doenças e medicamentos. Exames laboratoriais: - Ajudam a: diagnosticar distúrbios hemostáticos, monitorar o tratamento anticoagulante, avaliar a função plaquetária, identificar fatores de risco para trombose ou hemorragia. · Laboratório: Aula 1: - Esfregaço sanguíneo. - Coloração por parótico rápido. Aula 2: - Contagem diferencial de leucócitos: serve para identificar diferentes tipos de leucócitos e as suas alterações morfológicas para possível diagnóstico. - Valor de referência dos leucócitos na lâmina: · Neutrófilos: 40-70%. · Eosinófilos: 1-5%. · Basófilos: 0-1%. · Monócitos: 2-12%. · Linfócitos: 20-40%. image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image10.jpeg image11.png image12.jpeg image13.png image14.jpeg image1.png image2.jpeg image3.jpeg