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Notas de Aula do Curso de Análise Macroeconômica III – Ibmec Poupança, conta corrente e investimento, cap. 6, Sachs e Larrain Professor Christiano Arrigoni Coelho Poupança e conta corrente • Economia fechada: Q=C+I S=I. • Economia aberta: S>IQ>C+I A economia como um todo está exportando produção (renda) para o resto do mundo superávit em conta corrente A contrapartida desse excesso de exportação de produto será o acúmulo de ativos externos líquidos. Poupança e conta corrente • Economia aberta: S<IQ<C+I A economia como um todo está importando produção (renda) do resto do mundo déficit em conta corrente A contrapartida desse excesso de importação de produto será o acúmulo de passivos externos líquidos. Poupança e conta corrente • Economia fechada: S e I são funções da taxa real de juros. Em equilíbrio sempre será verdade que S(r)=I(r)Quando Q>C+I A taxa de juros real cai até o ponto em que S=I (o raciocínio análogo vale para quando Q<C+I). • Taxa real de juros é a variável endógena que se ajusta para equilibrar o mercado de bens. Poupança e conta corrente • Exemplo: Aumento temporário da renda. S’(r) I(r) S(r) r1 S1 r2 1.Excesso de poupança à taxa de juros r1. A taxa de juros vai ter que cair para igualar poupança e investimento S2 2. Só quando à taxa de juros real cair de r1 para r2 é que o equilíbrio (S=I) será restabelecido. r S=I Poupança e conta corrente • Essa lógica da economia fechada não se estende para economia aberta, uma vez que a comercialização de bens e de ativos financeiros com o resto do mundo torna possível que a poupança agregada seja diferente do investimento. Poupança e conta corrente • Definição de conta corrente: passado período no líquidos externos ativos atual período no líquidos externos ativos corrente conta * 1 * * 1 * B B CC BBCC Poupança e conta corrente • Para uma data inicial 0 qualquer e para qualquer período t, podemos mostrar que : • Ou seja: a posição de ativos externos líquidos em t depende do valor inicial dos ativos externos líquidos ( ) e da trajetória da conta corrente entre a data seguinte a inicial (data 1) e a data atual (data t). tt CCCCCCCCBB ...321 * 0 * * 0B Poupança e conta corrente • Se , então dizemos que o país é um credor externo líquido na data t. • Se , então dizemos que o país é um devedor externo líquido na data t. • Países que acumularam déficits em conta corrente ao longo do tempo são devedores líquidos do resto do mundo, enquanto que aqueles que acumularam superávits são credores líquidos do resto do mundo. 0* tB 0* tB Poupança e conta corrente • Do individual ao agregado. A variação dos ativos de uma família i em qualquer data é igual à: iiiii iii iiiiii ICYBB rBQY ICrBQBB 1 1 11 Poupança e conta corrente • Somando para todas as N famílias: II CC RLREPIBPNBYY BB ICYBB N i i N i i N i i N i i N i N i N i N i iiiii 1 1 1 * 1 1 1 1 1 1 líquidos externos ativos Poupança e conta corrente • Logo: AYCC ICA ICYCC ou ISCCBB Logo CYS ICYBB interno) (gasto interna absorção : : * 1 * * 1 * Poupança e conta corrente • Voltando ao gráfico de poupança e investimento. I(r) S(r) r1 * 1.Excesso de poupança sobre investimento à taxa de juros r*1. Superávit em conta corrente r S,I r2 * 2. Excesso de investimento sobre poupança à taxa de juros r*2. Déficit em conta corrente Poupança e conta corrente • Podemos colocar CC como função de r. CC(r) r1 * r S,I r2 * Poupança e conta corrente • Comércio e conta corrente: BCCCrB BCCCrB Se rB rBBCCC rBAQArBQAYCC Logo AQMAQMXBC AQXXAPIBQ MAA ICA AYCC d dd d ,externo) líquido(devedor 0 ,externo) líquido(credor 0 : exterior do recebida líquida renda : * 1 * 1 * 1 * 1 * 1 * 1 Brasil: Balanço de Pagamentos (em US$ milhões) Discriminação 2005 2006 2007 2008 2009 Balança comercial (FOB) 44703 46457 40032 24836 25290 Exportação de bens 118308 137807 160649 197942 152995 Importação de bens -73606 -91351 -120617 -173107 -127705 Serviços e rendas (líquido) -34276 -37120 -42510 -57252 -52930 Serviços (turismo, seguros, aluguel de equipamentos, etc). -8309 -9640 -13219 -16690 -19245 Receita 16047 19476 23954 30451 27728 Despesa -24356 -29116 -37173 -47140 -46974 Rendas (Salário e ordenado, lucros e dividendos e juros) -25967 -27480 -29291 -40562 -33684 Receita 3194 6462 11493 12511 8826 Despesa -29162 -33942 -40784 -53073 -42510 Transf. Unilaterais Correntes 3558 4306 4029 4224 3338 TRANSAÇÕES CORRENTES 13985 (1,58% do PIB) 13643 (1,25% do PIB) 1551 (0,11% do PIB) -28192 (-1,71% do PIB) -24302 (-1,52% do PIB) CONTA CAPITAL E FINANCEIRA -9464 16299 89086 29352 71301 Conta capital 2/ 663 869 756 1055 1129 Conta financeira -10127 15430 88330 28297 70172 Investimento direto 12550 -9380 27518 24601 36033 Investimentos em carteira 4885 9081 48390 1133 50283 Derivativos -40 41 -710 -312 156 Outros investimentos -27521 15688 13131 2875 -16300 ERROS E OMISSÕES -201 628 -3152 1809 -347 RESULTADO DO BALANÇO 4319 30569 87484 2969 46651 VAR. RESERVAS (-=aumento) -4319 -30569 -87484 -2969 -46651 Modelo de uma pequena economia aberta • Hipóteses: • 1) Consumo depende negativamente da taxa real de juros. Capítulo 4: efeitos renda de credores e devedores se cancelam, restando apenas o efeito substituição. Além disso o consumo depende da renda permanente, considerada exógena: rYCC p , Modelo de uma pequena economia aberta • Com a hipótese anterior, podemos escrever a poupança como função da taxa real de juros, da renda permanente disponível : rQQSS rQQYCQS futuro futurop ,, ,, Modelo de uma pequena economia aberta • 2) Investimento depende negativamente da taxa real de juros. Capítulo 5: taxa real de juros é um importante determinante do custo do capital. Quanto maior a taxa real de juros, maior será a PMg do capital no ótimo, menor será o estoque de capital e o nível de investimento. rPmgKII futura, Modelo de uma pequena economia aberta • Hipóteses: • 3) Pequena economia aberta com perfeita mobilidade de capitais: • Pequena economia: decisões de poupança e investimento agregados dessa economia não afetam a taxa real de juros internacional. • Perfeita mobilidade de capitais: residentes estão livres para emprestar e tomar emprestado no mercado financeiro internacional. Modelo de uma pequena economia aberta • A hipótese 3) implica que a taxa real de juros doméstica é exógena (a economia é pequena) e deve sempreser igual a taxa de juros internacional (existe perfeita mobilidade de capital). Modelo de uma pequena economia aberta • Resumo do modelo: • Variáveis exógenas: • Variável endógena: • Obs: o modelo, nessa forma simples, omite uma importante variável endógena que garante que a economia gere um saldo comercial compatível com o saldo em conta corrente que o modelo prevê: a taxa de câmbio real *,,, rrPmgKQQ futurafuturo ** ? ,,, rrPmgKIrrQQSISCC futurafuturo ou Representação gráfica do modelo • Eixo r-S,I. I(r) S(r) r* Em equilíbrio r= r*. A essa taxa de juros há superávit em conta corrente, pois S>I r S,I Fatores que deslocam as curvas S e I • Curva S: • e constante. Nesse caso, há um aumento transitório da renda, C aumenta, mas menos do que o aumento da renda. Logo, S (desloca S para a direita). • constante e .Nesse caso, há um aumento da renda futura, C aumenta, mas Q está constante. Logo, S (desloca S para a esquerda). • e .Nesse caso, há um aumento permanente da renda, C aumenta mais ou menos no mesmo montante do aumento da renda. Logo, S fica constante (S não se desloca). futuroQQ, Q futuroQ Q futuroQ Q futuroQ Fatores que deslocam as curvas S e I • Curva I: • I (desloca I para a direita). futuraPmgK futuraPmgK Resultados gerais de estática comparativa • Fatores que deslocam a curva S para a direita (esquerda) aumentam (diminuem) o saldo em conta corrente ( ou transitória de renda, ou da renda futura). • Fatores que deslocam a curva I para a direita (esquerda) diminuem (aumentam) o saldo em conta corrente ( ou PMgK futura). • Choques das relações de troca. Modelo de dois períodos para a economia aberta • Restrição orçamentária intertemporal de uma nação no modelo de 2 períodos (análogo ao caso de uma família individual): • • Como no caso das famílias, iremos supor: 11 * 01 * 0 * 11 ICrBQBBCC 2 * 12 * 1 * 22 CrBQBBCC 0*0 * 2 BB Modelo de dois períodos para a economia aberta • Logo: • • Logo: • Juntando as duas equações acima, chega-se na restrição orçamentária intertemporal da nação: 111 * 11 ICQBCC 2 * 12 * 12 CrBQBCC r Q IQ r C C 11 2 11 2 1 Modelo de dois períodos para a economia aberta • Logo, pode-se concluir o seguinte: 1. Dtt 2. tt 3. 2211122111 ; CQICQCQICQ 00 00 21 21 CCCC CCCC ;00 ;00 2221111 2221111 BCCQBCICQ BCCQBCICQ Modelo de dois períodos para a economia aberta • Vimos de aulas passadas que a balança comercial pode ser definida como: • • Logo, a restrição orçamentária intertemporal pode ser reescrita como: 111111 ICQAQBC 22222 CQAQBC r BC BC 1 2 1 Modelo de dois períodos para a economia aberta • Outra forma de se analisar. Se • • Logo: * 11 BCC 21 CCCC :0*0 * 2 BB * 12 BCC O balanço de pagamentos no modelo de dois períodos Período 1 Período 2 Conta corrente Q1-C1 -(Q1-C1) Saldo comercial Q1-C1 -(1+r) (Q1-C1) Conta de serviços 0 r(Q1-C1) Conta capital -(Q1-C1) Q1-C1 Total (conta corrente e de capital) 0 0 Modelo de dois períodos para a economia aberta • Agente representativo: 11 . ln 1 1 ln,max 112 1 222 2 11 2 1 2121,, 121 IKK LAKQ r Q IQ r C C as CCCCULICC Modelo de dois períodos para a economia aberta 1* 2 * 2 * 11 * 2 1 1 1 * 1 * 1 * 1 * 2 1 * 2 * 1 * 2 1 * 1 1 2 1 12 1 2 1 12 1 LKAQ IKK K r AL I W r r Q Q r C W r Q QC • CPOs: Modelo de dois períodos para a economia aberta • Conta corrente de equilíbrio na pequena economia aberta: 1* 1 * 1 1* 1 1 * 1 * 1* * 2 11 * 1 * 11 * 1 * 1 11 1 2 1 2 1 12 1 K r AL r LK r AL A QCC I r Q QQICQBCC Modelo de dois períodos para a economia aberta • Estática comparativa na solução: 0 11 111 1 2 1 0 2 1 2* 1 2* 1* 1 1 2* 1 1 1* 1 *12 * * 1 1 * 1 r AL r K r AL AL r AL K r AL rAL r CC Q CC • Obs: pode-se implementar o mesmo tipo de análise para CC2 Extensão para T períodos • Vamos supor agora um número finito de períodos (T) e . Nesse caso, a restrição orçamentária intertemporal se torna: • Se , condições análogas as anteriores podem ser mostradas: T t t tt T t t t r IQ Br r C 1 1 * 0 1 1 1 1 1 0 e 0 *0 * BBT 0;0 1 11 1 T t t T t t t CC r BC 0*0 B Extensão para T infinito • É bastante realista supor que para países a data T de término é indefinida. Logo, podemos reescrever a equação usando o limite quando T tende ao infinito: 1 * 1 1 * 0 1 1 1 lim 1 1 1 TTT t t tt t t t r B r IQ Br r C A condição de impossibilidade de um esquema Ponzi • Imporemos uma condição análoga à para o caso de muitos períodos. No longo prazo, o crescimento de estará limitado, será menor do que 1+r. Descartam-se trajetórias de crescimento explosivas para o estoque de ativos. Ou seja, em qualquer período t, o estoque de ativos terá um valor finito. 0 1 lim 1 * T T T r B 0* TB * TB tNBt ||que talsuficiente o grande N Existe * A condição de impossibilidade de um esquema Ponzi • Esquema Ponzi: rolar juros e principal eternamente. Ou seja, em cada período aumentar a sua dívidaà taxa geométrica 1+r, de forma que em nenhum momento se paga juros ou principal da dívida. A condição anterior elimina essa possibilidade. • Logo, no caso em que os mercados financeiros internacionais conseguem impor essa condição, temos: 1 1 * 0 1 1 1 1 1 t t tt t t t r IQ Br r C A condição de impossibilidade de um esquema Ponzi • Outra forma de se enxergar a equação anterior: • Defino: 1 1 1 1 * 0 11 1 t t tt t t t r IQ r C Br * 0 * 0 BD 1 1 * 0 1 1 * 0 1 1 1 1 t t t t t ttt r BC Dr r ICQ Dr A condição de impossibilidade de um esquema Ponzi • Ou seja, se a economia é devedora líquida no mercado financeiro internacional na data inicial, deve gerar superávits comerciais no futuro, em valor presente, equivalentes ao valor da dívida inicial[ ]. • Importante: a nação não precisa gerar superávits comerciais em todo o período de tempo, mas em algum ponto do futuro terá que gerar superávits comerciais suficientes. Ou seja, a trajetória da balança comercial deve ser consistente com a condição anterior. *01 Dr A condição de impossibilidade de um esquema Ponzi • Porém, a condição de impossibilidade de esquema Ponzi exige apenas que a nação gere superávits comerciais suficientes para pagar o juros sobre a dívida (rD0*). Em particular, pode-se mostrar que a estratégia de se gerar superávits comerciais de amanhã em diante apenas igual ao serviço da dívida é compatível com a equação anterior. Transferência líquida de recursos • Definição: • Intuição: Isso se refere ao que é pagamento efetivo da dívida. Se variação da dívida=serviço da dívida, então a nação simplesmente tomou mais recursos emprestados para pagar o serviço da dívida e para os credores isso não representou transferência líquida de recursos. É como se eles tivessem pagado a si próprios pelo serviço da dívida, pois a nação utilizou novos empréstimos para pagar empréstimos antigos. Note também a relação entre o crescimento da dívida e essa expressão. • Pode-se mostrar que: • Logo: * 1* 1* ttt rDDDTLR tt BCTLR 1 1 * 0 1 1 t t t r TLR Dr Economia grande com perfeita mobilidade de capitais • Para algumas economias suficientemente grandes, não é razoável supor que a taxa de juros real seja exógena. • Condição de equilíbrio no mercado financeiro internacional: Smundial=Imundial CCpaís_grande=-CCresto mundo. • 1) Equilíbrio autárquico; 2) Mobilidade de capitais: taxa de juros real mundial se ajusta: diminui aonde é maior e aumenta aonde é menor;3) Estática comparativa: queda de poupança. • Economia grande é um meio termo entre economia fechada e pequena economia aberta. Quanto maior a economia, mais o ajuste se dará via taxa de juros real (mais parecido com uma economia fechada). Quanto menor a economia, mais o ajuste se dá via CC (mais parecido com pequena economia). Controles de capital • Economia autárquica: não pode realizar transações financeiras com o resto do mundo. • Gráfico de uma pequena economia aberta versus uma economia autárquica. • Gráfico com a perda de bem-estar quando se está em uma economia autárquica (nesse caso a taxa de juros não é fixa, ela muda quando se passa para uma economia autárquica e isso modifica a RO intertemporal). • Estática comparativa em uma economia fechada: ajuste via taxa de juros real. Comparando vários modelos Problemas de risco e cobrança de dívida • Existe dificuldade legal de se cobrar dívidas entre residentes e não residentes, especialmente de governos. • Ponderando custos e benefícios, os governos podem decidir não honrar compromissos externos. • Credores internacionais vão cobrar prêmios de risco. Problemas de risco e cobrança de dívida • Prêmios de risco e taxa de juros dependem positivamente da quantidade de empréstimos internacionais, pois maior será a tentação a não honrar o pagamento. • Pode chegar-se a um ponto em que a dívida externa de um país se torne tão grande que mesmo oferecendo taxas de juros mais altas ele não consiga se financiar no mercado de crédito internacional (racionamento de crédito). Problemas de risco e cobrança de dívida • Deveríamos elaborar um modelo em que o prêmio de risco fosse uma variável endógena para analisar de forma completa as suas conseqüências para os nossos resultados. • Pode-se adiantar que nesse caso a conta corrente se comportará de forma parecida a de uma nação grande: em reação a choques, parte do ajuste se dará na conta corrente e parte se dará na taxa de juros doméstica (via prêmio de risco). Note que agora as nações não necessariamente enfrentam a mesma taxa de juros no mercado internacional.
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