Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANAIS DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS Liberdade, Democracia e Meio Ambiente ANAIS DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS Liberdade, Democracia e Meio Ambiente Volume 1 Curitiba – Paraná De 20 a 24 de novembro de 2011 Ordem dos Advogados do Brasil - Conselho Federal Gestão 2010/2013 Diretoria Ophir Cavalcante Junior Presidente Alberto de Paula Machado Vice-Presidente Marcus Vinicius Furtado Coêlho Secretário-Geral Márcia Machado Melaré Secretária-Geral Adjunta Miguel Ângelo Cançado Diretor-Tesoureiro Conselheiros Federais Titulares e Suplentes empossados na Gestão: AC: Cesar Augusto Baptista de Carvalho, Renato Castelo de Oliveira, Tito Costa de Oliveira, Floriano Edmundo Poersch e Luiz Saraiva Correia; AL: Felipe Sarmento Cordeiro, Marcelo Henrique Brabo Magalhães, Paulo Henrique Falcão Brêda, Fernando Carlos Araújo de Paiva, Welton Roberto e Pedro Acioli Filho; AP: Adamor de Souza Oliveira, Sandra do Socorro do Carmo Oliveira, Vera de Jesus Pinheiro e Ricardo Gonçalves Santos; AM: Jean Cleuter Simões Mendonça, João Bosco de Albuquerque Toledano, José Alberto Ribeiro Simonetti Cabral e Miquéias Matias Fernandes; BA: Durval Julio Ramos Neto, Luiz Viana Queiroz, Marcelo Cintra Zarif e Ruy João Ribeiro Gonçalves Junior; Silvia Nascimento Cardoso dos Santos Cerqueira; CE: Hércules Saraiva do Amaral, José Danilo Correia Mota, Paulo Napoleão Gonçalves Quezado, Mário Carneiro Baratta Monteiro Filho e Jardson Saraiva Cruz; DF: Daniela Rodrigues Teixeira, Délio Fortes Lins e Silva, Meire Lúcia Gomes Monteiro Mota Coelho e Rodrigo Badaró Almeida de Castro; ES: Aroldo Limonge, Djalma Frasson, Luiz Cláudio Silva Allemand, Setembrino Idwaldo Netto Pelissari e Evandro de Castro Bastos; GO: Felicíssimo Sena, João Bezerra Cavalcante, Miguel Ângelo Cançado, Paulo Afonso de Souza e Marisvaldo Cortez Amado; MA: José Guilherme Carvalho Zagallo, Raimundo Ferreira Marques, Ulisses César Martins de Sousa, José Caldas Gois Junior, Adailton Lima Bezerra e Ítalo Fábio Gomes de Azevedo; MT: Francisco Anis Faiad, Francisco Eduardo Torres Esgaib, José Antonio Tadeu Guilhen, Marden Elvis Fernandes Tortorelli e Dinara de Arruda Oliveira; MS: Afeife Mohamad Hajj, Carmelino de Arruda Rezende e José Sebastião Espíndola; MG: José Murilo Procópio de Carvalho, José Henrique Café de Sousa Novais, Paulo Roberto de Gouvêa Medina, Raimundo Cândido Junior, Mário Lúcio Quintão Soares e Welington Luiz Teixeira; PA: Angela Serra Sales, Frederico Coelho de Souza, Roberto Lauria, José Acreano Brasil, Rodolfo Hans Geller e Jorge Luiz Borba Costa; PB: Genival Veloso de França Filho, Vital Bezerra Lopes, Walter de Agra Júnior, Carlos Fábio Ismael dos Santos Lima e Angela Maria Dantas Lufti de Abrantes; PR: Alberto de Paula Machado, René Ariel Dotti, Romeu Felipe Bacellar Filho, Paulo Henrique de Arruda Gonçalves e José Miguel Garcia Medina; PE: Jayme Jemil Asfora Filho, Leonardo Accioly da Silva, Pedro Henrique Braga Reynaldo Alves, Emerson Davis Leônidas Gomes e Mozart Borba Neves; PI: José Norberto Lopes Campelo, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, Willian Guimarães Santos de Carvalho e Mário Roberto Pereira de Araújo; RJ: Carlos Roberto Siqueira Castro, Cláudio Pereira de Souza Neto e Marcus Vinicius Cordeiro; RN: Lucio Teixeira dos Santos, Sérgio Eduardo da Costa Freire, Wagner Soares Ribeiro de Amorim, Edmar Eduardo de Moura Vieira, Elke Mendes Cunha Freire e Felipe Augusto Cortez Meira de Medeiros; RS: Cléa Carpi da Rocha, Luiz Carlos Levenzon, Renato da Costa Figueira, Luiz Felipe Lima de Magalhães e Gilmar Stelo; RO: Celso Ceccatto, Gilberto Piselo do Nascimento e Orestes Muniz Filho; RR: Ednaldo Gomes Vidal, Francisco de Assis Guimarães Almeida, Maryvaldo Bassal de Freire, Alexandre Cezar Dantas Socorro, Gierck Guimarães Medeiros e Josué dos Santos Filho; SC: Joel de Menezes Niebuhr, Paulo Marcondes Brincas, Rafael de Assis Horn, Walter Carlos Seyfferth, João Gabriel Testa Soares e Hélio Rubens Brasil; SP: Arnoldo Wald Filho, Guilherme Octávio Batochio e Márcia Machado Melaré e Tallulah Kobayashi de A. Carvalho; SE: Henri Clay Santos Andrade, Valmir Macedo de Araujo, Miguel Eduardo Britto Aragão, Joaquim de Calasans Melo Filho, e Jorge Aurélio Silva; TO: Antonio Pimentel Neto, Manoel Bonfim Furtado Correia, Mauro José Ribas, Carlos Augusto de Souza Pinheiro e Antonio Pereira da Silva. Ex-Presidentes 1. Levi Carneiro (1933/1938) 2. Fernando de Melo Viana (1938/1944) 3. Raul Fernandes (1944/1948) 4. Augusto Pinto Lima (1948) 5. Odilon de Andrade (1948/1950) 6. Haroldo Valladão (1950/1952) 7. Attílio Viváqua (1952/1954) 8. Miguel Seabra Fagundes (1954/1956) 9. Nehemias Gueiros (1956/1958) 10. Alcino de Paula Salazar (1958/1960) 11. José Eduardo do P. Kelly (1960/1962) 12. Carlos Povina Cavalcanti (1962/1965) 13. Themístocles M. Ferreira (1965) 14. Alberto Barreto de Melo (1965/1967) 15. Samuel Vital Duarte (1967/1969) 16. Laudo de Almeida Camargo (1969/1971) 17. *José Cavalcanti Neves (1971/1973) 18. José Ribeiro de Castro Filho (1973/1975) 19. Caio Mário da Silva Pereira (1975/1977) 20. Raymundo Faoro (1977/1979) 21. *Eduardo Seabra Fagundes (1979/1981) 22. *J. Bernardo Cabral (1981/1983) 23. *Mário Sérgio Duarte Garcia (1983/1985) 24. *Hermann Assis Baeta (1985/1987) 25. *Márcio Thomaz Bastos (1987/1989) 26. *Ophir Filgueiras Cavalcante (1989/1991) 27. *Marcello Lavenère Machado (1991/1993) 28. *José Roberto Batochio (1993/1995) 29. *Ernando Uchoa Lima (1995/1998) 30. *Reginaldo Oscar de Castro (1998/2001) 31. *Rubens Approbato Machado (2001/2004) 32. *Roberto Antonio Busato (2004/2007) 33. *Cezar Britto (2007/2010). *Membros Honorários Vitalícios ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL CONSELHO FEDERAL ANAIS DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS Liberdade, Democracia e Meio Ambiente Volume 1 Curitiba – Paraná De 20 a 24 de novembro de 2011 Brasília / 2012 © Ordem dos Advogados do Brasil Conselho Federal, 2012 Editoração e distribuição: Gerência de Relações Externas Setor de Autarquia Sul - Quadra 5, Lote 2, Bloco N, Sobreloja Brasília, DF CEP 70.070-913 Fones: (61) 2193-9663 e 2193-9605 Fax: (61) 2193-9632 e-mail: biblioteca@oab.org.br Tiragem: 1.000 exemplares impressos / 2.000 exemplares em mídia eletrônica Coordenação: Aline Machado Costa Timm Capa: Susele Bezerra de Miranda Fotos: Eugenio Novaes FICHA CATALOGRÁFICA Suzana Dias da Silva – CRB1/1964 Conferência Nacional dos Advogados (21. : 2011 : Curitiba, PR) C748a Anais da Conferência Nacional dos Advogados : liberdade, democracia, meio ambiente, Curitiba, 20 a 24 de novembro de 2011 / coordenação Aline Machado Costa Timm. - Brasília: OAB, Conselho Federal, 2012. 2 v. ; il. ISSN 2175-5752 1. Advogado - Congresso - Brasil. 2. Direito de liberdade. 3. Democracia. 4. Direito ambiental. I. Timm, Aline Machado Costa. II. Ordem dos Advogados do Brasil. Conselho Federal. III. Título. CDDDir: 341.41504 SUMÁRIO VOLUME I Apresentação Ophir Cavalcante Junior 33 Biografia do Patrono Nacional Caio Mário da Silva Pereira (in memorian) 35 Biografia do Patrono Local Élio Narezi (in memorian) 37 Biografia do agraciado com a Medalha Rui Barbosa José Afonso da Silva 39 Comissões da XXI Conferência 40 Regimento Interno 41 Programa da Conferência 47 As Conferências Nacionais 50 CERIMÔNIA SOLENE DE ABERTURA DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS Discurso do Presidente do Conselho Seccional da OAB / Paraná José Lúcio Glomb 51 Discurso do representante do Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais Omar Coêlho de Mello 58 Discurso do Governador do Paraná Beto Richa 62 Discurso do Presidente do Conselho Federal da OABOphir Cavalcante Junior 65 Trabalho vencedor da 4ª Edição do Prêmio Evandro Lins e Silva Daniel Cavalcante Silva 73 CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO Carta de Natal Leitura de Eduardo Seabra Fagundes 127 Discurso do Presidente do Conselho Federal da OAB Ophir Cavalcante Junior 129 CONFERÊNCIAS MAGNAS Liberdade, Democracia e Meio Ambiente Dalmo Dallari 137 Democracia, Desenvolvimento e Dignidade Humana: uma agenda para os próximos dez anos Luís Roberto Barroso 151 PAINÉIS DIREITOS POLÍTICOS Reflexões acerca de Reforma Política Ricardo Lewandowski 169 Financiamento e Gastos de Campanha: Fontes e Limites Arnaldo Versiani 175 Cláusula de Barreira e Coligação Proporcional Carlos Eduardo Caputo Bastos 183 Reeleição para Cargos Executivos Cláudio Pereira de Souza Neto 193 Listas Eleitorais: Ilusões e Riscos Reginaldo Oscar de Castro 199 SEGURANÇA PÚBLICA Valorização da Atividade Policial Comprometida com os Direitos Humanos José Eduardo Cardozo 207 Dignidade Humana e Combate ao Crime Marco Aurélio Mello 213 Os Dilemas do Sistema Penitenciário Brasileiro Roberto Gurgel 217 O Cumprimento da Pena, Progressão de Regime e Regime Disciplinar Diferenciado José Roberto Batochio 221 Respeito às Garantias Civis nas Comunidades Carentes Jorge Fontoura 231 DIREITO DE LIBERDADE Liberdade de Imprensa e a Intervenção do Estado Carlos Ayres Britto 237 Políticas Públicas: Segurança Pública e Liberdade Luís Inácio Adams 243 Inviolabilidade das Comunicações, Escutas Ambientais e Privacidade Ruy Samuel Espíndola 249 União Homoafetiva – Direitos e Efeitos Jurídicos Maria Berenice Dias 259 Sigilo Fiscal: Direito do Cidadão e Limites ao Poder do Estado Antonio Carlos Rodrigues do Amaral 275 DIREITOS E GARANTIAS DO INVESTIGADO, INDICIADO E RÉU Prova Ilícita e a Responsabilidade pelo Abuso de Autoridade Jacinto Nelson de Miranda Coutinho 289 A Influência da Mídia nos Processos Criminais Miguel Reale Junior 307 O Juiz das Garantias no Projeto de Código de Processo Penal Fernando Fragoso 323 Restrições Legais, Regimentais e Judiciais do Instituto do Habeas Corpus Alberto Zacharias Toron 329 DIREITO DE IGUALDADE Igualdade de Gênero e Proteção Jurídica da Mulher Roberta Fragoso Kaufmann 351 Igualdade Jurídica, Políticas Públicas e Desigualdades Sociais José de Faria Costa 371 Acesso à Justiça e Igualdade perante a Jurisdição Luiz Guilherme Marinoni 375 Acessibilidade e Direitos do Deficiente Ricardo Tadeu Marques da Fonseca 393 Ações Afirmativas e Cotas Luiz Viana Queiroz 407 DIREITO SOCIAL À EDUCAÇÃO A Importância dos Instrumentos de Avaliação dos Ensinos Médio e Superior Walter de Agra Junior 413 A Massificação do Ensino Jurídico e suas Implicações João Maurício Adeodato 417 A Importância dos Direitos Humanos no Ensino Jurídico Flavia Piovesan 429 A Deficiência do Ensino Jurídico e a Importância do Exame de Ordem Paulo Roberto de Gouvêa Medina 439 O Critério da Necessidade Social e os Cursos Jurídicos Álvaro Melo Filho 447 DIREITO ADMINISTRATIVO Lei de Licitações: Moralidade versus Eficiência Administrativa Marcio Cammarosano 461 Exploração de Petróleo: Concessão, Partilha e Compensações Financeiras Wellington Dias 467 Contratação Direta de Serviços Advocatícios pela Administração Pública Romeu Felipe Bacellar 475 Serviços Públicos, Parcerias com o Setor Privado e Direito do Usuário Marcelo Figueiredo 481 Regulação e Defesa da Concorrência: Agências e CADE Pedro Dutra 485 PROCESSO CIVIL, CELERIDADE E DIREITO DE DEFESA Acompanhamento do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ao Projeto de Novo Código de Processo Civil Luiz Carlos Levenzon 493 Os Honorários Advocatícios no Projeto do Novo CPC José Miguel Garcia Medina 501 A Administração Eficiente dos Tribunais como Forma de Alcançar Celeridade Milton Nobre 509 Tutelas de Urgência Eduardo Talamini 523 DIREITO TRIBUTÁRIO A Advocacia, a Defesa do Contribuinte e os Limites ao Poder de Tributar Misabel Derzi 545 A Reforma Tributária: Realidade, Conquistas, Retrocessos e Desafios Everardo Maciel 565 A Burocracia Fiscal: Implicações no Desenvolvimento Nacional e na Competitividade do País Luiz Cláudio Silva Allemand 573 O Imposto Sobre Grandes Fortunas – Reflexões e Tendências Atuais no Direito Brasileiro e Comparado Rogério Gandra Martins 583 Os Benefícios do Simples Nacional para a Advocacia Ulisses César Martins de Sousa 607 VOLUME 02 DIREITO À SAÚDE E À ALIMENTAÇÃO Direito à Saúde, Autonomia do Paciente e Morte Digna Hélio Bicudo 641 Alimentação Adequada e Direito à Saúde Patrus Ananias de Sousa 645 Exame Crítico da Distribuição de Renda Face às Políticas de Saúde Sueli Dallari 653 Saúde e Judicialização Antonio Jose Avelãs Nunes 663 Controle e Fiscalização dos Recursos Públicos da Saúde e dos Programas Sociais Marcelo Henrique Brabo Magalhães 679 DIREITO DO CONSUMIDOR A Evolução da Jurisprudência de Defesa do Consumidor Odon Bezerra Cavalcanti Sobrinho 697 Comércio Eletrônico e Proteção do Consumidor Carlos Alberto Andreucci 703 Publicidade e Direito do Consumidor Rizzatto Nunes 707 O Papel das Agências Reguladoras Silvio Pessoa Junior 711 As Garantias Processuais do Consumidor Bruno Miragem 719 DIREITOS E GARANTIAS DOS ADVOGADOS O Livre Exercício Profissional e o Crime de Abuso de Poder Luiz Flávio Borges D’Urso 737 Prerrogativas do Advogado como Garantia do Cidadão Ercílio Bezerra de Castro Filho 745 O Catálogo de Prerrogativas Estatutárias e sua Efetivação Wadih Nemer Damous Filho 749 Inviolabilidade do Local e Instrumentos de Trabalho do Advogado Francisco Anis Faiad 757 Prerrogativas como Garantia do Devido Processo Legal Orestes Muniz Filho 763 DIREITO DE PROPRIEDADE Propriedade, Moradia e Dignidade Humana Zulmar Antonio Fachin 777 Questões Controvertidas da Propriedade Intelectual Francisco Rezek 781 Função Social da Propriedade Rural e Reforma Agrária Olindo Menezes 787 Desapropriação e Atuação Abusiva do Poder Público Leonardo Avelino Duarte 813 A Proteção Jurídica dos Direitos Autorais e a Internet Eduardo Lycurgo Leite 819 DIREITO SOCIAL DO TRABALHO A Desconsideração da Personalidade Jurídica no Direito do Trabalho Maria Cristina Peduzzi 827 Responsabilidade Civil Acidentária José Affonso Dallegrave Neto 845 O Direito de Personalidade nas Relações de Trabalho Estêvão Mallet 871 Recuperação de Empresas e Sucessão Trabalhista Suzy Cavalcante Koury 885 DIREITO AMBIENTAL Controle e Responsabilidade por Catástrofes Naturais Fábio Feldmann 905 Os Limites da Propriedade, Licenças Ambientais e Proteção do Meio Ambiente Paulo Affonso Leme Machado 911 Demarcação de Terras Indígenas e Jurisprudência do STF Walber de Moura Agra 923 A Proteção Constitucional do Meio Ambiente Cristiano Paixão de Araújo 929 JUDICIÁRIO, MINISTÉRIO PÚBLICO E DEMOCRACIA O Quinto Constitucional como Instrumento de Participação da Sociedade na Composição dos Tribunais João OtávioNoronha 943 Os Desafios Políticos e Jurídicos do CNJ Jorge Hélio Chaves de Oliveira 949 Mandato para os Tribunais Superiores e Forma de Escolha para o STF Clemerson Merlin Cleve 955 Advocacia, Magistratura e Ministério Público – Equilíbrio Necessário Roberto Antonio Busato 963 O Controle Externo do Ministério Público: Análise da Atuação do CNMP Almino Afonso Fernandes 971 O Controle Externo do Judiciário: Análise da Atuação do CNJ Eliana Calmon 977 DIGNIDADE E DIREITOS HUMANOS Dignidade e Direitos Fundamentais Jorge Miranda 987 Dignidade e Garantias no Processo Judicial Manoel Caetano Ferreira Filho 999 Dignidade e Sistema Prisional Luiz Flávio Gomes 1013 Dignidade e Direito das Vítimas Marcelo Leonardo 1023 Dignidade e Obrigatoriedade das Decisões de Tribunais Internacionais Roberto de Figueiredo Caldas 1035 DIREITOS DAS FAMÍLIAS, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO Síndrome da Alienação Parental e Proteção da Criança Luis Cláudio da Silva Chaves 1053 Direitos Sucessórios da Companheira Gustavo Tepedino 1059 Questões Controvertidas da Jurisprudência sobre a Paternidade Socioafetiva Luiz Edson Fachin 1073 Violência nas Relações Familiares Rolf Madaleno 1085 Direito Fundamental do Idoso à Vida Digna José Norberto Lopes Campelo 1093 O PROBLEMA DA EFICÁCIA DOS DIREITOS SOCIAIS A Questão da Exigibilidade Judicial dos Direitos Sociais Lenio Streck. 1101 A Caracterização do Mínimo Existencial no Contexto Brasileiro Virgílio Afonso da Silva 1121 Orçamento Público, Direitos Sociais e Escolhas Políticas Fernando Facury Scaff 1127 A Insuficiente Qualidade dos Serviços Públicos e os Direitos Sociais Celso Antonio Bandeira de Mello 1145 A Conciliação como Instrumento de Efetivação dos Direitos Sociais Manoel Antonio Teixeira Filho 1151 A NOVA REALIDADE DO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA Processo Eletrônico: Vantagens e Entraves ao Exercício Profissional José Guilherme Carvalho Zagallo 1161 A Atuação dos Escritórios Estrangeiros no Brasil e as Sociedades de Advogados Alfredo de Assis Gonçalves Neto 1165 Planejamento e Administração dos Escritórios de Advocacia no Século XXI Marcelo Cintra Zarif 1171 A Inserção da Advocacia no Mundo Globalizado e no Mercosul Cezar Britto 1175 A Atuação do Advogado na Mediação e Arbitragem Arnoldo Wald 1181 TRABALHOS VENCEDORES DA “SESSÃO DE APRESENTAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS” A Aplicação do Princípio da Cooperação Intersubjetiva na Justiça Consensuada para a Solução das Controvérsias Mariana Lobo Zanata 1201 A Teoria Dinâmica de Distribuição do Ônus da Prova sob o enfoque do Projeto do Novo Código de Processo Civil Jamile Aparecida Machnicki 1219 O Princípio da Co-Responsabilidade Ambiental e a Concretização do Princípio do Desenvolvimento Sustentável: análise da atuação do Estado e da sociedade delineada pela Constituição da República de 1988 para a proteção do meio ambiente Letícia Junger de Castro R. Soares 1239 Poder Geral de Cautela na Atual Conjuntura do Direito Processual Civil Brasileiro Gabriel Carmona Baptista 1253 Restrições ao Direito Fundamental à Educação como Instrumento Idôneo a Redemocratização do Ensino Público Superior. Uma análise sobre a constitucionalidade da Lei nº 12.089/2009 Fábio Zech Silvestre 1271 ANEXOS Vol. 1 Vol. 2 Indice Temático 613 1291 Indice de Conferencistas 619 1297 Centro de Convenções ExpoUnimed / Fachada Frontal Centro de Convenções ExpoUnimed / Teatro positivo Centro de Convenções ExpoUnimed / Hall de entrada / Credenciamento Ce nt ro d e Co nv en çõ es Festa de Abertura Festa de Abertura Festa de AberturaFesta de Abertura - A bacharela Juliana Macedo e Silva recebe do presidente nacional da OAB a identidade profissional e presta compromisso Sessão de A bertura Festi va Diretoria do Conselho Federal da OAB e Membros Honorários Vitalícios Diretoria do Conselho Federal da OAB e presidente da OAB/PR José Lúcio Glomb Sessão Festiva/Público Se ss ão d e A be rt ur a Fe sti va Sessão de Encerramento / Mesa Sessão de Encerramento / Leitura da Carta de Curitiba Sessão de Encerramento / PúblicoSessão de Abertura/Público Abertura Solene / Conferência Magna / Dalmo Dallari Abertura Solene / Execução do Hino Nacional Abertura Solene / Discurso do Presidente Ophir Cavalcante Junior Sessão de Abertura Solene Abertura Solene / Discurso do Coordenador do Colégio de Presidentes, Omar Coelho Abertura Solene / Discurso do presidente da OAB/PR, José Lúcio Glomb Abertura Solene / Discurso do Governador do Estado do PR, Beto Richa Se ss ão d e Ab er tu ra S ol en e Sessão de Encerramento / Mesa Sessão de Encerramento / Leitura da Carta de Curitiba Sessão de Encerramento / Público Diretoria do Conselho Federal da OAB e Membros Honorários Vitalícios Diretoria do Conselho Federal da OAB e presidente da OAB/PR José Lúcio Glomb Sessão Festiva/Público Sessão de Encerram ento Sessão de Encerramento / Conferência Magna / Luís Roberto Barroso Sessão de Encerramento / Discurso do Presidente Ophir Cavalcante Junior Sessão de Encerramento / Lançamento do Carimbo e Selo Comemorativos Se ss ão d e En ce rr am en to Funcionários Conselho Federal da OAB e OAB Paraná Show Titãs Show Toquinho Show s / Funcionários 25 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal DEBATES E BATE-PAPOS CULTURAIS Nesta edição da Conferência experimentamos, com sucesso, dois formatos muito interessantes de interação com o público: Os DEBATES e os BATE-PAPOS CULTURAIS. Os DEBATES ocorreram no último dia do evento, 24 de novembro, das 09:00 às 11:00, e tiveram temas polêmicos com os participantes defendendo, cada um, um ponto de vista distinto, fomentando com isso a discussão e a interação do público: 1) Cotas Raciais ou Sociais – com o Ex-ministro da Justiça e Membro Honorário Vitalício do Conselho Federal da OAB, Márcio Thomaz Bastos e o Senador da República, Demóstenes Torres. 2) É Possível um Marco Regulatório para Liberdade de Expressão nos Veículos de Comunicação? com a participação do jurista Miguel Reale Junior e do Deputado Federal Emiliano José, presidente da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação com Participação Popular. 26 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os Os BATE-PAPOS CULTURAIS, ocorreram diariamente, após às 18:30, no estande do Conselho Federal da OAB. Dia 21 de novembro – Laurentino Gomes, Escritor, autor dos Best- Sellers 1808 e 1822 Dia 22 de novembro – Juca Kfoury – Colunista Esportivo 27 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal Dia 23 de novembro – João Cláudio Moreno - Humorista PERFORMANCES CULTURAIS Tivemos durante todo o evento e em várias dependências do EXPOUNIMED diversas performances culturais que chamaram a atenção do público e permitiram uma interação única. O projeto “GIANT” é a continuação da pesquisa do artista Guilherme Sant’Ana, sobre o status da obra de arte, e como ela pode interagir com o público, de forma a romper a barreira dos conceitos pré-definidos e se transformar em algo funcional; mais um brinquedo do que apenas uma obra observada à distância. 28 A na is d a X X I C on fe rê nc iaN ac io na l d os A dv og ad os O grupo de Artistas Vidreiros de Curitiba surgiu em 2008, com a união de 10 artistas vidreiros da cidade. Movidos pela paixão pela transformação e a constante busca pela aplicabilidade do vidro e resíduos do material, o grupo tem crescido e já desponta na mídia pela criatividade e originalidade dos projetos. O maior destaque está na ÁRVORE DA VIDA, onde todos os integrantes produzem cada um com a sua respectiva técnica, peças para a montagem da árvore. Montada com uma estrutura em ferro, centenas de peças em vidros coloridos criam uma atmosfera que atrai o observador que pensa e reflete sobre as infinitas formas de reutilizar e reaproveitar os materiais que nos sobram todos os dias. Uma instalação audiovisual foi montada no Hall dos auditórios, sob o tema “Liberdade, Democracia e Meio-Ambiente”. Através de um “MAPPING” em uma estrutura flutuante, uma obra interativa com som e luzes foi erguida com imagens referentes ao tema, quando ativadas pelo espectador. A obra fez a recepção dos congressistas, de maneira moderna, interativa, reflexiva e lúdica, deflagrando na relação existente entre as artes visuais e temas inerentes a agenda contemporânea, evidenciando dessa maneira que a linguagem artística e seus instrumentos estão intimamente ligados ao contexto sociocultural em que são pensadas e executadas tais obras. 29 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal A performance do espetáculo intitulada BOI DE BARRO FRAGMENTOS é baseada nos Autos Dramáticos, onde retrata a morte e ressurreição do Boi; tenta buscar na essência da arte, da dança e do teatro popular uma forma de favorecer um maior envolvimento entre o público e a cultura popular, proporcionando uma relação com o imaginário das Danças Dramáticas, onde o corpo e a arte interagem-se a partir dos elementos simbólicos das manifestações tradicionais populares do Auto do Boi. Um enredo que mistura drama, comédia, literatura de cordel, música e dança. (O espetáculo foi uma doação da OAB/SE). A proposta de apresentação do Show Lírico – OPERA FLASH-MOB, traz a descrição do conteúdo musical e artístico a ser apresentado de forma inusitada e surpreendente em meio ao público. Para as manifestações do tipo Flash-Mob, o elemento surpresa constitui o seu diferencial. A curta duração das intervenções, em média 20-30 minutos, também reforçam o caráter irreverente a esta forma de manifestação artística. O benefício esperado é a divulgação inusitada de algum tipo de arte performática em um local onde não se espera encontrar tal interferência. 30 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os EXPOSIÇÕES FOTOGRÁFICAS Foram feitas duas exposições fotográficas durante a Conferência Nacional: a 1ª promovida pela OAB/PR que expôs as fotos premiadas de um concurso cujo tema foi coincidente com o tema central do evento – Liberdade, Democracia e Meio Ambiente. A 2ª, promovida pela OAB/RR, expressou aspectos peculiares e importantes da Amazônia brasileira, cujos elementos da flora e da cultura impressionam por sua grande riqueza. 33 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal APRESENTAÇÃO Cenário da histórica Conferência de 1978, a cidade de Curitiba representou um novo marco para a história de nossa entidade ao sediar a XXI Conferência Nacional dos Advogados, cujos intensos debates, reunidos nesta edição dos Anais, sem dúvida irão contribuir para um melhor entendimento das transformações que experimentam todos os campos da vida social do Brasil contemporâneo. Em 1978, sob a batuta do presidente Raymundo Faoro, as reivindicações da sociedade apontavam numa só direção: a liberdade, inclusive liberdade de expressão ante o poder opressivo do regime militar, cujo restabelecimento dependia das garantias individuais prefiguradas no instituto do habeas- corpus. Iniciava-se o gradual retorno do país ao Estado de Direito, condições para que o povo voltasse a exercitar a democracia. Agora, decorridas mais de três décadas, nossos esforços se voltam para preservar a democracia dos oportunistas que tiram proveito da liberdade, pondo em risco um processo que exige constantes aperfeiçoamentos. A XXI Conferência ofereceu, ainda, oportunidade para que muitas questões referentes ao papel do Judiciário pudessem ser esmiuçadas pelos principais atores da cena jurídica: advogados, magistrados e Ministério Público. E, pela primeira vez, dentre os grandes temas nacionais, a problemática do meio ambiente foi inserida no temário principal, em razão de sua importância no contexto do desenvolvimento que almejamos para tirar o país do atraso. Desde 1958, ano da primeira Conferência, estes encontros têm apontado novos rumos não apenas para a Advocacia, como também para o país, em estreita sintonia com os ideais republicanos e de uma democracia cada vez mais representativa. Quando discutimos o papel social do advogado estamos, na verdade, despertando o dever cívico que habita cada um de nós para mostrar à sociedade o inconformismo diante de qualquer ameaça àquilo que foi conquistado no terreno das liberdades e da democracia. Além, é claro, para destacar a importância da Justiça dentre as instituições que compõem o Estado democrático de Direito e sobre a qual os temas debatidos durante a Conferência, direta ou indiretamente, se relacionaram. OPHIR CAVALCANTE JUNIOR Presidente do Conselho Federal da OAB 35 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal PATRONO NACIONAL Caio Mário da Silva Pereira nasceu em nove de março de 1913 na capital mineira. Ainda nos tempos de estudante secundarista, apoiou a Aliança Liberal e a Revolução de 30. Em 1931 matriculou-se na Faculdade de Direito de Minas Gerais e passou a atuar como redator e gerente da Revista Forense. Bacharelou-se em 1936 e logo montou banca de advogado em Belo Horizonte participando de comissão que elaborou a lei de Organização Judiciária do estado. Signatário do Manifesto dos Mineiros (1943) participou da fundação da União Democrática Nacional (UDN), integrando o setor jurídico da agremiação. Em 1947 foi convidado para fazer parte da comissão do IAB/MG encarregada de elaborar o projeto da nova Constituição estadual. Como catedrático da Faculdade de Direito de Minas Gerais a partir de 1950, ocupou o Conselho Universitário da UMG e foi indicado para ser vice- reitor da instituição em 1960 tornando-se um dos mais notáveis civilistas do país cuja obra é referencia fundamental no estudo do Direito Civil brasileiro. Nomeado Consultor-Geral da República no início do governo de Jânio Quadros, foi o autor dos projetos da Lei de Condomínios e Incorporações (1964) e do Código de Obrigações (1965). Ao assumir a Presidência da OAB em 1975, enfrentou duas sérias ameaças à autonomia da Ordem, consagrando a independência da entidade perante o Ministério do Trabalho e o TCU. Em agosto do mesmo ano, defendeu as prerrogativas profissionais da classe ao condenar parecer do Presidente do STF, que propunha dispensar a mediação dos advogados em causas de pequeno porte. No ano seguinte, criticou duramente o projeto de Reforma do Judiciário por manter a vigência do AI 5 e limitar a aplicação do habeas corpus. Desenvolveu atuação de destaque na defesa dos direitos humanos denunciando as torturas a que eram submetidos os presidiários da Ilha Grande e os detentos do Presídio Especial de São Paulo. Foi membro do Comitê Nacional de Direito Comparado (Rio de Janeiro), da Socité de Droit Comparé (Paris), da Comission Internacionale de Juristes e da Comissão do IAB/MG para estudar o Código de Processo Civil. Faleceu em 2004 aos 91 anos, sessenta oito deles dedicados às causas do Direito e da advocacia.37 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal PATRONO LOCAL Nascido em Curitiba a 03 de fevereiro de 1928, Élio Narezi iniciou sua carreira jurídica cedo, dedicando toda sua vida em prol das causas da advocacia. Em 1951, logo após ingressar no curso de Direito na Universidade Federal do Paraná, começou a trabalhar como auxiliar do criminalista Salvador de Maio, na condição de solicitador acadêmico. Após obter o título de bacharel em 1954, integrou formalmente a equipe de Salvador até seu falecimento em 1961. A partir daí, monta sua própria banca de advocacia e torna-se um exímio perito em direito criminal, construindo uma sólida trajetória marcada pela luta incessante em favor das garantias individuais. Foi presidente da OAB Paraná por duas gestões entre 1971 e 1975, em um dos períodos mais difíceis da história política do Brasil. Em 1972, sob sua presidência, a OAB-PR abrigou o 6.º Encontro de Presidentes de seccionais da OAB quando o país vivia o auge da ditadura. Desse encontro nasceu a primeira Declaração de Curitiba* que condenou a arbitrariedade do Ato Institucional nº 5 e questionou as bases do regime autoritário. Para se ter uma idéia do clima político da época, o avião em que levava para Curitiba dois dos presidentes de seccionais, foi seqüestrado e desviado para Cuba. A realização do evento foi um verdadeiro ato de coragem e o primeiro gesto explícito de uma instituição civil brasileira contra a ditadura. Como presidente da Ordem patrocinou a defesa de inúmeros presos políticos, além de intervir favor de um sem numero de universitários presos em manifestações contrarias ao regime, preservando-lhes a vida e a integridade física. Durante sua gestão foram criadas as subseções de Cascavel, Guarapuava e Umuarana e a seccional obteve a primeira unidade do tradicional imóvel da Rua Cândido Lopes, que por muitos anos foi a sede própria da classe dos advogados. Posteriormente foram adquiridas novas unidades nas quais * A segunda foi elaborada em 1978, ao final da VII Conferência Nacional da OAB, reali- zada em Curitiba na gestão de Raymundo Faoro. 38 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os foram instalados os consultórios médicos e gabinetes odontológicos, serviços igualmente instituídos durante sua presidência. Foi também membro do Instituto dos Advogados do Paraná, do Conselho Deliberativo do Centro Acadêmico Hugo Simas e da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná. Presidiu o Centro de Debates da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, a Comissão de Prerrogativas da OAB/PR, a Associação Paranaense de Advogados Criminalistas (sócio fundador e presidente de honra além de ser agraciado com o título de Vulto Emérito de Curitiba. Élio faleceu em 28 de novembro de 2001, aos 73 anos. 39 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal MEDALHA RUI BARBOSA José Afonso da Silva nasceu em trinta de abril de 1925 no pequeno distrito de Buritizal, então no Município de Pitangui; hoje “Silva Campos” no Município de Pompéu, Minas Gerais; filho de uma família humilde, na adolescência trabalhou auxiliando o pai como garimpeiro, padeiro e lavrador até que se especializou no ofício de alfaiate. Foi para São Paulo no ano de 1947 em busca de maiores oportunidades de estudo. Trabalhou como alfaiate e depois como professor de português para sobreviver e custear os estudos ginasiais e acadêmicos. Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1957, obteve o título de livre docente pela mesma faculdade no ano de 1969. Foi professor titular do Curso de Direito entre 1975 e 1995, quando se aposentou. Também foi responsável pelo Curso de Direito Urbanístico, em nível de pós-graduação, e livre docente de direito financeiro e de processo civil na Faculdade de Direito da USP e de direito constitucional da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi assessor na Assembléia Nacional Constituinte e participou ativamente do processo de elaboração da Constituição de 1988. Foi Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo (entre 1995 e 1999 na gestão Mario Covas). É Procurador do Estado de São Paulo aposentado e membro de diversos institutos, dentre os quais: o Instituto dos Advogados Brasileiros; Instituto Ibero-Americano de Derecho Constitucional (cuja Seção Brasileira organizou e presidiu); Instituto de Derecho Político y Constitucional da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Nacional de La Plata (Argentina); Instituto de Derecho Parlamentario del Senado de la Nación Argentina e da Academía Nacional de Derecho de Córdoba (Argentina). É fundador e foi presidente da Associação Brasileira de Constitucionalistas Democráticos, criada em 2000. Publicou diversas obras de referência no Direito Constitucional brasileiro apesar de também ter escrito obras de direito municipal, urbanístico, direito tributário, direito processual e romances. Sua obra clássica intitulada Curso de Direito Constitucional Positivo, hoje na 34ª edição, é considerado o mais completo e atualizado estudo sobre a Constituição de 1988. É considerado um dos maiores constitucionalistas do país. 40 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os COMISSÕES DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS Comissão Organizadora Central Ophir Cavalcante Júnior – Presidente Alberto de Paula Machado Marcus Vinicius Furtado Coêlho Márcia Regina Machado Melaré Miguel Ângelo Cançado Comissão Executiva Ophir Cavalcante Júnior – Presidente Alberto de Paula Machado Marcus Vinicius Furtado Coêlho Márcia Regina Machado Melaré Miguel Ângelo Cançado José Lucio Glomb Cesar Augusto Moreno Juliano Jose Breda Juliana de Andrade Colle Nunes Bretas Guilherme Kloss Neto Jose Augusto Araujo de Noronha Roberto Antônio Busato Flavio Pansieri Comissão de Temário Ophir Cavalcante Júnior – Presidente Alberto de Paula Machado Marcus Vinicius Furtado Coêlho Márcia Regina Machado Melaré Miguel Ângelo Cançado Luis Roberto Barroso René Ariel Dotti José Afonso da Silva José Geraldo de Sousa Júnior Antonio Fabricio de Matos Gonçalves Luiz Edson Fachin Comissão de Redação da Carta Eduardo Seabra Fagundes Henri Clay Santos Andrade José Afonso da Silva Luís Roberto Barroso Miguel Angelo Cançado 41 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal REGIMENTO INTERNO DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS CAPÍTULO I - DOS OBJETIVOS Art. 1º A Conferência Nacional dos Advogados é órgão consultivo máximo do Conselho Federal, tendo por objetivo geral o estudo e o debate das questões e problemas que digam respeito às finalidades da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. Art. 2º A XXI Conferência Nacional dos Advogados realizar-se-á na cidade de Curitiba, Capital do Estado do Paraná, no período de 20 a 24 de novembro de 2011, tendo como tema central “Liberdade, Democracia e Meio Ambiente”. CAPÍTULO II - DOS MEMBROS Art. 3º São membros da XXI Conferência Nacional dos Advogados: I - Membros Efetivos; II - Membros Convidados; III - Membros Ouvintes. § 1º São Membros Efetivos os Conselheiros e Presidentes de órgãos da OAB, os advogados e estagiários inscritos na Conferência, todos com direito a voto. § 2º São Membros Convidados todas as pessoas a quem a Comissão Organizadora conceder tal qualidade, sem direito a voto, salvo se for advogado. § 3º São Membros Ouvintes os estudantes de direito matriculados em curso jurídico no território nacional. Art. 4º Caso queiram se manifestar, os Membros Ouvintes escolherão um porta-voz dentre os integrantes das categorias com direito a voz. Art. 5º Os Membros e os Conferencistasterão identificação própria durante a Conferência. Art. 6º Os Membros da Conferência têm participação assegurada em todas as suas atividades, na forma deste Regimento. CAPÍTULO III - DA ORGANIZAÇÃO Art. 7º A Conferência será dirigida pela Comissão Organizadora Central, presidida pelo Presidente e integrada pela Diretoria do Conselho Federal, cabendo-lhe adotar todas as providências necessárias ao bom êxito do conclave, na sua fase preparatória e durante a sua realização. 42 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os § 1º A Secretaria Executiva da Comissão Organizadora será exercida pelo Secretário-Geral do Conselho Federal, cabendo-lhe, além das funções específicas de secretariar os trabalhos administrativos da Conferência e coordenar os Painéis Especiais e os Eventos Paralelos. § 2º A Comissão Organizadora contará com o auxílio de um Conselho Consultivo, integrado pelos Membros Honorários Vitalícios do Conselho Federal, e de uma Comissão Executiva, designada pelo seu Presidente. Art. 8º O Presidente da Comissão Organizadora poderá designar coordenações, visando ao bom andamento das atividades da Conferência. Art. 9º Integrarão a Secretaria Executiva os servidores convocados do Conselho Federal, incumbidos dos trabalhos de apoio técnico da Conferência. Parágrafo único. O Presidente poderá contratar técnicos ou empresas especializadas para a realização dos trabalhos da Secretaria Executiva. Art. 10. A Comissão Executiva, designada pela Diretoria do Conselho Federal, terá como competência a adoção das providências concernentes à infra-estrutura do evento. CAPÍTULO IV - DOS TRABALHOS Seção I Das Disposições Gerais Art. 11. Os trabalhos da Conferência Nacional serão desenvolvidos em: I - Sessões Plenárias; II - Conferências; III - Painéis; IV - Tribuna Livre; V – Painéis Especiais e Eventos Paralelos; VI – Debates. § 1º As Sessões Plenárias, presididas pelo Presidente e secretariadas pelo Secretário-Geral do Conselho Federal, serão realizadas de acordo com a pauta previamente elaborada pela Comissão Organizadora, observado o seguinte: I - na Cerimônia de Abertura, que será realizada às 19 horas do dia 20 de novembro de 2011, haverá a encenação de uma peça teatral que terá como tema central “Liberdade – um sonho intenso” que faz a trajetória dos 80 anos da OAB em paralelo com a história do Brasil. Serão prestadas 43 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal homenagens aos dirigentes da OAB (PR e Conselho Federal da OAB) que estavam à frente da entidade na ocasião da VII Conferência Nacional dos Advogados, realizada em Curitiba, em 1978. Nesta oportunidade será ainda outorgado o prêmio “Medalha Rui Barbosa” e prestadas as homenagens aos Patronos Nacional e Local da XXI Conferência Nacional dos Advogados; II - na Sessão Plenária Solene de Instalação dos trabalhos, que será realizada às 9 horas do dia 21 de novembro de 2011, usarão da palavra o Presidente do Conselho Seccional do Paraná, o representante do Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais, o Governador do Estado do Paraná e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Nesta oportunidade será entregue a premiação do “4º Concurso de Monografias Prêmio Evandro Lins e Silva”. III - a Sessão Plenária de Encerramento dos trabalhos, na qual será aprovada a “Carta de Curitiba”, elaborada por Comissão Especial designada pelo Presidente do Conselho Federal, refletindo os objetivos da XXI Conferência Nacional dos Advogados e a essência dos temas debatidos, terá início às 12 horas do dia 24 de novembro de 2011. § 2º As Conferências destinam-se aos pronunciamentos dos Conferencistas Convidados, sem a realização de debates. § 3º Os Painéis destinam-se à exposição das teses e conferências e ao estudo de matérias institucionais e profissionais constantes do Temário, compreendendo, também, os debates entre os Membros da Conferência. § 4º A Tribuna Livre destina-se ao debate de temas complementares e livres, de interesse da Classe. § 5º Os Painéis Especiais e os Eventos Paralelos destinam-se ao estudo e debate de temas específicos, de interesse de parcela de membros da Conferência. § 6º Os Debates destinam-se à explanação de dois pontos de vista distintos sobre temas polêmicos para fomentar a discussão. Art. 12. Ao final da Sessão Plenária de Encerramento, o Presidente do Conselho Federal designará uma Comissão composta por três membros para, na sede da Entidade, analisar, avaliar e indicar ao referido Conselho as recomendações e conclusões constantes dos trabalhos dos Painéis e outras que julgar convenientes para exame e aprovação, no sentido de serem implementadas e viabilizadas. Art. 13. Os Presidentes, Relatores e Secretários dos trabalhos nos Painéis e na Tribuna Livre serão designados pela Comissão Organizadora. 44 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os § 1º Compete ao Presidente: I - dirigir os trabalhos, com poderes para decidir de plano as questões suscitadas e a aplicação deste Regimento; II - promover a substituição do Relator e do Secretário por qualquer Membro Efetivo da Conferência, em caso de impedimento ou ausência; III - proclamar os resultados das votações. § 2º O Presidente poderá convidar um ou mais advogados, Membros da Conferência, para assessorar os trabalhos. § 3º Compete ao Relator, além das atribuições que forem designadas pelo Presidente: I - colaborar com o Presidente na direção dos trabalhos; II - substituir o Presidente, em suas faltas e impedimentos; III - receber os textos das teses e das conferências e as proposições dos Conferencistas nos Painéis, bem como manifestar-se, querendo, sobre os mesmos e encaminhá- los à votação; § 4º Compete ao Secretário, além das atribuições que forem designadas pelo Presidente: I – controlar o tempo da apresentação comunicando ao Presidente da mesa quando restarem 05 minutos para o seu término; II – receber os nomes dos participantes que pretendem debater o tema apresentado no painel; III - redigir as recomendações e conclusões aprovadas, responsabilizando-se por sua entrega à Secretaria Executiva, imediatamente após o encerramento dos trabalhos. Art. 14. Até o dia 10 de outubro de 2011, os Conferencistas deverão encaminhar à Secretaria Executiva, por intermédio de mensagem eletrônica, suas teses e conferências escritas, com as respectivas conclusões, que poderão conter proposições a serem submetidas à deliberação dos Painéis. § 1º As conferências, teses e proposições deverão ser remetidas por mensagem eletrônica, à Secretaria Executiva da XXI Conferência Nacional dos Advogados para o endereço de correio eletrônico: teses.conferencia@oab.org.br, devendo obedecer as seguintes especificações: I - formato da lauda: A-4; II - fonte: Times New Roman, corpo 12; III - máximo de páginas: 15 (quinze); IV - identificação completa do autor: nome, endereço profissional e eletrônico, número de inscrição na OAB, 45 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal se advogado, resumo biográfico e autorização para publicação. § 2º Os documentos não entregues no prazo fixado no caput estarão sujeitos a não inclusão nos anais da XXI Conferência Nacional dos Advogados. Seção II Dos Painéis, dos Eventos Paralelos ou Painéis Específicos e da Tribuna Livre Art. 15. As atividades dos Painéis serão desenvolvidas e concluídas no prazo máximo e improrrogável de quatro horas, considerando-se o horário de início fixado na programação pela Comissão Organizadora, que não poderá ser compensado em caso de retardamento. Art.16. Cada Palestrante terá vinte e cinco minutos para apresentar seu trabalho, reservando-se o restante do tempo disponível, até o encerramento do Painel, para debates e votações. § 1º Os debates serão abertos após as exposições dos painéis, podendo os Membros Efetivos e Convidados, estes se forem advogados, mediante inscrição solicitada ao Secretário da Mesa, usar da palavra por dois minutos, uma vez, podendo o Presidente reduzir esse tempo ou cancelar a inscrição, quando houver grande número de inscritos. § 2º Os palestrantes poderão responder a pedidos de esclarecimentos a eles endereçados, valer-se do direito de réplica e, havendo disponibilidade de tempo, usar da palavra ao final dos debates. § 3º As questões de ordem serão decididas soberanamente pelo Presidente, sendo incabíveis durante o regime de votação. § 4º As votações serão feitas mediante a exibição das cartelas de votação distribuídas no ato da inscrição, considerando- se aprovadas as que obtiverem a maioria dos membros votantes. § 5º O Relator do Painel, no período destinado às votações, lerá o resumo da proposição, manifestando-se sobre a mesma. § 6º Se a manifestação do Relator de Painel for contrária à sua aprovação, poderá um dos Membros sustentar o encaminhamento. Art. 17. As sessões dos Painéis Especiais e dos Eventos Paralelos serão realizadas no período máximo de quatro horas, prorrogável, excepcionalmente, por mais quatro horas, desde que informada a Comissão Organizadora com antecedência. 46 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os Art. 18. A Tribuna Livre proporciona a exposição e o debate de temas independentes, complementares ao tema central da XXI Conferência Nacional dos Advogados. Os advogados, inscritos no evento, devem apresentar trabalhos ou proposições até o dia 20 de outubro de 2011, por escrito. Na Tribuna Livre, realizada nos estritos limites dos horários previstos na programação, o autor do trabalho ou proposição terá 15 minutos, improrrogáveis, para manifestação, que será seguida de votação, se admitida e necessária, esta com duração máxima de 10 minutos. Os trabalhos expostos, quando admitidos e votados, constarão nos Anais da XXI Conferência Nacional dos Advogados. Art. 19. Não serão admitidas moções durante a realização dos trabalhos nos Painéis, nos Painéis Especiais, nos Eventos Paralelos e na Tribuna Livre. Art. 20. As recomendações e conclusões apresentadas somente poderão versar sobre os temas concernentes aos painéis e o tema central da XXI Conferência Nacional dos Advogados. CAPÍTULO V - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 21. Em casos imprevistos ou de excepcional urgência, a Comissão Organizadora Central poderá alterar datas, horários, designações e programações da XXI Conferência Nacional dos Advogados. Art. 22. Os casos omissos ou as dúvidas oriundas deste Regimento serão dirimidos pela Comissão Organizadora Central. Art. 23. Este Regimento Interno entra em vigor na data de sua expedição. Brasília, 02 de maio de 2011. Ophir Cavalcante Junior Presidente do Conselho Federal da OAB 47 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal PROGRAMA DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS Tema: Liberdade, Democracia e Meio Ambiente Dia 20.11.2011 (Domingo) 19h Abertura da XXI Conferência Nacional dos Advogados no Expo Unimed Curitiba - Show de Abertura - Coquetel Dia 21.11.2011 (Segunda-feira) 09h Sessão Solene de Abertura da XXI Conferência Nacional dos Advogados Das 11h15min às 12h15min Conferência Magna Das 14h30min às 18h30min Painel 1 – Direitos Políticos Painel 2 – Segurança Pública Painel 3 – Direito de Liberdade Painel 4 – Direitos e Garantias do Investigado, Indiciado e Réu Painéis Especiais / Específicos: Tribuna Livre Outros eventos Das 18h30min às 20h30min Bate Papo Cultural com Laurentino Gomes (autor do livro 1822) Lançamento de livros na área dos estandes. Dia 22.11.2011 (Terça-feira) Das 08h30min às 12h30min Painel 5 – Direito de Igualdade Painel 6 – Direito Social à Educação Painel 7 – Direito Administrativo Painel 8 – Processo Civil, Celeridade e Direito de Defesa 48 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os Painéis Especiais / Específicos: Tribuna Livre Outros eventos Das 14h30min às 18h30min Painel 9 – Direito Tributário Painel 10 – Direito à Saúde e à Alimentação Painel 11 – Direito do Consumidor Painel 12 – Judiciário, Ministério Público e Democracia Painéis Especiais / Específicos: Tribuna Livre Outros eventos Das 18h30min às 20h30min Bate Papo Cultural com Juca Kfouri (colunista esportivo) Lançamento de livros na área dos estandes. Das 21h00min às 22h00min Show Toquinho (Teatro Positivo) Dia 23.11.2011 (Quarta-feira) Das 08h30min às 12h30min Painel 13 – Direito de Propriedade Painel 14 – Direito Social do Trabalho Painel 15 – Direito Ambiental Painel 16 – Direitos e Garantias dos Advogados Painéis Especiais / Específicos: Tribuna Livre Outros eventos Das 14h30min às 18h30min Painel 17 – Dignidade e Direitos Humanos Painel 18 – Direitos das Famílias, da Criança, do Adolescente e do Idoso Painel 19 – O Problema da Eficácia dos Direitos Sociais Painel 20 – A Nova Realidade do Exercício da Advocacia Painéis Especiais / Específicos: Tribuna Livre Outros eventos 49 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal Das 18h30min às 19h30min Bate Papo Cultural com João Cláudio Moreno (Humorista) Lançamento de livros na área dos estandes. Das 21h30min às 23h30min Show dos Titãs (Master Hall) Dia 24.11.2011 (Quinta-feira) Das 9h às 11h Debate 1 – Cotas Raciais ou Sociais; Debate 2 – É possível um marco regulatório para liberdade de expressão nos veículos de comunicação? Das 11h às 12h Conferência Magna Das 12h às 13h Sessão de Encerramento da XXI Conferência Nacional dos Advogados. 50 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os AS CONFERÊNCIAS NACIONAIS I CONFERÊNCIA Local: Rio de Janeiro Período: 04 a 11 de agosto de 1958 Presidente: Nehemias Gueiros XI CONFERÊNCIA Local: Belém Período: 04 a 08 de agosto de 1986 Presidente: Hermann Assis Baeta Tema: Constituição II CONFERÊNCIA Local: São Paulo Período: 05 a 11 de agosto de 1960 Presidente: José Eduardo do Prado Kelly XII CONFERÊNCIA Local: Porto Alegre Período: 02 a 06 de outubro de l988 Presidente: Márcio Thomaz Bastos Tema: O advogado e a OAB no Processo de Transformação da Sociedade Brasileira III CONFERÊNCIA Local: Recife Período: 07 a 13 de dezembro de 1968 Presidente: Samuel Vital Duarte XIII CONFERÊNCIA Local: Belo Horizonte Período: 23 a 27 de setembro de l990 Presidente: Ophir Filgueiras Cavalcante Tema: OAB, Sociedade e Estado IV CONFERÊNCIA Local: São Paulo Período: 26 a 30 de outubro de 1970 Presidente: Laudo de Almeida Camargo XIV CONFERÊNCIA Local: Vitória Período: 20 a 24 de setembro de l992 Presidente: Marcelo Lavenère Machado Tema: Cidadania V CONFERÊNCIA Local: Rio de Janeiro Período: 11 a 16 de agosto de 1974 Presidente: José Ribeiro de Castro Filho Tema: O Advogado e os Direitos do Homem XV CONFERÊNCIA Local: Foz do Iguaçu Período: 04 a 08 de setembro de l994 Presidente: José Roberto Batochio Tema: Ética, Democracia e Justiça VI CONFERÊNCIA Local: Salvador Período: 17 a 22 de outubro de 1976 Presidente: Caio Mario da Silva Pereira Tema: A Independência e a Autonomia do Advogado e a Reforma do Direito Positivo Brasileiro XVI CONFERÊNCIA Local: Fortaleza Período: 01 a 05 de setembro de l996 Presidente:Ernando Uchoa Lima Tema: Direito, Advocacia e Mudança VII CONFERÊNCIA Local: Curitiba Período: 07 a 12 de maio de 1978 Presidente: Raymundo Faoro Tema: Direitos Humanos XVII CONFERÊNCIA Local: Rio de Janeiro Período: 29/08 a 02/09 de l999 Presidente: Reginaldo Oscar de Castro Tema: Justiça: Realidade e Utopia VIII CONFERÊNCIA Local: Manaus Período: 18 a 22 de maio de 1980 Presidente: Eduardo Seabra Fagundes Tema: Liberdade XVIII CONFERÊNCIA Local: Salvador Período: 11 a 15 de novembro de 2002 Presidente: Rubens Approbato Machado Tema: Cidadania, Ética e Estado IX CONFERÊNCIA Local: Florianópolis Período: 02 a 05 de maio de 1982 Presidente: José Bernardo Cabral Tema: Justiça Social XIX CONFERÊNCIA Local: Florianópolis Período: 25 a 30 de setembro de 2005 Presidente: Roberto Antonio Busato Tema: República, Poder e Cidadania X CONFERÊNCIA Local: Recife Período: 30/09 a 04/10 de 1984 Presidente: Mário Sérgio Duarte Garcia Tema: Democratização XX CONFERÊNCIA Local: Natal Período: 11 a 15 de novembro de 2008 Presidente: Cezar Britto Tema: Estado Democrático de Direito X Estado Policial – dilemas e desafios em duas décadas da Constituição XXI CONFERÊNCIA Local: Curitiba Período: 20 a 24 de novembro de 2011 Presidente: Ophir Cavalcante Junior Tema: Liberdade, Democracia e Meio Ambiente 51 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal CERIMÔNIA SOLENE DE ABERTURA DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS DISCURSO DO PRESIDENTE DO CONSELHO SECCIONAL DA OAB / PARANÁ - JOSÉ LÚCIO GLOMB Senhoras e senhores, bom dia! É com imensa satisfação e indisfarçável orgulho que Curitiba os recebe para esta 21ª Conferência Nacional dos Advogados, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil. Este é um momento histórico, posto que já se vão 33 anos da 7ª Conferência Nacional, aqui realizada quando o nosso Conselho Federal era dirigido por Raimundo Faoro e a seccional por Eduardo Rocha Virmond. Foram eles, Faoro e Virmond, em nome dos advogados, os maiores responsáveis pelo fato daquela Conferência ter entrado para a História do Brasil. Não fossem os advogados, a restauração do estado democrático de direito teria sido, no mínimo, postergada. Foi aqui, nesta cidade, que mostramos ao Brasil que o advogado não pode ter medo. Muitos daqueles nossos colegas, hoje novamente aqui comparecem, e certamente lembrarão do grito forte e corajoso pela restauração plena das garantias fundamentais do cidadão. Eles, e todos os que lutaram e lutam pela democracia e pela liberdade, merecem o carinho do nosso aplauso. Então, há um desafio que se impõe perante esta 21ª Conferência, que volta a esta cidade. O de que as resoluções aqui tomadas precisam se ombrear em importância histórica com aquelas extraídas da reunião de 1978. O país está diferente. Desde então avançamos, ultrapassamos várias barreiras, pacificamente. O Brasil progrediu economicamente e nos situamos entre os grandes do mundo. Nossas instituições avançaram. Pelo voto, um ex-exilado político foi eleito e reeleito presidente deste país. Também pelo voto democrático, um torneiro mecânico foi eleito e reeleito presidente, o que era impensável. Ninguém foi capaz de vaticinar que a primeira mulher presidente da República viria calejada pelas fortes experiências daqueles duros tempos. Mas há muito por fazer, pois a história se completa a cada dia. 52 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os Senhoras e senhores, o futuro que ainda não foi criado, mas já existe, como disse o escritor argentino Jorge Luiz Borges, ao afirmar: “Se temos o momento presente, temos também o presente do futuro, que traz o que a nossa esperança e os nossos medos imaginam.” Ele está imaginado em nossas mentes e exige ações, para que alcancemos nossos sonhos e para manter aquilo que já conquistamos. Aqui continuaremos a discutir a democracia, esta que é a pior forma de governo, excluídas todas as demais, como dizia Winston Churchill. É o estado em que vigem as liberdades, em situação sempre precária. Não era à toa que proclamava o senador Affonso Arinos: “A democracia é uma flor que precisa ser permanentemente regada” Porque sua força está em sua aparente fraqueza: ela se sustenta sobre o direito de todos poderem pensar, se expressar e criar, de tal maneira que se obriga a ouvir até aqueles que se consideram os únicos donos do direito de pensar, se expressar e criar. Não se trata de contradição, nem de permissividade, mas dos fundamentos sobre os quais ela se assenta. Analisaremos a liberdade, nela incluída a liberdade de expressão, sob risco de intimidação todo o tempo, desde o início dos tempos. Debateremos sobre o meio ambiente, que costumamos retoricamente chamar de “mãe natureza”, mas a quem o homem tem tratado como o mais bastardo dos parentes indesejáveis, neste mundo que também anda tão diferente. Há outros temas que iremos estudar e em relação aos quais não deixaremos de emitir opinião. Falaremos sobre a reforma dos Códigos de Processo Civil e Penal. Debateremos sobre o processo eletrônico, que hoje enseja 45 diferentes sistemas nos Tribunais, numa verdadeira babel eletrônica contrária à genialidade de Steve Jobs, que pregava ser a simplicidade a máxima sofisticação. O processo eletrônico será útil, mas não está amadurecido. Não pode ser implantado de forma açodada. Acrescente-se que a maioria dos tribunais não dispõe de infraestrutura adequada para sustentar o funcionamento do meio eletrônico processual. A transição entre os dois sistemas deveria permitir a coexistência do processo tradicional e do processo virtual por tempo maior, até a perfeita adaptação, para evitar os prejuízos que já se notam a quem busca o caminho da justiça. Sofrem juntos advogados, magistrados, partes e serventuários. A Proposta de Emenda Constitucional 15 de 2011, que limita os recursos previstos nos nossos dispositivos processuais, deve merecer reflexões. 53 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal A supressão de recursos trará rapidez? Ou essa justiça poderá se tornar menos justa, por paradoxal que seja. São muitos os temas a enfrentar, como o que diz respeito aos nossos honorários advocatícios, necessários à nossa sobrevivência, mas geralmente tão aviltados nas condenações. Temas relacionados à igualdade, direitos sociais, do trabalho, entre tantos outros, estarão presentes nesta grande conferência. Que dizer do ensino jurídico, tão carente, tão longe do ideal? E não posso deixar de citar o Ministro Marco Aurélio, em brilhante voto há poucos dias, no julgamento que reconheceu a constitucionalidade do Exame de Ordem e a legitimidade da OAB para aplicá-lo, quando advertiu: “As faculdades de Direito vendem sonhos e entregam pesadelos”. A excelência do voto fez com que fosse seguido à unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal, ressaltando o papel da OAB a favor dos interesses da sociedade. Cito as prerrogativas da advocacia, sob permanente ameaça, estas prerrogativas que nos são especialmente caras. Podemos afirmar que a democracia só atinge seus objetivos quando permite aos cidadãos a realização dos seus direitos. E para tanto, é preciso respeitar as prerrogativas dos advogados. Elas são essenciais para que exerçamos nossa atividade em plenitude, sem constrangimentos de qualquer natureza. A mão do advogado não pode tremer. Mas é fundamental que tenhamos um Judiciário valorizado, independente, com atuação eficiente. Não esqueçamos que é o ser humano quem julga e ele deve estar apto, dono de vida impecável. Por isso vemos como inconcebível que se tente limitar a atuação do CNJ. Sua atuação não macula o Judiciário, muito ao contrário. Traz luz sobre ele, visando o seu constanteaperfeiçoamento. É inegável o benefício que o controle externo vem trazendo à transparência, à celeridade e à credibilidade da Justiça, servindo para preservar a honra da imensa maioria dos integrantes do Judiciário, separando destes a parcela, felizmente inexpressiva, que não merece vestir a toga. Julgar os próprios pares é sempre difícil, o que justifica a meritória ação do Conselho Nacional de Justiça. E o Judiciário tem papel fundamental na luta permanente da sociedade brasileira contra a corrupção. Esta Conferência Nacional dos Advogados, tenho certeza, vai saber demonstrar a que veio. A nossa voz, somada a voz dos verdadeiros democratas, das pessoas de bem, de todos os quadrantes, foi capaz de vencer uma grande etapa de aperfeiçoamento da República. A partir dela houve a mobilização popular. E não existe força capaz de deter a força de uma nação mobilizada. 54 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os Mas é uma etapa incompleta, diante do grave quadro de corrupção divulgado dia a dia, gerando escândalos após escândalos. Já vai longe o Brasil simplório do século XIX, descrito por Saint Hilaire – e mais tarde por Mário de Andrade - em que ou o Brasil acabava com a saúva ou a saúva acabaria com o Brasil. Ficamos mais sofisticados, a ponto de não cometer heresia quem queira afirmar que ou o Brasil acaba com a corrupção ou ela pode acabar com o Brasil. Está aí o maior de todos os males. Vírus que destrói as células sãs para tirar a oportunidade dos que já se encontram socialmente e economicamente vulneráveis. Mas não atinge apenas estes, propagando-se contra toda a comunidade, sejam ricos ou pobres. Procuramos fazer o nosso papel. Ainda no ano passado a OAB Paraná encabeçou a campanha “O Paraná que Queremos” contra desmandos na Assembleia Legislativa deste Estado. A série de reportagens denominadas “Diários Secretos”, do jornal Gazeta do Povo e RPC TV, que denunciou os desmandos, teve tamanha repercussão que vem sendo premiada desde então, nacional e internacionalmente. Numa fria noite de inverno, em plena Boca Maldita de Curitiba, milhares de pessoas lá compareceram e extravasaram a sua indignação, liderados pela Ordem dos Advogados do Brasil, com o apoio de centenas de entidades de classe que a ela aderiram. É a conscientização que toma corpo, a mesma conscientização que permitiu a defesa do consumidor; ou que, por exemplo, levou à apresentação e aprovação da lei do “ficha limpa”, que esperamos seja estendida a todos os ocupantes de cargos em comissão. Cargos que deveriam ser restringidos, pois ao não premiar os mais qualificados, os que ingressam pela via do concurso público, constatamos que servem, preponderantemente, a fins eleitoreiros. Passam ao largo de contribuir para a eficiência da administração pública. Mas há quem trabalhe para aumentar o número de cargos de confiança ou as cadeiras nas Câmaras Municipais, como se já não as tivéssemos em quantidade suficiente. Como se a competência fosse determinada pela quantidade e não pela qualidade. Assim, é hora de debater a reforma política. É hora de mudar. Precisamos restaurar um legislativo forte que cumpra seu papel fundamental. Avalio como é difícil para o bom parlamentar – e eles existem em número maior que imaginamos – suportar a avalanche de críticas que recai sobre o poder que representam. 55 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal Para o fortalecimento do legislativo, o sistema distrital se apresenta como alternativa a cada dia mais desejável e aqui merecerá espaço nas discussões sobre a reforma política. Não temos o direito de reduzir o regime a uma banca de feira – com todo o respeito aos nobres feirantes – em que a lei da oferta e da procura venha reger a barganha. Não podemos consentir que a competência ceda lugar a conluios e conchavos. A corrupção é um monstro de muitas faces. Está nos pequenos achaques e nas grandes negociatas. No toma-lá-dá-cá dos favores comezinhos. Ainda mais: não se revela razoável que tenhamos processos envolvendo casos de corrupção tramitando há mais de uma década, em morosidade que comprova a tendência à procrastinação quando se trata de julgar algum representante da plutocracia nacional. É o que ouvimos, o que lemos, o que vemos, mas não aceitamos, porque estaríamos aceitando o descrédito da Justiça e avalizando a impunidade de corruptos e corruptores como regra geral. Nesse ponto devemos reconhecer que a Presidente da República, Dilma Rousseff, procura agir na direção de coibir essas situações. A nação não esconde a expectativa de que Sua Excelência faça a verdadeira faxina. Aquela que imporá o que esperamos de todos: a honestidade, simplesmente a honestidade por parte de quem atua na vida pública. Portanto, é importante que o Brasil ouça a nossa voz e que se faça florescer o contraditório, para usarmos esta expressão tão grada a nós, advogados. Para que possamos exercer permanentemente a liberdade que é pressuposto constitucional, conforme expresso no art. 5º da Carta Magna. O Instituto dos Advogados do Paraná, entidade que tive a honra de presidir, promoveu há dois anos o prêmio Francisco Cunha Pereira Filho, sobre a liberdade de expressão no Estado Democrático de Direito. Está aí um tema que merece todo o carinho. É fundamental preservar as garantias individuais com a vigência de instrumentos legais e o direito irrestrito ao livre pensar. Algo impossível de ser controlado, pois como já dizia Millôr Fernandes, “livre pensar é só pensar”. Tão simples, mas difícil de ser assimilado por alguns, que insistem em propor restrições aos meios de comunicação. Controlar os meios de comunicação significa implantar a censura por vias oblíquas. E sabemos como a censura custa caro para a população que tem todo o direito de se informar, de ser informada, de informar. Excessos devem ser apreciados por um Judiciário, repito, independente. E só com este arsenal – democracia, liberdade, o direito de emitir opinião livremente – é que seremos capazes combater males como a violência, 56 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os foice que retalha sobretudo brasileiros jovens, em plena idade de aprender e de construir. Violência nas ruas, nas escolas, no trânsito que mata 40 mil pessoas por ano. É nossa obrigação e de todo cidadão brasileiro descobrir como subjugá-la e auxiliar para que isto seja colocado em prática. Não basta prender, em cadeias que remetem aos mais bárbaros tempos, pelas condições subumanas às quais são submetidos os encarcerados. E, além de melhorar as instalações prisionais, é necessário que procuremos soluções eficientes. Soluções requeridas também nas questões do meio ambiente, um dos temas centrais da 21ª Conferência Nacional. Não basta ajudarmos o cidadão a praticar cidadania em ações singelas, como o plantar de uma árvore, num planeta que atingiu 7 bilhões de habitantes e caminha para prováveis 9 bilhões ao final do século. Mais importante é conscientizá-lo de como é possível contribuir para o meio ambiente ao adotar a sustentabilidade como padrão de vida. A equação a resolver é conciliar produção agrícola sustentável, com o meio ambiente. Em suas Memórias, o professor Miguel Reale, figura exponencial do Direito brasileiro, já alertava em 1987: “Se antes recorríamos à natureza para dar uma base estável ao Direito (e, no fundo, essa é a razão do direito Natural), assistimos, hoje, a uma trágica inversão, sendo o homem obrigado a recorrer ao Direito para salvar a natureza que morre.” O novo Código Florestal, em exame no Congresso, pode permitir uma devastação correspondente a área do Estado do Paraná, num Brasil que já constata altosíndices de desmatamento. Não deixemos que nossos olhos se acostumem com a visão que está aí, à nossa frente. Nossos rios podem sofrer com a diminuição da mata ciliar e as encostas com a sua ocupação irracional. Como disse a grande poetisa paranaense Helena Kolody: “Quero ser o cristalino fio d’água Que canta e murmura na mata silenciosa.” Comumente esquecemos que a natureza é um cristalino fio d‘água, que não pode morrer porque dele depende nossa própria sobrevivência. O astrônomo alemão Johannes Kepler afirmou que “a natureza ama a simplicidade”. Preservar a natureza – e a simplicidade – só será possível se 57 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal esgrimirmos todos os argumentos a seu favor, como decerto o faremos neste encontro. O país precisa saber ouvir, este Brasil desconcertante que nos fascina e decepciona em porções iguais, que deve buscar, insistentemente, a melhoria nos índices de qualidade de vida. Que proporcione orgulho aos seus cidadãos. Que mantenha sempre o rumo certo, com a bússola apontada para a defesa da liberdade, da democracia e do meio ambiente. Nós, advogados, estaremos juntos nesta luta permanente. Senhoras e senhores, quero agradecer a honra outorgada à nossa seccional, a Curitiba e ao Paraná, de sediar esta Conferência, que tem como patrono local este grande advogado paranaense que foi Élio Narézi, cuja memória justamente reverenciamos aqui. José Saramago, o admirável escritor português, vencedor do Prêmio Nobel, disse certa feita: Penso que, na prática, aconselhar alguém a que tenha esperança não é muito diferente de aconselhá-la a ter paciência. Obviamente, nada tenho de pessoal contra a esperança, mas prefiro a impaciência. Já é tempo que ela se note no mundo, para que alguma coisa aprendam aqueles que preferem que nos alimentemos apenas de esperanças. Ou de utopias.” Ninguém vive sem esperanças. Mas é a impaciência que serve como força motivadora de ações para melhorar o mundo. Queira Deus que nós, advogados, discípulos do Direito e de sua aplicação, possamos fazer da impaciência a senda que leve as instituições a se aperfeiçoarem cada vez mais para bem servir o homem, destinatário final de todos os benefícios. A nossa folha de serviços, a folha de serviços da Ordem, está aí, desdobrada a cada dia. Há muito tempo. Renovada a todo instante. A cada exigência que surge, somos colocados à prova. Mas na nossa dedicação está medido o idealismo por uma advocacia melhor, por uma sociedade cada vez mais justa e solidária, tendo a ética como um de seus fundamentos. A força das atribuições e das prerrogativas previstas em nosso Estatuto e na Constituição Federal nos impõe esse dever. Senhoras e Senhores, ao relembrar a história do nosso país e a nossa história, conclamo a todos para valorizar a advocacia, no seu sentido mais nobre, pois não é ousadia afirmar que nenhuma instituição congênere fez tanto por um país quanto a Ordem dos Advogados fez pelo Brasil. Sejam bem-vindos à 21ª Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil. Muito obrigado. 58 A na is d a X X I C on fe rê nc ia N ac io na l d os A dv og ad os CERIMÔNIA SOLENE DE ABERTURA DA XXI CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS DISCURSO DO REPRESENTANTE DO COLÉGIO DE PRESIDENTES DOS CONSELHOS SECCIONAIS – OMAR COÊLHO DE MELLO Na honrosa condição de falar em nome dos presidentes das valorosas Seccionais da Ordem, que aqui estão com suas delegações para discutir temas relevantes para a vida jurídica nacional, nos cabe reforçar o compromisso de todos pela ética em nossas ações e retemperar nosso pacto com as advogadas e advogados brasileiros de luta pelo engrandecimento de nossa categoria que, apesar do nosso empenho, da força e da respeitabilidade de nossa Instituição, ainda não tem reconhecida a sua grandeza e sua eloqüente e decisiva importância na realização do direito, uma vez que, ainda hoje, em menosprezo a princípios fundamentais da Magna Carta, não recebe o tratamento que lhe é devido, em face da magnitude de sua missão, por parte de parcela, felizmente minoritária, da magistratura, a qual, naturalmente enfunada por injustificável arrogância e evidente despreparo cultural, funcional e moral, teima em sentir- se superior à advocacia. Somem-se a isso, nossos compromissos com a defesa do estado democrático de direito e a busca pela obtenção da cidadania plena, os quais nos vinculam de forma cada vez mais pujante, vibrante e exaltada, tornando- se, mesmo, uma razão política de nossa luta institucional. É aqui, Senhoras e Senhores Conferencistas, neste majestoso Paraná “o mais belo a fulgir” “entre os astros do Cruzeiro”, conforme enaltece seu belo Hino, que, não só deveremos, como precisaremos ser “luzeiros”, buscando iluminar a estrada da Advocacia nacional com vistas a cumprir nossas responsabilidades com a Nação Brasileira. Então: “Avante! Para o porvir”. E é nesse tempo futuro que nós, presidentes Seccionais, devemos nos fixar, lastreados pelos 81 anos de história da OAB, comemorados na semana passada. Integram essa história mais de 20 Conferências, dentre as quais a sexta Conferência Nacional dos Advogados, realizada aqui em Curitiba nos chamados “anos de chumbo”, quando as advogadas e os advogados brasileiros opuseram resistência ao regime de exceção, clamando, corajosamente, pelo restabelecimento das liberdades individuais e pela democratização do país. Hoje, apesar de vivermos numa democracia, o povo brasileiro continua refém, não mais de seu direito de ir e vir, nem de seu direito de se expressar; mas refém em sua liberdade de poder aprender, e aqui me refiro ao direito do SABER, que é sem dúvida, a maior pena imposta à Nação brasileira, ratificada pelos últimos dados obtidos pelo IBGE em 2010. Sem o saber, o sol não brilha para todos; as oportunidades não aparecem; as idéias não fluem; o discernir deixa de existir, ficando fácil a manipulação das 59 O rdem dos A dvogados do B rasil C onselho Federal almas e das consciências por aqueles que vivem, como parasitas, à sombra da ignorância, do analfabetismo, delas se locupletando. Com isto, o campo torna- se fértil para a política malsã dominar as instituições e fazer crescerem todas as mazelas que diuturnamente estamos a combater. Sem educação, não há luz, não há caminhos, não há solução. Sem um sistema educacional eficaz (e não essa ficção alardeada pelo governo federal), tendo como coadjuvantes efetivos e dedicados os governos estaduais e municipais, os resultados de nossos esforços, por mais redobrados que sejam, serão sempre pífios. Nos tempos das sombras, nas ruas deste País, mesmo ao risco da repressão, bradava-se: “O povo unido jamais será vencido”, como se isso fosse uma verdade absoluta. Afirmo: povo deseducado é povo desinformado, por isso, fácil de ser manipulado! E essa é a realidade brasileira, vista de forma nua e crua. É isso que justifica e conduz à baixíssima qualidade da maioria de nossos políticos, a risível qualidade de nossos governos. E pior: a condescendência da sociedade brasileira com a vergonhosa corrupção que se enraiza nos vários setores da vida nacional. Mas tudo, tudo isso é também reflexo de uma impunidade criminosa, em boa parte devida à morosidade de um Judiciário que somente agora parece acordar de letárgico sono como consequência do ruído provocado pelo advento do Conselho Nacional de Justiça, que, embora não seja ainda o Conselho sonhado pela Ordem, que sempre ostentou a bandeira da necessidade de um órgão de Controle Externo do Judiciário forte, prestigiado, enérgico e independente o bastante das ingerências corporativas, já configura e se constitui em um primeiro e enorme passo em direção à conquista da transparência nas coisas do Judiciário e da responsabilização
Compartilhar