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HEMATOLOGIA Conferência 07 - 23/09/14 ANEMIAS HEMOLÍTICAS MEDIADAS POR ANTICORPOS ALOANTICORPOS OU ISOIMUNES -Transfusão -Gestação (ABO/Rh) 2. AUTOANTICORPOS: AUTOIMUNES -Adultos: 1:100.000 -Crianças: 0,2: 10.000 -Mulheres: 60% -87% anticorpos quentes – 43% complemento + IgG - 32%: só IgG 25%: só complemento -13% anticorpos frios -Linfoma: 23-36 meses -Manifestação inicial de LES 2A) Anticorpos quentes: temperatura corporal (37ºC) Anticorpos: IgG e C3b: não fixam complemento, especificidade anti Rh e anti – Banda 3. Hemólise no SRE (baço), esplenomegalia e anemia variável – desde anemia muito grave a anemia leve. Doenças associadas: neoplasias de células B, doenças do colágeno e vasculares. Prova de Coombs D/I +. Detecta a presença de anticorpos na hemácia e anticorpos circulantes. 2B) Anticorpos frios: temperatura em torno de 20º (alguns até em temperatura de 4ºC) Anticorpos: IgM. Especificidade anti i/I. Fixam complemento (hemólise intravascular): hemoglobinúria, hemoglobinemia. Fenômeno de Raynaud. Crioaglutininas (aglutinam hemácias a baixas temperaturas): aguda – crônica. Anemia variável. Causas do tipo quente: mais de 50% de origem idiopática. Secundárias: LES e outras doenças do tecido conectivo (artrite reumatoide, etc.), leucemia linfocítica crônica, teratoma e drogas (Metildopa e Fludara, principalmente). A mediação da droga é por auto-anticorpo. Causas do tipo frio: idiopática e secundárias (Mycoplasma pneumonia, mononucleose infecciosa, linfoma maligno, retocolite ulcerativa e criohemoglobinúria paroxística). ETIOPATOGENIA Modificação dos antígenos eritrocitários (existem comprovações em animais, mas não foi ainda provada no homem). Anticorpos de reação cruzada: Micoplasma. Esses anticorpos agridem as hemácias dos pacientes. Insuficiência do controle de autoimunização: self –tolerance. Todos temos antígenos próprios, mas o organismo desenvolve uma auto-tolerância para esses antígenos. É o que acontece praticamente com todas as doenças autoimunes: perda dessa tolerância imunológica para aquele tipo de antígeno. Por que acontece isso? Idiopático. Genética – talvez. Já existem descrições de pcts dentro de uma mesma família com várias doenças autoimunes. Tbm não há um conceito bem fundamentado nisso. MECANISMO DE HEMÓLISE Anticorpos quentes: baço, Sistema Reticuloendotelial (SER), Anticorpos frios: complemento (intravascular), fígado (extravascular, menor parte). CLÍNICA Instalação brusca, esplenomegalia moderada (> 50%) dos casos (AcQ) e na anamnese é comprovada que se trata de uma anemia/doença adquirida. Normalmente esses pcts vão apresentar a doença por volta dos 40 anos de idade. DIAGNÓSTICO Hemograma: reticulocitose, macrocitose e eseferocitose. Doença básica: verificar se não há alguma doença de base que possa ser a causa da anemia hemolítica tem que ficar investigando, pq o pct com LES, por exemplo, pode apresentar FAN positivo tardiamente. Coombs – teste da antiglobulina humana. Uma célula marcada é engolfada pelo macrófago, não é destruída e é feita uma retirada do AC que está recobrindo a hemácia. Retira-se fragmento de membrana e a hemácia voltará como um esferócito. Por isso é obrigatório fazer o teste de Coombs tbm na esferocitose hereditária – para afastar a anemia hemolítica autoimune. Toda célula marcada com AC é uma célula marcada para morrer será destruída principalmente no baço. Quando há associação com o complemento, isto significa que essa célula vai ser, em geral, removida na circulação rápida (remoção hepática). Teste de Coombs direto e indireto Direto O pct tem a sua hemácia recoberta pelo C3, vc tem um soro de Coombs anti-C3 isso provoca aglutinação, bem visível na lupa ou até mesmo a olho nu = POSITIVO. Quando temos só IgG colocamos um soro de Coombs anti-IgG e vai haver aglutinação = POSITIVO. Incubação in vivo. Indireto Verificar se existem anticorpos circulantes no soro do pct. Hemácias que já vêm no kit do exame. Incubação a 37ºC e colocar as hemácias na presença da antiglobulina humana. Se houver, o soro antiglobulina humana fará a aglutinação da hemácia = POSITIVO. Obs.: Hemoglobina prevalente até os 6 meses de idade: hemoglobina F. TRATAMENTO Corticoides, esplenectomia (se não responder aos corticoides 20% dos casos), imunossupressores (para os pcts que não responderam nem aos corticoides, nem à esplenectomia), anti CD 20 (para o grupo de pcts azarados que não respondeu nem aos corticoides, nem à esplenectomia e nem aos imunossupressores) e tto da doença básica. Obs.: alguns pcts que não respondiam aos corticoides, foram submetidos à esplenectomia, não resolveram e depois, quando voltam aos corticoides respondem a estes. Não se sabe o porquê disso. ANEMIAS HEMOLÍTICAS INDUZIDAS POR DROGAS Adsorção de complexos imunes: Quinidina (o complexo imune mediado pelo complemento se liga à hemácia e ela é destruída), Fuadina e Quinina. Adsorção da droga à célula (hapteno): Penicilina. Retirando-se a Penicilina o caso é resolvido. Nesses dois casos a hemácia funciona como uma expectadora inocente. Mecanismo desconhecido: indução de autoimunidade – Alfa metil dopa (anti-hipertensivo mais barato deixou-se de usar nas US devido a esse mecanismo), L dopa e A. mefenâmico (excelente antiinflamatório, mas deixou de ser usado devido a esse problema). A droga provoca uma alteração na superfície da hemácia, induzindo-a a ser reconhecida como estranha o AC liga-se e a destroi. Adsorção não imunológica: Cefalotina. Não sabe-se como ela funciona. A Cefalotina se liga à hemácia. Não tem-se o teste de Coombs positivo. É difícil realizar o dx. ANEMIA HEMOLÍTICA HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA É uma doença em que existe mediação do complemento: hemólise intravascular = hemoglobinúria (urina em cor de Coca-Cola). Paroxística porque em geral se apresenta por surtos. E sempre vinha após o sono, por isso noturna. Doença adquiridda – defeito intracorpuscular. Há uma mutação somática da célula tronco hematopoiética, que provoca uma maior sensibilidade ao complemento. Anemia hemolítica intravascular. Faixa etária: 10 – 50 anos (40 anos na média). Sobrevida: 10 anos. Doença rara: 1:100 mil a 1:1 milhão preferência por sexo. Sem história familiar. GENÉTICA Mutação do gene PIG – A: braço curto do X ativo (sem ser o responsável pelo corpúsculo de Baar). Síntese defeituosa do GPI (glicosilfosfatidilinositol) – a âncora de inúmeras proteínas presentes nas células. Causa, portanto, um defeito de ancoragem celular de diversas proteínas. Todas as células hematopoiéticas apresentam o defeito. HPN I = células normais. Deficiência total de ancoragem : Célula HPN III (grave). Deficiência Parcial = HPN II. Coexistência de ambas = dois clones mutantes no mesmo pct = quimera hematopoiética (duas células diferentes num mesmo indivíduo). GPI defeituoso Deficiência de ancoragem: CD 59 (MIRH) e CD55 (DAF). São eles que protegem a célula com relação ao complemento. Não há inibição da polimerização do C9 que começa com a clivagem de C5 para C5B. Lise celular pelo complemento. Acidificação do sangue durante o sono – diminuição do pH faz com que a célula se torne mais sensível à ação do complemento (hoje em dia descobriram que ela é independente do sono). Hemólise intravascular. CLÍNICA Hemoglobinúria matutina (após sono - urina cor de Coca-Cola). Crônica: crises ou contínua. Hemossiderinúria (decomposição da hemoglobina) – Fe diminuído (pode ter anemia ferropriva). 1/3 dos casos evolui para anemia aplástica. Raramente evolui para Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Óxido nítrico diminuído: dor abdominal, disfunção erétil, disfagia (disfunção da musculatura lisa). Trombose venosa: Síndrome de Budd-Chiari, hepatomegalia e ascite. Raramente esplenomegalia. LABORATÓRIO Pancitopenia. Teste de HAM (prova do soroácido): mais específico e menos sensível. Teste de sacarose: mais sensível e menos específico. Citometria de fluxo:CD55 e CD59 – mais SENSÍVEL. O pct que tem deficiência de CD59 (inibidor reacional de lise de membrana) obrigatoriamente vai fazer hemoglobinúria paroxística noturna. Alguns pacientes que têm deficiência isolada de CD55 e nõa fazem hemoglobinúria. TRATAMENTO Suportivo. Tomar cuidado com o ferro. O uso de androgênios está praticamente suspenso. Drogas anti plaquetárias, por causa da trombose. Pode ser feito o transplante de MO para casos mais graves. Anticorpo monoclonal (Eculizumab) – muito caro (mais de 1 milhão de reais por paciente/ano) e o uso é contínuo. GLOSSÁRIO CD55 (DAF): inibidor da convertase de C3 e C5 CD59 (MIRL): inibidor de membrana da lise reacional. GPI: ... Radical fosfatidil-inositol ligado a um núcleo glicol. Aqui é que há a ligação das proteínas. Todas as células hematopoiéticas têm essas duas proteínas: CD55 e CD59. Eculizimab inibe a conversão de C5 em C5b para formar o complexo de ataque à membrana. PROGNÓSTICO Leucemia aguda e anemia aplástica. Isso é o que matará esses pcts em geral. COMPLICAÇÕES A complicação mais frequente é o Síndrome de Budd-Chiari, simulando outras doenças abdominais agudas. Foram descritos fenômenos trombóticos de veias esplênicas, renais, portais e cerebrais. Fatores ligados a um alto risco de trombose durante a evolução da doença são a presença de trombose e/ou infecção quando do dx e idade acima de 54 anos.
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