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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ACRE - CAMPUS XAPURI
CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL
IZAIAS BATISTA DO SANTOS
GESTÃO AMBIENTAL E ESCOLA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
XAPURI – ACRE
2022
IZAIAS BATISTA DO SANTOS
GESTÃO AMBIENTAL E ESCOLA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre, como requisito à obtenção do Título de Tecnólogo em Gestão Ambiental.
Orientador: Prof. Ms. Francileide Lopes do Nascimento
XAPURI – ACRE
2022
Ficha catalográfica
IZAIAS BATISTA DO SANTOS
GESTÃO AMBIENTAL E ESCOLA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre – IFAC, aprovado pela banca examinadora.
Orientador: Prof. Prof. Ms. Francileide Lopes do Nascimento
Xapuri, Acre, _____/_____/ 2022.
_______________________________________
Professor Mestre 
Presidente da banca examinadora
__________________________________________
 Professor Doutor
Examinador 
XAPURI – ACRE
2022
Dedico este trabalho a minha esposa, grande colaboradora e incentivadora.
Luz da minha vida 
AGRADECIMENTO
Esta fase da minha vida é muito especial e não posso deixar de agradecer a Deus por toda força, ânimo e coragem que me ofereceu para ter alcançado minha meta.
À Universidade quero deixar uma palavra de gratidão por ter me recebido de braços abertos e com todas as condições que me proporcionaram dias de aprendizagem muito ricos.
Aos professores reconheço um esforço gigante com muita paciência e sabedoria. Foram eles que me deram recursos e ferramentas para evoluir um pouco mais todos os dias.
É claro que não posso esquecer a minha família e amigos, porque foram eles que me incentivaram e inspiraram através de gestos e palavras a superar todas as dificuldades.
A todas as pessoas que de uma alguma forma me ajudaram a acreditar em mim eu quero deixar um agradecimento eterno, porque sem elas não teria sido possível.
“Devemos tomar consciência que os direitos da natureza e os direitos humanos, são dois nomes da mesma dignidade. E qualquer contradição é artificial”
Eduardo Galeano
RESUMO
O estudo aqui apresentado contempla uma revisão bibliográfica abordando a temática Gestão Ambiental e Escola: Desafios e Possibilidades. O estudo vem nos fazer compreender a interação entre os homens e o ambiente, interação essa que ultrapassou a questão da simples sobrevivência. No decorrer deste século, para se atender as necessidades humanas foi-se desenhando uma equação desbalanceada: retirar, consumir e descartar. Com isso, e com tudo que conhecemos acerca da temática, fica evidente a importância de sensibilizar os humanos para que ajam de modo responsável e com consciência, conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro. A escola dentro da Educação Ambiental, tem papel muito importante, pois constrói conceitos de proteção e sensibiliza o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta. No entanto, o estudo busca como objetivo principal, analisar quais saberes e desafios da educação ambiental estão presentes nas escolas. Portanto, para o desenvolvimento do estudo, baseou-se principalmente nas concepções de Educação Ambiental, sustentabilidade e de relações com o mundo de Matura (1997, 2000, 2001, 2004), Pereira & Gil (2013) e Walter (2004) como eixo norteador. 
Palavras-chave: Meio Ambiente, Ensino-Aprendizagem, Escola, Desafio.
ABSTRACT
:
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................	11
2.REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................	13
2.1Educação Ambiental no Brasil...............................................................................	13
2.2 Educação Ambiental: Conceito e Legislação.......................................................15
2.3Educação Ambiental na Escola: Dificuldades e Desafios.....................................18
CONCLUSÕES..........................................................................................................	22
Referências Bibliográficas..........................................................................................	23
	
24
1. INTRODUÇÃO
Atualmente vimos que os debates acerca da questão ambiental vem se ampliando progressivamente, na proporção em que cada vez mais pessoas e órgãos institucionais percebem a gravidade das danosas consequências causadas ao meio ambiente pela ação irresponsável do homem. A consciência da necessidade de estabelecer uma relação mais saudável entre homem e natureza chegou também à escola, e muitas iniciativas estão sendo feitas visando proporcionar aos alunos a compreensão de que o futuro da humanidade depende dessa ação integrada, e é na escola que toda uma diferença pode acontecer, ou pelo menos, fazer com que toda uma ação de preservação se inicie.
A escola é um espaço privilegiado de construção de conhecimento, cultura e identidade. Dentro ela, o aluno pode encontrar meios para compreender os fenômenos naturais em todas suas dimensões, bem como as consequências da ação humana para o meio ambiente, para outros seres vivos e para o próprio homem. Além da aquisição de conhecimento, a escola também pode propiciar o desenvolvimento de novas posturas e valores que colaborem para uma sociedade mais justa e solidária, afinal, somente juntos e pensando no bem comum, será possível construir um ambiente saudável com qualidade de vida.
Nesse paradigma, a escola pública assume um papel de destaque, pois ela tem uma função social, primordialmente, emancipatória, por trabalhar com alunos majoritariamente de classes mais pobres. Ela nasceu das necessidades mais urgentes da sociedade e continua caminhando sob esse princípio. Portanto, a Educação Ambiental (EA) deve estar presente na escola pública, sobretudo nas séries iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), onde as crianças estão formando seus primeiros valores de base, que serão levados ao longo da vida.
Assim sendo, o presente trabalho pretende refletir acerca dos desafios e possibilidades da educação ambiental da escola pública no Ensino Fundamental I, entendendo que a escola deve buscar auxiliar o aluno a analisarem de maneira crítica os motivos pelos quais ocorre a destruição dos recursos naturais e a extinção de inúmeras espécies, e a cultivarem valores que levem a uma convivência pacífica e cooperativa entre os seres humanos. Desta forma, urge trabalhar na escola tanto com a disseminação de conhecimentos como com a percepção, sensibilização e o pertencimento, pensando nos desafios a serem enfrentados, ao passo que também se pense em meios para superá-los.
A BNCC compõe a Política Nacional da Educação Básica e objetiva contribuir para o “alinhamento de outras políticas e ações, [...], referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação” (BRASIL, 2018, p. 8).
Todavia, cabe salientar que a educação ambiental aparece na BNCC associada à promoção de conscientização ambiental e do consumo responsável, e não como um princípio necessário ao desenvolvimento das competências e habilidades gerais do educando, que envolvem a construção de uma visão crítica promotora de transformações socioambientais. Nesse sentido, a educação ambiental e a sua importância para a apreensão das problemáticas ambientais atuaissão relegadas a segundo plano na educação básica, desconsiderando o processo histórico dos movimentos ambientalistas e a luta por políticas públicas que fortaleçam a educação ambiental no país (BARBOSA; OLIVEIRA, 2020)
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Educação Ambiental no Brasil
Atualmente a temática Educação Ambiental vem sendo o ponto bem discutido e bem impactante em muitas reuniões sobre meio ambiente. Com base nisso, Loureiro (2008) afirma: 
“A Educação Ambiental se constituiu com base em propostas educativas oriundas de concepções teóricas e matrizes ideológicas distintas, sendo reconhecida como de inegável relevância para a construção de uma perspectiva ambientalista de sociedade.”(Loureiro, 2008. p. 3) 
Os primeiros registros da utilização do termo “Educação Ambiental” datam de 1948, num encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) em Paris, os rumos da Educação Ambiental começam a ser realmente definidos a partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, onde se atribui a inserção da temática da Educação Ambiental na agenda internacional. Em 1975, lança-se em Belgrado (na então Iugoslávia) o Programa Internacional de Educação Ambiental, no qual são definidos os princípios e orientações para o futuro. 
Historicamente, no Brasil, as discussões relacionadas a este campo de saber e ação política adquirem caráter público de projeção no cenário brasileiro em meados da década de 1980, com a realização dos primeiros encontros nacionais, a atuação crescente das organizações ambientalistas, a incorporação da temática ambiental por outros movimentos sociais e educadores e o aumento da produção acadêmica. 
Inicialmente o passo mais abrangente do Brasil nessa jornada foi Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Segundo Oliveira: 
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida de maneira geral como Rio-92 ou Eco-92, foi um mega-evento que construiu um simulacro espacial cujo objetivo foi a celebração das diretrizes dominantes sobre a questão ambiental sob o manto da ideologia do Desenvolvimento Sustentável. (Oliveira, p.1) 
O evento, que ficou conhecido no mundo todos, essa reunião conseguiu envolver mais de 100 chefes de Estado para debater formas de desenvolvimento sustentável, um conceito relativamente novo à época. 
O primeiro uso do termo sustentável é de 1987, no relatório Brundtland, feito pela ONU. Esse documento direcionou as discussões sobre um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais preocupado com questões ambientais. As bases para a conferência de 1992 já eram discutidas desde 1972, quando a ONU organizou uma conferência em Estocolmo, na Suécia. 
Na ECO-92 foi realizado um balanço tanto dos problemas existentes quanto dos progressos realizados, e elaborou documentos importantes que continuam sendo referência para as discussões ambientais. Em seguida temos documento importante nessa linha histórica é a Carta da Terra. Uma declaração de princípios éticos fundamentais para o crescimento de uma sociedade consciente, essa carta foi divulgada no ano de 2000 com grandes diálogos entre nações para que se refletisse em outras gerações. Um exemplo desse manuscrito: 
“Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis”. (BRASIL, 2000, p.1) 
A Carta da Terra está estruturada em quatro grandes princípios. Estes princípios são interdependentes e visam um modo de vida sustentável como padrão comum. Espera-se que através deles a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais sejam dirigidas e avaliadas adequadamente com quatro características principais: Respeitar e cuidar da comunidade de vida; Integridade ecológica; Justiça social e econômica; Democracia, não-violência e paz. 
São pontos primordiais que através de um processo contínuo como propõe a EA, pode ser desenvolvido na sociedade, fazendo uma diferença fundamental na construção de pessoas conscientes ambientalmente e sendo passada para cada geração esses pontos se tornaram de uma grande influencia social. Segundo Loureiro (2008): 
Tal fato é relativamente simples de compreender quando pensamos a Educação Ambiental – EA como uma práxis educativa que se definiu no próprio processo de atuação, nas diferentes esferas da vida, das forças sociais identificadas com a “questão ambiental”. (Loureiro, 2008. p. 3) 
É importante compreendermos que, falar de Educação Ambiental tem um objetivo social e de responsabilidade ética, pois ela propicia um conhecimento relevante do meio ambiente, suas qualidades, sua origem, sua importância e o quão estão relacionados em todas as áreas da vida de um cidadão. E como está descrito nos PCN – Meio Ambiente (Parâmetro Curricular Nacional de Meio Ambiente): “A perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo no qual se evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida”.
2.2 Educação Ambiental: Conceito e Legislação 
Para abordamos uma temática de grande importância, como essa aqui apresentada, precisamos ter conhecimento do que é a Educação Ambiental - EA e quais as características que fazem parte do seu desenvolvimento. Uma determinada temática só se torna Lei a partir de uma necessidade identificada na sociedade como: atitudes de preservação, sustentabilidade e cuidados para com o meio ambiente. No entanto, podemos considerar a EA como um processo responsável por formar cidadãos responsáveis e preocupados com os problemas ambientais que os cercam e que buscam, a partir das mais variadas formas e meios colaborar para a conservação e preservação dos recursos naturais existentes. 
Com isso, Layrargues afirma que : 
Um processo educativo eminentemente político, que visa ao desenvolvimento nos educandos de uma consciência crítica acerca das instituições, atores e fatores sociais geradores de riscos e respectivos conflitos socioambientais. Busca uma estratégia pedagógica do enfrentamento de tais conflitos a partir de meios coletivos de exercício da cidadania, pautados na criação de demandas por políticas públicas participativas conforme requer a gestão ambiental democrática. (LAYRARGUES, 2002, p. 52).
A partir da afirmativa de Layrargues, nos mostra a importância de abordar essa temática de maneira responsável e aprofundada, em função da sua capacidade de transformação da realidade social em que hoje estamos habituados a encontrar nas mais variadas formas de degradação e desleixo do ser humano para com o meio ambiente. 
Porém, quando falamos em Brasil, e importante conhecer que a Educação Ambiental foi regulamentada pela Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). De acordo com a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, compreendemos que EA:
Art. 1º: Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
Art. 2º: A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal (BRASIL, 1999). 
Sendo assim, não se pode falar de EA sem mencionar a sustentabilidade contextualizadae adaptada à nova realidade interdisciplinar, vinculada aos temas ambientais e sociais. Para Tristão (2012, p.207) “o paradigma da sustentabilidade atravessa e potencializa ações coletivas da realidade educativa ambiental”.
Pensando na prática habitual, de acordo com a norma prevista no art. 225, § 1, inciso VI da Constituição Federal é de responsabilidade das instituições educativas, “promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolve”. Sua implantação nas escolas não consiste na criação de uma disciplina específica no currículo de ensino, mas sim, no desenvolvimento de uma prática educativa cotidiana que desenvolve a multiplicidade de ideias, questionamentos e saberes pedagógicos, nas mais diversas perspectivas. Além disso, não é possível deixar de lado a relação com as práticas realizadas em comum na sociedade, assim como está presente no art. 4º quando se refere aos princípios básicos da EA presentes no sistema de ensino:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; 
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; 
III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; 
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; 
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; 
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; 
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural (BRASIL, 1999).
Como é possível perceber, desde muito tempo, há uma preocupação com as temáticas referentes à sustentabilidade, meio ambiente, preservação e reeducação ambiental. Sendo assim, a falta de seriedade que a mesma necessitava na época, uma legislação foi criada fazendo com que atualmente a problemática ambiental se tornasse uma das principais preocupações da sociedade moderna, desencadeando, por isso, uma série de iniciativas no sentido de reverter à situação atual de consequências danosas à vida na terra. 
Diante desse cenário, a EA aponta para garantias de objetivos fundamentais, presentes no artigo 5º da Constituição Federal (1999), sendo eles:
I- o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; 
II- a garantia de democratização das informações ambientais; 
III- o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; 
IV- o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; 
V- o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; 
VI- o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; 
VII- o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. (BRASIL, 1999) 
Para atingir todas as metas estabelecidas a instituição escolar exerce papel fundamental, uma vez que a EA deve iniciar dentro dos muros das escolas com a mobilização dos estudantes a curto, médio e longo prazo. Também é preciso que tais ações envolvam a comunidade sobre a importância de repensar o meio, destacando a importância da sustentabilidade e da preservação ambiental, onde todos nós somos responsáveis. “A formação das pessoas é fruto da interação com o meio que vivem e de todo o conhecimento que absorvem”, Pereira & Gil (2013, p.9).
O Ensino Fundamental é a modalidade de ensino com a etapa mais longa da Educação Básica, pois engloba crianças e adolescentes dos 6 aos 14 anos. “Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo” (BNCC, 2010, p.58). Desde os primeiros anos escolares, incentivos à preservação e ao cuidado com a natureza devem ser estimulados, pois é nessa fase de desenvolvimento cognitivo em que: 
Ampliam-se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tecnologias e com o ambiente. (BNCC, 2010 p.59).
Os professores que atuam com o ensino fundamental encontram na BNCC dentro do campo das ciências da natureza tudo sobre a Educação Ambiental, competências, unidades temáticas, objetos do conhecimento e habilidades. Para construir uma sociedade sustentada pelo pilar da cultura para sustentabilidade é necessário abordar práticas de observação e de interação com o meio natural e social no qual as crianças vivenciem desde cedo, de forma que posam aprender sobre o mundo e sobre a importância da sua participação nele. De acordo com a BNCC é durante o Ensino Fundamental que: 
Contempla-se, também, o incentivo à proposição e adoção de alternativas individuais e coletivas, ancoradas na aplicação do conhecimento científico, que concorram para a sustentabilidade socioambiental. Assim, busca-se promover e incentivar uma convivência em maior sintonia com o ambiente, por meio do uso inteligente e responsável dos recursos naturais, para que estes se recomponham no presente e se mantenham no futuro. (BNCC, 2010 p.327). 
Sabemos que a criação de leis e regulamentações não resolvem o futuro do planeta. É preciso avançar muito para mudar a cultura assumindo como ação um olhar voltado à sustentabilidade e a manutenção do nosso planeta. Aprofundaremos esse conceito no próximo capítulo.
2.3 Educação Ambiental na Escola: Dificuldade e desafios 
Muitas escolas e educadores bem-intencionados muitas vezes acabam desistindo da prática educativa envolvendo a EA devido aos mais diversos obstáculos que aparecem no caminho. E mesmo quando esses agentes levam seu projeto até o fim, é preciso destacar que a aprendizagem dos alunos não é garantida, principalmente, nos casos onde os educadores não buscaram superar as dificuldades que encontraram apenas as ignoraram. No entanto, quais seriam essas dificuldades?
Pode-se dizer que uma das mais frequentes é a não compreensão, por parte dos próprios educadores, acerca da temática. Justen (2006) explica que a visão mais comum sobre a EA se baseia no estudo da natureza e práticas que orientem a destinação correta do lixo, o que de fato também é importante, mas não suficiente. Loureiro (2006, p.47) anui com a crítica do autor supracitado dizendo que “[...]coloca-se com frequência no cerne da Educação Ambiental a contemplação do natural e não a interação na natureza” [...], ou seja, não se insere o indivíduo no meio em que vive, não se salienta a atuação de cada um, tanto positiva quanto negativa”. Os autores compartilham a ideia de que a EA não é trabalhada da forma correta em boa parte das instituições de ensino, que optam por tratar o tema sob uma perspectiva de senso comum e superficialismo, afinal, a contemplação do meio ambiente, de maneira isolada e sem contextualização, dificilmente produzirá uma aprendizagem significativa.
Bigotto (2008, p.97) nos lembra outras dificuldades frequentes para a viabilização da EA, como falta de interesse dos professores, falta de materiais didáticos adequados, e “formas tradicionais de ensino, que dão prioridade a conhecimentos teóricos, abstratos e informativos em detrimento dos problemas concretos e regionais; e a defasagem de atualização dosdocentes em relação aos avanços do conhecimento cientifico”. Ao contrário da falta de interesse dos professores e formas tradicionais de ensino, os problemas materiais, como falta de materiais didáticos, podem ser considerados os menos importantes, tendo em vista que o principal recurso didático empregado para o estudo da EA deve ser o próprio meio ambiente circundante.
O professor de escola pública, que já encontra dificuldades inerentes à profissão, como cargas horárias desgastantes e falta de motivação dos alunos, quando começa a desenvolver seu plano de EA sempre encontrará situações inesperadas, no entanto, precisa nutrir o interesse em realizar um bom trabalho na formação das futuras gerações. Com esse pontapé inicial, certamente buscará conhecer e mostrar aos alunos as mais variadas possibilidades para o ensino da educação ambiental.
Para tanto, agregar às atividades diárias atitudes voltadas à preservação do meio ambiente é agente transformador para sua realidade. Atividades práticas permitem que o aluno seja o construtor de seu próprio conhecimento. Segundo Freire (2011) existe a necessidade de envolvimento do aluno com a atividade proposta, para que o conhecimento possa ser construído, a partir de atuações concretas.
A escola dentro da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição inconsequente dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e considerando a reciclagem como processo vital. Que as demais espécies que existem no planeta merecem nosso respeito. Além disso, a manutenção da biodiversidade é fundamental para a nossa sobrevivência. E, principalmente, que é necessário planejar o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais, considerando que é necessário ter condições dignas de moradia, trabalho, transporte e lazer, áreas destinadas à produção de alimentos e proteção dos recursos naturais.
Esse processo de sensibilização da comunidade escolar pode fomentar iniciativas que transcendam o ambiente escolar, atingindo tanto o bairro no qual a escola está inserida como comunidades mais afastadas nas quais residam alunos, professores e funcionários. SOUZA (2000) afirma, inclusive, que o estreitamento das relações intra e extraescolar é bastante útil na conservação do ambiente, principalmente o ambiente da escola. Os participantes do Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a Educação Ambiental (MEC/SEMAM, 1991) sugeriram, entre outras propostas, que os trabalhos relacionados à Educação Ambiental na escola devem ter, como objetivos, a sensibilização e a conscientização; buscar uma mudança comportamental; formar um cidadão mais 24 atuante; (...) sensibilizar o professor, principal agente promotor da Educação Ambiental; (...) criar condições para que, no ensino formal, a Educação Ambiental seja um processo contínuo e permanente, através de ações interdisciplinares globalizantes e da instrumentação dos professores; procurar a integração entre escola e comunidade, objetivando a proteção ambiental em harmonia com o desenvolvimento sustentado. (DIAS, 1992).
Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará o aluno a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão integral do mundo em que vive. Para isso a Educação Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares. 
Assim sendo a escola é o espaço social e o local onde o aluno será sensibilizado para as ações ambientais e fora do âmbito escolar ele será capaz de dar sequência ao seu processo de socialização. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.
No entanto, se existe inúmeros problemas que dizem respeito ao ambiente, isto se devem em parte ao fato das pessoas não serem sensibilizadas para a compreensão do frágil equilíbrio da biosfera e dos problemas da gestão dos recursos naturais. Elas não estão e não foram preparadas para delimitar e resolver de um modo eficaz os problemas concretos do seu ambiente imediato, isto porque, a educação para o ambiente como abordagem didática ou pedagógica, apenas aparece nos anos 80. Somente a partir desta data os alunos têm a possibilidade de tomarem consciência das situações que acarretam problemas no seu ambiente próximo ou para a biosfera em geral, refletindo sobre as suas causas e determinarem os meios ou as ações apropriadas na tentativa de resolvê-los. 
A Educação Ambiental, como componente essencial no processo de formação e educação permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução de problemas, contribui para o envolvimento ativo do público, torna o sistema educativo mais relevante e mais realista e estabelece uma maior interdependência entre estes sistemas e o ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem estar das comunidades humanas. No entanto, em pleno século XXI, cabe ainda estudos como esse, chamar a atenção de pessoas para uma preocupação que deveria ser de uma sociedade em geral, a se iniciar pelos espaços escolares.
CONCLUSÕES
Diante o exposto, vimos que um dos maiores desafios para a EA é a falta de conhecimento dos educadores sobre o assunto. Por isso programas de formação continuada são tão importantes frente a essa temática, bem como processos de autoconscientização e autocapacitação dos professores, que também podem tomar a iniciativa de buscarem informações motivadas pela obrigatoriedade da EA nas diretrizes educacionais, pela orientação do pedagogo da escola ou pela simples vontade de fazer a diferença na vida dos alunos.
A educação e a problemática ambiental são antes de tudo, questões políticas que envolvem atores, interesses e concepções de mundo diferentes, e que podem assumir direções mais conservadoras ou emancipatórias.
É preciso, é fundamental, que paremos para refletir sobre as nossas escolhas pessoais e coletivas, sobre nossas responsabilidades perante as atuais e futuras gerações, assim, essas discussões em torno da implementação da Educação Ambiental nas escolas, tem de ultrapassar as paredes burocráticas e chegar, rápido, às salas de aula, e isso não pode acontecer apenas por obra de um professor, um grupo, uma escola, uma rede. Essas discussões têm de ganhar status de política de Estado e permear toda sociedade.
È possível termos aulas ambientais teóricas e praticas nas escolas, mas deve haver com grande urgência uma revisão das grades curriculares. E a capacitação de profissionais para atuarem em sala de aula. O ser humano é aquilo que ele vivencia. As árvores que plantamos e cultivamos, nos levam a colher os frutos dentro e fora da escola, com as ações dos alunos. Não ações induzidas. Mas ações que surgiram de valores adquiridos a partir da conscientização. Nada mais pleno, do que iniciado em sala de aula, dentro das escolas, pois talvez tenhamos uma sociedade mais consciente e mais preocupada com um futuro bem próximo, e que sem os cuidados devidos, desastroso para uma sociedade inteira.
Referências Bibliográficas
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