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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
 
 
 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
1 
 
Sumário 
1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................... 2 
2 O ENSINO FUNDAMENTAL, ALGUNS ASPECTOS ............................... 13 
2.1 Histórico do Ensino de Ciências ......................................................... 14 
2.2 O Ensino de Ciências no Ensino Fundamental .................................. 15 
2.3 Conteúdos de Ciências Naturais no Ensino Fundamental ................. 16 
2.4 Ciências Naturais no Primeiro Ciclo ................................................... 16 
2.5 Ciências Naturais no Segundo Ciclo .................................................. 17 
3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................ 18 
3.1 Princípios Básicos da Educação Ambiental ....................................... 21 
3.2 Objetivos Fundamentais da Educação Ambiental .............................. 22 
3.3 Características da Educação Ambiental ............................................. 22 
3.4 O Meio Ambiente no Ensino Fundamental ......................................... 23 
3.5 Conteúdos de Meio Ambiente para o Primeiro e Segundo Ciclo ... Erro! 
Indicador não definido. 
3.6 Educação Ambiental no Ensino Fundamental .................................... 24 
4 A SUSTENTABILIDADE E A PRÁTICA DA INTERDISCIPLINARIDADE NA 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL .......... ...............................................................................26 
5 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE 
CIÊNCIAS ................................................................................................................. 35 
6 MATERIAL DIDÁTICO NA PRÁTICA DOCENTE ..................................... 41 
7 ATIVIDADES DE CAMPO NO ENSINO DAS CIÊNCIAS E NA EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL .............................................................................................................. 45 
7.1 Atividades de Campo e Educação Ambiental: Um Elo Repleto de 
Possibilidades ........................................................................................................ 51 
7.2 PROBLEMAS E SOLUÇÕES ............................................................. 53 
8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 55 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
2 
 
1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
Fonte: afolhatorres.com.br 
O tema Educação Ambiental (EA) evoluiu nas discussões entre ambientalistas, 
pesquisadores e Estado, não por acaso, em longo e lento processo. O 
desenvolvimento social e econômico, aos poucos, menciona a urgência em pensar e 
agir sobre o ambiente natural e, consequentemente, sobre o socialmente construído, 
no afã da evolução industrial e tecnológica. 
No plano internacional, conforme relata Ana C. S. Cruz, a preocupação 
ambiental surge de forma básica em 1864 com o lançamento do livro - O Homem e a 
Natureza: ou Geografia Física Modificada pela Ação do homem: Man and nature: or 
physical geography as modifiedby human action, de autoria do diplomata norte-
americano George Perkin Marsh (1801-1882). Essa obra traz detalhado exame sobre 
a agressão humana à natureza (DIAS, 2004). Alguns anos depois, em 1869, o biólogo 
alemão Ernest Haeckel (1834-1919) propõe o vocábulo - ecologia para definir estudos 
realizados sobre as relações entre espécies e o meio ambiente. 
Em 1872 foi criado o primeiro parque nacional do mundo, o “Yellowstone 
National Park” nos Estados Unidos da América. No Brasil, o primeiro parque é criado 
em 1896, Parque Estadual da Cidade de São Paulo (DIAS, 2004). 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
3 
 
Entre 1920 e 1970, evidenciam-se no Brasil algumas medidas de caráter 
conservacionista (TOZETTI 2008): a assinatura, em 1921, de um tratado de proteção 
às aves úteis para a agricultura; a criação do primeiro parque nacional em 1937, 
Parque Nacional do Itatiaia; o Parque Nacional do Iguaçu em 1939 (...). Este foi criado 
através do decreto lei nº 1.035, e em 1986 recebeu o título de Patrimônio Natural da 
Humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura - UNESCO. Com isso identificam-se medidas e preocupações 
conservacionistas unicamente com objetivo de manutenção dos recursos naturais. 
Em 1934, o Decreto 23.793 transforma em lei o anteprojeto do Código Florestal 
de 1931. Nesse mesmo ano é criado o Código das Águas, em 1937 a Lei do 
Tombamento e, em 1965 o Novo Código Florestal. 
Na Suíça, é fundada em 1947, a União Internacional para a Conservação da 
Natureza – IUNC, inicialmente com princípios de caráter protecionista, trazendo 
também atribuições relacionadas à conservação dos recursos naturais. A IUNC foi a 
organização conservacionista mais importante até a criação do Programa das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA em 1972, criado em decorrência Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo. 
A origem das discussões sobre as questões ambientais esteve inicialmente no 
campo do natural, com a instituição de leis e organizações preocupadas com a 
proteção do ambiente, e logo expandiu para o social, pois se tornou evidente a crise 
civilizatória instaurada pelo modelo capitalista. 
O movimento ecológico, assim como outros movimentos sociais, surge na 
década de 1960 no cenário político. Movimentos e críticas que vão além do modo de 
produção, acentuando os questionamentos sobre o modo de vida. São movimentos 
histórico-culturais. 
O movimento ecológico é o que demonstra maior intensidade na prática de 
questionar as condições de vida (PORTO-GONÇALVES, 1990) levantando diversas 
questões, tais como: 
(...) extinção de espécies, desmatamento, uso de agrotóxicos, urbanização 
desenfreada, explosão demográfica, poluição do ar e da água, contaminação de 
alimentos, erosão dos solos, diminuição das terras agricultáveis pela construção de 
grandes barragens, ameaça nuclear, guerra bacteriológica, corrida armamentista, 
tecnologias que afirmam a concentração do poder, entre outras. 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
4 
 
A bióloga e escritora norte-americana Rachel Carson, em 1962, fez um dos 
primeiros alardes com o clássico do movimento mundial sobre a questão ambiental, 
com a publicação do livro - Primavera Silenciosa - Silent spring. Com grande teor de 
sensibilidade, acaba por atingir o grande público, tornando-se clássico do 
ambientalismo. A obra denuncia a crescente degradação do ambiente e a perda da 
qualidade de vida sem precedentes na existência da espécie humana, por conta do 
uso excessivo e os efeitos da utilização de produtos químicos sobre os recursos 
naturais. Leva ao conhecimento público o problema dos pesticidas na agricultura e o 
desaparecimento de espécies. Com essa publicação, a temática ambiental tornava-
se alvo de discursos e de políticas públicas internacionais. 
A luta do movimento ecológico no Brasil surge na década de 1970, quando 
outros movimentos também estavam em grande evidência, pelo fato de o país estar 
sob o regime da ditadura. 
A burguesia nacional estava mais preocupada com a questão 
desenvolvimentista do país do que com as condições sociais de atraso e miséria, 
aliando-se a burguesia internacional, considerando as possibilidades do capital 
estrangeiro para o desenvolvimento. Consolidou-se então o regime autoritário e 
desenvolvimentista, deixando claro que ao imperialismo a industrialização do país era 
essencial. 
A elite dominante responsável pela industrialização desrespeitava a natureza e 
os trabalhadores. O interesse dos tecnocratas, responsáveis pelo plano técnico-
econômico desenvolvimentista do país, era acabar com a “miséria”, e para tanto 
acreditavam e lutavam contra a não industrialização do país. No entanto, a 
preocupação em nível internacional com o meio ambiente obrigou a implantaçãode 
exigências para o investimento interno. Instituições foram criadas para a gerência do 
meio ambiente, nem tanto por valorização e conscientização sobre as questões 
ambientais, mas para a garantia dos investimentos para a continuidade 
desenvolvimentista e manutenção da hegemonia dominante. 
Em 1972 acontece a Conferência de Estocolmo atentando para necessidade 
de estabelecer uma visão global e princípios comuns que sirvam de inspiração e 
orientação à humanidade, para a preservação e melhoria do ambiente humano, 
trazendo a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, 
(DIAS 2004 p. 369). A Conferência surge pelas necessidades apontadas no relatório 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
5 
 
Os limites do crescimento, que faz um alerta para importância de cautela nos estilos 
de desenvolvimento, publicado em 1972 pelo Clube de Roma que foi formado em 
1968 por um grupo multidisciplinar. 
Segundo Dias (2004), nessa época o Brasil estava na “contramão” da 
preocupação com o ambiente apresentando grandes iniciativas de degradação 
ambiental como o Projeto Carajás, a construção de 900 km de ferrovia e a Usina 
Hidrelétrica de Tucuruí, para a exploração de 890 Km² de região amazônica. Mas, foi 
nesse cenário que também surgia a Associação Gaúcha de Proteção ao Meio 
Ambiente Natural – AGAPAN, em 1971, ―precursora de movimentos ambientalistas 
em nosso país. 
O documento denuncia a busca incessante do crescimento da sociedade a 
qualquer custo e a meta de se tornar cada vez maior, mais rica e poderosa, sem levar 
em conta o custo final desse crescimento. Os modelos demonstram que o crescente 
consumo geral levaria a humanidade a um limite de crescimento, possivelmente a um 
colapso (DIAS 2004 p. 35). 
Segundo Dias, a Conferência da Organização das Nações Unidas - ONU sobre 
o Ambiente Humano ou Conferência de Estocolmo, na Suécia de 5 a 16 de junho, 
reunindo 113 países, foi um marco sobre a necessidade de um “esforço internacional 
para definir as bases conceituais do que seria a Educação Ambiental”. Seria o 
momento de se estabelecer princípios básicos de uma educação que garantisse à 
humanidade o acesso ao conhecimento e reflexão sobre a necessidade de agirmos 
em prol de um ambiente protegido, com a colaboração de todos como seres 
integrantes de um mesmo sistema. A Conferência de Estocolmo estabelece 26 
princípios, dentre eles expressa a comum convicção que: 
Princípio 1 - O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao 
desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que 
lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação 
de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras. A esse 
respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o “apartheid”, a segregação racial, 
a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação 
estrangeira permanecem condenadas e devem ser eliminadas. 
(...) 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
6 
 
Princípio 19 - É indispensável um trabalho de educação em questões 
ambientais, visando tanto às gerações jovens como os adultos, dispensando a devida 
atenção ao setor das populações menos privilegiadas, para assentar as bases de uma 
opinião pública, bem informada e de uma conduta responsável dos indivíduos, das 
empresas e das comunidades, inspirada no sentido de sua responsabilidade, 
relativamente à proteção e melhoramento do meio ambiente, em toda a sua dimensão 
humana (DIAS, 2004, p. 369 e 372). 
A Conferência foi considerada um marco histórico-político internacional e ainda 
gerou a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, um Plano de Ação Mundial e 
recomendou um Programa Internacional de Educação Ambiental - PIEA, para o 
desenvolvimento de uma Educação Ambiental com elementos críticos para que se 
possa combater a crise ambiental do mundo. 
O Brasil que nesta época vivia em período pós-golpe de 1964 e implantação do 
modelo ditatorial, restringiu o espaço para discussão ambientalista, ampliando a 
industrialização e consequentemente obras nocivas ao meio ambiente, sob defesa de 
um milagre econômico. Assim a Educação Ambiental apresentava-se como um 
processo de natureza revolucionária/subversiva e foi devidamente congelada (DIAS 
2004, p. 75). 
Apesar destas condições pós-golpe de 1964, foi criada a Secretaria Especial 
do Meio Ambiente em 1973, e consequentemente foram criadas algumas Leis e outras 
ações limitadas à conservação, distantes da dimensão social, sem a preocupação 
com o modelo de desenvolvimento ou com a ideia de conscientização e reflexão sobre 
a interdependência dos seres no ambiente. 
Não demorou muito e as consequências da Conferência de Estocolmo 
chegaram pela pressão do Banco Mundial e instituições ambientalistas. Foi também 
nesta época que os exilados políticos, anistiados retornaram ao Brasil, trazendo 
enriquecimento ao movimento ecológico para o país. 
Alguns anos após a Conferência de Estocolmo percebeu-se que esta não fora 
capaz de desacelerar a destruição ambiental, a pobreza e a crescente utilização dos 
produtos não renováveis. Essa constatação “levou a Assembleia das Nações Unidas 
a convocar nova Conferência” (TOZETTI 2008, p. 22). 
Considerando as recomendações da Conferência de Estocolmo, em 1975 em 
Belgrado, Iugoslávia, a UNESCO e o PNUMA promoveram o Encontro Internacional 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
7 
 
sobre Educação Ambiental. A reunião tinha por objetivo traçar princípios para um 
programa internacional de educação ambiental, sendo que essa deveria ser contínua, 
multidisciplinar, integrada às diferenças regionais e voltada para os interesses 
nacionais. 
Na reunião de Belgrado (1975) foi criada a Carta de Belgrado, apontando em 
seu texto que a Educação Ambiental é essencial para o questionamento da crise 
ambiental. Segundo Dias a Carta “expressava a necessidade do exercício de uma 
nova ética global, que proporcionasse a erradicação da pobreza, da fome, do 
analfabetismo, da poluição e da dominação e exploração humana”. Ainda segundo 
discussões da Oficina de trabalho - Panorama da Educação Ambiental no Ensino 
Fundamental, realizada em Brasília pelo Ministério da Educação/MEC (2001, p. 78), 
a Carta de Belgrado declara que a EA: 
... deve desenvolver um cidadão consciente do ambiente total, preocupado com 
os problemas associados a esse ambiente e que tenha conhecimento, atitudes, 
motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individual e coletivamente para 
resolver problemas atuais e prevenir os futuros. 
No Brasil inicia-se o desenvolvimento da Educação Ambiental, apesar do pouco 
interesse político. Surgiram as parcerias entre instituições de meio ambiente e as 
secretarias de Educação dos Estados. 
Outro marco histórico da educação ambiental ocorreu em 1977, entre 14 e 26 
de outubro, na cidade de Tbilisi, antiga URSS, a Primeira Conferência 
Intergovernamental sobre Educação Ambiental, inspirada pela Carta de Belgrado. A 
Conferência de Tbilisi, como ficou conhecida, evidenciou a necessidade de uma 
abordagem do contexto integral pela educação ambiental, garantindo a percepção da 
igualdade e a interdependência entre o mundo social e o natural. 
Segundo Dias (2004, p. 83), a Conferência de Tbilisi declarava que a Educação 
Ambiental teria como finalidade: 
[...] promover a compreensão de existência e da importância da 
interdependência econômica, política, social e ecológica da sociedade; proporcionar 
a todas as pessoas a possibilidade de adquirir conhecimentos, o sentido dos valores, 
o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e melhorar a qualidade 
ambiental; induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na 
sociedade em seu conjunto, tornando-a apta a agir em busca de alternativas de 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
8 
 
soluções para os seus problemasambientais como reforma de elevação de sua 
qualidade de vida. 
As 41 recomendações da Conferência de Tibilisi (1977) reunidas em um 
Informe Final, são consideradas um marco teórico da Educação Ambiental (SENAC, 
2005). Acentua a necessidade de Educação Ambiental ser abordada de forma integral 
e igualitária em relação aos meios social, cultural e ecológico, evidenciando a relação 
existente entre mundo social e natural. O documento preconiza que a Educação 
Ambienital não deve ser considerada uma nova disciplina no âmbito das escolas, mas 
deve acontecer com a representação das diversas disciplinas, evidenciado ser vital 
um enfoque interdisciplinar para garantir a compreensão das inter-relações do meio. 
Aparentemente alheio aos objetivos e princípios norteadores da Conferência 
de Tbilisi, o MEC publica o documento Ecologia – Uma Proposta para o Ensino de 1º 
e 2º graus, que causou insatisfação nos meios ambientalistas e educacionais 
brasileiros, pelo caráter reducionista que ignorava os aspectos sociais e políticos da 
questão ambiental. 
No entanto, acreditamos ter sido impossível com o avanço de uma política de 
globalização, o Brasil, país em desenvolvimento, não ir aos poucos se sensibilizando 
com as consequências dos riscos que trazem as exauríveis atividades humanas sobre 
o ambiente natural e social, sendo assim se adequando às políticas e ações de 
proteção e preservação. 
Foi no final dos anos de 1980 que começou a ampliação das orientações sobre 
o meio ambiente, expandindo ideias anteriormente com caráter unicamente 
conservacionista. Sendo criados órgãos específicos: (IBAMA, Conselho de Meio 
Ambiente – COSEMA, Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e o surgimento de 
ONGs com discursos ambientalistas diversos) fortalecendo a ideia do 
socioambientalismo, principalmente com a consolidação da nova Constituição e 
eleições presidenciais diretas em 1989, incluindo o cunho social à visão contemplativa 
de conservação do ambiente. 
Surgia um novo ambientalismo, com o discurso de que as políticas públicas 
ambientais devem ter maior preocupação com os conhecimentos e vivências das 
comunidades locais, um ambientalismo mais preocupado com a justiça 
socioambiental. 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
9 
 
Novas comissões foram criadas, assim como realizadas miniconferências para 
embasamento da Conferência Mundial. Em 1983 foi criada pela ONU a Comissão 
Mundial ou Comissão Brundtland sobre meio ambiente e desenvolvimento, com 
representantes de países em desenvolvimento e de países desenvolvidos. 
“Desenvolvimento sustentado” e “nova ordem mundial” são dois importantes conceitos 
que surgiram com o Relatório de Brudtland nomeado Nosso Futuro Comum, divulgado 
em 1987, apontando ainda o novo enfoque de conciliação entre “conservação da 
natureza e crescimento econômico” (GRUN, 1996, p. 18). Encerradas as atividades 
desta Comissão em 1987, com a entrega do Relatório Brudtland, foram constatados 
três principais problemas diagnosticados nas visitas realizadas a vários países: 
O primeiro ligado à poluição ambiental, pela emissão de carbono na atmosfera, 
contaminação do solo e águas e a mudanças climáticas; o segundo grupo ligado aos 
recursos naturais, como desmatamentos, perda da biodiversidade, erosão e 
desertificação e exaurimento dos recursos marítimos e lacustres; já o terceiro grupo 
de problema refere-se a questões sociais e a sua relação ambiental, a terra e sua 
ocupação, saneamento, crescimento urbano, êxodo rural e principalmente relaciona a 
educação. 
O Relatório Brudtland recomendou a convocação de uma nova Conferência. 
Em 1992 acontece a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento – Conferência Rio-92, contando com a participação de cento e 
setenta e oito delegações e com o maior número de chefes de Estado da história. 
No Brasil, os olhares para o Meio Ambiente começam a mudar depois da 
Declaração do Meio Ambiente com a Conferência das Nações Unidas em Estocolmo, 
em 1972. Até então, o Meio Ambiente era garantido por disposições comuns, como 
salienta Tozetti (2008) com uma visão conservacionista, adotada com objetivo de 
manutenção dos recursos naturais intactos, como se o homem não fizesse parte deste 
ambiente. 
A Lei Federal nº 6.938/81 institui a Política Nacional do Meio Ambiente, com 
características demasiadamente restritas, mas com indícios de superação do 
pensamento conservacionista, pautadas em ações ambientais distanciadas da 
dimensão ambiental. Rodrigues (2005 apud Tozetti, 2008, p.17) destaca que a Lei 
Federal nº 6.938/81 representou: 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
10 
 
(...) o início de um verdadeiro ―Direito Ambiental. A proteção do meio ambiente 
e seus componentes bióticos e abióticos (recursos ambientais), compreendidos de 
uma forma unívoca e globalizada, deu-se a partir desse diploma. (...) o fato de marcar 
uma nova (ou primeira!) fase do Direito Ambiental deve-se basicamente, aos 
seguintes aspectos: adoção de um novo paradigma ético em relação ao meio 
ambiente, colocando no eixo central do entorno a proteção a todas as formas de vida. 
Encampou-se, pois, um conceito biocêntrico. A adoção de uma visão holística do meio 
ambiente, que fez com que o ser humano deixasse de estar ao lado do meio ambiente 
e ficasse inserido no mesmo, como parte a ele integrada, não podendo ser dissociado. 
Albergou-se, portanto, uma posição autônoma do meio ambiente, considerando-o 
como um objeto de tutela independente, um bem imaterial. Deixando de ser meros 
apêndices ou simples acessórios em benefício particular do homem, passou a permitir 
que os bens e componentes ambientais pudessem ser protegidos independentemente 
dos benefícios imediatos que poderiam trazer para o ser humano. 
Mas foi em 1988 que esta Lei ganhou notoriedade na Constituição Federal 
devido a forças articuladas pelos ambientalistas. Em seu Artigo 225 fixou os princípios 
gerais em relação ao Meio Ambiente: 
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações. 
Podemos verificar, a exemplo do que foi acima mencionado, com a 
promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, em 5 de outubro de 
1988, destacaram-se alguns artigos pertinentes às questões ambientais, 
demonstrando a urgência em conhecer para proteger, com respaldo na legislação. No 
entanto, acreditamos que, sem ações coletivas de caráter político e solidário, apenas 
a lei não garante a boa conduta, o respeito mútuo, para a consolidação da melhoria 
da qualidade de vida dos seres interdependentes no ambiente. 
Depois de assumir a educação ambiental como obrigatória pela Constituição 
de 1988, as iniciativas no Brasil para a ampliação das discussões ambientais tomaram 
maiores proporções, principalmente após a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Desenvolvimento e o Meio Ambiente – UNCED, realizada no Rio de Janeiro, de 3 a 
14 de junho de 1992, na qual a Agenda 21, programa apresentado na Conferência 
Rio-92, como ficou conhecida, foi produzida com a participação do MEC, a Carta 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
11 
 
Brasileira para a Educação Ambiental, que de acordo com o texto do Programa 
Nacional de Educação Ambiental (BRASIL/ProNEA 2005, p. 24), reconhece ser a 
Educação Ambiental um dos instrumentos mais importantes para viabilizar a 
sustentabilidade como estratégia de sobrevivência do planeta e, consequentemente, 
de melhoria da qualidade de vida humana. 
A agenda 21 foi aprovada e assinada por representantes das 179 nações 
presentes, inclusive o Brasil, anfitrião da Conferência, prevendo implantação global, 
que em 40 tópicos, com mais de 800 páginas, prevê o desenvolvimento sustentável 
para o planeta, o desenvolvimento sem prejuízos à qualidadede vida e as condições 
ambientais. 
Nessa conferência, reconhece-se a insustentabilidade do modelo de 
“desenvolvimento” então vigente. O desenvolvimento sustentável é visto como o novo 
modelo a ser buscado. Nomeia-se a Agenda 21 como um Plano de Ação para a 
sustentabilidade humana. Reconhece-se a Educação Ambiental como o processo de 
promoção estratégico desse novo modelo de desenvolvimento. 
Gadotti (2003), ressalta que a Agenda 21 não é uma agenda ambiental, mas 
sim um documento que objetiva promover um novo modelo de desenvolvimento, um 
desenvolvimento sustentável, capaz de satisfazer as necessidades do presente com 
justiça e igualdade, sem comprometer as gerações futuras. O documento está dividido 
em quatro seções: 
a) dimensões sociais e econômicas (trata das políticas internacionais que 
podem ajudar na viabilização do desenvolvimento sustentável, das estratégias de 
combate à pobreza e à miséria e da necessidade de introduzir mudanças nos padrões 
de produção e de consumo); 
b) conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento (trata do manejo 
dos recursos naturais e dos resíduos e substâncias tóxicas); 
c) fortalecimento do papel dos principais grupos sociais (indica as ações 
necessárias para promover a participação, principalmente das ONGs); 
d) meios de implementação (tratando dos mecanismos financeiros e dos 
instrumentos jurídicos para a implementação de projetos e programas com vistas ao 
desenvolvimento sustentável). 
Na Agenda 21 ficou pactuado que a comunidade internacional deveria se 
planejar para solucionar os principais problemas ambientais até o ano de 2000, 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
12 
 
entretanto adentrou-se no novo século sem a esperada melhoria da qualidade de vida, 
pois faltou implementação adequada das soluções planejadas, fortalecidas segundo, 
Tozetti (2008) pela complexidade econômica, social e política, instaurada no 
processo. 
O Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), criado em 1994 pelo 
Ministério da Educação e do Desporto – MEC e o Ministério do Meio Ambiente, 
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - MMA, com as parcerias do Ministério da 
Cultura - MinC e do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, tem como propósito, 
ações, metas, e princípios a garantir o desenvolvimento do país, ampliando a 
sustentabilidade e a qualidade de vida. Orienta que deve haver uma harmonia e 
sensibilização para interdependência natural e social, ocorrendo de maneira 
transversal e no âmbito escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
13 
 
2 O ENSINO FUNDAMENTAL, ALGUNS ASPECTOS 
 
Fonte:saofranciscodoconde.ba.gov.br 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, através da Lei nº 9.394, de 
20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
De acordo com seu Art. 1º, a Educação abrange os processos formativos que 
se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições 
de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e 
nas manifestações culturais. 
Segundo esta mesma Lei, em seu Art.21. A educação escolar compõe-se de: 
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e 
ensino médio; 
II - educação superior. 
 
Se tratando da mesma Lei, em seu Art. 32, o ensino fundamental obrigatório, 
com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) 
anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão. 
O Ensino fundamental é uma das etapas da educação básica no Brasil. Tem 
duração de nove anos, sendo a matrícula obrigatória para todas as crianças com idade 
entre seis e 14 anos. 
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14 
 
A duração obrigatória do Ensino Fundamental foi ampliada de oito para nove 
anos pelo Projeto de Lei nº 3.675/04, passando a ser da seguinte maneira: 
· C.A (classe de alfabetização) = 1º ano 
· 1ª série = 2° ano 
· 2ª série = 3° ano 
· 3ª série = 4° ano 
· 4ª série = 5° ano 
· 5ª série = 6° ano 
· 6ª série = 7° ano 
· 7ª série = 8° ano 
· 8ª série = 9° ano 
 
A organização do Ensino fundamental divide-se em dois ciclos. O primeiro que 
corresponde aos primeiros cinco anos (chamados anos iniciais do ensino 
fundamental), e o segundo ciclo corresponde aos finais, nos quais o trabalho 
pedagógico é desenvolvido por uma equipe de professores especialistas em 
diferentes disciplinas. 
2.1 Histórico do Ensino de Ciências 
Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases, nº. 4.024/1961, ministrava-se 
aulas de Ciências Naturais apenas nas duas últimas séries do antigo curso ginasial, 
estendendo-se por obrigação a todas as séries ginasiais, e tendo caráter obrigatório 
nas oito séries do primeiro grau, a partir do ano de 1971 com a criação da Lei 5.692. 
Nesta época cabia aos professores a transmissão de conhecimentos 
acumulados pela humanidade, por meio de aulas expositivas, e aos alunos a absorção 
das informações. A verdade cientifica não era questionada, e a qualidade dos cursos 
era definida pela quantidade de conteúdos trabalhados. 
A preocupação em desenvolver atividade experimental começou a ter presença 
marcante nos projetos de ensino e nos cursos de formação de professores, e as 
atividades práticas chegaram a ser tidas como as grandes facilitadoras do processo 
de transmissão do saber científico (BRASIL, 1997). 
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15 
 
Em meados da década de 1970, instalou-se uma crise energética, sintoma da 
grave crise econômica mundial, o que ocasionou o surgimento de problemas 
ambientais em todo o mundo. Com isso, os problemas relativos ao meio ambiente e a 
saúde começaram a ter presença quase obrigatória em todos os currículos de 
Ciências Naturais, mesmo que abordados em diferentes níveis de profundidade. 
A partir do século passado, questionou-se tanto a abordagem quanto a 
organização dos conteúdos, priorizando a integração dos diferentes conteúdos, 
buscando um caráter interdisciplinar (BRASIL, 1997). 
Já nos anos 1980, a análise do processo educacional passou a priorizar o 
processo de construção do conhecimento científico pelo aluno, e desde estes anos 
até hoje é grande a produção acadêmica de pesquisas voltadas à investigação das 
preconcepções de crianças e adolescentes sobre os fenômenos naturais e suas 
relações com os conceitos científicos. 
2.2 O Ensino de Ciências no Ensino Fundamental 
Para o ensino na escola fundamental, é necessário mostrar a Ciência como um 
conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e suas transformações, 
sendo o homem reconhecido como parte do universo como indivíduo. É importante 
que se supere a postura cientificista, que levava o ensino de Ciências como sinônimo 
da descrição de seu instrumental teórico ou experimental. 
Durante muitos anos o ser humano foi considerado o centro do Universo, e com 
isso o homem apropriou-se da natureza como se ela estivesse a sua inteira 
disposição. Hoje, o Ensino de Ciências contribui para a reconstrução da relação 
homem-natureza, devido à grande crise ambiental que afeta o mundo todo. 
A sociedade atual tem exigido um volume de informações muito maior do que 
em qualquer época do passado, seja para realizar tarefas simples, ou para interferir 
em decisões políticas. Os indivíduos pouco refletem sobre os produtos que irão 
consumir e por falta de informação, acabam não exercendo opções autônomas, sendo 
manipulados a escolherem o que o mercado e os meios de comunicação impõem. 
Com isso tornam-se cidadãos inconscientes e que não sabem exercer a cidadania. 
O Ensino de Ciências proporciona aos alunos diferentes explicações sobre o 
mundo, sobre os fenômenos da natureza e as transformações produzidas pelo 
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16 
 
homem, e desta forma podem ser expostos e comparados. Com isso os alunos são 
instigados a desenvolverem uma postura reflexiva, crítica,questionadora e 
investigativa, de não-aceitação as informações que lhe são repassadas. 
No Brasil, o Ensino Fundamental é obrigatório, portanto, não se pode pensar 
no ensino de ciências como um ensino introdutório, voltado para uma aprendizagem 
efetiva em um momento futuro, pois as crianças são cidadãs hoje, e não cidadãos do 
futuro (BRASIL, 1997). 
2.3 Conteúdos de Ciências Naturais no Ensino Fundamental 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, os conteúdos de Ciências 
estão organizados em blocos temáticos para serem tratados como assuntos 
integrados. No ensino fundamental, são quatro os blocos temáticos propostos para 
serem trabalhados: 
- Ambiente; 
- Ser humano e Saúde; 
- Recursos Tecnológicos e 
- Terra e Universo. 
Cada bloco sugere conteúdos, indicando também as perspectivas de 
abordagem. Tais conteúdos podem ser organizados em temas, compostos pelo 
professor ao desenhar seu planejamento. Tendo em vista que os temas são 
aleatórios, o professor pode trazer para dentro da sala de aula uma notícia de jornal, 
um filme, um acontecimento na comunidade sugerindo que estes assuntos sejam 
trabalhados de maneira investigativa (BRASIL, 1997). 
2.4 Ciências Naturais no Primeiro Ciclo 
O processo de aprendizagem das crianças, tendo ou não cursado a educação 
infantil, inicia-se muito antes da escolaridade obrigatória. Sendo assim, é papel da 
escola e do professor estimular os alunos a perguntarem e a buscarem respostas 
sobre a vida humana, sobre os ambientes e recursos tecnológicos que fazem parte 
do cotidiano ou que estejam distantes no tempo e no espaço. 
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17 
 
No primeiro ciclo são inúmeras as possibilidades de trabalho com os conteúdos 
da área de Ciências Naturais (Ambiente, Ser Humano e Saúde, Recursos 
Tecnológicos), elaborando algumas explicações objetivas mais próximas da Ciência, 
de acordo com a idade e o amadurecimento dos alunos e sob influência do processo 
de aprendizagem, ainda que explicações mágicas persistam. 
Nesta fase há um grande desenvolvimento da linguagem oral, descritiva e 
narrativa, das nomeações de objetos e seres vivos, suas partes e propriedades. A 
capacidade de narrar ou descrever um fato, é enriquecida pelo desenho, que 
progressivamente incorpora detalhes do objeto ou do fenômeno observado. Além do 
desenho, outras formas de registro se configuram como possibilidades nessa fase: 
listas, tabelas, pequenos textos, utilizando conhecimentos adquiridos em Língua 
Portuguesa e Matemática. 
Outra característica deste momento da criança é o desenvolvimento da 
linguagem casual, onde a criança é capaz de estabelecer sequências de fatos, 
identificando causas e consequências relacionadas a elas, mas ainda não as 
associam aos princípios ou leis gerais das Ciências. 
É de grande importância que o professor incentive os alunos a formularem 
suposições e perguntas, pois esses procedimentos permitem conhecer as 
representações e conceitos intuitivos dos alunos, orientando o processo de 
construção de conhecimentos (BRASIL, 1997). 
2.5 Ciências Naturais no Segundo Ciclo 
No segundo ciclo, a escola já não é mais novidade, e nesta fase o aluno possui 
um repertório de imagens e ideais quantitativas e qualitativamente mais elaborado que 
no primeiro ciclo. 
Nesta fase, o aluno pode desenvolver observações e registros mais detalhados, 
buscar informações por meio de leitura em fontes diversas, organizá-las por meio da 
escrita e de outras formas de representação, de modo mais completo e elaborado, 
mas sempre com a supervisão do professor. O aluno deste ciclo compreende 
melhores explicações e descrições de textos informativos que lê, e os desenhos já 
são mais claros e detalhados (BRASIL, 1997). 
 
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18 
 
3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
Fonte:genjuridico.com.br 
Muitos estudiosos da área ambiental consideram que a ideia para a qual se 
vem dando o nome de “meio ambiente” não configura um conceito que possa ou que 
interesse ser estabelecido de modo rígido e definitivo. É mais relevante estabelecê-lo 
como uma “representação social”, isto é, uma visão que evolui no tempo e depende 
do grupo social em que é utilizada. São essas representações, bem como suas 
modificações ao longo do tempo, que importam: é nelas que se busca intervir quando 
se trabalha com o tema Meio Ambiente. 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Meio Ambiente, a 
perspectiva ambiental consiste em ver o mundo no qual se evidenciam as inter-
relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção 
da vida”. 
Conforme relata Aischan Sonda, nos últimos séculos, a industrialização, a 
mecanização da agricultura o uso intenso de agrotóxicos e a concentração 
populacional nas cidades fizeram com que a exploração dos recursos naturais se 
intensificasse muito e adquirissem outras características. 
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19 
 
A demanda global dos recursos naturais deriva de uma formação econômica 
cuja base é a produção e o consumo em larga escala. A exploração da natureza hoje, 
e responsável por parte da destruição dos recursos naturais, fazendo com que haja 
um crescimento sem fim das demandas quantitativas e qualitativas desses recursos. 
Os rápidos avanços tecnológicos viabilizaram formas de produção de bens com 
consequências indesejáveis que se agravam com igual rapidez, como a exploração 
dos recursos naturais intensamente, de forma a pôr em risco a renovabilidade da 
mesma. 
Como o desenvolvimento provocou efeitos negativos mais graves, começaram 
a surgir movimentos e manifestações em busca da reflexão sobre o perigo que a 
humanidade estava correndo por afetar de forma tão violenta o meio ambiente em que 
viviam. 
Em vários países, a preocupação com a preservação de espécies surgiu há 
muitos anos, assim como no Brasil. Contudo, ainda é preocupante a forma como os 
recursos naturais são tratados no Brasil. 
Na metade do século XX, juntamente com o conhecimento cientifico da 
Ecologia juntou-se um movimento ambientalista voltado para a preservação de 
grandes áreas e ecossistemas até então intocados pelo ser humano. 
Após a Segunda Guerra Mundial, intensificou-se a percepção de que a 
humanidade estava se encaminhando aceleradamente para o esgotamento ou a 
inviabilização de recursos indispensáveis a sua própria sobrevivência, e que a vida 
dependia unicamente do avanço da ciência e da tecnologia. 
É nesse contexto que se iniciam as grandes reuniões mundiais sobre o tema, 
instituindo-se assim um fórum internacional em que os países, apesar de suas 
imensas divergências, se veem politicamente obrigados a se posicionar quanto as 
decisões ambientais de alcance mundial, de forma que os direitos e os interesses de 
cada nação possam ser minimamente somados em função do interesse maior da 
humanidade do planeta (BRASIL, 1997). 
Assim, a questão ambiental, impõe as sociedades à busca de novas formas de 
pensar e agir, individualmente e coletivamente, de novos caminhos e modelos de 
produção de bens, para suprir necessidades humanas, que garantam a 
sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo de valores no qual a 
educação tem um importante papel a desempenhar. 
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20 
 
A preocupação com a questão ambiental não é algo recente, pois no início da 
década de 60, os problemas ambientais já mostravam a irracionalidade do modelo 
econômico, mas ainda não se falava em educação ambiental. Somente em março de 
1965, na Inglaterra, colocou-se pela primeira vez a expressão Educação Ambiental, 
com a recomendação de que ela deveria se tornar uma parte essencial de educação 
de todos os cidadãos (EFFTING, 2007). 
Os conceitos de Educação Ambiental estão diretamente relacionados à 
evolução dos conceitos de meio ambiente, havendo, portanto, vários conceitos de 
Educação Ambiental. 
A Educação Ambiental édescrita ao longo dos anos conforme as preocupações 
com o meio ambiente foram se agravando, estando sempre voltada à orientação de 
como resolver os problemas que afetavam o meio ambiente, priorizando a 
interdisciplinaridade e a participação ativa e responsável de cada indivíduo e da 
coletividade. 
Muito se tem discutido a respeito do melhor ou mais adequado conceito de 
Educação Ambiental, mas o que se nota é que todos eles são importantes para 
delinear a metodologia de trabalho da prática da educação ambiental em todos os 
seguimentos da sociedade (ALVES E COLESANTI, 2005). 
Não é tarefa fácil definir a Educação Ambiental, pois há inúmeras definições 
encontradas em artigos da área. Segundo o Ministério do Meio Ambiente: “Educação 
Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam 
consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, 
experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente 
– e resolver problemas ambientais presentes e futuros”. 
"A Educação Ambiental é a ação educativa permanente pela qual a 
comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo 
de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas 
derivados de ditas relações e suas causas profundas”. Ela desenvolve, mediante uma 
prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem 
um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em 
seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e 
atitudes necessárias para dita transformação (Ministério do Meio Ambiente – 
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21 
 
Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária 
Chosica/Peru (1976). 
De acordo com o Art. 1º da Lei 9.795/99, entende-se por Educação Ambiental 
os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores 
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a 
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia 
qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
No que se refere ao Art. 2º desta mesma lei, a Educação Ambiental é um 
componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, 
de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em 
caráter formal e não-formal. 
De acordo com a Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977), “A 
Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de 
conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes 
em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres 
humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está 
relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a 
melhora da qualidade de vida". (ALVES e COLESANTI, 2005). 
3.1 Princípios Básicos da Educação Ambiental 
Segundo a Lei 9.795/99, em seu Art. 4º, são os princípios básicos da Educação 
Ambiental: 
I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; 
II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a 
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque 
da sustentabilidade; 
III – o pluralismo de ideais e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, 
multi e transdisciplinaridade; 
IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; 
V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; 
VI – a permanente avaliação crítica do processo educativo; 
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22 
 
VIII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, 
nacionais e globais. 
3.2 Objetivos Fundamentais da Educação Ambiental 
Segundo a Lei 9.795/99, em seu Art. 5º, são os objetivos fundamentais da 
Educação Ambiental: 
I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em 
suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, 
legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; 
II – a garantia de democratização das informações ambientais; 
III – o estímulo e fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática 
ambiental e social; 
IV – o incentivo a participação individual e coletiva, permanente e responsável, 
na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade 
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; 
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro 
e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente 
equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, 
democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; 
VI – o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; 
VII – o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e 
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. 
 
3.3 Características da Educação Ambiental 
De acordo Marcatto (2002), a Educação Ambiental tem como principais 
características ser um processo: 
· Dinâmico integrativo: processo permanente onde a comunidade toma 
consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimento que os torna aptos a agir 
em busca da resolução dos problemas ambientais; 
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23 
 
· Transformador: objetiva a construção de uma nova visão das relações do ser 
humano com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e coletivas em 
relação ao meio ambiente; 
· Participativo: atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, 
estimulando-o a participar dos processos coletivos; 
· Abrangente: ultrapassa as atividades internas da escola tradicional e envolve 
toda a família e a coletividade; 
· Globalizador: considera o ambiente em seus múltiplos aspectos; 
· Permanente: envolvido com as questões ambientais continuamente, sem 
interrupção; 
· Contextualizador: atua de acordo com a realidade de cada comunidade. 
Pensar globalmente, agir localmente; 
· Transversal: as questões ambientais devem permear todos os conteúdos, 
objetivos e orientações didáticas de todas as disciplinas. 
3.4 O Meio Ambiente no Ensino Fundamental 
O termo meio ambiente tem sido utilizado para indicar um espaço em que um 
ser vive e se desenvolve, e sua interação com o mesmo. A principal função de se 
trabalhar com o meio ambiente em sala de aula é contribuir para a formação de 
cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental 
de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, 
local e global. 
Para se trabalhar o tema meio ambiente é necessária a aquisição de 
conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um 
trabalho adequado junto dos alunos. Isso não quer dizer que os professores deverão 
saber tudo para que possam desenvolver um trabalho junto dos alunos, mas sim que 
deverá se dispor a aprender sobre o assunto, constantemente (BRASIL, 1997, p.35 e 
36). 
Os conteúdos de meio ambiente deverão ser integrados ao currículo através 
da transversalidade, pois serão tratados nas diversas áreas do conhecimento, de 
modo a impregnar toda a prática educativa, e ao mesmo tempo, criar uma visão global 
e abrangente da questão ambiental (BRASIL, 1997). 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
24 
 
A lei Federal n 9.795, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, 
estabelece que todos tenhamos direito a educação ambiental, e esta é um 
componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente 
em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não 
formal (MARCATTO, 2002). 
3.5 Educação Ambiental no Ensino Fundamental 
Segundo a Lei 9.795/99,em seu Art. 9º, entende-se por Educação Ambiental 
na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de 
ensino públicas e privadas englobando: 
 
I – educação básica: 
a) educação infantil; 
b) educação fundamental e 
c) ensino médio; 
 
II – educação superior; 
III – educação especial; 
IV – educação profissional; 
V – educação de jovens e adultos. 
 
De acordo com o Art. 10 da mesma lei, a Educação Ambiental será 
desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos 
os níveis e modalidades do ensino formal, e não deverá ser implantada como 
disciplina no currículo de ensino. 
No que se refere à Educação Ambiental não-formal, entende-se pela mesma 
as ações e práticas educativas voltadas a sensibilização da coletividade sobre as 
questões ambientais e a sua organização e participação na defesa da qualidade do 
meio ambiente. 
Já a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA é uma proposta 
programática de promoção da Educação Ambiental em todos os setores da 
sociedade. Diferente de outras leis, não estabelece regras ou sanções, mas 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
25 
 
estabelece responsabilidades e obrigações. A Política de Educação Ambiental 
legaliza a obrigatoriedade de trabalhar o tema ambiental de forma transversal, 
conforme foi proposto pelos Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais. 
Quanto ao desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental nos 
diferentes ciclos, os professores entendem que há uma maior facilidade entre as 
primeiras séries, por ser um professor ministrando as quatro disciplinas do ensino 
fundamental, ficando a cargo dos professores de ciências a principal responsabilidade 
no enfrentamento do desafio da educação ambiental (NOVICKI E MACCARIELLO, 
2002). 
 
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26 
 
4 A SUSTENTABILIDADE E A PRÁTICA DA INTERDISCIPLINARIDADE NA 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
Fonte:climate-trail.org 
Segundo Jacobi (2006), o tema meio ambiente surge nos anos 60 a partir das 
discussões sobre os riscos da degradação do ambiente, apontando que as relações 
socioambientais estabelecidas na sociedade estavam causando impactos complexos 
nas condições de vida das populações e na capacidade de suporte planetária com 
vistas a garantir a qualidade de vida das futuras gerações. 
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27 
 
Na tentativa de reverter a crise ambiental, aos poucos é instituído o conceito de 
desenvolvimento sustentável, com papel de enfrentar a degradação dos recursos 
naturais e seus impactos para a humanidade. 
Para articulação e desenvolvimento deste processo, Jacobi (2006) aponta o 
surgimento de duas correntes interpretativas. 
A primeira, econômica e técnico-científica, propõe a articulação do crescimento 
econômico e a preservação ambiental, difundida a partir dos anos setenta. 
A segunda, diz respeito à crítica ambientalista ao modo de vida contemporâneo, 
difundido a partir da Conferência de Estocolmo em 1972. 
A partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, o conceito de desenvolvimento 
sustentável é relacionado “com a crítica ambientalista do modo de vida 
contemporâneo” (JACOBI, 2007), colocando as duas posições em confronto, os que 
previam a abundância e os catastrofistas. No entanto, estas duas posições dão lugar 
a uma posição intermediária entre o economicismo determinista (prioridade ao 
crescimento econômico) e o fundamentalismo ecológico (inexorabilidade do 
crescimento do consumo e esgotamento dos recursos naturais). 
Jacobi esclarece que o eco desenvolvimento ou desenvolvimento sustentável 
– paradigma intermediário – apresentava uma proposta que previa a harmonia entre 
os objetivos sociais, ambientais e econômicos, adquirindo rapidamente relevância nos 
debates sobre o desenvolvimento. 
Ignacy Sachs (In JACOBI, 2007, p. 51) formula princípios que caracteriza o eco 
desenvolvimento em cinco dimensões como concepção alternativa de 
desenvolvimento: 
1) a sustentabilidade social; 
2) a sustentabilidade econômica; 
3) a sustentabilidade ecológica; 
4) a sustentabilidade espacial e 
5) a sustentabilidade cultural. 
O eco desenvolvimento almeja a compatibilidade da melhoria da qualidade de 
vida com a preservação ambiental, que segundo Jacobi (2007): 
Apresentava-se mais como uma estratégia alternativa à ordem econômica 
internacional, enfatizando a importância de modelos locais baseados em tecnologias 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
28 
 
apropriadas, em particular para as zonas rurais, buscando reduzir a dependência 
técnica e cultural. 
O termo eco desenvolvimento, formulado nos anos setenta, que propunha 
políticas ambientais mais estruturadas e consistentes, deu lugar ao conceito 
“desenvolvimento sustentável”, apresentado em 1987 pela Comissão Brundtland, 
enfatizando as inter-relações entre economia, tecnologia, sociedade e política, e 
“enfatizando a necessidade de uma nova postura ética que se assente na 
responsabilidade tanto entre gerações quanto no nosso tempo” (JACOBI, 2007). 
O desenvolvimento sustentável ainda não se constitui como um paradigma e 
tem sido alvo de críticas por ser difícil de ser classificado em modelos concretos e 
operacionais, portanto, apresenta-se como uma orientação para a sociedade que 
precisa vislumbrar a viabilidade econômica e ambiental do desenvolvimento. O 
conceito está na Agenda 21 global, que prevê ações para o desenvolvimento 
sustentável no século XXI, “considera a complexa relação entre o desenvolvimento e 
o meio ambiente, e que a partir de um tripé, combina eficiência econômica com justiça 
social e prudência ecológica, como premissas da construção de uma sociedade 
solidária e justa” (JACOBI, 2006). 
Percebemos que os problemas ambientais são os problemas do 
desenvolvimento descomprometido com a sociedade e os sistemas naturais, é o 
desenvolvimento insustentável. Surge então, segundo Jacobi, a sociedade “reflexiva”, 
que vai buscar reverter a situação que ela mesma criou, emergindo daí uma 
“educação para a sustentabilidade”. 
Jacobi aponta que mais do que uma crise ecológica, estamos passando por 
uma “crise do estilo de pensamento”. “Uma crise do ser no mundo, que se manifesta 
em toda a sua plenitude: nos espaços internos do sujeito, nas condutas sociais 
autodestrutivas e nos espaços externos, na degradação da natureza e da qualidade 
de vida das pessoas”. 
Para tanto, acredita-se nas possibilidades de uma nova identidade profissional 
de educadores ambientais. Identidade necessária pelo fato de estarem acontecendo 
transformações socioculturais, principalmente em relação à construção de novas 
sensibilidades ambientais, na busca de ampliação da cidadania que considera o 
ambiente como bem coletivo. 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
29 
 
Para a efetivação desta nova identidade profissional é importante uma 
renovação no ensino, sendo a interdisciplinaridade e a educação ambiental essenciais 
na mudança das práticas pedagógicas, para a constituição de novas sensibilidades 
em relação aos acontecimentos sociais e históricos e, para a construção de uma 
cidadania mais ética. 
Segundo Carvalho (1998), grande parte dos educadores têm buscado uma 
prática educativa que considera a vida e a história, tentando superar o distanciamento 
recorrente entre a construção do saber e os acontecimentos do mundo. A prática do 
ensino pelas disciplinas especializadas, com grande característica de isolamento, 
perde a visão de conjunto e deixa de lado a ideia de que a ciência está entrelaçada. 
A abordagem disciplinar, tradicional e fragmentária instaurada na educação 
escolar, não se apresenta como capaz de desenvolver um ensino contextualizado, 
essencial para a realidade socioambiental em que vivemos. 
A interdisciplinaridade pretende superar a visão especializada e fragmentada 
do conhecimento e mostrar a direção para o conhecimento que é complexo, e quepode levar à percepção da complexidade e da interdependência dos fenômenos da 
natureza e da vida. Sugere mudanças nos modos de ensinar e aprender e também na 
organização das instituições de ensino, podendo se dar pela construção de novas 
metodologias, reestruturação dos temas e dos conteúdos curriculares, organização 
da equipe de professores que interagem diferentes áreas do saber. 
(...) poderíamos definir a interdisciplinaridade como uma maneira de organizar 
e produzir conhecimento, buscando integrar as diferentes dimensões dos fenômenos 
estudados. (...) podemos também nos referir à interdisciplinaridade como postura, 
como nova atitude diante do ato de conhecer (Ibid, p. 8). 
Segundo Carvalho (1998), a sociedade ocidental moderna que teve início no 
século XV, tem como uma de suas características as mudanças nas formas de 
conceber o mundo, sendo um de seus legados a especialização do conhecimento. 
Trata-se de uma sociedade moderna envolta com grande parte do conhecimento 
científico e das tecnologias que vivenciamos no século XX e da racionalidade com 
novas maneiras de conhecer e se relacionar com a natureza. 
A interdisciplinaridade pode ser entendida como uma crítica à sociedade 
ocidental moderna e ao modo como organiza e produz o conhecimento. 
Conhecimento marcado pela fragmentação nas chamadas disciplinas e pela 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
30 
 
racionalidade instrumental, que assegura aos seres humanos status de poder na 
relação com o mundo e com a natureza. Essa forma de lidar com o conhecimento, a 
racionalidade, direcionou o conhecimento ao dualismo do pensamento: cultura x 
biologia; conhecimento humano x natureza; sujeito que conhece x objeto conhecido, 
descaracterizando a complexidade do Universo. 
Tristão (2008) também considera que a crise ambiental está intimamente 
associada à crise do pensamento moderno e afirma que: 
A razão instrumental que se presumia ser a única prejudicou a capacidade 
humana de reflexão e de visão em longo prazo, pois reduziu, dissociou, fragmentou o 
conhecimento. A lógica instrumental clássica desencadeou uma clara divisão entre a 
evolução cultural humana e os processos naturais e ambientais, pautada na 
acumulação e na exclusão. A defesa pelo meio ambiente emerge como movimento 
de resistência a esse pensamento que dissocia cultura e natureza. A mais grave 
consequência e prejuízo dessa racionalidade irracional é a degradação social e 
ambiental (Ibid, p. 27). 
Carvalho aponta que os gregos antigos tinham uma relação diferente com a 
natureza, esta era vista em sua totalidade, como um grande organismo vivo “marcado 
pelas relações de interdependência dos fenômenos espirituais e materiais”, uma visão 
de natureza que se pode chamar de “holística”. O holismo, surge com a necessidade 
de se pensar o meio ambiente de forma complexa, este novo paradigma se refere a 
totalidade em oposição às abordagens reducionistas. 
O holismo em versão mais recente desponta do século XVIII por Gilbert White 
e esteve em grande parte dos discursos sobre educação ambiental, mas, segundo 
Tristão, já não tem mais dado conta das questões postas à educação ambiental pela 
pós-modernidade. Para Morin, o holismo tem características reducionistas que 
desconsidera a complexidade da unidade. O todo se apresenta de forma reduzida, 
sendo mais que a soma de suas partes e, Morin, com base na complexidade, 
considera o todo como mais ou menos do que a soma das suas partes (Tristão, 2008). 
O holismo traz uma concepção de totalidade totalizante podendo encantar a 
humanidade e desencadear um mundo homogêneo e instrumental, “reprimindo o 
heterogêneo, o sentido da diferença, da diversidade da cultura, (...) do vínculo entre 
vida e conhecimento” (Tristão, 2008). 
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31 
 
A partir da revolução científica a antiga concepção e relação com natureza 
sofreu mudanças e as sociedades modernas passaram a tratar a natureza como uma 
máquina, sem a percepção da totalidade e a interdependência, transferindo esta 
fragmentação também para as noções de corpo e espírito, natureza e cultura, humano 
e natural, consequentemente surge a fragmentação do conhecimento. A 
fragmentação do conhecimento e do ato de conhecer nos leva às especialidades que 
é, muitas vezes, precária, pois, ignora que a realidade é dinâmica, inter-relacionada e 
complexa, precisamos então “trocar certezas por perplexidade” e “ter olhos para ver 
que o mundo da vida transborda as gavetas conceituais, onde organizamos nosso 
conhecimento na forma de saber disciplinar” (CARVALHO, 1998, p. 14). 
Faz-se necessário superar essas visões parciais e especializadas para que 
seja possível reconhecer as interações entre os processos econômicos, políticos, 
históricos, biológicos e geográficos, para superar os problemas socioambientais, 
frutos do modelo de desenvolvimento social e econômico, e que deixa em evidência 
as desigualdades no acesso das populações aos recursos naturais e à boa qualidade 
de vida. 
Aos poucos podemos perceber que as mudanças estão acontecendo para a 
transformação do pensamento moderno fragmentado. Segundo Tristão, atualmente 
grande parte dos teóricos estão aderindo a uma nova forma de pensar a realidade, 
admitindo a complexidade e a não existência de “fronteiras entre mundo natural e 
social, entre cultura e natureza, entre sujeito e objeto e outras disjunções até pouco 
tempo presentes na cultura científica moderna” (Ibid, 2008). 
A complexidade e a Educação Ambiental tratam de várias problemáticas 
multidisciplinares como, por exemplo, histórico-sociais, socioeconômicas, político-
econômicas, sócio afetivas e outras. A palavra complexidade na Educação Ambiental 
aparece com o sentido de impossibilidade de explicar e compreender os problemas 
socioambientais dentro do paradigma cartesiano (VIÉGAS, 2004). A autora ainda 
salienta segundo Morin: 
(...) precisamos avançar para além do pensamento reducionista e do 
pensamento holista, pois os dois são mutilantes. O primeiro mutila a visão do todo em 
prol da visão das partes, o segundo mutila a visão das partes em prol da visão do 
todo. Este autor cunha um sentido paradigmático para a complexidade: “a 
complexidade não é um conceito, mas uma forma de enxergarmos a realidade”, pois 
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se apresenta como uma compreensão dos desafios que precisamos enfrentar no 
momento da ação devido ao conhecimento incompleto que temos da realidade. 
Segundo Viégas (2004), comentando Morin (1997), no cartesianismo o todo é 
inferior à soma das partes, o holismo considera o todo como superior à soma das 
partes e a complexidade classifica o todo como superior, inferior e diferente da soma 
das partes, tudo ao mesmo tempo, pois um sistema organizado é caracterizado por 
relações que extrapolam a soma, a justaposição ou a subordinação. 
A complexidade é capaz de proporcionar desordens que desvelarão novas 
interações com nova ordem, desvendando um mundo complexo em transformação. 
As novas interações, consequentes da desordem são imprevisíveis e aleatórias. 
Tristão (2008) afirma que estamos vivenciando uma época de rupturas, de 
abandono da visão cartesiana e mecanicista para inserção em uma visão sistêmica e 
ambiental, na qual as leis não são absolutas e a educação ambiental apresenta-se 
como capaz de religar a natureza e a cultura, a sociedade e a natureza, para uma 
leitura multidimensional. 
Precisamos de um processo educativo comprometido na formação de cidadãos 
capazes de compreender a transição dos paradigmas. E as práticas cotidianas nesse 
cenário podem fazer a diferença, as ações locais devem sempre ter a visão global dos 
problemas. 
Os problemas ambientais ocasionados pelo distanciamento entre o humano e 
o natural e pelo desrespeito entre os seres humanos, são ameaça para o futuro físico 
do planeta e segundo Carvalho, (1998), pode em igual intensidadeameaçar o futuro 
dos valores de nossa sociedade. Portanto, concordamos com a autora que considera 
necessária uma reorientação nos modos como a sociedade busca o conhecimento e 
como tem se relacionado com a natureza. 
Precisamos mudar nossos ideais fundamentados no modelo capitalista 
industrial de acumulação econômica a qualquer preço, que desconsidera a 
esgotabilidade dos recursos naturais. Sabemos que este modelo privilegia poucos e 
deixa uma maioria na marginalidade, apesar de o direito a um meio ambiente saudável 
estar garantido em leis, mas que ainda não é conquistado por grande parte da 
população. 
Verificamos em algumas situações uma banalização no modo como tem sido 
discutida a dimensão ambiental, principalmente em relação ao “natural”, pois este 
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muitas vezes aparece em argumentos que representam a natureza como imutável e 
eterna, além de ser explorada no uso apelativo para a venda de diversos produtos, 
demonstrando que a sociedade industrial vê tudo a sua volta como uma máquina de 
produção. 
Para que as mudanças aconteçam em relação ao como conhecer, ao como 
lidar com a natureza, como resolver a problemática socioambiental e como nos 
relacionar com o nosso semelhante, precisamos, segundo Carvalho (1998), mudar as 
“lentes” para um novo consenso social, com novos valores éticos e solidários para as 
relações sociais e das sociedades com a natureza. 
Para tanto, devemos ter uma postura interdisciplinar, capaz de fazer 
compreender essas relações de uma maneira diferente. “Perceber os problemas 
ambientais tendo como ponto de partida os processos sociais e naturais a partir de 
onde eles são produzidos é um dos principais objetivos de uma educação ambiental 
interdisciplinar” (CARVALHO, 1998). 
Como as equipes que estudam os problemas ambientais que, em sua maioria, 
são compostas de profissionais de várias áreas atuando em conjunto, possibilitando 
a construção de novas hipóteses e abandonando o que muitas vezes parece óbvio, 
na busca de soluções, pois segundo Carvalho, 
(...) ler o meio ambiente é apreender um conjunto de relações sociais e de 
processos naturais, captando as dinâmicas de interação entre as dimensões culturais, 
sociais e naturais, na configuração de uma dada realidade socioambiental. Uma 
atividade muito utilizada para evidenciar essa complexa trama de relações e tornar 
oportuna uma ação educativa é a realização de diagnósticos socioambientais. 
Acreditamos que esta mudança de “lente” e mudança de postura não é tarefa 
fácil, principalmente porque na escola o conhecimento parece “engessado”, não 
possibilitando ao sujeito aprendiz a experiência do deslocamento, do transitar entre 
as formas conhecer e de conviver com os diferentes pontos de vista. 
Portanto, consideramos que a mudança aconteça com certa urgência na 
escola, em sua organização, na organização de seu currículo e na formação dos 
professores, para a constituição de uma educação ambiental que seja interdisciplinar, 
capaz de formar sujeitos mais sensíveis e solidários em relação aos outros e à 
natureza, para ruptura de atitudes de dominação entre seres humanos, intolerância e 
preconceito. 
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Desta forma estaremos mudando o modo de conhecer, abandonando o modelo 
tradicional e disciplinar, de conteúdos fragmentados e desconectados da realidade, 
características de uma “educação bancária”, como denomina Paulo Freire, na qual o 
“saber” é doado pelos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. 
A escola precisa proporcionar uma educação que supere a concepção acima 
citada para se tornar capaz de formar sujeitos ativos e livres em sua forma de 
conhecer, sujeitos confiantes e com consciência crítica para a transformação da 
realidade. E segundo Carvalho (1998), as questões ambientais favorecem 
questionamentos sobre as ações educativas, até mesmo das práticas pedagógicas, 
pois a Educação Ambiental está intimamente ligada aos dilemas contemporâneos, 
necessitando de ações educativas que abandonem a limitada transmissão de 
informações ou imposição de regras de comportamentos. 
Aliada à educação baseada em regras de comportamentos e à educação para 
formar sujeitos sensíveis e afetuosos com a natureza, a Educação Ambiental tem 
como ideal formar sujeitos para a cidadania, capazes de interferir nos problemas 
socioambientais na busca de transformações das relações entre humanidade e 
natureza, pois considerando que somos seres interdependentes no ambiente, é 
importante transformar nossas relações sociais e culturais para garantir a qualidade 
das relações com a natureza. 
Esta Educação Ambiental requer educadores preocupados com o como fazer. 
Como renovar sua prática para uma Educação Ambiental interdisciplinar sem esperar 
modelos de sucesso, mas buscar pela renovação, levantando novas hipóteses e 
possibilidades, para lidar com a realidade. Educadores que abandonem antigas ações 
de impor regras sem propiciar a reflexão sobre a necessidade de mudança de atitude, 
capazes de instituir a necessidade do compromisso de todos com os valores de 
cidadania. 
Na escola e também fora dela é preciso que se compreenda que a questão 
ambiental está relacionada aos valores e comportamentos da sociedade, mas o tema 
não será eficientemente trabalhado se as metodologias utilizadas apresentarem 
características imperativas e impositivas. 
 
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5 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS 
 
Fonte:blogs-static.gazetadopovo.com.br 
A Educação Ambiental é um tema de grande relevância na atualidade, pois está 
ligada a interação do homem com o ambiente em que vive e consequentemente as 
implicações que esta interação causa (GOBARA, AYDOS, SANTOS, PRADO E 
GALHARDO, 1992). 
De acordo com Amaral (2001), uma polêmica que se manifestou desde os 
primórdios da Educação Ambiental, é se ela deveria se constituir em uma nova e 
autônoma disciplina do currículo escolar ou deveria encaixar-se nas já existentes. 
Apesar da UNESCO indicar o segundo caminho, sempre houve influencias 
quanto a outra alternativa. As argumentações baseavam-se em torno das dificuldades 
que os professores das disciplinas tradicionais teriam caso isso acontecesse. 
O currículo escolar ainda não oferece através de suas disciplinas, a visão do 
todo, do curso e do conhecimento, e não favorece a comunicação e o diálogo entre 
os saberes. De forma clara, as disciplinas e seus conteúdos não se integram ou 
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complementam, dificultando a perspectiva de conjunto e de globalização (SANTOS, 
2007). 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais tratam o tema Educação Ambiental 
como um tema transversal chamado de Meio Ambiente, convivendo com o bloco de 
conteúdo ambiente, ainda no currículo de ciências, nos demais blocos temáticos, 
incluiu conteúdos inegavelmente pertinentes ao ambiente, portanto individualizando-
os e fragmentando-os (AMARAL, 2001). 
Estes temas transversais dizem respeito as grandes questões sociais que 
afligem a humanidade na era contemporânea, não devendo ser abordados como mais 
uma disciplina escolar, e sim como um conjunto de temas que aparecem 
transversalizados, permeando a concepção das diferentes áreas, seus objetivos, 
conteúdos e orientações didáticas (CUNHA, 2007). 
Outra controvérsia relativa a este tema, seria a integração do tema meio 
ambiente com as diferentes disciplinas do ensino fundamental. De acordo com os 
PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) o tratamento transversal dessa temática 
deve considerar que as áreas de Ciências Naturais, História e Geografia são as 
tradicionais parceiras para o desenvolvimento dos conteúdos aqui relacionados, pela 
própria natureza dos seus objetivos de estudo. Faz-se necessário analisar os eixos 
de sustentação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais, tomandosua concepção de Meio Ambiente como referencial para uma melhor compreensão 
do ensino dessa disciplina e de sua relação com a educação ambiental, de acordo 
com o que preconizam os PCN’s (CUNHA, 2007). 
Sabe-se que o ato de educar é uma necessidade de nossa espécie e um 
fenômeno que deve ser compreendido e analisado para que possa ser eficientemente 
realizado. O ensino de ciências é uma das formas de ajudar na construção do 
conhecimento, utilizando recursos e materiais didáticos que permitem aos alunos 
exercitarem a capacidade de pensar, refletir e tomar decisões, iniciando assim um 
processo de amadurecimento (RODRIGUES, 2009). 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para o Ensino de Ciências, 
deixa claro que todas as escolas deverão garantir a igualdade de acesso para os 
alunos a uma base nacional comum, que vise estabelecer a relação entre a educação 
fundamental e a vida cidadã por meio de articulações entre vários dos seus aspectos 
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37 
 
como: saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente, trabalho, ciência e 
tecnologia, cultura e as linguagens (BRASIL, 1996). 
O educador em Ciências diariamente é exposto a grandes desafios a fim de 
exercer sua profissão de forma a transmitir os conhecimentos que os alunos precisam 
adquirir. Algumas dessas deficiências são agravadas por deficiências em suas 
licenciaturas, pois a rapidez com que os conceitos se ampliam e surgem novas 
tecnologias faz com que a formação do professor possa ser considerada ultrapassada 
poucos anos após sua graduação (LIMA E VASCONCELOS, 2006). 
Alunos do Ensino Fundamental da rede pública se deparam com metodologias 
que nem sempre promovem a efetiva construção do conhecimento. 
Cabe ao educador unificar experiências e estratégias de ensino, para qualificar 
a educação desenvolvendo novas competências a serem aplicadas nas escolas. Não 
haverá métodos ideais para ensinar, mas sim haverá alguns métodos potencialmente 
mais favoráveis do que outros. 
Não ensinar Ciências nas primeiras idades invocando uma suposta 
incapacidade intelectual das crianças é uma forma de discriminá-las como sujeitos 
sociais. Este é um forte argumento para sustentar o dever inevitável da escola de 
ensino fundamental de divulgar e trabalhar o conhecimento científico (MALAFAIA, E 
RODRIGUES, 2008). 
A Educação tradicional ainda é adotada e resiste às novas propostas 
pedagógicas. Este modelo é caracterizado por concepções de ensino como uma 
transmissão/transferência de conhecimentos (LIMA E VASCONCELOS, 2006). 
No Ensino de Ciências, atividades práticas são fundamentais, afinal o 
desenvolvimento da capacidade investigativa e do pensamento científico são 
diretamente estimulados pela experimentação. Ensinar Ciências é muito mais que 
promover a fixação dos termos científicos. O Ensino de Ciências busca privilegiar 
situações de aprendizagem que possibilitem ao aluno a formação de sua bagagem 
cognitiva. (VASCONCELOS E SOUTO, 2003). 
O novo paradigma da Educação acredita ser a Transdiciplinaridade que 
entende o intercâmbio e as articulações entre as disciplinas. Na transdisciplinaridade 
há a superação e o desmoronamento de toda e qualquer fronteira que inibe ou 
reprime, reduzindo e fragmentando o saber isolando o conhecimento em territórios 
delimitados (SANTOS, 2007). 
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38 
 
Neste sentido, tornou-se indispensável à ideia de que a educação desenvolvida 
no ambiente escolar seria incumbida de reorientar nossas formas de relacionamento 
com o restante da natureza, destacando-se a necessidade do desenvolvimento de 
uma educação ambiental (MAKNAMARA, 2009). 
Para enfrentarmos os problemas ambientais em busca de uma sociedade 
sustentável, é necessário que haja uma articulação entre todos os tipos de intervenção 
ambiental, incluindo as ações de Educação Ambiental (EFFTING, 2007). 
A Educação Ambiental é um processo educacional criado ao longo dos anos 
através de estudos de especialistas, com visão das necessidades do homem e da 
natureza entrelaçadas em um objetivo comum que é a manutenção da qualidade de 
vida de todos os seres do planeta. Torna-se importante o desenvolvimento deste 
processo educacional, visando à reversão ou a minimização dos problemas 
ambientais (SANTOS, 2007). 
A Educação Ambiental é uma das ferramentas de orientação para a tomada de 
consciência dos indivíduos frente aos problemas ambientais, por isto sua prática faz-
se importante para solucionar ou mitigar os problemas ambientais que fazem parte do 
nosso dia-a-dia (ALVES E COLESANTI, 2005). É um dos eixos fundamentais para 
impulsionar o processo de prevenção da deterioração ambiental, de aproveitamento 
sustentável de nossos recursos e de reconhecimento do direito do cidadão a um 
ambiente de qualidade (SANTOS, 2007). 
O ambiente escolar é um dos locais para a discussão a respeito das 
problemáticas ambientais, tendo em vista a formação de opinião, a construção de 
valores e a promoção da mudança de comportamento, fundamentais para que sejam 
resolvidos ou mitigados os problemas ambientais (ALVES E COLESANTI, 2005). 
A Educação Ambiental deve ser efetiva no Ensino de Ciências, mais de maneira 
interdisciplinar, ser agregada em outras disciplinas, pois é na conjugação das diversas 
disciplinas que compõem o currículo escolar que a discussão ganhará amplitude. A 
ideia de tema transversal possibilita a discussão e análise do tema meio ambiente em 
diferentes áreas do conhecimento, permeando todas as disciplinas. É um instrumento 
importante para se alcançar a sustentabilidade (ALVES E COLESANTI, 2005). 
A Educação Ambiental é um processo de formação contínua, e deve expandir-
se a todo sistema educacional, mas implementar este tipo de educação nas escolas 
tem se mostrado uma tarefa exaustiva. Existem grandes dificuldades nas atividades 
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de sensibilização e formação, na implantação de atividades e projetos e, 
principalmente, na manutenção e continuidade dos já existentes (EFFTING, 2007). 
Englobar a Educação Ambiental no currículo escolar implica mudanças nas 
estruturas profundas do sistema e a maneira como se organizam o ensino e os 
métodos que imperam no sistema educativo formal, pois a partir do momento que são 
aceitas novas formas de educar, consequentemente o sistema educativo tradicional 
estará sendo criticado (SANTOS, 2007). 
Torna-se evidente que a Educação Ambiental exige um modelo educativo novo, 
onde as teorias sejam expandidas para todas as disciplinas do âmbito cientifico, 
buscando a interdisciplinaridade. O propósito desta nova forma de ensinar é o de se 
construir coletivamente o conhecimento, sem negligenciar o rigor científico. 
Portanto, a Educação Ambiental deve ser trabalhada dentro do Ensino de 
Ciências por estar contido neste os temas transversais propostos pelos parâmetros 
curriculares nacionais, pois tornar a educação ambiental como disciplina específica 
no currículo escolar, demanda uma reestruturação do sistema de ensino, o que no 
momento torna-se inviável. 
A inserção da Educação Ambiental no Ensino de Ciências proporciona uma 
melhor abordagem do meio ambiente como um todo, e não demanda entendimento 
deste conteúdo por todos os professores, pois sabe-se que nem todos estão abertos 
a novas descobertas e desafios. Professores tradicionalistas não veem propósito 
alguma em aderir em suas disciplinas, temas atuais. Deste modo é respeitável que 
fique a critério de cada professor em sua determinada disciplina, trabalhar temas 
atuais e importantes. 
Discutir Ciências e Educação Ambiental não é só debater conceitos e 
concepções já existentes, é resgatar atitudes, valores e comportamentos, discutir a 
política, o dia-a-dia e os diversos aspectos relacionados com a vida em si. É despertar 
a criticidade e a busca por uma melhor qualidade de na vida. 
Faz-se necessário a ambientalização

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