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Prescrição e decadência – Análise da distinção à luz da teoria geral do
direito civil
Tatiana Tenório de Amorim
 
Resumo: A prescrição e a decadência, por serem institutos de direito material, serão objetos de
análise inserida no direito civil. A decadência é uma objeção substancial, a qual acarreta a extinção
do direito. A prescrição, apesar de declarável de ofício diante da reforma instituída pela Lei nº
11.280/06, não perdeu o caráter de exceção substancial, cujo efeito é o encobrimento de eficácia.
Caso seu efeito fosse extintivo não haveria como explicar a possibilidade de renúncia e a
irrepetibilidade da dívida com pretensão prescrita. Ambos institutos são conceitos de direito
positivo, não sendo possível, por isso, existir um critério de distinção apriorístico, nos moldes da
teoria de Agnelo Amorim Filho. Assim, um direito prestacional pode estar sujeito a prazo
decadencial e um direito formativo a prazo prescricional.
Palavras­chave: Prescrição e decadência. Conceitos jurídico­positivos. Exceção e objeção.
Distinção.
Sumário: Introdução – 1 O fato jurídico da prescrição e decadência – 2 Conceitos fundamentais –
3 Distinção no Código Civil – Rol não taxativo – 4 Concepção de Câmara Leal – 5 Critério prévio de
Agnelo Amorim Filho – 6 Nossas objeções – 7 Os ensinamentos de Pontes de Miranda – 8
Mitigação de característica essencial das exceções materiais – 9 Caducidade – 10 Diferenciação
adequada – Considerações finais – Referências
 
Introdução
No presente trabalho nos propomos a responder ao seguinte questionamento: existe distinção a
priori entre os conceitos de prescrição e decadência? Para tal intuito buscamos mostrar e abordar o
posicionamento da doutrina, destrinchar conceitos e esclarecer divergências. Analisamos a
classificação do fato jurídico dos institutos, e, após ser fixado o marco teórico adotado, passamos a
examinar os critérios de distinção mais relevantes, traçando as objeções e considerações
pertinentes, no intuito de promover uma melhor compreensão do intricado problema.
Com a exposição dos pensamentos que vêm prevalecendo na doutrina pátria, mostramos o
panorama de evolução no trato da prescrição e decadência, estudando a concepção clássica,
através de Câmara Leal, e a teoria de Agnelo Amorim Filho, a mais aceita nos manuais e que
oferece um critério prévio de diferenciação. Como importante fundamentação das considerações
críticas sobre a forma com a qual a doutrina dominante vem discriminando as figuras jurídicas,
destacamos os ensinamentos de Pontes de Miranda. Dessa forma, desenvolvemos o estudo da
distinção que julgamos mais adequada.
 
1 O fato jurídico da prescrição e decadência
Alguns autores1 catalogam a prescrição2 e a decadência como fato jurídico stricto sensu ordinário,
por entenderem independer da vontade humana. No entanto, os institutos devem ser incluídos na
Revista Fórum de Direito Civil ‐ RFDC
Belo Horizonte,  ano 2,  n. 4,  set. / dez.  2013 
 
 
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categoria dos atos­fatos jurídicos. Pontes de Miranda3 leciona que a prescrição é ato­fato, pois
existe um ato humano negativo necessariamente na composição do suporte fático, mesmo que seja
involuntário. É a configuração dos seus suportes fáticos que determina sua correta classificação,
qual seja a inércia do titular da pretensão e da ação em exercê­las no tempo prefixado pela norma.
A fim de não suscitar dúvidas quanto à classificação do fato jurídico da prescrição e da decadência,
devemos observar que o suporte fático do fato jurídico stricto sensu é composto por fatos da
natureza, e apenas estes, sem haver ato humano como dado essencial. É até possível existir ato
humano relacionado ao evento do fato stricto sensu, até mesmo intencional, como no caso da
morte por homicídio, mas não há alteração da natureza do fato jurídico, pois este ato participa
indiretamente e acidentalmente na ocorrência do fato. E o critério de classificação observa se o ato
humano é necessário à suficiência do suporte fático.4
Como a prescrição e a decadência têm como elemento constitutivo de seus suportes fáticos a
inércia do titular da pretensão e da ação, não há como classificar os institutos como fato em
sentido estrito, pois estamos diante de uma situação de fato, mas cuja concreção depende de uma
conduta humana como dado essencial, o que faz inseri­las na categoria dos atos­fatos
caducificantes. Dessa classificação podemos extrair certas premissas, enquanto atos­fatos não
importa a existência de vontade em praticar o ato, pois a norma jurídica o recebe como avolitivo.5
Assim, não há qualquer consideração se houve boa ou má­fé do sujeito passivo ou do sujeito ativo
da relação jurídica atingida pelas figuras jurídicas.6
 
2 Conceitos fundamentais
Antes da conceituação e distinção da prescrição e da decadência, devemos fixar o marco teórico
utilizado. O referencial adotado é a doutrina de Pontes de Miranda, tão bem elucidada por Marcos
Bernardes de Mello. Vamos explicitar a estrutura da relação jurídica, distinguindo a relação de
direito material e processual, delineando o conceito de seus elementos constitutivos para abordar o
problema de forma clara.
 
2.1 Estrutura da relação jurídica
Da concreção do suporte fático previsto abstratamente pela norma, ocorre a eficácia legal ou
nomológica, incidindo a norma jurídica sobre o suporte fático dando origem ao fato jurídico, fonte
única de eficácia jurídica. Somente a partir do conceito de fato jurídico7 podemos falar em mundo
jurídico e em todas as suas categorias eficaciais, tais como situações unissubjetivas e a relação
jurídica.
Marcos Bernardes de Mello conceitua a relação jurídica como “[...] toda relação intersubjetiva
sobre a qual a norma jurídica incidiu, juridicizando­a, bem como aquela que nasce, já dentro do
mundo do direito, como decorrência de fato jurídico”.8 O conteúdo da relação jurídica impõe a
correspectividade entre: direito e dever; pretensão e obrigação; ação e situação de acionado;
exceção e situação de exceptuado, podendo ser de direito material ou de direito processual.
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As normas de direito material resultam em fatos jurídicos geradores de direitos subjetivos, e as de
direito formal trazem instrumentos de realização do direito material. A relação jurídica formal tem
os seus elementos relacionados ao exercício da pretensão à tutela jurídica, ao remédio jurídico
processual.9 Tratamos aqui da relação jurídica de direito material, pois a prescrição e a decadência
são institutos fundamentalmente materiais, portanto, os termos direito, pretensão, ação e exceção
são empregados inseridos nessa relação. Quando temos que mencionar a ação em acepção diversa
indicamos no corpo do texto. Ressalvamos, de antemão, que o termo ação utilizado na explicitação
das teorias de Câmara Leal e Agnelo Amorim Filho não parte dessa distinção, não se encaixando na
categoria ação de direito material.
Conforme ensina Lourival Vilanova, o conceito de relação jurídica é um conceito fundamental, que
serve de base para todos os ramos do Direito. Conceito fundamental é aquele imprescindível para a
existência do ordenamento jurídico “[...] é condição da possibilidade do direito positivo e da Ciência
do Direito”,10 não cabe ao legislador estabelecer a sua conceituação ou tentar dispor sobre sua
definição. Há aqui uma impossibilidade lógica, são conceitos já concebidos pela ciência jurídica (o
que não significa serem estáticos, pois evoluem) e que “[...] são alçados à verdadeira condição de
possibilidade de conhecimento dos conceitos jurídicos positivos”11 São fundamentais, por exemplo,
os conceitos de norma, de fato jurídico, relação jurídica, hipótese fáctica, efeito jurídico, de direito
subjetivo edever jurídico. Não há como pensar numa intromissão legislativa, são conceitos lógico­
jurídicos, diferentemente dos conceitos positivos em que cabe ao legislador fixar­lhes o sentido e
alcance, o que é o caso da prescrição e da decadência. Fundamentamos este artigo nesta premissa
básica: a prescrição e a decadência são conceitos jurídico­positivos.
 
2.1.1 Direito e pretensão
Direito subjetivo é efeito do fato jurídico, pelo qual um sujeito se encontra em posição de
vantagem em relação a outro que tem um dever subjetivo. Enquanto “O direito é dentro de si­
mesmo, tem extensão e intensidade; a pretensão lança­se”12, a “Pretensão é a posição subjetiva
de poder exigir de outrem alguma prestação positiva ou negativa”13, representando o direito com
exigência. O direito sem pretensão é inexigível, existe apenas em potência.14 A prescrição não
atua contra o direito, mas atinge a sua exigibilidade (a pretensão), ao contrário da decadência, que
extingue o direito.
Ovídio Baptista esclarece que o exercício da pretensão não satisfaz o direito subjetivo, pois a sua
exigibilidade necessita do “agir voluntário do obrigado”,15 enquanto a ação de direito material
independe do agir do obrigado.
Como evidencia Pontes de Miranda, toda pretensão visa à satisfação, que se realiza pelo
destinatário, mas não necessariamente por ato ou abstenção sua, enfatiza o jurista que “A
exigibilidade do desquite ou do divórcio, através de ação constitutiva, não é menos exigibilidade;
há pretensão constitutiva, como há condenatória; há pretensão declarativa, como há pretensão
constitutiva e pretensão mandamental”.16
 
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2.1.2 Ação material e “ação” processual
Em geral, do não cumprimento da obrigação pelo sujeito passivo surge a ação de direito material17
que, em regra, é exercida através da “ação”,18 remédio jurídico processual, pois o Estado tem o
monopólio da tutela dos direitos. Em consequência disso é muito comum a confusão entre os
institutos, mas a ação material também pode ser exercida através de outros meios, como na
legítima defesa e desforço imediato para a proteção da posse, embora sejam raros os casos de
autotutela no Direito pátrio.
A ação material é impositiva, é forma através da qual o direito é imposto. A ação é plus em relação
ao direito subjetivo e à pretensão, por supor combatividade.19 Há de se diferençar aqui a ação de
direito material, da “ação” processual e do direito fundamental à jurisdição (“pretensão à tutela
jurídica”). A ação e o direito à jurisdição encontram­se no plano material, já a “ação” (remédio
jurídico processual) encontra­se no plano formal, é meio para utilizar a ação de direito material e
instrumento para exercício do direito fundamental de obter a atuação na jurisdição estatal, direito
constitucionalmente assegurado. Decorre o direito fundamental à jurisdição da incidência de outra
norma, de direito constitucional, e nem sempre quem é titular desse direito é titular do direito de
ação, mas ambas se situam no plano de direito material.20 Observemos que a “ação”, por estar no
plano processual, não é objeto da prescrição ou decadência.
 
2.1.3 Exceção
A exceção presume a existência do direito, pretensão e ação ou exceção contra a qual pode ser
oposta, atingindo suas eficácias. É semelhante à ação, pois supõe direito que se exerça através
dela; só atua, entretanto, no plano da eficácia. É contraposição a direito ou efeito dele, mas não
tem o poder de excluí­lo ou modificá­lo. O excipiente busca pretensão à tutela jurídica e
geralmente atua contra a pretensão do exceptuado. Não representa ataque ao ato jurídico e nem
ao direito, mas através dela a eficácia de um direito pode prevalecer, encobrindo a de outro. Esse
encobrimento pode ser definitivo ou temporário. Quando definitivo, o que não significa extinção,
estamos diante de uma exceção peremptória (como a prescrição); quando temporário (de que é
exemplo a exceção de contrato não cumprido), será uma exceção dilatória.21
São características essenciais das exceções substanciais nos moldes clássicos: dependerem de
alegação e não terem efeito extintivo, mas apenas encobrimento de eficácia.
As exceções materiais não se confundem com as exceções de direito processual, formais, que se
relacionam às causas de incompetência de juízo, suspeições e impedimentos dos membros do
judiciário e auxiliares da justiça, e impedimento para se conhecer das causas, como litispendência
e coisa julgada.
 
2.2 Objeção substancial
Pontes de Miranda22 ressalta que a exceção tem eficácia de encobrimento, já na objeção se alega
fato extintivo, modificativo, ou que impeça o nascimento do direito. Há alegação de fatos nas
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objeções, enquanto nas exceções há exercício de direitos. A objeção seria defesa, ao contrário da
exceção, que não nega os fatos aduzidos pelo autor.
Para Calmon de Passos23 a objeção se restringe aos fatos extintivos ou impeditivos que não se
caracterizam como exceção. Os fatos extintivos ou impeditivos de natureza substancial são
exceções ou objeções. O que as diferencia é o fato de a objeção dever ser conhecida de ofício pelo
magistrado, dispensando a provocação das partes, e a exceção depender de alegação do réu; a
exceção visa suprimir os efeitos jurídicos pretendidos pelo autor; já a objeção é fato que impede
totalmente a concessão da tutela pretendida. Defende ser a prescrição espécie de exceção, e a
decadência, de objeção.
Em regra, a exceção depende de alegação do beneficiado, e a objeção é declarável de ofício,
características historicamente atribuídas aos institutos. Em decorrência disso, existem
controvérsias na classificação da prescrição como exceção diante das reformas processuais em que
o legislador, em vista do aspecto prático, passou a atribuir características tidas como exclusivas das
objeções às exceções. Assim, a declarabilidade de ofício foi estendida à prescrição pela Lei nº
11.280/06, o que acabou misturando a clássica distinção entre a exceção e a objeção, no tocante à
prescrição e decadência.
O traço distintivo principal (que, caso inexista, desfigura os institutos) entre a exceção e a objeção
consiste que naquela não pode haver efeito extintivo e nesta o efeito é extintivo. O que devemos
observar como essencial é que, pela exceção, não se nega o direito material do demandante, mas
se exerce outro direito que neutraliza a sua eficácia.24 Já na objeção se alega inexistência do
direito, da pretensão. Caso haja determinação expressa de lei, a exceção pode ser conhecida de
ofício, sendo relativizada a sua dependência de alegação.
 
3 Distinção no Código Civil – Rol não taxativo
As tentativas de distinção entre a prescrição e a decadência foram várias, sendo lugar comum nos
livros de Direito o destaque dado à dificuldade da temática, partindo apenas dos efeitos (a
decadência extingue o direito; a prescrição, a ação), pela origem da ação (Câmara Leal) ou por sua
natureza (Agnelo Amorim Filho), havendo diferenciações mais vagas, tais como serem mais longos
os prazos prescricionais.
A prescrição e a decadência não eram discriminadas no Código velho. Câmara Leal25 demonstra
que o legislador fez uma confusão entre as figuras jurídicas, tratando­as indistintamente, mas
apesar de ter englobado todos os prazos sob a rubrica de prescrição, não houve a eliminação da
decadência, pois preceitos especiais iam de encontro às regras gerais, o que só poderia ser
explicado pela existência de um instituto diverso. Clóvis Beviláqua,26 organizador do Código de
1916, reconhece que mesmo este não tendo distinguido os prazos extintivos dos prescricionais,
havia diferençasentre as figuras jurídicas, pois os prazos extintivos operam a decadência do
direito, que é conferido para ser exercido em determinado prazo, extinguindo­se pelo não
exercício.
No sistema do Projeto do novel Código consta fórmula objetiva de distinção, como se extrai da
exposição de motivos:
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Menção à parte merece o tratamento dado aos problemas da prescrição e decadência, que, anos a
fio, a doutrina e a jurisprudência tentaram em vão distinguir, sendo adotadas, às vezes, num
mesmo Tribunal, teses conflitantes, com grave dano para a Justiça e assombro das partes.
Prescrição e decadência não se extremam segundo rigorosos critérios lógico formais, dependendo
sua distinção, não raro, de motivos de conveniência e utilidade social, reconhecidos pela Política
legislativa. Para por cobro a uma situação deveras desconcertante, optou a Comissão por uma
fórmula que espanca quaisquer dúvidas. Prazos de prescrição, no sistema do Projeto, passam a ser,
apenas e exclusivamente, os taxativamente discriminados na Parte Geral, Título IV, Capítulo I,
sendo de decadência todos os demais, estabelecidos, em cada caso, isto é, como complemento de
cada artigo que rege a matéria, tanto na Parte Geral como na Especial.27
A doutrina, em conformidade com o enunciado na exposição de motivos, entende que o legislador
de 2002 enumerou taxativamente os prazos de prescrição nos arts. 205 e 206, estando sujeitos à
decadência os demais prazos do Código. No entanto, apesar de este tratar distintamente da
disciplina dos institutos, afirmando expressamente quando o prazo é decadencial ou prescricional
na maioria dos casos, tendo solucionado grande parte da problemática existente na legislação
passada, os prazos prescricionais não estão em rol taxativo.
Alguns objetivos do Projeto contidos na exposição de motivos não se efetivaram. Expliquemos: no
art. 1.824, por exemplo, temos a ação de petição de herança, que a jurisprudência e a doutrina
reconhecem ser prazo prescricional,28 bem como o STF editou a Súmula nº 149 afirmando não
poder ser imprescritível. O dispositivo determina que o herdeiro pode demandar o reconhecimento
de seu direito sucessório para obter a restituição da herança, porém não fixa qualquer prazo para
seu exercício. No entanto, por envolver direito patrimonial, tem que estar necessariamente sujeito
a um prazo, visando à segurança jurídica, e a solução é o recurso ao prazo geral de prescrição de
dez anos de acordo com a redação do art. 205. Esse é um prazo subsidiário que determina ocorrer
em dez anos a prescrição quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Temos ainda a ação de sonegados sujeita a prescrição,29 apesar de estar na parte especial do
Código, pois a norma do art. 205 irá incidir, já que não foi estabelecido outro prazo. Conforme
demonstrado, a existência de hipóteses de prazos prescricionais, além do rol dos arts. 205 e 206,
impede considerá­lo taxativo.
 
4 Concepção de Câmara Leal
Câmara Leal atribui à prescrição o efeito de extinguir a ação ajuizável pelo seu não exercício
dentro do prazo prefixado pela norma, atuando contra a inércia da ação e não do direito. Presume,
assim, a existência de uma ação a ser exercitada em decorrência da violação de direito, mas cujo
titular não a tenha exercido; diferentemente se passa na decadência em que há simplesmente um
direito que deixou de ser exercido.
Em sua teoria a prescrição supõe a actio nata, segundo a expressão romana, que para se
considerar nascida depende da existência de um direito atual atribuído ao seu titular e de uma
violação desse direito, que tem ela por fim remover. 30 O autor utiliza os conceitos de direito como
faculdade de agir pertencente ao titular e de ação como meio judicial para proteger o direito
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quando ameaçado ou violado.31
Para Câmara Leal, a prescrição tem por objeto a ação ajuizável; por causa, a inércia do titular;
como fator operante, o tempo; e como fator neutralizante, as causas preclusivas de seu curso. A
decadência, por sua vez, acarreta a extinção do direito, cujo exercício foi condicionado a prazo,
extinguindo direta e imediatamente o direito e, consequentemente, a ação que o protege. Já a
prescrição extingue diretamente a ação e apenas mediatamente o direito, tornado inoperante como
consequência da extinção da ação. Visualizemos que a decadência é estabelecida em relação ao
direito, sendo este o seu objeto, e a prescrição tem por objeto a ação e sua função imediata é
extingui­la. Essa é a principal diferença que serve de base para a conceituação dos institutos na
concepção clássica  a prescrição extingue a ação , e a decadência, o direito.
Quanto ao momento do início do curso do prazo, o decadencial tem seu início no nascimento do
direito; a prescrição começa a correr até sua consumação, a partir do momento em que o direito
pode ser exigido em juízo, através da ação, pois no instante da sua violação nasce a ação (objeto
da prescrição). A prescrição está relacionada a uma ação que tem origem posterior ao nascimento
do direito, e a decadência supõe uma ação de origem idêntica à origem do direito, estes nascem
simultaneamente. O exercício da ação na prescrição não pode ser confundido com o exercício do
direito, a ação aqui seria remédio jurídico que visa socorrer direito que foi violado. O oposto se dá
na decadência, em que a ação é meio para exercício efetivo do direito; suas origens se identificam.
Outro diferencial está vinculado à natureza do direito que se extingue. A decadência presumiria
direito nascido, mas não efetivo, pois não exercido pelo titular, existindo apenas em potência. A
prescrição presumiria direito nascido, existente em ato, mas cujo exercício sofrera obstáculo pela
violação de terceiro, tendo perecido pela inutilização da ação.
Em relação aos efeitos da prescrição e da decadência nas ações, a prescrição extingue apenas a
ação para o exercício que foi estabelecida. Caso haja outra ação não atingida pela prescrição, o
direito pode ser pleiteado por essa via. Como exemplo da prescrição da ação executiva, o crédito
pode ser demandado por ação ordinária. Já a decadência impede o exercício de toda ação
relacionada ao direito que ela extinguiu; o titular do direito fica impedido de suscitá­lo em
qualquer pretensão em juízo de modo absoluto.32
Para Câmara Leal,33 o método desenvolvido e as diferenciações traçadas levam facilmente à
identificação e à discriminação das hipóteses de prazos prescricionais ou decadenciais. Dessa
forma, a solução para todas as dificuldades existentes na doutrina pátria e alienígena se basearia
em um critério seguro, composto de duas regras básicas: caso o direito e a ação nasçam no mesmo
momento e do mesmo fato e se a ação for meio para tornar efetivo o exercício de direito, o prazo
será decadencial. Se a origem da ação não coincidir com a do direito, o prazo será prescricional.
Guardemos os ensinamentos de Câmara Leal, desdobrados por Agnelo Amorim Filho. De antemão,
é preciso observar que o conceito dado por Câmara Leal à prescrição, causa extintiva da ação, não
pode prosperar diante da ação vista como remédio processual. Apesar de o autor não distinguir
ação, “ação” e direito à prestação da tutela jurídica, utiliza o termo ação como “meio judicial de
proteção da faculdade de agir”.34 A utilização da expressão ação na explicitação de sua teoria não
tem relação à ação de direito material, mas se enquadra na categoria “ação”. Não há como
vislumbrar a possibilidade de conceituar prescrição como extinção do remédio processual de ação
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diante do Código Civil de 2002 e dos conceitos que vêm sendo trabalhados pela doutrina moderna,
até porque a prescrição, bem como a decadência, atua no plano de direito material. Assim, a ação
processual não prescreve.
 
5 Critério prévio de Agnelo Amorim Filho
Agnelo Amorim Filho propõe a adoção de um critério que possa suprir a deficiência visualizada na
forma como os institutos eram distinguidos. A indiscriminação com que os prazos eram tratados
sob a vigência do Código Civil de 1916 forçava os aplicadores do Direito a decidirem contra o seu
texto expresso, violando regra de hermenêutica. O Código falava em prescrição de ação, prescrição
de prestação, prescrição do direito, prescrição de direito de propor ação, o que sempre gerou
confusões. Sustenta35 que o critério, mais usual na época, de se diferençar prescrição e
decadência, por esta extinguir o direito, e aquela, a ação, é falho e inadequado, pois não é dotado
de bases científicas e define os institutos pelos efeitos, quando o que se deve buscar é a causa, o
momento em que o prazo vai atingir a ação ou o direito. Para o autor, 36 a prescrição realmente
extingue a ação,37 e a decadência, o direito. Não é contra essa assertiva que ele se opõe, mas o
que busca é estabelecer uma distinção a priori entre os institutos, por entender insuficiente uma
conceituação baseada apenas nos efeitos.
Para chegar a esse critério ideal, que visa ser científico, de fácil aplicação e de maior segurança
jurídica, baseia­se na classificação dos direitos desenvolvida por Chiovenda e em sua proposta de
classificação ternária das ações.
Chiovenda38 divide os direitos subjetivos em duas categorias: direitos a uma prestação, que
envolvem um bem da vida alcançado pela prestação positiva ou negativa do sujeito passivo; e
direitos potestativos, que tendem a modificar estados jurídicos. Nos direitos potestativos não há
exigência de realização de prestação, o titular do direito tem o poder de sujeitar outras pessoas:
seria o poder de, através de manifestação de vontade, influir na esfera jurídica de terceiro, sem o
seu concurso de vontade, cessando um direito ou estado jurídico ou até mesmo produzindo novo
direito, estado ou efeito jurídico. Seriam invioláveis e não corresponderiam a nenhuma prestação,
não teriam o poder de exigir prestação, pois “[...] são, por definição, ‘direitos sem pretensão’”.39
Com base no provimento jurisdicional pleiteado, Chiovenda classifica as ações em condenatórias,
constitutivas e declaratórias. A ação condenatória é utilizada quando se visa a uma prestação do
sujeito passivo, impondo­lhe uma obrigação de prestar. Assim, os direitos potestativos não
poderiam estar relacionados à sentença de condenação por não visarem a uma prestação. E como
nas ações constitutivas não se requereria qualquer prestação, não serviria à tutela dos direitos
prestacionais.
Por entender que só a prescrição suporia lesão ou violação e que apenas os direitos prestacionais
seriam passíveis de inadimplemento, relaciona a prescrição exclusivamente às ações condenatórias
que tutelariam os direitos prestacionais. Já os direitos potestativos seriam sem pretensão e sem
prestação, por isso seriam invioláveis, o que não lhes permitiria estarem sujeitos a prazos
prescricionais.
Dessa forma, as ações condenatórias tutelariam os direitos a uma prestação, que seriam os únicos
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passíveis de violação e os únicos submetidos a prazos prescricionais; as ações constitutivas seriam
utilizadas para exercício dos direitos potestativos, que seriam invioláveis, estando relacionadas
apenas aos prazos decadenciais.
A imprescritibilidade, por ser conceito negativo, seria estabelecida através de exclusão. Seriam
imprescritíveis, então, as ações que não estivessem submetidas à prescrição (ações condenatórias),
nem à decadência (ações constitutivas), ou seja, as ações declaratórias, que seriam meios de
obtenção de certeza jurídica. Seriam perpétuas, também, as ações constitutivas para cujo exercício
a lei não determina prazo.
A aplicação de seu critério leva à mesma conclusão de Câmara Leal de quais prazos seriam
decadenciais no Código de 1916. Por isso, discutimos a possibilidade de procedência dessas teorias
conjuntamente, pois se a natureza de um prazo não se coaduna ao critério científico, também não
estará adequada à discriminação prática pela origem da ação.
 
6 Nossas objeções
A grande maioria dos respeitáveis manuais pátrios perfilha a teoria desenvolvida por Agnelo
Amorim Filho, sustentando ter sido o critério adotado pelo Código Civil. Humberto Theodoro
Júnior40 assinala que o legislador de 2002 enfrentou o problema de conceituar a prescrição e de
elencar os prazos de decadência objetivamente, separando racionalmente os dois institutos, tendo,
para isso, consagrado a teoria idealizada por Agnelo Amorim Filho. Afirma, ainda, que todos os
prazos de prescrição estão nos arts. 205 e 206.
Moreira Alves,41 membro da comissão elaboradora do Código, sendo relator da parte geral, indica
ter sido adotado o método científico pelo sistema do Projeto. Neste, os prazos prescricionais
estariam necessariamente contidos no capítulo referente à prescrição, sendo os demais prazos
existentes decadenciais, estejam na parte geral ou especial, sejam nominados ou inominados, o
que afastaria qualquer problema de interpretação.
Queremos demonstrar que muitos doutrinadores ressaltam ser taxativo o rol de prazos
prescricionais no atual Código, sendo os demais prazos nele contidos decadenciais, tendo o
legislador, assim, instituído uma maneira objetiva de distinguir os institutos, mas ao mesmo tempo
sustentam a procedência da teoria desenvolvida por Agnelo Amorim Filho.
Ocorre que é necessário ser observada por essa maioria da doutrina a existência de hipóteses
dentro da parte especial do Código que estão submetidas a prazos decadenciais, mas que envolvem
direitos prestacionais, o que contraria a teoria defendida e demonstra que ela não pode prosperar,
pois a prescrição e a decadência são conceitos jurídico­positivos.42
Temos, a título de exemplificação, os arts. 445, §§1º e 2º, 500 e 501, 618, parágrafo único, e 745,
que envolvem pretensões condenatórias, apesar de serem prazos expressamente ditos
decadenciais. Devemos observar que o método científico não é identificável em todos os
dispositivos do Código de 2002, nem em todos os prazos existentes em Direito Civil, apesar de que,
por análise empírica, a maioria dos prazos realmente nele se encaixe; afinal, a teoria foi
desenvolvida com base no entendimento dominante da jurisprudência e doutrina da época sobre a
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natureza dos prazos, o qual, em geral, foi mantido pela nova codificação.
Esse critério não foi recepcionado pelo legislador e não pode haver qualquer comando de
obrigatoriedade em segui­lo, por isso ele não é absoluto, como querem alguns, que chegam a
afirmar a sua prevalência sobre o texto legal. Tampouco pode ser considerado regra suficiente a
ser adotada. É postura contraditória se afirmar serem numerus clausus os casos de prescrição
constantes nos arts. 205 e 206 do Código Civil e querer sustentar a existência de outros prazos
dessa natureza dentro do próprio Código.
Tomemos para análise o art. 745, que envolve inadimplemento e ação condenatória, mas está
sujeito à decadência. O dispositivo determina que, havendo informação inexata ou falsa descrição
no documento a que se refere o art. 744, será o transportador indenizado pelo prejuízo que sofrer,
devendo a ação respectiva ser ajuizadano prazo de cento e vinte dias, a contar daquele ato, sob
pena de decadência. Não resta dúvida de que se está diante de caso de violação de direito, que
será tutelado via ação condenatória, mas não há como negar que se trata de prazo decadencial; o
Código é expresso nesse sentido e tem liberdade em assim agir.
No tocante ao art. 618, Miguel Reale,43 presidente da comissão elaboradora do Código Civil de
2002, ao falar sobre o princípio da operabilidade que orientou toda a produção legislativa, observa
que este prevalece sobre o elemento teorético­formal. Pelo dispositivo, o empreiteiro de construção
responde durante o prazo de cinco anos pela solidez e segurança dos materiais e do trabalho.
Segundo o autor, apesar da aparência de norma prescritiva, foi estabelecido como norma de
decadência para evitar dúvidas na jurisprudência e no direito do proprietário, a exigir a
responsabilização, e do empresário, a enfrentar sua obrigação contratual.
Fábio Ulhoa Coelho44 entende não ser seguro o critério prévio, bem como o método de Câmara
Leal, pois, caso sejam aplicados à hipótese do art. 445, chegar­se­à conclusão de que seria prazo
prescricional (pois envolve violação do direito à redibição ou abatimento do preço da coisa viciada e
é uma pretensão condenatória), quando na verdade é decadencial.45
Paulo Lôbo46 e Maria Helena Diniz,47 por sua vez, exemplificando os prazos decadenciais,
ressaltam, sem qualquer objeção, que os arts. 445, 501, 618 e 745 envolvem hipóteses de
caducidade. Da mesma forma, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona48 exemplificam os arts. 445 e 501
como prazos de decadência. E Humberto Theodoro Júnior49 indica os prazos dos arts. 501 e 618
como decadenciais.
Os exemplos, apesar de não objetivarem ser exaustivos, não se limitam a essas hipóteses. A ação
de anulação de partilha por exclusão de herdeiro é um direito formativo, mas está sujeita a
prescrição como diz expressamente o art. 1.029 do Código de Processo Civil e reconhece Humberto
Theodoro Júnior.50
Existem hipóteses dentro e fora do Código de direitos prestacionais submetidos a prazos
decadenciais, e nada impede que o legislador estabeleça prazo prescricional a um direito
potestativo (formativo). Nesse sentido, Pontes de Miranda afirma que:
Os direitos formativos estão sujeitos, de regra, a prazos preclusivos, de modo que se extinguem.
Quando a técnica jurídica não põe como resultado desejado a extinção do direito, e sim o
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encobrimento da sua eficácia, lança mão da prescrição da pretensão, ou da ação,  e não de prazo
preclusivo, que dê ponto final àquela, ou a essa.51
Percebemos que a análise dos prazos prescricionais e decadenciais leva à conclusão de que,
normalmente, os direitos formativos estão submetidos a prazos decadenciais, mas tal assertiva não
é regra absoluta, que não admita exceções. Vejamos a classificação de alguns prazos em Orlando
Gomes e Pontes de Miranda, que demonstram não haver impossibilidade lógica em um direito
formativo estar sujeito à prescrição.
Orlando Gomes considera a teoria de Agnelo Amorim Filho interessante pela distinção basear­se
“na estrutura do direito atingido pelo decurso do tempo”,52 e assinala estar a decadência
relacionada, preferencialmente, aos direitos potestativos, mas observa ser possível a existência de
direitos potestativos sujeitos a prazos prescricionais, que seria a hipótese do prazo de promover a
anulação de negócio viciado.53
Igualmente, Pontes de Miranda traz hipóteses de direitos formativos sujeitos a prazo prescricional,
e direitos a uma prestação sujeitos à decadência. Considerava prazo prescricional: o direito de
escolha das obrigações alternativas,54 direito formativo modificativo;55 o direito de pedir anulação
das declarações de vontade por erro, dolo ou violência,56 direitos formativos extintivos.57 Falava
ainda em prazo prescricional da ação constitutiva negativa58 e da dívida ter a possibilidade de
estar sujeita a prazo prescricional ou preclusivo.59
Yussef Cahali60 considera que a distinção científica na verdade seria um desdobramento da
discriminação pela origem da ação (Câmara Leal), complementando­a com os ensinamentos de
que, nos direitos potestativos, a ação origina­se com o próprio direito, e havendo prazo para o seu
exercício, será de decadência, enquanto nos direitos prestacionais, a pretensão condenatória nasce
posteriormente ao direito em decorrência de sua violação, sendo de prescrição o prazo para
exercício da ação. Infere ainda que a teoria se baseia na divisão binária dos direitos subjetivos
preconizada por Chiovenda, o que significa apenas um deslocamento da dificuldade para a
classificação dos direitos, não resolvendo o problema dos direitos que, na classificação de outros
autores, não se qualifiquem como potestativos ou prestacionais.
Outra questão precisa ser discutida. Observemos a lição de Pontes de Miranda:
Tem­se escrito que dos direitos formativos geradores, modificativos ou extintivos, não nascem
pretensões: ao exercício deles basta o ato unilateral, próprio, do titular; de modo que não poderia
o sujeito passivo, singular ou total, ‘opor­se’, nem precisaria o titular de exigir dele que se
abstivesse de qualquer ato positivo ou negativo. Há, aí, da parte de alguns juristas (e.g., A. VON
THUR, Der Allgemeine Teil, I, 244), confusão entre desnecessidade de intervenção ou cooperação
do sujeito passivo e inexistência de pretensão: o sujeito passivo tem de abster­se de impedir ou de
dificultar o direito formativo. Tanto assim que, se B impede que exerça o meu direito de caça em
terras dele, tenho a ação, por violação do seu dever e obrigação de se abster.61
Como assinalado, os direitos formativos são dotados de pretensão (não estamos confundindo
pretensão de direito material com pretensão à tutela jurídica) e por isso podem ser violados. Caso
se adote a pretendida distinção científica, será outro ponto a gerar dúvidas, pois não apenas os
direitos prestacionais têm pretensão ou são passíveis de violação.
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Há aqui outra consideração a ser feita. Para quem sustenta a prevalência da classificação quinária
das ações, a qual vem ganhando força na doutrina e adeptos nos tribunais, a teoria de Agnelo
Amorim Filho é insatisfatória por não se manifestar sobre as ações mandamentais e executivas.
Vilson Rodrigues Alves,62 apesar de defendê­la, reconhece haver mais prazos decadenciais que os
relacionados às pretensões constitutivas, de que são exemplos o prazo para exercício de pretensão
mandamental positiva em mandado de segurança e o prazo de exercício da pretensão de direito
material mandamental negativa em ação de embargos de devedor, mais um fato a comprovar que
o critério não é absoluto.
Apesar de Fredie Didier63 defender que as ações de prestação abrangem as condenatórias,
mandamentais e executivas  o que resolveria a crítica lançada , relaciona as ações cujo objeto seja
uma prestação (condenatórias, mandamentais e executivas) à prescrição. E, baseado nesse
pensamento, podemos concluir, por exemplo, que o mandado de segurança está sujeito a prazo
prescricional, quando na verdade é hipótese de decadência (art. 23, Lei nº 12.016/09).64
Será possível, como fazem alguns doutrinadores baseados nos ensinamentos de Agnelo Amorim
Filho, afirmar que o prazo dito decadencial pelo legislador, na verdade, seria prescricional?
Entendemos que não, e mais, sustentar o contrário só reforça a insegurança jurídica que se quer
combater ao tentar precisar os conceitos de prescrição e decadência. A novel codificação restringe
essa liberdade experimentada na época em que Agnelo Amorim Filho desenvolveu tão bem
concatenadamentesua teoria, pois passa a tratar objetivamente dos dois institutos. Os prazos são
os determinados pelo legislador em cada dispositivo, e essa realidade só poderá ser alterada
mediante reforma legislativa.
Não há a possibilidade de prosperar um critério de distinção a priori, prevalecendo sobre
determinações legais, quando não houve erro por parte do legislador, pois ele tem liberdade de
atribuir a um prazo a natureza de prescricional ou decadencial conforme a política legislativa
adotada. Ressaltamos, entretanto, que reconhecemos o método na maior parte dos prazos de
Direito Civil. No entanto, ele não pode ser adotado, conforme bem sintetiza Pedro Nogueira,65 já
que a prescrição é um conceito jurídico­positivo, experimentando o legislador ampla liberdade em
estatuir os prazos, as causas de suspensão, de interrupção, a forma de contagem e os efeitos. Não
pode haver qualquer determinação da doutrina ao legislador, nos moldes defendidos por Agnelo
Amorim Filho, pois ele tem liberdade de escolha e não estamos falando em uma lei que contrarie a
natureza das coisas.
 
7 Os ensinamentos de Pontes de Miranda
7.1 Exceção de prescrição
Pontes de Miranda define a prescrição como “[...] a exceção, que alguém tem, contra o que não
exerceu, durante certo tempo, que alguma regra jurídica fixa, a sua pretensão ou ação”.66  A
prescrição não extingue coisa alguma, mas apenas encobre a eficácia da pretensão e da ação.
Através da exceção de prescrição o tempo torna estável e sem possibilidade de impugnação, o que
poderia ter sido impugnado. A não conformidade ao direito permanece, sendo criado apenas
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encobrimento das pretensões ou ações, que continuam a existir.67
A prescrição foi confundida com a extinção do direito quando ocorre extinguirem­se os direitos dela
derivados, mas está relacionada às pretensões e às ações. É necessário o cuidado com o emprego
adequado dos termos, não sendo possível falar em prescrição de direito ou dívida prescrita, o
correto seria mencionar que o direito teve a pretensão ou a ação prescritas e se referir à dívida
com pretensão prescrita.68
A exceção não tem efeito destrutivo; para isso seria necessária a criação pela lei de uma eficácia
anexa, ou caso a prescrição compusesse o suporte fático da extinção. Dívida com pretensão
prescrita não é extinta, não levando à condictio indebiti o cumprimento de sua obrigação.69
Por ser exceção, está relacionada ao plano da eficácia do fato jurídico, é contradireito, indo contra
a eficácia do direito, pretensão, ação ou exceção que excetua. Contudo não é pretensão, não pode
ser considerada contrapretensão ou contra­ação, apesar de ter caráter defensivo. Não é alegação
de qualquer causa de extinção, seja nulidade, anulabilidade, resolução ou outra hipótese de
extinção. É, assim, direito negativo, mas não nega a existência e a validade, não tem o efeito de
desfazer ou eliminar atos de realização da pretensão, como a compensação. Não vai contra o ato
jurídico, nem ao direito em si. Por não extinguir a pretensão, a obrigação também não morre,
ambas persistem, pois são efeitos; a prescrição as torna encobríveis; a alegação, efetivamente as
encobre. A exceção tem apenas natureza declarativa, o pronunciamento do magistrado de que
ocorreu a prescrição é declaração do encobrimento de eficácia da pretensão.70
A prescrição não está relacionada à existência da pretensão ou ao plano da validade do ato
jurídico, está vinculada apenas ao plano da eficácia, em que se observa a existência do efeito de
encobrimento desta. Como se passa no plano da eficácia, se o correr do tempo demonstrasse que a
pretensão ou a ação, caso existissem, estariam prescritas, o juiz poderia acolher a exceção sem a
necessidade de previamente analisar a existência do fato jurídico ou a validade do ato jurídico.71
É importante, dentro da teoria pontiana, fixar a distinção entre os conceitos de exceção e
ineficácia. Esta exclui a eficácia; a exceção, por sua vez, é apenas causa de encobrimento, não de
negação, não extingue, tampouco destrói. A noção de encobrimento não implica a negação do
direito, da pretensão, ação ou exceção, nem das suas eficácias.72
Ordinariamente a exceção de prescrição atinge apenas a pretensão, que fica encoberta após o
exercício do direito de exceção, “[...] o direito subsiste, em si, intacto; como a pretensão, as ações
e exceções, que irradiam da pretensão, também são encobertas por ela”.73 Devido a essa
característica, o crédito atingido pela prescrição não pode ser exigido, apesar de não deixar de ser
considerado crédito, o que tem como efeito a possibilidade de o credor alegar a compensação, pois
esta se prende ao próprio crédito.74
A dívida com pretensão prescrita está passível de encobrimento, na pretensão, nas ações ou
exceções, mas não é considerada dívida com pretensão encoberta, visto que depende do exercício
do direito de exceção para que se dê o encobrimento. Isso porque a prescrição somente tem o
efeito de criar o direito de exceção, o ius exceptionis, que pode ou não ser exercido.
A exceção de prescrição é independente, representa o conteúdo imediato do direito de excepcionar,
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que possibilita o não acolhimento da pretensão.75 Não está ligada a direito do qual provenha, não
podendo ser exercida ativamente, através da pretensão e da ação de direito material.76
Caracteriza­se também por ser peremptória, ocorrendo permanentemente o encobrimento da
eficácia a que se opõe. Por ser permanente, encobre a eficácia do direito, pretensão, ação, ou
exceção eternamente. O fato de ser definitiva, no entanto, não significa que tenha eficácia de
exclusão ou destruição, pois o tempo, em si, não pode transformar em destruição o que enseja
somente encobrimento.77
Em decorrência de o excipiente exercer pretensão à tutela jurídica, é comum o pensamento de que
a exceção só pode ser oposta judicialmente, mas ela não exige necessariamente processo, podendo
ocorrer extrajudicialmente. Por ser exceção de direito material, não pode haver dependência de
intentação de pleito.78
 
7.2 Dívida com pretensão prescrita e “obrigação natural”
Pontes de Miranda não aceita a tese sustentada por parte da doutrina de que a justificativa para a
irrepetibilidade da dívida com pretensão prescrita consistiria em ser obrigação natural, pois a
exceção de prescrição encobre a eficácia da pretensão e da ação, mas não atinge todos os efeitos
do direito, que persistem. Dessa forma, se o devedor satisfaz a pretensão, não há que se cogitar de
enriquecimento injustificado ou de doação.79 Isso ocorre, pois, após a consumação da prescrição ou
exercício do direito de exceção, há continuidade do débito, da obrigação e da legitimação passiva à
ação, porque apenas são encobertas a pretensão e a ação; o direito não é atingido.
A problemática em saber se a prescrição gera obrigação natural não tem tanta relevância, caso se
observe qual é a sua eficácia negativa: se não tem efeito extintivo, o dever jurídico e a obrigação
correspectivos ao direito e à pretensão continuam a existir. 80 Não há necessidade em falar em
obrigação natural, até porque, como ensina Pontes de Miranda,81 a terminologia é imprópria, como
também o é obrigação imperfeita. O correto seria falar em direito mutilado, pois são direitos
desprovidos de pretensões e de ação; seria uma mutilação superficial por encobrimento de eficácia
pela alegação de exceção. Isso porque na obrigação natural o dever não é jurídico, ao passo que na
prescrição o dever é jurídico. Não se pode pensar em extinção da pretensão; a pretensão continua
a existir, caso contrário não seria possível satisfazera dívida.
Como observa Aida Glanz,82 se a prescrição realmente extinguisse o direito ou a pretensão, não se
poderia explicar a não repetição do indébito em dívida com pretensão prescrita, pela insuficiência
da tese do mero dever moral. E ainda que exista dever moral, não deixa de existir o dever jurídico
em satisfazer o direito do credor.
Marcos Bernardes de Mello83 ensina que a prescrição, por não extinguir o direito, mas apenas
encobrir a exigibilidade e a impositividade, não impede que a obrigação prescrita seja satisfeita
licitamente; o pagamento é lícito, mesmo que posterior à declaração, pois a existência do título
que a fundou não é afetada, não gerando direito à restituição do indébito. Diferentemente se passa
na decadência, em que o cumprimento da obrigação é indevido, em decorrência da extinção do
direito, dever, pretensão e obrigação, ensejando a repetição do indébito por representar
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enriquecimento sem causa.84
A noção de encobrimento permite a possibilidade de renúncia à exceção de prescrição após sua
consumação. Com a renúncia a eficácia que estava encoberta descobre­se, produzindo o direito
com pretensão prescrita sua eficácia normalmente. Caso a prescrição tivesse efeito extintivo não
poderia se explicar a possibilidade de renúncia.85
 
8 Mitigação de característica essencial das exceções materiais
Destaquemos que alguns dos ensinamentos expostos acima não têm mais aplicabilidade diante das
novas leis processuais sobre prescrição. Apesar de se afirmar que “Se não foi alegada, prescrição
não houve; a sua aparição depende da oferta de exceção”,86 mesmo que não haja alegação, há
prescrição, em virtude da possibilidade de sua declaração de ofício. Por isso, a prescrição em si já
tem a eficácia de encobrimento, estando superada a noção de ser necessária a oposição da exceção
de prescrição para se encobrir efetivamente a pretensão e a ação.
Pontes de Miranda87 enuncia como uma das características essenciais das exceções o fato de não
terem efeito extintivo, mas apenas de encobrimento de eficácia, e imprescindirem de serem
exercidas. A exceção de prescrição precisaria ser oposta, caso contrário a pretensão ou a ação não
seriam atingidas, produzindo toda a sua eficácia como se prescrição não houvesse. Aduz ainda que
o exercício representa uma declaração de vontade, faltando para a sua efetividade o exercício da
exceção pelo titular. Nos moldes clássicos de exceção, o juiz não poderia declarar a prescrição
ainda que tivesse conhecimento dela, pois dependeria de que o beneficiado a opusesse e só o
titular (devedor) ou aquele que tenha poderes de representação poderia fazê­lo.
No entanto, o entendimento de que a exceção de prescrição não pode ser declarada de ofício, em
razão de a exceção não o permitir, não tem mais cabimento  ex vi da alteração promovida pela Lei
nº 11.280/06, que revogou o art. 194 do Código Civil e alterou a redação do art. 219, §5 do
Código de Processo Civil para determinar que o juiz a declare de ofício, da mesma maneira como se
passa na decadência.
Em decorrência de o Código de 2002 conceituar prescrição como extinção da pretensão (art. 189) e
pela mudança legislativa referida acima, há quem defenda que não se pode mais considerar
prescrição como exceção.
Nesse sentido, Pedro Henrique Nogueira88 afirma não haver como sustentar o fato de a prescrição
ter por efeito o encobrimento da eficácia, pois o legislador quis atribuir como efeito do instituto a
extinção da pretensão e, consequentemente, da ação, diferentemente do que ocorre com outras
exceções, como a de contrato não cumprido, além de permitir a sua declaração de ofício. O que,
segundo o autor, não impede que a prescrição seja considerada uma “autêntica exceção” no futuro,
por ser um conceito jurídico­positivo, sendo o legislador quem atribui seus efeitos.
Marcos Ehrhardt89 defende que, com a alteração legislativa a prescrição passa a ser uma objeção,
por entender que na exceção o magistrado só pode conhecê­la caso alegada pela parte; já na
objeção o juiz pode decretá­la de ofício. Há quem sustente, no entanto, que defender a prescrição
como objeção levaria à revogação do art. 191 (permite a renúncia expressa ou tácita da
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prescrição) do Código Civil. Paulo Lôbo90 reconhece que tem sido condenada a mudança da
natureza da prescrição de exceção para objeção por violar o princípio constitucional de o devedor
poder não fazer uso dela, surgindo o problema de se compatibilizar a alteração legislativa com o
art. 191 do Código Civil, que permite a renúncia expressa ou tácita da prescrição e que não foi
revogado.
Entendemos que a prescrição não pode ser considerada uma exceção nos moldes clássicos, em
virtude da Lei nº 11.280/06, que determinou ao juiz que a declare de ofício, o que contraria
característica antes considerada essencial da exceção: dever ser alegada pela parte a quem
beneficia. Houve, assim, uma mitigação de característica da exceção de prescrição pelas recentes
mudanças legislativas que não lhe permitem ser vista como exceção conforme sua conceituação
histórica. No entanto, a prescrição continua sendo uma exceção de direito material.
Marcos Bernardes de Mello91 considera que, com a alteração legislativa, a necessidade de alegação
da prescrição que tinha caráter absoluto desde os romanos foi relativizada (o que já ocorria em
favorecimento do absolutamente incapaz), não perdendo o caráter de exceção, mas resultando em
proveito da celeridade processual.92
 
9 Caducidade
O diferencial entre os prazos de prescrição e os de caducidade consiste em que, ao contrário de
apenas encobrir, os prazos de caducidade extinguem os direitos, pretensões e ações. A caducidade
é extinção de efeitos, o que caduca deixa de fazer parte do mundo jurídico. Pontes de Miranda93
enfatiza ser absurda a afirmativa de que os efeitos entre a prescrição e a decadência são os
mesmos, pois a diferença de eficácia é radical, a pretensão preclusa deixa de existir, enquanto a
pretensão prescrita é encoberta pela exceção. Esta gera exceção, já a preclusão (decadência) gera
defesa. Precluem direito, pretensão, ação e exceção, só pretensões e ações prescrevem.
A decadência legal é uma objeção substancial, pois tem efeito extintivo e o juiz a declara de ofício.
A decadência convencional, por sua vez, traz uma grande dificuldade de classificação, já que tem
natureza híbrida, pois depende de alegação da parte, o que não seria admissível a uma objeção,
mas tem os mesmos efeitos da decadência legal  extinguindo direito e por isso não podendo ser
considerada exceção  e também o mesmo regramento: a ela não se aplicam causas impeditivas ou
extintivas, por exemplo.
 
10 Diferenciação adequada
Apesar de a prescrição ser conceito jurídico­positivo, não tem o efeito que o art. 189 do atual
Código lhe atribuiu (extintiva da pretensão). Demonstramos que não há qualquer contradição
nessas duas assertivas aparentemente conflitantes, com fundamento na necessidade de
harmonização entre dispositivos do próprio Código Civil. Mesmo diante de conceitos jurídico­
positivos, as imprecisões e erros precisam ser superados.
Reiteramos não haver contradição no Código que justifique contrariar a redação de alguns dos seus
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dispositivos (que atribuem prazo decadencial à pretensão condenatória) para prevalecer a teoria de
Agnelo Amorim Filho, por isso esta não pode prosperar, pois não houve erro do legislador, mas
apenaslegítimo exercício de liberalidade em atribuir, em razão de política legislativa, a
determinado prazo a disciplina e efeitos de prazo prescricional ou decadencial. Isso sem falar dos
casos na legislação extravagante que não se coadunam com a teoria.
Diferentemente se passa na redação do art. 189 (“violado o direito, nasce para o titular a
pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206”),
duplamente imprecisa, e conflitante com o art. 882, que determina não se poder repetir o que se
pagou para solver dívida com pretensão prescrita, pois a pretensão e a obrigação continuam a
existir, bem como com o art. 191, que possibilita a renúncia à prescrição. Apontando as
incorreções do dispositivo sob análise, Marcos Bernardes de Mello94 explica não se poder
considerar que a pretensão nasce em decorrência da violação do direito, por ser apenas fase de
exigibilidade do direito, nascendo quando este puder ser exigido. É a ação que, em regra, surge em
decorrência da violação da pretensão (não do direito, pois é a pretensão que pode ser violada por
representar exigibilidade). A outra falha consiste na afirmativa de que a prescrição tem efeito
extintivo, quando só tem eficácia de encobrimento. Caso fosse atribuído à prescrição o efeito de
extinção, não se poderia pensar em irrepetibilidade de dívida com pretensão prescrita e em sua
possibilidade de renúncia.
A prescrição, mesmo que não se possa mais enquadrar nos conceitos clássicos de exceção pela
alteração promovida pela Lei nº 11.280/06, não perde o caráter de exceção. Isso porque, apesar
da clássica compreensão da exceção ter como imprescindível a suscitação pela parte, foi criada
ressalva a essa regra, a fim de dar celeridade ao processo. A doutrina clássica inclusive já havia
sido afastada, ao se permitir que o juiz declarasse de ofício a prescrição nos casos de direitos não
patrimoniais, bem como ao se determinar a declaração de ofício da prescrição que favorecesse
absolutamente os incapazes.
 
Considerações finais
Constatamos que não se vislumbra a existência de um critério de distinção a priori entre a
prescrição e a decadência, nos moldes da teoria de Agnelo Amorim Filho, por isso o estudo partiu
de uma distinção axiológica, sem abrir mão de sistematizar a matéria, mostrar a natureza dos
institutos através de métodos científicos. Mesmo reconhecendo os méritos de sua teoria, bem
elaborada e exposta, não há como existir um critério prévio, absoluto, definitivo, pois os prazos são
atribuídos por liberalidade legislativa. No entanto, não podemos negar a distinção entre as figuras
jurídicas que têm efeitos e disciplinas diversas. O que pode haver é uma solução majoritariamente
aceita como válida pela doutrina para solucionar as omissões legislativas.
A postura do novel legislador só veio a facilitar o trato dos institutos nos tribunais, em prol de
maior segurança jurídica, isso porque os critérios foram vários e nenhum fez uma distinção fora de
dúvidas. As dificuldades persistem, notadamente, quando há casos em que não é determinada a
natureza do prazo, como ocorre em diversas hipóteses na legislação extravagante, muito mais
ampla que o Código. A problemática em torno da prescrição e da decadência não foi resolvida e
sempre vai existir diante das imprecisões legislativas. Em tais casos, a solução para o impasse é o
recurso à doutrina, jurisprudência, não existindo critério que, de modo absoluto, espanque
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quaisquer dúvidas.
 
Prescription and Peremption – Analysis of the Distinction in the Light of the General
Theory of Civil Law
Abstract: Prescription and peremption are both substantive law doctrines and will thus be
assessed within Civil Law. Peremption is a substantial objection that leads to the extinction of a
right. In spite of prescription having been declared a duty of the office after the change brought
forth by the Law no. 11.280/06, it has kept its essence of being a substantial objection, ultimately
hampering efficacy. Were its effect extinctive, there would be no way of explaining the possibility
of renouncing a right and the unrepeatability of a debt already prescribed. Both doctrines are
positive law concepts. Hence, they cannot be differentiated a priori in line with Agnelo Amorim
Filho’s theory. A prestational right may be subject to a peremptive period and a formative right to
a period of prescription.
Key words: Prescription and peremption. Positive legal concepts. Exception and objection.
Distinction.
 
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1  DINIZ. Curso de direito civil brasileiro, p. 385­386; VENOSA. Direito civil, p. 522; FARIAS. Direito
civil: teoria geral, p. 546.
2 O que for afirmado neste trabalho sobre a prescrição “tradicional” também se aplica, com os
ajustes devidos, à prescrição intercorrente. Esta ocorre no curso do processo, quando o titular da
pretensão de direito material se mantiver inerte durante o prazo estabelecido para seu exercício.
Ela possui os mesmos elementos da prescrição: decurso de tempo e prescritibilidade da pretensão
em decorrência da inação do titular.
3  Tratado de direito privado, t. VI, p. 112.
4  MELLO. Teoria do fato jurídico: plano da existência, p. 133.
5   MELLO. Teoria do fato jurídico: plano da existência, p. 136, 140. Adotando a mesma
classificação: ALVES. Da prescrição e da decadência no Código Civil de 2002, p. 106; EHRHARDT
JÚNIOR. Direito civil, p. 462.
6  Apenas há pressuposto de boa­fé na usucapião, que tem regramento totalmente diverso da
prescrição, por isso é condenável o uso da nomenclatura prescrição aquisitiva para designar a
usucapião (PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 120).
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7  Na vida dos fatos jurídicos existem três planos distintos: existência, validade e eficácia. O plano
da existência observa puramente a existência do fato jurídico, é o plano do ser, resultado da
incidência da norma jurídica quando da concreção do suporte fático. Aqui ingressam os fatos
jurídicos lícitos ou ilícitos. O ser, existir, é pressuposto aos demais planos, pois a inexistência não
pode ser qualificada.
Os atos jurídicos stricto sensu e o negócio jurídico, nos quais a vontade humana é dado essencial
do suporte fático, passam pelo plano da validade para se analisar se há algum vício invalidante
(nulidade ou anulabilidade). Há impossibilidade lógica da prescrição e decadência, por serem atos­
fatos jurídicos e não terem como elemento do suporte fático a vontade humana, transitarem pelo
plano da validade. No plano da eficácia se observa a irradiação de efeitos dos fatos jurídicos, como
o surgimento da relação jurídica. Não há impedimento para que um fato jurídico seja inválido, mas
eficaz, ou válido e ineficaz (MELLO. Teoria do fato jurídico: plano da existência, p. 101­108).
8  MELLO. Teoria do fato jurídico: plano da eficácia, p. 171.
9  MELLO. Teoria do fato jurídico: plano da eficácia, p. 189.
10 VILANOVA. Causalidade e relação no direito, p. 238­239, grifos no original).
11 NOGUEIRA. Teoria da ação de direito material, p. 26.
12 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. V, p. 452, grifos no original.
13 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. V, p. 451.
14 MELLO. Teoria do fato jurídico: plano da eficácia, p. 185.
15 SILVA. Curso de processo civil: processo de conhecimento, v. 1, p. 66, grifos no original.
16 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. V, p. 452.
17 “Há casos, embora raros, de ação sem violação de pretensão, de que é exemplo a ação de
interdição por insanidade física ou mental” (MELLO. Teoria do fato jurídico: plano da eficácia, p.
185).
18 Pontes de Miranda usa a palavra ação aspeada para indicar a “ação” de direito formal.
19 PONTES DE MIRANDA. Comentários ao Código de Processo Civil, t. I, p. 103.
20 NOGUEIRA. Teoria da ação de direito material, p. 153.
21 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 3­8; 22.
22 Tratado de direito privado. 3. ed., t. XXII, p. 28­29.
23 Comentários ao Código de Processo Civil, v. 3, p. 307­309.
24 Entendendo que a exceção tem apenas efeito de neutralizar a eficácia: THEODORO JÚNIOR.
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Comentários ao novo Código Civil, p. 183; DIDIER JÚNIOR. Curso de direito processual civil, p. 498;
LÔBO. Direito civil: parte geral, p. 343; SILVA. Curso de processo civil: processo de conhecimento,
p. 304; ALVES. Da prescrição e da decadência no Código Civil de 2002, p. 532.
25 LEAL. Da prescrição e da decadência, p. 396.
26 BEVILÁQUA. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil, p. 477.
27 BRASIL. Senado. Novo Código Civil: exposição de motivos e texto sancionado, p. 38­39, grifos
no original.
28 THEODORO JÚNIOR. Comentários ao novo Código Civil, p. 311; DINIZ. Curso de direito civil
brasileiro, p. 404; NERY JUNIOR; NERY. Código Civil Comentado, p. 305.
29 Com esse entendimento: ALVES. Da prescrição e da decadência no Código Civil de 2002, p. 266;
THEODORO JÚNIOR. Comentários ao novo Código Civil, p. 311; NERY JUNIOR; NERY. Código Civil
comentado, p. 305.
30 LEAL. Da prescrição e da decadência, p. 22­26; 35­36.
31 LEAL. Da prescrição e da decadência, p. 120. Observemos que ele não trabalha com os conceitos
da doutrina pontiana de pretensão e ação, dentro da relação jurídica de direito material e de
direito processual, e suas distinções, que ainda serão muito úteis no estudo da matéria.
32 LEAL. Da prescrição e da decadência, p. 114­116; 394­396.
33 Da prescrição e da decadência, p. 397.
34 LEAL. Da prescrição e da decadência, p. 120.
35 AMORIM FILHO. Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar
as ações imprescritíveis. Revista dos Tribunais – RT, p. 727.
36 AMORIM FILHO. Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar
as ações imprescritíveis. Revista dos Tribunais – RT, p. 725­750.
37 Da mesma forma que Câmara Leal não diferencia a ação, “ação” e o direito à prestação à tutela
jurídica, o que é indispensável para a conceituação e adequada distinção dos conceitos jurídicos sob
enfoque. Além do que essa conceituação de prescrição já está superada.
38 Instituições de direito processual civil, p. 26­33.
39 AMORIM FILHO. Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar
as ações imprescritíveis. Revista do Tribunais – RT, p. 733.
40 Distinção científica entre prescrição e decadência: um tributoà obra de Agnelo Amorim Filho.
Revista do Tribunais – RT, p. 55; THEODORO JÚNIOR. Comentários ao novo Código Civil, p. 352.
41 A parte geral do Projeto do Código Civil. REVISTA CEJ.
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Belo Horizonte,  ano 2,  n. 4,  set. / dez.  2013 
 
 
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42 “O instituto da prescrição é de direito positivo” (PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito
privado, t. VI, p. 100).
43 Visão geral do Projeto de Código Civil. Jus Navigandi.
44 Curso de direito civil, p. 375.
45 Já se afirmava na vigência da legislação passada que a pretensão para abatimento do preço da
coisa vendida com vício redibitório, hipótese do artigo 445 e pretensão condenatória, envolvia
prazo preclusivo (PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 329).
46 Direito civil: parte geral, p. 354­355.
47 Curso de direito civil brasileiro, p. 414­416.
48 Novo curso de direito civil, p. 484.
49 Comentários ao novo Código Civil, p. 351.
50 Comentários ao novo Código Civil, p. 310.
51 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 131, grifos no original.
52 GOMES. Introdução ao direito civil, p. 509.
53 Sob a vigência do Código de 1916 havia forte discussão sobre ser prescricional ou decadencial
esse prazo, no atual Código, no entanto é hipótese de decadência.
54 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 150.
55 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. V, p. 307.
56 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 372­383.
57 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. V, p. 308.
58 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 369.
59 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado. t. VI,  p. 170; Comentários ao Código de
Processo Civil, t. III, p. 514.
60 CAHALI. Prescrição e decadência, p. 27­28.
61 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. V, p. 462.
62  Da prescrição e da decadência no Código Civil de 2002. p. 33, 747, 806­813.
63 Curso de direito processual civil, v. 1, p. 221­225.
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64 O entendimento de Fredie Didier (Curso de direito processual civil, p. 582­583) de que o prazo
decadencial não diz respeito ao direito objeto do mandado de segurança, mas que a decadência é
do direito de escolha do procedimento especial, não prejudica a nossa conclusão, ao contrário,
reforça­a, pois haverá justamente a decadência do direito subjetivo material constitucional do
mandado de segurança (diverso do direito seu objeto, que continua podendo ser exercido via ação
ordinária)  relacionado a uma ação mandamental, mas sujeito a prazo decadencial. Observemos
que a decadência atinge o direito resultante da relação jurídica de direito material (constitucional),
que, na espécie, resulta do artigo 5º, LXIX, da CF, donde se entender que o direito ao mandado de
segurança é pré­processual.
65  Teoria da ação de direito material, p. 146.
66 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 100, grifos no original.
67 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 246­247.67 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 246­247.
68 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 103 et seq.
69 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 23.
70 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 3­10; 144, 267, 273.
71 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 112; 267.
72 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 4, 8, 444.
73 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, p. 256, t. VI, grifos no original.
74 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, p. 259, t. VI, grifos no original. Atentemos
que a exceção pode ser alegada contra a pretensão à compensação.
75 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 12.
76 ALVES. Da prescrição e da decadência no Código Civil de 2002, p. 529.
77 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 14­15, 22.
78 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 5­6, 16,
79 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 106.
80 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado, t. VI, p. 414.
81 Tratado de direito privado, t. VI, p. 40­42.
82 A prescrição e a decadência no direito privado brasileiro e no direito comparado. Revista dos
Tribunais – RT, p. 70.
83 Teoria do fato jurídico: plano da existência, p. 140.
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84 MELLO. Teoria do fato jurídico: plano da validade, p. 238.
85 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado. t. VI, p. 18­22.
86 Comentários ao Código de Processo Civil, t. III, p. 513­514.
87 Tratado de direito privado, t. VI, p. 97, 162.
88  Teoria da ação  de direito material, p. 146­147.
89  Direito civil, p. 476.
90  Direito civil: parte geral, p. 344.
91 Teoria do fato jurídico: plano da existência, p. 141.
92 Mirna Cianci também defende que a revogação do art. 194 do CC não é suficiente para retirar
da prescrição o caráter de exceção (A prescrição na Lei 11.280, de 2006. Migalhas). Também
entende que a regra foi relativizada: SILVA. Curso de processo civil: processo de conhecimento, p.
304.
93  Tratado de direito privado, t. VI, p. 135­136.
94  Teoria do fato jurídico: plano da existência, p. 141.
 
Como citar este conteúdo na versão digital:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto
científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
AMORIM, Tatiana Tenório de. Prescrição e decadência: análise da distinção à luz da teoria geral do
direito civil. Revista Fórum de Direito Civil – RFDC, Belo Horizonte, ano 2, n. 4, set./dez. 2013.
Disponível em: <http://www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=98879>. Acesso em: 17
fev. 2014.
Como citar este conteúdo na versão impressa:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto
científico publicado em periódico impresso deve ser citado da seguinte forma:
AMORIM, Tatiana Tenório de. Prescrição e decadência: análise da distinção à luz da teoria geral do
direito civil. Revista Fórum de Direito Civil – RFDC, Belo Horizonte, ano 2, n. 4, p. 77­104,
set./dez. 2013.
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