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A Interpretação dos Sonhos na Antiguidade e na Psicanálise

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A Interpretação dos Sonhos
Todo sonho se revela como uma estrutura psíquica que tem um sentido
Freud explicará quais processos levam a obscuridade dos sonhos – natureza das forças psíquicas que agem concomitantemente ou mutuamente na produção dos sonhos
Antiguidade clássica: revelações de deuses e demônios
Finalidade: predizer o futuro
Porém, a variedade no conteúdo dos sonhos dificultava uma visão uniforme
Iniciam-se as classificações em numerosos grupos e subdivisões conforme sua importância e fidedignidade
A posição adotada pelos filósofos dependia da atitudes deles em relação à adivinhação
Aristóteles: possuía 2 obras que tratavam sobre os sonhos 
Tornam os sonhos objeto de estudo 
Os sonhos não seriam, para esse filósofo, enviados pelos deuses e não possuiriam natureza divina
Sua natureza seria demoníaca
Não decorrem de manifestações sobrenaturais: seguem as leis do espírito humano
Sonhos: atividade mental de quem dorme
Distinguem-se duas qualidades de sonhos: os verdadeiros e válidos e os sonhos vãos
Sonhos verdadeiros: enviados ao indivíduo adormecido para adverti-lo ou predizer-lhe o futuro
Sonhos vãos: destituídos de valor, cuja finalidade seria desorientar ou destruir o indivíduo 
Macrobius e Artemidorus: os sonhos eram divididos em suas classes:
Uma classe influenciada pelo presente ou pelo passado, mas sem significado para o futuro
Outra classe: determinava o futuro
Variação no valor que se atribuía aos sonhos: intimamente relacionada com o problema de “interpretá-los”
Nem todos os conteúdos do sonho são inteligíveis
Incentivo de se elaborar um método diante do qual o conteúdo inteligível de um sonho pudesse ser substituído por outro compreensível e significativo
A visão pré científica dos sonhos adotada pelos povos da Antiguidade estava em completa harmonia com sua visão de universo em geral
Essas explicações perduram até os dias atuais
Explicações religiosas também permanecem
Freud: “tampouco chegaram ao fim os debates acerca do caráter premonitório dos sonhos e seu poder de predizer o futuro, pois as tentativas de dar uma explicação psicológica têm sido insuficientes para cobrir o material coletado” 
Até Freud, a ciência não havia lançado luzes sobre os sonhos
“É difícil descrever uma história do estudo científico dos problemas dos sonhos porque, por mais valioso que tenha sido esse estudo em alguns pontos, não se pode traçar uma linha de progresso em qualquer direção específica”
“Não se lançou nenhum fundamento de descobertas seguras no qual um pesquisador posterior pudesse edificar algo; ao contrário, cada novo autor examina os mesmos problemas de novo e recomeça, por assim dizer, do início” (1900, pág. 43)
Incialmente Freud faz referência a vários autores 
A partir do capítulo 2 inicia as bases de seus estudo e entendimento sobre os sonhos
Sonhos podem ser interpretados
Interpretar significa atribuir um sentido, ou seja, substituí-lo por algo que se ajuste a cadeia dos atos mentais como um elo dotado de validade e importância iguais ao restante
Leigos: às vezes consideram os sonhos absurdos, às vezes assumem que possuem significado
Em geral há interesse pela interpretação, que seguia, antes da psicanálise, dois métodos, a partir do senso comum
Interpretação “simbólica”: depende de uma intuição direta, ligada à posse de dons
Decifração: cada signo do sonho pode ser traduzido por outro signo de significado conhecido, de acordo com código fixo
Uma modificação nesse método, proposta por Artemidoro de Daldis, inclui a situação do sonhador, de modo que um elemento onírico varia de acordo com isso
Na decifração: o trabalho de interpretação não pode ser aplicado ao sonho como um todo, mas a cada parcela do conteúdo do sonho
Filósofos e psiquiatras da época de Freud: descartavam o problema da interpretação dos sonhos como uma tarefa fantasiosa 
“Fui levado a compreender que temos aqui, mais uma vez, um daqueles casos nada incomuns em que uma antiga crença popular, ciosamente guardada, parece estar mais próxima da verdade que o julgamento da ciência vigente em nossos dias.
“Devo afirmar que os sonhos realmente têm um sentido e que é possível ter-se um método científico para interpretá-los” 
Freud, ao solicitar aos pacientes que associassem livremente, depara-se com o relato de sonhos
Sonhos: podem ser inseridos na cadeia psíquica a ser rastreada na memória
Freud passa a tratar os sonhos e interpretá-lo de maneira análoga ao que fazia com os sintomas
Para que a interpretação possa ocorrer, é preciso que o paciente aumente a atenção a suas percepções psíquicas e elimine as críticas que filtram os pensamentos que lhe ocorrem
Associação livre: o paciente relata o que lhe vem a cabeça, de maneira imparcial, pois é sua atitude crítica que é responsável por ele não conseguir chegar à interpretação do sonho ou desvelar a ideia por trás do sonho
Freud diz que o paciente deve assumir uma atitude auto observadora e não reflexiva
O auto observador suprime sua faculdade crítica, e, assim, virão a sua consciência várias ideias que jamais conseguiria captar se estivesse preso à auto crítica
O material inédito obtido possibilita interpretar tanto as ideias patológicas como suas estruturas oníricas
Quando adormecemos: surgem ‘representações involuntárias’ graças ao relaxamento da censura
À medida que emergem, as representações involuntárias transformam-se em imagens visuais e acústicas
Encarado isoladamente, um pensamento pode parecer muito trivial ou absurdo, mas pode tornar-se importante se associado a outro pensamento que ocorra posteriormente
Em conjunto com outros pensamentos que talvez sejam absurdos, poderá vir a formar um elo importante
Na interpretação do sonho: o que importa não é o sonho como um todo, mas analisar as partes separadas de seu conteúdo
Isso possibilita que o paciente associe as ideias que lhe ocorrerem das partes
O que se interpreta no sonho não são as imagens e sim o relato do sonhos, as associações que o paciente faz – pensamentos de fundo
Essa forma de interpretação se aproxima mais da decifração 
Como este, ele emprega a interpretação em detalhes e não em massa e como este, considera os sonhos como possuindo um caráter múltiplo, como sendo conglomerados de formações psíquicas
Para Freud: os sonhos sempre levam à história subjacente das neuroses dos pacientes
A interpretação visa atingir, portanto, os pensamentos oníricos latentes, só acessíveis dessa forma
Cada elemento do sonho funciona como um significante oculto e inconsciente 
Elucidação dos sonhos: passo preliminar no sentido de resolver os problemas mais difíceis da neurose
Auxilia na investigação da natureza e dos determinantes etiológicos (causadores) das neuroses
Método freudiano difere do método popular de decifração 
Método da decifração traduz as partes isoladas do sonho por meio de um código fixo
Para Freud: o mesmo fragmento de um conteúdo pode ocultar um sentido diferente quando ocorre em várias pessoas ou em vários contextos
Freud analisa vários sonhos seus e constata que os sonhos ocorrem não apenas nos ‘neuróticos’, mas também nas pessoas “normais”
Garcia-Roza (1999): os sonhos não são apenas a via privilegiada de acesso ao inconsciente, eles também são o ponto de articulação entre o normal e o patológico
Sonho da Injeção de Irma p. 140 à 155
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Os sonhos são fenômenos de inteira validade – realizações de desejos e são produzidos por uma atividade mental altamente complexa
Questão: quais os processos que causam alteração de uma ideia ou representação inconsciente, transformando-a em sonho?
Há sonhos que demonstram facilmente serem realização de desejo
Ex. sonho de conveniência – sonha que está bebendo água quando está com sede
Freud dá então vários exemplos de sonhos relatados por pessoas normais e que demonstram claramente serem realização de desejo, sem nenhum disfarce
Em sua maioria são sonhos simples e curtos
Esses sonhos são relatados por crianças – sonhos infantis (nota de rodapé p. 161)
Psicologia infantil:
destinada a prestar à psicologia do adulto serviços muito úteis
Os sonhos das crianças são frequentemente claros na realização de desejo
Ex. sonhos de compensação
Sonho de Anna Freud quando bebê
Passou o dia com vômitos e sonha com morangos
Mas se os sonhos são realização de desejo, o que dizer dos sonhos de angústia?
Freud esclarece que a interpretação visa atingir o conteúdo latente e não o manifesto, por isso, às vezes a estória do sonho parece ser contraditória à realização de desejo
Isso se deve ao fenômeno de distorção dos sonhos, causado pela censura, que impede o livre trânsito das representações 
Freud exemplifica a distorção com um sonho próprio
P.171
No sonho: 
I. um amigo de Freud era seu tio, e Freud tinha por ele grande sentimento de afeição
II. Freud viu seu rosto modificado, como se tivesse sido repuxado no sentido do comprimento e estava com uma barba amarela 
Primeiro pensamento: um absurdo!
Freud se analisa: ‘sua opinião de que o sonho é absurdo significa apenas que você tem uma resistência interna contra a interpretação dele. Não se deixe despistar dessa maneira.’
R. era o tio: Freud lembra-se de seu tio Josef, um tio ambicioso que foi punido
Pai de Freud lhe dizia que não era um homem mau, mas apenas um tolo
O amigo R. era um “tolo’’
A barba estava mudando de cor, ficando grisalha
Freud “condensou” numa mesma pessoa características (tolice e cor da barba) 
Condensação é um dos mecanismos do trabalho do sonho
O tio era um criminoso, o amigo não era
Mas Freud se lembra que certa vez o mesmo havia recebido uma multa por derrubar um menino com sua bicicleta
Assim, o amigo também, na mente de Freud, era um criminoso
Lembrou-se que encontrou outro amigo que havia lhe dito que provavelmente conseguiria a indicação de professor por ter um caráter impecável
Tio Josef: representava os dois colegas que não tinham sido nomeados para o cargo 
Sendo os dois amigos considerados criminosos, Freud matinha suas esperanças de ser nomeado professor
Mecanismos do trabalho dos sonhos
Condensação: o conteúdo manifesto é uma abreviação do latente. Ocorre de três maneiras:
Omitindo determinados elementos do conteúdo latente;
Permitindo que apenas um fragmento de alguns complexos do conteúdo latente apareça no conteúdo manifesto;
Combinando vários elementos do conteúdo latente que possuem algo em comum num único elemento do conteúdo manifesto.
Deslocamento:
Opera de duas maneiras:
Pela substituição de um elemento latente por outro mais remoto que funcione em relação ao primeiro como simples alusão (referência vaga)
Quando o acento é mudado de um elemento importante para outros sem importância – descentramento da importância
Outra parte do sonho de Freud: o sentimento de afeição artificial e exagerado
Afeição: não dizia respeito conteúdo latente, ou seja, aos pensamentos que estavam por trás dos sonhos 
Estava em contradição com eles e tinha o propósito de ocultar a verdadeira interpretação do sonho
Não tinha nenhum valor como julgamento, mas era simplesmente uma expressão da emoção
Freud não queria interpretar o sonho, pois era algo que ele estava combatendo, ou seja, uma representação que desejava recalcar
Estava lutando contra a ideia de que R. era um tolo, a afeição era originada dessa luta
A distorção constituiu num meio de dissimulação
Os pensamentos oníricos tinham incluído uma calúnia contra R. e para que Freud não pudesse notá-la, o que apareceu no sonho foi o oposto: afeição
Sonhos em que a realização é disfarçada: efeito da censura
Ex. autor político que tem verdades a dizer
Se as apresentar sem disfarces, as autoridades reprimirão suas palavras (censura)
O autor, precavido da censura, precisa atenuar e distorcer a expressão de suas opiniões
Dependendo do rigor da censura, o autor pode abster-se de certas formas de ataque ou falar por meio de alusões em vez de referências diretas, ou tem que ocultar seu pronunciamento sob algum disfarce aparentemente inocente
Quanto mais rigorosa a censura, mais amplo será o disfarce e mais engenhoso também será o meio empregado para por o leitor no rastro do verdadeiro sentido
Presença de duas forças psíquicas: uma delas constrói o desejo expresso no sonho e a outra exerce uma censura sobre esse desejo
Passagem de uma instância psíquica para outra não ocorre de forma direta, é preciso uma deformação
Assim: sonhos de angústia podem decompor-se em realizações de desejos se a distorção do sonho tiver ocorrido e se o conteúdo penoso servir apenas para disfarçar algo que se deseja
Duas instâncias psíquicas: os sonhos de angústia demonstram alguma coisa que é penosa para a segunda instância (Cs), mas que ao mesmo tempo, realiza um desejo por parte da primeira instância (Ics)
São sonhos de desejo, na medida em que todo sonho decorre da primeira instância
A relação da segunda instância com os sonhos é de natureza defensiva e não criativa
Sonhos em que aparentemente não há realização de desejo: O sonho da Bela Açougueira
A paciente queria oferecer uma ceia, mas só havia um pequeno salmão defumado. Pensou em sair para comprar algo, mas lembrou-se que era domingo. Tentou ligar para os fornecedores, mas o telefone estava com defeito. Então, teve que abandonar o desejo de oferecer uma ceia
Conteúdo manifesto: parecia ser o inverso da realização de um desejo
Freud se questiona de que material decorreu o sonho
Então, passa a analisar os acontecimentos de véspera ou os restos diurnos
O marido da paciente era um açougueiro e comentara com ela que estava ficando gordo e queria iniciar um regime
O marido se propôs a levantar cedo, fazer exercícios, dieta e disse que não aceitaria mais convites para ceias
Ela era muito apaixonada pelo marido, e também pediu a ele que não lhe comprasse nenhum caviar
Freud questiona o por que desse pedido
A paciente diz que desejava comer sanduíche de caviar todas as manhãs, mas que preferia evitar essa despesa, mesmo sabendo que o marido a atenderia 
Para Freud: explicação pouco convincente
“Em geral, essas razões insuficientes ocultam motivos inconfessáveis”
Freud conclui que por algum motivo a paciente precisava de um desejo não realizado
Freud segue questionando a paciente, que então lhe diz que na véspera do sonho havia visitado uma amiga de quem tinha ciúmes porque seu marido sempre a elogiava
A amiga era magra e seu marido gostava de mulheres mais cheinhas
Freud pergunta sobre o que conversavam, e a paciente relata que o assunto era a vontade de engordar da amiga
A amiga também perguntou à ela quando a chamaria para outro jantar
Sentido do sonho para Freud:
“É como se, quando ela fez a sugestão, a senhora tivesse dito a si mesma: ‘Pois sim! Vou convidá-la para comer em minha casa só para que você possa engordar e atrair meu marido ainda mais! Prefiro nunca mais oferecer nenhum jantar.’
O que o sonho disse é que não podia oferecer nenhuma ceia e assim estava realizando o desejo de não ajudar sua amiga a ficar mais cheinha
O fato de que as pessoas engordam ao comer nas ceias foi lembrado pelo marido, quando o mesmo lhe disse que não aceitaria mais os convites, já que queria emagrecer 
Faltava apenas a explicação do salmão defumado e Freud pergunta: “Como foi que a senhora chegou ao salmão que apareceu em seu sonho?”
Responde surpresa: ‘Salmão defumado é o prato predileto de minha amiga!’ 
Freud contata que além dessa interpretação há outros pontos que o sonho revela
Identificação histérica: ambas não realizavam um desejo, a amiga se ressentia de não comer salmão defumado e a paciente de não comer caviar
Identificação histérica: os pacientes expressam em seus sintomas não apenas suas próprias experiências, mas também as de um grande número de pessoas
No contágio psíquico da histeria, ocorre a inferência da causa de um ataque ou sofrimento ocorrido em outro paciente, supondo que o mesmo acontecerá a si
Se essa inferência penetrasse somente na Consciência, o medo de ter o ataque o impediria
Porém, essa inferência se processa em outra região psíquica
– Ics – e consequentemente resulta na concretização real do temido sintoma
Assim, a identificação histérica não é o mesmo que imitação
É uma assimilação, expressa uma semelhança e decorre de um elemento comum que permanece no Ics
Ciúme da amiga: incidência do conteúdo sexual
A paciente estava seguindo as normas dos processos histéricos e pensamento ao expressar ciúme da amiga, ocupar seu lugar no sonho e identificar-se com ela por meio da criação de um sintoma – o desejo renunciado
A paciente colocou-se no lugar da amiga, no sonho, porque esta estava ocupando o lugar da paciente junto ao marido e porque a paciente queria tomar o lugar da amiga no alto conceito em que o marido a tinha 
Sonho de angústia
A paciente sonha que seu sobrinho havia morrido, estava deitado no caixão com as mãos postas e velas a seu redor
A paciente havia perdido o outro sobrinho, que era seu preferido, então se questiona se é tão má a ponto de desejar que a irmã perca seu outro filho ou que o morto tivesse sido esse
História prévia do sonho: p. 186
Na véspera do sonho, a paciente lhe dissera que o professor iria a um concerto e que ela pretendia ir também para vê-lo
Freud perguntou se podia pensar em alguma coisa que tivesse acontecido após a morte do sobrinho, ela responde:
O professor veio visitar-nos de novo depois de uma longa ausência e eu o vi mais uma vez ao lado do caixão do pequeno Otto
Interpretação:
‘Se o outro menino morresse, aconteceria a mesma coisa. Você passaria o dia com sua irmã, e o professor viria apresentar seus pêsames, de modo que você o veria mais uma vez nas mesmas condições que na outra ocasião’
‘O sonho significa apenas seu desejo de vê-lo mais uma vez, um desejo contra o qual você tem lutado internamente’ 
‘Seu sonho foi de impaciência: antecipou em algumas horas a visão que terá dele hoje’
Para ocultar o desejo, o sonho demonstrava uma situação de tristeza, quando não se tem nenhum pensamento amoroso 
Mesmo assim, na situação real da morte do sobrinho, não pode suprimir seus sentimentos pelo visitante que não via há muito tempo
Todos têm desejos que prefeririam não revelar a outras pessoas e desejos que não admitem sequer a si mesmos
Assim, justifica-se ligar o caráter desprazeroso desses sonhos com a distorção onírica
Esses sonhos são distorcidos, a realização de desejos neles está disfarçada a ponto de se tornar irreconhecível em vista da repugnância que se sente pelo tema do sonho ou pelo desejo dele derivado, bem como da intenção de recalcá-los 
A distorção do sonho é um ato de censura, assim...
O sonho é uma realização (disfarçada) de um desejo (suprimido ou recalcado)
GARCIA-ROZA (1999): os sonhos são sobredeterminados, ou seja, um mesmo elemento do sonho manifesto pode nos remeter a séries de pensamentos latentes inteiramente diferentes
A sobredeterminação se aplica a toda formação do inconsciente
Há uma pluralidade de fatores determinantes, é através da distorção (condensação e deslocamento), que os pensamentos portadores de alto valor psíquico são transformados no conteúdo manifesto
Porém: não há interpretação completa
Para Freud (p.145 – nota de rodapé 2):
“Existe pelo menos um ponto em todo sonho ao qual ele é insondável – um umbigo, por assim dizer, que é seu ponto de contato com o desconhecido”
Fragmentos CAP. VII
A dúvida sobre a exatidão do relato do sonho: crítica de outros autores de que não possui nenhuma justificativa intelectual
Para Freud: a dúvida é também um derivado da censura onírica, da resistência à irrupção dos pensamentos oníricos na consciência
Essa resistência não se esgotou nem mesmo com os deslocamentos e substituições que ocasionou; persiste sob a forma de uma dúvida ligada ao material que foi admitido na consciência 
Tudo o que interrompe o trabalho analítico é uma resistência
Quando durante o trabalho de interpretação uma parte omitida do sonho vem à luz e é descrita como tendo sido esquecida, é reconhecida como a mais importante
Situa-se sempre no caminho mais curto para a solução do sonho e por isso foi mais exposta à resistência do que outra parte
O recalque e a resistência criada por ele é causa tanto das dissociações nos sonhos quanto da amnésia ligada ao conteúdo psíquico 
Analista, na interpretação dos sonhos: deve esforçar-se por se abster de qualquer crítica e qualquer inclinação afetiva ou intelectual 
Deve trabalhar como uma besta, isto é, trabalhar com a mesma persistência de um animal e com idêntica despreocupação com o resultado
A pressão da censura resulta em um deslocamento de uma associação normal e séria para uma associação superficial e aparentemente absurda
A força propulsora da formação dos sonhos é fornecida pelo inconsciente
O sonhar é, em seu conjunto, um exemplo de regressão à condição mais primitiva do sonhador, uma revivescência de sua infância, das moções pulsionais que a dominaram e dos métodos de expressão de que se dispunha na época
O Inconsciente freudiano
Como podemos chegar a conhecer o Incs?
Isso só é possível quando ele sofre uma tradução para o Cs
A análise prova que essa tradução é possível, mas é preciso que o analisante supere as resistências que rechaçam os conteúdos e os transformam em material recalcado
As formações do Ics são provas de que as mais complexas realizações de pensamento são possíveis sem a assistência da consciência
Os fenômenos lacunares são indicadores de uma outra ordem
O Ics não é o mais profundo, nem o mais instintivo, nem o mais tumultuado, nem o menos lógico, mas sim uma outra estrutura (GARCIA ROZA, 1999)
Afirmar que tudo o que acontece no psiquismo é necessariamente do nosso conhecimento consciente: pretensão insustentável e arrogante
A consciência só abarca um conteúdo psíquico pequeno
Processos psíquicos latentes possuem pontos de contato com os processos psíquicos conscientes, igualmente podem tornar-se conscientes
GARICA ROZA (1999): o Ics freudiano não está em um lugar psíquico, também não é uma substância espiritual
Dizer que uma representação é inconsciente ou está no inconsciente significa dizer que ela está submetida a uma outra sintaxe ou lei, diversa da consciência
O Ics é uma lei de articulação e não a coisa ou lugar onde a articulação se dá
A cisão produzida na subjetividade pela psicanálise não deve ser entendida como a divisão de uma coisa em dois pedaços, mas como uma cisão de regimes, de leis
“Obedecer a dois senhores”, como dizia Freud, é obedecer a leis diferentes 
No Ics dois impulsos pulsionais podem ser ativados ao mesmo tempo, embora seus objetivos possam ser inconciliáveis 
Ao invés de se distanciarem um do outro ou de se anularem mutuamente, comparecem simultaneamente – ausência de contradição 
Não há negação no Ics, ela só aparece na fronteira entre o Ics e o Pcs/Cs
O Ics possui como modo de funcionamento o processo primário
Processo primário: caracterizado pelo deslocamento e condensação
Deslocamento: uma ideia ou representação pode passar toda a soma de sua carga de investimento para outra ideia (como se formasse uma liga)
No deslocamento há o deslizamento de uma energia de investimento encadeando diversas representações
Condensação: a ideia ou representação pode apropriar-se da carga de investimento de várias outras ideias (como se formasse um cacho)
Na condensação uma representação única aparece no lugar de várias
No Ics a energia é livre, não há temporalidade
No Ics não predomina a realidade externa e sim a realidade psíquica
A realidade está subordinada ao princípio do prazer
“O incosnsciente é a verdadeira realidade psíquica”(Freud, 1910)
Prazer: sentido econômico de “baixa tensão”
 Busca constante de prazer
Características do Sistema Pcs/Cs
Regido pelo processo secundário, que redistribui a energia, que torna-se ligada
A descarga ou o prazer é retardado de maneira que possa possibilitar um escoamento controlado
“Defende” o psiquismo do desequilíbrio causado por uma satisfação pulsional integral e direta
A satisfação torna-se parcial, moderada para
que o Eu a tolere
Cabe ao Pcs viabilizar o trânsito entre as ideias Ics/Cs
É sua tarefa inserir uma ordem temporal às ideias
Os sistemas ou instâncias psíquicas possuem uma dinâmica de funcionamento e esta dinâmica é influenciada pelo recalque e pela censura
Em 1923, Freud ampliará seu entendimento da dinâmica do aparelho psíquico quando trabalhará a segunda tópica (Eu, Isso e Supereu) 
Referências: 
FREUD, S. A interpretação dos sonhos (I). ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1996. Cap. II, III, IV, VII 
GARICA-ROZA, L.A. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

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