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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO - DECAT TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA I M – CAT174 FERNANDO LUCAS GABRIEL FRANCISCO ALVES MATEUS MÁRCIO LEANDRO COTA CONVECÇÃO NATURAL Ouro Preto – MG 22 de Junho de 2015 FERNANDO LUCAS GABRIEL FRANCISCO ALVES MATEUS MÁRCIO LEANDRO COTA CONVECÇÃO NATURAL Relatório técnico para a disciplina Transferência de Calor e Massa do curso de Engenharia Mecânica, na Universidade Federal de Ouro Preto Professor Dr. Luís Antônio Bortolaia Ouro Preto – MG 22 de junho de 2015 Objetivo Determinar o coeficiente de convecção natural em relação a corpos submersos. Revisão bibliográfica A convecção é um dos três mecanismos físicos de transferência de calor, sendo seu estudo de elevada importância nos fenômenos de escoamento na natureza. A convecção pode ser natural (movimento molecular induzido pela força de empuxo) ou forçada (causada por algum meio externo, como ventilador ou bombas). Além de transferência de energia devido ao movimento molecular aleatório (difusão), a energia também é transferida através do movimento macroscópico do fluido. A transferência total de calor nesse fenômeno é devida à superposição do transporte de energia pelo movimento aleatório das moléculas com o transporte devido ao movimento global do fluido. A interação entre um fluido e uma superfície resulta em uma região com gradiente de velocidade finito, na proximidade da placa. Essa região recebe o nome de camada limite hidrodinâmica. Na camada limite, a velocidade varia de zero na proximidade da superfície da placa (assumindo que a placa está em repouso), até um valor finito, correspondente à velocidade do fluido. Quando essa última se torna constante, temos um escoamento totalmente desenvolvido. Para o estudo da transferência de calor e massa, o conhecimento da camada limite térmica também se faz necessário. Nesse caso, a temperatura na proximidade da superfície da placa apresenta variação. Essa que aumenta quanto mais próximo à superfície da placa (fluido com temperatura menor que a placa) ou diminui (fluido com temperatura maior que a placa). Abaixo se pode verificar a comparação entre a camada limite hidrodinâmica e térmica (com temperatura da superfície maior que a do fluido). Em qualquer caso, Ts > T∞, a transferência de calor por convecção se dará desta superfície para o fluido em escoamento. O modelo de transferência de calor por convecção é mantido pelo movimento molecular aleatório e pelo movimento global do fluido no interior da camada limite. Para o escoamento sobre qualquer superfície sempre existirá uma camada-limite de velocidade e, portanto, atrito na superfície. Da mesma forma uma camada-limite térmica e, assim, transferência de calor por convecção está sempre presente se houver diferença entre as temperaturas na superfície e na corrente livre. Na convecção natural, o movimento do fluido é devido às forças de empuxo no seu interior, enquanto na convecção forçada o movimento é imposto externamente. O empuxo é devido à presença combinada de um gradiente de massa específica no fluido e de uma força de corpo que é proporcional à massa específica. Em um regime transiente, na transferência de calor, a temperatura de um corpo, bem como outras propriedades, em geral, varia com o tempo e posição. Em coordenadas retangulares, essa variação é expressa como T(x,y,z,t). Já para os sistemas concentrados, alguns corpos apresentam temperatura interior uniforme em todos os momentos do processo de transferência. A temperatura desses corpos pode ser considerada como função apenas do tempo. A análise de transferência de calor que utiliza essa idealização é conhecida como análise de sistemas concentrados. Independentemente da natureza específica do processo de transferência de calor por convecção, a equação apropriada para a taca de transferência se resume na multiplicação entre o coeficiente de transferência de calor por convecção, h, pela variação de temperatura, o que resulta no fluxo de calor. “Em formulação matemática, temos que: q” = h x (Ts – T∞) [W/m²],sendo que Ts (temperatura da superfície) > T∞ (temperatura do fluido) e h é o fluxo de calor por convecção [W/(m².K)]. Por fim, estudo da convecção no fundo se reduz a um estudo de procedimentos pelos quais o coeficiente convectivo pode ser determinado. Materiais e métodos Foram utilizados para realização do experimento, os seguintes materiais: - Estufa elétrica equipada com termômetro. - Termopar tipo K acoplado ao corpo analisado no interior da estufa. - Cilindro de alumínio, como corpo de prova. Dimensões: raio = 1cm. Comprimento = 15,2 cm. - Cronômetro - Voltímetro para leitura da temperatura via tensão lida no termopar. Figura 1: Estufa utilizada no experimento. Laboratório de transferência de calor e massa. Fonte: o autor. O experimento, propriamente dito, consistiu em fazer inserção do bastão/cilindro de alumínio no interior do forno pré-aquecido. A cada cinco minutos realizaram-se leituras das temperaturas através do valor de tensão indicado no voltímetro, que está ligado diretamente ao termopar. A equação abaixo foi utilizada para tal conversão: ΔT = ao + a1 * E¹ + a2 * E² + a3 * E³ + a4 * E ⁴ + a5 * E⁵+ a6 * E⁶+ + a7 * E⁷⁸ + a8 * E⁸ Como ΔT = T - Tref. ; com Tref. = 0 ⁰C, uma vez que utilizou-se gelo para referenciar, o resultado da equação fornece a própria temperatura registrada pelo termopar. Os valores dos coeficientes a0 até a8 são apresentados na tabela abaixo. ao = 0,226584602 a2 = 67233,4248 a3 = 2210340,682 a4 = -860963914,9 a5 = 4,83506 x 10^10 a6 = -1,18452 x 10^12 a7 = 1,38690 x 10^13 a8 = -6,33708 x 10^13 Com os valores de temperatura em função do tempo, determinou-se o valor de Ѱ: Ѱ = T(t) − 𝑇∞ 𝑇𝑖 − 𝑇∞ Onde: 𝑇∞ = temperatura do ar no interior da estufa. 𝑇𝑖 = temperatura inicial da estufa, ou seja, a temperatura ambiente do laboratório. T(t) = temperatura coletada nos instantes de tempo correspondentes. Obteve-se o gráfico relacionando o negativo do logaritmo neperiano de Ѱ com o valor de tempo. Comparou-se então a equação da reta encontrada, via regressão linear, com a equação proposta para o coeficiente convectivo: ℎ = α ×ρ ×𝑐𝑝 ×𝑉 𝐴𝑠 Para essa equação, α = coeficiente angular da reta ρ = massa específica do material da peça Cp = calor específico do material da peça V = volume do sólido As = área superficial do sólido Dados Obtidos: Obtiveram-se os seguintes dados para o experimento proposto: Tabela 2: Temperaturas correspondentes às respectivas tensões. Correlação: ΔT = ao + a1 * E¹ + a2 * E² + a3 * E³ + a4 * E ⁴ + a5 * E⁵+ a6 * E⁶+ + a7 * E⁷⁸ + a8 * E⁸ Coeficientes E(V) Temperatura (ºC) a o 0,226584 0,00130 31,74 a 1 24152,109 0,00260 63,48 a 2 67233,4248 0,00360 88,03 a 3 2210340,682 0,00430 105,27 a 4 -860963914,9 0,00440 107,73 a 5 4,84E+10 0,00480 117,60 a 6 -1,18E+12 a 7 1,39E+13 a 8 -6,34E+13 Tabela 3: Valores de ᴪ e – ln(ᴪ) para as respectivas temperatura, obedecendo a relação temperatura – força eletromotriz para o termopar do tipo K: Cromel – Alumel. Tempo(s) E(V) Temperatura (ºC) ᴪ (-)ln (ᴪ) 0 0,00130 31,74 0,91 0,0926 3000,00260 63,48 0,61 0,4979 600 0,00360 88,03 0,37 0,9864 900 0,00430 105,27 0,21 1,5705 1020 0,00440 107,73 0,18 1,6909 1260 0,00460 117,60 0,09 2,4088 Sendo que: Ѱ = T(t) − 𝑇∞ 𝑇𝑖 − 𝑇∞ Com temperatura ambiente de 𝑇𝑖 = 22,5ºC e 𝑇∞ = 120ºC. As dimensões do corpo de prova cilíndrico, médio e feito de alumínio são: - Diâmetro = 2,00 cm; - Altura = 15,2 cm. As propriedades termofísicas do alumínio, inerentes ao experimento são: - Condutividade térmica (𝐾𝐴𝑙) = 204 W/m x K - Massa específica (𝜌𝐴𝑙) = 2707 kg/m³ Calor específico (𝐶𝑝𝐴𝑙) = 896 J/kg x ºC Análise dos resultados Gráfico: Com os valores de – ln(ᴪ) e os tempos correspondentes, obteve-se o gráfico que estabelece uma relação linear do primeiro grau entre as duas grandezas. Gráfico 1: - ln (ᴪ) x Tempo. Junto à equação correspondente. Fonte: o autor. Cálculo do coeficiente médio de transferência de calor experimental: A área superficial total do cilindro imerso em ar é: 𝐴𝑠 = 2 × 𝜋𝑑2 4 + 𝜋𝑑 × 𝐿 𝐴𝑠 = 2 × 𝜋(0,02)2 4 + 𝜋(002) × 0,152 𝐴𝑠 = 0,0102 m². O volume do cilindro é dado por: V = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 × 𝐿 V = 𝜋(0,02)2 4 × 0,152 V = 4, 7752 x 10−5 m³ y = 0,0018x - 0,0052 R² = 0,9832 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 -L n ( ᴪ ) Tempo (s) -ln (ᴪ) x Tempo (-)ln (ᴪ) Linear ((-)ln (ᴪ)) Seja a equação obtida: y = 0,0018x - 0,0052, com α = 0,0018, aplica-se a relação matemática ℎ = α ×ρ ×𝑐𝑝 ×𝑉 𝐴𝑠 , substituindo-se as variáveis. ℎ = 0,0018 × 2707 × 896 × 4,7752 × 10−5 0,0102 ℎ = 20, 4390 W/m² K Cálculo do coeficiente médio de transferência de calor através da correlação apropriada: Por correlações empíricas para o cálculo do coeficiente de transferência de calor (h), tendo por base se tratar de convecção natural sobre um cilindro vertical, primeiro calculamos o número de Grashof, visto se tratar de convecção natural. Os cálculos foram feitos considerando o ar a Tf= 127 °C (400K), considerando –se a tabela A-8 do anexo do livro texto [1]: Tf = 400 K ρ = 0,8711 kg/m³ ѵ = 2,641 *10^-5 m²/s β = Tf ^-1 = =0,0025 K^-1 Pr = 0,69 g = 9,81m/s². O número de Grashof fica sendo: Gr˪ = (g.β(Ts-T∞)L³)/ѵ² Gr˪ = 78.400.277,2419 Gr˪ = 5,107 x 10^6 Então: Ra˪ = Gr˪ x.Pr= 3,5238 x 10^ 6 < 10^9 O valor de Nusselt é calculado então por: Nu˪ = 0,555(Gr.Pr)^1/4 Nu˪ = 0,555.(3,5238x10^6)^1/4 Nu˪ = 24,0461 Agora, podemos calcular o valor do coeficiente de transferência de calor, h: h = (Nu˪.k)/L h = (24,0461 x 33,8*10^-3)/0,152 h = 5,3471 W/m².K Comparação entre os resultados: hexp/h= 20,4390/5,3471= 3,8224 Conclusões Os resultados obtidos não foram satisfatórios. O resultado obtido através dos cálculos com as relações empíricas está apresenta grande desvio em relação ao resultado teórico. As diferenças observadas nos dados finais podem ser justificadas por erros de medição no sistema de temperaturas. Apesar desse fato, o objetivo de ampliar o conhecimento acerca do fenômeno de convecção foi alcançado. Referências Bibliográficas 1 - INCROPERA, F. P. e WITT, D. P. Fundamentos de Transferência de Calor e Massa. 5ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. 2 - ÇENGEL, A. Y. Transferência de Calor e Massa. 3ª Ed. Bangcoc: MacGraw- Hill, 2009. 3 - SOUZA, J. J. Estudo da convecção natural, forçada e mista.Universidade Santa Cecília , Departamento de Engenharia Mecânica; 4 - HOLMAN, J. P. Transferência de Calor. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil Ltda, 1983.
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