Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Wanderley Gonçalves Pós-graduado em Administração de Empresas pela Universidade São Judas Tadeu (USJT/SP). Bacharel em Ciências Econômicas pela Facul- dade de Economia, Administração e Contabili- dade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Professor emérito dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid/SP). Diretor do curso de Ciências Contábeis e coordenador dos cursos tecnológicos da área de comércio e gestão da Unicid/SP. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição Após estudar este capítulo, você deverá estar apto(a) a: entender o conceito de margem de contribuição e sua aplicabilidade na empresa; desenvolver competências e habilidades que lhe permitam tomar de- cisões valendo-se do instrumental da margem de contribuição; entender as alternativas de uso da margem de contribuição como fer- ramenta de tomada de decisão frente à existência ou não de fatores que limitem a produção. Introdução As empresas, ao produzirem bens e/ou serviços, incorrem em custos e despesas (gastos). Nesse ponto, torna-se necessário fazermos uma distinção entre custos e despesas: Custos – são gastos relativos a bens e/ou serviços que a empresa utiliza para a produção de outros bens e/ou serviços. Despesas – são os gastos relativos a bens e/ou serviços que a empresa utiliza para a obtenção de receitas. Dessa forma, custos relacionam-se principalmente à área industrial da empresa, já que se referem aos gastos incorridos para a obtenção dos bens (produtos) ou serviços. Exemplo: matéria-prima, energia elétrica, mão de obra etc. Já despesas referem-se aos gastos que a empresa incorre para a obtenção de receitas, não ligados à produção. Exemplos: comissão de vendedores, fretes, seguros etc. 133Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 134 Em outras palavras: custos representam a parcela de gastos ligados à pro- dução, enquanto despesas referem-se à parcela de gastos não ligados à produção. Isso posto, somos conduzidos a admitir que os gastos (custos e despesas) comportam-se como fixos ou variáveis em relação ao volume de produção. Assim: Custos fixos – representam a parcela do custo total que não varia com a produção, dentro de uma capacidade produtiva instalada. Exemplo: aluguéis, IPTU etc. Custos variáveis – representam a parcela do custo total que varia de acordo com a produção. Exemplo: matéria-prima, mão de obra direta etc. A mesma conceituação aplicada aos gastos identificados como custos aplica-se também às despesas, vistas como fixas ou variáveis. Pois bem, isso posto, podemos admitir que as empresas, ao produzirem bens e/ou serviços, acabam incorrendo em custos e despesas variáveis (parcela dos gastos totais que variam diretamente com o volume de produção) representadas pela matéria-prima, mão de obra, fretes, comissões de vende- dores, seguros etc., utilizados no processo de produção. Quando subtraímos do preço de venda dos bens e/ou serviços os custos e despesas variáveis, chegamos ao que denominamos de margem de contribuição. Portanto, margem de contribuição é o resultado da subtração do preço de venda do produto ou serviço e dos custos e despesas variáveis associa- das a ele. A margem de contribuição representa o quanto um determinado pro- duto ou serviço colabora, primeiramente para pagar, amortizar os custos e despesas fixos, e posteriormente gerar lucro, demonstrando a sua poten- cialidade geradora de lucro. Para Padoveze (2005, p. 139), Representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto ou serviço e os custos e despesas variáveis por unidade de produto ou serviço. Significa que em cada unidade vendida a empresa lucrará determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, temos a margem de contribuição total do produto para a empresa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 135 Porém, deve ficar claro que, para se chegar ao lucro operacional da empresa, necessário se faz que desse lucro variável retiremos os custos e despesas fixos. Já Megliorini (2003, p. 151) afirma que A margem de contribuição é o quanto resta do preço, ou seja, do valor de venda de um produto ou serviço são deduzidos os custos e despesas que os produtos provocam. A empresa só começa a gerar lucro quando a margem de contribuição dos produtos vendidos superar os custos e despesas fixas do exercício. Fórmula para cálculo É possível, a partir da conceituação de margem de contribuição, elabo- rarmos uma fórmula para seu cálculo. Em síntese, o que evidenciamos em nossa introdução é que margem de contribuição nasce da contribuição que cada produto oferece primeiramente para amortizar custos e despesas fixas e posteriormente gerar lucro. Vimos também que a mesma é obtida subtraindo-se do preço de venda do produto ou serviço os custos e despesas variáveis a ele associados. Assim, é possível calculá-la por meio da seguinte fórmula: MC = PV – (CV + DV) Onde: MC = margem de contribuição unitária PV = preço de venda CV = custos variáveis unitários DV = despesas variáveis unitárias Deve ficar claro que a fórmula acima representa a margem de contribuição unitária, ou seja, a margem de contribuição proporcionada para cada uni- dade de produto ou serviço vendida. Caso queiramos determinar a margem de contribuição total, é necessário que se multiplique o valor da margem de contribuição unitária pelo total das unidades vendidas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 136 Logo: MCTOTAL = MC . q Onde: MCTOTAL = margem de contribuição total MC = margem de contribuição unitária q = quantidade vendida Acreditamos que a colocação de um exemplo numérico ser-nos-á de grande valia para a perfeita compreensão e fixação dos conceitos descritos até o momento; vamos a ele. Suponhamos que uma dada empresa fabrique quatro produtos que iden- tificaremos como produtos A, B, C e D. Adicionalmente, vamos supor que em um determinado mês tenha produ- zido e vendido as quantidades constantes na tabela 1, com os preços e custos nela contidos. Igualmente, supomos que o total de custos e despesas fixos do mês tota- lizaram R$80.000,00, e que as comissões dos vendedores (despesas variáveis) por unidade vendida de cada um dos produtos foram as seguintes: Tabela 1 – Vendas X preço unitário X custo variável unitário X despesa variável Produtos Quantidade vendida/un Preço unitário de venda (R$) Custo variável unitário (R$) Despesa variá- vel unitária (R$) A 1 200 250,00 180,00 25,00 B 700 300,00 250,00 30,00 C 600 380,00 320,00 40,00 D 1 500 400,00 330,00 45,00 Vamos, com os dados acima, calcular a margem de contribuição unitária de cada um dos quatro produtos; a margem de contribuição total de cada produ- to, a margem de contribuição total da empresa e o seu resultado operacional. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 137 Resolução: 1. Margem de contribuição unitária/margem de contribuição total de cada produto. Produto A Valendo-nos dos dados constantes na tabela, temos: Preço unitário de venda do produto A = R$250,00 = PV. Custo variável unitário do produto A = R$180,00 = CV. Despesa variável do produto A = R$25,00 = DV. Aplicando a fórmula de cálculo da margem de contribuição unitária, temos: MCA = PV – (CV + DV) MCA = 250,00 – (180,00+ 25,00) MCA = 250,00 – 205,00 MCA = 45,00 A leitura que se faz desse resultado é a seguinte: cada unidade vendida do produto A contribui com R$45,00 para primeiramente amortizar os custos e despesas fixos, que de acordo com o exemplo importam em R$80.000,00, e posteriormente gerar lucro. Podemos, a partir desse dado, calcular a margem de contribuição total do produto A, bastando substituir na fórmula abaixo o valor encontrado da margem de contribuição unitária. Assim: MCTOTAL/A = MCA . q Onde: MCA = margem de contribuição unitária do produto A = R$45,00 q = quantidade vendida do produto A = 1 200 un. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 138 Logo: MCTOTAL/A = MCA . q MCTOTAL/A = R$45,00 . 1 200 MCTOTAL/A = R$54.000,00 Portanto: MCTOTAL/A = R$54.000,00 é a contribuição que o produto A fornece à empresa para cobrir seus custos e despesas fixos e posteriormente gerar lucro. Produto B Valendo-nos do mesmo raciocínio usado para o produto A, vamos calcular a margem de contribuição unitária do produto B, bem como sua margem de contribuição total. Assim: Preço unitário de venda do produto B = R$300,00 = PV. Custo variável unitário do produto B = R$250,00 = CV. D espesa variável do produto B = R$30,00 = DV. MCB = PV – (CV + DV) MCB = 300,00 – (250,00 + 30,00) MCB = 20,00 Portanto, de forma análoga ao produto A, calculamos também a margem de contribuição total aplicando a fórmula, temos que: MCB = margem de contribuição unitária do produto B = R$20,00. q = quantidade vendida do produto B = 700 un. MCTOTAL/B = MCB . q MCTOTAL/B = R$20,00 . 700 MCTOTAL/B = R$14.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 139 Portanto: MCTOTAL/B = R$14.000,00 é a contribuição que o produto B oferece à empresa para primeiramente fazer frente aos seus custos e despesas fixos e posterior- mente gerar lucro. Produto C Da mesma forma que tivemos para o produto A e para o produto B, teremos: Preço unitário de venda do produto C = R$380,00 = PV. Custo variável unitário do produto C = R$320,00 = CV. Despesa variável do produto C = R$40,00 = DV. Assim: MCC = PV – (CV + DV) MCC = 380,00 – (320,00 + 40,00) MCC = 380,00 – 360,00 MCC = 20,00 De posse desse valor e da mesma forma que procedemos com os produtos A e B, chegamos à margem de contribuição total do produto C. Temos que: MC C = margem de contribuição unitária do produto C = R$20,00. q = quantidade vendida do produto C = 600 un. Portanto: MCTOTAL/C = MCC . q MCTOTAL/C = R$20,00 . 600 MCTOTAL/C = R$12.000,00 MCTOTAL/C = R$12.000,00 é a contribuição que o produto C fornece a empresa para primeiramente fazer frente aos seus custos e despesas fixos e posterior- mente gerar lucro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 140 Produto D Seguindo a mesma linha de raciocínio implementada para os produtos A, B e C, teremos: Preço u nitário de venda do produto D = R$400,00 = PV. Custo variável unitário do produto D = R$330,00 = CV. Despesa variável unitária do produto D = R$45,00 = DV. Assim: MCD = PV – (CV + DV) MCD = 400,00 – (330,00 + 45,00) MCD = 400,00 – 375,00 MCD = 25,00 E a margem de contribuição total do produto D é: Ma rgem de Contribuição unitária do produto D = R$25,00 = MCD Qu antidade vendida do produto D = 1 500 un. = q Assim: MCTOTAL/D = MCD . q MCTOTAL/D = R$25,00 . 1 500 MCTOTAL/D = R$37.500,00 Logo: MCTOTAL/D = R$37.500,00 Portanto, MCTOTAL/D = R$37.500,00 é a contribuição que o produto D fornece à empresa para primeiramente fazer frente aos seus custos e despesas fixos e posteriormente gerar lucro. Já calculamos a margem de contribuição unitária e a margem de contri- buição total de cada um dos quatro produtos vendidos pela empresa. De posse desses resultados é possível calcular a margem de contribuição total da empresa, bem como o seu resultado operacional. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 141 Vamos a eles: Margem de contribuição total do produto A = R$54.000,00 Margem de contribuição total do produto B = R$14.000,00 Margem de contribuição total do produto C = R$12.000,00 Margem de contribuição total do produto D = R$37.500,00 Margem de contribuição total/empresa = R$117.500,00 A margem de contribuição da empresa é igual ao somatório das mar- gens de contribuição totais de cada um dos quatro produtos que a empresa vendeu. Para chegarmos ao resultado operacional da empresa (lucro ou prejuízo), basta subtrairmos da margem de contribuição total os custos e despesas fixos, que no nosso exemplo importam em R$80.000,00. Assim: Resultado operacional = margem de contribuição total – custos e despesas fixos Resultado operacional = R$117.500,00 – R$80.000,00 Resultado operacional = R$37.500,00 No nosso exemplo, o resultado operacional é representado por um lucro de R$37.500,00, uma vez que a margem de contribuição total supera os custos e despesas fixos nesse valor. Caso os custos e despesas fixos superassem a margem de contribuição total, o nosso resultado seria prejuízo operacional. Uma outra leitura a ser feita é a de que os produtos A, B, C e D contribuem para amortizar totalmente os custos e despesas fixos de R$80.000,00, e ainda geram um lucro operacional de R$37.500,00. Levando-se em consideração que a firma (empresa) é uma entidade que atua de forma racional e inteligente e que busca maximizar seus lucros no curto prazo, é de se esperar ela deva estimular e incentivar a produção de produtos com a maior margem de contribuição unitária, pois assim, proce- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 142 dendo mais rapidamente, estará amortizando os custos e despesas fixos e, consequentemente, gerando maior lucro. No exemplo explorado neste capítulo, em razão do que acabamos de afirmar, a ordem de preferência para produção seria: do produto com maior margem de contribuição unitária para o de menor margem de contribuição unitária. Dessa forma: 1.º lugar – produto A MCA = R$45,00 2.º lugar – produto D MCD = R$25,00 3.º lugar – produto B ou C MCB = R$20,00 / MCC = R$20,00 O uso da margem de contribuição para a tomada de decisões Após termos identificado e conceituado margem de contribuição, bem como exemplificado a forma de seu cálculo, vamos nos valer desse importante instrumento como ferramenta para tomada de decisões. Antes de prosseguirmos, mister se faz a colocação de duas situações distin- tas quanto ao seu uso como instrumento de tomada de decisões, são elas: empresa com capacidade ociosa ou sem fatores limitantes; empresa em pleno emprego ou com fatores limitantes. Empresa com capacidade ociosa ou sem fatores limitantes Quando estivermos trabalhando com uma empresa operando com capa- cidade ociosa, ou seja, operando abaixo da sua real capacidade de produção ou quando não existirem fatores limitantes, ou seja, fatores que limitem a sua produção, como o fornecimento de matéria-prima, a empresa deverá buscar estimular a produção e a venda dos produtos ou serviços que pos- suam a melhor (maior) margem de contribuição, pois, como vimos, esses produtos são os que conseguem mais rapidamente contribuir primeira- mente para a amortização dos custos e despesas fixos e, consequentemente, gerar maior lucro. Este material é parte integrante do acervo do IESDEBRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 143 Em resumo: Empresa Capacidade ociosa ou sem fatores limitantes A decisão é estimular a produção/venda do produto/ serviço com a maior margem de contribuição unitária } Empresa em pleno emprego ou com fatores limitantes Quando estivermos trabalhando com uma empresa que esteja operando em pleno emprego, ou seja, produzindo o máximo possível em função de seu tamanho e da composição de seus fatores de produção, ou ainda quando existirem fatores limitantes (fatores que limitam a produção) como forneci- mento de matéria-prima, o uso da margem de contribuição para efeito de tomada de decisões deve ser revisto. Nesse caso, antes de tomarmos decisões a respeito dos produtos a serem estimulados para produção e venda, deveremos calcular a margem de contribuição pelo fator que limita a produção, e só então poderemos tomar decisões a respeito do que deva ser produzido/vendido. Em resumo: Empresa Pleno emprego ou fatores limitantes A decisão é estimular a produção/venda do produto/ serviço com a maior margem de contribuição unitária, em relação ao fator limitante } Para fixação e sedimentação do que afirmamos em relação ao fator limi- tante e o impacto do mesmo sobre a tomada de decisões pela margem de contribuição, vamos a um exemplo numérico: Suponha que uma empresa produza e venda dois produtos A e B que apresentam as seguintes margens de contribuição unitária: MCA = R$30,00 e MCB = R$20,00 e que os mesmos usem a mesma matéria-prima cujo forneci- mento está limitado pelo fornecedor em 100 000kg/mês. Ocorre que o mercado está disposto a adquirir 2 000 unidades do produto A e 4 000 unidades do produto B, o que consumiria 160 000kg da matéria- -prima, conforme demonstrado no quadro a seguir. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 144 Cumpre salientar para efeito do cálculo do resultado operacional que essa empresa possui custos e despesas fixos que importam em R$50.000,00/mês. Produtos Possibilidades de vendas/mês Matéria-prima necessária Quantidade de matéria-prima total A 2 000 40kg/un 80 000kg B 4 000 20kg/un 80 000kg Total de matéria-prima 160 000kg Como pode ser visto pela tabela, cada unidade do produto A conso- me 40kg de matéria-prima, perfazendo uma necessidade de 80 000kg de matéria-prima para a produção das 2 000 unidades que o mercado deseja adquirir. Já o produto B consome 20kg de matéria-prima por unidade, perfazendo uma necessidade de 80 000kg de matéria-prima para a produção das 4 000 unidades que o mercado deseja adquirir. Portanto, são necessários, para satisfazer as necessidades do mercado, 160 000kg de matéria-prima. Ocorre que por imposição do fornecedor a empresa dispõe de apenas 100 000kg de matéria-prima. Ao tomarmos a decisão baseados na margem de contribuição unitária sacrificaríamos a produção/venda do produto B que comparativamente ao A apresenta menor margem de contribuição unitária. Utilizaríamos 80 000kg de matéria-prima para produzir as 2 000 unidades do produto A (produto com a maior margem de contribuição unitária) e os res- tantes 20 000kg de matéria-prima utilizaríamos para a produção do produto B (produto com a menor margem de contribuição unitária). Assim teríamos: Produtos Possibilidades de vendas/mês Matéria-prima necessária Quantidade de matéria-prima total A 2 000 40kg/un 80 000kg B 1 000 20kg/un 20 000kg Total de matéria-prima 100 000kg Pode ser visto que ao tomarmos essa decisão sacrificamos 3 000 unidades do produto B, relativos às 4 000 unidades que o mercado estava disposto a adquirir e as 1 000 unidades que o restante de matéria-prima nos permitiu produzir. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 145 Essa tomada de decisão nos conduz ao seguinte resultado operacional: MCA = 30,00 MCTOTAL/A = R$30,00 . 2 000 un = R$60.000,00 MCB = 20,00 MCTOTAL/B = R$20,00 . 1 000 un = R$20.000,00 MCTOTAL/EMPRESA = R$80.000,00 (–) custos e despesas fixas = R$50.000,00 Lucro operacional = R$30.000,00 Como observamos, tomando a decisão pelo incentivo do produto com a maior margem de contribuição, a empresa obteve um lucro operacional de R$30.000,00. Esse resultado, como veremos a seguir, pode ser melhorado se levarmos em consideração o fator limitante (no caso, a matéria-prima) e efetuarmos o cálculo da margem de contribuição pelo fator limitante. Vamos a ele. Produto A MCA = 30,00 Matéria-prima por unidade = 40kg MC por kg de matéria-prima = R$30,00 40kg = R$0,75 Produto B MCB = 20,00 Matéria-prima por unidade = 20kg MC por kg de matéria-prima = R$20,00 20kg = R$1,00 Note que houve uma mudança, ou seja, o produto com a maior margem de contribuição unitária levando em consideração o fator limitante é o pro- duto B, devendo, portanto, ser esse o produto a ser incentivado para a pro- dução/venda, sacrificando-se, portanto, o produto A. Isso nos conduz a uma nova formação de vendas para os produtos A e B, conforme abaixo. Produtos Possibilidades de vendas/mês Matéria-prima necessária Quantidade de matéria-prima total A 500 40kg/un 20 000kg B 4 000 20kg/un 80 000kg Total de matéria-prima 100 000kg Pode ser visto, que ao tomarmos a decisão mediante a margem de con- tribuição calculada pelo fator limitante (matéria-prima), sacrificamos 1 500 unidades do produto A, relativos às 2 000 unidades que o mercado estava Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 146 disposto a adquirir e às 500 unidades que o restante de matéria-prima nos permitiu produzir. Essa tomada de decisão nos conduz ao seguinte resultado operacional: MCA = 30,00 MCTOTAL/A = R$30,00 . 500 un = R$15.000,00. MCB = 20,00 MCTOTAL/B = R$20,00 . 4 000 un = R$80.000,00. MCTOTAL/EMPRESA = R$95.000,00. (–) custos e despesas fixas = R$50.000,00. Lucro operacional = R$45.000,00. Como observamos, ao tomar a decisão pela margem de contribuição, levando-se em consideração o fator limitante, a empresa obtém um lucro operacional de R$45.000,00. Do exposto concluímos que levando-se em consideração que a empresa (firma) é uma entidade que busca maximizar o lucro no curto prazo, quando existirem fatores que limitem a produção, como espaço físico, matéria-prima, número de horas a serem trabalhadas etc., a empresa deve tomar a decisão de estimular/incentivar a produção e venda do produto ou produtos que possuam as maiores margens de contribuição unitária calculadas em relação ao fator limitante. No exemplo discutido neste capítulo: Lucro operacional sem considerar o fator limitante – R$30.000,00 Lucro operacional considerando o fator limitante – R$45.000,00 Ganho de lucro operacional ao se considerar o fator limitante: – R$15.000,00 Ampliando seus conhecimentos O conceito de margem de contribuição (LINS; SILVA, 2005) Quando os Custos estiverem separados em componentes Fixos e Vari- áveis, será útil comparar as Receitas com os Custos Variáveis. Se considerar- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 147 Atividades de aplicação 1. Por margem de contribuição unitária, entendemos: a) a contribuição que um determinado bem ou serviço fornece à firma após termos retirado os custos e despesas fixos a ele associados. b) a contribuição que cada trabalhador fornece mediante a aplicação de sua força de trabalho. mos Preços Constantes, a Receita Totalserá proporcional ao volume. Como os Custos Variáveis também são proporcionais ao volume, a diferença entre as Receitas e o somatório dos Custos Variáveis e Despesas Variáveis é chamada de Margem de Contribuição. A Margem de Contribuição caracteriza-se como o valor que cada unidade efetivamente traz à empresa de “sobras” entre a Receita e o Custo que de fato gerou e lhe pode ser imputado, sem grandes possibilidades de erro. É o valor que contribui “para a cobertura dos Custos Fixos e a formação do Lucro”. A Margem de Contribuição tem um papel importante na análise da relação Custo – Volume – Lucro. Quando a Margem de Contribuição total for igual aos Custos Fixos, a empresa terá Lucro Zero e, do contrário, poderá ter Lucro ou Prejuízo. Assim, na análise da empresa como um todo, se a Margem de Contri- buição é menor do que os Custos Fixos, ela está incorrendo em Perdas. Além disso, a Margem de Contribuição, por si só, é uma cifra útil para tomada de decisões. Por exemplo, a empresa pode ter Prejuízo e, ainda assim, continuar operando se a Margem de Contribuição for suficiente. Como alguns Custos Fixos, como depreciação e aluguel, não podem ser evitados, mesmo reduzindo a produção, a empresa pode achar melhor continuar operando. A Margem de Contribuição nos fornece uma medida dos efeitos da continu- ação das operações. Por outro lado, se a Margem de Contribuição for negativa – e espera-se que continue assim –, isso indica que as Receitas são menores do que os Custos Variáveis Totais, de modo que a empresa faria melhor se fechas- se as portas, caso não conseguisse identificar a Margem de Contribuição por produto, eliminando os produtos com margem negativa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 148 c) o lucro operacional de uma empresa. d) o resultado da subtração do preço de venda do produto ou serviço e dos custos e despesas variáveis associados a ele. 2. Se uma empresa produz diversos produtos, e não enfrenta qualquer gargalo ou fator limitante, deverá: a) incentivar a produção e venda dos produtos que apresentem a menor margem de contribuição unitária. b) incentivar a produção de qualquer um dos produtos, já que inexis- tem fatores limitantes. c) incentivar a produção e venda dos produtos que apresentem a maior margem de contribuição unitária. d) igualar as margens de contribuição dos produtos a fim de eliminar esse problema, já que inexistem fatores limitantes. 3. Margem de contribuição tem o mesmo significado de lucro. Essa afirmação: a) É falsa. b) É verdadeira. c) É verdadeira para empresas de grande porte, pois essas empresas possuem custos fixos baixos. d) É falsa apenas para empresas de grande porte, pois elas possuem custos fixos baixos. 4. Ao tomarmos decisões pela margem de contribuição, quando a empresa opera em pleno emprego, ou quando a mesma possui fatores limitantes, devemos considerar: a) a margem de contribuição unitária de cada produto, somente. b) a margem de contribuição total, somente. c) a margem de contribuição unitária em relação ao fator limitante, pois assim procedendo estaremos melhorando o resultado operacional. d) o preço de cada um dos produtos produzidos/vendidos pela empresa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O estudo da margem de contribuição 149 Gabarito 1. D 2. C 3. A 4. C Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Referências HALL, Robert E.; LIEBERMAN, Marc. Microeconomia: princípios e aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. LINS, Luiz S.; SILVA, Raimundo Nonato S. Gestão Empresarial com Ênfase em Custos: uma abordagem prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. MANKIW, N. Gregoy. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thomson Lear- ning, 2005. McCONNEL, Campbell R.; BRUE, Stanley L. Microeconomia. Rio de Janeiro: LCT Editora, 1999. MEGLIORINI, Evandir. Custos. São Paulo: Makron Books, 2003. PADOVEZE, Clóvis Luis. Controladoria Estratégia e Operacional: conceitos – estrutura – aplicação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. ________. Curso Básico Gerencial de Custos. São Paulo: Pioneira Thomson Le- arning, 2003. ________. Introdução à Administração Financeira. São Paulo: Pioneira Thom- son Learning, 2005. PASSOS, Carlos Roberto M.; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Makron Books, 1994. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2000. TROSTER, Roberto Luis; MOCHÓN, Francisco. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 1999. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002. 189Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Compartilhar