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Semiótica 2015/16 – Rita Rosa
Semiótica
Semiótica – Ciência dos Signos
A Semiótica é a ciência dos signos ou da significação. Todos os fenómenos comunicacionais que nos rodeiam procuram ser explicados, descritos, através de sistemas de signos, sendo que o objetivo da semiótica passa por saber ler o mundo, dispensando a sua interpretação. O Homem é um animal que se caracteriza essencialmente por usar signos. Assim, um signo denota um objeto real ou imaginário (imaginável/não imaginável) com possibilidade de representação (conceptual). A Semiótica tem assim como objetivo descodificar a realidade, mas evidentemente, existem sempre diversas interpretações para os fenómenos. A semiótica tem o SIGNO como unidade básica. Um signo DENOTA um objeto real ou imaginário, com POSSIBILIDADE DE REPRESENTAÇÃO. Um signo é algo que está em vez de algo, para simplificar a compreensão da sua mensagem.
É a atividade interpretativa do entendimento e significação. Procura um modo de descrever sistemas de signos e encontrar meios para os decifrar – Ler o Mundo dispensando a sua interpretação, estudando assim todas as formas que o Homem tem para comunicar.
É a ciência dos signos que se preocupa em estudar todos os signos e linguagens, isto é, tudo aquilo que possa produzir sentido. Pretende, assim, conseguir “ler o mundo” dispensando a sua interpretação. No fundo, tem por objetivo a procura de um modo de descrever os sistemas de signos e encontrar meios para decifrar.
SISTEMAS ORGANIZADOS DE SIGNOS LINGUÍSTICOS
Formados pelas línguas naturais faladas pelas comunidades
SISTEMAS FUNDAMENTAIS
Formados por línguas não naturais, construídas, a partir de várias áreas de saber, como matemática, lógica, entre outros.
Não há uma semiótica, há numerosas metodologias semióticas – cujo ponto em comum é o reconhecimento de uma relação entre o plano de expressão e o plano do conteúdo.
História
Para os gregos: Semiótica era um dos três ramos da medicina, o diagnóstico e o prognóstico das doenças eram definidos a partir dos sintomas manifestados
Para os estoicos: a Semiótica é uma das divisões da filosofia, dizem que um sinal liga 3 realidades (aquilo que é a materialidade; aquilo que é a significação – significado da materialidade; e o objeto em si).
Locke (séc. XVII) diz ser a ciência dos signos e das significações
Séc. XX: Peirce – escola americana (behavorista ou comportamentalista), semiótica; Saussure – escola europeia (suíço), semiologia;
Semiótica: Peirce - 1º a definir semiótica, utiliza uma fundamentação filosófica ligada à escola do mentalismo/próxima do pensamento lógico e fundada no pragmatismo. Morris refaz a proposta de Peirce.
Semiologia: Saussure - explica todo o pensamento da humanidade; projeta a Semiologia mas não a define; vai tentar através da simbologia das línguas, transmitir esse estudo para outras áreas: perspetiva linguística e estruturalista. Barthes mostra que é possível um outro sistema sem ser o linguístico.
Diferenças entre a Escola Americana (Semiótica) e a Europeia (Semiologia):
Duplicidade/Triplicidade: A escola americana defende a organização triádica do comportamento semiótico (representamen, objeto, interpretante) enquanto a europeia admite uma relação de dualidade no evento do comportamento semiótico (significado/significante);
Necessidade/Arbitrariedade: A escola americana defende que o signo mantém uma relação necessária com o objeto enquanto a europeia afirma que existe uma relação arbitrária entre estes componentes do comportamento semiótico, na medida em que estes variam conforme a sociedade ou o indivíduo que o interpreta.
Definição/Indefinição: A escola americana assume a semiótica como uma ciência de direito pleno e perfez fitamente estabelecida, enquanto a escola europeia lança as bases para a criação de uma nova área do saber pouco definida.
Peirce
O que é um signo para Peirce?
Para Peirce, um signo é aqui que, sob certo especto ou modo, representa algo para alguém. Isto é, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente, ou talvez um signo mais desenvolvido. Ao signo assim criado, Peirce denomina interpretante do primeiro signo. O signo representa alguma coisa, o seu objeto. Assim, é possível dizer que qualquer objeto, som, palavra capaz de representar outra coisa constitui um signo.
3 Ramos da Semiótica:
Segundo Peirce, a Semiótica organiza-se a partir de 3 ramos: a Gramática pura, que visa definir o que permite um signo receber uma significação (o João vai a casa é diferente de o João vai a casa amanhã); a Lógica, que permite definir as condições de V/F para que um dado objeto seja validável e, por último, a Retórica pura, que visa definir as leis que permitem que um signo gere outro signo.
Organização Triádica dos Signos:
“Nada é um signo, a não ser que seja interpretado como um signo”. É o que nos diz Peirce. Este semiólogo pragmático crê que não há símbolos ou signos que não estejam a ser interpretados. Só existe relação simbólica ou de interpretação se existir alguém para o fazer (INTERPRETANTE). Este interpretante é um próximo signo, gerando uma cadeia infinita de signos, impossível de analisar. (“Um signo é um signo de um signo….”)
Peirce criou uma estrutura indivisível que se assemelha à estrutura do pensamento. Um signo é constituído por três partes inter-relacionadas (existe uma relação necessária): O signo (ou representamen), o objeto e o interpretante (organização triádica). Um signo é um primeiro que estabelece algum tipo de relação genuína com um segundo (objeto), de modo a determinar um terceiro (interpretante).
REPRESENTAMEN/OBJECTO PERCEPTÍVEL (Noção): natureza material do signo, é o veículo que leva algo externo à mente. É a noção que nós obtemos do signo. É a operação mental que nos permite chegar do objeto ao interpretante. É a relação mental que liga o representamen ao objeto.
INTERPRETANTE (Significação): cria na mente um signo equivalente ou mais desenvolvido. O signo só existe na mente do intérprete - carácter relacional/funcional do signo., a significação que atribuímos ao que percecionamos, a possibilidade de atribuir valores. É a conclusão a que chegamos para que possamos entender o signo na sua totalidade. É a ideia final com que ficamos do objeto. É aquilo que nós evidenciamos quando vemos algo, tirando uma conclusão através do conhecimento que temos do mundo.
OBJECTO (Referente): aquilo que o signo representa/denota, definição de algo, aquilo a que o símbolo se refere. O objeto pode ser materializado ou apenas uma entidade mental ou imaginária.
Para Peirce, estes elementos do signo têm uma RELAÇÃO NECESSÁRIA (indissociável), isto é, não podem ser separados. São interdependentes, não existem uns sem os outros. Um signo só pode ser tomado como signo na sua totalidade se evidenciar estes três fatores.
OU SEJA, CONSTITUÍMOS O SIGNO ATRIBUINDO UMA SIGNIFICAÇÃO A ALGO:
Se o representamen representa o objeto é porque o interpretante faz com que ele seja percebido e, ao mesmo tempo, interpretado desta maneira.
Nesse sentido, se o interpretante não existisse, o representamen não apareceria como uma representação do objeto.
Porquê? Uma coisa só aparece como signo de uma outra coisa se, na mente de quem a percebe, surgir uma terceira coisa (vinda de experiências anteriores) a partir da qual a interpretação daquela primeira coisa possa ser realizada. (“Um signo é qualquer coisa que é determinada por outra, que é o seu objeto e que causa um efeito sobre alguém, que será o seu interpretante.”)
Tipologias de Signos (ou as Formas que um signo pode assumir):
Ícone – Representação do objeto, é o objeto dinâmico em si. O signo icónico refere o objeto que denota, na medida em que partilha com ele determinados caracteres, que existem no objeto denotado independentemente da existência do signo. (Ex: pintura, fotografia, desenho, bandeira).
Índice – parte representada de um todo anteriormente adquirido pela experiência subjetiva ou pela herança cultural. (Ex: fumo INDICA combustão de alguma coisa) O buraco de uma bala não existiase uma bala não existisse. O buraco da bala é índice da bala.
Símbolo – é um signo que se refere ao objeto que denota, de acordo com uma lei; normalmente é uma associação de ideias gerais. A significação do objeto requere que o signo utilize alguma convenção, hábito ou regra social que o ligue ao seu objeto.
 O ícone não tem conexão dinâmica/física com o objeto de representa. As suas qualidades é que se assemelham às qualidades do objeto.
O índice está fisicamente ligado ao seu objeto. Formam uma espécie de par; porém, a mentem nada tem a ver com essa conexão.
O símbolo está conectado ao seu objeto através da ideia da mente, sem a qual essa conexão não existia.
Morris
“Um signo só é um signo se for interpretado por alguém como tal.”
Para Morris, a semiótica concentra-se principalmente em estudar o comportamento observável que é desencadeado após a interação com um signo. Só alguém interpretar um signo e a reagir a ele é que o podemos tomar exatamente como um signo.
Morris, ao contrário de Peirce, acredita que a semiótica possui características que a permitem assumir como uma ciência por si só. Mais: é uma ciência que é aplicável a todas as ciências e todos os seres vivos (Peirce considerava a semiótica uma ciência exclusiva do Homem).
Introduz dois novos elementos na proposta de Peirce: o intérprete e o denotatum. Discute a organização triádica de Peirce alterando-a. SIGNO não como unidade mas como processo, tendo por base o comportamento semiótico que, ao contrário do que diz Peirce, não é somente inerente ao ser humano. O processo desencadeia um comportamento.
Organização do Signo:
Referente: o que interpretas
Objeto: o que vemos
Interpretante: significação, sujeito em questão
Interprete: reconstrução do referente, saber explicar por palavras o que percecionamos
Denotatum: denotação – significado, resultando da relação referencial objeto e significação, o sendo que damos, uma espécie de contextualização.
Segundo Morris, um signo tem de “significar necessariamente, mas é indiferente que denote ou não”. Toma como exemplo a experiência de Pavlov: na experiência, a campainha (signo) significa para o cão que há comida, sendo que a situação do cão a salivar ao som da campainha (signo) é a construção da significação (salivação). No entanto, pode não haver comida no prato (não denota).
Notámos assim que Morris discute a teoria de Peirce transformando o signo num processo semiótico através de um comportamento semiótico. Morris procura estudar como são utilizados e regularizados os signos, através do estudo e interpretação do comportamento semiótico.
Para Morris o “método behavorista” é o mais adequado para determinar a existência de um signo:
“ Se um dado (A) dirige o comportamento que visa um objetivo de forma semelhante àquela que outra coisa (B) dirigia o comportamento em relação a esse mesmo objeto, então (A) é um signo”
Ramos de Estudo da Semiótica:
Semiótica semântica - que estuda as relações entre os signos com os objetos que representam;
Semiótica pragmática - que estuda os aspetos sociológicos, psicológicos e biológicos dos signos;
Semiótica sintática - que estuda relações formais que os signos estabelecem entre si
Tipologia de Signos:
Se um signo substitui outro signo e se significa o mesmo, temos um símbolo
Se um signo substitui outro signo mas não significa o mesmo, temos um sinal 
Exemplo: Nos EUA, devido ao transporte escolar, costuma estar uma pessoa (geralmente reformada) com uma "raquete" de cor vermelha a mandar os carros pararem. Quando os condutores vêm a raquete associam à ação de parar (é um signo de um signo). Se o homem substituir a raquete por um caderno vermelho a reação por parte dos condutores é a mesma - param (signo diferente com o mesmo significado - símbolo). Se o caderno for de outra cor, os condutores não associam (signo diferente com significado diferente - sinal).
SEMIÓTICA DE PIERCE VS. SEMIÓTICA DE MORRIS
Começando por Pierce, este defendia que o pensamento e o homem são a base e a essência da semiótica. Para ele o homem denota o objeto em que foca a sua atenção, mas também o conota com tudo o que sabe e sente relativamente a esse mesmo objeto. Considera que a semiótica é uma ciência universal e que tudo é composto por signos. No entanto afirma que algo só pode ser um signo se for interpretado como tal. Pierce considera que um signo possui três elementos de uma organização triádica: objeto, representamen e interpretante. Este vê o representamen como um veículo que transporta algo de fora (o objeto) para a nossa mente, permitindo -nos chegar a noção final do objeto (interpretante).
Tanto Morris como Peirce definiram a semiótica como um estudo de signos de qualquer espécie (tanto podem ser linguísticos ou não), mas Peirce afirma que a semiótica é uma ciência do Homem e Morris alarga esta ciência também a outros seres, como os animais. Peirce imagina a semiótica tendo por base categorias universais, tanto que, para ele "todo o pensamento é um signo". Morris desenvolve a semiótica sobre uma base biológica e no âmbito da ciência do comportamento. Morris concordou com Pierce no sentido de que alguma coisa só pode ser um signo se for interpretada como tal, mas para ele o objetivo do estudo da semiótica é estudar os signos em toda s as suas formas e manifestações, seja em animais ou homens, quer seja linguisticamente ou não. Morris, ao contrário de 
Pierce (que considerava que o signo tem uma organização triádica), acrescenta a essa organização mais um elemento, o intérprete e considera que o signo não é constituído por essa cadeia, mas que faz parte dessa cadeia.
Saussure e a Semiologia
Na Europa, paralelamente, emerge uma perspetiva diferente, sem contacto com a americana. O filólogo Saussure desenvolve a Semiologia, a ciência que estuda a vida dos signos em sociedade (a semiologia apenas existe do ponto de vista conceptual).
Distinção entre Linguagem e Língua:
Uma língua é um sistema de signos linguísticos, composto por duas faces indissociáveis: significado e significante (estrutura diádica). A língua pode ser vista como a estrutura formal da linguagem, ou seja, a totalidade do vocabulário e das regras do uso do mesmo, enquadrada numa cultura específica; a língua é a m aneira de convencionar a linguagem (é a sintaxe).
A linguagem é forma universal de comunicação, que expressa a associação entre o pensamento e uma manifestação sonora ou visual. É a faculdade de articular palavras, sendo que o indivíduo tem necessidade de uma aprendizagem para conhecer as suas regras. A linguagem não varia apenas socialmente, mas também individualmente, pois pode ser influenciada pelas normas sociais; depende do indivíduo e é independente das suas manifestações na fala.
Em suma: língua é regida por regras, linguagem é condicionada socialmente. Linguagem é o próprio falar, língua é a forma como se fala.
A língua constitui um sistema. A língua não é completamente arbitrária mas é regulamentada pela lógica. É visível, assim, que as massas não são capazes de transformar o sistema. Este é um mecanismo complexo que só através da reflexão pode ser atingido.
Distinção entre Langue e Parole:
Língua (Langue) – Para Saussure, a língua é uma instituição social que não muda. É herdada de gerações anteriores tornando-se assim natural à própria condição humana. É o produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. 
Discurso (Parole) – É o cato discursivo, em si, da língua. Pequena porção da linguagem, que pode exprimir-se de muitas formas variadas. É a parte mutável da linguagem.
De certa forma, a langue é o todo e a parole a parte que usamos desse todo, as adaptações que a língua falada sofre ao longo do tempo, de indivíduos para indivíduos e culturas para culturas. Utilizando uma metáfora para melhor compreensão: podemos ver a langue como um bloco de barro, o material, e a parole a forma como moldamos o barro, a forma como utilizamoso material que nos é facultado. 
O Signo e a sua Constituição:
Assim, um signo é entendido como uma entidade abstrata composta sempre por duas faces: significado e significante. “O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica.” Assim, o significado diz respeito ao conceito (a imagem conceptual de uma mesa). O significante refere-se à imagem acústica (representação do conceito numa produção linguística ou sonora: mesa). De facto, não conseguimos pensar em nada ao qual não associemos uma designação. Outro exemplo é a expressão “então vá”, que é um significante usado num contexto. O seu significado é despedida.
O mesmo conceito pode ter várias imagens acústicas. Por exemplo, um amendoim pode também ser chamado de alcagoita. Da mesma forma, podemos também encontrar várias imagens acústicas para o mesmo conceito consoante as línguas. O conceito de árvore mantém-se, mas enquanto nós dizemos “árvore”, os ingleses dizem “tree”.
IMPORTANTE: quando o significante se mantém, mas o significado se altera, cria -se um novo signo. Por exemplo, quando falamos em “banco”, tanto nos podemos referir a uma instituição bancária como a um banco de cozinha. O significante será sempre “banco”, mas o significado variará consoante o contexto e o valor, o que faz com que um novo signo seja criado.
Signo vs Símbolo:
A convenção no caso dos signos é arbitrária – há uma relação direta entre o significante e o significado, entre a imagem e aquilo que ela representa. A convenção no caso dos símbolos é inventada. Enquadrado numa cultura, o símbolo torna-se convencional depois de criado. Ex: a cruz é associada à religião cristã. O signo é arbitrário pois não existe uma lei que ligue o significado ao significante. O símbolo não é, pois o significante tem características físicas que estabelecem uma relação causal com o significado.
O símbolo tem como característica não ser arbitrário. A relação entre o significado e o significante é quase necessária E existe um vínculo natural entre eles. Podemos restringir a origem de um símbolo na intenção. Houve alguém que inventou uma certa convenção, ao contrário do signo, onde essa convenção foi-nos herdada (não tem uma razão associada e não foi inventada por ninguém). Por exemplo: o símbolo do Benfica – a águia. Há uma razão para que aquele significante (a águia) esteja associado ao dito significado (o Benfica). Neste caso poder-se-ia dizer que o Benfica era majestoso e está acima de outros clubes porque tal como a águia, voa mais alto…
O signo é algo que assimilamos naturalmente, aprendemos as regras da língua por intuição. Não nos pomos a questionar porque é que se chama cadeira ao objeto onde nos sentamos, simplesmente chamamos-lhe cadeira, porque os nossos pais o fazem e os nossos avos já o faziam. Herdámos a língua através das gerações. No entanto, é arbitrária a ligação entre o significante e o significado de um signo porque ninguém escolheu o barulho "cadeira" para designar o objeto. Ninguém se sentou a uma mesa com um conjunto de pessoas e disse "agora isto é assim". Não é uma lei, nem tão pouco é algo natural... Mas ninguém o questiona, limitamo-nos a aceitá-lo, e por isso o sistema de signos a que chamamos língua passa por ser uma convenção~
SAUSSURE: Qual a diferença entre signo e símbolo?
A convenção no caso dos signos é arbitrária (assim se “costuma usar”), já no caso dos símbolos esta convenção foi inventada, há uma relação direta entre o significado e o significante, entre a imagem e aquilo que ela representa. 
Enquadrado numa cultura, um símbolo torna-se convencional: depois da criação do símbolo, a relação entre conceito e imagem difunde-se na sociedade e passa a ser uma convenção. Temos o exemplo da imagem da cruz, que é associada automaticamente à religião cristã.
A Arbitrariedade do Signo
A relação entre significado e significante é arbitrária, isto é, não motivada. Esta relação é herdada de geração em geração (é uma convenção) e não escolhida ou inventada por alguém. Não há nada no objeto que o obriga a ter aquela designação. Porém, é necessário ter em conta que, para línguas diferentes, existem imagens acústicas diferentes. 
De facto, não existe uma relação lógica ou lei natural que nos faça atribuir determinados conceitos a certas imagens acústicas, não existe relação entre o som e a forma da palavra “árvore” com a ideia de “vegetal de tronco lenhoso cujos ramos só saem a certa distância do solo”. O som, isoladamente, não quer dizer nada, é necessária a ideia para que o signo esteja completo. Por exemplo, a palavra mar pode ser representada por outras letras: sea. A existência da arbitrariedade é comprovada pela diversidade de idiomas.
A arbitrária natureza do signo, pois enquanto outras convenções na sociedade têm uma razão de existir, na língua essa razão não existe, as convenções linguísticas são uma herança. Por exemplo, não sabemos porque associamos a imagem acústica de mar à forma “m-a-r”.
SAUSSURE: Em todo e qualquer sistema, a relação significado/significante é arbitrária?
A resposta é sim. Tomando a definição de Saussure para o signo, a relação entre significado e significante é sempre arbitrária. Adicionalmente, Saussure afirma que a definição de sistema linguístico é válida para qualquer sistema sígnico. Portanto, aquilo que podemos verificar no sistema linguístico, podemos, à partida, verificar igualmente em todos os outros. Uma coisa é arbitrária por lhe ter sido atribuído um significado convencional. Portanto, a arbitrariedade não só é válida para todos os sistemas como também é “indestrutível”, ou seja, não se podia tentar atribuir um novo significado a algo que já o possui.
SAUSSURE: Se a relação entre significado/significante é arbitrária, então porque é igualmente convencional?
O carácter convencional dos signos prende-se com a hereditariedade dos mesmos, ou seja, a convenção assenta no facto de os signos serem passados de geração em geração não podendo ser alterados unilateralmente. Esta imutabilidade explica-se por ninguém ter decidido quais os termos de uma língua – assim, da mesma forma que não existe uma razão lógica para que existam determinados termos e não outros, também não poderemos encontrar uma razão lógica para os alterar. Podemos considerar quatro fatores, diferenciados entre si, para a imutabilidade do signo:
A natureza arbitrária do signo, enquanto outras convenções na sociedade têm uma razão de existir, na língua essa razão não existe, as convenções linguísticas são uma herança.
A necessidade de uma multiplicidade de signos para formar uma língua, que torna a mutação dos mesmos impraticáveis.
A super-complexidade do sistema linguístico que impede a alteração das suas regras.
A inércia coletiva em relação à inovação, pois a língua é um bem coletivo que não pode ser alterada a um nível individual; para além disso a sociedade tem alguma resistência à mudança da sua língua. 
Mutabilidade e Imutabilidade do Signo:
Os signos (linguísticos) são imutáveis, mas também são mutáveis.
Mutáveis: as línguas mudam logo os signos têm que mudar. Existem mudanças na língua ao longo do tempo, ainda que poucas e lentas. O carácter linear do significante (auxiliar da solidificação de uma língua) desenrola-se ao longo do tempo, representando uma extensão numa linha temporal para se tornarem percetíveis de acordo com o tempo e o espaço em que se enquadram. Se assim não fosse continuaríamos a escrever farmácia com “ph”. Com o tempo os signos mudam involuntariamente e é através da frequência e do seu uso que se vão alterando. Sendo arbitrários, não têm mecanismos de defesa para as alterações que ocorrem. Estes, então, são mutáveis de acordo com variações: sincrónicas (num determinado momento, entre países/língua, como por exemplo o acordo ortográfico) ou diacrónicas (ao longo do tempo, de acordo com as alterações na língua ex.: “pharmácia”)
Imutáveis: são regulados socialmente, havendo possibilidade de se alterarem renovando assim o sistema no interior de uma língua. Devido à multiplicidadedos signos que formam uma língua torna-se difícil mudar algo (também pela complexidade do sistema linguístico). Ex: novo acordo ortográfico e a inércia coletiva à inovação.
No entanto, se os signos são imutáveis, como explicar a evolução e as alterações na língua?
Apesar de não se poder alterar signos de forma unilateral, estes são suscetíveis de se alterar por estarem enquadrados numa comunidade que os utiliza constantemente, pelo facto de se perpetuar no tempo. Através da frequência do seu uso os signos alteram-se involuntariamente e por serem arbitrários não se defendem dessas mesmas alterações. Podemos, assim, também considerar os signos como dotados de um carácter mutável, pois para uma língua persistir é necessária uma comunidade de falantes, para além de esta ser resultado de uma evolução temporal.
SAUSSURE: Em todo e qualquer sistema, o significante tem uma natureza linear?
Sim. Já vimos que tanto os signos linguísticos como os signos da Moda são lineares (não se podem dizer dois sons ao mesmo tempo nem se podem sobrepor duas peças de roupa). Portanto, podemos concluir que a linearidade é uma característica comum a todos os significantes de todos os sistemas. Adicionalmente, Saussure afirma que a definição de sistema linguístico é válida para qualquer sistema sociológico. Portanto, aquilo que podemos verificar no sistema linguístico, podemos, à partida, verificar igualmente em todos os outros.
Barthes e O Sistema da Moda
O termo “moda” designa uma opção baseada em critério de gosto, cuja característica principal consiste em apresentar-se como transitória e sofrer uma renovação constante. Esta surgiu pela mera necessidade que o Homem tinha de se proteger do frio, mas esta necessidade tornou-se um especto cultural.
Ao contrário do que se passa com o signo linguístico, o signo da Moda aparece definido para além de qualquer ‘valor’. O ‘valor’ é um fator de complexidade: a moda não o possui. Ou seja, os signos existem por si só, criados para um determinado momento/ocasião, perdendo portanto toda a conotação que lhe está intrínseca.
No entanto, a moda é um sistema complexo; essa complexidade deve-se à sua instabilidade (válido apenas temporariamente, renovado anualmente/consoante as estações; a oposição na moda/fora de moda invalidam-se uma à outra e só uma pode existir de cada vez).
Esta característica faz com que a moda não tenha valor: o valor é uma característica recebe quando é inserido num certo contexto e se torna imutável. O valor de um signo depende do valor do s outros. No caso da Moda, cada vestuário assume-se independente e fala por si só: uma peça de roupa não tem obrigatoriamente de depender de outra peça, ou de quem é a veste, ou de quando é vestida.
Para além disso, um signo de vestuário também padece da característica de linearidade: não se podem sobrepor duas peças de roupa. 
A Moda tem um determinado CONTEXTO: se dissermos, “este ano, as corridas de cavalos vestiram-se de estampados”, sabemos que isto é provavelmente um exemplo de vestuário-escrito por se encontrar numa revista de Moda. 
Nós apercebemo-nos de quando se trata do tema da Moda consoante o suporte e o contexto em que esta aparece.
3 Tipos de vestuário:
VESTUÁRIO-IMAGEM – estrutura plástica (ex.: uma fotografia, um desenho)
VESTUÁRIO-ESCRITO – estrutura verbal (ex.: descrição escrita de um vestido)
VESTUÁRIO-REAL – estrutura tecnológica (ex.: o vestido físico propriamente dito)
O vestuário-imagem e o vestuário-escrito fazem parte da LANGUE, pois são conceitos abstratos que ainda não atingiram a sua realização/manifestação física. O vestuário-real faz parte do PAROLE, já que é exatamente a realização/manifestação física dos dois anteriores, que varia consoante um determinado contexto e valor (os gostos do individuo, as exigências da sociedade, etc.)
SISTEMA DA MODAC
E
4. M.A – Metalinguagem do Analista (C > E) E
C
3. SR – Sistema Retórico (E < C) C
E
2. ST – Sistema Terminológico (C > E) E
C
1. CV – Código do vestuário (E = C) 
4. No quarto nível (MA) é onde encontrámos o estudo do sistema da moda. O conteúdo é mais relevante que a expressão pois é nele que encontrámos os vários signos criados pelo analista que nos permitem interpretar o sistema em estudo. Ex: Sistema da Moda – Barthes. É um estudo da moda no qual ele se distancia e analisa com imparcialidade este ramo.
3. No terceiro nível (SR) é onde encontramos a “massa” do sistema da moda. Neste nível a expressão é muito mais predominante pois influencia completamente a perceção que temos do conteúdo. Ex: Este vestido tem um toque de festa. A expressão altera completamente o significado e a conotação que nós temos acerca do vestido, sendo portanto muito mais relevante.
2. No segundo nível (ST) acrescentamos informação que faz com que o conteúdo tenha um valor diferencial e se destaque muito mais. Ex: Esta saia é da Fátima Lopes. A expressão atribui um significado diferencial ao conteúdo e faz com que ele fique destacado.
1. No primeiro nível (CV) a expressão equivale ao conteúdo e vice-versa, não havendo diferenças entre ambas, nenhuma delas se destaca. Ex: Este tecido é de seda. O tecido é, de facto, seda e a história acaba aqui.
Linguagem e Metalinguagem
A metalinguagem é uma estratégia consciente utilizada pelo analista na qual ele se coloca numa posição distante e imparcial para estudar determinado assunto. O analista utiliza o sistema da língua, criando novos signos linguísticos que irá precisar para interpretar o assunto em estudo. Portanto, podemos criar uma oposição entre a linguagem corrente e a metalinguagem (que se encaixam no campo do “real”, isto é, do sistema terminológico utilizado), as quais são usadas em determinados signos (que se encaixam no campo do “referente”, isto é, da área que se pretende estudar).Basicamente, o analista pega em signos já existentes (neste caso, os da Moda), transformando -os em significantes aos quais irá atribuir novos significados, criando novos signos.
	Referente
	
SignificanteSigno / Significante
Significado
	
 
 Signo
Significado
	Real
	
Linguagem
	Metalinguagem
É de referir que Barthes, no seu estudo do Sistema da Moda, substituiu o termo “significante” por “frase” e “significado” por “proposição”. 
FRASE – diz respeito à forma, à organização formal e estruturante do signo.
PROPOSIÇÃO – diz respeito ao conteúdo, à mensagem que se pretende transmitir, àquilo que o signo denota/refere/representa.
Sistema do Conjunto A
Vestuário = Mundo (interpretação)
	Significante (SE)
*Frase
	Significado (SO)
*Proposição
	
	
	Significante
Vestuário Real
	Significado
Mundo Real
	4. SR
3. CM
2. CVE
1. CVR
	Significante
Fraseologia da Revista
	Significação
Representação do Mundo
	
	Significante
Anotado
	Significado
Moda
	
	
	Significante
Frase
	Significado
Proposição
	
	
	Significante
Vestuário
	Significado
Mundo
Conjunto A (Vestuário = Mundo): Este conjunto designa a forma como o vestuário que utilizamos está diretamente relacionada com o mundo em que vivemos e os hábitos e atividades que praticamos (o vestuário em relação ao mundo). Assim, a utilização de determinadas peças de vestuário (os estampados) poderá indicar a proeminência de determinada catividade no seio da sociedade (corridas de cavalos), enquanto esta, por sua vez, poderá levar à utilização de determinadas peças de vestuário (relação bidirecional). A Moda é um valor conotado
Sistema do Conjunto B
Vestuário = Moda (descrição do vestuário)
	Significante (SE)
*Frase
	Significado (SO)
*Proposição
	
	
	Significante
Vestuário Real
	Significado
Mundo Real
	
3. SR
2. CVE
1. CVR
	Significante
Fraseologia da Revista
	Significação
Representação do Mundo
	
	Significante
Frase
	Significado
Proposição
	
	
	Significante
Vestuário
	Significado
Mundo
Conjunto B (Vestuário = Moda): Designa a forma como o vestuárioque utilizamos está diretamente relacionado com a noção de Moda e aquilo com que nos deparamos em revistas ou desfiles de Moda (o vestuário em relação à Moda). Desta forma, a utilização ou não-utilização de determinada peça de roupa determinará se esta está dentro ou fora de Moda, da mesma forma que a classificação de determinada peça de roupa na Moda/fora de Moda” ira determinar a sua utilização ou não por parte da população. A Moda é um valor denotado.
Relações entre A e B
Com o estabelecimento destes dois conjuntos, Barthes conclui que o Mundo e a Moda nunca se influenciam diretamente, relacionando-se apenas através do vestuário, e da forma como os indivíduos da sociedade em questão a utilizam ou não. Por outro lado, o Vestuário influencia Mundo e Moda simultaneamente, enquanto é constantemente influenciado por estes – relação bidirecional. O vestuário é o elo de ligação entre moda e sociedade, pois é o mundo que o põe em prática.
No conjunto B, a Moda é um valor denotado porque está implícito no conjunto: falamos da relação direta entre Moda e vestuário. Por outro lado, no conjunto A, a Moda é um valor conotado porque não está implícito no conjunto: é a relação entre o vestuário e o mundo que nos permite chegar a uma certa conotação sobre o significado que a Moda assume.
Como é que o sistema da moda se relaciona com o sistema linguístico?
Quanto à relação entre o sistema da moda e o sistema linguístico podes dizer que se relacionam na medida em que ambos são sistemas sígnicos dotados da capacidade de produzir um efeito/interpretação no intérprete através da relação estabelecida pelo significante e significado. Ou seja, têm em comum o que todos os sistemas de signos têm: são capazes de estabelecer uma relação entre um significante e um significado, criando um signo que por sua vez é passível de ser interpretado por um intérprete. No entanto, diferem na medida em que o sistema linguístico tem como significante a escrita fonética, ao passo que o sistema da moda tem como significante a cor, as linhas e provavelmente a textura que constituem as peças de roupa. Barthes viu na moda um sistema de signos com capacidade própria para produzir significado, daí o seu interesse por uma abordagem ao mesmo.
Comparação: Barthes vs Saussure
Barthes deu um contributo à tese Saussuriana
Barthes admite o signo como fruto da relação significado-significante (como Saussure), mas olha-o do ponto de vista da significação e não apenas da linguística-comunicação
Noção de língua é muito lata – toda a unidade significativa será elemento de uma linguagem
Tese Saussuriana de que a linguística é uma parte da ciência geral dos signos é contraposta pela de que é a semiologia que é parte da linguística
Linguística com possibilidade de transformação numa Translinguística Barthes sistematiza relações conotação/ denotação (ainda ténues em Saussure) – semiótica de conotação como semiótica do futuro (sociedade apoia o desenvolvimento de sistemas de sentido, a partir do primeiro sistema da linguagem)

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