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Universidade Federal do Rio de Janeiro
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
 
Professor: Carlos Pires
 
Aluno: Daniel Oliveira Moreno de Souza
2024
RESUMO: 
Este artigo visa realizar um trabalho comparativo entre a novela “Orgulho de Paixão” e as obras da Jane Austen. Com a intenção de identificar e explicar algumas das inspirações que as telenovelas extraíram da escritora inglesa.
Palavras-chave: telenovela; inspiração.
INTRODUÇÃO 
A priori, é bom enfatizar que como foi bem lembrado pela autora de telenovelas Rosane Svartman, no livro “A telenovela e o futuro da televisão brasileira (2023)”: Embora o processo de criação de uma telenovela envolva uma, duas ou até mesmo três ideias, a intenção é descrever a ideia transformada. Desse jeito, parte-se do princípio de que uma obra possa nascer a partir de uma outra obra, ou seja, não seria um caso de adaptação propriamente dita (como no caso de livros que viram filmes, como Harry Potter e Senhor dos Anéis), mas sim um caso de inspiração. Sim, inspiração e adaptação podem parecer sinônimos primordialmente. Todavia, existe um fator determinante que difere esses dois conceitos. Geralmente, as adaptações seguem um modelo semelhante à história contada na obra original, diferente das obras inspiradas, que tem muito mais liberdade poética com a sua história e não fica presa ao material original. Uma obra inspirada pega os elementos que mais lhe cabe da matéria fonte para contar a sua própria história, e é exatamente o que a maioria das telenovelas brasileiras fazem. O que as telenovelas fazem, na maioria das vezes, é se inspirar numa obra, e adaptá-las. Claro que existem casos a parte, como por exemplo Orgulho e Paixão (2018), que é uma adaptação do livro Orgulho e preconceito, de Jane Austin. Sinteticamente, a telenovela brasileira é um dos maiores bens da cultura do Brasil junto do Carnaval. Quem nunca disse um "Muito ouro, Inshalá" - Khadija em O Clone (2001), "Eu sou chique, bem!" - Márcia em Chocolate com Pimenta (2004) e "Sou uma mulher de catiguria" - Bebel em Paraíso Tropical (2007)? E o êxito que vai além dos bordões.
A literatura nas novelas brasileiras 
Soma-se a isso ainda o fato de que uma grande parte de novelas foram adaptações da literatura. Existe uma reincidência de autores imortais da Academia Brasileira de Letras ou de outros autores consagrados brasileiros e internacionais nas obras teledramaturgicas do Brasil. Além disso, é válido falar que a crítica à cultura de massa feita pela Escola de Frankfurt, especialmente por Adorno e Horkheimer (1980) possa ter feito gerar uma grande repulsão por parte dos pesquisadores e, ao invés de atraí-los para este objeto de estudo, pode ter os afastado. Tendo consciência dessa complexidade, é importante enfatizar que a noção de cultura de massa remata uma ideia de que existe um tipo de produção cultural industrial para satisfazer as necessidades de uma indústria capitalista, que vende os seus produtos culturais como se fossem algo que se compra em um supermercado. Nesse sentido, a indústria cultural apropria-se da arte e faz dela um subproduto produzido em massa para render lucros a uma indústria, que pode ser cinematográfica, televisiva, musical ou das artes plásticas. Inclusive, inúmeros estudos abordaram também a novela a partir de referências a Raymond Williams Raymond Williams, importante acadêmico teórico da comunicação e da cultura, que durante a vida inteira tentou definir de um dos mais complexos conceitos das humanidades: a ideia de cultura. Estabeleceu o atributo do conteúdo ideológico da novela – alienante ou crítico. Entretanto, a novela também leva a pesquisas que procuram sentidos que contribuam para o entendimento da sociedade pós-industrial, em que o paradigma não é mais o da cultura de massas. O paradigma primordial é das conexões em rede. A novela brasileira desafia polarizações entre alta e baixa cultura, cultura erudita e popular, modernismo e cultura de massa. O gênero convida, ainda, a análises que integrem formas de produção, expressões estéticas, estilísticas e dramatúrgicas, e interlocuções distorcidas e mediadas estabelecidas com diversos segmentos do público.
A ATUALIZAÇÃO FEMININA E LGBTQIA+ NAS NOVELA ORGULHO E PAIXÃO
Outro aspecto não menos relevante é que Jane Austen (1775-1817) é até hoje uma das maiores escritoras inglesas, sua literatura é muito adaptada para séries, filmes e entre outras mídias. Aliás, o seu livro mais famoso é Orgulho e Preconceito. Em 2018, seis grandes obras de Austen foram adaptadas para a telenovela do horário das seis Orgulho e Paixão da Rede Globo pela primeira vez no Brasil. Foram levemente mudadas as personagens de Austen para que, assim, sua trama cativasse seus telespectadores do século 21. As mulheres da escritora ganham uma inovadora e moderna roupagem. Ademais, teve uma bela representação de um casal homoafetivo, vivido pelos atores Juliano Laham (Luccino) e Pedro Henrique Muller (Otávio). A telenovela Orgulho e Paixão fez história ao mostrar o primeiro beijo LGBTQIAP+ do horário das seis. Temas como preconceito racial, homofobia e machismo foram feitos com meiguice, ternura, delicadeza e sensibilidade: o público comprou o amor de cada personagem, suas motivações e intenções; entendeu suas essências e seus amores mais verdadeiros. Mérito do grandioso autor Marcos Bernstein. Contudo, o talento principal é de Jane que possibilitou esse mundo para que pudesse ser trabalhado com perfeição no futuro.
Objetivo Geral: 
Aliás, o objetivo geral dessa escrita é propor reflexões sobre o rico universo feminino. Logo, a mulher desde os tempos mais remotos é influenciada a se responsabilizar pela organização bem como arrumação da casa. A distribuição dos papéis sociais, ainda nos dias de hoje, possui estrutura patriarcal e segrega as tarefas femininas das masculinas, direcionando homens aos setores públicos e as mulheres aos setores privados. Eles aos trabalhos remunerados, elas ao trabalho doméstico não remunerado. Se trata de uma separação de responsabilidades intuídas pelo senso comum (KANAN, 2010). Convém salientar que a personagem Mariana Benedito, interpretada por Chandelly Braz, é inspirada em Marianne Dashwood de Sense and Sensibility (no Brasil, Razão e Sensibilidade) quebra de certa forma essa estrutura. Ainda sobre esse texto, é fundamental notar no livro “Razão e Sensibilidade”, Josh Dashwood, filho do senhor Dashwood, tem três irmãs: Margaret, Marianne e Elionor. Além de tudo, a Marienne tem um interesse amoroso no livro chamado Edward Ferrars. O jovem é visto pela Marianne como um ser muito cortês, gosta dele com ternura. Entretanto, ele não é a figura que chama tanta atenção assim.
CONTEXTO HISTÓRICO
A propósito, a vilã de Gabriela Duarte, Julieta Bittencourt, afirma em uma cena do capítulo 11 da novela que enxerga os homens como fracos e que dependente de mulheres fortes. É uma vilã bastante empoderada. A novela se passa em 1910. Nessa perspetiva, em 1910 o primeiro partido político feminino é criado. Quando dialogamos nas realizações feministas, refletimos a respeito das leis de acesso que garantem às mulheres espaços de equidade social em relação aos homens. Inúmeras dessas resoluções legais são ganhos das ações que as mulheres militantes dedicaram ao cenário político. Apesar disso, mesmo que a Proclamação da República no Brasil tenha ocorrido em 1889, foi apenas 20 anos depois, em 1910, que nasceu o Partido Republicano Feminino, como ferramenta de defesa do direito ao voto e emancipação das mulheres na sociedade. Dentro desse contexto, ainda é bom pensar sobre o caso da personagem namoradeira de Agatha Moreira. Paralelamente a essa situação, os conceitos do masculino e do feminino são construções históricas, fruto das relações sociais. A maioria das sociedades, prega a presença de modelos diversificados para homens e mulheres, onde cada um representa um papel social. Resumindo, pode-se ter a noção de que homens e mulheres vivem em universos diferente. Mas também, as relações entre ambos são interligadas, tanta na esferapública quanto privada.
JUSTIFICATIVA:
Antes de tudo, é bom lembrar que as publicações de Jane Austen em nada se pareciam com os escritos e reivindicações das autoras anteriormente citadas. Talvez pelo contexto de vida de Jane Austen, filha de um pároco no interior da Inglaterra, a autora não tivesse condições ou interesse de levantar uma bandeira de prol das mulheres oprimidas pelo mundo através de artigos que poderiam escandalizar a sociedade de sua época.
TIPOS DIFERENTES DE MULHERES
EMMA
“É melhor não ter inteligência alguma do que empregá-la tão mal como você faz.” Emma
Dentro desse contexto, ao contrário de Elisabeta, Emma acredita fielmente da figura da “mulher bela, recatada e do lar”, e que o mais significativo na vida de uma mulher é “fazer um bom casamento”, com um rapaz considerado um “bom partido”. Note-se que há um certo antagonismo, uma oposição, entre as crenças de Elisabeta e Emma. Em contradição com seu papel de casamenteira, Emma “sempre alega que ela nunca vai casar” (AUSTEN, 2000, p.25). Ainda assim, bastante fixa na ideia de conseguir enlaçamentos com bons partidos para suas amigas. A Emma é bem discordante de Elisabeta, Emma segue com suas convicções por boa parte da telenovela. Isto é, segue entendendo que "ao marido cabia prover a manutenção da família, à mulher restava a identidade social como esposa e mãe". Ainda sobre esse propósito, ao lado da personagem, além da família, surge Jorge Nascimento (Murilo Rosa), advogado dos Cavalcante e amigo de Emma. Assim como Mr. Knightley, Jorge é um “homem sensato: ele estima calmamente, ele julga friamente, ele age decisivamente"25 (WRIGHT, 1953, p.155, tradução livre). Além de que, mantém uma paixão escondida por Emma que, por não ter uma óbvia compreensão da realidade ao seu redor, não capta evidentemente os sentimentos das outras pessoas. Desse modo, a personagem se torna uma das poucas que não sofre, inicialmente, uma modernização tão forte quanto Elisabeta, por exemplo. Para finalizar, a obra original "Emma” diferente das outras heroínas de Austen, tinha uma classe social mais elevada. Enquanto as irmãs Bennet de Orgulho e Preconceito, e as personagens principais nos outros romances de Austen, não tinham riquezas e precisavam se casar para assegurar um futuro. Emma tinha o privilégio de ser rica e herdeira de uma grande fortuna, não tendo necessidade de se casar para melhorar de vida. Enquanto para as heroínas anteriores havia a ameaça de uma vida pobre e difícil, para Emma, o pior que lhe poderia acontecer era ter uma vida entediante. 
Objetivo Específico: 
Outrossim, é imprescindível falar que na novela observa-se múltiplos modelos de “ser mulher”. Para exemplificar, a personagem interpretada por Agatha Moreira, Emma Cavalcante Pricelli, diz que quer ter muito uma família, se tornar mãe, apenas pensa em moda e roupas. Paralelamente a essa situação, no capítulo 13 da obra surge um debate interessante. A nossa protagonista, Elisabeta, confronta a Emma. Elas discutem sobre o fato dela somente sonhar com um príncipe encantado e de precisar de um homem para ser feliz ou realizada. As duas possuem ideais de vida diferente. Assim sendo, a pesquisa possui como objetivos específicos: 
1) Debater entre os distintos tipos de mulheres do século 19.
2) Instigar a reflexão sobre o machismo estrutural dessa época.
Considerações Finais: 
Nessa abordagem, percebe-se em relação a mulher na sociedade inglesa do século XIX, a família era o suporte de sustento de todas jovens burguesas daquela época, era de se esperar que os pais deixassem um montante de dinheiro após sua morte ou que os irmãos ficassem com a responsabilidade de ajudar as irmãs solteiras. Alia-se a esse fato a narrativa de que a lei concordava com o direito de primogenitura, apenas se o filho fosse do sexo masculino, caso a família não tivesse filhos homens, a herança seria transmitida ao parente masculino mais próximo, facilitando assim, que todas as propriedades e fontes de renda da família ficassem sempre em nome da mesma família, por várias gerações. Portanto, não restavam muitas opções para as moças garantirem um sustento na velhice, a opção era se casar, até mesmo para garantir a sobrevivência básica, já que não lhes era permitido trabalhar. Qualquer tipo de ocupação, até mesmo exercer a função de uma tutora, era considerado algo degradante, até mesmo na classe média.
Referências: 
Disponível em Acesso 05 de Maio de 2024.
ARISTÓTELES, Poética, tradução, prefácio, introdução comentário e apêndices de Eudoro de Souza, Porto Alegre, Editora Globo, 1966, p. 74-75.
Disponível em Acesso 05 de Maio de 2024.
XAVIER, Diana de Melo. Uma época cheia de regras, elas seguiam as delas: a modernização das personagens femininas de Jane Austen na telenovela Orgulho e Paixão. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Letras: Português–inglês)–Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de janeiro, 2019.
SCHENATO, Paloma Morais; DOS SANTOS, Mauro Augusto. AS MULTITERRITORIALIDADES DAS MULHERES E O MUNDO DO TRABALHO. Revista Feminismos, v. 9, n. 2, 2021.
Disponível em Acesso 05 de Maio de 2024.
ZARDINI, Adriana Sales. "A Identidade Feminina na obra Orgulho e Preconceito de Jane Austen." Anais do SILEL 3.1 (2013).

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