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universidade paulista- unip
JHONATAN MOURA
eutanásia
	
Jundiaí- SP
2022
jhonatan moura
eutanásia
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista- UNIP, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. 
Orientadora: Camila Colucci
Jundiaí- SP
2022
nO VERSO DA FOLHA 2 DEVE SEM IMPRESSA A FICHA CATALOGRÁFICA
JHONATAN MOURA
eutanásia
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista- UNIP, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. 
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Jundiaí, __ de ______________ de ____
RESUMO
A eutanásia é um tema sensível e ao mesmo tempo polêmico no Brasil, pois envolve aspectos éticos, medicinais e de crenças como o lado religioso. A morte é considerada o último estágio da vida do indivíduo, de um lado a legislação brasileira garante a proteção e o respeito à vida, mas por outro, a não permissão de o indivíduo optar por ter uma morte digna sem excesso de sofrimento. O objetivo deste trabalho não é defender uma bandeira, ou seja, de contra ou a favor, porém o de demonstrar diferentes pontos de vista a respeito do tema. Para isso, foi feita uma revisão de literatura, onde foram pesquisados os aspectos legais no país e o histórico da eutanásia no mundo. A partir de uma visão genérica, foi realizada a discussão, onde o questionamento se deu de maneira imparcial fundamentado nas opiniões dos teóricos. Por fim, conclui-se que a eutanásia é um tema bastante válido e, por isso, precisa ser debatido para que se chegue a um norte, é claro, pautado na ética e legalidade.
Palavras-chaves: Eutanásia; Crenças; Individuo; Legalidade; Morte. deve haver 5 palavras-chave
ABSTRACT SEM ITÁLICO
Euthanasia is a sensitive and at the same time controversial issue in Brazil, as it involves ethical, medicinal and belief aspects such as the religious side. Death is considered the last stage of an individual's life, on the one hand, Brazilian legislation guarantees protection and respect for life, but on the other hand, the individual is not allowed to choose to have a dignified death without excessive suffering. The objective of this work is not to defend a flag, that is, for or against, but to demonstrate different points of view on the subject. For this, a literature review was carried out, where the legal aspects in the country and the history of euthanasia in the world were researched. From a generic view, the discussion was carried out, where the questioning took place in an impartial way based on the opinions of the theorists. Finally, it is concluded that euthanasia is a very valid topic and, therefore, needs to be debated in order to reach a north, of course, based on ethics and legality. 
Keywords: Euthanasia; beliefs; Individual; Legality; Death.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	8
1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE A VIDA	10
1.1 O ESTADO BRASILEIRO E A INTERVENÇÃO SOBRE A VIDA	12
1.1.2 Manifestações no Brasil a Respeito da Eutanásia	14
1.2 EUTANÁSIA	16
2 ASPECTOS JURÍDICOS DA EUTANÁSIA	25
2.2 O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA	29
2.3 DIREITO COMPARADO	31
2.3.1 Holanda	31
2.3.2 Bélgica	33
2.3.3 Suíça	34
2.3.4 Luxemburgo	35
2.3.5 Colômbia	36
2.3.6 Estados unidos	37
2.3.7 Canadá	38
2.4 PERSPECTIVAS ATUAIS E PROJETOS LEGISLATIVOS	39
3 SENSIBILIDADE DO TEMA	41
REFERENCIAS	45
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INTRODUÇÃO
A morte é um processo e/ou estágio do ciclo de vida do indivíduo, este trabalho tem por objetivo abordar a temática do direito à vida relacionado a eutanásia. É importante destacar que este referido trabalho não se posicionará a prós e contras sobre o assunto, mas buscará abordar a questão da forma como este tema é discutido atualmente no Brasil.
Segundo Batis e Scharamm (2008), a morte é a indelével certeza da condição humana, embora quase sempre recalcada, constituindo intrínseca peculiaridade do Homo sapiens sapiens, o único vivente que tem consciência da sua própria finitude.
É importante destacar que a questão “morte” é um tempo sensível e ao mesmo tempo um tabu. Na concepção de Contaifer (2016), o fim da vida é um assunto espinhoso, pois este momento não chega só para quem viveu uma vida tranquila.
Ainda Contaifer (2016), este fim nem sempre ocorre de forma natural, ou seja, às vezes no percurso da vida pode acontecer uma luta do indivíduo contra uma doença incurável, dores insuportáveis e sem alívio. Neste cenário, onde a esperança foi suprimida, e pensando em aliviar o sofrimento, entra em discussão a eutanásia. Segundo (GOULART, 2019, p.40):quando usamos as palavras exatas do autor, é obrigatório colocar a página de onde foi tirado. Nos casos em que não usamos as palavras exatas, como você fez acima e logo abaixo, aí basta colocar o ano da obra.
A eutanásia é um assunto dotado de alta complexidade por envolver questões religiosas, éticas, penais e ligadas à medicina. Na legislação penal infraconstitucional, o atual código penal (1940) não elenca de forma explícita e objetiva a prática da eutanásia. A criminalização ocorre por meio da figura do “homicídio privilegiado” (artigo 121, §1º do CP) e da “instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio” (artigo 122 do CP).
Goulart (2019), salienta que o assunto em voga, é dotado de alta complexidade, pois envolve a questão de crença e aspectos éticos e legais. Do ponto de vista humano, no Brasil, a religião cristã ainda exerce grande influência no legislador. Entretanto, a partir de uma visão mais ampla, na qual se acredita em que o sujeito é um ser dotado de livre arbítrio, e que o mesmo teria o poder para decidir sobre uma possível eutanásia.
Contudo, no Brasil a discussão sobre o tema ainda é bastante remota, ou melhor, quase inexistente. De um lado, a proteção e o respeito a vida garantidos pela Constituição Federal estão sendo garantidos, mas por outro, a não permissão de o indivíduo optar por ter uma morte digna sem excesso de sofrimento.
Este trabalho, fará um apanhado sobre a eutanásia de uma forma geral, e por se tratar de um tema sensível e com bastante opiniões divergentes, nesta pesquisa se buscará fazer uma revisão em diferentes ordenamentos jurídicos, assim como buscar respostas de estudiosos, a partir de um ponto de vista mais específico.
O objetivo desta pesquisa não é defender pontos de vista, mas sim sintetizar informações e pensamentos diversos a respeito da eutanásia, nos mais estritos debates e opiniões. Salienta-se, que este tema, por ser sensível, é pouco discutido no Brasil e, para formar se alicerçar de opiniões que fundamentam e contextualizam a relação entre vida plena garantida pelo artigo 5º da Constituição Federal e, a situação que nem todo direito é absoluto.
É óbvio que existem inúmeras correntes de pensamento sobre o assunto, mas não há uma opinião certa ou errada, há pontos de vista diferentes. Neste sentido, é importante fazer um apanhado dos principais pensamentos, de modo que seja feito um arcabouço a respeito do tema, que é bastante sensível e que suscita inúmeras discussões contras e prós.
Além desta seção introdutória, esta pesquisa conterá o capítulo 1, que será a revisão de literatura, onde serão discorridos conceitos, legislações e opiniões a partir de óticas diferentes, no capítulo 2, será apresentado os resultados e as discussões a respeito do tema, e por fim, capítulo 3, com as considerações finais. renumerar. E não são seções, são capítulos
1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE A VIDA 
No Artigo 5º da Constituição Federal, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”. A constituição garante o direito à vida e a protege em sua essência, pois o constituinte entendeu que ela é o bem mais tangívelao PL 3002/2008 e tramita na Câmara dos Deputados.
Analisando a possibilidade de inserção dessas espécies no sistema normativo, possibilitaria uma melhor aplicação da lei, bem como um maior entendimento desses institutos.
3 SENSIBILIDADE DO TEMA
Apesar da morte ser o último estágio da vida do indivíduo, ainda, principalmente no Brasil, é um tabu em falar dela. Como já fora abordado na introdução desta pesquisa (item 1), a finalidade deste, não é defender pontos de vistas: prós e contras.
É importante destacar que para chegar nas opiniões a favor e contra, foi importante buscar na literatura diferentes pontos de vista. Segundo Contaifer (2016), o fim da vida é um assunto espinhoso, pois este momento não chega só para quem viveu uma vida tranquila.
Neste sentido, o fim, ou melhor, a morte nem sempre ocorre de forma natural, ou seja, às vezes no percurso da vida pode acontecer uma luta do indivíduo contra uma doença incurável, dores insuportáveis e sem alívio, o que implicaria em um possível encurtamento da vida. Neste cenário, onde a esperança foi suprimida, e pensando em aliviar o sofrimento, entra em discussão a eutanásia.
Na concepção de Goulart (2019), apesar de a sociedade tratar o tema como um tabu, este tem sido um dos assuntos mais discutível nos tempos atuais em relação aos direitos do homem, é também uma pauta polêmica que envolve o princípio norteador que é a vida. A eutanásia traz à tona as discussões ocorridas em todas as esferas da sociedade com questionamentos sobre princípios tais como a ética e a moral.
Entretanto, do ponto de vista do ordenamento jurídico brasileiro, as discussões perante o assunto permanecem tímidas. De um lado, a Constituição Federal garante vida em abundância para os indivíduos, e direito de livre arbítrio, contudo, a livre escolha não é levada em consideração na fase terminal de um paciente.
Então, cabe ressaltar que o tema que é objeto deste estudo, apesar de vir sendo discutido, ainda esbarra muito na questão dogmática, que são pautadas em questões religiosas. De um lado, a grande maioria das pessoas (cristãs), entendem que a vida é um dom de Deus, por isso, a mesma não deve ser abreviada.
No âmbito da Câmara Federal e no Congresso Nacional, este tema, não tem ganhado ênfase, pois é sensível, e mexe com o sentimento dos eleitores. Contudo, do ponto de vista legal, onde a própria Constituição Federal, aborda a vida como um direito fundamental, porém não leva em conta a questão da “boa morte”.
Nesta linha de raciocínio, no Brasil o indivíduo é dotado de livre arbítrio, porém não é facultado o direito de escolher sobre a própria morte. Sem levantar a bandeira do pró ou contra, apenas seguindo a premissa de que a morte é o último estágio do ciclo de vida terrena, não caberia o estado brasileiro legalizar a eutanásia?
Está ponderação não será respondida neste trabalho, pois a finalidade do mesmo não é defender ou ir contra a eutanásia, mas tem como objetivo suscitar um debate franco, onde o questionamento seja feito de forma imparcial, sem levantar bandeiras dos contras e a favores, mas sim, discutir a questão do ponto de vista legal. Neste item, foi feita uma discussão a partir de estudos literários sobre a eutanásia. No próximo item será feito o fechamento deste trabalho com as considerações finais. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A morte sempre foi um tabu, principalmente para a sociedade ocidental. O Brasil, por ser um país que herdou dos colonizadores a fé cristã, por isso, existe uma resistência grande no que tange a eutanásia, pois para muitos, principalmente os tradicionais, somente o criador possui o direito sobre a vida. 
Este trabalho teve como objetivo, levantar os principais argumentos sobre o referido tema, pois por ser uma questão polêmica, e que envolve muitos fatores como: religião, crenças, ética e etc. entendem-se que não é uma questão fácil para ser debatida e/ou abordada. 
A Constituição Federal, aborda somente a proteção à vida, por isso, existe debates e polêmicas, e ao final destes, surgem a pergunta. A eutanásia é crime ou não? Do ponto de vista jurídico, as implicações em torno da vida são inúmeras, por isso, a finalidade desta pesquisa foi levantar os posicionamentos diversos e divergentes a respeito do objeto em questão. 
Sabe-se que tais debates giram em torno da preservação da vida. Não obstante, é importante destacar que a morte é o último estágio do ciclo de vida do indivíduo. Logo, tratar deste assunto é de suma importância, pois a vida em abundância para todos já é garantida. 
Entretanto, nem sempre todas as pessoas concluem esse ciclo da vida de forma natural, ou seja, nem sempre a morte chega de forma rápida. Neste sentido, às vezes é comum que o ser humano fique por dias meses e quiçá anos, levando uma vida sofrida. 
Para estes casos, fica a pergunta. Será que o indivíduo não teria o direito de decidir sobre o destino da própria vida, ou melhor, em optar pela morte. Essas ponderações são comuns, por isso, merecem ser debatidas, pois ao prolongar o sofrimento seria a maneira mais correta, ou antecipar a morte seria crime.
É importante destacar, que no Brasil, os debates sobre a eutanásia, sempre giram em torno dos aspectos legais, medicinais e religiosos. Como discorrido, no parágrafo 2 deste item, o fator religioso, ainda é um dos principais tabus a ser vencido, pois a discussão sobre o tema deverá ser discutida apenas no campo medicinal e jurídico. 
Portanto, este trabalho fez um apanhado sobre os principais aspectos da eutanásia no Brasil. Também, foi feito um apanhado sobre a história da eutanásia no curso da humanidade. É um tema bastante válido e, por isso, precisa ser debatido para que se chegue a um norte, é claro, pautado na ética e legalidade. 
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CIP - Catalogação na Publicação
Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista 
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Moura, Jhonatan
 EUTANÁSIA / Jhonatan Moura. - 2022.
 50 f. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto 
de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, Jundiaí, 2022.
 Área de Concentração: Biodireito.
 Orientadora: Profª. Me. Camila Colucci.
 
 1. Eutanásia. 2. Morte. I. Colucci, Camila (orientadora). II.Título.
CIP - Catalogação na Publicação
Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista 
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Moura, Jhonatan
 EUTANÁSIA / Jhonatan Moura. - 2022.
 50 f. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto 
de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, Jundiaí, 2022.
 Área de Concentração: Biodireito.
 Orientadora: Profª. Me. Camila Colucci.
 
 1. Eutanásia. 2. Morte. I. Colucci, Camila (orientadora). II.Título.que o ser humano pode ter.
A Constituição Federal de 1988 prevê o direito à vida no artigo 5º, que está situado no campo dos direitos e garantias fundamentais, e mais especificamente, nos direitos e deveres individuais e coletivos. O referido direito é garantido a todos os brasileiros e aos estrangeiros, mesmo que somente estejam transitando no país. 
O direito à vida é o direito mais primordial direito humano, e que deve ser se concedido diante de sua dimensão que abrange o direito de nascer, o direito de permanecer vivo, o direito de alcançar uma duração de vida comparável com os demais cidadãos, e o direito de não ser privado da vida por meio de pena de morte. 
A Carta Magna, no entendimento de Alexandre de Morais, deverá assegurar o direito à vida considerando primeiramente o direito de permanecer vivo, e também, o direito a ter uma vida digna, promovendo sua subsistência (BRASIL, 2019).
Na sequência, a CF indica, no artigo 6º, o direito à saúde como um direito social, e ainda, o relaciona como meio de alcance da ordem social, por meio da seguridade social, como expõe o artigo 194. Na sequência, o artigo 196 inicia a seção específica sobre o tema, e conceitua que a saúde é direito de todos e dever do Estado, que deverá atuar por meio de medidas sociais que caminhem no sentido de reduzir o risco de doenças e de possibilitar a aquisição de todos do direito à saúde.
No curso, a CF prevê as diretrizes de tais medidas, que são: i. Medidas descentralizadas, a fim de abranger o máximo possível de titulares do direito; ii. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e iii. Participação da comunidade. Conclui Alexandre de Moraes que a saúde é um direito pertencente a todos, e ainda mais, é um dever primordial do Estado, que deverá garanti-la com políticas sociais e econômicas que atuará nos termos da lei, fiscalizando e controlando a sua execução, que poderá ser feita tanto diretamente quanto por terceiros (BRASIL, 2019). faltam dados da fonte bibliográfica citada 
O Superior Tribunal de Justiça entende “o direito à saúde como elemento essencial à dignidade da pessoa humana [...]”, portanto, podemos concluir que o direito à saúde é conexo ao direito à dignidade. A dignidade é direito humano e direito fundamental previsto a todas as pessoas, por ser um valor inerente a todos, e que deve ser respeitado, preservado e ampliado (BRASIL, 2019). faltam dados da fonte bibliográfica citada 
Podemos compreender que o direito à dignidade do ser humano é o alicerce do ordenamento jurídico e da organização democrática do país. Neste sentido, o dicionário Houaiss define dignidade como: 1. Qualidade moral que infunde respeito; consciência do próprio valor; honra, autoridade, nobreza; 2. Qualidade do que é grande, nobre, elevado; 3. Modo de alguém proceder ou de se apresentar que inspira respeito; solenidade, gravidade, brio, distinção; 4. Respeito aos próprios sentimentos, valores; amor-próprio. Se essas são as palavras exatas do dicionário, devem vir destacadas no texto, já que são mais de 3 linhas
Assim, o direito à dignidade não deve ser compreendido tão-somente no contexto econômico, mas deve ser interpretado extensivamente, abrangendo a satisfação pessoal por meio da busca da felicidade. 
Não basta, conforme ensinamentos de Siqueira (2010), elencar direitos sem confeccionar os meios efetivos de concretizá-los, pois é dever expresso do Estado providenciar tais medidas para garantir o direito à felicidade. Acerca do direito à felicidade, temos que, este ainda não configura direito expressamente previsto na CF, entretanto há a proposta de emendá-la, em seu artigo 6º, para a seguinte redação, conforme a PEC n.19/2010 do Senador Cristovam Buarque: Art. 6º São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta CF. faltam dados da fonte bibliográfica citada 
O entendimento da suprema corte constitucional, por sua vez, é de que o direito a felicidade constitui postulado implícito que decorre do direito à dignidade humana, corroborando, assim, aos precedentes da Corte Americana sobre o direito fundamental à busca da felicidade. Sendo assim, o Supremo Tribunal Federal aduz que, este direito possui importância inegável para a afirmação dos direitos humanos e dos direitos fundamentais, que deverá ser utilizado para conter ofensas aos direitos individuais (BRASIL, 2019). faltam dados da fonte bibliográfica citada
Portanto, os direitos sociais que a CF nos apresenta são indicados como garantias mínimas para que o indivíduo possua uma existência digna, e o que nos resta avaliar é se há a efetiva concretização de tais direitos no cenário atual.
1.1 O ESTADO BRASILEIRO E A INTERVENÇÃO SOBRE A VIDA
O item anterior, abordou-se a questão da vida como um direito fundamental, onde todos são iguais perante a Lei, segundo Coelho (2012), os direitos sobre a intimidade e a vida privada, estão expressos no art. 5º, X da Constituição Federal de 1998, ao lado dos demais direitos do mesmo inciso.
Ainda Coelho (2012), o princípio da dignidade da pessoa, impõe limites ao poder estatal, tal limitação tem como objetivo impedir que o poder público venha violar a dignidade pessoal, ao mesmo tempo em que o mesmo estado venha promover a proteção e promoção de vida digna para todos.
Neste sentido, é importante destacar que o estado atua como um mediador, pois hora deve resguardar para que todos tenham o mesmo direito e hora limita-se ao próprio estado. Contudo, é importante destacar que o Brasil, é um país cuja grande maioria dos seus habitantes se denominam cristãos, o que implica na questão relacionada à vida. 
Segundo Goldim (2004), a palavra VIDA, contém muitos significados dentre os quais: o período de um ser vivo compreendido entre o nascimento e a morte; motivação que anima a existência de um ser vivo, que lhe dá entusiasmo e prazer; alma, espírito. você deve citar pelo sobrenome ou acrescentar o sobrenome aqui 
Ainda Goldim (2004), o direito à vida é inerente à pessoa humana. Neste sentido, este direito, deverá ser protegido pela Lei, pois no ordenamento jurídico brasileiro, ninguém poderá ser provado de sua vida. 
Salienta-se que, os autores que abordam “o direito à vida", baseiam-se na Constituição Federal, com isso destaca-se que o direito à vida no Brasil, é soberano, exceto em casos de guerras para casos de supostas traições à pátria.
No tange a eutanásia, ainda é uma questão que está timidamente no campo das discussões, pois conforme já fora abordado a morte, ou o escolher morrer é um tabu, principalmente nos países ocidentais, principalmente o Brasil. É certo que o direito à vida goza de uma proteção maior que os demais, entretanto, assim como os outros, não deve ser visto como absoluto, tampouco deve figurar como um dever (GOULART, 2019). Nesta seara, muitos conceitos referentes a vida são descritas, porém a concepção de (SILVA, 2003):
[...] vida, no texto constitucional (art. 5º, caput), não será considerada no seu sentido biológico de incessante autoatividade funcional, peculiar à matéria orgânica, mas a sua acepção biográfica mais compreensiva. Sua riqueza significativa é de difícil apreensão porque é algo dinâmico, que se transforma incessantemente sem perder sua própria identidade. É mais um processo (processo vital), que se instaura com a concepção (ou germinação vegetal), transforma-se, progride, mantendo sua identidade, até que muda de qualidade, deixando, então, de ser vida para ser morte. Tudo que interfere em prejuízo deste fluir espontâneo e incessante contraria a vida.
Segundo o conceito de Silva (2003), a morte é o fim da vida, ou seja, deve ser encarada como um processo da vida, ou melhor, como sendo o último estágio do ser humano. A vida termina com a morte, devendo esta ser entendida como uma fase integrante da vida e não como um evento externo. A morte consiste,na verdade, no término do processo de viver. É a última etapa do ciclo da vida.
Sendo assim, conforme Goulart (2019) quem salienta?, se a morte fosse encarada como parte integrante da vida, isso permitiria que a medicina se ocupasse não somente com a cura do indivíduo, mas também com seu bem-estar, principalmente quando este está em fase terminal.
Para Goulart (2019), o ordenamento jurídico brasileiro nada dispôs sobre a existência de um direito de morrer dignamente, limitou-se apenas a não criminalizar o suicídio, por motivos óbvios, nem penalizar o indivíduo que não queira buscar tratamento para sua enfermidade. No próximo item, será abordado as manifestações da eutanásia no Brasil.
1.1.2 Manifestações no Brasil a Respeito da Eutanásia
Segundo Direitonet (2022), A eutanásia traz à tona as discussões ocorridas em todas as esferas da sociedade com questionamentos sobre princípios tais como a ética e a moral. A eutanásia pode ser entendida como uma ação ou omissão que impulsiona a morte de um paciente condenado, com o intuito de evitar e prolongar o seu sofrimento.
Segundo Goulart (2019), o direito à morte digna não se confunde com o direito à morte. O primeiro diz respeito a uma morte humanizada, com a utilização de meios específicos que objetivam amenizar as manifestações da doença em estágio terminal.
Para Sengés (2019), defender o direito de morrer dignamente não consiste em defender qualquer procedimento que cause ou acelere a morte do paciente, mas sim em reconhecer sua liberdade e sua autodeterminação quanto à escolha do melhor procedimento para si próprio.
Na concepção de Goulart (2019), no ordenamento jurídico brasileiro, nunca houve uma tipificação autônoma e expressa que criminalize a prática da eutanásia. Ainda neste sentido, Goulart (2019), afirma que a eutanásia é tratada pelo ordenamento jurídico como crime. Porém, como já dito, não há uma tipificação autônoma para tal delito.
De acordo com o código penal de 1940, tanto a doutrina como a jurisprudência afirmam que a prática da eutanásia representa a figura típica do homicídio privilegiado por relevante valor moral, previsto no artigo 121, parágrafo 1º do Código Penal (BRASIL, 1940).
Segundo Barbosa e Losurdo (2018), no Brasil, contrariando-se tendência recente de despenalização da prática do dito homicídio piedoso ou homicídio eutanásico, o atual Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) em nada explícita ou mesmo despenaliza a prática da morte por benignidade, alocando todas as condutas analisadas no item supra como sendo facetas de um mesmo crime, o homicídio tipificado no art. 121 do referido Código.
Neste sentido, Barbosa e Losurdo (2018), argumentam que inicialmente quanto à vida, a mesma encontra-se no caput do artigo 5º da CF-88, constando a inviolabilidade da mesma enquanto um direito fundamental. Neste sentido, Tavares (2012, p.38) falta página afirma, argumenta que este tal direito pode ser traduzido em: o direito ao indivíduo permanecer existente e o direito a um nível de vida adequado.
É nesse último ponto que repousa a tese favorável à eutanásia. Quando conflitadas ambas as esferas do direito à vida, como nos casos de solicitação da morte piedosa, são inegáveis que a insistência no permanecer vivo aos que desejam morrer acoima o referido nível de vida adequado. É, portanto, quando o exercício do direito de viver esbarra na vida adequada, ou seja, minimamente digna, que vale questionar se viver é um direito ou passa a ser um dever do cidadão.
Neste sentido, Tavares (2018), pondera que a pessoa não tem o livre arbítrio para decidir sobre a própria vida. Neste sentido SARLET (2001, p.69) falta página afirma:
[...] a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos. 
Neste contexto, é importante ressaltar que a eutanásia é um tabu perante a legislação brasileira, ou seja, é uma ênfase ambígua. De um lado, o ordenamento jurídico brasileiro dota o indivíduo de livre arbítrio, e por outro, nega um fato que poderá garantir a dignidade de uma boa morte. É importante destacar que por ser um tema bastante polêmico, e as vezes controverso, poucos lugares do mundo efetuam a tal prática. Segundo Gianello e Winck (2017). 
1.2 EUTANÁSIA
A Eutanásia é um procedimento bastante antigo, conhecido da Grécia Antiga ao Império Romano e povos Celtas. O vocábulo eutanásia deriva do grego: eu, que significa boa e de thanatos que significa morte. Podendo ser entendida em sua literalidade, “como boa morte, morte apropriada, morte piedosa, morte benéfica, crime caritativo, entre outras possíveis traduções”, conforme aponta Sá e Naves (2009, p.301). A palavra eutanásia foi utilizada primeiramente por Francis Bacon, filósofo inglês no ano de 1623, em sua obra História vitae et mortis (SÁ e NAVES, 2009, p.301). faltam dados da fonte bibliográfica 
Segundo Danielle Cortez (2012, p. 23), há uma sintética evolução histórica do significado do vocábulo eutanásia: no século XVIII, queria dizer uma ação que produzia uma morte suave e fácil; no século XIX, a ação de matar uma pessoa por piedade, e, finalmente, no século XX, a operação voluntária de propiciar a morte sem dor, tendo por escopo evitar sofrimentos dolorosos aos doentes. De acordo com Sá e Naves (2009, p.302). A eutanásia, propriamente dita, é a promoção do óbito. É a conduta, por meio da ação ou omissão do médico, que emprega, ou omite, meio eficiente para produzir a morte em paciente incurável e em estado de grave sofrimento, diferente do curso natural, abreviando-lhe a vida. 
Segundo Guimarães (2011, p.91), a eutanásia própria ou propriamente dita seria a conduta detentora dos seguintes requisitos: provocação de morte piedosa, por ação ou inação de terceiro, no caso o médico; de que se determine o encurtamento da vida, em caso de doença incurável que acometa paciente terminal a padecer de profundo sofrimento, compreendendo assim a provocação da morte por ação, denominada eutanásia ativa ou quanto por inação, entendida como eutanásia passiva.
Entretanto o que se tem certeza é a existência de certa confusão em relação ao termo eutanásia, fato que justifica trazer à colação as considerações de Pessini (2004, p.205) que sugere:
Para ajudar na classificação terminológica, nesta fase da discussão, sugerimos que o termo eutanásia seja reservado apenas para o ato médico que, por compaixão, abrevia diretamente a vida do paciente com a intenção de eliminar a dor e que outros procedimentos sejam identificados como expressões de assassinato por misericórdia, mistanásia, distanásia ou ortotanásia conforme seus resultados, a intencionalidade, sua natureza e as circunstâncias.
Para se estudar esse instituto é evidente compreender seus requisitos. Inicia- se por identificar o significado de Provocação de morte, pois se esse pressuposto não se efetivar, não se pode afirmar que tenha ocorrido eutanásia. Se a morte acontece por causas naturais, definitivamente não é considerado eutanásia. Outro fator a ser considerado é a Intervenção de Terceiro. Neste caso se a morte não é provocada por outra pessoa, não se configura eutanásia. Se a morte é em decorrência de ação do próprio indivíduo, não se configura eutanásia, mas suicídio.
Doença Incurável é outro requisito indispensável para se configurar a eutanásia, uma que a enfermidade que acomete o indivíduo que vai se submeter à eutanásia deve ser incurável, ou seja, uma doença em estado irreversível. Não se deve ter nenhuma esperança de cura ou tratamento com recursos terapêuticos e tecnológicos para curar o paciente.
Tem-se ainda a situação de Estado Terminal do Paciente. Esterequisito é exigido porque, apesar do paciente ter uma doença incurável, ele ainda pode ter uma sobrevida razoável e suportável, tendo ao menos qualidade de vida, como é o caso de pacientes com AIDS.
Sobre pacientes terminais, Danielle Cortez (2012, p.25), apud Guimarães (2011, p.96-98) afirma o seguinte:
O conceito de paciente terminal, outrossim, remonta ao século XX, eis que foi apenas nesse século, ou seja, bastante recentemente, que a trajetória das doenças se alterou de modo especial. Antes as enfermidades, no mais das vezes, eram fulminantes, sem conceder tempo ao indivíduo para que pudesse, ao menos, ser considerado terminal. As condições tecnológicas de então, outrossim, não permitiam maior prolongamento artificial do período vital, fosse ou não o alongamento benéfico ao paciente. se essas são as palavras exatas do autor, devem vir destacadas no texto
Além de todos os requisitos acima evidenciados, há a necessidade de que a conduta seja praticada com o intuito de encurtar a vida, e que essa conduta seja praticada por um médico ou profissional da saúde, devidamente habilitado e qualificado para lidar com a situação em que o paciente terminal se encontra.
Existem autores que não consideram necessário que a eutanásia tenha que ser praticada exclusivamente por um médico para que seja caracterizada. Um desses autores é Vieira (2009, p. 103), que delimita o conceito de eutanásia:
O conceito de eutanásia que se adota neste trabalho não se restringe aos atos de caráter médico, entendendo-se eutanásia como a conduta que, ativa ou passivamente, mas sempre de forma intencional, abrevia a vida de um paciente, como objetivo de pôr fim ao seu sofrimento. arrumar a formatação
Do que foi exposto resta claro que a eutanásia é compreendida como o mecanismo utilizado como forma de promover a abreviação da vida de um paciente, seja ele vítima de uma doença incurável, seja em estado terminal ou então sofrendo intensas dores que não possam ser aliviadas, ocorrendo então a morte desse paciente em decorrência de uma ação ou de uma omissão. O que se conclui acerca da análise de sua conceituação é que há formas diferentes de se classificar a eutanásia, que iremos abordar agora.
A eutanásia é uma prática utilizada em larga escala pelos povos antigos. Segundo Bonici (2013, on line), “Na Antiguidade a eutanásia era aceita e largamente praticada por alguns povos, Eslavos, Escandinavos e Celtas apressavam a morte de seus pais velhos e enfermos”.
O autor e advogado espanhol Luis Jiménez de Asúas (2003, p.185) define a eutanásia como sendo a “morte que alguém proporciona a uma pessoa que padece de uma enfermidade incurável ou muito penoso, e a que tende a extinguir a agonia demasiado cruel ou prolongada”.
Neste sentido também discorre Maria Helena Diniz (2011, p. 438), a qual afirma que a eutanásia consiste na “deliberação de antecipar a morte de doente irreversível ou terminal, a pedido seu ou de seus familiares, ante o fato da incurabilidade de sua moléstia, da insuportabilidade de seu sofrimento e da inutilidade de seu tratamento”.
A tese arguida pelos defensores da eutanásia substancia-se no fato de que este método serviria como uma espécie de “último ato misericordioso” em favor de um enfermo, objetivando colocar um ponto final no sofrimento do paciente que se encontra em estado terminal, acometido de enfermidade irreversível, onde o prolongamento da sua vida serviria apenas para lhe causar maior padecimento.
Irrefutavelmente, a hipótese de aplicação da eutanásia acaba propiciando uma grande discussão em todas as esferas sociais, uma vez que tal “ato misericordioso” acaba esbarrando não apenas em normas legais, mas também em princípios e direitos básicos do ser humano, como o direito à vida, à liberdade e a dignidade da pessoa humana.
Do mesmo modo, outro notável agente responsável por intensificar o sentimento de repulsa à eutanásia é a esfera religiosa, já que, segundo seus ensinamentos, não cabe ao homem tirar a vida de seu semelhante.
Na doutrina clássica, a eutanásia pode ser classificada quanto ao tipo de ação empregada pelo “executor”, segundo Neukamp (1937), da seguinte forma: (a) eutanásia ativa, que é aquela executada por meio de um ato deliberado de induzir à morte sem sofrimento do enfermo, com o objetivo de colocar um fim no sofrimento do paciente, por fins humanitários/misericordiosos, tal como a famosa injeção letal; e (b) eutanásia passiva, a qual ocorre por meio de omissões ou interrupções de medidas que prolongariam a sobrevida do paciente e a sua ausência anteciparia a morte.
Há, ainda, uma segunda forma de classificação do procedimento, agora em relação ao consentimento do paciente, consistente nas três seguintes espécies (a) a eutanásia voluntária, quando se atende a vontade expressa do paciente, podendo ser também enquadrado como “suicídio assistido”; (b) a eutanásia involuntária, quando a morte é induzida contra a vontade do enfermo, caracterizando assim espécie de “homicídio”; e (c) a eutanásia não voluntária, que é quando a morte acontece sem o paciente poder manifestar a sua vontade quanto a ela (MARTIN, 1998). Relacionadas ao resultado, qual seja, de tirar a vida de um paciente irreversivelmente enfermo, encontram-se presentes, no mesmo campo da eutanásia, outras duas práticas: a distanásia e a ortotanásia. Entretanto, apesar de acabarem convergindo em um mesmo resultado, as duas espécies possuem distinções quanto ao modo em que são executadas.
A autora Maria Helena Diniz (2001), ao versar sobre a distanásia, afirma que este meio não visa prolongar a vida, mas sim o processo de morte. Em outras palavras, a distanásia é o procedimento médico pelo qual se busca não a qualidade da vida remanescente, mas sim o prolongamento ao máximo do tempo de vida restante do paciente, fazendo uso de todos os recursos e procedimentos necessários para que isso seja possível, o que, consequentemente, acaba por prorrogar também o sofrimento do enfermo. Tal ato pode ser entendido também como “obstinação terapêutica” (SELLI; ALVES, 2009).
A ortotanásia, por sua vez, conforme explica Tereza Rodrigues Vieira (1999), prioriza a qualidade da vida que ainda resta ao paciente, deixando que a morte ocorra naturalmente.
Neste procedimento, descartam-se tratamentos agressivos que não têm a capacidade de reverter o quadro clínico, dando lugar apenas aos cuidados paliativos, relacionados ao bem-estar da pessoa. Assim, neste caso, não mais se luta contra algo que é inevitável – a morte. Talvez seja a ortotanásia a forma mais “correta” ou “digna” de se morrer, uma vez que se dá prioridade à qualidade da vida remanescente do enfermo, sem prolongar a sua dor por mais tempo do que o necessário.
Lana (2003, p.2) em sua monografia “eutanásia - Ritos e Controversas Médico-Legais” definiu, basicamente, o sentido da eutanásia como sendo o de uma boa ou bela morte, em sentido mais amplo, a definiu como “ajuda para morrer”.
De outra forma, a eutanásia seria uma forma de interferência no desenrolar natural da vida com a morte serena para acabar com o intenso sofrimento. Entretanto, para a medicina a eutanásia consiste em minorar os sofrimentos de uma pessoa doente, de prognóstico fatal ou em estado de coma irreversível, sem possibilidade de sobrevivência, apressando-lhe a morte ou proporcionando-lhe os meios para consegui-la (NETO, 2003, p.2). Ressalte-se que para a sua caracterização é imprescindível estar tal ato eivado de relevante valor moral, condizente com os interesses individuais do agente, entre eles o sentimento de piedade e compaixão. 
Asúa (2003, p.87) falta página, renomado professor espanhol, em sua obra “Liberdade de Amar e Direito de Morrer”, define a eutanásia como a “morte que alguém proporciona a uma pessoa que padece de uma enfermidade incurável ou muito penoso, e a que tende a extinguir a agonia demasiado cruel ou prolongada”. O ilustre doutrinador espanhol acentua que esse é o sentido verdadeiro da eutanásia, compatível com o móvel e a finalidade altruística da mesma.
Na definição de Morselli (apud GOMES, 1969),a eutanásia é “aquela morte que alguém dá a outrem que sofre de uma enfermidade incurável, a seu próprio requerimento, para abreviar a agonia muito grande e dolorosa”. Cumpre, ainda, apresentar a opinião do estudioso paraense Bittencourt (1995), segundo qual a eutanásia é tão somente a morte boa, piedosa e humanitária, que, por pena e compaixão, se proporciona a quem, doente e incurável, prefere mil vezes morrer, e logo, a viver garroteado pelo sofrimento, pela incerteza e pelo desespero.
Deste modo, percebe-se que o termo eutanásia passou a designar a morte deliberadamente causada a uma pessoa que sofre de enfermidade incurável ou muito penosa, para suprir a agonia longa e dolorosa do denominado paciente terminal. O seu sentido ampliou-se e passou a abranger o suicídio, a ajuda a bem morrer, o homicídio piedoso, a exemplo do CP Uruguaio (CARNEIRO, 1998).
 Nessa concepção, verifica-se que o significado da palavra eutanásia evoluiu ao longo do tempo e exigiu nomenclatura específica para designar condutas diferentes, convergindo seu significado apenas para a morte causada por conduta do médico sobre a situação de paciente incurável e terrível sofrimento. O histórico da eutanásia revela que os valores sociais, culturais e religiosos influenciam de maneira fundamental nas opiniões contrárias ou favoráveis à prática da eutanásia. 
As discussões sobre a eutanásia atravessaram diversos períodos históricos. Passou pelos povos celtas, pela Índia, por Cleópatra VII (69 a.c.-30 a.c.); teve ilustres participações de Lutero, Thomas Morus (Utopia), David Hume (On suicide), Karl Marx (Medical Euthanasia) e Schopenhauer (GOLDIM, 2004). 
A eutanásia que os gregos conheceram, praticaram e da qual se tem provas históricas é a que se chama “falsa eutanásia”, ou seja, a eutanásia de fundamento e finalidade “puramente eugênicos. Em Atenas, em 400 a.c., Platão pregava no 3º livro de sua “República” o sacrifício de velhos, fracos e inválidos, sob o argumento do fortalecimento do bem-estar e da economia coletiva (SILVA, 2000). Em Esparta, que era uma sociedade guerreira por excelência, era prática comum lançar-se do monte Taigeto os nascituros que apresentassem defeitos físicos.
Na Índia antiga, os doentes incuráveis, assim compreendidos aqueles considerados inúteis em geral, eram atirados publicamente no Rio Ganges, depois de obstruídas a boca e obstruídas a boca e as narinas com um pouco de barro. Os celtas, além de matarem as crianças deformadas, eliminavam também os idosos (seus próprios pais quando velhos e doentes), uma vez que os julgavam desnecessários à sociedade, haja vista que os mesmos não contribuem para o enriquecimento da nação (ASÚA, 2003).
A Igreja também se fez presente, ao longo da história, aderindo à posição contrária à eutanásia, pois a antecipação da morte está em desacordo com as leis de Deus, a lei natural. 
Na década de 90 vigorou, por alguns meses, na Austrália uma lei que possibilitava formalmente a eutanásia. Os critérios para a execução eram inúmeros, tais como: vontade do paciente, idade mínima de 18 anos, doença incurável, inexistência de qualquer medida que possa curar o paciente, precisão do diagnostico, inexistência de depressão, conhecimento do paciente dos tratamentos disponíveis, capacidade de decisão. 
No Brasil, em 1996, foi proposto um projeto de lei no Senado Federal (projeto de lei 125/96), instituindo a possibilidade de realização de procedimentos de eutanásia no Brasil. Tal projeto como é cediço não prosperou (CARVALHO, 2003). São pouquíssimos os ordenamentos jurídicos que legalizaram algum modo de abreviação da vida nas situações de sofrimento extremo.
Há apenas quatro países, todos europeus, que regulamentaram algum tipo de eutanásia ativa ou suicídio assistido: Holanda, Bélgica, Suíça e Luxemburgo. Ressalte-se que o estado do Oregon, nos Estados Unidos, também o fez. Vale ressaltar que as leis desse país permitem que decisões sobre certos temas fiquem a nível está dual. A própria definição de eutanásia varia nestes locais, o que demonstra a necessidade de a legislação regulamentar o que cada país entende pelo termo. Não há consenso sobre a definição da eutanásia e de suas classificações. 
	Povos
	Ano
	Descrição
	Os Célticos
	
	Diversos povos, como os celtas, por exemplo, tinham por hábito que os filhos matassem os seus pais quando estes estivessem velhos e doentes. Na Índia os doentes incuráveis eram levados até a beira do rio Ganges, onde tinham as suas narinas e a boca obstruídas com o barro. Uma vez feito isto eram atirados ao rio para morrerem. Na própria Bíblia tem uma situação que evoca a eutanásia, no segundo livro de Samuel.
	Grécia e Egito
	69 A.C-30ª.c
	Estas discussões não ficaram restritas apenas a Grécia. Cleópatra VII (69aC-30aC) criou no Egito uma "Academia" para estudar formas de morte menos dolorosas.
	Prússia
	1895
	No século passado, o seu apogeu foi em 1895, na então Prússia, quando, durante a discussão do seu plano nacional de saúde, foi proposto que o Estado deveria prover os meios para a realização de eutanásia em pessoas que se tornaram incompetentes para solicitá-la.
	Brasil
	1920 a 1940
	No Brasil, na Faculdade de Medicina da Bahia, mas também no Rio de Janeiro e em São Paulo, inúmeras teses foram desenvolvidas neste assunto entre 1914 e 1935
	Inglaterra
	1931
	Na Inglaterra, o Dr. Millard, propôs uma Lei para Legalização da Eutanásia Voluntária, que foi discutida até 1936, quando a Câmara dos Lordes a rejeitou. Esta sua proposta serviu, posteriormente, de base para o modelo holandês
	Uruguai
	1934
	Incluiu a possibilidade da eutanásia no seu Código Penal, através da possibilidade do "homicídio piedoso". Esta legislação uruguaia possivelmente seja a primeira regulamentação nacional sobre o tema. Vale salientar que esta legislação continua em vigor até o presente
	Alemanha
	1939
	Em outubro de 1939 foi iniciado o programa nazista de eutanásia, sob o código "Aktion T 4". O objetivo inicial era eliminar as pessoas que tinham uma "vida que não merecia ser vivida". Este programa materializou a proposta teórica da "higienização social".
	Vaticano
	1956
	A Igreja Católica, em 1956, posicionou-se de forma contrária a eutanásia por ser contra a "lei de Deus"
	Associação de Medicina
	1968
	A Associação Mundial de Medicina adotou uma resolução contrária a eutanásia.
	Holanda
	1973
	Uma médica geral, Dra. Geertruida Postma, foi julgada por eutanásia, praticada em sua mãe, com uma dose letal de morfina. A mãe havia feito reiterados pedidos para morrer. Foi processada e condenada por homicídio, com uma pena de prisão de uma semana (suspensa), e liberdade condicional por um ano
	Holanda
	1981
	A Corte de Rotterdam revisou e estabeleceu os critérios para o auxílio à morte. Em 1990, a Real Sociedade Médica dos Países Baixos e o Ministério da Justiça estabeleceram uma rotina de notificação para os casos de eutanásia, sem torná-la legal, apenas isentando o profissional de procedimentos criminais.
	EUA
	1991
	Houve uma tentativa frustrada de introduzir a eutanásia no Código Civil da Califórnia/EEUU.
	Brasil 
	1996
	Foi proposto um projeto de lei no Senado Federal (projeto de lei 125/96), instituíndo a possibilidade de realização de procedimentos de eutanásia no Brasil. A sua avaliação nas comissões especializadas não prosperou.
	Colômbia
	1996
	A Corte Constitucional da Colômbia estabeleceu que "ninguém pode ser responsabilizado criminalmente por tirar a vida de um paciente terminal que tenha dado seu claro consentimento". Esta posição estabeleceu um grande debate nacional entre as correntes favoráveis e contrárias
	EUA
	1997
	O estado do Oregon, nos Estados Unidos, legalizou o suicídio assistido, que foi interpretado erroneamente, por muitas pessoas e meios de comunicação, como tendo sido autorizada a prática da eutanásia.
	Países Baixo
	2000
	A Câmara de Representantes dos Países Baixos aprovou, com uma parte do plenário se manifestando contra uma legislação sobre morte assistida. Esta lei permitirá inclusive que menores de idade possam solicitar esteprocedimento. Falta ainda a aprovação pelo Senado, mas a aprovação é dada como certa
Fonte: Autor (2022).
No Quadro 1, foram elencados os principais marcos referentes a eutanásia nas mais diversas etapas e contextos históricos. É importante destacar que são pouquíssimos os ordenamentos jurídicos que legalizaram algum modo de abreviação da vida nas situações de sofrimento extremo. As formas legalizadas de eutanásia ou suicídio assistido variam nos países supracitados, bem como a data em que tal normatização foi aprovada pelos respectivos parlamentos. 
Na Holanda, a mudança se deu inicialmente por jurisprudência, sem amparo de lei específica sobre o tema. Desde 1973 a justiça holandesa aceitava a eutanásia praticada por médicos, quando a morte é necessária para prevenir o sofrimento. No próximo item será discorrido sobre a discussão.
2 ASPECTOS JURÍDICOS DA EUTANÁSIA
As discussões acerca da terminalidade da vida é polêmica e está longe de ser pacificada. Todavia, ao mesmo tempo em que a população envelhece, uma medicina mais humanizada é idealizada. Portanto, a eutanásia será um tema cada vez mais recorrente e primordial na sociedade.
Os avanços tecnológicos possibilitam o prolongamento não natural da vida humana, entretanto, em muitos casos o paciente é submetido a um sofrimento extremo, e não encontra apoio legal para manifestar seu direito de liberdade e autonomia de se submeter aos tratamentos terapêuticos que objetivam o prolongamento da vida, ainda que de forma dolorosa.
O expresso crescimento das descobertas científicas e evolução da tecnologia, não possui amparo suficiente do ordenamento jurídico, visto que este não acompanhou toda essa evolução, e, portanto, é necessário que haja um maior entendimento do texto normativo pelos operadores do direito, havendo então uma adequação das normas aos eventos que permeiam pela sociedade atual.
2.1 A EUTANÁSIA NA ESFERA PENAL E CIVIL BRASILEIRA
Por levantar o questionamento sobre o direito de uma pessoa a decidir por fim a sua vida, necessitando do auxílio de um terceiro, a eutanásia faz com que os princípios fundamentais legitimados através da Constituição, sendo eles o da Dignidade da Pessoa Humana, o direito à vida e autonomia da vontade sejam examinados.
A legislação brasileira não aborda expressamente acerca da eutanásia. Apesar de todo o esforço para tentar reconhecê-la no ordenamento jurídico brasileiro, a prática é tratada apenas na esfera criminal, tendo em vista que superficialmente o ato fere o direito à vida, o bem jurídico mais valioso do nosso ordenamento jurídico.
A nossa Carta-Magna em seu texto, não delimita de forma clara a abordagem jurídica em relação a eutanásia, considerando que é na esfera penal que se encontra a função de tratar acerca de ações delituosas. Assim, à Constituição da República, cabe assegurar os princípios balizadores das normas que vão regular o ordenamento jurídico em suas determinadas esferas.
O Código Penal Brasileiro não tipifica a eutanásia de forma exclusiva, mas a prática é criminalizada por ser considerada uma conduta típica, ilícita e culpável, sendo penalizada como homicídio, conforme explicita o artigo 121: “Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos” (BRASIL,1940, online).
Alguns doutrinadores entendem que a morte provocada se trata de uma conduta delituosa, sustentando que o direito à vida se sobrepõe aos demais. Sobre o tema, o constitucionalista Tavares (2019, p.440 e 441) dispõe:
Distingue-se, aqui, entre o chamado homicídio por piedade (“te e”) e o direito à morte digna. No Brasil, não se tolera a chamada “ibe a e à própria te”. Não se pode impedir que alguém disponha de seu direito à vida, suicidando-se, mas a morte não é, por isso, um direito subjetivo do indivíduo, a ponto de poder exigi-la do Poder Público. Assim, de um lado, não se pode validamente exigir, do Estado ou de terceiros, a provocação da morte para atenuar sofrimentos. De outra parte, igualmente não se admite a cessação do prolongamento artificial (por aparelhos) da vida de alguém, que dele dependa. Em uma palavra, a eutanásia é considerada homicídio. Há, aqui, uma prevalência do direito à vida, em detrimento da dignidade.
Na visão doutrinária há o entendimento de que o homicídio quando cometido por motivo de relevante valor moral, praticado em virtude de interesse particular, trata-se de homicídio privilegiado, e possui sua pena atenuada. Assim, o homicídio eutanásico pode ser classificado como homicídio privilegiado, pois foi ocasionado pelo sentimento de piedade diante do sofrimento do paciente acometido doença em estágio terminal. O homicídio privilegiado está descrito no código penal ainda no artigo 121, em seu parágrafo 1º:
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço (BRASIL,1940, online).
Nesse sentido, há uma predominância doutrinária no âmbito penal brasileiro em classificar a eutanásia ativa direta e passiva como homicídio com sua pena atenuada. De acordo com Bitencourt (2021, p.40): “Admite-se, por exemplo, como impelido por motivo de relevante valor moral o denominado homicídio piedoso, ou, tecnicamente falando, a eutanásia”. Pois apesar de haver motivação com valor moral relevante diante da compaixão para com o sofrimento irremediável da vítima, a consequência ainda será o óbito do paciente. Nelson Hungria (1958, p.127) salienta que “o legislador brasileiro não se deixou convencer pelos argumentos que defendem, no tocante ao homicídio piedoso, a radical impunibilidade ou a faculdade de perdão judicial”.
Além da conduta comissiva de matar alguém, elencada no art. 121 do Código Penal, também há a conduta omissiva, disposto no artigo 13 §2º do referido código:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1.1.1 tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1.1.2 de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1.1.3 com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(BRASIL, 1940, online).
A diferença entre a eutanásia ativa e a passiva é que na primeira há uma conduta comissiva do agente, enquanto na segunda a conduta é omissiva. Sendo assim, quando o agente se tratar de um médico, embora a sua conduta tenha sido negativa, será tratada de forma positiva de acordo com a doutrina.
Dessa forma, Souza (2006. p 236):
[...] não há dúvidas de que esses agentes de saúde têm a especial função de garantia de bens jurídicos – sobretudo de bens como a vida e a saúde – dos pacientes. Dessa forma, se descumprir o dever de agir, abstendo-se de realizar a conduta devida e não impedindo o resultado, o médico será considerado o causador deste mesmo resultado e responderá pelo crime correspondente, seja doloso ou culposo, já que os crimes de omissão imprópria podem ter as duas características. Assim, se o médico, intencionalmente, deixar de atender determinado paciente em perigo de vida, o qual em virtude dessa omissão venha a morrer, responderá pelo crime de homicídio (doloso), mas não pelo de omissão de socorro.
No que tange ao nosso Código Civil, é possível localizar alguns artigos que se relacionam com o tema central do trabalho. Um exemplo é o artigo 15 que determina: “ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica” (BRASIL, 2002, online).
Em se tratando de responsabilidade civil, o código civil estabelece emseu artigo 927 que “aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. E em relação a conduta, o artigo 186 aponta: “aquele e que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002, online).
Segundo Cavalieri (2005, p.24): “Responsabilidade Civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico origin rio”. Portanto, a responsabilidade civil é cabível quando resta comprovado a culpa do agente bem como o dano causado a vítima. É necessário que haja o nexo causal entre a conduta do agente e o dano causado.
Quando se trata de eutanásia, o procedimento deve ser realizado por um médico devidamente apto para tal. E sendo assim, é entendido que a relação entre médico e paciente é contratual, nesse sentido, Maluf (2020, p.433) compreende:
A relação médico-paciente é contratual, e visa não somente a cura do paciente, mas visa, sobretudo, prestação de cuidados conscienciosos, atentos à ética profissional e às prescrições deontológicas, no limite do exercício profissional, observados os ditames bioéticos.
Seguindo o raciocínio:
“Embora a natureza do trabalho do médico seja contratual, decorrente das obrigações contratadas, não dominam os princípios da responsabilidade objetiva, porque nem sempre é possível a obtenção do êxito na execução de seu trabalho (MALUF, 2020, p.433).
Embora a responsabilidade do médico seja contratual, ela também é subjetiva, haja vista a necessidade de haver comprovação da culpa, sendo tal ônus do paciente ou seus herdeiros. Segundo Cavalieri (2005, p.394):
Culpa e erro profissional são coisas distintas. Há erro profissional quando a conduta médica é correta, mas a técnica empregada é incorreta; há imperícia quando a técnica é correta, mas a conduta médica é incorreta. A culpa médica supõe uma falta de diligência ou de prudência em relação ao que era esperável de um bom profissional escolhido como padrão; o erro é a falha do homem normal, consequência inelutável da falibilidade humana.
Desse modo, fica evidente que a responsabilidade civil pode ser proveniente da conduta do médico tendo total nexo causal com o resultado. Contudo, o artigo 935 determina que “a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal” (BR SIL, 2002, online).
Portanto, a eutanásia, sendo tratada como homicídio, deverá ser competência da esfera penal, enquanto a esfera cível é competente para analisar a conduta ilícita do médico ocasionando danos ao paciente.
Os efeitos ocasionados pela eutanásia, tratada como homicídio na esfera civil é estabelecido no código civil:
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - No pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - Na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima (BRASIL, 1940, online).
Sendo complementado pelo artigo:
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Dessa forma, conclui-se que no âmbito penal, não é admitido a morte motivada por compaixão e grande valor moral, e no âmbito civil o médico que praticou o ato deverá reparar financeiramente a vítima, se comprovado o dano.
2.2 O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
No Brasil, o texto normativo responsável por regulamentar o exercício da medicina é o Código de Ética Médica. A resolução nº 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina regulamenta acerca da possibilidade de o médico, mediante autorização do paciente ou de seu responsável legal limitar ou suspender tratamentos e procedimentos que prolongue a vida de pacientes em fase terminal, não estendendo o sofrimento ao paciente.
No ano de 2010 a resolução 1.931/2009 entrou em vigor no referido código e na seção dos princípios fundamentais, em seu capítulo I, dispõe acerca da autonomia dos pacientes:
XXI - No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com seus ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas (CFM, 2018, online).
Aos médicos é vedada pelo código de ética abreviar a vida de pacientes ainda que seja solicitado por seu representante legal. Destarte, a eutanásia e a distanásia não é permitida no Brasil. O artigo 41 do Código de Ética determina:
Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal (CFM, 1990, online).
Já no inciso XXII do Capítulo I dispõe:
Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados.
Do ponto de vista do código de ética, a prática da ortotanásia não é considerada um ato ilícito, desde que a vontade do paciente ou a de seu representante legal seja respeitada.
Dessa forma, o médico não deverá praticar nenhuma modalidade de eutanásia, pois esta será considerada uma conduta ilícita, entretanto, em casos de doentes em estágio final, o médico poderá, observando sempre a autonomia do paciente ou de seu representante legal, suspender tratamentos que tragam mais sofrimento, e que não tragam a definitiva cura, apenas postergando o fim inevitável, como estabelece o preâmbulo da Resolução do Conselho Federal de Medicina, nº 1.805/2006:
Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal (CFM, 2006, online).
Bem como o parágrafo único do artigo 41 do mesmo dispositivo legal:
Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.
O Código de Ética Médica, através do princípio da dignidade humana e da autonomia, assegura ao indivíduo uma morte digna e sem sofrimento, respeitando sua vontade final, proporcionada pela ortotanásia, cabendo ao médico apenas os cuidados paliativos com o paciente.
2.3 DIREITO COMPARADO
Diante o exposto, concluímos que no Brasil a eutanásia não possui uma tipificação própria, contudo, o agente que pratica tal ato é penalizado pelo código penal. Porém, no âmbito internacional, o tema é tratado de forma diversa de acordo com o ordenamento jurídico e as decisões dos tribunais de cada país.
2.3.1 Holanda
A Holanda foi o primeiro país a descriminalizar a eutanásia e o suicídio assistido. As novas adaptações foram feitas em 2002 e alterou o artigo 293 que trata da eutanásia e o artigo 294 que dispõe acerca do suicídio assistido.
Tais alterações devem atender alguns requisitos pré-determinados pelo dispositivo normativo do país. No documento “EUTANÁSIA E SUICÍDIO ASSISTIDO: Legislação Comparada” de Pinto et al., (2016, p.29 e 30), podemos observaresses requisitos: faltam dados da fonte bibliográfica citada 
De acordo com o n.º 1 do citado artigo 293.º, comete crime quem mata alguém a seu pedido expresso e sério. O n.º 2 do mesmo preceito excetua a responsabilidade quando cometido por um médico que cumpra os requisitos estabelecidos no artigo 2.º da lei avulsa acima citada. A irresponsabilização criminal do ato do médico ocorre também no caso do suicídio assistido previsto no n.º 1 do artigo 294.º do Código Penal, por via do disposto no n.º
2. Os pressupostos para a realização do ato passam por obedecer ao desejo do doente, que deve estar consciente, num sofrimento insuportável, sem perspectivas ou esperanças de melhoras. O pedido nunca pode provir de um familiar ou um amigo. O ato tem de resultar de solicitação do doente, reiterada e convicta, sendo a morte provocada a única saída. Mas nem sempre os doentes têm o direito a esta prática nem o médico a obrigação de a levar a cabo. Para respeitar os critérios exigidos na lei, o médico deve ter noção de que está a cumprir na íntegra a vontade do doente, depois de o ter informado escrupulosamente do seu estado de saúde e ter verificado que o doente está num estado terminal, em grande sofrimento físico e psicológico. Tem a obrigação legal de reportar cada caso, depois de ter sido consumado, ao médico patologista municipal e ambos à Comissão de Controlo da Eutanásia (PINTO et al., 2016, p.29 e 30).
Ainda acerca dos critérios para a realização dos procedimentos na Holanda, Diniz (2006, p. 388) pontua:
solicitação para morrer, decorrente de decisão voluntária e consciente do paciente devidamente informado; consideração de seu pedido por pessoa que tenha conhecimento de sua condição; manutenção do desejo de morrer por um lapso considerável de tempo; irresignação do doente com seu sofrimento físico ou mental inaceitável ou insuportável; concordância obrigatória para a implantação da medida letal por outro médico, consultado para este fim; proibição de emissão de atestado de óbito por morte natural, pois o médico, em caso de eutanásia, deverá informar o fato à autoridade médica local, preenchendo um extenso questionário; relato da morte feito pela autoridade médica local ao promotor do distrito e competência do promotor distrital para decidir se haverá ou não acusação contra o médico.
Embora a eutanásia tenha sido regulamentada por lei recentemente, na Holanda a prática era tolerada pela justiça do país, conforme explica Diniz (2006, p. 387):
Na Holanda, a eutanásia hoje está regulamentada por lei, mas era, como vimos, tolerada pela justiça se feita a pedido do paciente em estado terminal, atestado por dois médicos, sob diretrizes especificas estabelecidas, desde 1984, pela Comissão Governamental Holandesa para a Eutanásia, disciplinadas pela Royal Dutch Medical Association (RDMA) e pelo Ministério da Justiça.
Na Holanda, há um acordo tácito para que médicos que auxiliem seus pacientes na abreviação da vida não sejam processados, essa tolerância segundo Sztajn (2002, p.149), já vem sendo aceita há mais de duas décadas, entretanto, alguns preceitos devem ser observados:
Pode-se imputar essa proto-legalização da eutanásia e do suicídio assistido aos seguintes fatores: 1) ao extremado respeito aos médicos na sociedade holandesa; 2) o tamanho, composição e filosofia política dos holandeses; 3) ausência de influência religiosa importante; 4) o respeito ao Judiciário e o poder dos Tribunais holandeses; e finalmente, o grande respeito à autonomia e responsabilidade individuais.
Cabe salientar que o ato deverá ser praticado exclusivamente por um profissional médico, podendo o mesmo se recusar a realizar o feito. Caso a eutanásia seja realizada por um terceiro, este sofrerá as sanções relacionadas ao homicídio. Portanto, embora legalizados, a eutanásia e o suicídio assistido possuem um extremo controle no país. Sendo que, cada solicitação é encaminhada para uma comissão formada por médicos, sociólogos e juízes, para ser avaliada sua viabilidade de aplicação. Sendo o Poder Judiciário o responsável para decidir em caso de dúvidas.
Isto posto, diante da legalização da eutanásia e do suicídio assistido na Holanda, o país abriu caminhos para que o tema seja apreciado em outros países, haja vista a necessidade de se quebrar o tabu que permeia o assunto morte.
2.3.2 Bélgica
Assim como na Holanda, a Bélgica também legalizou a eutanásia, não distinguindo-a em ativa ou passiva. No ano de 2002 entrou em vigor no país a lei que determina as diretrizes para a realização do procedimento, em termos bastante semelhantes para a prática da eutanásia ou suicídio assistido na Holanda. No ano de 2014, o texto sofreu uma polêmica alteração para estender a possibilidade de aplicação em pessoas menores de qualquer idade. Neste caso, o requisito é que seja imperioso que sejam vítimas de doença incurável, tenham capacidade de discernimento, bem como o procedimento seja requisitado pelo próprio paciente ou seu representante legal.
As diretrizes para a realização da eutanásia são análogas ao modelo holandês, admitindo também as diretivas antecipadas da vontade por meio do testamento vital assinado pelo paciente.
Em relação ao suicídio assistido, o direito belga não autoriza a realização e o agente que pratica é penalizado pelo código penal.
Dessa forma:
a eutanásia ativa só é permitida nas estritas condições fixadas na legislação específica citada, necessariamente por um médico. Fora dessas condições, quando o ato é cometido por outra pessoa, constitui crime de homicídio simples, punido pelo Código Penal. Quando assuma a forma de ajuda ao suicídio, é também, em geral, punível criminalmente, por poder ser qualificável como falta de assistência a pessoa em perigo (PINTO et al., 2016, p.19).
Assim como na Holanda, todas as solicitações para a realização da eutanásia são avaliadas por uma comissão especial formada por médicos e psicólogos para analisar a situação em questão.
2.3.3 Suíça
Quando se fala em eutanásia, rapidamente associamos a Suíça à essa prática. Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, não há permissão legal para a eutanásia, tampouco o suicídio assistido no país. Tais atos são punidos com pena de prisão.
O que realmente se tem, é uma condescendência à prática do suicídio assistido. Tendo em vista que o paciente procura auxílio médico em locais especializados em suicídio para que o médico responsável lhe forneça o medicamento utilizado na abreviação da vida.
Em suma, duas organizações são conhecidas por realizar essa prática, a Exit e a Dignitas. A associação Exit possui uma ideologia mais conservadora e somente recebe pacientes nacionais ou que possuam domicílio na Suíça. Já a Dignitas, compreende uma visão mais liberal, e embora mantenha diretrizes semelhantes às da Exit, a flexibilização em permitir que estrangeiros também possam realizar o procedimento, levanta discussões polêmicas acerca do seu “turismo da morte”, como é chamada no país.
No entanto, essas organizações dedicam-se a ajudar doentes terminais a abreviar suas vidas através do suicídio desde que:
O paciente tenha discernimento e possa, pois, manifestar a sua vontade consciente e livremente, o seu pedido seja sério e reiterado, a sua doença se revele incurável, o sofrimento físico ou psíquico que o atinja seja intolerável e o prognóstico do desfecho da doença seja a morte ou, pelo menos, uma incapacidade grave (PINTO et al., 2016, p.44).
Todavia, embora o tema encontre uma maior aceitação no país, ainda há um tabu envolvendo toda a temática, haja vista que a comunidade internacional não vê com bons olhos o chamado “turismo da morte”.
2.3.4 Luxemburgo
No ano de 2009 entrou em vigor no país duas leis, sendo uma delimitando diretrizes acerca de cuidados paliativos, diretrizes antecipadas de vontade (testamento vital) e acompanhamento em fim de vida, já a outra lei regulamenta acerca da eutanásia ativa e o suicídio assistido.
A eutanásia e o suicídio assistido são regulados pela Comissão Nacional de Controle e Avaliação, que concede a práticaaos pacientes que sejam adultos competentes, portadores de doenças terminais, não tendo previsão de cura e se encontram em situação de extremo sofrimento físico e psicológico.
Conforme explicita Pinto (2016) faltam dados da fonte bibliográfica citada o requerimento é feito pelo paciente à Comissão, podendo ser definidas as circunstâncias em que o paciente deseja submeter-se em sua abreviação da vida, que é realizada por um médico de confiança do paciente. Contudo, o médico responsável pela realização do procedimento, deverá consultar outro especialista que não tenha ligação com a equipe escolhida pelo paciente para uma última avaliação.
2.3.5 Colômbia
O único país a legalizar a eutanásia na América do Sul é a Colômbia. No ano de 1997, o Tribunal Constitucional descriminalizou a prática, entretanto, apenas em 2015 foram estipuladas as diretrizes de realização pelo Ministério da Saúde.
A Resolução 12.116/2015 do Ministério da Saúde e Proteção Social, regulamenta o ato, determinando que a morte digna deve ser obedecer a critérios e procedimentos estipulados em lei.
Nesse sentido:
Drogas intravenosas podem ser administradas por médicos, em hospitais, em pacientes adultos com doenças terminais que provocam dor intensa e sofrimento que não possam ser aliviados. O paciente deve, conscientemente, requisitar a morte assistida, que deve ser autorizada e supervisionada por um médico especialista, um advogado e um psiquiatra ou psicólogo. Além disso, a legislação atual não proíbe a assistência a pacientes estrangeiros (CASTRO, 2016, p.357).
Embora a terminalidade da doença seja um requisito fundamental para a realização da eutanásia, recentemente a corte colombiana autorizou a eutanásia de uma mulher chamada Martha Sepúlveda, de 51 anos.
Martha é portadora de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e apesar de ser uma doença incurável, a paciente não se encontra em estado terminal. Todavia, a mesma relata que a doença lhe impede de viver dignamente, proporcionando bastante sofrimento físico e mental. O procedimento havia sido agendado para o dia 10/11/2021, mas no dia anterior, a clínica se recusou a realizar o procedimento. Após recorrer ao Tribunal, o magistrado deferiu no dia 27/10/2021, o pedido de Martha para a realização de sua eutanásia. A decisão determinou que em 48 horas a clínica agendasse o procedimento junto à paciente. 
A decisão encontra muita resistência por parte da igreja católica e ainda cabe recurso.
2.3.6 Estados unidos
Os Estados Unidos da América, conhecido por ser a “terra dos bravos, e lar dos livres”, não possui previsão legal acerca da eutanásia e do suicídio assistido, sendo o ato e punido criminalmente.
No entanto, o suicídio assistido é legalizado em cinco estados no país, sendo
eles:
Oregon (a partir de 1997, através de lei aprovada em referendo popular e designada por Death With Dignity Act); - Washington (2008, após consulta popular referendária); - Montana (2009, por via jurisprudencial originada em caso concreto e firmada pela mais alta instância judicial do estado de Montana); - Vermont (2013, por lei denominada End of Life Choices Act); - California (2015, através da aprovação de uma lei chamada End of Life Option Act) (PINTO et al., 2016).
No Oregon, o primeiro estado a legalizar a prática, os requisitos são: possuir
18 anos completos; capacidade de expressar sua vontade; com residência no estado e ser portador de doença terminal, tendo sua expectativa de vida avaliada em 6 meses. Assim, sendo o caso, o paciente receberá medicamentos letais prescrito por médicos, e a medicação será administrada pelo próprio paciente de forma voluntária.
Em Washington o “ato de morrer com dignidade” como é chamado, recebeu diretrizes bastante semelhantes às do estado do Oregon.
No estado de Montana foi decretado pela Suprema Corte que o suicídio assistido não era ilegal, após um caso de um caminhoneiro aposentado chamado Robert Baxter, portador de uma doença terminal. Entretanto, em Montana, as diretrizes da realização da eutanásia não estão bem regulamentadas, sendo os requisitos básicos a maioridade, capacidade mental de discernimento e portar doença terminal.
Em Vermont, assim como nos outros estados, o suicídio assistido foi legalizado, apesar de que sua aplicação se deu de forma gradual, tendo em vista que muitos hospitais alegaram não possuir aptidão para realizar o procedimento.
Por fim, o estado da Califórnia legalizou no ano de 2015 o suicídio assistido, tendo por base as diretrizes do estado do Oregon.
Portanto, conclui-se que nos Estados Unidos, em âmbito federal, a eutanásia ativa é proibida, sendo que o suicídio assistido é regulamentado conforme as legislações estaduais.
2.3.7 Canadá
O Canadá foi o último país a legalizar a prática da eutanásia. Em 2015, a Suprema Corte, após muitos anos de debates, declarou ser inconstitucional a proibição da morte assistida, e na ocasião, concedeu o prazo de um ano para que as diretrizes fossem regulamentadas no texto normativo canadense. Nesse caso, a prática não seria ilegal, porém os médicos, em razão da falta de regulamentação, poderiam delimitar seus próprios preceitos.
A primeira província a regulamentar a morte assistida foi Quebec, que se baseou nas leis do estado americano do Oregon, com a exceção da exigência da expectativa de vida máxima de seis meses. Isso impulsionou os demais territórios a regulamentar a prática, utilizando os mesmos critérios de Quebec.
Os demais territórios que ainda não regulamentaram a morte assistida, os pacientes que desejam requerer o procedimento devem requerer a concessões judiciais.
2.4 PERSPECTIVAS ATUAIS E PROJETOS LEGISLATIVOS
No Brasil, ao contrário do que ocorre em outros países como os europeus, não fomenta um debate acerca da eutanásia ou morte assistida. Os temas mais abordados, principalmente em debates eleitorais são acerca da descriminalização do aborto, a legalização da maconha, corrupção e redução da maioridade penal. Além disso, o tema não conta com uma popularidade considerável.
No entanto, o ordenamento jurídico brasileiro conta com algumas iniciativas e projetos em tramitação. De contramão a descriminalização do procedimento, o projeto de Lei nº 236/12 do Senado Federal (novo Código Penal), traz em seu artigo 122, a tipificação do crime de eutanásia, nos seguintes termos: “art. 122. Matar, por piedade ou compaixão, paciente em estado terminal, imputável e maior, a seu pedido, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável em razão de doença grave: Pena – prisão, de dois a quatro anos” (BRASIL, 1940, online).
No caso da ortotanásia, o projeto prevê no §2º, a exclusão de ilicitude quando o autor deixa de fazer uso de meios artificiais para manter a vida do paciente em caso de doença grave e irreversível. Tal procedimento só será permitido com expresso consentimento do paciente e que a doença seja confirmada por outros dois médicos.
Os projetos de Lei 3002/2008 e 6715/2009 que trazem em seu texto a exclusão de ilicitude da ortotanásia, há mais de uma década tramitam no Congresso Nacional, sendo que nos últimos meses não tiveram nenhuma movimentação relevante.
No ano de 2018 uma proposta de emenda ao código penal, de autoria do senador Pedro Chaves (PSC/MS), estabelece em seu artigo Art. 13 (que trata dos crimes de omissão), o seguinte dispositivo:
§ 3º Não se considera omissão penalmente relevante a falta de instituição de suporte de vida ou a não realização de tratamento ou procedimento médico ou odontológico recusados expressamente pelo paciente ou, nos casos em que o paciente não possa expressar sua vontade, por seu representante legal (BRASÍLIA, 2018, online).consertar formatação. Sem itálico
A proposta visa legitimar a conduta do médico que pratica a eutanásia passiva e a ortotanásia, possibilitando uma maior proteção aos procedimentos omissivos que abreviam a vida de pacientes terminais.
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da saúde, propôs no ano de 2009 o Projeto de Lei 352/2019 objetivando as mesmas diretrizes. Atualmente o projeto foi apensado

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