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SUMÁRIO ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO ENSINO EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL ......................EFEN 05 O SISTEMA OFICIAL DE ENSINO PÚBLICO ................................EFEN 09 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .............................................EFEN 15 OS ANOS DE 1960 ATÉ AS DITADURAS .....................................EFEN 17 DITADURA MILITAR E O SISTEMA DE ENSINO (II) .....................EFEN 21 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .............................................EFEN 27 MUDANÇAS DE 1980 À ATUALIDADE NO ENSINO ....................EFEN 29 A NOVA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO ............EFEN 35 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .............................................EFEN 41 A EXPANSÃO RECENTE DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................EFEN 43 ENSINO MÉDIO .............................................................................EFEN 47 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .............................................EFEN 51 EDUCAÇÃO ESPECIAL .................................................................EFEN 53 PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO (PDE) ....EFEN 57 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .............................................EFEN 61 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. APOSTILA INTERNET ATIVIDADE ASSUNTO ATIVIDADE ASSUNTO 1 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL 1 Vídeoaula 1 2 O SISTEMA OFICIAL DE ENSINO PÚBLICO 2 Vídeoaula 2 3 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 3 Auto-avaliação 4 OS ANOS DE 1960 ATÉ AS DITADURAS 4 Vídeoaula 3 5 DITADURA MILITAR E O SISTEMA DE ENSINO (II) 5 Vídeoaula 4 6 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 6 Auto-avaliação 7 MUDANÇAS DE 1980 À ATUALIDADE NO ENSINO 7 Vídeoaula 5 8 A NOVA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO 8 Vídeoaula 6 9 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 9 Auto-avaliação 10 A EXPANSÃO RECENTE DA EDUCAÇÃO INFANTIL 10 Vídeoaula 7 11 ENSINO MÉDIO 11 Vídeoaula 8 12 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 12 Auto-avaliação 13 EDUCAÇÃO ESPECIAL 13 Vídeoaula 9 14 PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO (PDE) 14 Vídeoaula 10 15 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 15 Auto-avaliação REFERÊNCIA CRUZADA Estrutura e Funcionamento do Ensino ATIVIDADE 1 EFEN – 5 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 1EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL OBJETIVOS Para entendermos a evolução histórica da educação básica no Brasil é necessário entendermos o processo histórico, tentando identificar os condicionantes econômicos, políticos, sociais e culturais que lhe conferem determinadas especificidades. Além disso, ainda é de crucial importância identificarmos as tendências pedagógicas hegemônicas em momentos históricos específicos e sua materialização na estrutura e funcionamento da unidade escolar. Para tanto, trabalharemos alguns momentos históricos particulares, aceitos por pesquisadores da área da educação, tais como: Bárbara Freitag, Otaiza Romanelli etc. Podemos dizer que cada tendência pedagógica está diretamente ligada há seu tempo histórico e tem sua função na construção dos ideários sociais que predominam nesse tempo e dão determinadas especificidades à unidade escolar num plano macro- estrutural referente ao sistema de ensino nacional. Acerca de nossa passagem pela história da educação, objetiva-se pensá-la em quatro períodos: de 1500 a 1930, período da chegada dos jesuítas, seu método, bem como da educação no Brasil colonial e da reforma de Benjamin Constant; das décadas entre 1930 e 1960, em que avulta a Escola Nova e comentada de maneira breve em cada grau do ensino (primário, secundário etc). O terceiro período compreende o intervalo entre os anos de 1960 e o período da ditadura, cuja relação entre a política vigente no país (a ditadura militar) e a educação é de caráter extremamente tenso. E, por fim, os caminhos tomados pela educação brasileira de 1980 até os dias atuais. Cada período será analisado para que possamos concluir, em momento posterior, essa tentativa de compreensão do modo de funcionamento, estabelecimento e desenvolvimento do sistema educacional no Brasil, ou seja, da evolução da educação básica e de suas tendências pedagógicas. TEXTO ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL DE 1500 A 1930 A História da Educação no Brasil inicia-se no período colonial com a chegada dos jesuítas, em 1549, chefiados pelo Padre Manoel da Nóbrega. Observa-se um vácuo de aproximadamente cinco décadas entre o descobrimento e o início de atividades educacionais na colônia. Isso ocorreu devido a problemas de ordem administrativa da metrópole. EFEN – 6 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 1 Segundo Maria de Lourdes Mariotto Haidar (1983): A história da educação no Brasil inicia-se em 1549 com a vinda dos seis jesuítas que aqui aportaram em companhia do primeiro governa- dor-geral Tomé de Souza. A partir de então, e por mais de duzentos anos, ficou entregue, quase que com exclusividade, aos padres da Companhia de Jesus o ensino em nosso País. Atendendo aos propó- sitos missionários da Ordem e à política colonizadora inaugurada por D. João III, os jesuítas dedicaram-se fundamentalmente à catequese e à instrução do gentio, criando escolas de primeiras letras e instalando colégios destinados a formar sacerdotes para a obra missionária na nova terra. (p. 39). Não podemos deixar de reconhecer que os portugueses trouxeram ao Brasil um padrão de educação próprio da Europa. O objetivo básico dos jesuítas era catequizar os nativos do território conquistado. Para isso, precisavam transpor certas barreiras culturais, tais como o idioma, por exemplo. Fez-se fundamental ensinar aos nativos a ler e escrever em língua lusitana – uma atividade hercúlea há de se ressaltar, pois os indígenas sempre foram comunidades ágrafas. Em poucos anos, o sistema jesuítico estendeu-se para o sul da colônia. Em 1570, já havia cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Os jesuítas trouxeram também métodos pedagógicos. As escolas eram regulamentadas pelo documento Ratio Studiorum, escrito por Inácio de Loyola. Além do curso elementar, mantinham cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Era um plano elitista e universalista, pois era para ser aplicado em todos os lugares da colônia e elitista, pois quem estudava nesse momento histórico era o filho homem não primogênito da classe dominante. Filhos dos latifundiários, dos grandes fazendeiros. O filho mais velho era o herdeiro. A mulher, quando de família muito abastada, tinha nesse momento uma preceptora francesa. Durante aproximadamente dois séculos, houve hegemonia do método jesuítico na Educação da Colônia. Contudo, em 1759, o Marquês de Pombal expulsa hegemonicamente os jesuítas do território brasileiro, que levam consigo seu método baseado no Ratio Studiorum. Depois de treze anos foram implantadas as aulas régias, ministradas pelo clero secular que aqui permaneceu. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se tornavam “proprietários” vitalícios de suas aulas régias. ATIVIDADE 1 EFEN – 7 estrutura e Funcionamento do ensino Segundo Haidar (1983, p.40), “Quando em 1759, um decreto de Sebastião de Carvalho e Mello, Marquês de Pombal, expulsou os jesuítas de Portugal e seus domínios, ruiu totalmente o sistema de educação montado pelos padres da Companhia de Jesus em terras brasileiras”.Portanto, apesar de propor novos rumos para a educação, às intervenções do Marquês de Pombal foram catastróficas. Os jesuítas foram expulsos das colônias em função da grande dívida que Portugal assumiu em relação à Inglaterra que sai na frente com a manufatura, etapa do capitalismo em expansão, no plano cultural global tem-se o iluminismo, razão separada da religião. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência em que se encontrava frente a outras potências européias da época. Pelo alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo tempo em que suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as colônias, criou ainda a Diretoria de Estudos, que só passou a funcionar após o seu afastamento. Cada aula régia era autônoma e isolada, com professor único e sem articulação entre as unidades. A mudança da família real para a colônia, em 1808, iniciou uma nova fase da educação brasileira. D. João VI inaugurou academias militares, escolas de Direito e Medicina, a biblioteca real, o Jardim Botânico e a imprensa régia. Segundo alguns autores, a nossa história passou a ter maior complexidade a partir de algumas atitudes de D. João VI. A educação básica, no entanto, continuou a ter importância secundária. Sobre isso, Haidar (1983, p.41) afirma que “[...] a educação do povo se fez ao sabor dos interesses pessoais e políticos do Soberano no exercício de seu absoluto poder”. O rei português retorna ao seu país em 1821. No ano seguinte, seu filho D. Pedro I proclama a Independência do Brasil e, em 1824, outorga a primeira Constituição brasileira. O art. 179 do documento encerrava as seguintes palavras: “[...] a instrução primária é gratuita para todos os cidadãos”. Nos anos subseqüentes, houve várias iniciativas na tentativa de se aprimorar a educação no país. Algumas delas ergueram as bases do sistema adotado atualmente. Em 1823, por exemplo, para suprir a falta de professores, institui-se o Método Lancaster, ou “ensino mútuo”, no qual um aluno preparado (decurião) ensinava um grupo de dez alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor. Em 1826, um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. Um projeto de lei de 1827 propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, prevê o exame para seleção e nomeação de professores e propõe ainda a abertura de escolas para meninas. Em 1834, o Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam a serem responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Graças a isso, em 1835, surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói (Escola Normal de Niterói). Todavia, essas medidas bastante razoáveis não atingiram resultados satisfatórios devido às dimensões do Brasil. Tomar conta da imensa estrutura educacional recém-formada ainda estava longe de ser algo viável para o Império. Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na cidade do Rio EFEN – 8 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 1 de Janeiro, é criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário. Efetivamente o Colégio Pedro II não conseguiu se organizar até o fim do império para atingir tal objetivo. No Brasil imperial, muitos reclamavam da qualidade do sistema educacional. Sobre a Proclamação da República, Heládio Antunha (1983) afirma: A Primeira República, apesar de todas as tentativas feitas, não con- seguiria dar uma duração uniforme e uma estrutura básica ao ensino secundário, nem diminuir a sua dependência do superior. Note-se que, durante a Primeira República, o Governo Federal promoveu diversas reformas do ensino secundário e superior, por meio de leis e decretos que abrangiam ao mesmo tempo os dois níveis. (p. 64). REFERÊNCIAS ANTUNHA, H. C. G. A educação brasileira no período republicano. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. CHAGAS, V. Educação brasileira: o ensino de 1° e 2° graus. São Paulo: Pioneira, 1983. DEAN, B. A. et al. A história da educação no Brasil. 2007. Trabalho de Graduação – Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara. HAIDAR, M. de L. M. A instrução popular no Brasil, antes da República. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. MANNHEIM, K. Introdução à sociologia da educação. São Paulo: Cultrix, 1978. PILETTI, N.; PILETTI, C. Filosofia e história da educação. São Paulo: Ática, 1986. ANOTAÇÕES ATIVIDADE 2 EFEN – 9 estrutura e Funcionamento do ensino OBJETIVOS Apesar da aparente imagem negativa das medidas tomadas durante a Primeira República, o seguinte autor afirma que houve alguma melhora na consolidação do sistema educacional brasileiro no período: O início da efetiva instituição do sistema público de educação foi ine- gavelmente obra da República. O regime monárquico, ao findar-se, deixara um saldo de umas poucas escolas de nível superior e secun- dário mantidas pelo Governo Central, de algumas escolas de educação primária financiadas com recursos provinciais e locais de um número relativamente expressivo, porém absolutamente insuficiente, de esta- belecimentos de nível primário e secundário de iniciativa privada (de natureza confessional ou leiga). (ANTUNHA, 1983, p.63) A organização escolar, a partir do incremento da República, passou a ser influenciada pelo Positivismo de Comte. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios norteadores à liberdade e igualdade do ensino, bem como a gratuidade da escola primária. Esses princípios seguiam a orientação estipulada na Constituição brasileira. Uma das intenções da reforma era transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não apenas em uma espécie de preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica. O Código Epitácio Pessoa, de 1901, inclui a Lógica entre as matérias e retira a Biologia, a Sociologia e a Moral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento da científica. A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendia que o curso secundário se tornasse formador do cidadão e não simples promotor do indivíduo ao nível seguinte. Retomando a orientação positivista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se como possibilidade à oferta de um conhecimento que não seja transmitido por escolas oficiais. Além disso, prega a abolição do diploma em troca de um certificado de assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissão ao ensino superior. Os resultados desta Reforma foram desastrosos para a educação brasileira. A seguir, surge a Reforma João Luiz Alves, que introduz a cadeira de Moral e Cívica com a intenção de tentar combater os protestos estudantis contra o governo do presidente Artur Bernardes. Além dessas, foram realizadas diversas reformas de abrangência estadual, como as de Lourenço Filho, no Ceará, em 1923; a de Anísio Teixeira, na Bahia, em 1925; a de Francisco O SISTEMA OFICIAL DE ENSINO PÚBLICO EFEN – 10 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 2 Campos e Mario Casassanta, em Minas Gerais, em 1927; a de Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (então Rio de Janeiro), em 1928; e a de Carneiro Leão, em Pernambuco, em 1928. Heládio Antunha (1983, p.64, grifo do autor) afirma: Durante a Primeira República, isto, é, de 1889 a 1930, manteve-se a “dualidade de sistemas”, oscilando a política educacional do País entre as tendências centralizadoras e as descentralizadoras, ou seja, as que procuravam levar a uma maior ou menor participação e autoridade do Governo Federal nas questões educativas. É notável quão conturbada foram às tomadas de decisão relativas ao sistema educacional do Brasil nesse período.Os quatro primeiros séculos de nosso país foram marcados por iniciativas um tanto quanto desencontradas quando se pensa que o objetivo era o desenvolvimento de um setor cuja importância é fundamental para o bom estabelecimento de qualquer nação. Com a Proclamação da República institui-se como já explicitado o sistema nacional de ensino público. A república necessita desse sistema para se manter e também manter a nação republicana, criando a identidade nacional. Sem o sistema de ensino não se manteria a república e não se criaria o cidadão republicano. Nesse momento histórico aparece aquilo que se intitulou Pedagogia tradicional. Quem dirige o processo ensino-aprendizagem é o professor que deve deter os código cultural e transmiti-los para os alunos. Isso foi uma estratégia dos republicanos a fim de desarraigar os velhos modos de pensar e criar outros, ou seja, criar modos republicanos. Na unidade escolar, na sala de aula, a autoridade é o professor, é ele quem dirige o processo ensino-aprendizagem. ENTRE AS DÉCADAS DE 1930 A 1960 No Brasil houve, com a revolução de 1930, mudanças marcantes na educação. Esta começa a se articular como um sistema, operando segundo normas do Governo Federal. Nesse período, as principais providências tomadas foram à criação do Ministério da Educação e a Constituição de 1934, que incluiu um capítulo acerca da educação; capítulo esse que garantia a educação como direito de todos, a obrigatoriedade da escola primária integral, a gratuidade do ensino primário, a assistência aos estudantes necessitados etc. A partir de 1934, no entanto, o governo federal adquiriu novas responsabilidades: a função de integração e planejamento global da educação; a função normativa para todo o Brasil e todos os níveis educacionais; a função supletiva de estímulo EFEN – 11 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 2 e assistência técnica; a função de controle, supervisão e fiscalização. Já por volta de 1930, na Era Vargas, cujo modelo era o de início de substituições de importações, que foi de 1930 a aproximadamente1945 e a aceleração desse modelo compreende aproximadamente de 1945 a 1960, a tendência que vigorava era a que se convencionou chamar de Escola Nova, cujos princípios se encontram claramente expostos no Manifesto dos Pioneiros da Educação, publicado em 1932, e que apresentava algumas propostas e soluções para a educação brasileira. O que se queria na realidade era uma educação menos autoritária que a do momento anterior e que abarcasse todas as camadas sociais. A Escola Nova, dessa forma, via na educação um meio de democratização do ensino, a organização escolar deveria ser feita em grupos de interesse, nos quais os alunos não assumiam um papel passivo no processo ensino- aprendizagem. A educação deveria ser leiga e gratuita, todos os professores deveriam possuir o ensino superior. O papel do professor no processo ensino-aprendizagem deveria ser o de um articulador não mais considerando a criança como um pequeno adulto, mas valorizando os aspectos racionais, emocionais e físicos. Assim, numa escola com aspecto mais alegre, com menos rigidez, o aluno é o centro do aprendizado, em que pese à interação aluno-professor. Os trabalhos de desenvolvimento do aprendizado seriam efetuados em grupos pequenos de alunos que teriam à disposição variados recursos pedagógicos, o que os levaria a aprender a aprender, a raciocinar, ou seja, uma maneira de ensinar o que “[...] é mais importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito”.(LIBÂNEO, 1994, p. 168). Com o Estado Novo, que vigorou de 1937 a 1945, a Escola Nova perdeu sua força e somente retornou à cena na década de 1950. Após uma análise metódica sobre esse período percebe-se que a proposta pedagógica da Escola Nova nunca foi incorporada ao sistema de ensino, mas o ideário distorcido e manipulado politicamente o foi, se materializando no funcionamento da unidade escolar sobre o grotesco clichê do respeito às individualidades. O que realmente se materializou no sistema nacional foi o rebaixamento da qualidade do ensino público, já que não houve investimento por parte das políticas educacionais governamentais e muitos menos a preparação de profissionais. Ainda no que se refere à estrutura e ao funcionamento da unidade escolar, a autoridade e autonomia do professor ficaram seriamente prejudicadas, atingindo todos os patamares da unidade escolar. Segundo Dermeval Saviani, o uso distorcido do ideário dos escolanovistas foi uma estratégia de recuperar o poder das camadas dominantes, já que aqueles que estudavam e permaneciam na chamada escola tradicional, e ao se apropriarem dos códigos legítimos estavam causando problemas políticos sérios a essas camadas. Em 1946, o governo federal regulamentou pela primeira vez o ensino primário com uma lei que, segundo Valnir Chagas (1980, p.52-53, grifo do autor), propiciava: EFEN – 12 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 2 [...] o tríplice objetivo de desenvolvimento da personalidade, de preparação a vida cultural e familiar e à defesa da saúde, e de iniciação ao trabalho, tudo com um sentido acentuadamente brasileiro. Dividia-se escolarização em fundamental e supletiva, destinando aquela às crianças de 7 a 12 anos e esta aos adultos e adolescentes maiores de 13. A fundamental compreendia quatro anos do curso elementar e um do complementar, que era, no fundo, o anterior “cursinho” de adestramento para o exame de admissão ao ginásio. Por seu turno, o ensino secundário passou a ter objetivos de formação geral e a preparação para o ensino superior, de acordo com as reformas de 1931 e 1942. Assim se manifesta Francisco Campos, 1986 (apud PILETTI, N.; PILETTI, C., 1986, p.209-210), ministro da Educação, em sua exposição de motivos da reforma (Decreto n. 19.890/31): A finalidade exclusiva não há de ser a matrícula nos cursos superiores; o seu fim, pelo contrário, deve ser a formação do homem para todos os grandes setores da atividade nacional, constituindo no seu espírito todo um sistema de hábitos, atitudes e comportamentos que o habilitem a viver por si mesmo e a tornar em qualquer situação as decisões mais convenientes e mais seguras. O ensino secundário passou a dividir-se em dois ciclos: fundamental e complementar em 1931; ginasial e colegial em 1942. No complementar, o ensino visava a três áreas diferentes de interesse: as matérias de humanidades, de ciências naturais e biológicas e o estudo de matemática. O colegial dividia-se somente em duas partes, fazendo uma formação mais geral: os colegiais clássicos, que estudava Grego e Latim, Filosofia, História Natural, Português, Francês, Inglês, Matemática, Física, Química, História Geral, História do Brasil, Geografia Geral e Geografia do Brasil; e no científico mudava pouco, apenas a retirada do Grego e do Latim e a inclusão do Espanhol e Desenho, mas era predominante entre os alunos do colegial. Quanto ao ensino técnico-profissional, este passou a ter legislação nacional, a partir de 1942, quando foi regulamentado o ensino industrial; em 1943 quando foi regulamentado o ensino comercial; e em 1946, o ensino normal e o ensino agrícola. Assim também foram criados o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). A partir da Constituição 1946 houve avanços de participações populares na sociedade e eleições diretas para todos os níveis da população. Mesmo com algumas restrições, o partido comunista foi posto em ilegalidade, os analfabetos não puderam votar, mas, comparado ao governo anterior do Estado Novo, o Brasil viveu quase duas décadas de regime democrático e, conseqüentemente, houve um avanço da educação popular. A Constituição de 1946 reintroduziu alguns princípios da carta democráticade 1934, que foram suprimidos pela Carta ditatorial de 1937, e estabeleceu, como regra, mesmo com abertura à iniciativa particular, “o ensino ministrado pelo poderes públicos”. EFEN – 13 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 2 Numerosos movimentos de educação popular foram organizados, como a Campanha de Educação de Adultos, a partir de 1947 que teve, até 1950, o professor Lourenço Filho na direção dos trabalhos, de 1950 a 1954, a Campanha perdeu a característica de um movimento de mobilização nacional, sendo administrada pelo Ministério da Educação. REFERÊNCIAS ANTUNHA, H. C. G. A educação brasileira no período republicano. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. CHAGAS, V. Educação brasileira: o ensino de 1° e 2° graus. São Paulo: Pioneira, 1983. FENERICH, G. A. et al. A história da educação no Brasil. 2007. Trabalho de Graduação – Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara. HAIDAR, M. de L. M. A instrução popular no Brasil, antes da República. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. MANNHEIM, K. Introdução à sociologia da educação. São Paulo: Cultrix, 1978. PILETTI, N.; PILETTI, C. Filosofia e história da educação. São Paulo: Ática, 1986. ANOTAÇÕES EFEN – 14 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 2 ANOTAÇÕES EFEN – 15 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 3SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO TEXTO A História da Educação no Brasil inicia-se no período colonial com a chegada dos jesuítas, em 1549, chefiados pelo Padre Manoel da Nóbrega. Observa-se um vácuo de aproximadamente cinco décadas entre o descobrimento e o início de atividades educacionais na Colônia. Isso ocorreu devido a problemas de ordem administrativa da Metrópole. Os jesuítas trouxeram também métodos pedagógicos. As escolas eram regulamentadas pelo documento Ratio Studiorum, escrito por Inácio de Loiola. Além do curso elementar, mantinham cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Era um plano elitista e universalista, pois era para ser aplicado em todos os lugares da colônia e elitista, pois quem estudava nesse momento histórico era o filho homem não primogênito da classe dominante. Filhos dos latifundiários, dos grandes fazendeiros. O filho mais velho era o HERDEIRO. A mulher quando de família muito abastada tinha nesse momento uma preceptora francesa. Os jesuítas foram expulsos das colônias em função da grande dívida que Portugal assumiu em relação à Inglaterra que sai na frente com a manufatura, etapa do capitalismo em expansão, no plano cultural global tem-se o iluminismo - RAZÃO SEPARADO DA RELIGIÃO enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o noviciado. O início da efetiva instituição do sistema público de educação foi ine- gavelmente obra da República. O regime monárquico, ao findar-se, deixara um saldo de umas poucas escolas de nível superior e secun- dário mantidas pelo Governo Central, de algumas escolas de educação primária financiadas com recursos provinciais e locais de um número relativamente expressivo, porém absolutamente insuficiente, de esta- belecimentos de nível primário e secundário de iniciativa privada (de natureza confessional ou leiga). (ANTUNHA, 1983, p.63) Com a Proclamação da República institui-se como já explicitado o sistema nacional de ensino Público.A república necessita desse sistema para se manter e também manter a NAÇÃO REPUBLICANA, criando a identidade nacional. Sem o sistema de ensino não se manteria a República e não se criaria o cidadão republicano.Nesse momento histórico aparece aquilo que historicamente se intitulou PEDAGOGIA TRADICIONAL. Quem dirige o processo ensino aprendizagem é o professor que deve deter os código EFEN – 16 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 3 culturais e transmitir para os alunos.É uma estratégia dos republicanos para desarraigar os velhos modos de pensar e criar outros, ou seja, agora criar modos republicanos. Na unidade escolar, na sala de aula a autoridade é o professor é ele quem dirige o processo ensino aprendizagem. Por volta de 1930, na Era Vargas, cujo modelo era o de início de substituições de importações, que foi de 1930 a aproximadamente1945 e a aceleração desse modelo compreende aproximadamente de 1945 a1960, a tendência que vigorava era a que se convencionou chamar de Escola Nova, cujos princípios se encontram claramente expostos no Manifesto dos Pioneiros da Educação, publicado em 1932, e que apresentava algumas propostas e soluções para a educação brasileira.O que se queria na realidade era uma educação menos autoritária que a do momento anterior e que abarcasse todas as camadas sociais. A Escola Nova, dessa forma, via na educação um meio de democratização do ensino, a organização escolar deveria ser feita em grupos de interesse, nos quais os alunos não assumiam um papel passivo no processo ensino-aprendizagem. A educação deveria ser leiga e gratuita, todos os professores deveriam possuir o ensino superior. O papel do professor no processo ensino-aprendizagem deveria ser o de um articulador não mais considerando a criança como um pequeno adulto, mas valorizando os aspectos racionais, emocionais e físicos. Assim, numa escola com aspecto mais alegre, com menos rigidez, o aluno é o centro do aprendizado, em que pese à interação aluno-professor. Os trabalhos de desenvolvimento do aprendizado seriam efetuados em grupos pequenos de alunos, que teriam à disposição variados recursos pedagógicos, o que os levaria a aprender a aprender, a raciocinar, ou seja, uma maneira de ensinar em que “[...] é mais importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito”.(LIBÂNEO, 1994 p. 168). ANOTAÇÕES EFEN – 17 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 4 TEXTO Como se sabe o momento anterior é marcado pelo governo populista desenvolvimentista. A década de 60 é marcada pelas reivindicações das promessas feitas por esse governo. Havia duas formas de sanar a questão: 1. Cumprir as promessas do Estado Populista Desenvolvimentista e incluir as camadas médias e populares na participação econômica e cultural do país; 2. A outra, ou seja, a segunda opção, era a de criar um governo forte para frear as reivindicações dos setores populares e médios, abrir as portas para o mercado exterior e criar um mercado consumidor altamente elitista, já que aqueles setores seriam sufocados. Essa foi à saída encontrada e escolhida pelo governo. Portanto, o golpe militar foi uma maneira de viabilizar o modelo econômico e sufocar a reivindicações daqueles setores. Pensando-se em função de uma comparação da situação educacional com a situação por que passava o Brasil naquele momento, verificamos que o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) caracterizou-se pela criação de uma política voltada para o desenvolvimento econômico dependente, à medida que o Programa de Metas, uma das mais importantes realizações desse governo, fortalecia o setor privado, sobretudo aqueles ligados ao capitalismo mundial. Com JK, a industrialização (móvel do desenvolvimento) seria antes de qualquer coisa um dever, uma condição de vida, o que certamente alterou substancialmente as relações entre poder público e sistema econômico. O que nos faz concluir que com JK o compromisso nacional era exclusivamente ideológico e tático, o mesmo ocorrendo no aspecto educacional, pois no governo JK houve a preocupação de adequar a políticaeducacional às necessidades do desenvolvimento econômico. Em outras palavras, pode-se dizer que, durante o governo de JK, discutiu-se muito sobre a necessidade de adequação de uma educação ao propósito desenvolvimentista. Esta, segundo a política proposta, teve por caminho o fortalecimento do setor privado, o que resultou na aprovação da Lei 4.024. Entretanto, pouca alteração houve com essa nova proposta, que se baseara numa proposta de caráter meramente ideológico, que não atendia às exigências da realidade em questão. Por outro lado, o Manifesto dos Educadores apregoava que o ensino público, pelo fato de ser obrigatório e gratuito, era democrático, e possibilitava, de um lado, às camadas populares, uma via de acesso à participação na vida econômica, de forma menos discriminante, mais justa; de outro, acenava com a possibilidade de participação OS ANOS DE 1960 ATÉ AS DITADURAS EFEN – 18 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 4 mais consciente, e de bases mais amplas, afirmando, pois, o aspecto social da educação. Conclamava o Estado a assumir seus deveres democráticos de mantenedor do sistema escolar, estendendo-os a todos, indiscriminadamente. Pelo fato de a proposta educacional dos educadores não ter encontrado receptividade por parte da situação política vigente, mesmo tendo sido amplamente discutida e de ter potencial para modificar substancialmente o sistema educacional da época, nada mais ocorre e prevalece sobre a velha situação. Dizendo melhor: a proposta dos educadores também permaneceu apenas como proposta. Houve uma discussão sobre princípios, mas estes não puderam ser viabilizados, sobretudo porque iam contra a proposta política do governo. No período histórico em questão, poderíamos dizer, baseando-nos em Karl Mannheim (1978), que as técnicas sociais, recursos manipuladores da sociedade, entre as quais estariam a educação sistemática e a planificação, foram falhas na sociedade brasileira quanto à educação. No caso da Lei n. 4.024, por pressão da opinião pública dos centros mais importantes do país, tal como a Campanha em Defesa da Escola Pública, foram evitadas certas aberrações constantes do substituto Carlos Lacerda, como, por exemplo, vetaram- se ao Estado exercer ou, de qualquer modo, favorecer o monopólio do ensino. Além disso, pela mesma forma de pressão, foi preservado o direito público de inspecionar os estabelecimentos de ensino particular, para o efeito de reconhecimento, e no que se refere ao ensino superior, a possibilidade de suspender o reconhecimento, se constatada a infração da lei. Por outro lado, a questão da obrigatoriedade escolar do ensino primário, conquistado a duras penas, foi simplesmente oficialmente anulada, através de seu artigo 30, que constituem casos de isenção (da obrigatoriedade), além de outros previstos em lei: a) Comprovado estado de pobreza do pai ou responsável; b) Insuficiência de escolas; c) Matrículas encerradas; d) Doença ou anomalia grave da criança. No que se refere à liberdade de ensino, todavia, mantiveram-se as orientações do substituto Carlos Lacerda, permanecendo como fundamento da lei os direitos da família e a supremacia dos órgãos particulares, através da possibilidade de participação e decisão deste Conselho Estadual e Federal de Educação. Conclui-se então, que embora houvesse, na época, uma concordância, tanto EFEN – 19 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 4 no setor político-econômico, quanto no educacional, de que o desenvolvimento depende da educação como fator social construtivo, as formas de atuação política da Igreja e de intelectuais políticos como Carlos Lacerda e Santhiago Dantas foram suficientemente fortes para impedir que se criasse o sistema de que necessitávamos. A CAMINHO DA DITADURA MILITAR E A ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ENSINO Já entre os anos de 1961 a 1964, o Brasil encontrava-se com o estopim da bomba: a ditadura militar. Tudo contribuiu, desde a renúncia de Jânio Quadros: as pressões internas e externas que o país vinha sofrendo. Em educação, a centralização do poder também se fez presente, mesmo antes da “bomba” explodir. Apesar de ter sido curta a permanência do presidente Jânio Quadros no poder (31/01/1961 a 25/08/1961), consideramos importante tecer algumas considerações sobre a mesma, a fim de estabelecermos uma interligação entre as propostas anteriores e as propostas educacionais que se sucederam. A educação, no governo Jânio Quadros, apresentou-se como elemento chave no desenvolvimento nacional. Teve, portanto, a proposta de educação janista, como elementos fundamentais à elevação da cultura geral e à incorporação de bases sociais mais amplas. Entretanto, essas colocações permaneceram apenas em nível de propostas, assim como as dos setores sociais, econômicos e políticos. No governo João Goulart (1961-1964), foi instalado, em 12 de fevereiro de 1962, o Conselho Federal de Educação (CFE). A criação do Conselho Federal de Educação teve como respaldo a Carta de Punta Del Este, no que se referia a medidas de integração para garantia da soberania coletiva do sistema preconizou medidas de integração nacional, centralizando as decisões relativas à educação em geral, direcionando e avaliando as atribuições dos Conselhos Estaduais de Educação. Em setembro de 1962 o CFE aprovou o Plano Nacional de Educação para o período de 1962 a 1970. As estatísticas da Educação Nacional 1960/1971 do Ministério da Educação (MEC) concluíram que, apenas no que se refere ao ensino superior, essas metas foram atingidas; desse modo, a parcela da população que deveria estar no ensino médio, portanto, alfabetizada, permanecia ainda no ensino primário. Novamente o planejamento educacional permanecia no nível ideológico, não prevendo as condições de que dispunha para sua implantação. Como fatalmente se poderia prever, iria esbarrar em um sério empecilho a sua implementação: o da política governamental (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB), que previa a distribuição de bolsas de estudos a alunos pobres EFEN – 20 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 4 para pagarem colégios particulares. Essas bolsas, na realidade, revertiam em benefício dos proprietários dos colégios particulares, já que o governo pagava a estes para darem educação a quem supostamente não podia pagar. Isso conseqüentemente acarretou uma substancial diminuição do aumento da rede de escolas públicas, que poderia oferecer condições mais favoráveis de êxito escolar, ao mesmo tempo em que garantiria uma produtividade maior no sistema escolar como um todo, pois propiciaria um planejar com mais segurança. Sobre a situação educacional no Brasil dos anos 1961 a 1964, enfatizamos que também em educação houve a preocupação com a planificação. Essa planificação encontrou respaldo nas decisões que vinham sendo tomadas num nível mundial. Como em outros aspectos, também fracassou, à medida que sofreu a pressão das altas esferas administrativas do país. Entretanto, deu um passo decisivo para a centralização do Poder Executivo, com a criação do Conselho Federal de Educação, preparando o terreno para as resoluções posteriores. REFERÊNCIAS ANTUNHA, H. C. G. A educação brasileira no período republicano. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. CHAGAS, V. Educação brasileira: o ensino de 1° e 2° graus. São Paulo: Pioneira, 1983. HAIDAR, M. de L. M. A instrução popular no Brasil, antes da República. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. MANNHEIM, K. Introdução à sociologia da educação. São Paulo: Cultrix, 1978. PILETTI, N.; PILETTI, C. Filosofia e história da educação. São Paulo: Ática, 1986. ANOTAÇÕESEFEN – 21 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 5 TEXTO A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria. Este estilo populista e de esquerda chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA que, junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista. No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país. Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo. O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Neste, há a cassação dos mandatos políticos de opositores ao regime militar e retira-se a estabilidade de funcionários públicos. Em seguida, Castello Branco, general militar, foi eleito. Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar. Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados os funcionamentos de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares. Em outubro de 1964, o governo reestruturou a representação estudantil, eliminando a antiga estrutura de representação nacional (UNE – Lei 4.464 – conhecida como Lei Suplicy de Lacerda), determinando que a representação se limitasse ao âmbito de cada universidade, além disso, existiu o Decreto-lei 252/67, onde em seu artigo 2º vetava a ação dos órgãos estudantis em qualquer manifestação política partidária, racial ou religiosa, bem como apoiar ou insuflar movimentos grevistas dos estudantes, com isso os movimentos estudantis continuaram clandestinamente, deixando de ser movimentos DITADURA MILITAR E O SISTEMA DE ENSINO (II) EFEN – 22 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 5ATIVIDADE 5 estudantis propriamente ditos, para serem considerados movimentos políticos marginais. Evidentemente, neste regime de hegemonia absoluta do governo foi possível intensificar o plano da reforma de ensino. O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação. Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Quanto à educação, primária ou básica, tivemos, nesse período, como projeto prioritário do Programa Estratégico de Desenvolvimento, a denominada Operação-Escola. A Operação-Escola foi levada a cabo pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) e Instituto de Pesquisa Econômico-Social Aplicada (IPEA) juntamente com a reforma do ensino, e envolveu o cumprimento da obrigatoriedade escolar pela população de 7 a 14 anos nos grandes centros urbanos, tendo sido considerada como prioritária. No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial. O período de 1964 a 1969 foi, portanto, um período marcado pelas iniciativas que visaram assegurar a centralização das decisões governamentais, procurando transformar todas as instituições da sociedade em parcerias da concretização do projeto econômico de desenvolvimento. Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademarker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica). Em 1969, a junta militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como “anos de chumbo”. A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censurados. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do ATIVIDADE 5 EFEN – 23 estrutura e Funcionamento do ensino país. O Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) atua como centro de investigação e repressão do governo militar. As reformas educacionais compreendidas no período entre 1969 e 1971 foram direcionadas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais e Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IPES/IBAD) determinadas pelo Plano Decenal, ainda nos moldes dos acordos MEC/USAID, que consolidou a Lei da Reforma Universitária de 1968, cuja preocupação era obter a mão-de-obra qualificada para os altos escalões da indústria e da administração na qual houve e foi obtido um favorecimento em oposição à educação popular. As palavras “produção” e “produtividade” ganharam destaque no campo educacional advindas da produção do sistema educacional com relação ao número de profissionais qualificados e de mão-de-obra nos setores industriais e rurais, necessários ao desenvolvimento industrial. Permeada por uma linguagem científico-tecnocrata, precisa e convincente, repleta de símbolos e metáforas, grupos de trabalho são nomeados para planejar e propor medidas para atualização e expansão do ensino fundamental, como meio de ascensão social sem considerar a formação do indivíduo, e do colegial (hoje ensino médio) com uma generalização do ensino profissionalizante. Palavras consideradas “enfeites” foram utilizadas para calar as vozes dos educadores e especialistas em educação a favor de um discurso de uma ideologia da integração. Paralelo à elaboração da Lei n. 5.692/71, sua discussão pelo Congresso Nacional foi permeada por momentos de “apatia”, uma vez que as influências do Ato Institucional n. 5 ainda eram visíveis. A partir da revisão histórica do Congresso Nacional que a autora insere nesse contexto, percebemos o processo de seu emudecimento, devido ao enfraquecimento dos seus poderes com a extinção de partidos políticos e com as sucessivas cassações desses direitos. Diante disso, a força do Grupo de trabalho se sobrepujou às decisões tomadas. Nesse contexto, em 11 de agosto de 1971, ainda sob o acordo MEC/USAID, foi publicada a Lei de Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus n. 5.692. Ao considerar todaessa análise histórica e política da educação brasileira, Fazenda contempla-nos, em seu último capítulo, com uma análise dos periódicos e das falas dos educadores e sua repercussão junto à população, nos jornais de maior circulação no período de 60 a 71, que conduziram ao desejo reformista e que antecederam a Reforma de Ensino de 1º e 2º graus. Movimentos calados, dados estatísticos organizados e/ou forjados, benefícios dos métodos importados de ensino, matérias tendenciosas aos interesses do governo, aos interesses do pacto assumido com o objetivo de diminuir a taxa de analfabetismo e evasão, EFEN – 24 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 5 para ampliar o número de mão-de-obra disponível, o que sustentaria o desenvolvimento do país, foram meios utilizados para garantir a ausência de argumentação e a soberania do governo. Dá-se nesse momento histórico aquilo que se convencionou chamar de Escola Tecnicista ou Pedagogia Tecnicista, o processo ensino-aprendizagem tem por base o sistema fabril, a racionalidade técnica. A palavra de ordem é a produtividade e a racionalização do processo educacional para alcançar esse fim. No processo ensino-aprendizagem o eixo principal não será o professor, como na Pedagogia Tradicional, muito menos será o aluno, como na Pedagogia Nova. Agora o que assegurará o processo ensino- aprendizagem será os meios, materializados no material pedagógico. As conseqüências para a estrutura e funcionamento da unidade escolar e para o sistema de ensino são catastróficas, os agentes escolares perdem a autonomia e a qualidade de ensino é rebaixada ainda mais. É nesse momento que o Brasil importa computadores e máquinas de ensinar dos Estados Unidos, já completamente obsoletas. É o auge da psicologia comportamentalista, do behaviorismo. Em 1974, assume a presidência o general Ernesto Geisel, que começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos internacionais diminuem. Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog é assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante. Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil. A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). No dia 30 de abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado. Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país. ATIVIDADE 5 EFEN – 25 estrutura e Funcionamento do ensino Os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos. Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados. No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal. Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país. REFERÊNCIAS ANTUNHA, H. C. G. A educação brasileira no período republicano. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. CHAGAS, V. Educação brasileira: o ensino de 1° e 2° graus. São Paulo: Pioneira, 1983. HAIDAR, M. de L. M. A instrução popular no Brasil, antes da República. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. MANNHEIM, K. Introdução à sociologia da educação. São Paulo: Cultrix, 1978. PILETTI, N.; PILETTI, C. Filosofia e história da educação. São Paulo: Ática, 1986. ANOTAÇÕES EFEN – 26 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 5 ANOTAÇÕES ATIVIDADE 6 EFEN – 27 estrutura e Funcionamento do ensino TEXTO Já entre os anos de 1961 a 1964, o Brasil encontrava-se com o estopim da bomba ditadura acesso. Tudo contribuiu, desde a renuncia de Jânio Quadros: as pressões internas e externas que o país vinha sofrendo. Em educação, a centralização do poder também se fez presente, mesmo antes da “bomba” explodir. Sobre a situação educacional no Brasil dos anos 1961 a 1964, enfatizamos que também em educação houve a preocupação com a planificação. Essa planificação encontrou respaldo, mas nas decisões que vinham sendo tomadas num nível mundial. Como os outros aspectos, também fracassou, na medida em que sofreu a pressão das altas esferas administrativas do País. Entretanto, deu um passo decisivo para a centralização do Poder Executivo, com a criação do Conselho Federal de Educação, preparando o terreno para as resoluções posteriores. O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação. As reformas educacionais compreendidas no período entre 69-71 foram direcionadas pelo IPES/IBAD (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais e Instituto Brasileiro de Ação Democrática) determinadas pelo Plano Decenal, ainda nos moldes dos acordos MEC/USAID, que consolidou a Lei da Reforma Universitária de 1968, cuja preocupação era para com a mão-de-obra qualificada para os altos escalões da indústria e da administração na qual houve e que obteve um favorecimento em oposição à educação popular. As palavras “produção” e “produtividade” ganharam destaque no campo educacional advindas da produção do sistema educacional com relação ao número de profissionais qualificados e de mão-de-obra nos setores industriais e rurais, necessários ao desenvolvimento industrial. Permeada por uma linguagem científico-tecnocrata, precisa e convincente, repleta de símbolos e metáforas, grupos de trabalho são nomeados para planejar e propor medidas para atualização e expansão do ensino fundamental, como meio de ascensão social sem considerar a formação do indivíduo, e do colegial (hoje ensino médio) com uma generalização do ensino profissionalizante. Palavras consideradas “enfeite” foram utilizadas para calarem as vozes dos educadores e especialistasem educação a favor de um discurso de uma ideologia da integração. Dá-se nesse momento histórico aquilo que se convencionou chamar de ESCOLA TECNICISTA ou PEDAGOGIA TECNICISTA, o processo ensino aprendizagem tem por base o sistema fabril, a racionalidade técnica. A palavra de ordem é a produtividade E a racionalização do processo educacional para alcançar esse fim.No processo ensino aprendizagem o eixo principal não será o professor, como na Pedagogia Tradicional, muito menos será o aluno, como na Pedagogia Nova. Agora o que assegurará o processo ensino aprendizagem serão os meios, materializados no material pedagógico.As conseqüências SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO EFEN – 28 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 6 para a estrutura e funcionamento da unidade escolar e para o sistema de ensino, são CATASTRÓFICAS, os agentes escolares perdem a autonomia e a qualidade de ensino é rebaixada ainda mais. É nesse momento que o Brasil importa computadores e máquinas de ensinar dos Estados Unidos, já completamente obsoletas. É o auge da psicologia comportamentalista, do behaviorismo. ANOTAÇÕES ATIVIDADE 7 EFEN – 29 estrutura e Funcionamento do ensino TEXTO A década de 80 foi extremamente significativa para a historia nacional: passamos do período do milagre econômico para uma década de grande recessão econômica e inflação galopante – esta década ficou conhecida como a década perdida. Saímos da ditadura militar para um processo de redemocratização da política, aliando a luta de vários setores da sociedade e de instituições classistas como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outros. Na esteira deste processo, a educação nacional sofre fortes mudanças, no geral, para pior, a despeito dos muitos esforços que buscavam sua melhoria. A abertura política e a saída dos militares da cena política brasileira trazem à tona a necessidade de criação de uma nova Constituição e uma nova lei de diretrizes e bases da educação brasileira. A antiga LDB já não atende às necessidades dos problemas da realidade educacional do país. Alguns aspectos relevantes deste processo foram às inúmeras contradições geradas entre o poder centralizador do governo federal – ainda que os militares estivessem enfraquecidos – e a busca pela descentralização – ampliada pelo caráter clientelista deste. Neste sentido, o governo federal atuava no controle das verbas, dos critérios de distribuição dos recursos etc, e atuava junto aos municípios. Isso gerava uma dualidade entre a realidade educacional dos Estados e os municípios, caracterizando como dramático o quadro educacional da década de 80. No fim do regime militar, a discussão sobre as questões educacionais já havia perdido o seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Para isso contribuiu a participação mais ativa de pensadores de outras áreas do conhecimento que passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que as questões pertinentes à escola, à sala de aula, à didática, à relação direta entre professor e estudante e à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas durante os regimes militares, profissionais de outras áreas, distantes do conhecimento pedagógico, passaram a assumir postos na área da educação e a concretizar discursos em nome do saber pedagógico. No bojo da nova Constituição, um projeto de lei para uma nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo deputado Octávio Elísio, em 1988. No ano seguinte o deputado Jorge Hage enviou à Câmara um substitutivo ao projeto e, em 1992, o senador Darcy Ribeiro apresenta um novo projeto que acabou por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos após o encaminhamento do deputado Octávio Elísio. A Constituição Federal de 1988 enuncia o direito à educação como um direito social no artigo 6º; especifica a competência legislativa nos artigos 22, XXIV e 24, IX; dedica MUDANÇAS DE 1980 À ATUALIDADE NO ENSINO EFEN – 30 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 7 toda uma parte do título da ordem social para responsabilizar o Estado e a família, tratar do acesso e da qualidade, organizar o sistema educacional, vincular o financiamento e distribuir encargos e competências para os entes da federação. Além do regramento minucioso, a grande inovação do modelo constitucional de 1988 em relação ao direito à educação decorre de seu caráter democrático, especialmente pela preocupação em prever instrumentos voltados para sua efetividade. Durante a década de 80 vários projetos de lei foram tramitados, e a tendência privatista da educação brasileira começou a se estabelecer, apesar do governo oferecer educação a todos. A participação da iniciativa privada na educação é admitida pela Constituição Federal subordinada ao cumprimento das normas gerais da educação nacional e autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público, nos termos do artigo 209. Esses são requisitos específicos, aos quais se somam os gerais previstos no título da ordem econômica e financeira, que disciplinam a iniciativa privada como um todo e justificam a intervenção estatal em caráter de fiscalização e controle junto às instituições de ensino particulares no plano de seu desempenho econômico e financeiro. A atividade educacional exercida pela iniciativa privada não perde o caráter eminentemente público. A previsão de autorização prévia e de controle de qualidade na matéria educacional determina o estabelecimento de critérios, seja em relação ao próprio desempenho da atividade educacional como ao modo de operacionalizá-la. Na verdade, ainda que a educação seja prestada sob regime de direito privado, a subsunção aos demais princípios e valores registrados na Constituição se mantém. O que não poderia ser diferente, à medida que se enuncia a educação como um direito de todos. Além disso, a Constituição prevê hipóteses de destinação de recursos públicos para escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas, mediante cumprimento de requisitos específicos. A isso se somam as hipóteses de imunidade tributária previstas nos artigos 150, VI, c e 195, parágrafo 7º. Em que pese o incentivo às instituições educacionais sem fins lucrativos, a Constituição delineia claramente a prioridade de investimento na sua rede de ensino, conforme registra o parágrafo 1º do artigo 213. Ou seja, em princípio a educação deve ser prestada pelo Estado e a atuação da iniciativa privada tem caráter suplementar, ao contrário da regra geral relativa à atuação estatal no domínio econômico. Enfim, no plano constitucional a atuação da iniciativa privada em matéria de educação é admitida em caráter suplementar ao papel do Estado, incentivada se ausente o fim lucrativo, mas sempre estruturada sobre princípios e valores de ordem pública. Contrariando todos os anseios dos diversos setores sociais, políticos, intelectuais entre outros, a “Nova República” manteve e, até mesmo, aprofundou as ATIVIDADE 7 EFEN – 31 estrutura e Funcionamento do ensino contradições e o controle do Estado federal sob as políticas educacionais. Dessa forma, tal posição política gerou entre os três níveis de governo, no que diz respeito à educação, duplicação, sobreposição e má gerência dos recursos impedindo que se formulasse um projeto integrado de educação. A década de 90 marca a entrada do Brasil na nova divisão internacional da economia mundial via abertura econômica, privatizações etc, desencadeada a partir do governo Collor e aprofundada nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso. Assim, várias reformas foram implementadas, como por exemplo, a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996, no primeiro mandato de FHC. Como o governo adotou os receituários dos organismos internacionais que se pautavam em imperativos financeiros e competitivos,incorporando-os à nova lei da educação, o que levou a significativas mudanças no cenário educacional brasileiro, temos uma série de medidas que evidenciam tal opção: a própria LDB é permeada de contradições, ambigüidade e reflete a diretriz neoliberal adotada no governo FHC. A partir da década em questão, a educação passa a ser vista como pertencendo à esfera do mercado e, portanto, objeto das políticas neoliberais preconizadas pelos diversos organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e outros. Dentro da postura neoliberal deste governo, um dos elementos principais é a idéia de Estado mínimo e de competitividade. Assim, a idéia de Estado mínimo prega, de um lado, a redução dos gastos públicos e, de outro, que sua função passaria a ser a de agir no sentido de retirar os possíveis entraves ao capital. Na busca de se inserir na economia global, dá-se início à reestruturação produtiva da economia nacional o que implica avanço da competição tanto intranacional quanto internacional. Assim, uma grande parte das medidas preconizadas pelo FMI para os países que se preparam para um crescimento econômico sadio consiste em reduzir o volume do déficit público e transferir o controle dos recursos nacionais do Estado para o setor privado. Com isso, podemos falar que o Estado brasileiro caminha a passos largos em direção à privatização do ensino, sendo esta a etapa final do processo de sucateamento do sistema educacional. Neste período, do fim do regime militar aos dias de hoje, a fase politicamente marcante na educação foi o trabalho do economista e ministro da Educação Paulo Renato de Souza. Logo no início de sua gestão, através de uma medida provisória, extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. Essa mudança tornou o conselho menos burocrático e EFEN – 32 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 7 mais político. Jamais houve execução de tantos projetos na área da educação numa só administração. O mais contestado deles foi o Exame Nacional de Cursos e o seu “Provão”, onde os alunos das universidades têm de realizar uma prova ao fim do curso para receber seus diplomas. Esta prova, em que os alunos podem simplesmente assinar a ata de presença e se retirar sem responder nenhuma questão, é levada em consideração como avaliação das instituições. Além do mais, entre outras questões, o exame não diferencia as regiões do país. Podemos dizer que a história da educação brasileira tem um princípio, meio e fim bem demarcado e facilmente observável. Ela é feita em rupturas marcantes, onde em cada período determinado teve características próprias. A bem da verdade, apesar de toda essa evolução e rupturas inseridas no processo, a educação brasileira não evoluiu muito no que se refere à questão da qualidade. As avaliações, de todos os níveis, estão priorizadas na aprendizagem dos estudantes, embora existam outros critérios. O que podemos notar, por dados oferecidos pelo próprio Ministério da Educação, é que os estudantes não aprendem o que as escolas se propõem a ensinar. Somente uma avaliação realizada em 2002 mostrou que 59% dos estudantes que concluíam a 4ª série do ensino fundamental não sabiam ler e escrever. Concluímos que muitos foram os percalços e as rupturas pelos quais passaram a educação no Brasil. Pode-se dizer, e isso é inegável, de caráter negativo, em certo ponto, mas muito natural, por outro, que o sistema educacional sempre se vê à mercê dos acontecimentos históricos. De maneira geral, desde 1500, até os dias atuais, fica clara, na educação, a marca das decisões políticas, dos acordos sociais e das oscilações, positivas ou negativas da economia. É muito provável que estejamos próximos de uma nova ruptura. E esperamos que ela venha com propostas desvinculadas do modelo europeu de educação, criando soluções novas em respeito às características brasileiras. Como fizeram os países do bloco conhecidos como “Tigres Asiáticos”, que buscaram soluções para seu desenvolvimento econômico investindo em educação. Ou como fez Cuba que, por decisão política de governo, erradicou o analfabetismo em apenas um ano e trouxe para a sala de aula todos os cidadãos cubanos. Na evolução da história da educação brasileira a próxima ruptura precisaria implantar um modelo que fosse único e eficaz para atender as necessidades de nossa população. EFEN – 33 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 7 REFERÊNCIAS ANTUNHA, H. C. G. A educação brasileira no período republicano. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. CHAGAS, V. Educação brasileira: o ensino de 1° e 2° graus. São Paulo: Pioneira, 1983. HAIDAR, M. de L. M. A instrução popular no Brasil, antes da República. In: BREJON, M. (Org.). Estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus. 16. ed. São Paulo: Pioneira, 1983. MANNHEIM, K. Introdução à sociologia da educação. São Paulo: Cultrix, 1978. PILETTI, N.; PILETTI, C. Filosofia e história da educação. São Paulo: Ática, 1986. ANOTAÇÕES EFEN – 34 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 7 ANOTAÇÕES ATIVIDADE 8 EFEN – 35 estrutura e Funcionamento do ensino OBJETIVOS Veremos nos próximos três capítulos A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de acordo com a LDB 9.394/96 e a Estrutura Didática do Sistema de Ensino Brasileiro. TEXTO Com a promulgação da Lei de Diretrizes e bases 9.394/96, a estrutura didática do sistema de ensino brasileiro passa a ter dois níveis: ► Educação básica; ► Ensino superior. Tal afirmação pode ser vista no corpo da Lei 9.394/96. Art. 21. A educação escolar compõe-se de: I - Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II - Educação superior. Sendo assim a estrutura didática da educação básica é composta por três níveis. São eles: 1) Educação infantil; 2) Ensino fundamental; 3) Ensino médio. Em seu artigo 22 do capítulo II, Da Educação Básica, nas Disposições Gerais, a lei institui que tais níveis têm funções comuns: Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer- lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. EDUCAÇÃO INFANTIL A educação infantil é o primeiro nível da educação básica. Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30. A educação infantil será oferecida em: A NOVA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO EFEN – 36 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 8 I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Pode-se falar de “educação infantil” em um sentido bastante amplo, envolvendo toda e qualquer forma de educação da criança na família, na comunidade, na sociedade e na cultura em que viva. Mas há outro significado, mais preciso e limitado, consagrado na Constituição Federal de 1988, que se refere à modalidade específica das instituições educacionais para a criança pequena, de 0 a 6 anos de idade. Essas instituições surgem durante a primeira metadedo século XIX, em vários países do continente europeu, como parte de uma série de iniciativas reguladoras da vida social, que envolvem a crescente industrialização e urbanização. A grande expansão das relações internacionais, na segunda metade do século XIX, proporciona a difusão das instituições de educação infantil, que começam a chegar ao Brasil na década de 1870. No Livro do Centenário não há destaque à recente chegada de jardins-da-infância, escolas maternais e creches ao país, mas se trata de questões relacionadas às políticas sociais, que crescentemente vinham sendo objeto de discussão pelos setores que se organizam em torno do tema. O jornal Mãe de Família tem importância para nossa história, pois remete à primeira referência da creche de que se tem registro no país, apresentada logo após o seu primeiro editorial e publicada em partes até a sexta edição. A matéria chama-se “A creche (asilo para a primeira infância)”. As salas de asilo surgiram na França, passando a se chamar depois “escolas maternais”. Não apenas as pobres, mas também as de classe média e alta e mesmo as pertencentes às famílias da Corte, no Rio de Janeiro, encontrariam no “jardim-da-infância” um lugar propício ao seu desenvolvimento e ao cultivo de bons hábitos. A creche, para os bebês, cumpriria uma função de apoio à família e seria exclusivamente para quando as mães necessitassem trabalhar. Isso significava, à época, as mulheres pobres e operárias. Até então, apenas crianças pequenas sem família eram atendidas em instituições. E a ênfase está no suporte às famílias pobres, até mesmo para evitar que lhes sobrasse apenas à opção de abandonar seus filhos naquelas instituições, que apesar disso continuaram a existir por boa parte do século XX. A “proteção à infância” é o novo motor que impulsionam a criação de uma ATIVIDADE 8 EFEN – 37 estrutura e Funcionamento do ensino série de associações e instituições para cuidar da criança sob diferentes aspectos: da saúde e sobrevivência – com os ambulatórios obstétricos e pediátricos; dos seus direitos sociais – com as propostas de legislação e de associações de assistência; da sua educação e instrução – com o reconhecimento de que estas possam ocorrer desde o nascimento, tanto no ambiente privado como no espaço público. Menezes Vieira, médico que se notabilizou na área educacional, funda em 1875 o primeiro jardim-da-infância particular do Brasil, anexo ao seu colégio no Rio de Janeiro; mais tarde, será responsável pelo Pedagogium, instituição criada pelo governo republicano com o intuito de subsidiar a educação, em que havia uma seção dedicada ao jardim. Em 1882, Rui Barbosa, em seu parecer sobre a reforma do ensino primário, dedica um capítulo ao estudo do jardim-da-infância, considerando-o o primeiro estágio do ensino primário, visando ao desenvolvimento harmônico da criança. Vinelli (2007), ao falar das creches no jornal A Mãe de Família, fala na instituição para atender à pobreza, em especial as crianças negras libertas pela Lei do Ventre Livre. O jardim-da-infância cumpriria um papel de “moralização” da cultura infantil, na perspectiva de educar para o controle da vida social, preocupado que estava com os conflitos espelhados em suas brincadeiras. Tratava-se de europeizar o modo de vida, por meio de um programa que imitasse os contos e os jogos das salas de asilo francesas, elaboradas pela educadora Pape Carpentier, e dos jogos da Madame Portugal, inspetora dos jardins-da-infância de Genebra. A idéia de que caberia ao Estado articular a iniciativa privada como forma de implementação de uma política de educação infantil era reforçada em sua conclusão. Somente no período republicano é que encontramos referência à criação de creches no país. A primeira delas, vinculada a Fábrica de Tecidos Corcovado no Rio de Janeiro, é inaugurada em 1899, mas a criação de jardins-da-infância municipais ocorre apenas a partir de 1909. O Decreto Municipal 377, de 23/3/1897, chegou a prever que, gradualmente, o ensino primário fosse exclusivamente feminino, aí incluídas as classes de jardim-da- infância. Geralmente as mulheres que atuavam diretamente com as crianças nas creches não tinham qualificação, mas é de se supor que muitas das que participavam ativamente da supervisão, da coordenação e da programação das instituições eram professoras, carreira escolar que se oferecia para a educação feminina, inclusive para as religiosas, responsáveis pelo trabalho em várias creches. A educação da mulher previa a sua preparação nos mistérios da puericultura, de modo que se tornassem mães-modelo. Hugo Pizzoli, em suas reflexões, se desloca do seu lugar de médico para EFEN – 38 estrutura e Funcionamento do ensino ATIVIDADE 8 assumir o de educador, como tantos outros o fizeram, e anuncia a ênfase que a pedagogia começa a dar à psicologia, à higiene e ao desenvolvimento físico como base da educação, como fonte do “revigoramento da raça”. O processo de organização do Estado, que se acentua a partir de 1930, irá se estabelecer na tensão entre a legislação e a falta de meios, de regulamentação, de compromisso com as políticas sociais. A primeira regulamentação do trabalho feminino ocorre em 1923, prevendo que os estabelecimentos de indústrias e comércio deveriam facilitar a amamentação durante a jornada, com a instalação de creches ou salas de alimentação próximas ao local de trabalho. Em 1932 regulamenta-se o trabalho da mulher, tornando-se obrigatório às creches em estabelecimentos pelo menos 30 mulheres maiores de 16 anos, medida que vai integrar a CLT e depois constar dos direitos sociais da Constituição de 1988 de forma mais ampla, prevendo educação infantil gratuita aos filhos de 0 a 6 anos de idade para pais e mães trabalhadores, mas que nunca chega a ser aplicada de forma generalizada. Embora as creches e as pré-escolas para os pobres fiquem alocadas à parte dos órgãos educacionais, suas inter-relações se impõem pela própria natureza das instituições. No Estado de São Paulo, desde dezembro de 1920, a legislação previa a instalações de escolas maternais, preferencialmente junto a fábricas que oferecessem locais e alimento para as crianças, ocupando-se também da instalação de creches, pois as poucas empresas que se propunham a atender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berçário. O regulamento das escolas maternais considerava como sua finalidade prestar cuidados aos filhos de operários. Em 1925 cria-se o cargo de inspetor para as escolas maternais e creches, ocupado por Joanna Grassi Fagundes, que havia sido professora jardineira e depois diretora do Jardim-da-infância Caetano de Campos. O programa educacional do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, 1932, prevê o “desenvolvimento das instituições de educação e assistência física e psíquica às crianças na idade pré-escolar (creches, escolas maternais e jardins-da-infância) e de todas as instituições pré-escolares e pós-escolares”. Aos poucos, a nomenclatura vai deixar de considerar a escola maternal como se fosse aquela dos pobres, em oposição ao jardim- de-infância, passando a defini-la como a instituição que atenderia a faixa etária dos 2 aos 4 anos, enquanto o jardim atenderia de 5 a 6 anos. Mais tarde, essa especialização etária irá se incorporar aos nomes das turmas em instituições com crianças de 0 a 6 anos (berçário, maternal, jardim e pré). Em 1949 começa o Curso de Especialização em Educação Pré-Primária no IERJ, reconhecido inicialmente como pós-normal e posteriormente como curso superior. Em 18 anos, o curso forma 549 educadoras de escolas maternais e jardins-da-infância. Uma nova instituição, o Parque Infantil, começa a se estruturar no município ATIVIDADE 8 EFEN – 39 estrutura e Funcionamento do ensino de São Paulo, vinculado ao recém-criado Departamento
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