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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 91 Ometto (1981) detalha um método simples que permite estimar as temperaturas-limite requeridas por uma dada cultivar. Argumenta-se que cada cultivar exige um determinado número de graus-dia para com- pletar o ciclo vegetativo, o qual constituiria a sua "constante térmica". Assim, conhecida a "constante térmica" da cultura e as temperaturas máxima e mínima diárias esperadas (valores médios) em determinada área, seria fácil estimar a duração do ciclo vegetativo e estabelecer a época do plantio em função da ocasião mais interessante para a colheita. Essa técnica, evi- dentemente, só funcionaria a contento naquelas áreas em que as médias das temperaturas máxima e mínima (decendiais ou mensais) não variassem significativamente de um ano para outro e cujos valores diários não oscilassem muito em torno do respectivo valor médio. O conceito de grau-dia que, segundo Chang (1968), vem sendo desenvolvido há mais de 200 anos, é susceptível de inúmeras críticas. A mais séria delas reside no fato da tempera- tura ambiente não ser o único fator condicionante do desenvolvimento de uma planta. Logo, a "constante térmica" deve variar de um local para outro, ou de um ciclo para outro, no mesmo local, o que efetivamente se observa. O conceito de grau-dia também é empregado para acompanhar o desenvolvimento de animais, particularmente de insetos (Neto et al., 1977). 12. Temperatura do solo. A permeabilidade da membrana citoplasmática, a viscosidade do protoplasma e a pró- pria atividade metabólica das células das raízes, assim como o crescimento radicular, depen- dem da temperatura do solo que, desse modo, interfere na absorção. As raízes da melancia e do algodão herbáceo, por exemplo, quando a temperatura do solo é mantida a 10 oC, conse- guem absorver apenas 20% da água que absorvem a 25 oC (Meyer et al., 1965). Também é notória a influência que a temperatura do solo exerce na germinação. Isso ilustra a importância do estudo da temperatura do solo, para fins agrícolas. 12.1 - Oscilação diária e anual. A superfície do solo se aquece principalmente por absorção de energia solar. Quer du- rante o dia, quer à noite, ocorrem trocas de calor entre a superfície do solo e a atmosfera, tanto por condução quanto por irradiação. Também há intercâmbio de calor entre a superfície do solo e a atmosfera nos processos de evaporação e condensação da água, assim como, em deter- minadas áreas, como conseqüência da fusão de gelo ou de neve, existente sobre a superfície. No interior do solo, o transporte de calor se faz por condução e, através da água, por convec- ção. Pode-se, mencionar, ainda, a ocorrência de reações exotérmicas e endotérmicas, pura- mente químicas, ou decorrentes da atividade biológica de microorganismos telúricos. A temperatura do solo, tanto à superfície como em qualquer nível mais abaixo, pode variar bastante no espaço e com o tempo. De vez que o fluxo de calor no solo é condicionado principalmente pela absorção de energia solar à superfície, a oscilação da temperatura do solo apresenta um ciclo diário e outro anual, que, embora com uma certa defasagem, acompanham os respectivos movimentos aparentes do Sol. Essas defasagens se explicam porque o fluxo de calor no interior do solo é ralativamente lento. Assim, o instante em que se verifica a temperatu
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