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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 102 O + O + M ⇒ O2 + M O2 + O + M ⇒ O3 + M. A presença da molécula (M) de um gás qualquer é importante para absorver a energia química liberada durante a combinação. Sem ela o produto final seria instável e tornaria a se dissociar (Fleag e Bussinger, 1963). A essa liberação de energia é que se atribui o aqueci- mento da atmosfera observado em torno dos 50 km de altitude. As reações apresentadas ocorrem em níveis elevados, sendo a última delas responsá- vel pela formação de quase todo o ozônio presente no ar. As descargas elétricas que se verifi- cam na atmosfera também produzem ozônio, mas a quantidade formada é insignificante quan- do comparada àquela devida ao processo de recombinação fotoquímica (Retallack, 1971). O ozônio é encontrado desde níveis próximos da superfície terrestre até cerca de 100 km de altitude. A camada compreendida entre 10 e 70 km, por ser a mais rica em ozônio, é conhecida como ozonosfera. A concentração desse gás varia com a latitude e, em uma dada latitude, com a época do ano, com a hora do dia e, ainda, com a maior ou menor atividade do Sol. Quando se considera a média espácio-temporal para todo o planeta, a maior concentração de O3 se situa em torno de 35 km de altitude (Dobson, 1968). O ozônio é um gás instável. Ao absorver radiação solar ultravioleta, de comprimento de onda compreendido entre 2,3x10-4 cm e 2,9x10-4 cm, se dissocia, produzindo uma molécula e um átomo de oxigênio. Estudos da distribuição de ozônio na atmosfera revelam haver um equilíbrio entre os processos naturais de gênese e destruição desse gás, já que sua concentração média vinha se mantendo praticamente constante e no nível conveniente aos seres vivos. Além da fotodissoci- ação, o mais eficiente processo ozonolítico, há outros mecanismos naturais de destruição des- se gás. Parte do O3 gerado na alta atmosfera difunde-se para baixo, atingindo a camada justa- posta à superfície. No entanto, a quantidade de radiação ultravioleta que chega a esse nível é pequena (pois foi quase completamente absorvida pelo próprio ozônio, antes mesmo de atingir 20 km de altitude), não sendo suficiente para dissociar todo o gás que migra para a camada mais baixa. Desse modo, o ozônio tenderia a se acumular junto à superfície, o que não se veri- fica por causa da ação ozonolítica da fumaça e da vegetação (Dobson, 1968). Esse efeito con- tribui para manter a quantidade de O3 em um nível estável, de tal maneira que sua concentra- ção oscila muito pouco em torno da média. O equilíbrio assegurado pelos processos naturais de formação e destruição do ozônio é muito delicado pois, se todo o ozônio atmosférico fosse concentrado junto à superfície, sob pressão e temperatura normais, formaria uma camada com apenas 3 mm de espessura. Graças às propriedades radiativas que possui, o ozônio se torna um dos mais impor- tantes gases da atmosfera terrestre. Sabe-se que o excesso de radiação solar ultravioleta, que passaria a atingir a superfície terrestre, caso a concentração de ozônio diminuísse, causaria grandes queimaduras na epiderme dos seres vivos, aumentando drasticamente a incidência de câncer de pele. Por outro lado, se a concentração de ozônio aumentasse a ponto de absorver totalmente a radiação ultravioleta oriunda do Sol, não haveria formação de vitamina D no orga- nismo animal e, como conseqüência, estaria seriamente comprometida a fixação do cálcio e do fósforo, indispensáveis à formação do tecido ósseo.
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