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Fichamento - CAP IV - Teoria formas de governo

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Universidade Federal de Santa Catarina 
Curso de graduação: Direito – 15.1 – Noturno 
Acadêmico: Andrey Lyncon Soares Bento 
Disciplina: Teoria Política 
Professor: Rogério S. Portanova 
 
Fichamento de Leitura: “A Teoria das Formas de Governo” – Norberto Bobbio 
 
Capítulo IV – Políbio 
 
 Não um filósofo mas sim um historiador, Políbio mostra sua teoria baseada 
principalmente em Roma, onde passou grande parte da sua vida após o domínio da 
Grécia por aqueles. Bobbio toma por contemplar o livro VI de Políbio neste capítulo, 
cujo historiador faz uma exposição da constituição romana, descrevendo as muitas 
funções públicas; as quais toma por priorizar já que para ele, a sua constituição é a 
causa primordial do êxito ou insucesso de todas as ações. 
 O autor traça que o historiador constituiu uma das mais completas obras sobre 
as constituições de governo e elenca três teses primordialmente: 1- Existem 
fundamentalmente seis formas de governo, sendo subdivididas em três boas e três 
más; 2 – Essas seis formas sucedem umas às outras de acordo com determinado ritmo, 
constituindo assim um ciclo, repetido no tempo; 3 – Além dessas seis formas 
tradicionais, há uma sétima – exemplificada pela constituição romana – que é a melhor 
de todas enquanto síntese das três formas boas. (Página 65 – linha 19) 
 Dessa forma podemos ter ciência de que Políbio traz consigo o tradicional: das 
seis formas de constituição; o historicismo, de Platão: a teoria dos ciclos; e o original: 
uma constituição mista que faz referência a romana. Tais explanações deixam claro 
para Bobbio que o historiador, diferentemente dos anteriores, fixa a sistemática 
clássica das constituições. 
 O autor ainda observa que Políbio deixa de usar o termo democracia como 
forma negativa de constituição, ao contrários dos dois filósofos Aristóteles e Platão; 
trazendo uma nova denominação para tal constituição (a má de democracia) 
“oclocracia”. O historiador fala de cada uma das formas de governo e as crítica: “Não 
se pode chamar de reino qualquer governo de uma só pessoas, mas só o que é aceito 
voluntariamente, exercido de acordo com a razão, mais do que com o terror e a força; 
também não se deve considerar aristocracia todo governo de poucos, mas só o que é 
dirigido por aqueles que foram eleitos os mais justos e sábios. Da mesma forma, não é 
um governo popular aquele em que a multidão decide o que se deve fazer, mas sim 
aquele onde é tradicional e habitual venerar os deuses, honrar as pais, respeitar os 
mais idosos, obedecer às leis... Podemos considerar assim seis espécies de 
constituição: três são conhecidas por todos - já falamos sobre elas; outras três, 
derivadas das primeiras, são: a tirania, a oligarquia e a oclocracia. (Página 66 – linha 
34) 
 Bobbio identifica que Políbio adere a forma platônica de criticidade enquanto 
as formas de governo. Mostra que se faz referência a legitimidade, o governo baseado 
na força e o fundamentado no consenso; e o governo ilegal e o legal. Tal criticidade 
platônica pode se ver na obra “O Político”. Diferentemente dos critérios que trousse 
Aristóteles que estavam fundamentados no interesse coletivo ou privado. 
“Até aqui nos ajudou o Senhor” 
2 Samuel 7:12 
 
 Adentrando-se a ciclicidade das constituições, Políbio descreve que 
naturalmente prevalece o governo de um só, do qual após correções tornasse o 
‘reino’. Deturpando-se o ‘reino’ surge a ‘tirania’, pela queda desta última aparece o 
‘governo dos melhores’. O qual por sua vez degenera-se em ‘oligarquia’ onde que pela 
força da natureza, o povo se revolta contra tal constituição surgindo o ‘governo 
popular’ e pervertendo-se tal poder chegasse a ‘oclocracia’. Dessa forma o historiador 
revela que a sucessão constitucional, diferentemente de Platão, vai sendo alternada, 
de uma constituição boa pra uma ruim sucessivamente. Além de que a diferença maior 
para Platão e Aristóteles se dá com a modificação da pior das constituições sendo a 
‘oclocracia’ ao invés da ‘tirania’ (reino, tirania, aristocracia, oligarquia, democracia, 
oclocracia). Observa-se também que Políbio cita que a deturpação das constituições é 
natural, o qual a corrupção está em todas as formas de governo. Chegando-se ao fim, 
na oclocracia, diferentemente de Platão o historiador deixa de forma clara o que 
sucederá, a qual no fim do primeiro processo, o curso das constituições retorna ao 
ponto de partida. “Este é o rodízio das constituições: a lei natural segundo a qual as 
formas políticas se transformam, decaem e retornam ao ponto de partida” (Página 68 
– linha 41) Tal ciclicidade se alude ao fato das históricas cidades gregas no período do 
seu crescimento, aplicando-se limitadamente. 
 A principal características polibiliana se alude al fato da estabilidade, onde é 
encontrada na forma de um governo misto. Tendo em vista que todas as constituições 
sofrem com o vício da falta de estabilidade, Políbio traz a ideia da constituição mista, 
que a priori se baseia no ideal romano. Combinando as três formas clássicas a 
estabilidade é maior, não eterna, porém longínqua. “Está claro, de fato, que 
precisamos considerar ótima a constituição que reúne as características de todas as 
três formas” (Página 69 – linha 43). Sua criticidade é de que apenas a forma simples 
não é adequada e torna-se insuficiente pelo fato de ser simples, sendo mais fácil de 
aderir as corrupções. Pegando exemplos históricos, é colocado a constituição de 
Esparta, a qual Licurgo (legislador espartano) não havia formulado uma constituição 
simples, mas sim havia reunido as melhores características dos sistemas, de modo que 
nenhum poder se sobressaísse ou adquirisse força maior necessária; desse modo cada 
poder neutralizava e fiscalizava o outro, gerando-se a desejada estabilidade. 
 Esta composição trabalha de forma sistêmica, onde o rei é fiscalizado pelo 
povo, que tem participação no governo que por sua vez é controlado pelo senado. 
Desse modo o rei representa o princípio monárquico, o senado o aristocrático e o povo 
o democrático. Bobbio deixa claro que tal teoria não se deve confundir com a teoria 
moderna de separação dos poderes de Montesquieu. Tal tese é ratificada quando 
Políbio deixa claro que toma como molde o exemplo romano: “Considerando-se era 
especial o poder dos cônsules, o Estado parecia monárquico e real; considerando-se o 
senado, parecia a aristocrático; do ponto de vista do poder da multidão, parecia 
indubitavelmente democrático" (Página 70 – linha 35) 
 Posteriormente Norberto faz-se a pergunta em relação a uma possível contradição 
diante da forma de governo misto e a ciclicidade da teoria polibiliana. Explica que tal 
contradição é mais aparente do que real. A estabilidade da constituição mista de Políbio não 
quer dizer que é eterna, mas sim mais duradoura do que as constituições simples tradicionais. 
“Especialmente no caso do Estado romano, com este método (isto é, com a lei dos ciclos, 
segundo a qual ‘as formas políticas se transformam, decaem e retornam ao ponto de partida’) 
tomaremos consciência do seu surgimento, expansão e potência máxima, como da decadência 
que surgirá” (Página 72 – linha 16)

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