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Ciência Política e Teoria Geral do Estado 1
✅
Ciência Política e Teoria 
Geral do Estado 
A1 8
A2 5
Média Final 6.5
A política é um fenômeno que sempre existiu? 
Ou, o fenômeno político surge em um momento 
específico da história da humanidade? 
Sim, desde que o homem é homem existe o fenômeno do poder, 
porque sempre existirão nas relações humanas vontades em 
conflitos em que uma quer se sobressair sobre a outra. 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 2
A origem da reflexão política
POLÍTICA - as coisas que acontecem na cidade. 
QUAL É O OBJETO DA POLÍTICA? relações de poder: conflito de 
vontades. 
PODER - é a capacidade de deliberar arbitrariamente, agir, 
mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de 
exercer a autoridade, a soberania, o império. Poder tem 
também uma relação direta com capacidade de ser realizar 
algo, aquilo que se "pode" ou que se tem o poder de realizar 
ou fazer. 
Na cultural grega, coincidentemente com a origem da 
civilização ocidental, lá pelo séc. VI a.c. 
Sócrates século V a.c.
Por que o filósofo morre pela lei?
→ "Eu vou morrer porque durante toda aminha vida eu lutei 
para a implantação da lei dentro da pólis (cidade)e eu tive 
direito a defesa e pela lei eu fui condenado e morrerei 
amanhã em respeito a lei". Portanto, para Sócrates morrer 
pela lei, é morrer pela filosofia e pela razão. 
PESQUISA ACADÊMICA DE "UMA 
DISCUSSÃO CÉLEBRE"
QUESTIONÁRIO - COMENTÁRIOS 
1. OTANES: Crítica a monarquia "a monarquia afasta do seu 
caminho normal até mesmo o melhor dos homens". 
PREPOTÊNCIA E INVEJA / mata os cidadãos ao sabor dos seus 
caprichos e portanto, o poder corrompe os homens. (não 
para bem) 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 3
2. OTANES: Defesa da democracia "isonomia, cargos públicos são 
distribuídos e os magistrados precisam prestar contas do 
exercício do poder". 
 grande número faz com que tudo seja possível / mecanismo 
de controle de poder. 
3. MEGABISES: Crítica da democracia "a massa inepta é obtusa e 
prepotente". Desatina: faz as coisas sem pensar, portanto, 
inconsciente 
O povo não sabe o que faz porque nunca aprendeu nada de 
bom e útil. o povo se fazem "burros". 
4. MEGABISES: Defesa da Aristocracia "é natural que as melhores 
decisões sejam tomadas pelos que são melhores". 
Quem são os melhores? Quais são os critérios para decidir 
quem são os melhores? Todos querem ser chefes, e fazer 
prevalecer sua opinião, onde surgem facções (grupos) e os 
delitos. 
Mais cedo ou mais tarde, segundo Megabises, esses delitos 
levarão à monarquia.
5. DARIO: Crítica da Democracia "é impossível não haver 
corrupção na esfera dos negócios públicos"
Solida aliança entre os malfeitores / agem contra o bem 
comum e fazem-no conspirando entre si. 
6. DARIO; Defesa da Monarquia "o melhor homem de todos 
governaria o povo de um modo irrepreensível, saberia manter 
seus objetivos políticos a salvo dos adversários. 
GANHOU A DISCUSSÃO 
CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO 
Name Column COMO? COMO??
. . BEM MAL
https://www.notion.so/8f5ce2b940484467b548775a34378ef6
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 4
Name Column COMO? COMO??
QUEM?? UM Mo TIRANIA
. POUCOS ARISTOCRACIA OLIGARQUIA
. MUITOS DEMOCRACIA OCLOCRACIA
PLATÃO: Alegoria da caverna 
A relação entre a Filosofia Política e a Metafísica 
Platônica 
METAFÍSICA: (do grego antigo = depois de, além de tudo) 
(natureza ou física)
É uma das disciplinas fundamentais da filosofia que examina a 
natureza fundamental da realidade. Os sistemas metafísicos, 
na sua forma clássica, tratam de problemas centrais da 
filosofia teórica: são tentativas de descrever os 
fundamentos, as condições, as leis, a estrutura básica, as 
causas ou princípios, bem como o sentido e a finalidade da 
realidade como um todo ou dos seres em geral. 
Um ramo central da metafísica é a ontologia, a investigação 
sobre as categorias básicas do ser e como elas se relacionam 
umas com as outras. Outro ramo central da metafísica é a 
cosmologia, o estudo da totalidade de todos os fenômenos no 
universo. 
Representação gráfica da alegoria da caverna :
https://www.notion.so/QUEM-766ee94ec6af4553b2f4f0f86bf57f57
https://www.notion.so/a5b46d32a94b4c40b08ee1e0ba152107
https://www.notion.so/0fccf2b29038414793e6b54899579c3a
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 5
SIMBOLOGIA DA ALEGORIA
A alegoria Nosso mundo dicas
As sombras As coisas materiais
a que nós seres humanos chamamos
de coisas reais?
Os prisioneiros Os seres humanos
Sócrates: "eles são semelhantes
a nós"
As estátuas
Os conceitos das
coisas
nós, seres humanos, somos seres
conceituais
A fogueira
O conhecimento
humano
o conhecimento humano é precário
e errático
O liberto O discípulo ninguém ensina nada a ninguém
Aquele que
liberta
O mestre
O caminho de
saída
A educação
As coisas fora
da caverna
As ideias do mundo
das ideias
O sol
A ideia do bom e
belo
https://www.notion.so/As-sombras-2bf358e719e64041a34b007b0b82c939
https://www.notion.so/Os-prisioneiros-9b43fa6a55e743b292f0815d1c12078f
https://www.notion.so/As-est-tuas-e9ec7dc0abcd4fc3bc22b1725f9a3a92
https://www.notion.so/A-fogueira-17fa39f84d1c414590aba66254b0eb52
https://www.notion.so/O-liberto-0f7775782ea24b16a69b620d3072b031
https://www.notion.so/Aquele-que-liberta-9f7f459527ce49aa8afa0043bc6d49c0
https://www.notion.so/O-caminho-de-sa-da-90cfb749aac842ce8b8baefbe25df5fd
https://www.notion.so/As-coisas-fora-da-caverna-3cdd2b1bf60743c4b388ef88f0879de7
https://www.notion.so/O-sol-93b0d610622c4905848c634a3283b8d4
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 6
mundo da caverna mundo fora da caverna
mundo sensível mundo inteligível
→ →
mundo material mundo das ideias
PESQUISA ACADÊMICA DE PLATÃO 
1. EXPLIQUE A CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO EM PLATÃO:
Formas de Governo 
Ideias perfeitas Reais (más)
Monarquia Timocracia
Qual a melhor? Oligarquia
Aristocracia Democracia
Untitled Tirania
As viagens para Siracusa 
→ "Nunca houvera uma ocasião como aquela, de vir a 
concretizar-se nos mesmos homens a união da filosofia e do 
governo das cidades [...] também confiava no caráter de Díon, 
naturalmente firme, por ele já ser de idade madura [...] 
acabou de decidir-me a consideração de que era chegado o 
momento de tentar por em prática meus projetos de legislação 
e de governo. Bastava 
persuadir um único homem, para que tudo me saísse bem (Carta 
VII, 328 ac)
2. PORQUE O TEXTO AFIRMA QUE PLATÃO É UM CONSERVADOR?
O progressismo é a doutrina segundo a qual certas medidas 
econômicas e sociais - impulsionadas sobretudo pela ciência e 
tecnologia - são imprescindíveis para a melhoria da condição 
https://www.notion.so/mundo-sens-vel-b62749824d57472d8f1d1f7982a2f36d
https://www.notion.so/6775d5e0d9f54623898e095d29d446c7
https://www.notion.so/mundo-material-c5d2178de7a74e0c860920cd10ab853f
https://www.notion.so/Monarquia-2913391a7a4649629a0f6ba422230507
https://www.notion.so/Qual-a-melhor-84407143d8e84e00914d6ca8bd187d57
https://www.notion.so/Aristocracia-fc3b115de4d74559b51a49f433c2e5fd
https://www.notion.so/40e2bb78c82e4e74868d4ce340afb29f
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 7
humana. Também está relacionado à ruptura de padrões sociais 
tradicionais, que por sua vez promoveriam valores como 
liberdade e igualdade.
O conservadorismo ou conservantismo é uma ideologia política 
e social que defende a manutenção das instituições sociais 
tradicionais no contexto da cultura e da civilização.
3. EXPLIQUE O CRITÉRIO PELO QUAL PLATÃO CARACTERIZA AS 
DIFERENTES FORMAS DE GOVERNO.
Homem timocrático - honrarias 
Homem oligárquico - riqueza
Homem Democrático - liberdade 
Homem tirânico - violência 
Para caracterizar essas diferentes formas, Platão identifica 
as peculiaridades morais (isto é, os vícios e as virtudes) 
das respectivas classes dirigentes.
Cada um desses homens, que representa um tipo de classe 
dirigente, e portanto uma forma de governo, é retratado de 
modo muito eficaz mediante a descrição da sua paixão 
dominante: para o timocrático,a ambição, o desejo de 
honrarias; para o oligárquico, a fome de riqueza; para o 
democrático, o desejo imoderado de liberdade (que se 
transforma em licença); para o tirânico, a violência.
4. COMO OCORRE A PASSAGEM DE UMA FORMA DE GOVERNO PARA OUTRA?
A mudança de uma constituição para outra parece coincidir com 
a passagem de uma geração a outra. É uma mudança não só 
necessária, num certo sentido inevitável, mas também muito 
rápida. Parece ser a consequência fatal da rebelião do filho 
contra o pai, da mudança de costumes que ela provoca (mudança 
que corresponde a uma piora constante).
Quanto ao motivo que explica a mudança, deve ser procurado 
sobretudo na corrupção do princípio que inspira todos os 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 8
governos. Para uma ética como a helênica, acolhida e 
propugnada por Platão, fundamentada na idéia do "meio 
dourado", a corrupção de um princípio consiste no seu 
"excesso". A honra do homem timocrático se corrompe quando se 
transforma em ambição imoderada e ânsia de poder. A riqueza 
do homem oligárquico, quando se transforma em avidez, 
avareza, ostentação despudorada de bens que leva à inveja e à 
revolta dos pobres. A liberdade do homem democrático, quando 
este passa a ser licencioso, acreditando que tudo é 
permitido, que todas as regras podem ser transgredidas 
impunemente. O poder do tirano, quando se transforma em puro 
arbítrio, e violência pela própria violência.
5. EXPLIQUE OS CONCEITOS EX PARTE POPULI E EX PARTE PRINCIPIS 
Duas perspectivas de análise sobre o fenômeno político 
Ex parte populi: a partir do
povo, do governad
ex parte principis: a partir do
principio, de governante
a liberdade do cidadão
estabilidade política, a unidade do
Estado
toda a teoria política até
montesquieu
A teoria política a partir de
montesquieu
6. EXPLIQUE A CONCEPÇÃO ÔRGANICA DA TEORIA PLATÔNICA DO ESTADO. 
É amplamente reconhecido que a teoria platônica do Estado 
como organismo deve muito à sua teoria do homem. A filosofia 
platônica é um exemplo notável da teoria orgânica da 
sociedade - isto é, da teoria que concebe a sociedade (ou o 
Estado) como um verdadeiro organismo, à imagem e semelhança 
do corpo humano. Como na república ideal, às três classes que 
compõem organicamente o Estado correspondem três almas 
individuais: a racional, a passional e a apetitiva; do mesmo 
modo, as formas de governo podem também ser distinguidas com 
base nas diferentes almas que as animam. O tema não foi 
https://www.notion.so/a-liberdade-do-cidad-o-abd6125d2ff14c2dace0a9bd50a5cbf2
https://www.notion.so/toda-a-teoria-pol-tica-at-montesquieu-30e12a186a4c44be83d976e677b418d0
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 9
perfeitamente desenvolvido, mas se não há dúvida de que a 
constituição ideal é dominada pela alma racional, é 
indubitável que a constituição timocrática (que exalta o 
guerreiro, mais do que o sábio) é dominada pela alma 
passional. As outras três formas são dominadas pela alma 
apetitiva: o homem oligárquico, o democrático e o tirano são 
todos eles cúpidos de bens materiais, estão todos voltados 
para a Terra - embora apresentem aspectos diversos.
6. EXPLIQUE A CONCEPÇÃO ÔRGANICA DA TEORIA PLATÔNICA DO ESTADO. 
Corpo almas classes homens atividades
formas de
governo
cabeça racional ouro filósofos
a procura
da verdade
monarqua/
aristocracia
Tronco passional prata guerreiros
a defesa
da cidade
timocracia
Genitalia apetitiva bronze operários
produzir
bens
oligarquia/
democracia/
tirania
7. QUAL É O CRIÉRIO UTILIZADO POR PLATÃO PARA DISTINGUIR AS 
FORMAS BOAS E MÁS DE GOVERNO?
Outra coisa a observar, no momento só incidentalmente (trata-
se de assunto ao qual vamos voltar com frequência durante o 
curso), é o critério ou critérios com base nos quais Platão 
distingue as formas boas das más. Relendo a passagem citada, 
veremos que esses critérios são, em substância, dois: 
violência e consenso, legalidade e ilegalidade. As formas 
boas não aquelas em que o governo não se baseia na violência, 
e sim no consentimento ou na vontade dos cidadãos; onde ele 
atua de acordo com leis estabelecidas, e não arbitrariamente.
DUPLO CRITÉRIO PARA CLASSIFICAR AS FORMAS BOAS E MÁSDE GOVERNO:
FORMAS BOAS - quando o governante na legalidade com o consenso 
https://www.notion.so/cabe-a-e8786e317a414bf9880c85cd45241153
https://www.notion.so/Tronco-dd4121ac3042430d8afd9ea1837fa5a0
https://www.notion.so/Genitalia-63b1b79dc2e9460a94abd18316e2ad8a
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 10
FORMAS MÁS - quando o governante governa na ilegalidade e com a 
violência
ARISTÓTOLES: A POLÍTICA
Da Natureza, Formação e Finalidade 
do Estado
Como sabemos, todo Estado é uma sociedade, a esperança de um 
bem, seu princípio, assim como de toda associação, pois todas 
as ações dos homens têm por fim aquilo que consideram um bem. 
Todas as sociedades, portanto, têm como meta alguma vantagem, 
e aquela que é a principal e contém em si todas as outras se 
propõe a maior vantagem possível. Chamamo-la Estado ou 
SC de política
A principal sociedade natural, que é a família, formou-se, 
portanto, da dupla reunião do homem e da mulher, do senhor e 
do escravo. O poeta Hesíodo tinha razão ao dizer que era 
preciso antes de tudo A casa, e depois a mulher e o boi 
lavrador, já que o boi desempenha o papel do escravo entre os 
pobres. Assim, a família é a sociedade cotidiana formada pela 
natureza e composta de pessoas que comem, como diz Carondas, 
o mesmo pão e se esquentam, como diz Epimênides de Creta, com 
o mesmo fogo.
Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado 
A sociedade que em seguida se formou de várias casas chama-se 
aldeia e se assemelha perfeitamente à primeira sociedade 
natural, com a diferença de não ser de todos os momentos, nem 
de uma frequentação tão contínua. Ela contém as crianças e as 
criancinhas, todas alimentadas com o mesmo leite. De qualquer 
modo, trata-se de uma colônia tirada da primeira pela 
natureza.
Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado 
A sociedade que se formou da reunião de várias aldeias 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 11
constitui a Cidade, que tem a faculdade 
de se bastar a si mesma, sendo organizada não apenas para 
conservar a existência, mas também para buscar o bem-estar. 
Esta sociedade, portanto, também está nos desígnios da 
natureza, como todas as outras que são seus elementos. Ora, a 
natureza de cada coisa é precisamente seu fim. Assim, quando 
um ser é perfeito, de qualquer espécie que ele seja - homem, 
cavalo, família -, dizemos que ele está na natureza. Além 
disso, a coisa que, pela mesma razão, ultrapassa as outras e 
se aproxima mais do objetivo proposto deve ser considerada a 
melhor. Bastar-se a si mesma é uma meta a que tende toda a 
produção da natureza e é também o mais perfeito estado.
Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado 
É, portanto, evidente que toda Cidade está na natureza e que 
o homem é naturalmente feito para a sociedade política. 
Aquele que, por sua natureza e não por obra do acaso, 
existisse sem nenhuma pátria seria um indivíduo detestável, 
muito acima ou muito abaixo do homem, segundo Homero: Um ser 
sem lar, sem família e sem leis.
Origem do Estado
Teoria Divina: Estado criado por Deus (Impérios Orientais, 
Idade Média)
Teoria do Contrato Social: Estado de natureza/soberania 
popular - Thomas Hobbes (monarca absoluto) e John Locke 
(responsabilidade perante o povo). Rousseau e o bom selvagem.
Teoria da Força: origem na conquista. O poder cria o Estado 
(Maquiavel).
Teoria Natural: Aristóteles. O homem é por natureza um animal 
político que se realiza através do Estado.
Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado: O 
Homem um Animal Político
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 12
Assim, o homem é um animal cívico, mais socia do que as 
abelhas e os outros animais que viven juntos. A natureza, que 
nada faz em vão, concedeu apenas a ele o dom da palavra, que 
não devemos confundir com os sons da voz. Estes são apenas a 
expressão de sensaçõesagradáveis ou desagradáveis, de que os 
outros 
animais são, como nós, capazes. A natureza deu-lhes um órgão 
limitado a este único efeito; nós, porém, temos a mais, senão 
o conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento obscuro 
do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do injusto, 
objetos para a manifestação dos quais nos foi principalmente 
dado o órgão da fala. Este comércio da palavra é o laço de 
toda sociedade doméstica e civil.
Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado
O homem é, por sua natureza, como dissemos desde o começo ao 
falarmos do governo doméstico e do dos escravos, um animal 
feito para a sociedade civil. Assim, mesmo que não tivéssemos 
necessidade uns dos outros, não deixaríamos de desejar viver 
juntos. Na verdade, o interesse comum também nos une, pois 
cada um aí encontra meios de viver melhor. Eis, portanto, o 
nosso fim principal, comum a todos e a cada um em particular. 
Reunimo-nos, mesmo que seja só para pôr a vida em segurança. 
A própria vida é uma espécie de dever para aqueles a quem a 
natureza a deu e, quando não é excessivamente cumulada de 
misérias, é um motivo suficiente para permanecer em 
sociedade. Ela conserva ainda os encantos e a doçura neste 
estado de sofrimento, e quantos males não suportamos para 
prolongá-la!
A MONARQUIA COMO A PRIMEIRA FORMA DE 
GOVERNO
Assim, as Cidades inicialmente foram, como ainda hoje o são 
algumas nações, submetidas ao governo real, formadas que eram 
de reuniões de pessoas que já viviam sob um monarca. Com 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 13
efeito, toda família, sendo governada pelo mais velho como 
que por um rei, continuava a viver sob a mesma autoridade, 
por causa da consanguinidade. Este é o pensamento de Homero, 
quando diz: Cada um, senhor absoluto de seus filhos e de suas 
mulheres, Distribui leis a todos...
CRITÉRIO PARA DISTINGUIR AS FORMAS BOAS E MÁS DE 
GOVERNO
O governo é o exercício do poder supremo do Estado. Este 
poder só poderia estar ou nas mãos de um só, ou da minoria, 
ou da maioria das pessoas. Quando o monarca, a minoria ou a 
maioria não buscam, uns ou outros, senão a felicidade geral, 
o governo é necessariamente justo. Mas, se ele visa ao 
interesse particular do príncipe ou dos outros chefes, há um 
desvio. O interesse deve ser comum a todos ou, se não o for, 
não são mais cidadãos.
CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO
Chamamos monarquia o Estado em que o governo que visa a este 
interesse comum pertence a um só; aristocracia, aquele em que 
ele é confiado a mais de um, denominação tomada ou do fato de 
que as poucas pessoas a que o governo é confiado são 
escolhidas entre as mais honestas, ou de que elas só têm em 
vista o maior bem do Estado e de seus membros; república, 
aquele em que a multidão governa para a utilidade pública; 
este nome também é comum a todos os Estados.
Estas três formas podem degenerar: a monarquia em tirania; a 
aristocracia em oligarquia; a república em democracia. A 
tirania não é, de fato, senão a monarquia voltada para a 
utilidade do monarca; a oligarquia, para a utilidade dos 
ricos; a democracia, para a utilidade dos pobres. Nenhuma das 
três se ocupa do interesse público. Podemos dizer ainda, de 
um modo um pouco diferente, que a tirania é o governo 
despótico exercido por um homem sobre o Estado, que a 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 14
oligarquia representa o governo dos ricos e a democracia o 
dos pobres ou das pessoas pouco favorecidas.
TIPOS DE MONARQUIA
Eis o lugar natural para tratar da monarquia, que colocamos 
entre os grandes governos. Devemos dizer, inicialmente, se só 
há uma espécie de monarquia ou se há várias. Que haja muitas 
e nem todas se pareçam é algo muito fácil de observar.
Tipos de Monarquia: tempos heroicos
A quarta espécie de monarquia real é a monarquia dos tempos 
heroicos, que, por sua constituição, era voluntária e 
hereditária. Os primeiros monarcas foram os benfeitores do 
povo pelas artes que lhe trouxeram, pela guerra que travaram 
por ele, pelo cuidado que tiveram de reuni-lo ou pelo 
território que lhe consignaram. Aceitos como reis, 
transmitiram por sucessão sua coroa à posteridade. Possuíam a 
superintendência da guerra e dos sacrifícios que não os da 
alçada dos sacerdotes; além disso, julgavam os processos, uns 
sem jurar, outros sob a autoridade do juramento que prestavam 
ao elevar o cetro.
Tipos de Monarquia: de Esparta
No Estado da Lacedemônia, por exemplo, há uma monarquia das 
mais legítimas, mas o poder do rei não é absoluto, a não ser 
quando o monarca estiver fora de seus Estados e em situação 
de guerra, pois então ele tem a autoridade suprema sobre seu 
exército. Além disso, ele tem no interior a superintendência 
do culto e das coisas sagradas. Esta espécie de monarquia não 
é, pois, senão um generalato perpétuo, com plenos poderes, 
sem porém ter o direito de vida e de morte, a não ser em 
certo domínio ou, nas expedições militares, quando se está 
combatendo, como era costume antigamente
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 15
Homero refere-se a ela. Segundo ele, Agamemnon, na Assembléia 
do povo, tolerava as palavras menos respeitosas. Fora dali, 
de armas na mão, tinha o poder de morte sobre os soldados 
delinqüentes. Assim, Homero o faz dizer: Aquele que eu vir 
perto dos barcos sombrios Furtar-se como covarde dos perigos 
e dos trabalhos De minha justa cólera nada poderá salvá lo, 
Sua vida estará em minhas mãos: ele esperará em vão Escapar 
aos abutres com fome de carne, os cães dispersarão seus 
restos mutilados.
Tipos de Monarquia: tiranos eletivos
Outra espécie, usual entre os antigos gregos, é a que se 
chama Aisymnetia ou despotismo eletivo. O poder concedido 
pelo povo era diferente do dos reis bárbaros, não por ser 
contra a lei, mas unicamente porque não era nem ordinário, 
nem transmissível. Uns o conservavam por toda a vida, outros 
por um prazo fixado ou apenas para alguns negócios, como 
Pítaco, que os mitilenos elegeram contra os banidos chefiados 
por Antimênides e pelo poeta Alceu que, cheio de fel e de 
furor, o menciona em um de seus poemas. Ele censura seus 
concidadãos por terem colocado sua miserável pátria sob a 
tirania de um Pítaco, homem de baixa extração e sem maior 
mérito do que ter sido bajulador nas Assembléias. Estes 
principados são, portanto, ao mesmo tempo despóticos pela 
maneira com que a autoridade é exercida e reais pela eleição 
e pela submissão espontânea do 
povo.
Tipos de Monarquia: Monarquia Despótica
Encontramos exemplos de outra espécie de monarquia junto a 
alguns bárbaros. Os reis têm ali um poder que se aproxima do 
despotismo, mas é legítimo e hereditário. Tendo os bárbaros 
naturalmente a alma mais servil do que os gregos e os 
asiáticos, eles suportam mais do que os europeus, sem 
murmúrios, que sejam governados pelos senhores. É por isso 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 16
que essas monarquias, embora despóticas, não deixam de ser 
estáveis e sólidas, fundadas que são na lei e transmissíveis 
de pai para filho. Pela mesma razão, sua guarda é real, e não 
tirânica, pois os reis são protegidos por cidadãos armados, 
ao passo que os déspotas recorrem a estrangeiros. Aqueles 
governam de acordo com a lei súditos de boa vontade; estes, 
pessoas que só obedecem contrafeitas. Aqueles são protegidos 
pelos cidadãos; estes, contra os cidadãos. São, portanto, 
dois tipos diferentes de monarquia.
A Politia (República)
" propriamente dita. Reservamo-la para o final não por ser 
uma depravação da aristocracia, de que acabamos de falar 
(pois é normal começar, como fizemos, pelas formas puras e 
depois ir às formas desviadas), mas porque ela reúne o que há 
de bom em dois regimes degenerados, a oligarquia e a 
democracia". Assim, a excelência deste governo será mais 
fácil de compreender mais adiante, quando tivermos exposto o 
que diz respeito aos dois sistemas de que ele é apenas uma 
mistura.
Importância e excelência da classe média
Em todos os lugares, encontram-se três tiposde homens: 
alguns muito ricos, outros muito pobres, e outros ainda que 
ocupam uma situação média entre esses dois extremos. É uma 
verdade reconhecida que a mediania é boa em tudo.
Os da primeira classe, favorecidos demais pela natureza ou 
pela fortuna, poderosos, ricos e rodeados de amigos ou de 
protegidos, não querem nem sabem obedecer. Desde a infância, 
são tomados por essa arrogância doméstica e a tal ponto 
corrompidos pelo luxo que desdenham na escola até mesmo 
escutar o professor. Os da outra classe, abatidos pela 
miséria e pelas preocupações, curvam-se diante dos outros de 
modo que esses últimos, incapazes de comandar, só sabem 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 17
obedecer servilmente. Os primeiros, pelo contrário, não 
obedecem a nenhuma ordem, mas mandam despoticamente.
Nenhuma sociedade civil é melhor do que a que se compõe de 
tais pessoas, nem mais própria para ser bem governada do que 
quando, superior em número e em poder ao restante dos 
cidadãos, o ultrapassa em dois terços ou pelo menos em um 
terço. A acessão deste terço faz com que a balança penda para 
o seu lado e previna os excessos do partido contrário. E, 
portanto, uma grande felicidade para o Estado que nele se 
encontrem apenas fortunas medíocres e suficientes. Em toda 
parte onde uns têm demais e outros nada, segue-se 
necessariamente que haja ou democracia exacerbada, ou 
violenta oligarquia, ou então tirania, pelo excesso de uma ou 
de outra
PESQUISA ACADÊMICA DE ARISTÓTELES.
1. QUAL É UMA DAS PRINCIPAIS TAREFAS DO ESTUDIOSO DA POLÍTICA?
 Um tema a respeito do qual Aristóteles não cessa de chamar a 
atenção do leitor é o de que há muitas constituições 
diferentes; portanto, uma das primeiras tarefas do estudioso 
da política é descrevê-las e classificá-las.
Contraste da Metodologia em Platão e em Aristóteles
2. QUAL É A CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO?
Em poucas linhas, o autor formula, com extrema simplicidade e 
concisão, a célebre teoria das seis formas de governo. Fica 
bem claro que essa tipologia deriva do emprego simultâneo dos 
dois critérios fundamentais - "quem" governa e "como" 
governa. Com base no primeiro critério, as constituições 
podem ser distinguidas conforme o poder resida numa só pessoa 
(monarquia), em poucas pessoas (aristocracia) e em muitas 
("politia"). Com base no segundo, as constituições podem ser 
boas ou más, com a consequência de que às três primeiras 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 18
formas boas se acrescentam e se contrapõem as três formas más 
(a tirania, a oligarquia e a democracia).
3. QUAL É A ORDEM HIERARQUICA DAS FORMAS DE GOVERNO?
1. monarquia
2. aristocracia
3. politia
4. democracia
5. oligarquia
6. tirania
4. QUAL É O CRITÉRIO PARA CLASSIFICAR AS FORMAS BOAS E MÁS DE 
GOVERNO?
O critério de Aristóteles é diferente: não é o consenso ou a 
força, a legalidade ou ilegalidade, mas sobretudo o interesse 
comum ou o interesse pessoal. As formas boas são aquelas em 
que os governantes visam ao interesse comum; más são aquelas 
em que os governantes têm em vista o interesse próprio.
Este critério está estreitamente associado ao conceito 
aristotélico da polis (ou do Estado, no sentido moderno da 
palavra). A razão pela qual os indivíduos se reúnem nas 
cidades isto é formam comunidades políticas não é apenas a de 
viver em comum, mas a de "viver bem" (1252 b e 1280 b). Para 
que o objetivo da "boa vida" possa ser realizado, é 
necessário que os cidadãos visem ao interesse comum, ou em 
conjunto ou por intermédio dos seus governantes. Quando os 
governantes se aproveitam do poder que receberam ou 
conquistaram para perseguir interesses particulares, a 
comunidade política se realiza menos bem, assumindo uma forma 
política corrompida, ou degenerada, com relação à forma pura.
5. QUAIS SÃO AS 3 FORMAS DE PODER DISTINGUIDAS POR ARISTÓTELES?
Aristóteles distingue três tipos de relações de poder: poder 
do pai sobre o filho, do senhor sobre o escravo, do 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 19
governante sobre o governado. Essas três formas de poder se 
distinguem entre si com base no tipo de interesse perseguido. 
O poder dos senhores é exercido no seu próprio interesse; o 
patemo, no interesse dos filhos; o político, no interesse 
comum de governantes e governados.
6. QUAIS SÃO OS TIPOS DE MONARQUIA?
A exposição sobre a monarquia se articula por meio da 
distinção de várias espécies de monarquias, tais como: a dos 
tempos heróicos, "que era hereditária, baseando-se 
no consentimento dos súditos"; a de Esparta, em que o poder 
supremo se identificava com o poder militar, tendo duração 
perpétua; o regime dos "esimneti" - isto é, dos "tiranos 
eletivos" - bem como o dos chefes supremos de uma cidade 
eleitos por um certo período, ou em caráter vitalício, no 
caso de choques graves entre facções opostas; a monarquia dos 
povos bárbaros.
7. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA MONARQUIA DESPÓTICA E EM QUE 
DIFERE EM RELAÇÃO À TIRANIA.
São duas as características peculiares desse tipo de 
monarquia: a) o poder é exercido tiranicamente; neste sentido 
se assemelha ao poder do tirano; b) esse poder exercido 
tiranicamente é contudo legítimo, porque é aceito; e é aceito 
porque "como esses povos bárbaros são mais servis do que os 
gregos, e como os povos asiáticos são mais servis do que os 
europeus, suportam sem dificuldade o poder despótico exercido 
sobre eles" (1285 a). Essas duas características fazem com 
que não se possa assemelhar tal tipo de monarquia à tirania, 
já que os tiranos "governam súditos descontentes com o seu 
poder", poder que não se fundamenta no consentimento não é 
"legítimo", no sentido preciso da palavra; ao mesmo tempo, é 
uma forma de monarquia que difere das monarquias helênicas 
porque é exercida sobre povos "servis", o que exige sua 
aplicação despótica.
8. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA POLITIA? DEFINIÇÃO 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 20
"A "politia" é, de modo geral, uma mistura de oligarquia e de 
democracia; via de regra são chamados de polidas os governos 
que se inclinam para a democracia, e de aristocracias os que 
se inclinam para a oligarquia" (1293 b). 
É um regime em que a união dos ricos e dos pobres deveria 
remediar a causa mais importante de tensão em todas as 
sociedades - a luta dos que não possuem contra os 
proprietários. É o regime mais propício para assegurar a "paz 
social".
O primeiro problema, portanto, colocado diante da politia, é 
o de que uma forma boa pode resultar de uma fusão de duas 
formas más.
Em segundo lugar, se a politia não é (conforme deveria ser, 
de acordo com o esquema) o governo do povo ou a democracia na 
sua acepção correta, mas sim uma mistura de oligarquia e 
democracia, isso significa que (este é o segundo problema) o 
governo bom de muitos, que figura no terceiro lugar do 
esquema geral, é uma fórmula vazia, uma ideia abstrata que 
não corresponde, concretamente, a qualquer regime histórico 
do presente ou do passado.
9. QUAIS SÃO OS PROCEDIMENTOS ENUNCIADOS POR ARISTÓTELES PARA 
CONCILIAR OLIGARQUIA E DEMOCRACIA.
1) CONCILIANDO PROCEDIMENTOS QUE SERIAM INCOMPATÍVEIS: 
enquanto nas oligarquias se penalizam os ricos que não 
participam das atividades públicas, mas não se concede nenhum 
prêmio aos pobres que nelas tomam parte, nas democracias, 
pelo contrário, não se inflige tal pena aos ricos e também 
não se concede esse prêmio aos pobres. A conciliação entre os 
dois sistemas poderia consistir em "alguma coisa 
intermediária e comum", como diz Aristóteles. Por exemplo: a 
promulgação de lei que penalize os ricos não-participantes e 
dê um prêmio aos pobres participantes.
2) ADOTANDO-SE UM "MEIO-TERMO" ENTRE AS DISPOSIÇÕES EXTREMAS 
DOS DOIS REGIMES: enquanto o regime oligárquico só dá o 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 21
direito de voto aos que têm uma renda muito elevada, o regime 
democrático o atribui a todos, até mesmo aos que não possuem 
qualquer terra- ou pelo menos aos que possuem renda muito 
pequena.O "meio-termo", neste caso, consiste em diminuir o 
limite mínimo de renda imposto pelo regime dos ricos, 
elevando o admitido no regime dos pobres.
3) RECOLHENDO-SE O MELHOR DOS DOIS SISTEMAS LEGISLATIVOS: 
enquanto na oligarquia cargos públicos são OS preenchidos 
mediante eleição, mas só pelos que possuem uma certa renda, 
na democracia esses cargos são distribuídos por sorteio entre 
todos os cidadãos. Recolher o melhor dos dois sistemas, neste 
caso, significa conservar o método eleitoral e excluir o 
requisito de renda.
10. QUAL É A OPNIÃO DE ARISTÓTELES EM RELAÇÃO À CLASSE MÉDIA?
"Está claro que a melhor comunidade política é a que se 
baseia na classe média, e que as cidades que têm essa 
condição podem ser bem governadas - aquelas onde a classe 
média é mais numerosa e tem mais poder do que as duas classes 
extremas, ou pelo menos uma delas. Com efeito, aliando-se a 
uma ou a outra, fará com que a balança penda para o seu lado, 
impedindo assim que um dos extremos que se opõem ganhe poder 
excessivo" (1295 b).
PESQUISA ACADÊMICA DE POLÍBIO
1. QUAL É, SEGUNDO POLÍBIO, A IMPORTÂNCIA DA CONSTITUIÇÃO PARA 
UMA SOCIEDADE?
"Deve-se considerar a constituição de um povo como a causa 
primordial do êxito ou do insucesso de todas as ações" (VI, 
2).
A supremacia da lei sobre a sociedade
2. IDENTIFIQUE E EXPLIQUE AS 3 TESES DE POLÍBIO SOBRE A TEORIA 
DAS FORMAS DE GOVERNO.
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 22
1° TESE: existem fundamentalmente seis formas de governo - 
três boas e más 
Monarquia - Tirania 
Aristocracia - Oligarquia 
Democracia - Oclocracia 
2° TESE: essas seis formas se sucedem umas às outras de acordo 
com determinado ritmo, constituindo assim um ciclo, repetido 
no tempo.
Monarquia - Tirania - Aristocracia - Oligarquia - Democracia - 
Oclocracia
3. EXPLIQUE O CONCEITO DE ANACICLOSE. 
O nome tem sido usado para qualificar a teoria cíclica da 
história, segundo a qual os regimes passam de uma forma a 
outra, retornando finalmente ao seu ponto de partida.
"Este é o rodízio das constituições: a lei natural segundo a 
qual as formas políticas se transformam, decaem e retornam ao 
ponto de partida" (VI, 10; ênfase acrescentada).
"Em primeiro lugar se estabelece sem artifício e 
'naturalmente o governo de um só, ao qual segue (e do qual é 
gerado por sucessivas elaborações e correções) o 'reino'. 
Transformando-se este no regime mau correspondente, isto é, 
na 'tirania', pela queda desta última se gera o governo dos 
melhores'. Quando a aristocracia por sua vez degenera em 
'oligarquia', pela força da natureza, o povo se insurge 
violentamente contra os abusos dos governantes, nascendo 
assim o governo popular'. Com o tempo, a arrogância e a 
ilegalidade dessa forma de governo levam à 'oclocracia"
 4. QUAL É O CRITÉRIO USADO POR POLÍBIO PARA DISTINGUIR AS 
FORMAS BOAS DAS FORMAS MÁS DE GOVERNO?
Os critérios velados são dois: de um lado, a contraposição 
entre o governo baseado na força e o governo fundamentado no 
consenso; de outro, a contraposição análoga- mas não idêntica 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 23
entre governo ilegal (portanto arbitrário) e legal. São dois 
critérios que já encontramos em O Político de Platão.
5. PORQUE SE PODE AFIRMAR QUE POLÍBIO TEM UMA PERSPECTIVA 
NATURALISTA DA HISTÓRIA. 
"Da mesma forma como a ferrugem, que é um mal congênito do 
ferro, o caruncho e as traças, que são males (internos) da 
madeira, pelos quais um e outra são consumidos, ainda que 
escapem a todos os danos externos, assim também toda 
constituição apresenta um mal natural que lhe é inseparável: 
o despotismo com relação ao reino; a oligarquia com relação à 
aristocracia; o governo brutal e violento com respeito à 
democracia. Nessas formas, como já disse, é impossível que 
não se alterem com o tempo todas as constituições" (VI, 10).
6. EXPLIQUE O CONCEITO DE GOVERNO MISTO.
A tese de Políbio é a de que todas as constituições simples 
são más porque são simples (mesmo as constituições "retas"), 
Qual o remédio, então? O "governo misto", isto é, uma 
constituição que combine as três formas clássicas.
"Está claro, de fato, que precisamos considerar ótima a 
constituição que reúne as características de todas as três 
formas" (VI, 3).
A composição das três formas de governo consiste no fato de 
que o rei está sujeito ao controle do povo, que participa 
adequadamente do governo; este, por sua vez, e controlado 
pelo senado. Como o rei representa o princípio monárquico, 
o povo o princípio democrático e o senado o aristocrático, 
o resultado dessa combinação uma nova forma de governo, que 
não coincide com as três formas simples retas porque é 
composta-, nem - com as três formas corrompidas porque é 
reta.
7. PORQUE POLÍBIO CONSIDERA A CONSTITUIÇÃO ROMANA UMA 
CONSTITUIÇÃO EXCELENTE?
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 24
A razão por que Políbio enuncia a tese da excelência do 
governo misto é a seguinte: ele considera como exemplo 
admirável desse gênero de governo a constituição romana, 
qual "os órgãos... que na participavam do governo eram 
três" (os cônsules, o senado e as eleições populares), com 
a consequência de que: "Considerando se era especial o 
poder dos cônsules, o Estado parecia monárquico real; e 
considerando-se em particular o senado, parecia 
aristocrático; do ponto de vista do poder da multidão, 
parecia indubitavelmente democrático" (VI, 12).
8. CONTEMPORANEAMENTE, SE DÁ MAIS IMPORTÂNCIA AO SISTEMA 
POLÍTICO OU AO SISTEMA SOCIAL PARA DEFINIR O ÊXITO DE UMA 
SOCIEDADE? DÊ EXEMPLOS 
É verdade que hoje não nos inclinamos tanto a admitir que a 
causa fundamental do êxito ou do fracasso de um povo seja 
sua constituição. Tendemos a afastar nossa análise do 
sistema político para o sistema social subjacente; da 
anatomia das instituições políticas para a anatomia da 
sociedade civil (como diria Marx); das relações de poder 
para as relações de produção. No entanto, a preferência 
atribuída às instituições perdurou longamente.
9. EXISTE CONTRADIÇÃO ENTRE A TEORIA DOS CICLOS E A TEORIA DO 
GOVERNO MISTO?
No que concerne ao ritmo de mudança, ele é mais lento do 
que o das constituições simples, porque, mediante o 
mecanismo de conciliação das três partes que compõem a 
sociedade no seu conjunto, os conflitos entre partes são 
resolvidos dentro do sistema político; se produzem 
mudanças, elas são, como diríamos hoje, sistemáticas e não 
extra sistemáticas; graduais e não violentas. Provocam não 
o desequilíbrio imprevisto que gera a revolução, mas uma 
alteração do equilíbrio interno que é absorvida por um 
deslocamento do mesmo equilíbrio em grau diferente.
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 25
No que respeita à razão que pode explicar por que as 
constituições mistas também decaem e morrem, ela consiste 
num tal deslocamento do equilíbrio entre as três partes, em 
favor de uma delas, que a constituição deixa de ser mista 
para se tornar simples.
A contradição é mais aparente do que real. O fato de que as 
constituições mistas são estáveis não significa que sejam 
eternas, mas apenas mais duradouras do que as simples
NICOLAU MAQUIAVEL
Renascimento 
Renascença Italiana é como ficou conhecida a fase de abertura 
do Renascimento (ou Renascença), um período de grandes 
mudanças e conquistas, culturais que ocorreram na Europa, 
entre o século XIV e o século XVI. Este período marca a 
transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 26
Foi uma momento de grandes realizações culturais, o 
aparecimento de nomes como: Petrarca, Baldassare, Castiglione 
e Maquiavel na literatura, Leonardo da Vinci, Botticelli, 
Michelangelo, Rafael Sanzio e toda uma gama imensa de grandes 
mestres nas artes plásticas e arquitetura. 
O renascimento se expandiu a partir da Itália para outras 
partes da Europa. Um dos fatores que mais contribuíram para a 
divulgação das obras renascentistas foi o aperfeiçoamento da 
imprensa por Johannes Gutenberg (1400-1468), o que permitiu a 
impressãode muitas paginas em pouco tempo. Existiam grandes 
nomes do renascimento em: Portugal, Espanha, Inglaterra, 
França, Holanda e Alemanha. 
Biografia de Maquiavel 
Foi uma historiador, poeta, diplomata e músico italiano do 
Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da 
ciência política moderna, pela simples manobra de escrever 
sobre o Estado e Governo como realmente são e não como 
deveriam ser. 
Vive a juventude sob o esplendor político de Florença durante 
o governo de Lourenço de Médici e entrou para a política aos 
29 anos de idade no cargo de Secretário da Segunda 
Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel observou o comportamento 
de grandes nomes da época e a partir dessa experiência 
retirou alguns postulados para sua obra. Conseguiu também 
algumas missões de pequena importância, mas jamais voltou ao 
seu antigo posto como desejava. 
Em 7 de novembro de 1512 Maquiavel foi demitido acusado de 
ser um dos responsáveis por uma política anti-Médici e grande 
colaborador do governo anterior. Foi multado em mil florins 
de ouro e proibido de se retirar da Toscana durante um ano. 
Para piorar sua situação, no ano seguinte dois jovens, 
Agostino Capponi e Pitropolo Boscoli, foram presos e acusados 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 27
de conspirarem contra o governo. Um deles deixou cair, sem 
querer, uma lista de possíveis adeptos do movimento 
republicano, entre os quais estava o de Maquiavel que foi 
preso e torturado. Para sua sorte, com a morte de Júlio II em 
21 de fevereiro de 1513 e a eleição de João Médici, um 
florentino, como Leão X, todos os suspeitos de conspiração 
foram anistiados como sinal de regozijo e com eles Maquiavel, 
depois de passar 22 dias na prisão. 
Foi durante esse ostracismo e inatividade , o qual duraria 
ate sua morte, que ele escreveu suas obras mais conhecidas: 
"O príncipe" e os "Discursos sobre a primeira década do Tito 
Lívio". (1512-1517)
Após a queda dos Médici em 1527 com a invasão e saque de Roma 
por tropas espanholas, a República instalou-se novamente na 
cidade, mas Maquiavel viu mais uma vez suas esperanças de 
voltar a servir à cidade serem desfeitas pois havia 
trabalhado para os Médici e foi tratado com desconfiança pela 
nova República. Poucos dias depois, ficou doente, sentindo 
dores intestinais no túmulo da família na Igreja de Santa 
Croce em Florença. 
Eixos do pensamento de Maquiavel 
Senso de realismo
Foco na Estabilidade dos Estados 
Volta às glórias do Império Romano. 
Costumam os que desejam conquistar as graças dum príncipe 
oferecer-lhe o que de mais raro possuem ou o que julgam ser 
mais do seu agrado; donde se vê, muitas vezes, oferecerem-lhe 
cavalos, armas, brocados, pedras preciosas e outros adornos, 
dignos da sua grandeza.
Ora desejando eu apresentar-me com algum testemunho, que 
prove a minha admiração por vossa Magnificência, não 
encontrei entre as minhas alfaias coisa de maior valia ou que 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 28
tanto estime, como o conhecimento das ações dos grandes 
homens, adquirido numa longa experiência das coisas modernas 
e numa contínua lição das antigas, que, meditadas por largo 
tempo e examinadas com grande diligência, juntei agora no 
pequeno volume que vos envio. E, se bem que eu julgue esta 
obra indigna de vos ser oferecida, confio, no entanto, que a 
recebereis, considerando que não posso oferecer vos melhor 
dádiva que facilitar-vos, em brevíssimo tempo, o que a mim me 
custou muitos anos e não poucos trabalhos e perigos.
Não enfeitei a obra nem com palavras brilhantes e pomposas, 
nem com nenhum desses vãos ornamentos com que muitos autores 
costumam embelezar e descrever as suas; pois somente quis, ou 
que nada a honre, ou que só a variedade da matéria e a 
gravidade do assunto a tornem grata. Nem quero se tenha por 
presunção que um homem de baixo e ínfimo estado se atreva a 
discorrer e dar regras sobre os governos dos príncipes; 
porque, assim como os que desenham paisagens se colocam nas 
planícies para considerar a natureza dos montes e das 
colinas, e, para considerar as planícies, se colocam no cimo 
dos montes, do mesmo modo para conhecer bem a natureza dos 
povos é preciso ser príncipe e para compreender a dos 
príncipes é necessário ser filho do povo.
NICOLAU MAQUIAVEL AO MAGNIFICO LOURENÇO DE MEDICIS:
Que Vossa Magnificência aceite este pequeno presente com o 
ânimo com que vós-lo envio; e se o lerdes e o meditardes 
detidamente, achareis no seu íntimo o ardentíssimo desejo que 
tenho de que chegueis à grandeza que a fortuna e as outras 
qualidades vossas vos prometem. E se, do cume de vossa altura, 
volverdes os olhos para estes baixos lugares, reconhecereis 
quão indignamente suporto uma grande e contínua adversidade da 
sorte.
PESQUISA ACADÊMICA DE MAQUIAVEL
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 29
1. QUAL É A CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO PROPOSTA POR 
MAQUIAVEL?
Formas de governo:
Principados: monarquias e reinos 
Repúblicas: Aristocráticas e democráticas 
Todos os estados, todos os governo que tiveram e 
tem autoridade sobre os homens, foram e são ou 
repúblicas ou principados. 
2. QUAL É O CRITÉRIO QUE MAQUIAVEL USA PARA CLASSIFICAR AS 
FORMAS DE GOVERNO?
Formas de governo:
Vontade de uma pessoa física - principados - monarquia e 
reinos 
Vontade de mais de uma pessoa jurídica - Repúblicas:
 Aristocráticas - colegiado 
Democráticas - assembleia do povo
3. QUAIS SÃO AS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICAS EXISTENTES NA 
EUROPA DOS TEMPOS DE MAQUIAVEL?
Regna: Como a Inglaterra, a França, a Espanha - -, que se 
tinham formado gradualmente depois da dissolução do Império 
Romano (alguns dos quais se vinham transformando nos grandes 
Estados territoriais que originaram o "Estado" moderno).
Civitates: Estas se tinham expandido, dominando o território 
vizinho, inclusive outras cidades menores, e que eram 
governadas por senhores temporários e eletivos ou por 
conselhos de notáveis ou de representantes. Na época de 
Maquiavel, alguns exemplos são as repúblicas de Gênova, de 
Veneza e a própria Florença. 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 30
4. EXPLIQUE O CONCEITO DE ESTADO INTERMEDIÁRIO. 
"Nenhum Estado pode ser estável se não é um genuíno 
principado ou uma verdadeira república, porque todos os 
governos intermediários são defeituosos, a razão é 
claríssima: o principado só tem um caminho para a sua 
dissolução, que é descer até a república; e a república só 
tem um meio de dissolver-se: subir até o principado. Mas os 
Estados intermediários têm dois caminhos, um no sentido do 
principado, outro no sentido da república sua instabilidade". 
de onde nasce
5. EXPLIQUE A DIFERENÇA ENTRE GOVERNO MISTO E ESTADO 
INTERMEDIÁRIO.
O governo misto que Maquiavel identifica no Estado romano é 
uma república compósita, complexa, formada por diversas 
partes que mantêm relações de concórdia contrastantes entre 
si. O Estado intermediário que ele critica deriva não de uma 
fusão de diversas partes, num todo que as transcende, mas da 
conciliação provisória entre duas partes que conflitam, que 
não chegaram a encontrar uma constituição unitária que as 
abranja, superando-as a ambas.
6. COMO MAQUIAVEL CLASSIFICA OS PRINCIPADOS?
Principados:
Hereditários - 
com intermediários - 
França
sem intermediários - 
Turquia 
Novos - 
virtú
fortuna
violência
consentimento 
7. EXPLIQUE OS CONCEITOS DE VIRTÚ E FORTUNA
Virtú: 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 31
A capacidade pessoal de dominar os eventos, de alcançar um 
fim objetivado, por qualquer meio: o "momento subjetivo" do 
movimento histórico. 50%
Fortuna - 
O curso dos acontecimentos que não dependem da vontade humana: o 
"momento objetivo" do movimento histórico. 50%
8. EXPLIQUE A DIFERENÇA ENTRE A TERIA DOS CICLOS DE POLÍBIO E 
MAQUIAVEL: 
Políbio: A li dos ciclos históricos, a "anaciclose": rotação 
das constituições, na lei natural pela qual as formas 
políticas se transformam, decaem e retornam ao ponto de 
partida. 
Maquiavel:Mas raramente se retorna ao ponto exato de 
partida, pois nenhuma república tem a resistência suficiente 
para sofre várias vezes as mesmas vicissitudes. Acontece com 
frequência que, no meio destes distúrbios, uma república, 
privada de conselhos e de força, é tomada por algum Estado 
vizinho, governado com mais sabedoria. 
9. BODIN 1JEAN QUAL O SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO MAQUIÁVELICO: "O 
FIM JUSTIFICA OS MEIOS"?
"...na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, da 
qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, 
se um príncipe pretende conquistar e manter um Estado, os 
meios que empregar serão sempre tidos como honrosos, e 
elogiados por todos, pois o vulgo se deixa sempre levar pelas 
aparências e os resultados; ..." (cap. XVIII).
JEAN BODIN
A reforma protestante: 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 32
No início do século XVI, 
monge alemão Martinho Lutero proferiu três sermões contra as 
indulgências em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram 
pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg, com 
um convite aberto a uma disputa escolástica sobre elas. Esse 
fato é considerado como o início da Reforma Protestante
Causas da reforma: 
1. Os conflitos políticos entre autoridades da Igreja Romana e 
governantes das monarquias europeias, tais governantes 
desejavam para si o poder espiritual e ideológico da Igreja e 
do Papa, para assegurar o direito divino dos reis;
2. Práticas como a usura eram condenadas pela ética católica 
romana; assim, a burguesia capitalista que desejava altos 
lucros econômicos, sentir-se-ia mais "confortável" se pudesse 
seguir uma nova ética religiosa, adequada ao espírito 
capitalista;
3. O desejo da nobreza e dos príncipes de se apossar das 
riquezas da igreja romana e de ver-se livre da tributação 
papal. Somente com a Reforma, estas 
classes puderam expropriar as terras;
4. As autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-
Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, 
expulsavam e até assassinavam sacerdotes católicos das 
igrejas, substituindo-os por religiosos com formação 
luterana;
5. Lutero era radicalmente contra as revoltas populares contra a 
nobreza imperial, já que Lutero defendia a tese de que a 
existência de "senhores e servos" era vontade divina.
A reforma na França:
O Protestantismo francês iniciou-se com o reformador católico 
Jacques Lefevre, que iniciou suas pregações em 1514, portanto 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 33
antes de Lutero. Logo, os protestantes franceses passaram a 
seguir as orientações de João Calvino, cujos seguidores foram 
chamados de huguenotes.
As guerras religiosas em França começaram com um massacre de 
1000 huguenotes em Vassy a 1 de Março de 1562. Em 1572, 
milhares de huguenotes foram mortos no massacre da noite de 
São Bartolomeu, e a anistia foi concedida no ano seguinte. A 
quinta guerra santa contra os Huguenotes começou a 23 de 
Fevereiro de 1574 e a perseguição continuou periodicamente 
até 1598, quando o rei Henrique IV emitiu o Édito de Nantes 
autorizando aos protestantes a liberdade religiosa e direitos 
idênticos aos dos católicos
PESQUISA ACADÊMICA DE BODIN
1. EXPLIQUE O CONCETO DE SOBERANIA
"Soberania significa simplesmente poder supremo". Na escalada 
dos poderes de qualquer sociedade organizada, verifica "se 
que todo poder inferior é subordinado a um poder superior, o 
qual, por sua vez, se subordina a outro poder superior. No 
ápice deve haver um poder que não tem sobre si nenhum outro e 
esse poder supremo,"summa potestas", é o poder soberano. Onde 
há um poder soberano, há um Estado.".
"Por soberania se entende o poder absoluto e 
perpétuo que é próprio do Estado" (De la 
Republique, Livro I, cap. VIII).
2. IDENTIFIQUE E EXPKLIQUE OS ATRIBUTOS DA SOBERANIA.
Atributos da boba;
CARATER ABSULUTO: Por "caráter absoluto" se entende que o 
poder soberano deve ser "legibus solutus". Quer dizer: não 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 34
deve precisar obedecer às leis, isto é, às leis positivas, 
promulgadas pelos seus predecessores e por ele próprio.
PERPETUIDADE: para Bodin não se deve considerar perpétuo o 
poder atribuído a pessoa ou a uma instituição "por período 
determinado". soberano existe enquanto o Estado existir. O 
poder
INDIVISIBILIDADE: O soberano seja um monarca ou uma 
assembleia ou tem todo o poder, ou não tem poder. Quando o 
poder está dividido, o Estado perde unidade, e com ela a 
estabilidade. Ou o Estado é uno ou não chega a ser um 
Estado.
"Quem é soberano não deve estar 
sujeito, de modo algum, ao comando de outrem; deve 
poder promulgar leis para seus súditos, cancelando 
ou anulando as palavras inúteis dessas leis, 
substituindo as-o que não pode fazer quem está 
sujeito às leis ou a pessoas que lhe 
imponham seu poder".
3. EXPLIQUE POR QUE O PODER ABSOLUTO NÃO É PODER ILIMITADO. 
Limites ao poder soberano:
1. LEIS NATURAIS: Deus cria o mundo com uma ordem que é 
estabelecida por leis. Exemplo: lei de gravitação 
universal. Por cima do Soberano está a summa potestas de 
Deus.
2. LEIS DIVINAS: Exemplo "Os Dez mandamentos". São leis 
explicitas da vontade de Deus. Por cima do Soberano está a 
summa potestas de Deus.
3. LEIS CONSTITUCIONAIS: são as leis constitucionais que 
estabelecem o poder soberano. Se o soberano for contra 
elas, ele estaria autodestruindo o seu próprio poder. Por 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 35
exemplo: a lei que, numa monarquia, estabelece a sucessão 
ao trono.
4. LEIS QUE REGULAM AS RELAÇÕES PRIVADAS: Especialmente as 
relativas à propriedade privada. A propriedade é um BEM e 
todo BEM emana de Deus. O soberano só poderá "tomar os 
bens alheios se tiver motivo justo e razoável: mediante 
compra, troca ou confisco legítimo; ou para a salvação do 
Estado".
4. QUAL É A RELAÇÃO ENTRE ESTADO E SOCIEDADE CIVIL?
A sociedade considerada por Bodin se divide em uma esfera 
pública e uma aesfera privada. Que além do Estado existe a 
sociedade civil, com suas relações econômicas, que tendem de 
modo permanente a escapar do poder do Estado. A distinção 
entre a sociedade das pessoas privadas, regulada pelo direito 
privado (um direito que se aplica a iguais), e a sociedade 
política, regulada pelo direito público (que se aplica a 
desiguais) acompanha a formação do Estado moderno.
5. EXPLIQUE A CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO EM BODIN:
Formas de governo: 
1. Monarquia - 
Monarquia monárquica
Monarquia aristocrática
Monarquia democrática 
2. Aristocracia - 
Aristocracia monárquica
Aristocracia aristocrática
Aristocracia democrática
3. Democracia - 
Democracia monárquica
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 36
Democracia aristocrática
Democracia democrática
6. QUAL É A OPNIÃO DE BODIN EM RELAÇÃO À FORMA MISTA DE GOVERNO?
Se o Estado é verdadeiramente misto, se de fato o poder 
soberano pertence ora a um órgão, ora a um outro, o Estado 
sofrerá continuamente o efeito de conflitos que vão dilacerá 
lo, minando-lhe a segurança. Em vez de garantir maior 
estabilidade, mistura, no a caso, é a causa principal da 
instabilidade.
"Se se atribuísse a soberania um dia ao monarca, o 
dia seguinte a uma minoria, outro dia a todo o 
povo - em suma, se a soberania fosse concedida em 
rodízio... mesmo nesse caso não teríamos senão 
três regimes justapostos, que 'não poderiam ter 
vida longa', como uma família mal-organizada, onde 
mulher e marido dessem ordens em rodízio, cabendo 
depois a chefia da casa aos criados".
7. QUAL É OPINIÃO DE BODIN EM RELAÇÃO À DISTINÇÃO ENTRE AS 
FORMAS BOAS E MÁS DE GOVERNO?
A distinção entre regime e governo lhe permite compreender (e 
portanto incluir no seu sistema abrangente) o fenômeno das 
formas degeneradas, que representam não um vício da soberania 
em si mesma, mas do seu exercício
Segundo Bodin, cada um dos três regimes - 
monarquia, aristocracia e democracia - pode 
assumir três formas diferentes. A monarquia pode 
ser real, despótica e tirânica. A aristocracia 
Ciência Política e TeoriaGeral do Estado 37
pode ser legítima, despótica e facciosa. A 
democracia pode ser legítima, despótica e tirânica
8. EXPLIQUE A DISTINÇÃO ENTRE ESTADO E GOVERNO:
ESTADO -Refere-se ao titular do poder soberano. Assim, 
segundo Bodin, existem três formas de Estado, enquanto o 
poder soberano pertence a um, poucos o muitos. 
GOVERNO - Refere-se ao exercício do poder soberano, de aí 
Bodin entender que podem existir até nove formas de governo.
9. EXPLIQUE O CONCEITO DE MONARQUIA DESPÓTICA
A monarquia despótica é aquela que o príncipe se assenhoreou 
de fato dos bens e das próprias pessoas dos súditos, pelo 
direito das armas e da guerra justa, governando-os como um 
chefe de família governa seus escravos.
A Guerra Justa como legitimação da Monarquia 
despótica: 
"Não é inadmissível que, depois de vencer seus 
inimigos numa guerra • santa e justa, um rei se 
apodere das suas pessoas e propriedade, pelo 
direito de guerra, passando a governar os novos 
súditos como um chefe de família dispõe dos seus 
escravos e bens, seguindo plenamente arbítrio, na 
qualidade de senhor".
THOMAS HOBBES 
A Revolução Inglesa 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 38
A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira 
manifestação de crise do sistema da época moderna, 
identificado com o absolutismo. O poder monárquico, 
severamente limitado, cedeu a maior parte de suas 
prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime 
parlamentarista que permanece até hoje. O processo começou 
com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução 
Gloriosa de 1688.
Jaime I, rei da Escócia (1603-1625). Dissolveu o parlamento 
várias vezes e quis implantar uma monarquia absolutista 
baseada no direito divino. Por isso, perseguiu os católicos e 
seitas menores, sob o pretexto que os mesmos estavam 
organizando a Conspiração da Pólvora (eliminar o Rei), em 
1605.
Carlos I, sucessor de Jaime I (1625- 1648). Tentou continuar 
uma política absolutista e estabelecer novos impostos, mas 
acabou impedido pelo parlamento. Em 1628, com tantas guerras, 
o Rei viu-se obrigado a convocar o parlamento, que ao 
juramento da "Petição dos Direitos" (2° Carta Magna inglesa) 
garantia à população contra os tributos e detenções ilegais.
O parlamento queria o controle da política financeira e do 
exército, além de regularizar a convocação do parlamento. A 
resposta real foi bem clara, a dissolução do parlamento que 
voltaria a ser convocado em 1640. Carlos I governou sem 
parlamento, mas ele buscou o apoio da Câmara Estrelada, uma 
espécie de tribunal ligado ao Conselho Privado do Rei. Também 
tentou impor a religião anglicana aos calvinistas escoceses 
(presbiterianos), gerando rebeliões por parte dos escoceses 
que invadiram o norte da Inglaterra. Com isso, o rei viu-se 
obrigado a reabrir o parlamento em abril de 1640 para obter 
ajuda da burguesia e da Gentry.
No entanto, o parlamento tinha mais interesse no combate ao 
absolutismo e acabou fechado novamente. Em novembro do mesmo 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 39
ano foi convocado de novo. Desta vez ficou como o longo 
parlamento, que se manteve até 1653
Em contra partida o exército do parlamento foi comandado por 
Oliver Cromwell, formado por camponeses, burgueses de Londres 
e a gentry. Os Cabeças Redondas derrotaram os Cavaleiros na 
Batalha de Naseby em 1645. Carlos I perdeu a guerra e fugiu 
para a Escócia, lá ele foi preso e vendido para o parlamento 
inglês, este mandou executar o rei. Ao tomar esta decisão a 
sociedade representada pelo parlamento rompia com a ideia da 
origem divina do rei e de sua incontestável autoridade. 
Assim, a guerra civil fomentou novas ideias lançando as bases 
políticas do mundo contemporâneo.
O estado de natureza 
O conceito de Estado de Natureza é uma abstração teórica que 
se refere a um "momento" em que os seres humanos organizavam-
se apenas sob as leis da natureza.
É um momento anterior ao surgimento de qualquer tipo de 
organização social e do Estado Civil.
Uma característica marcante é a ideia de que os indivíduos 
viveriam isoladamente ou organizados em pequenos grupos 
familiares dedicados à sua estrita sobrevivência.
Estes indivíduos pré-sociais seriam plenamente livres, 
seguindo sua liberdade natural, e iguais, não estando 
submetidos a construções sociais ou culturais.
Diferentes autores propõem diferentes visões sobre como seria 
o estado de natureza, negativas e positivas.
CAP. XII DO LEVIATÃ :
Parágrafo 1. 
A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do 
corpo e do espírito que, embora por vezes se encontre um homem 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 40
manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do 
que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em 
conjunto, a diferença entre um e outro homem não é 
suficientemente considerável para que qualquer um possa com base 
nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também 
aspirar, tal como ele. Porque quanto à força corporal o mais 
fraco tem força suficiente para matai o mais forte, quer por 
secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem 
ameaçados pelo mesmo perigo.
Parágrafo 2 
Quanto às faculdades do espírito (pondo de lado as artes que 
dependem das palavras, e especialmente aquela capacidade para 
proceder de acordo com regras gerais e infalíveis a que se chama 
ciência; a qual muito poucos têm, é apenas numas poucas coisas, 
pois não é uma faculdade nativa, nascida conosco, e não pode ser 
conseguida - como a prudência - ao mesmo tempo que se está 
procurando alguma outra coisa), encontro entre os homens uma 
igualdade ainda maior do que a igualdade de força. Porque a 
prudência nada mais é do que experiência, que um tempo igual 
igualmente, oferece a todos os homens, naquelas coisas a que 
igualmente se dedicam.
O que talvez possa tornar inaceitável essa igualdade é 
simplesmente a concepção vaidosa da própria sabedoria, a qual 
quase todos os homens supõem possuir em maior grau do que o 
vulgo; quer dizer, em maior grau do que todos menos eles 
próprios, e alguns outros que, ou devido à fama ou devido a 
concordarem com eles, merecem sua aprovação. Pois a natureza dos 
homens é tal que, embora sejam capazes de reconhecer em muitos 
outros maior inteligência, maior eloquência ou maior saber, 
dificilmente acreditam que haja muitos tão sábios como eles 
próprios; porque veem sua própria sabedoria bem de perto, e a 
dos outros homens à distância. Mas isto prova que os homens são 
iguais quanto a esse ponto, e não que sejam desiguais. Pois 
geralmente não há sinal mais claro de uma distribuição 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 41
equitativa de alguma coisa do que o fato de todos estarem 
contentes com a 
parte que lhes coube.
Parágrafo 3 
Desta igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade quanto à 
esperança de atingirmos nossos fins. Portanto se dois homens 
desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser 
gozada por ambos, eles tornam-se inimigos. E no caminho para seu 
fim (que é principalmente sua própria conservação, e às rezes 
apenas seu deleite) esforçam-se por se destruir ou subjugar um 
ao outro e disto se segue que, quando um invasor nada mais tem a 
recear do que o poder de um único outro homem, se alguém planta, 
semeia, constrói ou possui um lugar conveniente, é provavelmente 
de esperar que outros venham preparados com forças conjugadas, 
para desapossá-lo e privá-lo, não apenas do fruto de seu 
trabalho; mas também de sua vida e de sua liberdade. Por sua 
vez, o invasor ficará no mesmo perigo em relação aos outros.
Parágrafo 4 
E contra esta desconfiança de uns em relação aos outros, nenhuma 
maneira de se garantir é tão razoável como a antecipação; isto 
é, pela força ou pela astúcia, subjugar as pessoas de todos os 
homens que puder, durante o tempo necessário para chegar ao 
momento em que não veja qualquer outro poder suficientemente 
grande para ameaçá-lo. E isto não é mais do que sua própria 
conservaçãoexige, conforme é geralmente admitido. Também por 
causa de alguns que, comprazendo se em contemplar seu próprio 
poder nos atos de conquista, levam estes atos mais longe do que 
sua segurança exige, se outros que, do contrário, se 
contentariam em manter-se tranquilamente dentro de modestos 
limites, não aumentarem seu poder por meio de invasões, eles 
serão incapazes de subsistir durante muito tempo, se se 
limitarem apenas a uma atitude de defesa. Consequentemente esse 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 42
aumento do domínio sobre os homens, sendo necessário para a 
conservação de cada um, deve ser por todos admitido.
Parágrafo 5 
Por outro lado, os homens não tiram prazer algum da companhia 
uns dos outros (e sim, pelo contrário, um enorme desprazer), 
quando não existe um poder capaz de manter a todos em respeito. 
Porque cada um pretende que seu 
companheiro lhe atribua o mesmo valor que ele se atribui a si 
próprio e, na presença de todos os sinais de desprezo ou de 
subestimação, naturalmente se esforça, na medida em que a tal se 
atreva (o que, entre os que não têm um poder comum capaz de os 
submeter a todos, vai suficientemente longe para levá-los a 
destruir-se uns aos outros), por arrancar de seus contendores a 
atribuição de maior valor, causando lhes dano, e dos outros 
também, através do exemplo
Parágrafo 6
De modo que na natureza do homem encontramos três causas 
principais de discórdia. Primeiro, a competição, segundo, a 
desconfiança; e terceiro, a glória. A primeira leva os homens a 
atacar os outros tendo em vista o lucro; a segunda, a segurança; 
e a terceira, a reputação. Os primeiros usam a violência para se 
tornarem senhores das pessoas, mulheres, filhos e rebanhos dos 
outros homens; os segundos, para defendê-los; e os terceiros por 
ninharias, como uma palavra, um sorriso, uma diferença de 
opinião, e qualquer outro sinal de desprezo, quer seja 
diretamente dirigido a suas pessoas, quer indiretamente a seus 
parentes, seus amigos, sua nação, sua profissão ou seu nome.
Parágrafo 7 
Com isto se torna manifesto que, durante o tempo em que os 
homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em 
respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama 
guerra; uma guerra que é de todos os homens contra todos os 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 43
homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato 
de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de 
travar batalha é suficientemente conhecida. Portanto a noção de 
tempo deve ser levada em conta quanto à natureza da guerra, do 
mesmo modo que quanto à natureza do clima. Porque tal como a 
natureza do mau tempo não consiste em dois ou três chuviscos, 
mas numa tendência para chover que dura vários dias seguidos, 
assim também a natureza da guerra não consiste na luta real, mas 
na conhecida disposição para tal, durante todo o tempo em que 
não há garantia do contrário. Todo 
o tempo restante é de paz.
Parágrafo 8 
Portanto tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em 
que todo homem é inimigo de todo homem, o mesmo é válido também 
para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança 
senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua 
própria invenção. Numa tal situação não há lugar para a 
indústria, pois seu fruto é incerto; consequentemente não há 
cultiva da terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que 
podem ser importadas pelo mar; não há construções confortáveis, 
nem instrumentos para mover e remover as coisas que precisam de 
grande força; não há conhecimento da face da Terra, nem cômputo 
do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é 
pior do que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. 
E a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e 
curta.
Parágrafo 9 
A
Poderá parecer estranho a alguém que não tenha considerado bem 
estas coisas que a natureza tenha assim dissociado os homens, 
tornando-os capazes de atacar-se e destruir-se uns aos outros. E 
poderá, portanto, talvez desejar, não confiando nesta 
inferência, feita a partir das paixões, que a mesma seja 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 44
confirmada pela experiência. Que seja portanto ele a considerar 
se a si mesmo, que quando empreende uma viagem se arma e procura 
ir bem acompanhado; que quando vai dormir fecha suas partas; que 
mesmo quando está em casa tranca seus cofres; e isto mesmo 
sabendo que existem leis e funcionários públicos armados, 
prontos a vingar qualquer injúria que lhe possa ser feita. Que 
opinião tem ele de seus compatriotas, ao viajar armado; de seus 
concidadãos, ao fechar suas portas; e de seus filhos e 
servidores, quando tranca seus cofres? Não significa isso acusar 
tanto a humanidade com seus atas como eu o faço com minhas 
palavras?
B
Mas nenhum de nós acusa com isso a natureza humana. Os desejos e 
outras paixões do homem não são em si mesmos um pecado. Nem 
tampouco o são as ações que derivam dessas paixões, até ao 
momento em que se tome conhecimento de uma lei que as proíba; o 
que será impossível até ao momento em que sejam feitas as leis; 
e nenhuma lei pode ser feita antes de se ter determinado qual a 
pessoa que deverá fazê-la.
Parágrafo 10 
Poderá porventura pensar-se que nunca existiu um tal tempo, nem 
uma condição de guerra como esta, e acredito que jamais tenha 
sido geralmente assim, no mundo inteiro; mas há muitos lugares 
onde atualmente se vive assim. Porque os povos selvagens de 
muitos lugares da América, com exceção do governo de pequenas 
famílias, cuja concórdia depende da concupiscência natural, não 
possuem qualquer espécie de governo, e vivem em nossos dias 
daquela maneira embrutecida que acima referi. Seja como for, é 
fácil conceber qual seria o gênero de vida quando não havia 
poder comum a recear, através do gênero de vida em que os homens 
que anteriormente viveram sob um governo pacifico costumam 
deixar-se cair, numa guerra civil.
Parágrafo 11
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 45
Mas mesmo que jamais tivesse havido um tempo em que os 
indivíduos se encontrassem numa condição de guerra de todos 
contra todos, de qualquer modo em todos os tempos os reis, e as 
pessoas dotadas de autoridade soberana, por causa de sua 
independência vivem em constante rivalidade, e na situação e 
atitude dos gladiadores, com as armas assestadas, cada um de 
olhos fixos no outro; isto é, seus fortes, guarnições e canhões 
guardando as fronteiras de seus reinos, e constantemente com 
espiões no território de seus vizinhos, o que constitui uma 
atitude de guerra. Mas como através disso protegem a indústria 
de seus súditos, daí não vem como consequência aquela miséria 
que acompanha a liberdade dos indivíduos isolados.
Parágrafo 12
Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também 
isto é conseqüência: que nada pode ser injusto. As noções de bem 
e de mal, de justiça e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde 
não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há 
injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes 
cardeais. A justiça e a injustiça não fazem parte das faculdades 
do corpo ou do espírito. Se assim fosse, poderiam existir num 
homem que estivesse sozinho no mundo, do mesmo modo que seus 
sentidos e paixões. São qualidades que pertencem aos homens 
sociedade, não na solidão.
Outra consequência da mesma condição é que não há propriedade, 
nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só pertence a 
cada homem aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas 
enquanto for capaz de conservá-lo. É pois esta a miserável 
condição em que o homem realmente se encontra, por obra da 
simples natureza. Embora com uma possibilidade de escapar a ela, 
que em parte reside nas baixões, e em parte em sua razão
Parágrafo 13 
As paixões que fazem os homens tender para a paz são o medo da 
morte, o desejo daquelas coisas que são necessárias para uma 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 46
vida confortável, e a esperançade consegui-las através do 
trabalho. E a razão sugere adequadas normas de paz, em torno das 
quais os homens podem chegar a acordo. Essas normas são aquelas 
a que por outro lado se chama leis de natureza, das quais 
falarei mais particularmente nos dois capítulos seguintes
PESQUISA ACADÊMICA DE HOBBES
1. EM QUE ASPECTO HOBBES DISCORDA DA TEORIA CLÁSSICA DAS FORMAS 
DE GOVERNO?
Como Bodin, Hobbes não aceita duas das teses que 
caracterizaram durante séculos a teoria das formas de 
governo: a distinção entre as formas boas e más e o governo 
misto. Nos dois casos a refutação deriva, com lógica férrea, 
dos dois atributos fundamentais da soberania: seu caráter 
absoluto e a indivisibilidade. Conforme veremos adiante, do 
caráter absoluto deriva a crítica à distinção entre formas 
boas más; da e indivisibilidade, a crítica ao governo misto.
2. EM QUE SENTIDO O PODER SOBERANO É ABSOLUTO?
Em Bodin, o caráter absoluto do poder soberano significa que 
ele não está limitado pelas leis positivas, porém, admite 
certos limites.
Hobbes afirma que esses limites não se sustentam.
Se o soberano não observar as leis divinas 
e naturais, ninguém poderá puni-lo.
Se o soberano ir contra as leis constitucionais irá contra 
ele mesmo, contra a fonte do seu poder. 
Em Bodin quem sustenta a propriedade é ainda Deus. Em Hobbes 
o Estado
3. QUAL É A RELAÇÃO ENTRE PROPRIEDADE PRIVADA E PODER SOBERANO?
Para Hobbes o direito de propriedade só existe, no Estado, 
mediante a tutela estatal; no estado de natureza os 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 47
indivíduos teriam um ius in omnia - um direito sobre todas as 
coisas, o que quer dizer que não teriam direito a nada, já 
que se todos têm direito a tudo, qualquer coisa pertence ao 
mesmo tempo a mim e a ti. Só o Estado pode garantir, com sua 
força, superior à força conjunta de todos os indivíduos, que 
o que é meu me pertença exclusivamente, assegurando assim o 
sistema de propriedade individual.
"Outra consequência da mesma 
condição é que não há propriedade, nem domínio, nem distinção 
entre o meu e o teu; só pertence a cada homem aquilo que ele 
é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de 
conservá-lo." Leviata, Cap. XIII.
Hobbes nega essa distinção entre a esfera pública e a 
privada; uma vez instituído o Estado, a esfera privada, que 
em Hobbes coincide com o estado na natureza, se dissolve 
inteiramente na esfera pública.
4. EXPLIQUE PORQUE HOBBES REJEITA A TESE DOS GOVERNOS BONS E 
MAUS. 
Do caráter absoluto do poder estatal deriva a rejeição da 
distinção entre formas boas e más de governo.
Soberanos bons: os que exercem o poder de acordo com as leis.
Soberanos maus: os que governam sem respeitar as leis.
Não faz sentido falar em abuso do poder onde o poder é 
ilimitado.
Como se pode, então, distinguir o bom soberano do mau, se o 
único critério que permitiria tal diferenciação não se 
sustenta?
5. PARA HOBBES, EXISTE DIFERENÇA ENTRE MONARCA E TIRANO?
Não há nenhum critério objetivo para distinguir o bom rei do 
tirano. Os julgamentos de valor são subjetivos, dependem da 
"opinião". O que parece bom a uns a outros parecerá mau: isso 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 48
acontece porque não há critério racional que permita 
diferenciar o bem do mal.
O tirano é um rei que não aprovamos; o rei, um tirano que tem 
nossa aprovação.
6. EXPLIQUE O CONCEITO DE LEGITIMAÇÃO POST FACTUM?
Sem o reconhecimento do princípio da efetividade: nenhum 
poder seria legítimo.
Tem-se um movimento contínuo, remontando cada poder legítimo 
a outro poder legítimo que o precede, chegando-se 
forçosamente a um ponto em que topamos com um poder que não 
tem nenhum ponto de apoio além de si mesmo, ou seja, da sua 
capacidade própria.
No fundo a legitimação post-factum é uma legitimação que se 
sustenta na força.
7. COMO HOBBES CARACTERIZA A MONARQUIA DESPÓTICA?
Bodin tinha relacionado o despotismo com a "guerra justa". → 
Já Hobbes afirma que o que determina a justiça da guerra é a 
vitória: quando falta um tribunal superior às partes, que 
possa decidir em favor de quem tem razão, esta cabe ao 
vitorioso.
8. EXPLIQUE EM QUE CONSISTE O PACTUM SUBIECTIONIS. 
O pactum subiectionis consiste no fato que o vencedor teria o 
direito de matar o vencido que, para salvar a vida, renuncia 
à liberdade. Há uma verdadeira troca de prestações: pela 
submissão o vencido oferece ao vencedor seus serviços, isto 
é, promete servi-lo; de seu lado, o vencedor dá proteção ao 
vencido. Tanto no pacto que origina o estado civil como 
naquele entre vencedor vencido, o bem supremo é a vida
9. QUAIS SÃO OS ARGUMENTOS QUE HOBBES ULTILIZ PARA CRITICAR A 
TEORIA DO GIVERNO MISTO? 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 49
"Há também os que subdividem o poder soberano, atribuindo a 
faculdade de declarar a guerra e fazer a paz a uma só pessoa 
(o rei), e a outrem o direito de impor tributos. Contudo, 
como os recursos são os nervos da guerra e da paz, os que 
assim dividem a soberania ou não a dividem de fato, porque 
atribuem o poder efetivo a quem dispõe dos recursos, e a 
outros só o poder nominal, ou-se o dividem de fato dissolvem 
o Estado, já que sem dinheiro não é possível fazer a guerra, 
quando necessário, nem conservar a tranquilidade pública" [De 
Cive, XII, 5).
Outra característica da soberania é a indivisibilidade, da 
qual deriva a crítica que Hobbes faz da teoria do governo 
misto.
10. QUAL É A OPINIÃO DE BOBBIO EM RELAÇÃO À APARENTE CONFUSÃO, 
EM HOBBES, ENTRE AS TEORIAS DO GOVERNO MISTO E DA SEPARAÇÃO DE 
PODERES. 
Admitindo-se que as funções do Estado sejam três a 
legislativa, a executiva e a judiciária a identificação da 
prática da divisão de poderes com a realidade do sistema 
político "misto" só pode ser feita se a cada função 
corresponder uma das três partes da sociedade (rei, nobres, 
povo); isto é: se for possível conceber um Estado em que ao 
rei caiba a função executiva, ao senado a judiciária, ao povo 
a legislativa.
Nisto reside a confusão.
GIAMBATTISTA VICO 
Revolução da Ciência Moderna séculos XVI e XVII 
Século das Luzes / Iluminismo
Revolução Industrial
Surgimento do Capitalismo
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 50
Revolução Americana 1776
Revolução Francesa 1789
Fim do Absolutismo
Surgimento do Estado Moderno
PESQUISA ACADÊMICA DE VICO
1. QUAL É O OBJETIVO GERAL DA OBRA DE VICO?
O livro fundamental de Vico é La Scienza Nuova. Este livro 
apresenta uma filosofia da história, uma tentativa grandiosa 
de descobrir as leis gerais que presidem ao desenvolvimento 
da história universal, permitindo, portanto, compreender o 
seu "sentido". Com efeito, para atribuir um "sentido" à 
história é necessário descobrir a "direção" em que se movem 
os homens que são seus artífices; e para compreender qual é 
essa direção é necessário voltar a percorrer as várias etapas 
do movimento histórico e descobrir as razões da passagem de 
uma para outra etapa, bem como o objetivo, o "telos" desse 
movimento geral.
2. COMO VICO CLASSIFICA AS FORMAS DE GOVERNO?
"O governo aristocrático se baseia na conservação, sob a 
tutela da ordem dos patrícios que o constituiu, sendo máxima 
essencial da sua política a de que só a patrícios sejam 
atribuídos os auspícios, os poderes, a nobreza, os conúbios, 
as magistraturas, comandos e sacerdócios... Constituem 
condições do governo popular a paridade dos sufrágios, a 
livre expressão das sentenças e o acesso igual para todos às 
honrarias, sem excluir as supremas... O caráter do reino, ou 
monarquia, é o domínio por um só, a quem cabe o arbítrio 
soberano e inteiramente livre sobre todas as coisas" 
[Dell'Unico Principio e Dell'Unico Fine del Diritto 
Universale, § 138).
3. EXPLIQUE O CONCEITO DE "ESTADO BESTIAL":
Ciência Política e Teoria Geral do Estado 51
Explique o conceito de "estado bestial". 
"Errando como animais pela grande selva da terra... para 
fugir as feras que deviam existir em abundância e para 
perseguir as mulheres, que naquele estado deviam ser 
selvagens,

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