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Ciência Política e Teoria Geral do Estado 1 ✅ Ciência Política e Teoria Geral do Estado A1 8 A2 5 Média Final 6.5 A política é um fenômeno que sempre existiu? Ou, o fenômeno político surge em um momento específico da história da humanidade? Sim, desde que o homem é homem existe o fenômeno do poder, porque sempre existirão nas relações humanas vontades em conflitos em que uma quer se sobressair sobre a outra. Ciência Política e Teoria Geral do Estado 2 A origem da reflexão política POLÍTICA - as coisas que acontecem na cidade. QUAL É O OBJETO DA POLÍTICA? relações de poder: conflito de vontades. PODER - é a capacidade de deliberar arbitrariamente, agir, mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, o império. Poder tem também uma relação direta com capacidade de ser realizar algo, aquilo que se "pode" ou que se tem o poder de realizar ou fazer. Na cultural grega, coincidentemente com a origem da civilização ocidental, lá pelo séc. VI a.c. Sócrates século V a.c. Por que o filósofo morre pela lei? → "Eu vou morrer porque durante toda aminha vida eu lutei para a implantação da lei dentro da pólis (cidade)e eu tive direito a defesa e pela lei eu fui condenado e morrerei amanhã em respeito a lei". Portanto, para Sócrates morrer pela lei, é morrer pela filosofia e pela razão. PESQUISA ACADÊMICA DE "UMA DISCUSSÃO CÉLEBRE" QUESTIONÁRIO - COMENTÁRIOS 1. OTANES: Crítica a monarquia "a monarquia afasta do seu caminho normal até mesmo o melhor dos homens". PREPOTÊNCIA E INVEJA / mata os cidadãos ao sabor dos seus caprichos e portanto, o poder corrompe os homens. (não para bem) Ciência Política e Teoria Geral do Estado 3 2. OTANES: Defesa da democracia "isonomia, cargos públicos são distribuídos e os magistrados precisam prestar contas do exercício do poder". grande número faz com que tudo seja possível / mecanismo de controle de poder. 3. MEGABISES: Crítica da democracia "a massa inepta é obtusa e prepotente". Desatina: faz as coisas sem pensar, portanto, inconsciente O povo não sabe o que faz porque nunca aprendeu nada de bom e útil. o povo se fazem "burros". 4. MEGABISES: Defesa da Aristocracia "é natural que as melhores decisões sejam tomadas pelos que são melhores". Quem são os melhores? Quais são os critérios para decidir quem são os melhores? Todos querem ser chefes, e fazer prevalecer sua opinião, onde surgem facções (grupos) e os delitos. Mais cedo ou mais tarde, segundo Megabises, esses delitos levarão à monarquia. 5. DARIO: Crítica da Democracia "é impossível não haver corrupção na esfera dos negócios públicos" Solida aliança entre os malfeitores / agem contra o bem comum e fazem-no conspirando entre si. 6. DARIO; Defesa da Monarquia "o melhor homem de todos governaria o povo de um modo irrepreensível, saberia manter seus objetivos políticos a salvo dos adversários. GANHOU A DISCUSSÃO CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO Name Column COMO? COMO?? . . BEM MAL https://www.notion.so/8f5ce2b940484467b548775a34378ef6 Ciência Política e Teoria Geral do Estado 4 Name Column COMO? COMO?? QUEM?? UM Mo TIRANIA . POUCOS ARISTOCRACIA OLIGARQUIA . MUITOS DEMOCRACIA OCLOCRACIA PLATÃO: Alegoria da caverna A relação entre a Filosofia Política e a Metafísica Platônica METAFÍSICA: (do grego antigo = depois de, além de tudo) (natureza ou física) É uma das disciplinas fundamentais da filosofia que examina a natureza fundamental da realidade. Os sistemas metafísicos, na sua forma clássica, tratam de problemas centrais da filosofia teórica: são tentativas de descrever os fundamentos, as condições, as leis, a estrutura básica, as causas ou princípios, bem como o sentido e a finalidade da realidade como um todo ou dos seres em geral. Um ramo central da metafísica é a ontologia, a investigação sobre as categorias básicas do ser e como elas se relacionam umas com as outras. Outro ramo central da metafísica é a cosmologia, o estudo da totalidade de todos os fenômenos no universo. Representação gráfica da alegoria da caverna : https://www.notion.so/QUEM-766ee94ec6af4553b2f4f0f86bf57f57 https://www.notion.so/a5b46d32a94b4c40b08ee1e0ba152107 https://www.notion.so/0fccf2b29038414793e6b54899579c3a Ciência Política e Teoria Geral do Estado 5 SIMBOLOGIA DA ALEGORIA A alegoria Nosso mundo dicas As sombras As coisas materiais a que nós seres humanos chamamos de coisas reais? Os prisioneiros Os seres humanos Sócrates: "eles são semelhantes a nós" As estátuas Os conceitos das coisas nós, seres humanos, somos seres conceituais A fogueira O conhecimento humano o conhecimento humano é precário e errático O liberto O discípulo ninguém ensina nada a ninguém Aquele que liberta O mestre O caminho de saída A educação As coisas fora da caverna As ideias do mundo das ideias O sol A ideia do bom e belo https://www.notion.so/As-sombras-2bf358e719e64041a34b007b0b82c939 https://www.notion.so/Os-prisioneiros-9b43fa6a55e743b292f0815d1c12078f https://www.notion.so/As-est-tuas-e9ec7dc0abcd4fc3bc22b1725f9a3a92 https://www.notion.so/A-fogueira-17fa39f84d1c414590aba66254b0eb52 https://www.notion.so/O-liberto-0f7775782ea24b16a69b620d3072b031 https://www.notion.so/Aquele-que-liberta-9f7f459527ce49aa8afa0043bc6d49c0 https://www.notion.so/O-caminho-de-sa-da-90cfb749aac842ce8b8baefbe25df5fd https://www.notion.so/As-coisas-fora-da-caverna-3cdd2b1bf60743c4b388ef88f0879de7 https://www.notion.so/O-sol-93b0d610622c4905848c634a3283b8d4 Ciência Política e Teoria Geral do Estado 6 mundo da caverna mundo fora da caverna mundo sensível mundo inteligível → → mundo material mundo das ideias PESQUISA ACADÊMICA DE PLATÃO 1. EXPLIQUE A CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO EM PLATÃO: Formas de Governo Ideias perfeitas Reais (más) Monarquia Timocracia Qual a melhor? Oligarquia Aristocracia Democracia Untitled Tirania As viagens para Siracusa → "Nunca houvera uma ocasião como aquela, de vir a concretizar-se nos mesmos homens a união da filosofia e do governo das cidades [...] também confiava no caráter de Díon, naturalmente firme, por ele já ser de idade madura [...] acabou de decidir-me a consideração de que era chegado o momento de tentar por em prática meus projetos de legislação e de governo. Bastava persuadir um único homem, para que tudo me saísse bem (Carta VII, 328 ac) 2. PORQUE O TEXTO AFIRMA QUE PLATÃO É UM CONSERVADOR? O progressismo é a doutrina segundo a qual certas medidas econômicas e sociais - impulsionadas sobretudo pela ciência e tecnologia - são imprescindíveis para a melhoria da condição https://www.notion.so/mundo-sens-vel-b62749824d57472d8f1d1f7982a2f36d https://www.notion.so/6775d5e0d9f54623898e095d29d446c7 https://www.notion.so/mundo-material-c5d2178de7a74e0c860920cd10ab853f https://www.notion.so/Monarquia-2913391a7a4649629a0f6ba422230507 https://www.notion.so/Qual-a-melhor-84407143d8e84e00914d6ca8bd187d57 https://www.notion.so/Aristocracia-fc3b115de4d74559b51a49f433c2e5fd https://www.notion.so/40e2bb78c82e4e74868d4ce340afb29f Ciência Política e Teoria Geral do Estado 7 humana. Também está relacionado à ruptura de padrões sociais tradicionais, que por sua vez promoveriam valores como liberdade e igualdade. O conservadorismo ou conservantismo é uma ideologia política e social que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais no contexto da cultura e da civilização. 3. EXPLIQUE O CRITÉRIO PELO QUAL PLATÃO CARACTERIZA AS DIFERENTES FORMAS DE GOVERNO. Homem timocrático - honrarias Homem oligárquico - riqueza Homem Democrático - liberdade Homem tirânico - violência Para caracterizar essas diferentes formas, Platão identifica as peculiaridades morais (isto é, os vícios e as virtudes) das respectivas classes dirigentes. Cada um desses homens, que representa um tipo de classe dirigente, e portanto uma forma de governo, é retratado de modo muito eficaz mediante a descrição da sua paixão dominante: para o timocrático,a ambição, o desejo de honrarias; para o oligárquico, a fome de riqueza; para o democrático, o desejo imoderado de liberdade (que se transforma em licença); para o tirânico, a violência. 4. COMO OCORRE A PASSAGEM DE UMA FORMA DE GOVERNO PARA OUTRA? A mudança de uma constituição para outra parece coincidir com a passagem de uma geração a outra. É uma mudança não só necessária, num certo sentido inevitável, mas também muito rápida. Parece ser a consequência fatal da rebelião do filho contra o pai, da mudança de costumes que ela provoca (mudança que corresponde a uma piora constante). Quanto ao motivo que explica a mudança, deve ser procurado sobretudo na corrupção do princípio que inspira todos os Ciência Política e Teoria Geral do Estado 8 governos. Para uma ética como a helênica, acolhida e propugnada por Platão, fundamentada na idéia do "meio dourado", a corrupção de um princípio consiste no seu "excesso". A honra do homem timocrático se corrompe quando se transforma em ambição imoderada e ânsia de poder. A riqueza do homem oligárquico, quando se transforma em avidez, avareza, ostentação despudorada de bens que leva à inveja e à revolta dos pobres. A liberdade do homem democrático, quando este passa a ser licencioso, acreditando que tudo é permitido, que todas as regras podem ser transgredidas impunemente. O poder do tirano, quando se transforma em puro arbítrio, e violência pela própria violência. 5. EXPLIQUE OS CONCEITOS EX PARTE POPULI E EX PARTE PRINCIPIS Duas perspectivas de análise sobre o fenômeno político Ex parte populi: a partir do povo, do governad ex parte principis: a partir do principio, de governante a liberdade do cidadão estabilidade política, a unidade do Estado toda a teoria política até montesquieu A teoria política a partir de montesquieu 6. EXPLIQUE A CONCEPÇÃO ÔRGANICA DA TEORIA PLATÔNICA DO ESTADO. É amplamente reconhecido que a teoria platônica do Estado como organismo deve muito à sua teoria do homem. A filosofia platônica é um exemplo notável da teoria orgânica da sociedade - isto é, da teoria que concebe a sociedade (ou o Estado) como um verdadeiro organismo, à imagem e semelhança do corpo humano. Como na república ideal, às três classes que compõem organicamente o Estado correspondem três almas individuais: a racional, a passional e a apetitiva; do mesmo modo, as formas de governo podem também ser distinguidas com base nas diferentes almas que as animam. O tema não foi https://www.notion.so/a-liberdade-do-cidad-o-abd6125d2ff14c2dace0a9bd50a5cbf2 https://www.notion.so/toda-a-teoria-pol-tica-at-montesquieu-30e12a186a4c44be83d976e677b418d0 Ciência Política e Teoria Geral do Estado 9 perfeitamente desenvolvido, mas se não há dúvida de que a constituição ideal é dominada pela alma racional, é indubitável que a constituição timocrática (que exalta o guerreiro, mais do que o sábio) é dominada pela alma passional. As outras três formas são dominadas pela alma apetitiva: o homem oligárquico, o democrático e o tirano são todos eles cúpidos de bens materiais, estão todos voltados para a Terra - embora apresentem aspectos diversos. 6. EXPLIQUE A CONCEPÇÃO ÔRGANICA DA TEORIA PLATÔNICA DO ESTADO. Corpo almas classes homens atividades formas de governo cabeça racional ouro filósofos a procura da verdade monarqua/ aristocracia Tronco passional prata guerreiros a defesa da cidade timocracia Genitalia apetitiva bronze operários produzir bens oligarquia/ democracia/ tirania 7. QUAL É O CRIÉRIO UTILIZADO POR PLATÃO PARA DISTINGUIR AS FORMAS BOAS E MÁS DE GOVERNO? Outra coisa a observar, no momento só incidentalmente (trata- se de assunto ao qual vamos voltar com frequência durante o curso), é o critério ou critérios com base nos quais Platão distingue as formas boas das más. Relendo a passagem citada, veremos que esses critérios são, em substância, dois: violência e consenso, legalidade e ilegalidade. As formas boas não aquelas em que o governo não se baseia na violência, e sim no consentimento ou na vontade dos cidadãos; onde ele atua de acordo com leis estabelecidas, e não arbitrariamente. DUPLO CRITÉRIO PARA CLASSIFICAR AS FORMAS BOAS E MÁSDE GOVERNO: FORMAS BOAS - quando o governante na legalidade com o consenso https://www.notion.so/cabe-a-e8786e317a414bf9880c85cd45241153 https://www.notion.so/Tronco-dd4121ac3042430d8afd9ea1837fa5a0 https://www.notion.so/Genitalia-63b1b79dc2e9460a94abd18316e2ad8a Ciência Política e Teoria Geral do Estado 10 FORMAS MÁS - quando o governante governa na ilegalidade e com a violência ARISTÓTOLES: A POLÍTICA Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado Como sabemos, todo Estado é uma sociedade, a esperança de um bem, seu princípio, assim como de toda associação, pois todas as ações dos homens têm por fim aquilo que consideram um bem. Todas as sociedades, portanto, têm como meta alguma vantagem, e aquela que é a principal e contém em si todas as outras se propõe a maior vantagem possível. Chamamo-la Estado ou SC de política A principal sociedade natural, que é a família, formou-se, portanto, da dupla reunião do homem e da mulher, do senhor e do escravo. O poeta Hesíodo tinha razão ao dizer que era preciso antes de tudo A casa, e depois a mulher e o boi lavrador, já que o boi desempenha o papel do escravo entre os pobres. Assim, a família é a sociedade cotidiana formada pela natureza e composta de pessoas que comem, como diz Carondas, o mesmo pão e se esquentam, como diz Epimênides de Creta, com o mesmo fogo. Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado A sociedade que em seguida se formou de várias casas chama-se aldeia e se assemelha perfeitamente à primeira sociedade natural, com a diferença de não ser de todos os momentos, nem de uma frequentação tão contínua. Ela contém as crianças e as criancinhas, todas alimentadas com o mesmo leite. De qualquer modo, trata-se de uma colônia tirada da primeira pela natureza. Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado A sociedade que se formou da reunião de várias aldeias Ciência Política e Teoria Geral do Estado 11 constitui a Cidade, que tem a faculdade de se bastar a si mesma, sendo organizada não apenas para conservar a existência, mas também para buscar o bem-estar. Esta sociedade, portanto, também está nos desígnios da natureza, como todas as outras que são seus elementos. Ora, a natureza de cada coisa é precisamente seu fim. Assim, quando um ser é perfeito, de qualquer espécie que ele seja - homem, cavalo, família -, dizemos que ele está na natureza. Além disso, a coisa que, pela mesma razão, ultrapassa as outras e se aproxima mais do objetivo proposto deve ser considerada a melhor. Bastar-se a si mesma é uma meta a que tende toda a produção da natureza e é também o mais perfeito estado. Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado É, portanto, evidente que toda Cidade está na natureza e que o homem é naturalmente feito para a sociedade política. Aquele que, por sua natureza e não por obra do acaso, existisse sem nenhuma pátria seria um indivíduo detestável, muito acima ou muito abaixo do homem, segundo Homero: Um ser sem lar, sem família e sem leis. Origem do Estado Teoria Divina: Estado criado por Deus (Impérios Orientais, Idade Média) Teoria do Contrato Social: Estado de natureza/soberania popular - Thomas Hobbes (monarca absoluto) e John Locke (responsabilidade perante o povo). Rousseau e o bom selvagem. Teoria da Força: origem na conquista. O poder cria o Estado (Maquiavel). Teoria Natural: Aristóteles. O homem é por natureza um animal político que se realiza através do Estado. Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado: O Homem um Animal Político Ciência Política e Teoria Geral do Estado 12 Assim, o homem é um animal cívico, mais socia do que as abelhas e os outros animais que viven juntos. A natureza, que nada faz em vão, concedeu apenas a ele o dom da palavra, que não devemos confundir com os sons da voz. Estes são apenas a expressão de sensaçõesagradáveis ou desagradáveis, de que os outros animais são, como nós, capazes. A natureza deu-lhes um órgão limitado a este único efeito; nós, porém, temos a mais, senão o conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento obscuro do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do injusto, objetos para a manifestação dos quais nos foi principalmente dado o órgão da fala. Este comércio da palavra é o laço de toda sociedade doméstica e civil. Da Natureza, Formação e Finalidade do Estado O homem é, por sua natureza, como dissemos desde o começo ao falarmos do governo doméstico e do dos escravos, um animal feito para a sociedade civil. Assim, mesmo que não tivéssemos necessidade uns dos outros, não deixaríamos de desejar viver juntos. Na verdade, o interesse comum também nos une, pois cada um aí encontra meios de viver melhor. Eis, portanto, o nosso fim principal, comum a todos e a cada um em particular. Reunimo-nos, mesmo que seja só para pôr a vida em segurança. A própria vida é uma espécie de dever para aqueles a quem a natureza a deu e, quando não é excessivamente cumulada de misérias, é um motivo suficiente para permanecer em sociedade. Ela conserva ainda os encantos e a doçura neste estado de sofrimento, e quantos males não suportamos para prolongá-la! A MONARQUIA COMO A PRIMEIRA FORMA DE GOVERNO Assim, as Cidades inicialmente foram, como ainda hoje o são algumas nações, submetidas ao governo real, formadas que eram de reuniões de pessoas que já viviam sob um monarca. Com Ciência Política e Teoria Geral do Estado 13 efeito, toda família, sendo governada pelo mais velho como que por um rei, continuava a viver sob a mesma autoridade, por causa da consanguinidade. Este é o pensamento de Homero, quando diz: Cada um, senhor absoluto de seus filhos e de suas mulheres, Distribui leis a todos... CRITÉRIO PARA DISTINGUIR AS FORMAS BOAS E MÁS DE GOVERNO O governo é o exercício do poder supremo do Estado. Este poder só poderia estar ou nas mãos de um só, ou da minoria, ou da maioria das pessoas. Quando o monarca, a minoria ou a maioria não buscam, uns ou outros, senão a felicidade geral, o governo é necessariamente justo. Mas, se ele visa ao interesse particular do príncipe ou dos outros chefes, há um desvio. O interesse deve ser comum a todos ou, se não o for, não são mais cidadãos. CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO Chamamos monarquia o Estado em que o governo que visa a este interesse comum pertence a um só; aristocracia, aquele em que ele é confiado a mais de um, denominação tomada ou do fato de que as poucas pessoas a que o governo é confiado são escolhidas entre as mais honestas, ou de que elas só têm em vista o maior bem do Estado e de seus membros; república, aquele em que a multidão governa para a utilidade pública; este nome também é comum a todos os Estados. Estas três formas podem degenerar: a monarquia em tirania; a aristocracia em oligarquia; a república em democracia. A tirania não é, de fato, senão a monarquia voltada para a utilidade do monarca; a oligarquia, para a utilidade dos ricos; a democracia, para a utilidade dos pobres. Nenhuma das três se ocupa do interesse público. Podemos dizer ainda, de um modo um pouco diferente, que a tirania é o governo despótico exercido por um homem sobre o Estado, que a Ciência Política e Teoria Geral do Estado 14 oligarquia representa o governo dos ricos e a democracia o dos pobres ou das pessoas pouco favorecidas. TIPOS DE MONARQUIA Eis o lugar natural para tratar da monarquia, que colocamos entre os grandes governos. Devemos dizer, inicialmente, se só há uma espécie de monarquia ou se há várias. Que haja muitas e nem todas se pareçam é algo muito fácil de observar. Tipos de Monarquia: tempos heroicos A quarta espécie de monarquia real é a monarquia dos tempos heroicos, que, por sua constituição, era voluntária e hereditária. Os primeiros monarcas foram os benfeitores do povo pelas artes que lhe trouxeram, pela guerra que travaram por ele, pelo cuidado que tiveram de reuni-lo ou pelo território que lhe consignaram. Aceitos como reis, transmitiram por sucessão sua coroa à posteridade. Possuíam a superintendência da guerra e dos sacrifícios que não os da alçada dos sacerdotes; além disso, julgavam os processos, uns sem jurar, outros sob a autoridade do juramento que prestavam ao elevar o cetro. Tipos de Monarquia: de Esparta No Estado da Lacedemônia, por exemplo, há uma monarquia das mais legítimas, mas o poder do rei não é absoluto, a não ser quando o monarca estiver fora de seus Estados e em situação de guerra, pois então ele tem a autoridade suprema sobre seu exército. Além disso, ele tem no interior a superintendência do culto e das coisas sagradas. Esta espécie de monarquia não é, pois, senão um generalato perpétuo, com plenos poderes, sem porém ter o direito de vida e de morte, a não ser em certo domínio ou, nas expedições militares, quando se está combatendo, como era costume antigamente Ciência Política e Teoria Geral do Estado 15 Homero refere-se a ela. Segundo ele, Agamemnon, na Assembléia do povo, tolerava as palavras menos respeitosas. Fora dali, de armas na mão, tinha o poder de morte sobre os soldados delinqüentes. Assim, Homero o faz dizer: Aquele que eu vir perto dos barcos sombrios Furtar-se como covarde dos perigos e dos trabalhos De minha justa cólera nada poderá salvá lo, Sua vida estará em minhas mãos: ele esperará em vão Escapar aos abutres com fome de carne, os cães dispersarão seus restos mutilados. Tipos de Monarquia: tiranos eletivos Outra espécie, usual entre os antigos gregos, é a que se chama Aisymnetia ou despotismo eletivo. O poder concedido pelo povo era diferente do dos reis bárbaros, não por ser contra a lei, mas unicamente porque não era nem ordinário, nem transmissível. Uns o conservavam por toda a vida, outros por um prazo fixado ou apenas para alguns negócios, como Pítaco, que os mitilenos elegeram contra os banidos chefiados por Antimênides e pelo poeta Alceu que, cheio de fel e de furor, o menciona em um de seus poemas. Ele censura seus concidadãos por terem colocado sua miserável pátria sob a tirania de um Pítaco, homem de baixa extração e sem maior mérito do que ter sido bajulador nas Assembléias. Estes principados são, portanto, ao mesmo tempo despóticos pela maneira com que a autoridade é exercida e reais pela eleição e pela submissão espontânea do povo. Tipos de Monarquia: Monarquia Despótica Encontramos exemplos de outra espécie de monarquia junto a alguns bárbaros. Os reis têm ali um poder que se aproxima do despotismo, mas é legítimo e hereditário. Tendo os bárbaros naturalmente a alma mais servil do que os gregos e os asiáticos, eles suportam mais do que os europeus, sem murmúrios, que sejam governados pelos senhores. É por isso Ciência Política e Teoria Geral do Estado 16 que essas monarquias, embora despóticas, não deixam de ser estáveis e sólidas, fundadas que são na lei e transmissíveis de pai para filho. Pela mesma razão, sua guarda é real, e não tirânica, pois os reis são protegidos por cidadãos armados, ao passo que os déspotas recorrem a estrangeiros. Aqueles governam de acordo com a lei súditos de boa vontade; estes, pessoas que só obedecem contrafeitas. Aqueles são protegidos pelos cidadãos; estes, contra os cidadãos. São, portanto, dois tipos diferentes de monarquia. A Politia (República) " propriamente dita. Reservamo-la para o final não por ser uma depravação da aristocracia, de que acabamos de falar (pois é normal começar, como fizemos, pelas formas puras e depois ir às formas desviadas), mas porque ela reúne o que há de bom em dois regimes degenerados, a oligarquia e a democracia". Assim, a excelência deste governo será mais fácil de compreender mais adiante, quando tivermos exposto o que diz respeito aos dois sistemas de que ele é apenas uma mistura. Importância e excelência da classe média Em todos os lugares, encontram-se três tiposde homens: alguns muito ricos, outros muito pobres, e outros ainda que ocupam uma situação média entre esses dois extremos. É uma verdade reconhecida que a mediania é boa em tudo. Os da primeira classe, favorecidos demais pela natureza ou pela fortuna, poderosos, ricos e rodeados de amigos ou de protegidos, não querem nem sabem obedecer. Desde a infância, são tomados por essa arrogância doméstica e a tal ponto corrompidos pelo luxo que desdenham na escola até mesmo escutar o professor. Os da outra classe, abatidos pela miséria e pelas preocupações, curvam-se diante dos outros de modo que esses últimos, incapazes de comandar, só sabem Ciência Política e Teoria Geral do Estado 17 obedecer servilmente. Os primeiros, pelo contrário, não obedecem a nenhuma ordem, mas mandam despoticamente. Nenhuma sociedade civil é melhor do que a que se compõe de tais pessoas, nem mais própria para ser bem governada do que quando, superior em número e em poder ao restante dos cidadãos, o ultrapassa em dois terços ou pelo menos em um terço. A acessão deste terço faz com que a balança penda para o seu lado e previna os excessos do partido contrário. E, portanto, uma grande felicidade para o Estado que nele se encontrem apenas fortunas medíocres e suficientes. Em toda parte onde uns têm demais e outros nada, segue-se necessariamente que haja ou democracia exacerbada, ou violenta oligarquia, ou então tirania, pelo excesso de uma ou de outra PESQUISA ACADÊMICA DE ARISTÓTELES. 1. QUAL É UMA DAS PRINCIPAIS TAREFAS DO ESTUDIOSO DA POLÍTICA? Um tema a respeito do qual Aristóteles não cessa de chamar a atenção do leitor é o de que há muitas constituições diferentes; portanto, uma das primeiras tarefas do estudioso da política é descrevê-las e classificá-las. Contraste da Metodologia em Platão e em Aristóteles 2. QUAL É A CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO? Em poucas linhas, o autor formula, com extrema simplicidade e concisão, a célebre teoria das seis formas de governo. Fica bem claro que essa tipologia deriva do emprego simultâneo dos dois critérios fundamentais - "quem" governa e "como" governa. Com base no primeiro critério, as constituições podem ser distinguidas conforme o poder resida numa só pessoa (monarquia), em poucas pessoas (aristocracia) e em muitas ("politia"). Com base no segundo, as constituições podem ser boas ou más, com a consequência de que às três primeiras Ciência Política e Teoria Geral do Estado 18 formas boas se acrescentam e se contrapõem as três formas más (a tirania, a oligarquia e a democracia). 3. QUAL É A ORDEM HIERARQUICA DAS FORMAS DE GOVERNO? 1. monarquia 2. aristocracia 3. politia 4. democracia 5. oligarquia 6. tirania 4. QUAL É O CRITÉRIO PARA CLASSIFICAR AS FORMAS BOAS E MÁS DE GOVERNO? O critério de Aristóteles é diferente: não é o consenso ou a força, a legalidade ou ilegalidade, mas sobretudo o interesse comum ou o interesse pessoal. As formas boas são aquelas em que os governantes visam ao interesse comum; más são aquelas em que os governantes têm em vista o interesse próprio. Este critério está estreitamente associado ao conceito aristotélico da polis (ou do Estado, no sentido moderno da palavra). A razão pela qual os indivíduos se reúnem nas cidades isto é formam comunidades políticas não é apenas a de viver em comum, mas a de "viver bem" (1252 b e 1280 b). Para que o objetivo da "boa vida" possa ser realizado, é necessário que os cidadãos visem ao interesse comum, ou em conjunto ou por intermédio dos seus governantes. Quando os governantes se aproveitam do poder que receberam ou conquistaram para perseguir interesses particulares, a comunidade política se realiza menos bem, assumindo uma forma política corrompida, ou degenerada, com relação à forma pura. 5. QUAIS SÃO AS 3 FORMAS DE PODER DISTINGUIDAS POR ARISTÓTELES? Aristóteles distingue três tipos de relações de poder: poder do pai sobre o filho, do senhor sobre o escravo, do Ciência Política e Teoria Geral do Estado 19 governante sobre o governado. Essas três formas de poder se distinguem entre si com base no tipo de interesse perseguido. O poder dos senhores é exercido no seu próprio interesse; o patemo, no interesse dos filhos; o político, no interesse comum de governantes e governados. 6. QUAIS SÃO OS TIPOS DE MONARQUIA? A exposição sobre a monarquia se articula por meio da distinção de várias espécies de monarquias, tais como: a dos tempos heróicos, "que era hereditária, baseando-se no consentimento dos súditos"; a de Esparta, em que o poder supremo se identificava com o poder militar, tendo duração perpétua; o regime dos "esimneti" - isto é, dos "tiranos eletivos" - bem como o dos chefes supremos de uma cidade eleitos por um certo período, ou em caráter vitalício, no caso de choques graves entre facções opostas; a monarquia dos povos bárbaros. 7. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA MONARQUIA DESPÓTICA E EM QUE DIFERE EM RELAÇÃO À TIRANIA. São duas as características peculiares desse tipo de monarquia: a) o poder é exercido tiranicamente; neste sentido se assemelha ao poder do tirano; b) esse poder exercido tiranicamente é contudo legítimo, porque é aceito; e é aceito porque "como esses povos bárbaros são mais servis do que os gregos, e como os povos asiáticos são mais servis do que os europeus, suportam sem dificuldade o poder despótico exercido sobre eles" (1285 a). Essas duas características fazem com que não se possa assemelhar tal tipo de monarquia à tirania, já que os tiranos "governam súditos descontentes com o seu poder", poder que não se fundamenta no consentimento não é "legítimo", no sentido preciso da palavra; ao mesmo tempo, é uma forma de monarquia que difere das monarquias helênicas porque é exercida sobre povos "servis", o que exige sua aplicação despótica. 8. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA POLITIA? DEFINIÇÃO Ciência Política e Teoria Geral do Estado 20 "A "politia" é, de modo geral, uma mistura de oligarquia e de democracia; via de regra são chamados de polidas os governos que se inclinam para a democracia, e de aristocracias os que se inclinam para a oligarquia" (1293 b). É um regime em que a união dos ricos e dos pobres deveria remediar a causa mais importante de tensão em todas as sociedades - a luta dos que não possuem contra os proprietários. É o regime mais propício para assegurar a "paz social". O primeiro problema, portanto, colocado diante da politia, é o de que uma forma boa pode resultar de uma fusão de duas formas más. Em segundo lugar, se a politia não é (conforme deveria ser, de acordo com o esquema) o governo do povo ou a democracia na sua acepção correta, mas sim uma mistura de oligarquia e democracia, isso significa que (este é o segundo problema) o governo bom de muitos, que figura no terceiro lugar do esquema geral, é uma fórmula vazia, uma ideia abstrata que não corresponde, concretamente, a qualquer regime histórico do presente ou do passado. 9. QUAIS SÃO OS PROCEDIMENTOS ENUNCIADOS POR ARISTÓTELES PARA CONCILIAR OLIGARQUIA E DEMOCRACIA. 1) CONCILIANDO PROCEDIMENTOS QUE SERIAM INCOMPATÍVEIS: enquanto nas oligarquias se penalizam os ricos que não participam das atividades públicas, mas não se concede nenhum prêmio aos pobres que nelas tomam parte, nas democracias, pelo contrário, não se inflige tal pena aos ricos e também não se concede esse prêmio aos pobres. A conciliação entre os dois sistemas poderia consistir em "alguma coisa intermediária e comum", como diz Aristóteles. Por exemplo: a promulgação de lei que penalize os ricos não-participantes e dê um prêmio aos pobres participantes. 2) ADOTANDO-SE UM "MEIO-TERMO" ENTRE AS DISPOSIÇÕES EXTREMAS DOS DOIS REGIMES: enquanto o regime oligárquico só dá o Ciência Política e Teoria Geral do Estado 21 direito de voto aos que têm uma renda muito elevada, o regime democrático o atribui a todos, até mesmo aos que não possuem qualquer terra- ou pelo menos aos que possuem renda muito pequena.O "meio-termo", neste caso, consiste em diminuir o limite mínimo de renda imposto pelo regime dos ricos, elevando o admitido no regime dos pobres. 3) RECOLHENDO-SE O MELHOR DOS DOIS SISTEMAS LEGISLATIVOS: enquanto na oligarquia cargos públicos são OS preenchidos mediante eleição, mas só pelos que possuem uma certa renda, na democracia esses cargos são distribuídos por sorteio entre todos os cidadãos. Recolher o melhor dos dois sistemas, neste caso, significa conservar o método eleitoral e excluir o requisito de renda. 10. QUAL É A OPNIÃO DE ARISTÓTELES EM RELAÇÃO À CLASSE MÉDIA? "Está claro que a melhor comunidade política é a que se baseia na classe média, e que as cidades que têm essa condição podem ser bem governadas - aquelas onde a classe média é mais numerosa e tem mais poder do que as duas classes extremas, ou pelo menos uma delas. Com efeito, aliando-se a uma ou a outra, fará com que a balança penda para o seu lado, impedindo assim que um dos extremos que se opõem ganhe poder excessivo" (1295 b). PESQUISA ACADÊMICA DE POLÍBIO 1. QUAL É, SEGUNDO POLÍBIO, A IMPORTÂNCIA DA CONSTITUIÇÃO PARA UMA SOCIEDADE? "Deve-se considerar a constituição de um povo como a causa primordial do êxito ou do insucesso de todas as ações" (VI, 2). A supremacia da lei sobre a sociedade 2. IDENTIFIQUE E EXPLIQUE AS 3 TESES DE POLÍBIO SOBRE A TEORIA DAS FORMAS DE GOVERNO. Ciência Política e Teoria Geral do Estado 22 1° TESE: existem fundamentalmente seis formas de governo - três boas e más Monarquia - Tirania Aristocracia - Oligarquia Democracia - Oclocracia 2° TESE: essas seis formas se sucedem umas às outras de acordo com determinado ritmo, constituindo assim um ciclo, repetido no tempo. Monarquia - Tirania - Aristocracia - Oligarquia - Democracia - Oclocracia 3. EXPLIQUE O CONCEITO DE ANACICLOSE. O nome tem sido usado para qualificar a teoria cíclica da história, segundo a qual os regimes passam de uma forma a outra, retornando finalmente ao seu ponto de partida. "Este é o rodízio das constituições: a lei natural segundo a qual as formas políticas se transformam, decaem e retornam ao ponto de partida" (VI, 10; ênfase acrescentada). "Em primeiro lugar se estabelece sem artifício e 'naturalmente o governo de um só, ao qual segue (e do qual é gerado por sucessivas elaborações e correções) o 'reino'. Transformando-se este no regime mau correspondente, isto é, na 'tirania', pela queda desta última se gera o governo dos melhores'. Quando a aristocracia por sua vez degenera em 'oligarquia', pela força da natureza, o povo se insurge violentamente contra os abusos dos governantes, nascendo assim o governo popular'. Com o tempo, a arrogância e a ilegalidade dessa forma de governo levam à 'oclocracia" 4. QUAL É O CRITÉRIO USADO POR POLÍBIO PARA DISTINGUIR AS FORMAS BOAS DAS FORMAS MÁS DE GOVERNO? Os critérios velados são dois: de um lado, a contraposição entre o governo baseado na força e o governo fundamentado no consenso; de outro, a contraposição análoga- mas não idêntica Ciência Política e Teoria Geral do Estado 23 entre governo ilegal (portanto arbitrário) e legal. São dois critérios que já encontramos em O Político de Platão. 5. PORQUE SE PODE AFIRMAR QUE POLÍBIO TEM UMA PERSPECTIVA NATURALISTA DA HISTÓRIA. "Da mesma forma como a ferrugem, que é um mal congênito do ferro, o caruncho e as traças, que são males (internos) da madeira, pelos quais um e outra são consumidos, ainda que escapem a todos os danos externos, assim também toda constituição apresenta um mal natural que lhe é inseparável: o despotismo com relação ao reino; a oligarquia com relação à aristocracia; o governo brutal e violento com respeito à democracia. Nessas formas, como já disse, é impossível que não se alterem com o tempo todas as constituições" (VI, 10). 6. EXPLIQUE O CONCEITO DE GOVERNO MISTO. A tese de Políbio é a de que todas as constituições simples são más porque são simples (mesmo as constituições "retas"), Qual o remédio, então? O "governo misto", isto é, uma constituição que combine as três formas clássicas. "Está claro, de fato, que precisamos considerar ótima a constituição que reúne as características de todas as três formas" (VI, 3). A composição das três formas de governo consiste no fato de que o rei está sujeito ao controle do povo, que participa adequadamente do governo; este, por sua vez, e controlado pelo senado. Como o rei representa o princípio monárquico, o povo o princípio democrático e o senado o aristocrático, o resultado dessa combinação uma nova forma de governo, que não coincide com as três formas simples retas porque é composta-, nem - com as três formas corrompidas porque é reta. 7. PORQUE POLÍBIO CONSIDERA A CONSTITUIÇÃO ROMANA UMA CONSTITUIÇÃO EXCELENTE? Ciência Política e Teoria Geral do Estado 24 A razão por que Políbio enuncia a tese da excelência do governo misto é a seguinte: ele considera como exemplo admirável desse gênero de governo a constituição romana, qual "os órgãos... que na participavam do governo eram três" (os cônsules, o senado e as eleições populares), com a consequência de que: "Considerando se era especial o poder dos cônsules, o Estado parecia monárquico real; e considerando-se em particular o senado, parecia aristocrático; do ponto de vista do poder da multidão, parecia indubitavelmente democrático" (VI, 12). 8. CONTEMPORANEAMENTE, SE DÁ MAIS IMPORTÂNCIA AO SISTEMA POLÍTICO OU AO SISTEMA SOCIAL PARA DEFINIR O ÊXITO DE UMA SOCIEDADE? DÊ EXEMPLOS É verdade que hoje não nos inclinamos tanto a admitir que a causa fundamental do êxito ou do fracasso de um povo seja sua constituição. Tendemos a afastar nossa análise do sistema político para o sistema social subjacente; da anatomia das instituições políticas para a anatomia da sociedade civil (como diria Marx); das relações de poder para as relações de produção. No entanto, a preferência atribuída às instituições perdurou longamente. 9. EXISTE CONTRADIÇÃO ENTRE A TEORIA DOS CICLOS E A TEORIA DO GOVERNO MISTO? No que concerne ao ritmo de mudança, ele é mais lento do que o das constituições simples, porque, mediante o mecanismo de conciliação das três partes que compõem a sociedade no seu conjunto, os conflitos entre partes são resolvidos dentro do sistema político; se produzem mudanças, elas são, como diríamos hoje, sistemáticas e não extra sistemáticas; graduais e não violentas. Provocam não o desequilíbrio imprevisto que gera a revolução, mas uma alteração do equilíbrio interno que é absorvida por um deslocamento do mesmo equilíbrio em grau diferente. Ciência Política e Teoria Geral do Estado 25 No que respeita à razão que pode explicar por que as constituições mistas também decaem e morrem, ela consiste num tal deslocamento do equilíbrio entre as três partes, em favor de uma delas, que a constituição deixa de ser mista para se tornar simples. A contradição é mais aparente do que real. O fato de que as constituições mistas são estáveis não significa que sejam eternas, mas apenas mais duradouras do que as simples NICOLAU MAQUIAVEL Renascimento Renascença Italiana é como ficou conhecida a fase de abertura do Renascimento (ou Renascença), um período de grandes mudanças e conquistas, culturais que ocorreram na Europa, entre o século XIV e o século XVI. Este período marca a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. Ciência Política e Teoria Geral do Estado 26 Foi uma momento de grandes realizações culturais, o aparecimento de nomes como: Petrarca, Baldassare, Castiglione e Maquiavel na literatura, Leonardo da Vinci, Botticelli, Michelangelo, Rafael Sanzio e toda uma gama imensa de grandes mestres nas artes plásticas e arquitetura. O renascimento se expandiu a partir da Itália para outras partes da Europa. Um dos fatores que mais contribuíram para a divulgação das obras renascentistas foi o aperfeiçoamento da imprensa por Johannes Gutenberg (1400-1468), o que permitiu a impressãode muitas paginas em pouco tempo. Existiam grandes nomes do renascimento em: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, Holanda e Alemanha. Biografia de Maquiavel Foi uma historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pela simples manobra de escrever sobre o Estado e Governo como realmente são e não como deveriam ser. Vive a juventude sob o esplendor político de Florença durante o governo de Lourenço de Médici e entrou para a política aos 29 anos de idade no cargo de Secretário da Segunda Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel observou o comportamento de grandes nomes da época e a partir dessa experiência retirou alguns postulados para sua obra. Conseguiu também algumas missões de pequena importância, mas jamais voltou ao seu antigo posto como desejava. Em 7 de novembro de 1512 Maquiavel foi demitido acusado de ser um dos responsáveis por uma política anti-Médici e grande colaborador do governo anterior. Foi multado em mil florins de ouro e proibido de se retirar da Toscana durante um ano. Para piorar sua situação, no ano seguinte dois jovens, Agostino Capponi e Pitropolo Boscoli, foram presos e acusados Ciência Política e Teoria Geral do Estado 27 de conspirarem contra o governo. Um deles deixou cair, sem querer, uma lista de possíveis adeptos do movimento republicano, entre os quais estava o de Maquiavel que foi preso e torturado. Para sua sorte, com a morte de Júlio II em 21 de fevereiro de 1513 e a eleição de João Médici, um florentino, como Leão X, todos os suspeitos de conspiração foram anistiados como sinal de regozijo e com eles Maquiavel, depois de passar 22 dias na prisão. Foi durante esse ostracismo e inatividade , o qual duraria ate sua morte, que ele escreveu suas obras mais conhecidas: "O príncipe" e os "Discursos sobre a primeira década do Tito Lívio". (1512-1517) Após a queda dos Médici em 1527 com a invasão e saque de Roma por tropas espanholas, a República instalou-se novamente na cidade, mas Maquiavel viu mais uma vez suas esperanças de voltar a servir à cidade serem desfeitas pois havia trabalhado para os Médici e foi tratado com desconfiança pela nova República. Poucos dias depois, ficou doente, sentindo dores intestinais no túmulo da família na Igreja de Santa Croce em Florença. Eixos do pensamento de Maquiavel Senso de realismo Foco na Estabilidade dos Estados Volta às glórias do Império Romano. Costumam os que desejam conquistar as graças dum príncipe oferecer-lhe o que de mais raro possuem ou o que julgam ser mais do seu agrado; donde se vê, muitas vezes, oferecerem-lhe cavalos, armas, brocados, pedras preciosas e outros adornos, dignos da sua grandeza. Ora desejando eu apresentar-me com algum testemunho, que prove a minha admiração por vossa Magnificência, não encontrei entre as minhas alfaias coisa de maior valia ou que Ciência Política e Teoria Geral do Estado 28 tanto estime, como o conhecimento das ações dos grandes homens, adquirido numa longa experiência das coisas modernas e numa contínua lição das antigas, que, meditadas por largo tempo e examinadas com grande diligência, juntei agora no pequeno volume que vos envio. E, se bem que eu julgue esta obra indigna de vos ser oferecida, confio, no entanto, que a recebereis, considerando que não posso oferecer vos melhor dádiva que facilitar-vos, em brevíssimo tempo, o que a mim me custou muitos anos e não poucos trabalhos e perigos. Não enfeitei a obra nem com palavras brilhantes e pomposas, nem com nenhum desses vãos ornamentos com que muitos autores costumam embelezar e descrever as suas; pois somente quis, ou que nada a honre, ou que só a variedade da matéria e a gravidade do assunto a tornem grata. Nem quero se tenha por presunção que um homem de baixo e ínfimo estado se atreva a discorrer e dar regras sobre os governos dos príncipes; porque, assim como os que desenham paisagens se colocam nas planícies para considerar a natureza dos montes e das colinas, e, para considerar as planícies, se colocam no cimo dos montes, do mesmo modo para conhecer bem a natureza dos povos é preciso ser príncipe e para compreender a dos príncipes é necessário ser filho do povo. NICOLAU MAQUIAVEL AO MAGNIFICO LOURENÇO DE MEDICIS: Que Vossa Magnificência aceite este pequeno presente com o ânimo com que vós-lo envio; e se o lerdes e o meditardes detidamente, achareis no seu íntimo o ardentíssimo desejo que tenho de que chegueis à grandeza que a fortuna e as outras qualidades vossas vos prometem. E se, do cume de vossa altura, volverdes os olhos para estes baixos lugares, reconhecereis quão indignamente suporto uma grande e contínua adversidade da sorte. PESQUISA ACADÊMICA DE MAQUIAVEL Ciência Política e Teoria Geral do Estado 29 1. QUAL É A CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO PROPOSTA POR MAQUIAVEL? Formas de governo: Principados: monarquias e reinos Repúblicas: Aristocráticas e democráticas Todos os estados, todos os governo que tiveram e tem autoridade sobre os homens, foram e são ou repúblicas ou principados. 2. QUAL É O CRITÉRIO QUE MAQUIAVEL USA PARA CLASSIFICAR AS FORMAS DE GOVERNO? Formas de governo: Vontade de uma pessoa física - principados - monarquia e reinos Vontade de mais de uma pessoa jurídica - Repúblicas: Aristocráticas - colegiado Democráticas - assembleia do povo 3. QUAIS SÃO AS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICAS EXISTENTES NA EUROPA DOS TEMPOS DE MAQUIAVEL? Regna: Como a Inglaterra, a França, a Espanha - -, que se tinham formado gradualmente depois da dissolução do Império Romano (alguns dos quais se vinham transformando nos grandes Estados territoriais que originaram o "Estado" moderno). Civitates: Estas se tinham expandido, dominando o território vizinho, inclusive outras cidades menores, e que eram governadas por senhores temporários e eletivos ou por conselhos de notáveis ou de representantes. Na época de Maquiavel, alguns exemplos são as repúblicas de Gênova, de Veneza e a própria Florença. Ciência Política e Teoria Geral do Estado 30 4. EXPLIQUE O CONCEITO DE ESTADO INTERMEDIÁRIO. "Nenhum Estado pode ser estável se não é um genuíno principado ou uma verdadeira república, porque todos os governos intermediários são defeituosos, a razão é claríssima: o principado só tem um caminho para a sua dissolução, que é descer até a república; e a república só tem um meio de dissolver-se: subir até o principado. Mas os Estados intermediários têm dois caminhos, um no sentido do principado, outro no sentido da república sua instabilidade". de onde nasce 5. EXPLIQUE A DIFERENÇA ENTRE GOVERNO MISTO E ESTADO INTERMEDIÁRIO. O governo misto que Maquiavel identifica no Estado romano é uma república compósita, complexa, formada por diversas partes que mantêm relações de concórdia contrastantes entre si. O Estado intermediário que ele critica deriva não de uma fusão de diversas partes, num todo que as transcende, mas da conciliação provisória entre duas partes que conflitam, que não chegaram a encontrar uma constituição unitária que as abranja, superando-as a ambas. 6. COMO MAQUIAVEL CLASSIFICA OS PRINCIPADOS? Principados: Hereditários - com intermediários - França sem intermediários - Turquia Novos - virtú fortuna violência consentimento 7. EXPLIQUE OS CONCEITOS DE VIRTÚ E FORTUNA Virtú: Ciência Política e Teoria Geral do Estado 31 A capacidade pessoal de dominar os eventos, de alcançar um fim objetivado, por qualquer meio: o "momento subjetivo" do movimento histórico. 50% Fortuna - O curso dos acontecimentos que não dependem da vontade humana: o "momento objetivo" do movimento histórico. 50% 8. EXPLIQUE A DIFERENÇA ENTRE A TERIA DOS CICLOS DE POLÍBIO E MAQUIAVEL: Políbio: A li dos ciclos históricos, a "anaciclose": rotação das constituições, na lei natural pela qual as formas políticas se transformam, decaem e retornam ao ponto de partida. Maquiavel:Mas raramente se retorna ao ponto exato de partida, pois nenhuma república tem a resistência suficiente para sofre várias vezes as mesmas vicissitudes. Acontece com frequência que, no meio destes distúrbios, uma república, privada de conselhos e de força, é tomada por algum Estado vizinho, governado com mais sabedoria. 9. BODIN 1JEAN QUAL O SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO MAQUIÁVELICO: "O FIM JUSTIFICA OS MEIOS"? "...na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, da qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende conquistar e manter um Estado, os meios que empregar serão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo se deixa sempre levar pelas aparências e os resultados; ..." (cap. XVIII). JEAN BODIN A reforma protestante: Ciência Política e Teoria Geral do Estado 32 No início do século XVI, monge alemão Martinho Lutero proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg, com um convite aberto a uma disputa escolástica sobre elas. Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante Causas da reforma: 1. Os conflitos políticos entre autoridades da Igreja Romana e governantes das monarquias europeias, tais governantes desejavam para si o poder espiritual e ideológico da Igreja e do Papa, para assegurar o direito divino dos reis; 2. Práticas como a usura eram condenadas pela ética católica romana; assim, a burguesia capitalista que desejava altos lucros econômicos, sentir-se-ia mais "confortável" se pudesse seguir uma nova ética religiosa, adequada ao espírito capitalista; 3. O desejo da nobreza e dos príncipes de se apossar das riquezas da igreja romana e de ver-se livre da tributação papal. Somente com a Reforma, estas classes puderam expropriar as terras; 4. As autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano- Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e até assassinavam sacerdotes católicos das igrejas, substituindo-os por religiosos com formação luterana; 5. Lutero era radicalmente contra as revoltas populares contra a nobreza imperial, já que Lutero defendia a tese de que a existência de "senhores e servos" era vontade divina. A reforma na França: O Protestantismo francês iniciou-se com o reformador católico Jacques Lefevre, que iniciou suas pregações em 1514, portanto Ciência Política e Teoria Geral do Estado 33 antes de Lutero. Logo, os protestantes franceses passaram a seguir as orientações de João Calvino, cujos seguidores foram chamados de huguenotes. As guerras religiosas em França começaram com um massacre de 1000 huguenotes em Vassy a 1 de Março de 1562. Em 1572, milhares de huguenotes foram mortos no massacre da noite de São Bartolomeu, e a anistia foi concedida no ano seguinte. A quinta guerra santa contra os Huguenotes começou a 23 de Fevereiro de 1574 e a perseguição continuou periodicamente até 1598, quando o rei Henrique IV emitiu o Édito de Nantes autorizando aos protestantes a liberdade religiosa e direitos idênticos aos dos católicos PESQUISA ACADÊMICA DE BODIN 1. EXPLIQUE O CONCETO DE SOBERANIA "Soberania significa simplesmente poder supremo". Na escalada dos poderes de qualquer sociedade organizada, verifica "se que todo poder inferior é subordinado a um poder superior, o qual, por sua vez, se subordina a outro poder superior. No ápice deve haver um poder que não tem sobre si nenhum outro e esse poder supremo,"summa potestas", é o poder soberano. Onde há um poder soberano, há um Estado.". "Por soberania se entende o poder absoluto e perpétuo que é próprio do Estado" (De la Republique, Livro I, cap. VIII). 2. IDENTIFIQUE E EXPKLIQUE OS ATRIBUTOS DA SOBERANIA. Atributos da boba; CARATER ABSULUTO: Por "caráter absoluto" se entende que o poder soberano deve ser "legibus solutus". Quer dizer: não Ciência Política e Teoria Geral do Estado 34 deve precisar obedecer às leis, isto é, às leis positivas, promulgadas pelos seus predecessores e por ele próprio. PERPETUIDADE: para Bodin não se deve considerar perpétuo o poder atribuído a pessoa ou a uma instituição "por período determinado". soberano existe enquanto o Estado existir. O poder INDIVISIBILIDADE: O soberano seja um monarca ou uma assembleia ou tem todo o poder, ou não tem poder. Quando o poder está dividido, o Estado perde unidade, e com ela a estabilidade. Ou o Estado é uno ou não chega a ser um Estado. "Quem é soberano não deve estar sujeito, de modo algum, ao comando de outrem; deve poder promulgar leis para seus súditos, cancelando ou anulando as palavras inúteis dessas leis, substituindo as-o que não pode fazer quem está sujeito às leis ou a pessoas que lhe imponham seu poder". 3. EXPLIQUE POR QUE O PODER ABSOLUTO NÃO É PODER ILIMITADO. Limites ao poder soberano: 1. LEIS NATURAIS: Deus cria o mundo com uma ordem que é estabelecida por leis. Exemplo: lei de gravitação universal. Por cima do Soberano está a summa potestas de Deus. 2. LEIS DIVINAS: Exemplo "Os Dez mandamentos". São leis explicitas da vontade de Deus. Por cima do Soberano está a summa potestas de Deus. 3. LEIS CONSTITUCIONAIS: são as leis constitucionais que estabelecem o poder soberano. Se o soberano for contra elas, ele estaria autodestruindo o seu próprio poder. Por Ciência Política e Teoria Geral do Estado 35 exemplo: a lei que, numa monarquia, estabelece a sucessão ao trono. 4. LEIS QUE REGULAM AS RELAÇÕES PRIVADAS: Especialmente as relativas à propriedade privada. A propriedade é um BEM e todo BEM emana de Deus. O soberano só poderá "tomar os bens alheios se tiver motivo justo e razoável: mediante compra, troca ou confisco legítimo; ou para a salvação do Estado". 4. QUAL É A RELAÇÃO ENTRE ESTADO E SOCIEDADE CIVIL? A sociedade considerada por Bodin se divide em uma esfera pública e uma aesfera privada. Que além do Estado existe a sociedade civil, com suas relações econômicas, que tendem de modo permanente a escapar do poder do Estado. A distinção entre a sociedade das pessoas privadas, regulada pelo direito privado (um direito que se aplica a iguais), e a sociedade política, regulada pelo direito público (que se aplica a desiguais) acompanha a formação do Estado moderno. 5. EXPLIQUE A CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO EM BODIN: Formas de governo: 1. Monarquia - Monarquia monárquica Monarquia aristocrática Monarquia democrática 2. Aristocracia - Aristocracia monárquica Aristocracia aristocrática Aristocracia democrática 3. Democracia - Democracia monárquica Ciência Política e Teoria Geral do Estado 36 Democracia aristocrática Democracia democrática 6. QUAL É A OPNIÃO DE BODIN EM RELAÇÃO À FORMA MISTA DE GOVERNO? Se o Estado é verdadeiramente misto, se de fato o poder soberano pertence ora a um órgão, ora a um outro, o Estado sofrerá continuamente o efeito de conflitos que vão dilacerá lo, minando-lhe a segurança. Em vez de garantir maior estabilidade, mistura, no a caso, é a causa principal da instabilidade. "Se se atribuísse a soberania um dia ao monarca, o dia seguinte a uma minoria, outro dia a todo o povo - em suma, se a soberania fosse concedida em rodízio... mesmo nesse caso não teríamos senão três regimes justapostos, que 'não poderiam ter vida longa', como uma família mal-organizada, onde mulher e marido dessem ordens em rodízio, cabendo depois a chefia da casa aos criados". 7. QUAL É OPINIÃO DE BODIN EM RELAÇÃO À DISTINÇÃO ENTRE AS FORMAS BOAS E MÁS DE GOVERNO? A distinção entre regime e governo lhe permite compreender (e portanto incluir no seu sistema abrangente) o fenômeno das formas degeneradas, que representam não um vício da soberania em si mesma, mas do seu exercício Segundo Bodin, cada um dos três regimes - monarquia, aristocracia e democracia - pode assumir três formas diferentes. A monarquia pode ser real, despótica e tirânica. A aristocracia Ciência Política e TeoriaGeral do Estado 37 pode ser legítima, despótica e facciosa. A democracia pode ser legítima, despótica e tirânica 8. EXPLIQUE A DISTINÇÃO ENTRE ESTADO E GOVERNO: ESTADO -Refere-se ao titular do poder soberano. Assim, segundo Bodin, existem três formas de Estado, enquanto o poder soberano pertence a um, poucos o muitos. GOVERNO - Refere-se ao exercício do poder soberano, de aí Bodin entender que podem existir até nove formas de governo. 9. EXPLIQUE O CONCEITO DE MONARQUIA DESPÓTICA A monarquia despótica é aquela que o príncipe se assenhoreou de fato dos bens e das próprias pessoas dos súditos, pelo direito das armas e da guerra justa, governando-os como um chefe de família governa seus escravos. A Guerra Justa como legitimação da Monarquia despótica: "Não é inadmissível que, depois de vencer seus inimigos numa guerra • santa e justa, um rei se apodere das suas pessoas e propriedade, pelo direito de guerra, passando a governar os novos súditos como um chefe de família dispõe dos seus escravos e bens, seguindo plenamente arbítrio, na qualidade de senhor". THOMAS HOBBES A Revolução Inglesa Ciência Política e Teoria Geral do Estado 38 A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira manifestação de crise do sistema da época moderna, identificado com o absolutismo. O poder monárquico, severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. O processo começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688. Jaime I, rei da Escócia (1603-1625). Dissolveu o parlamento várias vezes e quis implantar uma monarquia absolutista baseada no direito divino. Por isso, perseguiu os católicos e seitas menores, sob o pretexto que os mesmos estavam organizando a Conspiração da Pólvora (eliminar o Rei), em 1605. Carlos I, sucessor de Jaime I (1625- 1648). Tentou continuar uma política absolutista e estabelecer novos impostos, mas acabou impedido pelo parlamento. Em 1628, com tantas guerras, o Rei viu-se obrigado a convocar o parlamento, que ao juramento da "Petição dos Direitos" (2° Carta Magna inglesa) garantia à população contra os tributos e detenções ilegais. O parlamento queria o controle da política financeira e do exército, além de regularizar a convocação do parlamento. A resposta real foi bem clara, a dissolução do parlamento que voltaria a ser convocado em 1640. Carlos I governou sem parlamento, mas ele buscou o apoio da Câmara Estrelada, uma espécie de tribunal ligado ao Conselho Privado do Rei. Também tentou impor a religião anglicana aos calvinistas escoceses (presbiterianos), gerando rebeliões por parte dos escoceses que invadiram o norte da Inglaterra. Com isso, o rei viu-se obrigado a reabrir o parlamento em abril de 1640 para obter ajuda da burguesia e da Gentry. No entanto, o parlamento tinha mais interesse no combate ao absolutismo e acabou fechado novamente. Em novembro do mesmo Ciência Política e Teoria Geral do Estado 39 ano foi convocado de novo. Desta vez ficou como o longo parlamento, que se manteve até 1653 Em contra partida o exército do parlamento foi comandado por Oliver Cromwell, formado por camponeses, burgueses de Londres e a gentry. Os Cabeças Redondas derrotaram os Cavaleiros na Batalha de Naseby em 1645. Carlos I perdeu a guerra e fugiu para a Escócia, lá ele foi preso e vendido para o parlamento inglês, este mandou executar o rei. Ao tomar esta decisão a sociedade representada pelo parlamento rompia com a ideia da origem divina do rei e de sua incontestável autoridade. Assim, a guerra civil fomentou novas ideias lançando as bases políticas do mundo contemporâneo. O estado de natureza O conceito de Estado de Natureza é uma abstração teórica que se refere a um "momento" em que os seres humanos organizavam- se apenas sob as leis da natureza. É um momento anterior ao surgimento de qualquer tipo de organização social e do Estado Civil. Uma característica marcante é a ideia de que os indivíduos viveriam isoladamente ou organizados em pequenos grupos familiares dedicados à sua estrita sobrevivência. Estes indivíduos pré-sociais seriam plenamente livres, seguindo sua liberdade natural, e iguais, não estando submetidos a construções sociais ou culturais. Diferentes autores propõem diferentes visões sobre como seria o estado de natureza, negativas e positivas. CAP. XII DO LEVIATÃ : Parágrafo 1. A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito que, embora por vezes se encontre um homem Ciência Política e Teoria Geral do Estado 40 manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele. Porque quanto à força corporal o mais fraco tem força suficiente para matai o mais forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo. Parágrafo 2 Quanto às faculdades do espírito (pondo de lado as artes que dependem das palavras, e especialmente aquela capacidade para proceder de acordo com regras gerais e infalíveis a que se chama ciência; a qual muito poucos têm, é apenas numas poucas coisas, pois não é uma faculdade nativa, nascida conosco, e não pode ser conseguida - como a prudência - ao mesmo tempo que se está procurando alguma outra coisa), encontro entre os homens uma igualdade ainda maior do que a igualdade de força. Porque a prudência nada mais é do que experiência, que um tempo igual igualmente, oferece a todos os homens, naquelas coisas a que igualmente se dedicam. O que talvez possa tornar inaceitável essa igualdade é simplesmente a concepção vaidosa da própria sabedoria, a qual quase todos os homens supõem possuir em maior grau do que o vulgo; quer dizer, em maior grau do que todos menos eles próprios, e alguns outros que, ou devido à fama ou devido a concordarem com eles, merecem sua aprovação. Pois a natureza dos homens é tal que, embora sejam capazes de reconhecer em muitos outros maior inteligência, maior eloquência ou maior saber, dificilmente acreditam que haja muitos tão sábios como eles próprios; porque veem sua própria sabedoria bem de perto, e a dos outros homens à distância. Mas isto prova que os homens são iguais quanto a esse ponto, e não que sejam desiguais. Pois geralmente não há sinal mais claro de uma distribuição Ciência Política e Teoria Geral do Estado 41 equitativa de alguma coisa do que o fato de todos estarem contentes com a parte que lhes coube. Parágrafo 3 Desta igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos nossos fins. Portanto se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos. E no caminho para seu fim (que é principalmente sua própria conservação, e às rezes apenas seu deleite) esforçam-se por se destruir ou subjugar um ao outro e disto se segue que, quando um invasor nada mais tem a recear do que o poder de um único outro homem, se alguém planta, semeia, constrói ou possui um lugar conveniente, é provavelmente de esperar que outros venham preparados com forças conjugadas, para desapossá-lo e privá-lo, não apenas do fruto de seu trabalho; mas também de sua vida e de sua liberdade. Por sua vez, o invasor ficará no mesmo perigo em relação aos outros. Parágrafo 4 E contra esta desconfiança de uns em relação aos outros, nenhuma maneira de se garantir é tão razoável como a antecipação; isto é, pela força ou pela astúcia, subjugar as pessoas de todos os homens que puder, durante o tempo necessário para chegar ao momento em que não veja qualquer outro poder suficientemente grande para ameaçá-lo. E isto não é mais do que sua própria conservaçãoexige, conforme é geralmente admitido. Também por causa de alguns que, comprazendo se em contemplar seu próprio poder nos atos de conquista, levam estes atos mais longe do que sua segurança exige, se outros que, do contrário, se contentariam em manter-se tranquilamente dentro de modestos limites, não aumentarem seu poder por meio de invasões, eles serão incapazes de subsistir durante muito tempo, se se limitarem apenas a uma atitude de defesa. Consequentemente esse Ciência Política e Teoria Geral do Estado 42 aumento do domínio sobre os homens, sendo necessário para a conservação de cada um, deve ser por todos admitido. Parágrafo 5 Por outro lado, os homens não tiram prazer algum da companhia uns dos outros (e sim, pelo contrário, um enorme desprazer), quando não existe um poder capaz de manter a todos em respeito. Porque cada um pretende que seu companheiro lhe atribua o mesmo valor que ele se atribui a si próprio e, na presença de todos os sinais de desprezo ou de subestimação, naturalmente se esforça, na medida em que a tal se atreva (o que, entre os que não têm um poder comum capaz de os submeter a todos, vai suficientemente longe para levá-los a destruir-se uns aos outros), por arrancar de seus contendores a atribuição de maior valor, causando lhes dano, e dos outros também, através do exemplo Parágrafo 6 De modo que na natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia. Primeiro, a competição, segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória. A primeira leva os homens a atacar os outros tendo em vista o lucro; a segunda, a segurança; e a terceira, a reputação. Os primeiros usam a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulheres, filhos e rebanhos dos outros homens; os segundos, para defendê-los; e os terceiros por ninharias, como uma palavra, um sorriso, uma diferença de opinião, e qualquer outro sinal de desprezo, quer seja diretamente dirigido a suas pessoas, quer indiretamente a seus parentes, seus amigos, sua nação, sua profissão ou seu nome. Parágrafo 7 Com isto se torna manifesto que, durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; uma guerra que é de todos os homens contra todos os Ciência Política e Teoria Geral do Estado 43 homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida. Portanto a noção de tempo deve ser levada em conta quanto à natureza da guerra, do mesmo modo que quanto à natureza do clima. Porque tal como a natureza do mau tempo não consiste em dois ou três chuviscos, mas numa tendência para chover que dura vários dias seguidos, assim também a natureza da guerra não consiste na luta real, mas na conhecida disposição para tal, durante todo o tempo em que não há garantia do contrário. Todo o tempo restante é de paz. Parágrafo 8 Portanto tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria invenção. Numa tal situação não há lugar para a indústria, pois seu fruto é incerto; consequentemente não há cultiva da terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que podem ser importadas pelo mar; não há construções confortáveis, nem instrumentos para mover e remover as coisas que precisam de grande força; não há conhecimento da face da Terra, nem cômputo do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. E a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta. Parágrafo 9 A Poderá parecer estranho a alguém que não tenha considerado bem estas coisas que a natureza tenha assim dissociado os homens, tornando-os capazes de atacar-se e destruir-se uns aos outros. E poderá, portanto, talvez desejar, não confiando nesta inferência, feita a partir das paixões, que a mesma seja Ciência Política e Teoria Geral do Estado 44 confirmada pela experiência. Que seja portanto ele a considerar se a si mesmo, que quando empreende uma viagem se arma e procura ir bem acompanhado; que quando vai dormir fecha suas partas; que mesmo quando está em casa tranca seus cofres; e isto mesmo sabendo que existem leis e funcionários públicos armados, prontos a vingar qualquer injúria que lhe possa ser feita. Que opinião tem ele de seus compatriotas, ao viajar armado; de seus concidadãos, ao fechar suas portas; e de seus filhos e servidores, quando tranca seus cofres? Não significa isso acusar tanto a humanidade com seus atas como eu o faço com minhas palavras? B Mas nenhum de nós acusa com isso a natureza humana. Os desejos e outras paixões do homem não são em si mesmos um pecado. Nem tampouco o são as ações que derivam dessas paixões, até ao momento em que se tome conhecimento de uma lei que as proíba; o que será impossível até ao momento em que sejam feitas as leis; e nenhuma lei pode ser feita antes de se ter determinado qual a pessoa que deverá fazê-la. Parágrafo 10 Poderá porventura pensar-se que nunca existiu um tal tempo, nem uma condição de guerra como esta, e acredito que jamais tenha sido geralmente assim, no mundo inteiro; mas há muitos lugares onde atualmente se vive assim. Porque os povos selvagens de muitos lugares da América, com exceção do governo de pequenas famílias, cuja concórdia depende da concupiscência natural, não possuem qualquer espécie de governo, e vivem em nossos dias daquela maneira embrutecida que acima referi. Seja como for, é fácil conceber qual seria o gênero de vida quando não havia poder comum a recear, através do gênero de vida em que os homens que anteriormente viveram sob um governo pacifico costumam deixar-se cair, numa guerra civil. Parágrafo 11 Ciência Política e Teoria Geral do Estado 45 Mas mesmo que jamais tivesse havido um tempo em que os indivíduos se encontrassem numa condição de guerra de todos contra todos, de qualquer modo em todos os tempos os reis, e as pessoas dotadas de autoridade soberana, por causa de sua independência vivem em constante rivalidade, e na situação e atitude dos gladiadores, com as armas assestadas, cada um de olhos fixos no outro; isto é, seus fortes, guarnições e canhões guardando as fronteiras de seus reinos, e constantemente com espiões no território de seus vizinhos, o que constitui uma atitude de guerra. Mas como através disso protegem a indústria de seus súditos, daí não vem como consequência aquela miséria que acompanha a liberdade dos indivíduos isolados. Parágrafo 12 Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também isto é conseqüência: que nada pode ser injusto. As noções de bem e de mal, de justiça e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais. A justiça e a injustiça não fazem parte das faculdades do corpo ou do espírito. Se assim fosse, poderiam existir num homem que estivesse sozinho no mundo, do mesmo modo que seus sentidos e paixões. São qualidades que pertencem aos homens sociedade, não na solidão. Outra consequência da mesma condição é que não há propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só pertence a cada homem aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de conservá-lo. É pois esta a miserável condição em que o homem realmente se encontra, por obra da simples natureza. Embora com uma possibilidade de escapar a ela, que em parte reside nas baixões, e em parte em sua razão Parágrafo 13 As paixões que fazem os homens tender para a paz são o medo da morte, o desejo daquelas coisas que são necessárias para uma Ciência Política e Teoria Geral do Estado 46 vida confortável, e a esperançade consegui-las através do trabalho. E a razão sugere adequadas normas de paz, em torno das quais os homens podem chegar a acordo. Essas normas são aquelas a que por outro lado se chama leis de natureza, das quais falarei mais particularmente nos dois capítulos seguintes PESQUISA ACADÊMICA DE HOBBES 1. EM QUE ASPECTO HOBBES DISCORDA DA TEORIA CLÁSSICA DAS FORMAS DE GOVERNO? Como Bodin, Hobbes não aceita duas das teses que caracterizaram durante séculos a teoria das formas de governo: a distinção entre as formas boas e más e o governo misto. Nos dois casos a refutação deriva, com lógica férrea, dos dois atributos fundamentais da soberania: seu caráter absoluto e a indivisibilidade. Conforme veremos adiante, do caráter absoluto deriva a crítica à distinção entre formas boas más; da e indivisibilidade, a crítica ao governo misto. 2. EM QUE SENTIDO O PODER SOBERANO É ABSOLUTO? Em Bodin, o caráter absoluto do poder soberano significa que ele não está limitado pelas leis positivas, porém, admite certos limites. Hobbes afirma que esses limites não se sustentam. Se o soberano não observar as leis divinas e naturais, ninguém poderá puni-lo. Se o soberano ir contra as leis constitucionais irá contra ele mesmo, contra a fonte do seu poder. Em Bodin quem sustenta a propriedade é ainda Deus. Em Hobbes o Estado 3. QUAL É A RELAÇÃO ENTRE PROPRIEDADE PRIVADA E PODER SOBERANO? Para Hobbes o direito de propriedade só existe, no Estado, mediante a tutela estatal; no estado de natureza os Ciência Política e Teoria Geral do Estado 47 indivíduos teriam um ius in omnia - um direito sobre todas as coisas, o que quer dizer que não teriam direito a nada, já que se todos têm direito a tudo, qualquer coisa pertence ao mesmo tempo a mim e a ti. Só o Estado pode garantir, com sua força, superior à força conjunta de todos os indivíduos, que o que é meu me pertença exclusivamente, assegurando assim o sistema de propriedade individual. "Outra consequência da mesma condição é que não há propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só pertence a cada homem aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de conservá-lo." Leviata, Cap. XIII. Hobbes nega essa distinção entre a esfera pública e a privada; uma vez instituído o Estado, a esfera privada, que em Hobbes coincide com o estado na natureza, se dissolve inteiramente na esfera pública. 4. EXPLIQUE PORQUE HOBBES REJEITA A TESE DOS GOVERNOS BONS E MAUS. Do caráter absoluto do poder estatal deriva a rejeição da distinção entre formas boas e más de governo. Soberanos bons: os que exercem o poder de acordo com as leis. Soberanos maus: os que governam sem respeitar as leis. Não faz sentido falar em abuso do poder onde o poder é ilimitado. Como se pode, então, distinguir o bom soberano do mau, se o único critério que permitiria tal diferenciação não se sustenta? 5. PARA HOBBES, EXISTE DIFERENÇA ENTRE MONARCA E TIRANO? Não há nenhum critério objetivo para distinguir o bom rei do tirano. Os julgamentos de valor são subjetivos, dependem da "opinião". O que parece bom a uns a outros parecerá mau: isso Ciência Política e Teoria Geral do Estado 48 acontece porque não há critério racional que permita diferenciar o bem do mal. O tirano é um rei que não aprovamos; o rei, um tirano que tem nossa aprovação. 6. EXPLIQUE O CONCEITO DE LEGITIMAÇÃO POST FACTUM? Sem o reconhecimento do princípio da efetividade: nenhum poder seria legítimo. Tem-se um movimento contínuo, remontando cada poder legítimo a outro poder legítimo que o precede, chegando-se forçosamente a um ponto em que topamos com um poder que não tem nenhum ponto de apoio além de si mesmo, ou seja, da sua capacidade própria. No fundo a legitimação post-factum é uma legitimação que se sustenta na força. 7. COMO HOBBES CARACTERIZA A MONARQUIA DESPÓTICA? Bodin tinha relacionado o despotismo com a "guerra justa". → Já Hobbes afirma que o que determina a justiça da guerra é a vitória: quando falta um tribunal superior às partes, que possa decidir em favor de quem tem razão, esta cabe ao vitorioso. 8. EXPLIQUE EM QUE CONSISTE O PACTUM SUBIECTIONIS. O pactum subiectionis consiste no fato que o vencedor teria o direito de matar o vencido que, para salvar a vida, renuncia à liberdade. Há uma verdadeira troca de prestações: pela submissão o vencido oferece ao vencedor seus serviços, isto é, promete servi-lo; de seu lado, o vencedor dá proteção ao vencido. Tanto no pacto que origina o estado civil como naquele entre vencedor vencido, o bem supremo é a vida 9. QUAIS SÃO OS ARGUMENTOS QUE HOBBES ULTILIZ PARA CRITICAR A TEORIA DO GIVERNO MISTO? Ciência Política e Teoria Geral do Estado 49 "Há também os que subdividem o poder soberano, atribuindo a faculdade de declarar a guerra e fazer a paz a uma só pessoa (o rei), e a outrem o direito de impor tributos. Contudo, como os recursos são os nervos da guerra e da paz, os que assim dividem a soberania ou não a dividem de fato, porque atribuem o poder efetivo a quem dispõe dos recursos, e a outros só o poder nominal, ou-se o dividem de fato dissolvem o Estado, já que sem dinheiro não é possível fazer a guerra, quando necessário, nem conservar a tranquilidade pública" [De Cive, XII, 5). Outra característica da soberania é a indivisibilidade, da qual deriva a crítica que Hobbes faz da teoria do governo misto. 10. QUAL É A OPINIÃO DE BOBBIO EM RELAÇÃO À APARENTE CONFUSÃO, EM HOBBES, ENTRE AS TEORIAS DO GOVERNO MISTO E DA SEPARAÇÃO DE PODERES. Admitindo-se que as funções do Estado sejam três a legislativa, a executiva e a judiciária a identificação da prática da divisão de poderes com a realidade do sistema político "misto" só pode ser feita se a cada função corresponder uma das três partes da sociedade (rei, nobres, povo); isto é: se for possível conceber um Estado em que ao rei caiba a função executiva, ao senado a judiciária, ao povo a legislativa. Nisto reside a confusão. GIAMBATTISTA VICO Revolução da Ciência Moderna séculos XVI e XVII Século das Luzes / Iluminismo Revolução Industrial Surgimento do Capitalismo Ciência Política e Teoria Geral do Estado 50 Revolução Americana 1776 Revolução Francesa 1789 Fim do Absolutismo Surgimento do Estado Moderno PESQUISA ACADÊMICA DE VICO 1. QUAL É O OBJETIVO GERAL DA OBRA DE VICO? O livro fundamental de Vico é La Scienza Nuova. Este livro apresenta uma filosofia da história, uma tentativa grandiosa de descobrir as leis gerais que presidem ao desenvolvimento da história universal, permitindo, portanto, compreender o seu "sentido". Com efeito, para atribuir um "sentido" à história é necessário descobrir a "direção" em que se movem os homens que são seus artífices; e para compreender qual é essa direção é necessário voltar a percorrer as várias etapas do movimento histórico e descobrir as razões da passagem de uma para outra etapa, bem como o objetivo, o "telos" desse movimento geral. 2. COMO VICO CLASSIFICA AS FORMAS DE GOVERNO? "O governo aristocrático se baseia na conservação, sob a tutela da ordem dos patrícios que o constituiu, sendo máxima essencial da sua política a de que só a patrícios sejam atribuídos os auspícios, os poderes, a nobreza, os conúbios, as magistraturas, comandos e sacerdócios... Constituem condições do governo popular a paridade dos sufrágios, a livre expressão das sentenças e o acesso igual para todos às honrarias, sem excluir as supremas... O caráter do reino, ou monarquia, é o domínio por um só, a quem cabe o arbítrio soberano e inteiramente livre sobre todas as coisas" [Dell'Unico Principio e Dell'Unico Fine del Diritto Universale, § 138). 3. EXPLIQUE O CONCEITO DE "ESTADO BESTIAL": Ciência Política e Teoria Geral do Estado 51 Explique o conceito de "estado bestial". "Errando como animais pela grande selva da terra... para fugir as feras que deviam existir em abundância e para perseguir as mulheres, que naquele estado deviam ser selvagens,
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